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Direito Civil - Apostila - Aula 6

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Profª. Renata Lima 
 Aula 06 
 
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Direito Civil 
 
Direito Civil 
Aula nº 06 – Contratos 
Profª. Renata Lima 
Profª. Renata Lima 
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Direito Civil 
 
Sumário 
SUMÁRIO ..................................................................................................................................................2 
DIREITO DOS CONTRATOS....................................................................................................................... 4 
CONTRATOS ...................................................................................................................................................... 4 
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS ................................................................................................................ 4 
PRINCÍPIOS CONTRATUAIS ............................................................................................................................ 9 
FORMAÇÃO DO CONTRATO ......................................................................................................................... 15 
REVISÃO DO CONTRATO .............................................................................................................................. 21 
VÍCIOS REDIBITÓRIOS .................................................................................................................................. 23 
EVICÇÃO ....................................................................................................................................................... 26 
EXTINÇÃO DOS CONTRATOS ....................................................................................................................... 29 
CONTRATOS EM ESPÉCIE ................................................................................................................................ 33 
DA COMPRA E VENDA .................................................................................................................................. 33 
RESTRIÇÕES À AUTONOMIA PRIVADA NA COMPRA E VENDA ....................................................................... 36 
REGRAS ESPECIAIS DA COMPRA E VENDA ..................................................................................................... 39 
DAS CLÁUSULAS ESPECIAIS DA COMPRA E VENDA ..................................................................................... 41 
DO DEPÓSITO ............................................................................................................................................... 46 
DO MANDATO .............................................................................................................................................. 52 
DA FIANÇA ................................................................................................................................................... 64 
DA DOAÇÃO ................................................................................................................................................. 69 
DO TRANSPORTE ......................................................................................................................................... 76 
DO EMPRÉSTIMO: COMODATO E MÚTUO .................................................................................................... 84 
DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO ........................................................................................................................ 88 
DA EMPREITADA .......................................................................................................................................... 92 
DA TRANSAÇÃO ........................................................................................................................................... 97 
DO SEGURO ............................................................................................................................................... 100 
DA LOCAÇÃO DE COISAS NO CÓDIGO CIVIL ............................................................................................... 113 
DA TROCA OU PERMUTA ............................................................................................................................. 117 
DO CONTRATO ESTIMATÓRIO OU VENDA EM CONSIGNAÇÃO ................................................................... 117 
DA COMISSÃO ............................................................................................................................................ 118 
DA AGÊNCIA E DA DISTRIBUIÇÃO .............................................................................................................. 120 
DA CORRETAGEM ....................................................................................................................................... 122 
DA CONSTITUIÇÃO DE RENDA ................................................................................................................... 123 
DO JOGO E DA APOSTA.............................................................................................................................. 125 
DO COMPROMISSO .................................................................................................................................... 127 
QUESTÕES DE PROVA COMENTADAS ................................................................................................... 128 
LISTA DE QUESTÕES............................................................................................................................. 142 
GABARITO ............................................................................................................................................ 146 
GABARITO COMENTADO ...................................................................................................................... 147 
RESUMO DIRECIONADO ....................................................................................................................... 154 
Profª. Renata Lima 
 Aula 06 
 
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DIREITO CIVIL 
DIREITO DOS CONTRATOS 
 
Nessa aula, iremos abordar o tema dos contratos. 
Vamos à aula! 
 
CONTRATOS 
 
O contrato é um negócio jurídico bilateral ou plurilateral, dependendo, portanto, de mais de uma declaração 
de vontade. Os contratos têm por objetivo criar, modificar ou extinguir direitos e deveres de conteúdo patrimonial. 
Como os demais negócios jurídicos, o contrato deve ter objeto lícito e estar de acordo com o ordenamento 
jurídico como um todo. Assim, a autonomia contratual deve conviver com a boa-fé objetiva dos contratantes em 
todas as fases da negociação (da pré-contratual até a pós-contratual) e com a observância da função social do 
negócio. 
 
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de 
probidade e boa-fé. 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS 
 
Vamos às principais classificações dos contratos! 
Quanto aos direitos e deveres das partes envolvidas, temos: 
• Contrato unilateral: nele apenas um dos contratantes assume deveres em face do outro. É o caso da 
doação que, embora deve contar com a manifestação de vontade de doador e donatário, apenas 
gera deveres, em regra, ao doador. 
• Contrato bilateral: nele os contratantes assumem deveres entre si e são credores e devedores uns 
dos outros. É o que ocorre na compra e venda, em que um deve entregar a coisa e o outro deve pagar 
o preço. Há um equilíbrio entre as prestações denominado sinalagma e, por isso, fala-se em contrato 
sinalagmático. 
• Contrato plurilateral: nele várias pessoas estabelecem direitos e deveres entre si, de forma 
proporcional. É o caso do contrato de seguro devida de grupo e do consórcio. 
 
Quanto ao sacrifício patrimonial das partes, temos: 
• Contrato oneroso: nele ambas as partes assumem deveres obrigacionais. É o caso da compra e 
venda. 
 
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• Contrato gratuito ou benéfico: nele apenas uma das partes é onerada. Lembre-se que os contratos 
benéficos devem ser interpretados restritivamente, como no caso da doação pura. 
 
Quanto ao aperfeiçoamento do contrato, teremos: 
• Contrato consensual: nele basta a manifestação de vontade das partes para que o contrato se 
aperfeiçoe. É o caso da locação, da doação, etc. 
• Contrato real: nesse caso, o contrato se aperfeiçoa com a entrega da coisa de um contratante para o 
outro, como no mútuo (empréstimo). 
 
Quanto aos riscos que envolvem a prestação, temos: 
• Contrato comutativo: nele as partes já conhecem suas prestações desde a contratação. Como na 
compra e venda, pois já se sabe qual a coisa e qual o preço a ser pago. 
• Contrato aleatório: a prestação de uma das partes não é conhecida com exatidão desde a 
contratação, pois existem riscos assumidos na contratação. É o caso do contrato de seguro, pois a 
parte interessada contrata a proteção de um risco que talvez nem chega a ocorrer. 
Existem duas formas de contratos aleatórios. 
O primeiro é o contrato aleatório emptio spei, no qual um dos contratantes assume o risco da existência da 
coisa. O dever de pagamento pela coisa persistirá mesmo que a coisa não venha a existir, salvo comprovação de 
dolo ou culpa da outra parte. Por exemplo: a compra de uma colheita futura de soja de uma fazenda, com assunção 
do risco de que nada venha a ser colhido (o que pode se dar em virtude de uma forte chuva). Essa compra e venda 
é chamada de venda da esperança. 
 
Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos 
contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha 
havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir. 
 
O segundo é o contrato aleatório emptio rei speratae, na qual uma parte assume o risco da quantidade da 
coisa comprada. Haverá o dever de pagamento integral se a coisa vier a existir em qualquer quantidade, salvo 
comportamento culposo da outra parte. Se nada da coisa vier a existir, não haverá dever de pagamento. Ex.: 
compra e venda de uma colheita futura, desde que algo dessa colheita venha a existir em qualquer quantidade. É 
a venda da esperança com coisa esperada. 
 
Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer 
quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a 
coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada. 
Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá o preço recebido. 
 
 
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Finalmente, pode-se celebrar contrato aleatório a respeito de coisas existentes, mas expostas a riscos, 
devendo aquele que assumiu o risco arcar com todo o preço mesmo que a coisa já não exista, no todo ou em parte, 
no dia do contrato. Será possível anular esse contrato, se a outra parte celebrou o contrato já ciente de que o risco 
se consumara. Confira: 
 
Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco, assumido pelo adquirente, terá 
igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato. 
Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser anulada como dolosa pelo prejudicado, se 
provar que o outro contratante não ignorava a consumação do risco, a que no contrato se considerava exposta a coisa. 
 
Quanto à existência de previsão legal, temos: 
• Contratos típicos, quando eles possuem previsão legal mínima. É o caso da compra e venda. 
• Contratos atípicos, que são aqueles que não contam com previsão legal mesmo que mínima. Ex.: 
contrato de garagem ou estacionamento. A liberdade de contratar deverá, todavia, atender a boa-
fé objetiva e a função social do contrato, bem como as normas gerais constantes do Código Civil para 
contratos. 
 
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato, observado o disposto na 
Declaração de Direitos de Liberdade Econômica. (Redação dada pela Medida Provisória nº 881, de 2019) 
Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerá o princípio da intervenção mínima do Estado, por qualquer 
dos seus poderes, e a revisão contratual determinada de forma externa às partes será excepcional. (Incluído pela Medida 
Provisória nº 881, de 2019) 
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código. 
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. 
 
Quanto à negociação do conteúdo das partes, temos: 
 
• Contrato de adesão que, segundo o art. 54 do CDC, “é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas 
pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou 
serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo”. 
Quando se contrata um serviço de telefonia móvel, por exemplo, normalmente não há uma ampla 
discussão e negociação quanto às cláusulas. O consumidor apenas adere ao contrato já elaborado 
pela empresa. 
Obs.: nem todo contrato de consumo é de adesão. Ao adquirir frutas na feira, o cliente também 
celebra contrato de consumo, mas não de adesão. 
• Contrato paritário: é aquele fruto de ampla discussão das partes quanto aos termos do negócio. 
 
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Quanto ao contrato de adesão, importante notar que se dele constarem cláusulas que suscitem dúvidas 
quanto à interpretação (como cláusulas que tenham duplo sentido ou se contradigam), deve ser adotada a 
interpretação que seja mais favorável ao aderente (pessoa que não elaborou as cláusulas e a elas se submeteu). 
Se o contrato é paritário, entretanto, a cláusula que gerou dúvida deve ser interpretada em proveito da parte 
que não a redigiu. Não se deve beneficiar aquele que redigiu uma cláusula, eventualmente, com o objetivo de gerar 
a dúvida que o beneficiará, estimulando-se que as partes sejam precisas na redação das cláusulas. A lei poderá, 
ainda, determinar em casos específicos como se deve interpretar cláusulas que gerem dúvidas. Ex.: no contrato de 
compra e venda de um imóvel redigido pelo vendedor (pessoa física), deve ser interpretado em proveito do 
comprador (pessoa física) a cláusula que gera dúvida. Trata-se de importante inovação legal promovida pela MP 
881/2019. 
Ademais, são nulas cláusulas constantes de contrato de adesão que estipulem a renúncia antecipada a 
direitos que são da própria natureza do contrato. Por exemplo: imagine que uma empresa compra um lote de 
televisões para revenda e no contrato de compra e venda ela renuncia à garantia legal. Essa cláusula seria nula. 
 
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas que gerem dúvida quanto à sua interpretação, será adotada a mais 
favorável ao aderente. (Redação dada pela Medida Provisória nº 881, de 2019) 
Parágrafo único. Nos contratos não atingidos pelo disposto no caput, exceto se houver disposição específica em lei, a dúvida 
na interpretação beneficia a parte que não redigiu a cláusula controvertida. (Incluído pela Medida Provisória nº 881, de 
2019) 
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultanteda natureza do negócio. 
 
Quanto à presença de formalidades ou solenidades, temos a seguinte classificação: 
• Contrato formal: exige alguma formalidade, como ser escrito. Ex.: o contrato de fiança é escrito. 
• Contrato informal: não exige formalidade e é a regra no sistema brasileiro. É o caso do contrato de 
compra e venda de bem móvel. 
Os contratos formais podem, ainda, ser: 
• Contratos solenes, quando exigem uma solenidade pública. É o caso da compra e venda de imóvel 
de valor superior a 30 vezes o salário-mínimo. 
• Contratos não-solenes, quando não exigem lavratura de escritura pública, como na compra e venda 
de imóvel de valor inferior a 30 salários-mínimos. O contrato terá que ser escrito, mas não precisa se 
dar por escritura pública. 
 
Os contratos também podem estabelecer relações entre si. Assim, quanto à independência contratual, 
temos a seguinte classificação: 
• Contrato principal ou independente: é o contrato que não depende de nenhum outro, tendo 
existência própria. É o caso do contrato de locação. 
 
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• Contrato acessório: é o contrato que depende de um contrato principal. É o caso do contrato de 
fiança (em relação ao contrato de locação). Tudo o que acontece com o contrato principal repercute 
no contrato acessório. Assim, se é nulo ou se é anulado o contrato principal, se o contrato principal 
prescreve, temos também, respectivamente, a nulidade, anulação ou extinção do contrato 
acessório. 
• Contrato coligados: são contratos que estão ligados entre si por um nexo funcional, ou seja, possuem 
uma cláusula acessória (explícita ou não) que os vincula. Por exemplo: em um mesmo site, o cliente 
faz a contratação de uma passagem aérea com a empresa X e a locação de veículo no destino do voo. 
Nesse caso, o passageiro tem por objetivo viajar para certa localidade, por isso comprou a passagem 
aérea, e quer também se deslocar com carro alugado na cidade de destino do voo, por isso alugou o 
veículo no aeroporto de destino. Se amanhã o voo for cancelado, não fará sentido manter o contrato 
de aluguel de veículo, certo? Esses contratos foram firmados de forma coligada. 
Os contratos coligados mantêm a sua individualidade, mas o que afetar um dos contratos afetará 
também o outro. No nosso exemplo, se o voo é cancelado, isso irá afetar o contrato de locação de 
veículo. 
O Superior Tribunal de Justiça já firmou entendimento no sentido de que o inadimplemento de um dos 
contratos coligados pode acarretar até mesmo a extinção do outro contrato, pois há um vínculo funcional entre 
eles, uma interdependência. 
Ademais, os contratos coligados devem ser interpretados à luz dessa interdependência. É preciso considerar 
a relação entre eles na interpretação do contratado. 
 
Quanto ao momento do cumprimento do objeto do contrato, teremos: 
• Contrato instantâneo ou de execução imediata: é o que tem cumprimento imediato, com a compra 
de um pão de queijo em uma lanchonete. 
• Contrato de execução diferida: o seu cumprimento se dá uma vez só no tempo, mas em momento 
futuro. É o caso da contratação da elaboração de um vestido de noiva, que será feito e entregue em 
data futura. 
• Contrato de execução continuada ou de trato sucessivo: o cumprimento, nesse caso, ocorre de forma 
periódica no tempo. É o caso da locação de imóvel ou do financiamento de um veículo. 
 
Quanto à pessoalidade, teremos: 
• Contrato pessoal, personalíssimo ou intuitu personae: é o contrato celebrado com uma pessoa 
determinada. É o caso da fiança, mas também é o caso da contratação de um renomado arquiteto 
para fazer um projeto de uma casa. 
• Contrato impessoal: é o contrato em que a pessoa do contratante não é relevante para a celebração 
da avença. É a compra e venda, por exemplo. 
 
Por fim, quanto à definitividade do negócio, teremos: 
 
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• Contrato preliminar ou pré-contrato: é um contrato no qual as partes se comprometem a celebrar 
futuramente um outro contrato. O mais conhecido deles é o compromisso de compra e venda de 
imóvel. 
• Contrato definitivo: não há nele qualquer compromisso de celebração de um outro contrato. Seria o 
caso da própria compra e venda de imóvel. 
 
 
PRINCÍPIOS CONTRATUAIS 
 
A interpretação dos contratos deve ser feita não apenas conforme as normas legais que iremos estudar, mas 
também de acordo com os princípios que regem a matéria. Passemos ao estudo dos mais importantes princípios 
contratuais. 
 
PRINCÍPIO DA AUTONOMIA PRIVADA 
 
A autonomia privada, que não é absoluta, diz respeito à liberdade que as partes possuem para disciplinar o 
seu próprio negócio. É a união da liberdade de contratar, que permite a cada um escolher as pessoas com as quais 
realizar um negócio, com a liberdade contratual, a liberdade de moldar o próprio conteúdo do negócio. A 
autonomia privada não é absoluta, como se pode imaginar, devendo as partes, muitas vezes, atender a preceitos 
de ordem pública, observar a boa-fé objetiva, a função social do contrato e as demais normas do ordenamento 
jurídico. 
Em recente alteração do Código Civil (em 30/04/3019), o legislador reforçou o princípio da autonomia 
privada, pelo que deve ser mínima a intervenção do Estado (pelo Poder Executivo, Legislativo ou Judiciário) nas 
relações contratuais privadas. Até mesmo o Poder Judiciário deve, portanto, observar o quanto pactuado entre as 
partes e a revisão contratual só deve ser imposta, contra a vontade de alguma das partes, de forma excepcional e 
fundamentada. 
 
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato, observado o disposto na 
Declaração de Direitos de Liberdade Econômica. (Redação dada pela Medida Provisória nº 881, de 2019) 
Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerá o princípio da intervenção mínima do Estado, por qualquer 
dos seus poderes, e a revisão contratual determinada de forma externa às partes será excepcional. (Incluído pela Medida 
Provisória nº 881, de 2019) 
 
PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DOS CONTRATOS 
 
 
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DIREITO CIVIL 
O princípio da função social dos contratos acentua a finalidade coletiva dos contratos. Justamente por isso é 
que esse princípio atenua a força obrigatória dos contratos (pacta sunt servanda) e o princípio da segurança 
jurídica, pois o legislador determina que se considere, além da vontade das partes, a realidade social. 
Assim, o princípio da função social dos contratos tem o efeito interno: de proteção dos vulneráveis 
contratuais (como no contrato de emprego, regido pela CLT, em proveito da coletividade); de vedar a onerosidade 
excessiva, permitindo a revisão ou anulação do contrato; de proteger a dignidade da pessoa humana e os direitos 
da personalidade; de autorizar a declaração de nulidade de cláusulas abusivas ou antissociais (como a cláusula que 
limita o tempo de internação hospitalar do segurado de plano de saúde); de orientar o intérprete a buscar a 
conservação do contrato, evitando sua extinção em proveito da segurança jurídica, nesse ponto. 
Já em termos de eficácia externa, o princípio da função social cumpre um papel de proteção dos direitos 
difusos e coletivos, pois há outros valores em disputa, como a proteção ao meio ambiente, que se sobrepõem à 
vontade dos contratantes. Temos também, a título de eficácia externa do princípio, a tutela externa do crédito, de 
forma que o constante no contrato tem efeitos perante terceiros. Pune-se, assim, o terceiro que estimule o 
devedor a inadimplir, prometendo-lhe outras vantagens. 
Observe-se, por fim, que não é apenas no art. 421 do CC, já analisado, que o legislador determina a 
observância da função social dos contratos. Nas disposições finais e transitórias, olegislador reconhece que a 
função social do contrato é norma de ordem pública, podendo ser aplicada de ofício pelo juiz, e determina sua 
aplicação aos contratos que, mesmo tendo sido celebrados antes do Código Civil de 2002, tenham efeitos 
posteriores a esse diploma legal. 
 
Art. 2.035. A validade dos negócios e demais atos jurídicos, constituídos antes da entrada em vigor deste Código, obedece ao 
disposto nas leis anteriores, referidas no art. 2.045, mas os seus efeitos, produzidos após a vigência deste Código, aos 
preceitos dele se subordinam, salvo se houver sido prevista pelas partes determinada forma de execução. 
Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por 
este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos. 
 
PRINCÍPIO DA FORÇA OBRIGATÓRIA DO CONTRATO (PACTA SUNT SERVANDA) 
 
Por um longo tempo, a força obrigatória dos contratos foi considerada uma regra geral a ser observada em 
matéria contratual, assegurando aos contratantes que o teor da avença seria cumprido exatamente como 
contratado. O princípio hoje, entretanto, embora adotado pelo ordenamento jurídico brasileiro, já se encontra 
atenuado pela função social do contrato e pela boa-fé objetiva. 
 
PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA 
 
 
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A boa-fé objetiva é o princípio que determina que as partes devem observar a conduta legal que se espera na 
convivência em sociedade. Assim, o princípio tem importante papel na garantia da observância, pelos 
contratantes, dos deveres anexos ou laterais do contrato, ainda que não haja previsão contratual nesse sentido. 
Quais são esses deveres anexos que são obrigatórios, ainda que não escritos? Temos o dever de cuidado em 
relação ao outro contratante, dever de respeito, dever de informar a outra parte sobre os vários aspectos do 
negócio, dever de agir em conformidade com a confiança que lhe é depositada, dever de lealdade e probidade, 
dever de colaboração, dever de agir com lisura e honestidade, dever de agir com razoabilidade. Por exemplo: se 
um contratante revela o segredo industrial de outro, a que teve acesso em virtude do contrato, ele fere o dever de 
confiabilidade e, por vezes, o dever de confidencialidade. Por outro lado, se um contratante deixa de informar o 
outro sobre a forma de manuseio do produto vendido, fere o dever de informação e de colaboração. 
Quando temos o desrespeito de um desses deveres anexos, falamos em violação positiva do contrato, que é 
causa de responsabilização civil objetiva, ou seja, independentemente da comprovação de culpa. Ademais, a boa-
fé objetiva é preceito de ordem pública, ou seja, pode ser aplicada pelo juiz de ofício ou a requerimento das partes. 
Confira o Enunciado 363 da IV Jornada de Direito Civil do CJF: “Art. 422: Os princípios da probidade e da confiança 
são de ordem pública, sendo obrigação da parte lesada apenas demonstrar a existência da violação.” 
Quais são as funções da boa-fé objetiva? 
A boa-fé objetiva possui três funções principais: 
• Função interpretativa: é a partir da boa-fé objetiva que se devem interpretar os negócios jurídicos 
(CC “Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de 
sua celebração.”). Assim, se houver dúvidas na compreensão do negócio jurídico, deve-se optar pela 
interpretação mais condizendo com a boa-fé objetiva e os usos do lugar de celebração do contrato. 
• Função de controle: a boa-fé objetiva também permite reprimir o comportamento abusivo que viola 
o ordenamento jurídico (“CC, Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao 
exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-
fé ou pelos bons costumes.”). Assim, a boa-fé objetiva reprime, por exemplo, a aposição de cláusulas 
abusivas nos contratos. 
• Função de integração: os aspectos que não tenham sido objeto de ajuste entre os contratantes 
devem ser solucionados à luz da boa-fé objetiva, que as partes devem observar da fase pré-
contratual até a pós-contratual. Por exemplo: se uma grande empresa de extratos de tomate 
distribui todo o material necessário a que os produtores da região produzam tomates, não poderá 
posteriormente deixar de comprar a produção, pois fere a boa-fé objetiva pré-contratual. Já o 
contratante que, após o pagamento do débito, deixa de retirar o nome da outra parte do cadastro 
de devedores fere a boa-fé objetiva na fase pós-contratual. 
Essas três funções são apresentadas no Enunciado 26 da I Jornada de Direito Civil do CJF: “A cláusula geral 
contida no art. 422 do CC impõe ao juiz interpretar e, quando necessário, suprir e corrigir o contrato segundo a 
boa-fé objetiva, entendida como exigência de comportamento leal dos contratantes”. 
 
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Dentro da função integrativa da boa-fé, temos as chamadas figuras parcelares da boa-fé: 
• Supressio: trata-se de expressão que revela a perda (supressão) de um direito ou posição jurídica, 
pelo seu não exercício ao longo do tempo (renúncia tácita). Por exemplo: o credor que 
reiteradamente recebe o pagamento em local diverso do previsto no contrato perde o direito de 
exigir que seja observada a cláusula relativa ao local do pagamento. 
• Surrectio: se uma das partes perde com a supressio, a outra parte adquire um direito ou posição 
jurídica com o passar do tempo, em razão, não do que foi contratado, mas do comportamento 
adotado na prática pelas partes. É a surrectio. Retomando o exemplo acima: o devedor que paga 
reiteradamente em local diverso daquele que consta do contrato, para fins de pagamento, ganha o 
direito de continuar a efetuar os pagamentos nesse local. 
• Tu quoque: é a figura parcelar da boa-fé objetiva que impede o contratante de se beneficiar da 
violação da norma jurídica perpetrada por ele mesmo. Não é possível que o contratante se beneficie 
da própria torpeza. Ex.: não pode o credor requerer a resolução do contrato por inadimplemento do 
devedor, se ele mesmo estava em mora, por ter se ocultado maliciosamente do local do pagamento 
para não recebê-lo. 
• Exceptio doli: é a defesa contra atuações dolosas da outra parte. É a função reativa da boa-fé. Ex.: na 
compra e venda, não pode o devedor exigir a entrega do bem se não honrou com a sua prestação 
(pagamento do preço). É a exceção de contrato não cumprido (exceptio non adimpleti contractus) que 
impede a um contrata de um contrato sinalagmático exigir o cumprimento da prestação do outro 
sem ter honrado com a sua própria (CC, art.476: “Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, 
antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.”). 
• Venire contra factum proprium: o instituto impede que uma parte exerça um direito em contrariedade 
a um comportamento anterior, uma vez que tal contradição fere a confiança e o dever de lealdade 
devidos. Observe que chocam-se dois comportamentos adotados pelo mesmo contratante. Por 
exemplo: se A alugou (conduta 1) o imóvel de B, não poderá posteriormente negar-se a pagar 
(conduta 2) o aluguel para B sob o argumento de que B não é o dono. As condutas estão em 
contradição. Se foi o próprio A que celebrou o contrato de locação com B, ele reconheceu B como o 
dono do imóvel e a ele deve o aluguel. 
Funções da Boa-
fé Objetiva
Função interpretativa
Função de controle
Função de integração
 
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• “Duty to mitigate the loss”: é o dever do credor de mitigar as suas perdas, seu próprio prejuízo. 
Exemplo: A vende um imóvel para B (de forma parcelada) e B deixa de pagar as parcelas devidas. A, 
então, espera 4 anos para só aí entrar com a ação de cobrança dos valores. Note queo credor deixou 
a dívida se agigantar para, só então, cobrar o devedor. O credor feriu o dever de evitar seu próprio 
prejuízo e, por isso, o Poder Judiciário pode reduzir o montante que lhe seja devido (excluindo os 
valores relativos a um ano de parcelas, etc.). É uma forma de punir o credor que agiu (ou quedou 
inerte) contra o seu próprio interesse (de cobrar uma dívida, reaver um bem, etc.). 
 
PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS EFEITOS CONTRATUAIS 
 
Em regra, dizemos que o contrato apenas gera efeitos entre as partes que o celebraram. É a relatividade dos 
contratos. Essa regra, entretanto, possui quatro importantes exceções, ou seja, existem 4 situações nas quais os 
contratos irão gerar efeitos perante terceiros: 
• Estipulação em favor de terceiro 
• Promessa de fato de terceiro 
• Contrato com pessoa a declarar 
• Tutela externa do crédito (eficácia externa da função social do contrato) 
Vejamos cada um desses institutos! 
Na estipulação em favor de terceiro, o contrato é celebrado para beneficiar um terceiro que não faz parte da 
relação contratual. É o caso do seguro de vida que é celebrado para beneficiar certas pessoas que sobrevivam ao 
segurado. 
As normas gerais sobre o tema são de fácil compreensão e, por isso, recomenda-se a leitura: 
Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação. 
Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, todavia, 
sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438. 
Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a execução, não poderá o 
estipulante exonerar o devedor. 
Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no contrato, independentemente da sua 
anuência e da do outro contratante. 
Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última vontade. 
 
Na promessa de fato de terceiro, um dos contratantes promete uma conduta a ser praticada por um terceiro, 
sob pena de responder por perdas e danos. Observe, contudo, que se o terceiro, ciente do negócio, compromete-
se a cumprir o negócio, o contratante que prometeu sua conduta não mais responderá por perdas e danos em caso 
de inadimplemento. Ex.: o empresário que promete a uma pessoa que um cantor renomado irá se apresentar em 
sua festa de aniversário. 
Sugerimos novamente a leitura dos dispositivos: 
 
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Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar. 
Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o 
ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens. 
Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à 
prestação. 
 
No contrato com pessoa a declarar, um dos contratantes se reserva o direito de indicar um terceiro que 
assumirá os direitos e também as obrigações estipuladas, desde o momento da celebração do contrato. 
Em regra, a indicação do terceiro deve ocorrer em 5 dias. Ademais, a aceitação da pessoa indicada deve se 
dar pela mesma forma que foi utilizada para a celebração do contrato (ex.: forma escrita, escritura pública, etc.). 
Se não houver a indicação da pessoa (no prazo contratual para tanto), se a pessoa indicada era incapaz ou se 
a pessoa indicada insolvente momento da nomeação, o contrato continuará a valer entre as partes originárias. 
Confira: 
 
Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve 
adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes. 
Art. 468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias da conclusão do contrato, se outro não tiver 
sido estipulado. 
Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se revestir da mesma forma que as partes usaram 
para o contrato. 
Art. 469. A pessoa, nomeada de conformidade com os artigos antecedentes, adquire os direitos e assume as obrigações 
decorrentes do contrato, a partir do momento em que este foi celebrado. 
Art. 470. O contrato será eficaz somente entre os contratantes originários: 
I - se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a aceitá-la; 
II - se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no momento da indicação. 
Art. 471. Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação, o contrato produzirá seus efeitos entre 
os contratantes originários. 
 
Por fim, na tutela externa do crédito também encerra situação em que o terceiro sofrerá os efeitos do 
contrato, pois deverá observar o quanto pactuado entre os contratantes. 
Assim, recentemente, o STJ decidiu que a vítima (terceiro) de acidente de trânsito pode ajuizar demanda 
direta e exclusivamente contra a seguradora do causador do dano quando reconhecida, na esfera administrativa, 
a responsabilidade deste pela ocorrência do sinistro e quando parte da indenização securitária já tiver sido paga 
(RESP 1.584.970/MT). 
 
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DIREITO CIVIL 
Não se esqueça, entretanto, que esse entendimento é apenas uma exceção à Súmula 529 do STJ (que ainda 
é a regra): "No seguro de responsabilidade civil facultativo, não cabe o ajuizamento de ação pelo terceiro 
prejudicado direta e exclusivamente em face da seguradora do apontado causador do dano". 
 
Veja como o tema foi cobrado em prova: 
 
CESPE - 2015 - TJ-DFT - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal 
A respeito dos direitos das obrigações e dos contratos, julgue o item subsequente. 
O contrato com pessoa a declarar será considerado inválido se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no 
momento da nomeação, o que constitui exceção ao princípio da conservação dos contratos. 
RESOLUÇÃO: 
No contrato com pessoa a declarar, se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação, o 
negócio continuará válido entre as partes originárias. 
RESPOSTA: INCORRETO 
 
FORMAÇÃO DO CONTRATO 
 
O contrato possui 4 fases: 
• Fase de negociações preliminares (pontuação) 
• Fase de proposta, policitação ou oblação 
• Fase de contrato preliminar 
• Fase de contrato definitivo ou de conclusão de contrato 
 
FASE DE NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES OU PUNTUAÇÃO 
 
Como é de se esperar, antes da celebração do contrato (ou seja, na fase pré-contratual), as partes 
estabelecem debates, entendimentos, fazem suas manifestações seja sobre o contrato preliminar, seja sobre o 
contrato definitivo. Pode ser que o contrato venha a ser celebrado ou não, bem como pode ter uma proposta 
formalizada (por escrito, por exemplo) ou não formalizada (por mera conversa por exemplo). 
Por exemplo: Lucas vai a uma loja comprar um colchão e procura conhecer os modelos, pergunta a respeito 
de descontos, faz orçamento, etc. Essa é a etapa pré-contratual. 
 
FASE DE PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO 
 
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A fase de proposta representa já a manifestação da vontade de contratar por uma das partes à outra, que irá 
ou não manifestar sua concordância. Temos uma declaração unilateral de vontade de contratar, portanto, que 
produz efeitos a partir do momento que é recebida pela outra parte (caráter receptício). 
Em regra, a proposta vincula o proponente, pelo que gera o dever de celebrar o contrato definitivo, sob pena 
de arcar o proponente com perdas e danos efetivamente ocorridos. 
 
Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, seo contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou 
das circunstâncias do caso. 
 
A oferta ao público também vinculará o proponente, em regra, se tiver os requisitos essenciais ao contrato. 
A oferta, portanto, deverá contar com todos os elementos do contrato. Por exemplo: anúncio no jornal que 
informe o anunciante irá adquirir o bem X, pelo valor Y e na quantidade Z, de quem puder honrar essa prestação. 
Nesse caso, a oferta pública possui todos os elementos da compra e venda e se aperfeiçoará com a aceitação pelo 
terceiro, pois se trata de uma proposta. 
A oferta feita ao público poderá também ser revogada, se essa possibilidade constar expressamente da 
oferta feita. 
 
Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário 
resultar das circunstâncias ou dos usos. 
Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta 
realizada. 
 
 
 
 
 
 
 
As partes da proposta são: 
 
 
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Obs.: se o policitado/oblato/solicitado formular uma contraproposta, as posições acima irão se inverter e ele 
será o proponente e a outra parte se tornará o policitado. 
Exige-se também que a proposta seja séria, clara e definitiva. De outra parte, a aceitação deverá ser também 
clara e simples. 
Uma dúvida, entretanto, pode surgir: feita a proposta, ela deixa de ser obrigatória em que hipóteses? O 
policitado pode refletir sobre a proposta por tempo indeterminado e ainda exigir o seu cumprimento ou a proposta 
pode deixar de valer? Como se deve imaginar, em alguns casos a proposta deixa de ser obrigatória. É o que 
acontece nos seguintes casos: 
• Se a proposta for feita sem prazo para uma pessoa presente, e o solicitado não manifesta aceitação 
imediatamente, a proposta deixa de valer. Essa regra também vale para propostas feitas por 
telefone, Skype, videoconferências e outros meios de comunicação semelhantes. Por exemplo: 
Fabrício entra em uma loja e o vendedor, notando seu interesse em um par de tênis, oferece um 
desconto. Fabrício decide que precisa pensar mais e volta na loja apenas no dia seguinte, pensando 
em concluir a compra com o desconto. Nesse caso, o vendedor já não está vinculado à proposta feita, 
pois não houve aceitação imediata quando a proposta foi feita. 
Obs.: no contrato entre presentes com estipulação de um prazo, a proposta deixa de ser obrigatória 
se o solicitado não se manifestar tempestivamente. 
• Se a proposta for feita sem prazo para uma pessoa ausente, a proposta deixa de ser obrigatória 
depois de passado o tempo suficiente para que chegasse a resposta do solicitado. É o caso da 
proposta enviada por carta ou e-mail, situações nas quais há um intervalo entre as manifestações de 
cada parte. Por exemplo: se Mário envia proposta de prestação de serviços para Antônio, por e-mail, 
ele pode se considerar desobrigado da proposta em 24 horas, pois Antônio já teria tido tempo de 
manifestar sua aceitação e não o fez. O “tempo suficiente” é um conceito vago, que será analisado 
pelo juiz no caso concreto. 
• Se a proposta foi feita com prazo a uma pessoa ausente, a proposta deixa de ser obrigatória se não 
tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado pelo proponente. 
• A proposta também deixa de ser obrigatória, se chegar ao solicitado a retratação do proponente 
antes ou ao mesmo tempo em que o solicitado recebe a proposta. Por exemplo: se Marcelo envia 
uma carta com uma proposta de compra e imóvel e, após o envio da proposta descobre que pode 
fazer um negócio ainda melhor, manda também um telegrama informando a sua retratação. O 
• Trata-se daquele que faz a proposta e se 
vincula a ela.
Policitante, 
proponente ou 
solicitante
• é a parte que recebe a proposta
• se consentir com a proposta, se tornará o 
aceitante
Policitado, oblato 
ou solicitado
 
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telegrama, em regra, chega antes da carta e, portanto, servirá para desobrigar Marcelo da proposta. 
A aceitação de Marcelo, no caso, seria tido por inexistente. 
 
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: 
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata 
por telefone ou por meio de comunicação semelhante; 
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do 
proponente; 
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado; 
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente. 
 
Pode ocorrer de o solicitado enviar a manifestação de aceitação da proposta, mas a resposta chegar muito 
tarde ao proponente, em razão de uma circunstância imprevista (como o mau funcionamento dos Correios). Como 
a resposta chegou muito tarde, o proponente não está mais obrigado por ela, mas deve comunicar imediatamente 
ao aceitante que a proposta chegou atrasado ou responderá, não pela proposta, mas por perdas e danos. 
 
Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á 
imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos. 
 
Mesmo que tenha sido fixado um prazo para a aceitação, a manifestação do solicitado pode ser feita fora do 
prazo, mas será considerada uma nova proposta. Também será considerada uma nova proposta a manifestação 
do solicitado que contenha uma adição, restrição ou modificação da proposta feita pelo proponente. 
Digamos que Marcos tenha proposto vender seu carro para Andressa por R$50.000,00 à vista. Andressa 
recebe a proposta por e-mail e responde que gostaria de parcelar o valor em 24 vezes. No caso, ela fez uma 
contraproposta, ou seja, uma nova proposta. Andressa não aceitou integralmente a proposta de Marcos e fez a ele 
uma outra proposta, para que ele manifeste se aceita ou não. Como Andressa não aceitou a proposta de Marcos, 
ele já não está vinculado àquela oferta. 
 
Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta. 
 
Excepcionalmente, tem-se situações em que a aceitação expressa não é exigida ou foi dispensada. Assim, a 
proposta será considerada aceita se não houver a recusa tempestiva. 
 
Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado, 
reputar-se-á concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa. 
 
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No contrato entre ausentes, a aceitação da proposta ocorre no momento em que a resposta do solicitado é 
expedida. Em regra, com a expedição da resposta (aceitação), o contrato entre ausentes se aperfeiçoa. 
Há, entretanto, exceções à essa regra. Em alguns casos, o legislador tem por formado o contrato quando a 
proposta é aceita e recebida pelo proponente. Não tendo recebido a resposta, o proponente estará exonerado da 
oferta: 
• Se antes da aceitação ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante; 
• Se o proponente se houver comprometido a esperar a resposta, ou seja, as partes acordaram que o 
contrato só iria se aperfeiçoar quando o proponente recebesse a resposta (não bastando sua 
expedição). 
• Se a resposta não chegar no prazo convencionado. 
Como se nota, o Código Civil adotou a teoria da expedição como regra e a teoria da recepção como exceção. 
Ainda nesse ponto, vale mencionar o Enunciado 173 das Jornadas de Direito Civil do CJF: “A formação dos 
contratos realizados entre pessoas ausentes, por meio eletrônico, completa-se com a recepção da aceitação pelo 
proponente”. Assim, os contratos celebrados pore-mail só se aperfeiçoam com a recepção da resposta pelo 
proponente. 
 
Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante. 
Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto: 
I - no caso do artigo antecedente; 
II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta; 
III - se ela não chegar no prazo convencionado. 
 
O contrato nacional é tido por celebrado no lugar em que foi proposto. Como a contraproposta é uma nova 
proposta, se houver contraproposta (posteriormente aceita) o local do contrato será onde ela foi formulada. 
Vale lembrar que o contrato internacional é regido pela LINDB, como já estudamos, e ele se reputa celebrado 
no lugar em que residir o proponente. 
 
Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. 
 
FASE DE CONTRATO PRELIMINAR 
 
O contrato preliminar ou pré-contrato é o negócio jurídico pelo qual as partes se comprometem a firmar um 
contrato definitivo. Não se trata de uma fase obrigatória. 
 
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O contrato preliminar não precisa observar a forma do contrato definitivo, mas todos os outros requisitos do 
contrato definitivo devem ser preenchidos. Por exemplo: o compromisso de compra e venda de imóvel não precisa 
ser firmado por escritura pública, mas deve conter o preço, a indicação da coisa e o consentimento, pois estes 3 
são requisitos essenciais ao contrato de compra e venda. 
 
Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado. 
 
O Código Civil apresenta dois tipos de contrato preliminar: 
• Compromisso unilateral de contrato ou contrato de opção: apenas uma das partes se obriga a firmar 
um contrato definitivo, desde que o credor se manifeste no prazo previsto no contrato preliminar ou 
estipulado pelo devedor. 
• Compromisso bilateral de contrato: é o contrato preliminar no qual ambas as partes assumem a 
obrigação de celebrar o contrato definitivo. Esse contrato não pode ter cláusula de arrependimento. 
Justamente por isso, se uma das partes se negar a celebrar o contrato definitivo, a outra poderá 
ajuizar ação de obrigação de fazer em face dela para exigir que a outra parte cumpra seu dever de 
celebrar o contrato definitivo. Se em juízo, a parte ré não celebrar o contrato definitivo, poderá o juiz 
suprir essa manifestação de vontade ou, se o objeto do contrato já não interessar, poderá a parte 
contrária exigir a correspondente indenização. 
Quanto ao compromisso bilateral de contrato cumpre ainda uma observação: o legislador menciona 
um dever de levar o contrato preliminar a registro, mas essa exigência é para que a avença tenha 
eficácia perante terceiros. Assim, mesmo que o contrato preliminar não seja levado a registro, ele 
obrigará as partes entre si. 
 
Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar a mesma sem efeito, deverá manifestar-se no 
prazo nela previsto, ou, inexistindo este, no que lhe for razoavelmente assinado pelo devedor. 
Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo antecedente, e desde que dele não conste 
cláusula de arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra 
para que o efetive. 
Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente. 
Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter 
definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da obrigação. 
Art. 465. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra parte considerá-lo desfeito, e pedir perdas 
e danos. 
 
FASE DE CONTRATO DEFINITIVO 
 
 
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Realizada a proposta e manifestada a aceitação, ou seja, com o encontro das vontades, o contrato definitivo 
se aperfeiçoa. Fica, então, estabelecida a relação contratual entre as partes com todas as consequências daí 
advindas. 
 
Veja como o tema foi tratado em prova: 
 
CESPE - 2015 - Telebras - Advogado 
A respeito das obrigações e dos contratos, julgue o item subsequente. 
Para a formação de contrato entre ausentes, a regra adotada pela legislação em vigor é a da teoria da recepção, 
segundo a qual se considera celebrado o negócio jurídico no instante em que o proponente recebe a resposta do 
aceitante. 
RESOLUÇÃO: 
Para a formação de contrato entre ausentes, a regra adotada pelo Código Civil é a da teoria da expedição, pela 
qual se considera perfeito o contrato desde a expedição da resposta pelo aceitante. 
RESPOSTA: INCORRETO 
 
REVISÃO DO CONTRATO 
 
Em razão do princípio da conservação contratual, a extinção do contrato deve ser a última medida a ser 
adotada pelo Poder Judiciário. Assim, a revisão do contrato é medida que pode ser utilizada para preservar o 
interesse manifestado pelas partes, quando da contratação. 
Em matéria de revisão do contrato, a doutrina controverte a respeito da teoria adotada pelo Código Civil 
atual. A doutrina majoritária afirma que foi adotada a teoria da imprevisão, que tem origem francesa, e exige que 
o fato superveniente que autoriza a revisão contratual seja imprevisível. Outra parte da doutrina defende a adoção 
da teoria da onerosidade excessiva, de influência italiana. O tema é bastante controvertido, de toda forma. 
Mas quais são os requisitos da aplicação da revisão contratual a que se referem os arts. 317 e 478 do Código? 
São 6 requisitos, para que se possa revisar um contrato judicialmente: 
1. Em regra, o contrato deve ser bilateral ou sinalagmático, ou seja, deve contemplar ambas as partes 
com direitos e obrigações. Excepcionalmente, como se vê no art. 480, os contratos unilaterais 
também poderão ser revistos. 
2. O contrato deve ser oneroso, contendo prestação e contraprestação, pois será necessário 
demonstrar a onerosidade excessiva. 
3. O contrato deve ser comutativo, ou seja, as partes devem saber desde a contratação os riscos 
envolvidos e suas prestações. 
Excepcionalmente, o contrato aleatório também poderá ser revisto, conforme o Enunciado nº440 
da V Jornada de Direito Civil do CJF: “Art. 478: É possível a revisão ou resolução por excessiva 
 
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onerosidade em contratos aleatórios, desde que o evento superveniente, extraordinário e imprevisível 
não se relacione com a álea assumida no contrato.” O contrato aleatório, portanto, poderá ser revisto 
se o fato superveniente não se relacionar justamente ao risco assumido por um dos contratantes. Se 
o risco foi assumido, é da natureza do contrato aleatório que a parte arque com isso. 
Na mesma linha, o Enunciado 366 da IV Jornada de Direito Civil: “O fato extraordinário e imprevisível 
causador de onerosidade excessiva é aquele que não está coberto objetivamente pelos riscos 
próprios da contratação.” 
4. O contrato deve ser de execução diferida (aquele que tem prestação uma vez no futuro) ou trato 
sucessivo (aquele que tem prestações periódicas), de forma que gere efeitos ao longo do tempo. 
Excepcionalmente, será possível revisar contratos instantâneos, ou seja, que já tenham operado seus 
efeitos. 
Além disso, a Súmula 286 do STJ admite a revisão dos termos originais de um contrato que já tenha 
sido renegociado (ou seja, que já foi substituído por um novo contrato entre as partes): “A 
renegociação de contrato bancário ou a confissão da dívida não impede a possibilidade de discussão 
sobre eventuais ilegalidades dos contratos anteriores”. É uma forma de proteger o cliente do banco, 
por exemplo, que renegociou o contrato ou confessou adívida apenas para tentar regularizar a sua 
situação imediatamente, pretendendo discutir depois os termos do contrato originário que gerou o 
conflito. 
5. O fato superveniente que gera a onerosidade excessiva deve ser imprevisível ou imprevisível e 
extraordinário. É justamente por isso que a revisão contratual que estamos estudando tem pouca 
aplicação prática, pois são poucos os exemplos de fatos realmente imprevisíveis. Basta notar que os 
Tribunais não admitiram a revisão de contratos que foram atingidos pelo descontrole inflacionário 
que o país vivenciou no final do século passado ou mesmo pela maxidesvalorização do real em face 
do dólar. Essas situações, infelizmente, atingiram muitas pessoas e elas tiveram que arcar com o 
prejuízo, pois o Poder Judiciário entendeu que essas oscilações de ordem econômica estão dentro 
da realidade do nosso país e devem ser previstas pelos contratantes. 
De toda forma, a doutrina defende que deve-se analisar a imprevisibilidade não apenas pelo fato em 
si, mas também pelas consequências que ele produz não apenas para o mercado, mas para o próprio 
contratante. 
6. É necessário que se verifique o desequilíbrio contratual, pela quebra do sinalagma. Assim, é preciso 
ficar demonstrada a onerosidade excessiva, que prejudica demasiadamente uma das partes em face 
da outra, que tem grande vantagem. É importante ressalvar, todavia, que há entendimento no 
sentido de que não é necessária prova plena da vantagem excessiva auferida por uma das partes 
(Enunciado 365 das Jornadas de Direito Civil): “Art. 478. A extrema vantagem do art. 478 deve ser 
interpretada como elemento acidental da alteração das circunstâncias, que comporta a incidência 
da resolução ou revisão do negócio por onerosidade excessiva, independentemente de sua 
demonstração plena.” 
 
Note também que o juiz não poderá impor a revisão contratual de ofício, sendo necessário que as partes 
sejam ouvidas a respeito ou que tenham requerido a revisão. 
Uma importante inovação da MP 881/2019, entretanto, é no sentido de que a revisão e a resolução do 
contrato firmado entre empresários devem observar também das seguintes normas: 
 
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• Os empresários podem dispor a respeito dos parâmetros objetivos para a intepretação dos requisitos 
que autorizam a revisão e a resolução do contrato. Assim, os próprios empresários poderiam prever 
que uma desvalorização significativa da moeda brasileira com relação a moeda estrangeira, em certo 
percentual, justifica a revisão do contrato. 
• O juiz, ao analisar pedido de revisão de contrato firmado entre partes empresárias, deve presumir a 
simetria entre os contratantes, ou seja, que contrataram em igualdade de condições, inclusive, 
econômicas, de informações, etc. Trata-se de presunção relativa, podendo ser provado o contrário. 
• Deve o juiz, ainda, observar a alocação de riscos definida pelas partes, já que elas devem analisar os 
riscos que pretendem assumir no momento da contratação e esses riscos não devem ser 
redistribuídos por decisão judicial, pura e simplesmente. É preciso analisar a vontade das partes, 
portanto. 
O legislador criou, portanto, um sistema mais específico para a resolução e revisão de contratos firmados 
entre empresários, reforçando a autonomia privada. 
Vale à pena conferir o tema na legislação: 
 
Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do 
momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da 
prestação. 
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente 
onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o 
devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação. 
Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamente as condições do contrato. 
Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja 
reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva. 
Art. 480-A. Nas relações interempresariais, é licito às partes contratantes estabelecer parâmetros objetivos para a 
interpretação de requisitos de revisão ou de resolução do pacto contratual. (Incluído pela Medida Provisória nº 881, de 2019) 
Art. 480-B. Nas relações interempresariais, deve-se presumir a simetria dos contratantes e observar a alocação de riscos por 
eles definida. (Incluído pela Medida Provisória nº 881, de 2019) 
 
Ademais, note que a mora do devedor não impedirá a revisão do contrato em questão. Em verdade, pode 
até ser que foi justamente a necessidade de revisão que levou o devedor a ficar em mora. 
Por fim, a legislação processual exige que o interessado na revisão deposite o valor incontroverso, para que 
pleiteie a revisão contratual em juízo. A ausência de depósito da parte incontroversa é causa de inépcia da petição 
inicial, consequência estudada no curso de Processo Civil. 
 
VÍCIOS REDIBITÓRIOS 
 
 
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DIREITO CIVIL 
Os vícios redibitórios são os defeitos ocultos (já existentes quando da tradição do bem) que tornam a coisa 
imprópria para o uso ou lhe diminuem o valor. Dessa forma, se o contrato for comutativo (aquele em que as partes 
conhecem os riscos assumidos e suas prestações), a coisa poderá ser recusada justamente por conta desse vício. É 
o caso da compra e venda de um aparelho celular usado, em que só mais tarde é possível perceber uma falha na 
câmera fotográfica do aparelho. 
Excepcionalmente, será possível alegar vício redibitório nos contratos aleatórios (aqueles em que uma parte 
assume riscos com relação ao objeto contratado), mas apenas se o vício redibitório não estiver compreendido no 
risco assumido. É o Enunciado 583 da VII Jornada de Direito Civil do CJF: "O art. 44 1 do Código Civil deve ser 
interpretado no sentido de abranger também os contratos aleatórios, desde que não abranja os elementos 
aleatórios do contrato". 
 
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem 
imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor. 
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas. 
 
A parte prejudicada pelo vício redibitório poderá se valer das ações edilícias: 
• Ação “quanti minoris” ou ação estimatória: por meio dela será pleiteado o abatimento do preço em 
razão do vício oculto; 
• Ação redibitória: por meio dela será pleiteada a resolução do contrato, com devolução da coisa e do 
preço pago, bem como das despesas contratuais. Será possível também, comprovada a má-fé do 
alienante que vendeu sabendo do vício, pleitear perdas e danos. 
Observe apenas que não será possível requerer a resolução do contrato (pela ação redibitória) se o vício 
oculto não tiver impacto significativo no uso do bem ou na diminuição de seu valor. Se o impacto é ínfimo, deve o 
prejudicado requerer o abatimento do preço, ante o princípio da preservação dos contratos. 
 
Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no preço. 
Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, 
tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato. 
 
As ações edilícias são ações constitutivas negativas e, justamente por isso, sujeitas a prazos decadenciais. 
E qual o prazo para se alegar o vício redibitório?! Vejamos: 
• Se o vício puder ser percebido imediatamente, o prazo será de 30 dias para o bemmóvel e 1 ano para 
o bem, contado o prazo da entrega efetiva do bem. Se o bem já estada em poder do credor, ele terá 
15 dias para alegar o vício redibitório do bem móvel ou 180 dias, se imóvel. 
• Se o vício só puder ser percebido mais tarde, o STJ entendeu que o vício deverá se revelar em 180 
dias, se bem móvel, ou 1 ano, se bem imóvel. A partir da revelação do vício (nesse prazo 
 
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DIREITO CIVIL 
mencionado), será contado o prazo para o adquirente alegar o vício redibitório, nos moldes do item 
anterior, ou seja, em 30 dias para móvel e 1 ano para imóvel. 
Ex.: Andressa compra um celular de Lucas em 01/01/2019, que afirma que ganhou o bem de presente e 
preferiu não usar, mas vender. Andressa, em 04/04/2019, começa a notar que a bateria está viciada, para um celular 
novo. Pelo entendimento do STJ, em 180 dias (até final de 06/2019) o vício redibitório da coisa móvel deve se 
revelar e, assim, Andressa terá 30 dias (até 04/05/2019), para alegar o vício. 
Obs.: Para a venda de animais, devem ser observados os prazos da lei especial ou, na falta deles, os usos 
locais ou, em último caso, os prazos do art. 445 §2º. Confira: 
 
Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer por vício 
oculto, já existente ao tempo da tradição. 
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for 
móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido 
à metade. 
§ 1º Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver 
ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis. 
§ 2º Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na 
falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria. 
 
Os prazos para alegar vício redibitório não correm durante a vigência da garantia convencionada entre as 
partes, mas isso não retira o dever de informação da descoberta do defeito em até 30 dias ao alienante. Se não 
houver a informação, perde-se o direito à garantia convencional. 
 
Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve 
denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência. 
 
Veja como o tema foi cobrado em prova: 
 
CESPE - 2013 - Polícia Federal - Perito Criminal Federal - Cargo 7 
Com base na NBR 13.752:1996, que trata de perícias de engenharia na construção civil, julgue os item. 
Vícios redibitórios, por diminuírem o valor do bem, podem gerar abatimento do preço pago. 
RESOLUÇÃO: 
Os vícios redibitórios permitem tanto o abatimento do preço pago quanto a resolução do contrato, quando 
significativo o vício. 
RESPOSTA: CORRETA 
 
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EVICÇÃO 
A evicção é a perda, total ou parcial, do bem (adquirido em contrato oneroso) em razão de uma decisão 
judicial ou administrativa que atribui tal bem a um terceiro. A perda pode ocorrer ainda que o bem tenha sido 
adquirido em hasta pública (procedimento judicial de expropriação de bens do devedor/executado). 
Por exemplo: Pablo vende um imóvel para Jussara, que vem a perder o imóvel em razão de decisão judicial 
em ação proposta por Hugo, na qual o juiz reconhece que o verdadeiro dono do imóvel é Hugo e não Pablo. Assim, 
só Hugo poderia alienar o bem para Jussara, o que não ocorreu. Jussara sofre os efeitos da evicção, mas poderá 
reaver seus direitos em face de Pablo. 
São partes da evicção: 
• O alienante: que transferiu onerosamente o bem. 
• O evicto ou adquirente: que adquiriu de forma onerosa o bem que será perdido pela evicção. 
• O evictor ou terceiro: que obteve o bem em razão de decisão judicial ou administrativa. 
 
Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha 
realizado em hasta pública. 
 
É possível mediante disposição expressa que as partes reforcem (com ampliação dos direitos do adquirente 
evicto), diminuam ou excluam a responsabilidade pela evicção. É que não é possível presumir que as partes 
alteraram a disciplina legal da evicção, se não houver disposição clara e expressa a respeito. 
 
Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção. 
 
A cláusula de exclusão da garantia da evicção só terá efeitos plenos, se o adquirente tinha ciência do risco da 
evicção e o assumiu. Confira: 
 
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DIREITO CIVIL 
 
 
Se não há cláusula expressa de exclusão da garantia, a responsabilidade do adquirente é plena. Poderá o 
evicto exigir, assim: 
• A restituição integral do preço ou das quantias pagas, tendo em vista a época em que o bem se 
perdeu pela evicção; 
• Indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir ao terceiro (evictor); 
• Indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção 
(como danos emergentes, lucros cessantes, danos morais, gastos com emolumentos de Tabelião, 
etc.); 
• As custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído. 
• Indenização pelas benfeitorias necessárias e úteis não abonadas ao evicto pelo evictor (art. 453 do 
CC). Obs.: Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante, o 
valor destas será abatido do valor a ser restituído ao adquirente. 
 
Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço 
que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu. 
Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou: 
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; 
II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção; 
III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído. 
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional 
ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial. 
Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante. 
Cláusula 
expressa de 
exclusão da 
garantia
Sem que o 
adquirente tenha 
ciência do risco da 
evicção
Consequência: O 
alienante responde 
apenas pelo preço 
pago pelo 
adquirente
Cláusula 
expressa de 
exclusão da 
garantia
Com ciência do 
adquirente quanto 
ao risco da evicção
Consequência: 
Alienante não 
responderá por nada
Cláusula 
expressa de 
exclusão da 
garantia
O adquirente foi 
informado do risco 
da evicção, mas não 
o assumiu
Consequência: O 
Alienante deve 
devolver o preço 
pago pelo 
adquirente
 
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Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante, o valor delas será levado em 
conta na restituição devida. 
 
O adquirente também terá direito à garantia da evicção, se a coisa estiver deteriorada sem que haja dolo de 
sua parte. Por exemplo: o imóvel perdido por evicção tinha sofrido uma enchente que o deteriorou. Já se a 
deterioração proporcionou vantagens ao adquirente, o alienante poderá deduzir do valor da indenização o 
correspondente a essa deterioração. É que essa deterioraçãoainda que não seja dolosa, foi intencional. 
 
Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do 
adquirente. 
Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a indenizá-las, o valor das 
vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante. 
 
Se a evicção parcial for considerável, poderá o adquirente optar entre a rescisão do contrato ou a restituição 
da parte do preço correspondente ao desfalque. Se não for considerável a parcela do bem objeto de evicção, só 
caberá a restituição. Por exemplo: se ocorre a evicção de parte do terreno rural adquirido, mas justamente da parte 
produtiva, temos uma evicção parcial considerável que permite até mesmo a rescisão do contrato por opção do 
adquirente. 
 
Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte 
do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização. 
 
Importante também notar que o art. 456 do Código Civil foi revogado, pois a matéria sobre o exercício em 
juízo do direito resultante da evicção foi tratada pelo Código de Processo Civil de 2015 (CPC, art. 125). Esse diploma 
dispõe, em linhas gerais, que será possível denunciar da lide o alienante imediato para que participe do processo 
relativo à coisa adquirida pelo evicto. Poderá também o evicto (adquirente), subsidiariamente, ajuizar uma ação 
autônoma para exercer o direito resultante da evicção. 
Ademais, se o alienante for denunciado da lide, ele poderá denunciar também (para que integre a lide) o seu 
antecessor imediato na cadeia dominial ou quem seja responsável por indenizá-lo. Isso se deve ao fato de que, por 
vezes, o bem que foi perdido por evicção foi transferido sucessivamente entre várias pessoas em cadeia e o 
legislador entendeu ser adequado colocar um limite à denunciação. Assim, o adquirente pode denunciar o 
alienante e o alienante só pode denunciar da lide mais uma pessoa da cadeia dominial. O tema, de qualquer forma, 
será melhor abordado no Curso de Direito Processual Civil. 
Por fim, é importante que o adquirente esteja de boa-fé para utilizar a garantia legal em face da evicção. Se 
o adquirente sabia dos riscos da evicção e dos riscos de perder a coisa, não poderá depois demandar o alienante 
pela evicção. 
 
 
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Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa. 
 
Veja como o tema foi cobrado em prova: 
 
CESPE - 2018 - EBSERH - Advogado 
Considerando o que dispõe o Código Civil acerca de negócios jurídicos e contratos, julgue o item a seguir. 
Nos contratos onerosos, a responsabilidade do alienante pela evicção pode ser excluída por convenção das partes 
em cláusula expressa. 
RESOLUÇÃO: 
Como vimos acima, é possível que as partes excluam a responsabilidade do alienante pela evicção desde que o 
façam por cláusula expressa. 
RESPOSTA: CORRETA 
 
EXTINÇÃO DOS CONTRATOS 
 
Passamos, finalmente, às formas de extinção do contrato: 
• Extinção normal do contrato: é aquela que decorre do cumprimento do objeto do contrato. Lembre-
se que a boa-fé objetiva deve também ser observada na fase pós-contratual. 
• Extinção por morte: se a obrigação é personalíssima, teremos a extinção do contrato pela morte de 
uma das partes. É o que ocorre na fiança, pois condição de fiador não se transmite com a herança 
(em caso de morte do fiador). Eventualmente, caberá aos herdeiros honrar com as dívidas contraídas 
até os limites da herança. 
• Extinção por fatos anteriores à celebração: ocorre em razão da (i) invalidade do contrato, nas 
hipóteses de contrato nulo ou anulável; (ii) do exercício do direito previsto em cláusula de 
arrependimento (constante no próprio contrato), que autoriza a manifestação unilateral de vontade 
de uma das partes de não mais se vincular pelo contrato; e (iii) da cláusula resolutiva expressa, que é 
uma previsão contratual no sentido de que algum evento futuro e incerto (condição) acarretará a 
extinção do contrato. No caso de cláusula resolutiva expressa, a extinção se opera de pleno direito, 
ou seja, automaticamente com a ocorrência do fato. Se, por exemplo, no contrato de compra e 
venda, as partes dispõem que o não pagamento do preço na data combinada levará a extinção do 
contrato, com dispensa do cumprimento das outras obrigações (como a de entregar a coisa), basta 
ocorrer o fato (não pagamento na data específica) para a extinção do contrato. Excepcionalmente, 
o STJ exige interpelação judicial mesmo em havendo cláusula resolutiva expressa (como na Súmula 
369 do STJ, que preconiza que “No contrato de arrendamento mercantil (leasing), ainda que haja 
cláusula resolutiva expressa, é necessária a notificação prévia do arrendatário para constituí-lo em 
mora”). 
 
 
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Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial. 
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, 
cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos. 
 
• Extinção por fatos posteriores à celebração: alguns fatos posteriores à celebração do contrato 
podem levar à extinção da avença. São os casos de resolução do contrato (extinção do contrato por 
descumprimento) e resilição do contrato (que é a dissolução voluntária do contrato). Pela 
importância do tema, passamos a sua análise no tópico seguinte. 
 
 
 
RESOLUÇÃO DO CONTRATO 
 
Dentre as formas de extinção do contrato por fatos posteriores à celebração, temos a resolução do contrato 
por: 
• Inexecução voluntária 
• Inexecução involuntária 
• Onerosidade excessiva 
• Cláusula resolutiva tácita 
Vamos analisar cada caso: 
A resolução por inexecução voluntária decorre do descumprimento do contrato por dolo ou culpa do 
devedor, o que acarreta a obrigação de indenizar também perdas e danos. É importante apenas ressalvar que não 
será possível resolver o contrato se verificado o adimplemento substancial (substantial performance), situação na 
qual o contrato foi cumprido quase integralmente. Nesse caso, deve o interessado requerer a cobrança da parte 
não cumprida, mantendo o contrato. 
Conforme o Enunciado 586 da VII Jornada de Direito Civil, para a caracterização do adimplemento 
substancial levam-se em conta tanto aspectos quantitativos quanto qualitativos. Assim, não basta o cumprimento 
substancial da prestação, mas também que a parte devedora esteja de boa-fé. Por exemplo: se a parte devedora 
sempre atrasa a parcela mensal do pagamento por ela devido, nota-se o abuso de direito que pode tornar possível 
a resolução do contrato. 
Na inexecução involuntária, por outro lado, o descumprimento ocorre por fato alheio à vontade das partes, 
por caso fortuito ou força maior. Assim, em regra, não cabe o pedido de perdas e danos, resolvendo-se a obrigação. 
Caberá pedido de perdas e danos apenas se (i) as partes convencionaram essa responsabilidade, se (ii) a lei prevê 
essa responsabilidade ou se (iii) o devedor estiver em mora, quando da ocorrência do caso fortuito ou força maior, 
salvo se (nesse último caso) o devedor provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação 
fosse oportunamente desempenhada. 
 
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No que tange à onerosidade excessiva, já estudamos que ela pode justificar a revisão do contrato. Também 
será possível resolver o contrato por onerosidade excessiva, caso em que os efeitos da sentença vão retroagir à 
data da citação em juízo, nos termos do art. 478 do CC

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