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UPE/VESTIBULAR/2002
PROVA DE PORTUGUÊS
TEXTO [01] para a questão 01.
	
5
10
	
Anos mais tarde, e já na qualidade de comissário, encontrei outra forma atormentadora de olhar. Dessa vez, magoado ― um olhar surpreendentemente magoado. Confesso: desde que deixei a Polícia, todo esse cortejo de agonias, que na época julguei inexpressivo, compõe a teia de minhas aflições. Como quem conduz um sinal maligno, um tipo de mancha esquisita no peito. Faz parte de uma porção importante do meu ser. Eu que sou formado por gritos, gemidos, golfadas de sangue, palavras entrecortadas, implorações e até sorrisos ― esses sorrisos que se desenham nas faces humilhadas apenas para exteriorizar, medonhamente, o medo, o medo terrível e confuso, de quem espera caridade. Um gesto caridoso.
― Você está querendo me fazer de besta?
Gritei, batendo com a palma da mão no birô. Quem já foi policial sabe a importância estratégica de um murro na mesa, um empurrão ou uma risada nervosa, tudo dependendo, é claro, do momento e da pessoa que está sento interrogada. Um policial precisa ter ritmos, precisa saber transformar o assassino em vítima, insinuando-se, exato, entre a coragem e o medo, entre a audácia e a covardia. Mesmo porque não há valente que não sinta essas oscilações.
CARRERO, Raimundo. A dupla face do baralho: Confissões do comissário Félix Gurgel. 2. ed. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1984. p. 17.
01. Observe as proposições abaixo, analise-as e conclua.
	I.
	Com a expressão “Como quem conduz um sinal maligno, um tipo de mancha esquisita no peito.”, o narrador-personagem parece querer justificar sua crueldade e, ao mesmo tempo, julgar-se inocente porque, no fundo, ele não pode ser mau.
	II.
	O que é importante para o narrador-personagem relaciona-se com atividades pouco louváveis de sua vida ― que ele inconscientemente guarda consigo ― e com as próprias estratégias por ele utilizadas para intimidar suas vítimas.
	III.
	O narrador-personagem é um homem confuso; em compensação, porém, é caridoso e capaz de exteriorizar seus próprios medos, ou seja, ele não é um homem ruim.
	IV.
	A atitude do narrador-personagem, em relação a seu interlocutor, não nos revela que se trata de uma pessoa autoritária ― a despeito do grito que deu e da pancada desferida sobre o birô ―, mas de um policial estrategista que calcula cada gesto, e palavra, e olhar, e sorriso para colher alguma informação da pessoa por ele interrogada.
Pode-se dizer que há erro
A) apenas nos itens I e II.	
B) apenas nos itens II e III. 
C) nos itens I, II, III e IV.
D) apenas nos itens III e V.	 
E) apenas nos itens I, II e III.
TEXTO [02] e
<http://www.webcanal.com.br/colunas/humor/humor.asp>
TEXTO [03] para a questão 02.
<http://www.webcanal.com.br/colunas/humor/humor.asp> 
02. Observe, analise e conclua.
	I.
	Nos Textos [02] e [03], percebe-se uma transgressão da norma culta, que se justifica graças à faixa etária e ao nível de escolaridade dos falantes.
	II.
	O desvio da norma culta de que trata o item anterior baseia-se, respectivamente, na fala da personagem no segundo quadrinho do Texto [02] e na da personagem no primeiro quadrinho do Texto [03].
	III.
	No Texto [02], a mãe utiliza inadequadamente a norma culta, o que torna a coesão gramatical referencial pouco precisa.
	IV.
	Todas as falas, nos dois textos, estão adequadas às situações vividas pelas personagens e, também, de acordo com a norma culta.
A afirmação é correta
A) apenas no item I.
B) apenas nos itens II e III.
C) apenas nos itens II e IV.
D) apenas no item III.
E) apenas no item IV.
TEXTO [04] para as questões de 03 a 06.
	
5
10
15
	
Paulo Tavares pelo que dele fui adivinhando através de conversas com o velho Gaspar foi ao extremo a que chegou com relação ao menino chamado pelos outros de Sinhazinha: o extremo de ter se tornado de tal modo seu protetor que sentiu suas relações de amigo com o protegido quase angélico se inclinarem um pouco, mesmo contra sua vontade, para as de sexo forte com sexo fraco. Não era Paulo nenhum viciado dos que, nos colégios, como nos navios de guerra, nas tropas como nos conventos, buscam insinuar à afeição exagerada dos adolescentes bonitos, com alguma coisa de meninas nos seus gestos indecisos e dúbios e até nas suas formas de corpo e nas suas feições, fazendo-se de protetores dos mais dengosos desses adolescentes. Mas, na verdade, visando epicurianamente extrair desses afetos transitórios momentos de gozo quase de todo físico, com o mais forte fazendo de sexo forte, o mais fraco, de belo sexo, em aventuras apenas de superfície de uma forma de amor malvista pelos adultos em quase todas as sociedades nitidamente patriarcais, em algumas das primitivas e em muitas das modernas.
João Gaspar conviveu de perto com o protetor do seu sobrinho. Para Gaspar, o sobrinho fora de tal modo apaparicado pela Mãe que se amolecera de fato em rapaz com muita coisa, segundo o velho, de moça. Mas ― isso ele não me disse mas eu adivinhei que pudesse ter sido assim ― se tivesse lhe faltado, no colégio, a proteção de Paulo, José Maria talvez houvesse até resvalado na degradação em que outros têm resvalado.
FREYRE, Gilberto. Dona Sinhá e o Filho Padre. Rio de Janeiro, Ediouro, 2000.p. 64-65.
03. Observe, analise e assinale a alternativa correta.
A) Ensaio sociológico ou narrativa literária, o que se observa é que o autor do Texto [04] levanta uma das questões que continuam agitando e perturbando as sociedades contemporâneas, quase sempre mergulhadas em problemas de toda ordem, principalmente, a moral, produzindo debates calorosos e discussões intermináveis. Está-se falando do celibato.
B) Para Gaspar, o protetor do adolescente José Maria não evitou que o rapaz descesse a um nível baixíssimo de degradação, o que ele, como tio, podia perfeitamente perceber, aprovando tal atitude.
C) Como se conclui do Texto [04], o protetor de José Maria foi um devasso que procurou induzir o adolescente “epicurianamente” [linha 8] a uma espécie de vida saudável, em que o prazer era muito mais do espírito do que do físico, fato que também ocorre contemporaneamente com muitos jovens, nessa mesma fase da vida, quando se desviam para o homossexualismo.
D) O termo “epicurianamente” [linha 8] e o próprio Texto [04] nos fazem compreender que Paulo Tavares era bem intencionado, desejando que a vida celibatária de José Maria fosse das mais promissoras. O protetor não media esforços para que seu protegido se tornasse um grande homem e um grande sacerdote ainda que homossexual.
E) De acordo com o Texto [04], os laços de amizade entre protetor e protegido podem ser interpretados, considerando-se suas características, como relações entre o sexo forte e o sexo frágil, tal o grau de envolvimento emocional entre os dois.
04. Assinale a alternativa incorreta, considerando a estrutura e formação das palavras.
A) “Paulo Tavares pelo que dele fui adivinhando através de conversas...” [Texto [04] linha 1] ― Na parte grifada da palavra “adivinhando”, temos vogal temática e desinência do gerúndio.
B) “... uma forma de amor malvista pelos adultos em quase todas as sociedades nitidamente patriarcais...” [Texto [04] linhas 09 -10] ― Nas duas palavras grifadas, encontramos vogal temática; e apenas em “adultos”, encontramos desinência de número.
C) “... buscam insinuar à afeição exagerada dos adolescentes bonitos, com alguma coisa de meninas nos seus gestos indecisos e dúbios...” [Texto [04] linhas 5 - 6] ― Nas duas palavras grifadas, encontramos desinência de número; numa delas, porém, encontramos vogal temática.
D) “...visando epicurianamente extrair desses afetos transitórios momentos de gozo quase de todo físico...” [Texto [04] linha 8] ― No vocábulo grifado, encontramos radical e afixos.
E) “...o sobrinho forade tal modo apaparicado pela Mãe que se amolecera de fato em rapaz com muita coisa...” [Texto [04] linhas 12 -13] ― Na palavra grifada, encontramos prefixo e sufixo.
05. Observe analise e conclua.
	I.
	“Anos mais tarde, e já na qualidade de comissário, encontrei outra forma atormentadora de olhar. Dessa vez, magoado ― um olhar surpreendentemente magoado.” [Texto [01] linhas 1 - 2] ― Na primeira palavra grifada, temos um caso de derivação com afixos; na segunda, um caso de derivação imprópria.
	II.
	“Faz parte de uma porção importante do meu ser.” [Texto [01] linha 4 e 5] ― A palavra grifada é verbo e está no infinitivo impessoal. No infinitivo pessoal seria: ser eu, seres tu, ser ele, sermos nós, serdes vós, serem eles.
	III.
	“...esses sorrisos que se desenham nas faces humilhadas...” [Texto [01] linhas 6 - 7] ― Se desse fragmento eliminássemos o QUE e o SE e passássemos o verbo grifado para a forma imperativa negativa, na segunda pessoa do plural, obteríamos a seguinte oração: ESSES SORRISOS NÃO DESENHEIS NAS FACES HUMILHADAS.
	IV.
	No fragmento “Não era Paulo nenhum viciado dos que, nos colégios, como nos navios de guerra, nas tropas como nos conventos, buscam insinuar à afeição exagerada dos adolescentes bonitos, com alguma coisa de meninas nos seus gestos indecisos e dúbios e até nas suas formas de corpo e nas suas feições, fazendo-se de protetores dos mais dengosos desses adolescentes.” [Texto [04] linhas 4 - 7], os pronomes negritados e sublinhados constituem um recurso usado para dar continuidade ao texto e correspondem, respectivamente, aos referentes ‘adolescentes’ e ‘meninas’.
A afirmativa é correta
A) apenas no item II.
B) apenas no item III. 	
C) apenas no item I. 
D) apenas nos itens II e IV.
E) nos itens I e III.
06. Observe analise e conclua.
	I.
	“Um gesto caridoso.” [Texto [01] linha 8] ― Se disséssemos que se tratava de “um gesto mais caridoso do que amigo...”, o adjetivo grifado estaria flexionado no grau comparativo de superioridade.
	II.
	“Um gesto caridoso.” [Texto [01] linha 8] ― Se disséssemos que esse “gesto era o mais caridoso”, o adjetivo grifado estaria flexionado no grau superlativo relativo de superioridade.
	III.
	“Um gesto caridoso.” [Texto [01] linha 8] ― Se disséssemos que se tratava de “um gesto imensamente caridoso.”, o adjetivo grifado estaria flexionado no grau superlativo absoluto analítico.
	IV.
	“Um gesto caridoso.” [Texto [01] linha 8] ― Se disséssemos que se tratava de "um gesto caridoso menor que o interesse pela vida...", o adjetivo grifado estaria flexionado no grau superlativo relativo de superioridade.
A afirmação é correta
A) apenas nos itens II e III.
B) nos itens I, II e III. 	
C) apenas nos itens III e IV. 
D) apenas nos itens I e IV.
E) apenas nos itens I e II.
TEXTO [05] para as questões 07 e 08.
	
5
10
15
20
25
	
Um homem e seu carnaval
Deus me abandonou
no meio da orgia
entre uma baiana e uma egípcia.
Estou perdido.
Sem olhos, sem boca
sem dimensões.
As fitas, as cores, os barulhos
passam passam por mim de raspão.
Pobre poesia.
O pandeiro bate
é dentro do peito
mas ninguém percebe.
Estou lívido1, gago.
Eternas namoradas
riem de mim
demonstrando os corpos,
os dentes.
Impossível perdoá-las,
sequer esquecê-las.
Deus me abandonou
no meio do rio.
Estou me afogando
peixes sulfúreos2
ondas de éter
curvas curvas curvas
bandeiras de préstitos3
pneus silenciosos
grandes abraços largos espaços
eternamente.
DRUMMOND DE ANDRADE, Carlos. Nova reunião – 19 livros de poesia. Rio de Janeiro, José Olympio, 1983. p. 43-44.
	
	
	
1. lívido = muito pálido, da cor de um cadáver.
2. sulfúreo = da natureza do enxofre.
3. préstito = agrupamento de muitas pessoas em marcha; procissão.
07. O poema de Drummond de Andrade, Um homem e seu carnaval, pertence ao Modernismo brasileiro. 
Considerando esse estilo de época, observe e analise o que segue.
	I.
	Nesse poema, percebe-se uma retomada do “Poema das Sete Faces”, que foi dedicado a Mário de Andrade. Com "Um homem e seu carnaval”, o poeta age de forma humorística e, de certo modo, promove a dessacralização de Deus.
	II.
	Na primeira estrofe desse poema, o poeta faz uma crítica à poesia, depois de colocar a questão modernidade versus antiguidade, e ainda revela-se perdido no tempo e no espaço; na segunda estrofe, ele demonstra sua solidão e mesmo sua incapacidade para escolher. 
	III.
	Na terceira estrofe, o poeta coloca, diante do leitor, um lugar diferente, onde, por assim dizer, os homens se descaracterizam para, com isso, justificar que “Deus” o abandonou. E a partir daí, tudo é clima de delírio, e até de maximização do seu sofrimento.
A afirmação é correta
A) apenas no item III. 	
B) nos itens I, II e III. 			D) apenas nos itens I e II.
C) apenas nos itens II e III. 		E) apenas no item I.
08. Observe, analise e conclua.
	I.
	“Impossível perdoá-las
sequer esquecê-las.” [linhas 18-19]
Nesses versos, o poeta transgride a norma culta, quanto à regência verbal, mas só em relação a um dos verbos. 
	II.
	“As fitas, as cores, os barulhos
passam por mim de raspão.” [linhas 7 - 8]
Nesses versos, o verbo está posposto ao sujeito; se, porém, tivesse vindo anteposto a ele, viria flexionado de outra forma. (Outros exemplos do mesmo nível seriam: (a) Veio o rapaz e a namorada ou (b) O rapaz e a namorada vieram, ambos absolutamente corretos.)
	III.
	"Deus me abandonou
no meio da orgia
entre uma baiana e uma egípcia."
Modificando-se os três versos acima e colocando Deus, a baiana e a egípcia como sujeito, se o verbo ABANDONAR, no mesmo tempo e modo, viesse anteposto ao sujeito, tanto poderia vir no singular como no plural.
A afirmação é correta
A) somente nos itens I e II.
B) somente nos itens II e III. 	
C) somente no item I. 
D) nos itens I e III.
E) somente no item II.
TEXTO [06] para a questão 09.
FARACO & MOURA. Língua e Literatura. São Paulo, Ática, 1997. v. 1. p. 44.
09. Considerando o Texto [06] e a explicação que os autores apresentam sobre metalinguagem, marque a alternativa a respeito de cujo texto ou fragmento textual pode-se dizer que a função da linguagem é metalingüística e que, ao mesmo tempo, contém indicação correta sobre o seu estilo de época.
	A)
	“A vós correndo vou Braços sagrados,
nessa cruz sacrossanta descobertos:
que para receber-me estais abertos
e por não castigar-me estais cravados.” [Gregório de Matos]
	
Fragmento de texto pertencente ao estilo de época Barroco.
	B)
	“Torno a ver-vos, ó montes; o destino
aqui me torna a pôr nestes outeiros,
onde um tempo os gabões deixei grosseiros
pelo traje da Corte rico e fino.” [Cláudio Manuel da Costa]
	
Fragmento de texto pertencente ao estilo de época Árcade.
	C)
	“Um grande amor
tem sempre um triste fim,
Com o Pierrô aconteceu assim:
Levando esse grande chute
Foi tomar vermute
Com amendoim!” [Noel Rosa]
	
Fragmento de texto pertencente ao estilo de época Romântico.
	D)
	“Sinal de apito
Um silvo breve: Atenção, siga.
Dois silvos breves: Pare.
Um silvo breve à noite: Acenda a lanterna.
Um silvo longo: Diminua a marcha.
Um silvo longo e breve: Motoristas a postos.
(A este sinal todos os motoristas tomam
lugar nos seus veículos para movimentá-los
imediatamente.) [Drummond de Andrade]
	
Texto pertencente ao estilo de época Modernista.
	E)
	“Metáfora
Uma lata existe para conter algo,
Mas quando o poeta diz lata
Pode estar querendo dizer o incontível
Uma meta existe para ser um alvo,
Mas quando o poeta diz meta
Pode estarquerendo dizer o inatingível...” [Gilberto Gil]
	
Texto pertencente ao estilo de época Romântico (na Bahia).
TEXTO [07] para a questão 10 .
	
	PORTINARI, Retirantes, 1944 apud MONTERADO, Lucas de. 
História da Arte. Rio de Janeiro, Livros Técnicos, 1978. p. 304.
10. A despeito do realismo com que foi pintado esse quadro, reflita um pouco sobre o que ele representa e associe-o a uma das obras do nosso Modernismo, marcando a alternativa cujo fragmento textual pertence a uma obra literária que trabalha a mesma temática explorada por Portinari.
A) “O capineiro assombrado correu para chamar o senhor de engenho. E voltaram com a enxada, e cavaram a terra. A menina estava verde como uma folha de mato. Os cabelos crescidos em touceiras de capim de planta. Os olhos cheios de terra. E as unhas das mãos pretas e enormes.” 
B) “Embarquei em Maceió, sem pagar passagem, saltei em Recife, embarquei de novo e estive alguns dias mal acomodado, não porém em situação pior que a de numerosos viajantes, pois o navio era uma insignificância, muito sujo, e nos tinham reservado o porão. Aqui, num carro fechado, não pude admirar as ruas novas e os arranha-céus. Alojei-me num quarto molhado, transferi-me a outro, já ocupado por legiões de insetos domésticos, morei numa estalagem onde pijamas eram roupa de luxo, que se vestiam pelo avesso, porque muitos dos habitantes costumavam introduzir com habilidade as mãos nas algibeiras alheias e esvaziá-las...” 
C) “Os cavalos brabos, indomáveis, coiceam o vento dentro do curral. Amontoam-se, relincham, agitam-se num tropel medonho. Mas o impossível é saltar a cerca de toros de árvores. Alguns, os mais valentes, cortam-se nas pedras, relinchando como se atirassem. Tão valente e brabo, igual aos animais, é o vento que sopra agora açoitando a mata, assustando os fantasmas. A Lua encarnada vai desaparecendo muito devagar, como se fosse a continuação do Sol, a continuação do fogo. ”
D) “Já estava no terraço, terminou cantando, cantando e rindo de si mesmo. Foi quando avistou Codó. Codó, o Alma de Pau, a estas horas já em sua ronda. Bota a cabeça no portão, retira-a. Ainda não viu Amísio. Ali está, aquele, o Alma de Pau, o Pomba Lesa. Codó, mais de cinqüenta anos de idade, nunca trabalhou nem para o próprio sustento, nunca jogou bola de gude, futebol, bilhar, baralho. Nunca tomou um porre, quebrou bancas de jardim, globos de luz elétrica. Nunca arrombou a porta duma rapariga, jamais currou uma virgem... Explora, sim, duas tias velhas que o sustentam à custa de bordados, costuras, doces feitos de encomenda. ”
E) “Pouco a pouco uma vida nova, ainda confusa, se foi esboçando. Acomodar-se-iam num sítio pequeno, o que parecia difícil a Fabiano, criado solto no mato. Cultivariam um pedaço de terra. Mudar-se-iam para uma cidade, e os meninos freqüentariam escolas, seriam diferentes deles. Sinhá vitória esquentava-se. Fabiano ria, tinha desejo de esfregar as mãos agarradas à boca do saco e à coronha da espingarda de pederneira. Não sentia a espingarda, o saco, as pedras miúdas que lhe entravam nas alpercatas, o cheiro de carniças que empestavam o caminho...”
TEXTO [08] para a questão 11.
11. Examinando os Textos [08] e [07] e comparando-os, observa-se neles um ponto comum, ao menos em relação a significativas questões nacionais de cada momento histórico a que eles se referem. Num e noutro momento, os autores procuraram explorar essa realidade, tudo feito de acordo com a visão de mundo que norteou o “registro” de seus trabalhos. Considerando essas informações, assinale a alternativa cujo texto ou fragmento textual apresenta a mesma temática ou temática semelhante à do Texto [08] e também pertence ao estilo de época a que o Texto [08] historicamente está ligado.
	A)
	“E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia.”
	B)
	“Negras mulheres, suspendendo as tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras, moças... mas nuas, espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs.”
	C)
	“Irene no céu
Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor.
Imagino Irene entrando no céu:
― Licença, meu branco!
E são Pedro bonachão:
― Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.”
	D)
	“Cinqüenta anos! Quantas horas inúteis! Consumir-se uma pessoa a vida inteira sem saber por quê! Comer e dormir como um porco! Levantar-se cedo todas manhãs e sair correndo, procurando comida! E depois guardar comida para os filhos, para os netos, para muitas gerações. Que estupidez! Que porcaria! Não é bom vir o diabo e levar tudo?”
	E)
	“Se eu tenho de morrer na flor dos anos
Meu Deus! não seja já;
Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,
Cantar o sabiá.”
TEXTO [09] 	e TEXTO [10] para a questão 12.
ALEIJADINHO. A crucificação apud NICOLA, José de. Língua, Literatura & Redação. São Paulo, Scipione, 1993. v.1. p. 221.
12. Pode-se observar que o Texto [09], aponta para o ________________, a visão de mundo é _____________ enquanto que o Texto [10] aponta para o ___________ e sua figura central vem cercada de elementos tipicamente _______________.
	A)
	Arcadismo
	religiosa
	Modernismo
	regionais
	B)
	Barroco-romântico
	mística e individualista
	Pré-modernismo
	da flora brasileira
	C)
	Barroco
	religiosa
	Modernismo
	nacionais 
	D)
	Romantismo
	mística e individualista
	Simbolismo
	simbólicos e nacionais
	E)
	Realismo pictórico
	mística e individualista
	Pós-Modernismo
	nacionais
TEXTO [11] para as questões 13 e 14.
	
5
10
15
	
A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido a outras instituições sociais. Não cito alguns aparelhos senão por se ligarem a certo ofício. Um deles era o ferro ao pescoço, outro o ferro ao pé; havia também a máscara de filha de Flandres. A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca. Tinha só três buracos, dois para ver, um para respirar, e era fechada atrás da cabeça por um cadeado. Com o vício de beber, perdiam a tentação de furtar, porque geralmente era dos vinténs do senhor que eles tiravam com que matar a sede, e aí ficavam dois pecados extintos, e a sobriedade e a honestidade certas. Era grotesca tal máscara, mas a ordem social e humana nem sempre se alcança sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham penduradas, à venda, na porta das lojas. Mas não cuidemos de máscaras.
O ferro ao pescoço, era aplicado aos escravos fujões. Imaginai uma coleira grossa, com a haste grossa também, à direita ou à esquerda, até ao alto da cabeça e fechada atrás com chave. Pesava, naturalmente, mas era menos castigo que sinal. Escravo que fugia assim, onde quer que andasse, mostrava um reincidente, e com pouco era pegado.
(...)
Ora, pegar escravos fugidos era um ofício do tempo. Não seria nobre, mas ser instrumento da força com que se mantém a lei e a propriedade, trazia esta outra nobreza implícita das ações reivindicadoras. Ninguém se metia em tal ofício por desfastio ou estudo; a pobreza, a necessidade de uma achega, a inaptidão para outros trabalhos, o acaso, e alguma vez o gosto de servir também, ainda que por outra via, davam o impulso ao homem que se sentia bastante rijo para pôr ordem à desordem.
ASSIM, J. M. Machado de. Pai contra mãe. In: PROENÇA FILHO, Domício. Os melhores contos de Machado de Assis. 12. ed. São Paulo, Global, 1997. p. 249-250.
Nas questões de 13 a 20, assinale na coluna I, as afirmativas verdadeiras e, na coluna II, as falsas.
13. Gênero e plural dos substantivos, e conjugação verbal.
	I
	II
	
	
	0
	0“Um deles era o ferro ao pescoço, outro o ferro ao pé; havia também a máscara de filha de Flandres. A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca.” [linhas 2 - 4]
Quanto ao gênero, o substantivo grifado classifica-se como sobrecomum, ou seja, é biforme.
	1
	1
	
	“Um deles era o ferro ao pescoço, outro o ferro ao pé; havia também a máscara de filha de Flandres. A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca.” [linhas 2 - 4]
O substantivo grifado está entre os que apresentam dificuldade quanto ao gênero, ou seja, é feminino, mas não é feminino em relação a um determinado nome masculino.
	2
	2
	
	“A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido a outras instituições sociais.” [linha 1]; “O ferro ao pescoço, era aplicado aos escravos fujões.“ [linha 10]
Pode-se dizer que o primeiro substantivo grifado tem terminação plural idêntica ao do segundo substantivo grifado.
	3
	3
	
	“A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido a outras instituições sociais. Não cito alguns aparelhos senão por se ligarem a certo ofício. Um deles era o ferro ao pescoço, outro o ferro ao pé...” [linhas 1-3]
Pluralizando-se o substantivo grifado e dando nova redação ao último período, poderíamos corretamente dizer: “Tratava-se dos ferros ao pescoço e ao pé...”, porque é normal que se pluralize o substantivo “ferro”, como qualquer outro substantivo, sem lhe mudar o sentido.
	4
	4
	
	(1) “Os funileiros as tinham penduradas, à venda, na porta das lojas. Mas não cuidemos de máscaras.” [linhas 8-9] 
(2) “Não seria nobre, mas ser instrumento da força com que se mantém a lei e a propriedade, trazia esta outra nobreza implícita das ações reivindicadoras.” [linhas 14-15]
Nos casos (1) e (2), os verbos grifados encontram-se conjugados no mesmo tempo e modo e referem-se a pessoas diferentes.
14. Orações subordinadas e coordenadas.
	I
	II
	
	
	0
	0
	
	“Pesava, naturalmente, mas era menos castigo que sinal. Escravo que fugia assim, onde quer que andasse, mostrava um reincidente, e com pouco era pegado.” [11 - 13]
No primeiro período, a terceira oração é subordinada adjetiva restritiva e a segunda é coordenada sindética adversativa.
	1
	1
	
	"A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca.” [linhas 3 - 4] 
A oração grifada pode ser classificada como subordinada reduzida de infinitivo.
	2
	2
	
	"Era grotesca tal máscara, mas a ordem social e humana nem sempre se alcança sem o grotesco, e alguma vez o cruel.” [linhas 7 - 8]
A oração grifada classifica-se como subordinada adverbial por apresentar cumulativamente a circunstância de valor concessivo, porque é esse o valor do conectivo “mas”.
	3
	3
	
	“Ninguém se metia em tal ofício por desfastio ou estudo; a pobreza, a necessidade de uma achega, a inaptidão para outros trabalhos, o acaso, e alguma vez o gosto de servir também, ainda que por outra via, davam o impulso ao homem que se sentia bastante rijo para pôr ordem à desordem.” [linhas 16 - 18]
A oração grifada é coordenada sindética explicativa.
	4
	4
	
	“Escravo que fugia assim, onde quer que andasse, mostrava um reincidente, e com pouco era pegado.” [linhas 12 - 13]
A oração grifada classifica-se como subordinada adjetiva restritiva.
TEXTO [12] para as questões 15 e 16.
	
5
10
15
	Tentação
Ela estava com soluço. E como se não bastasse a claridade das duas horas, ela era ruiva.
Na rua vazia, as pedras vibravam de calor ― a cabeça da menina flamejava. Sentada nos degraus de sua casa, ela suportava tudo. Ninguém na rua, só uma pessoa esperando inutilmente no ponto o bonde. E como se não bastasse seu olhar submisso e paciente, o soluço a interrompia de momento a momento, abalando o queixo que se apoiava conformado na mão. Que fazer de uma menina ruiva com soluço? Olhamo-nos sem palavras, desalento contra desalento. Na rua deserta nenhum sinal de bonde. Numa terra de morenos, ser ruivo era uma revolta involuntária a que assistia a natureza. Que importava se num dia futuro sua marca ia fazê-la diferente e ergueria insolente uma cabeça de mulher? Por enquanto ela estava sentada num degrau faiscante da porta, às duas horas. O que a salvava era uma bolsa velha de senhora, com alça partida. Segurava-a com um amor conjugal já habituado, apertando-a contra os joelhos.
Foi quando se aproximou a sua outra metade neste mundo, um irmão que assistia em Grajaú. A possibilidade de comunicação surgiu no ângulo quente da esquina, acompanhando uma senhora, e encarnada na figura de um cão. Era um basset lindo e miserável, doce sob a sua fatalidade. Era um basset ruivo.
Lá vinha ele trotando à frente de sua dona, arrastando seu comprimento. Desprevenido, acostumado, cachorro.
A menina abriu os olhos pasmada. Suavemente avisado, o cachorro estacou diante dela. Sua língua vibrava. Ambos se olhavam.
LISPECTOR, Clarice. A legião estrangeira. Rio de Janeiro,
Rocco, 1999. p. 55. [Adaptado para esta prova]
15. Regência verbal, crase e predicado.
	I
	II
	
	
	0
	0
	
	Observe: Caso (1) "Foi quando se aproximou a sua outra metade neste mundo, um irmão que assistia em Grajaú.” [linhas 12 - 13] – Caso (2) "Ela suportava tudo.”[linha 3]
O verbo grifado, no Caso (1) não rege qualquer complemento, sendo intransitivo; no Caso (2), rege complemento sem preposição, sendo transitivo direto.
	1
	1
	
	“Que importava se num dia futuro sua marca ia fazê-la diferente e ergueria insolente uma cabeça de mulher?” [linhas 8 - 9]
Substituindo-se a parte grifada pelo verbo SER no mesmo tempo e modo do verbo ERGUER, o termo “uma cabeça de mulher” teria a mesma classificação sintática.
	2
	2
	
	“Ela estava com soluço. E como se não bastasse a claridade das duas horas, ela era ruiva.” [linha 1]
Na frase acima, substituindo-se a parte grifada por HOUVESSE, o termo “a claridade das duas horas” passaria a ter, obrigatoriamente, outra classificação.
	3
	3
	
	"Lá vinha ele trotando à frente de sua dona, arrastando seu comprimento. Desprevenido, acostumado, cachorro.” [linhas 16 - 17]
Na frase acima e na frase “Enquanto Pedro se dedicava à oração, os outros viviam apenas para as farras e as diversões profanas”, o sinal indicativo da crase foi usado pela mesma razão.
	4
	4
	
	“A menina abriu os olhos pasmada. Suavemente avisado, o cachorro estacou diante dela. Sua língua vibrava. Ambos se olhavam.” [linhas 18 - 19]
No primeiro período da frase acima, encontra-se um predicado verbo-nominal.
16. Regência e topologia pronominal.
	I
	II
	
	
	0
	0
	
	"A menina abriu os olhos pasmada.” [linha 18]
Numa primeira substituição do termo grifado pelo pronome oblíquo átono correspondente, ter-se-ia a seguinte oração correta: A menina abriu-os pasmada. Numa segunda substituição em que se usasse o verbo no futuro do pretérito, seria correto dizer: A menina abri-los-ia pasmada. 
	1
	1
	
	“Ninguém na rua, só uma pessoa esperando inutilmente no ponto o bonde. E como se não bastasse seu olhar submisso e paciente, o soluço a interrompia de momento a momento, abalando o queixo que se apoiava conformado na mão.” [linhas 3 - 5]
Nesta nova frase “Passavam-se os dias, e ela ficava no terraço esperando, por exemplo, que Augusto voltasse da guerra, e nada...”, o verbo grifado não apresenta a mesma regência que se observa no verbo grifado na frase acima.
	2
	2
	
	“E como se não bastasse seu olhar submisso e paciente, o soluço a interrompia de momento a momento, abalando o queixo que se apoiava conformado na mão.” [linhas 4 - 5]
Essa mesma frase, de acordo com a norma culta, ficaria também correta assim: E como se não bastasse seu olhar submisso e paciente, o soluço interrompia-a de momento a momento, abalando o queixo que se apoiava conformado na mão.3
	3
	
	“Por enquanto ela estava sentada num degrau faiscante da porta, às duas horas.” [linhas 9 - 10]
Se substituíssemos o verbo grifado pelo verbo FICAR, no mesmo tempo e modo, o termo “sentada” passaria a ter outra função sintática por causa da regência do novo verbo.
	4
	4
	
	“Foi quando se aproximou a sua outra metade neste mundo, um irmão que assistia em Grajaú.” [linha 12 - 13]
Se substituíssemos o verbo grifado por VOLTAR, no mesmo tempo e modo, esse novo verbo teria regência diferente, exigindo objeto indireto.
TEXTOS [13] e [14] para a questão 17.
	Texto [13]
ETTY, William. Hero e Leandro, 1829 apud INFANTE, Ulisse. Textos: leituras e escritas – Literatura, Língua e Redação. São Paulo, Scipione, 2000. v. 2. p. 82.
	TEXTO [14]
RENI, Guido. Suzana e os velhos, 1642 apud FARACO & MOURA. Língua e Literatura. São Paulo, Ática, 1997. v. 1. p. 304.
17. Romantismo e Barroco.
	I
	II
	
	
	0
	0
	
	A maior expressão da arte barroca no Brasil encontra-se, de fato, na poesia e na pintura, podendo-se destacar autores como Gregório de Matos e Guido Reni.
	1
	1
	
	Pode-se afirmar corretamente que, em função das condições da civilização brasileira do século XVII, a nossa produção artística naquele momento foi marcada pela influência européia e seguiu-lhe os padrões e modelos.
	2
	2
	
	Os Textos [13] e [14] têm em comum a sensualidade, mas, em face das escolas que representam, divergem quanto a forma e cores, sendo importante destacar que o Texto [13] é mais ousado e mais simples enquanto o Texto [14] é menos ousado e mais complexamente trabalhado do ponto de vista estético.
	3
	3
	
	A origem do Romantismo é alemã (Goethe, os irmãos Schelegel e Klopstock) e inglesa (Walter Scott e Byron), mas foi no Brasil que se deu efetivamente a sua propagação com autores expressivos como Gonçalves Dias, Castro Alves e José de Alencar, sobretudo, também, por causa da atmosfera meio revolucionária legada pela nossa Independência.
	4
	4
	
	O grupo de autores românticos a que pertencem Castro Alves, Tobias Barreto, Franklin Távora e Taunay é mais liberal e social. Vislumbrando um novo tempo, trabalham conteúdos mais políticos e sociais ligados às lutas contra a escravidão. Sob a influência de Victor Hugo, o poeta baiano nos lega a poesia condoreira. Nessa época, também, o romantismo mais realista demonstra certa preocupação formal que vai, por assim dizer, introduzindo a literatura do Realismo. É claro que não se pode negar o alto subjetivismo amoroso da poesia castroalvina nem o fato de que Franklin Távora criou, com a publicação de "O Cabeleira", uma espécie de "literatura do norte".
TEXTOS [15] e [16] para a questão 18.
	Texto [15]
DEGAS. Bailarinas, 1879 apud FARACO & MOURA. Língua e Literatura. São Paulo, Ática, 1997. v. 2. p. 344.
	Texto [16]
FIGUEIREDO E MELO, Pedro Américo, 1878 apud INFANTE, Ulisses. Textos: leituras e escritas – Literatura, Língua e Redação. São Paulo, Scipione, 2000. v. 2. p. 354.
18. Parnasianismo e Simbolismo.
	I
	II
	
	
	0
	0
	
	"De lá trouxeste o olhar sereno e garço,
o alvo colo onde, em quedas de ouro tinto,
rútilo rola o teu cabelo esparso...” 
[Última deusa]
	Esses versos com certeza apelam à visão e aos ouvidos, graças à sonoridade que neles se constata enquadrando-se, pois, na estética simbolista cujo ritmo pode ser observado no Texto [15].
	1
	1
	
	“Às mãos o escopro, olhando o mármor: “Quero
― O estatuário disse ― uma por uma
as perfeições que têm as formas de Hero
talhar em pedra que o ideal resuma.” 
[A estátua]
	O eu-lírico parece querer provar estar fazendo um trabalho de escultor, estar em busca de algo perfeito, estabelecendo, aí, uma relação desse trabalho com o trabalho do poeta. No caso, trata-se de uma poesia pertencente ao Parnasianismo brasileiro.
	2
	2
	
	“Ouves acaso quando entardece
Vago murmúrio que vem do mar,
Vago murmúrio que mais parece
Voz de uma prece
Morrendo no ar? ” 
[Cantigas Praianas]
	O tipo formal de poesia (estrofe com cinco versos, ou Quinteto) em que o poeta dá mais dinamismo ao ritmo do poema, personificando o mar e, com isto, constituindo uma prosopopéia: o mar murmurando preces, tudo é simbólico, razão pela qual esse poema pertence ao Simbolismo brasileiro, poesia belíssima daquele que foi chamado de “o poeta do mar”.
	3
	3
	
	“Se se pudesse o espírito que chora
ver através da máscara da face,
quanta gente, talvez, que inveja agora
nos causa, então piedade nos causasse!” 
[Mal secreto]
	O tom sibilante com que o poeta inicia esses versos e o tom moralizador recheado de certo pessimismo são marcas que caracterizam, neste caso, a poesia simbolista de alguns dos melhores poetas brasileiros antes de Alphonsus de Guimaraens.
	4
	4
	
	“Mãos de finada, aquelas mãos de neve,
De tons marfíneos, de ossatura rica,
Pairando no ar, num gesto brando e leve,
Que parece ordenar mas que suplica.”
	Percebe-se, nesses versos, que o eu-lírico recupera o tema da morte tão ao gosto dos ultra-românticos e, ao mesmo tempo, cria um clima bastante místico e mesmo litúrgico, graças à referência, por exemplo, ao corpo morto e ao ambiente de tristeza que procura enfocar, características da poesia simbolista do autor dos versos ao lado, que também escreveu “XXXIII – Ismália.”
TEXTO [17] para a questão 19.
10
15
20
25
	
	
Monumento à aspirina
Filmete publicitário tenta associar o samba ao barulho
Sem desrespeito algum à memória de João Cabral, de quem tomo emprestado o título deste artigo, peço licença para falar do analgésico. Não em um monumento, como fez o poeta, mas sobre um anúncio que tem me causado uma constante dor de cabeça.
Trata-se de um filmete de TV. Nele, a moça branquinha, moderninha e cheirosinha está curtindo uma praia, sossegada, quando entram no quadro uns quatro ou cinco adolescentes, típicos atrasados pedagógicos, massacrando, respectivamente, um cavaquinho, um pandeiro, um surdo e parece que um chocalho ou um tamborim. Eles pulam e ululam oligofrenicamente, como se cantassem e dançassem... um samba. A belezoca faz cara de enfado, depois de irritação, franzindo a testa, para dar a entender que aquela “música” não é a de sua praia. E lhe faz muito mal.
Eis que, então, cai do céu uma enorme pastilha de aspirina, soterrando os babaquaras e devolvendo o bem-estar à musa do anúncio. Seguem-se, como de hábito, a mensagem falada e, no vídeo, a marca e a assinatura do anunciante.
O telespectador desavisado pode ver ali apenas um comercial metido a engraçadinho. Mas quem gosta de ler nas entrelinhas pode enxergar no filmete mais um capítulo da guerra surda contra os conteúdos nacionais da cultura brasileira e contra o samba em particular.
Dentro da estratégia de submergir a rica música popular brasileira no grande caldeirão pop transnacional, a mídia colonizada procura fazer crer que só essa corrente globalizante detém a primazia da modernidade (o que não é pop é velho e ultrapassado), da abastância (os artistas do pop são ricos e seu público, potencialmente, também o é) e da beleza (o que não é pop é feio). Assim, o filmete, pela imagem das figuras envolvidas, procura associar o samba a breguice, retardamento mental, sujeira e (pasmem!) barulho – quando se sabe a que alta decibelagem é um apanágio não do samba, e sim de vários estilos da música rock, tais como heave metal, drum’n’bass, techno, disco etc.
Observe-se, agora, que existem pelo menos duas maneiras não-violentas de destruir, as quais se traduzem nos verbos “invisibilizar” e “desqualificar”. E isso é particularmente aplicado em comunicação. Se você esconde uma pessoa, uma comunidade, uma idéia ou um fato, você faz com que ela ou ele se tornem “invisíveis”e, logo, não existam, midiaticamente falando. Da mesma forma, se você desqualifica o objeto de sua comunicação, mostrando-o feio, sujo, antiquado, tolo, pobre, retrógrado etc., você está anulando seu potencial de atração e, conseqüentemente, destruindo-o. Nós, negros, e nossa cultura conhecemos muito bem essa estratégia!
Serve, então, este texto para sugerir aos aficionados do samba, que são muitos, uma reação pacífica à propaganda em questão. Na hora da dor de cabeça, ignorem o tal analgésico transnacional (que eu nem lembro se é genérico ou específico) e optem por algo mais nosso. Como um chá de erva-doce, por exemplo. Ou, quem sabe, um Cartola, Um Paulinho, um Martinho, um Zeca.
LOPES, Ney. Monumento à aspirina. Época, 14 maio 2001, p. 114. 
19. Figuras de Estilo - Variação lingüística – Classes de palavras e ortografia.
	I
	II
	
	
	0
	0
	
	“Eles pulam e ululam oligofrenicamente, como se cantassem e dançassem... um samba. A belezoca faz cara de enfado, depois de irritação, franzindo a testa, para dar a entender que aquela “música” não é a de sua praia. E lhe faz muito mal.” [linhas 6 - 8]
Nesse fragmento, observa-se um dos aspectos da estilística pela presença de um diminutivo cujo uso é uma forma de ironizar e/ou desqualificar o ser a que se refere.
	1
	1
	
	Na frase “E lhe faz muito mal.” [linha 8], encontramos a forma “mal”. Se tivéssemos que preencher várias lacunas com “mal” e “mau”, procederíamos corretamente, como se demonstra a seguir:
Suas idéias soaram ...MAL... na assembléia do condomínio, pois ...MAL... começou a reunião, todos já estavam dispostos a fazer diferente, e isso criou um clima muito...MAL. Até o síndico que, em princípio, era ...MAU..., também não gostou e sentiu um enorme...MAL-ESTAR...
	2
	2
	
	Eles pulam e ululam oligofrenicamente, como se cantassem e dançassem... um samba. A belezoca faz cara de enfado, depois de irritação, franzindo a testa, para dar a entender que aquela “música” não é a de sua praia. E lhe faz muito mal.” [linhas 6-8]
Nesse fragmento, a parte grifada e negritada constitui uma variação lingüística que pretende atingir um grupo social urbano jovem e amante do samba.
	3
	3
	
	“... peço licença para falar do analgésico.” [linhas 1 - 2]
Suponha-se que, no fragmento acima, o autor tivesse dito: CASO 1 - “... peço licença para falar do colírio.”
Diante dessa outra realidade e considerando este outro fragmento: CASO 2 - A MENINA DEIXAVA OS GAROTOS DE OLHOS LAVADOS POR SER, TALVEZ, O MELHOR COLÍRIO DAQUELA CIDADEZINHA, os termos grifados e negritados, CASO 1 e CASO 2, pertencem à mesma classe gramatical; quanto ao sentido, porém, no primeiro caso, tem-se o uso conotativo da palavra e, no segundo, o uso denotativo.
	4
	4
	
	“Na hora da dor de cabeça, ignorem o tal analgésico transnacional (que eu nem lembro se é genérico ou específico) e optem por algo mais nosso. Como um chá de erva-doce, por exemplo. Ou, quem sabe, um Cartola, Um Paulinho, um Martinho, um Zeca.” [linhas 27 - 29]
Nesse fragmento textual, há metonímia, figura de estilo que consiste em se atribuir a uma pessoa ou coisa uma qualidade que não lhe cabe logicamente, uma espécie de transferência de significado por força de semelhança.
TEXTO [18] para a questão 20.
	Canção
	Venho para uma estação de águas nos teus olhos;
Ouves? É o rumor da noite que vem do mar.
Meu amor.
Perto de mim o teu corpo cheirando a flor de cajueiro. 
Que saudades do sol. Do mar de sol.
Do nosso mar de jangadas.
Escuta:
A noite que vem cantando
Vem do mar.
Para que eu voltasse tu me prometeste novas carícias
No entanto o que me dás agora é ainda o mesmo amor
	De antigamente.
E depois estás mais velha.
Os teus olhos bruxuleiam,
Os teus lábios se apagaram.
Eu vou partir.
As barcaças vão passando junto ao cais.
Eu vou partir, viajar.
Itapissuma. Goiana. Itamaracá.
Olha o verão que vem!
Viva o verão que vai chegar.
Viva a paisagem roxa dos cajueiros que vão florir!
Eu vou partir, viajar.
	CARDOZO, Joaquim. Poesias completas. Rio de
Janeiro, Civilização Brasileira, 1971. p. 15-16
20. Morfossintaxe das palavras e sinais de pontuação.
	I
	II
	
	
	
	0
	0
	
	Nos versos 
“Para que eu voltasse tu me prometeste novas carícias
No entanto o que me dás agora é ainda o mesmo amor
De antigamente.”
	
O autor deixou de colocar uma vírgula que não deveria faltar. É obrigatório o uso da vírgula para separar as orações adverbiais, principalmente quando pospostas à oração principal. No caso, o autor transgrediu a norma padrão da língua portuguesa.
	1
	1
	
	Observe:
" Perto de mim o teu corpo cheirando a flor de cajueiro. 
Que saudades do sol. Do mar de sol.
Do nosso mar de jangadas.”
	
O aluno Ricardo disse que a palavra grifada era um pronome relativo, mas o colega Antonino interveio, afirmando que se tratava de um pronome indefinido, e o professor elogiou Antonino pelo acerto. Em seguida, complementou: - Do ponto de vista sintático, a palavra "que", nesse caso, classifica-se como adjunto adnominal.
	2
	2
	
	“E depois estás mais [1] velha.
Os teus olhos bruxuleiam.”
Considere-se, porém, essa nova frase:
E depois me dás mais [2] amor
Embora eu perceba que os teus olhos bruxuleiam.
	
Analisando-se as duas frases, pode-se afirmar que as palavras grifadas não têm o mesmo valor sintático e morfológico, pois a [1] é advérbio, exercendo a função de adjunto adverbial de intensidade e a [2], pronome indefinido, exercendo a função de adjunto adnominal.
	3
	3
	
	“Perto de mim o teu corpo cheirando a flor de cajueiro. 
Que saudades do sol. Do mar de sol.
Do nosso mar de jangadas.”
	
As palavras grifadas são, respectivamente, pronome, substantivo e substantivo; as três, no entanto, são núcleos de um mesmo tipo de função sintática.
	4
	4
	
	“Venho para uma estação de águas nos teus olhos... (1) / Os teus olhos (2) bruxuleiam...”
	
Nos versos ao lado, não se constata qualquer diferença entre as duas palavras, porque elas pertencem à mesma classe gramatical, ou seja, pode-se dizer olhinhos = olhos pequenos, uma das formas de precisar o substantivo; além disso, sintaticamente, exercem a mesma função, tanto que se deve dizer: Teus olhos vêm a mim para uma estação de águas, uma das formas usadas para se encontrar o sujeito dessa oração. Logo (1) = (2).
�
FROND, Victor. Pilagem de café. Litografia apud INFANTE, Ulisses. 
Textos: Leituras e escritas – Literatura, Língua e Redação. v. 2. p. 261. 
�
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MALFATTI, Anita. A índia apud NICOLA, José de. Língua, Literatura & Redação. São Paulo, Scipione, 1993. v. 1. p. 203.
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