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09 Módulo IX Fases do Processo Diciplinar (Rito Sumário)

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Módulo IX - Fases do Processo Disciplinar (Rito Sumário) 
 
Objetivos 
 
Ao final do Módulo IX, o aluno deverá ser capaz de identificar os tipos legais e 
as penalidades previstas no processo administrativo disciplinar sumário. 
 
Introdução 
Este rito, não previsto na redação original da Lei nº 8.112, de 11/12/90, foi 
acrescentado pela Lei nº 9.527, de 10/12/97. O procedimento é aplicável na 
apuração de acumulação ilegal de cargos, de abandono de cargo e de 
inassiduidade habitual, sendo a todas cabível a pena de demissão. A regra 
geral é de que se trata de rito com instrução célere, pois visa a apurar casos 
em que já se tem materialidade pré-constituída. 
 
“Outro aspecto inovador a merecer destaque é o que faz sobressair a 
importância dos órgãos de pessoal de cada repartição, a quem incumbe o 
dever de exercer a fiscalização ininterrupta e tomar as iniciativas tendentes à 
imediata apuração, mediante prova pré-constituída. É que a natureza sumária 
do procedimento de apuração faz pressupor que a instauração do processo se 
fundamenta nos válidos elementos de prova previamente coligidos pelo órgão 
de pessoal acerca da acumulação ilegal de cargos, de modo a ensejar que, em 
três dias, contados da publicação do ato constitutivo da comissão apuradora, 
como exige o § 2º do art. 133, possa ela lavrar o termo de indiciamento. (...) 
 
 Vale também, para as hipóteses ora apreciadas (abandono de cargo e 
inassiduidade habitual), pôr em evidência a importância fiscalizadora dos 
órgãos de controle ininterrupto, para ensejar imediata apuração da 
irregularidade, por meio da comprovação documental preexistente da ausência 
do servidor faltoso ao serviço, de forma contínua ou interpolada, conforme o 
caso.” Francisco Xavier da Silva Guimarães, “Regime Disciplinar do Servidor 
Público Civil da União”, pgs. 131 e 133, Editora Forense, 2ª edição, 2006. 
 
Em linhas gerais, o rito sumário possui as seguintes especificidades: os prazos 
são reduzidos em relação ao rito ordinário e a portaria de instauração deve 
explicitar a materialidade do possível ilícito. Como exemplo, no caso de 
abandono de cargo, a portaria deve trazer a indicação precisa do período de 
ausência intencional do servidor ao serviço por mais de 30 (trinta) dias 
consecutivos; no caso de inassiduidade habitual, deve trazer a indicação dos 
dias de falta ao serviço sem causa justificada, por período igual ou superior a 
60 (sessenta) dias, interpoladamente, durante o período de 12 (doze) meses; 
por fim, no caso de acumulação ilegal de cargos públicos, deverá conter a 
descrição dos empregos, funções e cargos públicos ocupados, bem como o 
órgão de origem. 
 
Assim, as provas a serem produzidas no processo sumário seriam, em tese, 
meramente documentais. 
 
Destaca-se que, de acordo com o disposto na Lei nº 8.112/90, as fases do 
processo administrativo disciplinar sob o rito sumário são diferentes do 
submetido ao rito ordinário, bem como os prazos para sua conclusão. 
 
Nos termos do art. 133 da citada lei, a fase inicial do processo administrativo 
disciplinar sob o rito sumário denomina-se instauração e efetiva-se com a 
publicação do ato que, além de constituir a comissão, que será composta por 
dois servidores estáveis, indicará a respectiva autoria e materialidade do ilícito 
supostamente praticado. 
 
Após a instauração, inicia-se a fase de instrução sumária do processo, que 
compreende: a indiciação do acusado, a defesa e o posterior relatório da 
comissão. Por fim, o processo é julgado pela autoridade competente, no prazo 
de 5 dias, contado do recebimento dos respectivos autos, diferentemente do 
disposto no rito ordinário, para o qual é estabelecido o prazo de 20 dias. 
 
A fase apuratória da comissão deve ser desenvolvida no prazo total de até 30 
dias, podendo ser prorrogado por até 15 dias, de acordo com o § 7º do art. 133, 
da Lei nº 8.112/90. Saliente-se que esses prazos não são fatais e que são 
diferentes tanto do processo administrativo disciplinar sob o rito ordinário (60 + 
60 dias) quanto da sindicância punitiva (até 30 + até 30 dias). 
 
 
 
 
 
Unidade 1 - A Possibilidade de Instrução Ordinária e de Aplicação de Outras 
Penas 
Todavia, é óbvio que, contra essa específica determinação legal de instrução 
célere (basicamente sem atos de busca de prova), devem prevalecer as 
garantias constitucionais da ampla defesa e do contraditório, de forma que, 
caso se demonstre necessário e justificável, a prova pré-constituída possa ser 
contestada. Com isso, o fato de a Lei a priori impor rito sumário não impede 
que a defesa provoque formação de provas como no rito ordinário, com oitivas, 
diligências, interrogatório, etc., sem prejuízo das prerrogativas da comissão de 
denegar aqueles pedidos impertinentes ou protelatórios, conforme o art. 156, § 
1º da Lei nº 8.112, de 11/12/90. E tal incidente excepcional não impede o 
prosseguimento do apuratório sob o rito sumário, diferentemente do que foi 
defendido para o rito ordinário, inicia-se com portaria de instauração definindo o 
fato a se apurar e designando apenas dois servidores para conduzirem os 
trabalhos. A necessidade de realização de atos instrucionais não impõe que se 
desconstitua a dupla processante e que se designe trio. 
 
A produção de provas pelo servidor acusado se justifica, por exemplo, no caso 
de o abandono de cargo ter decorrido de sequestro, ou de alcoolismo, ou de 
doença mental. 
 
Nesse sentido, o STJ firmou entendimento de que, caso seja necessário, o 
processo administrativo disciplinar sob o rito sumário deve abrir a possibilidade 
para produção de provas pelo acusado, conforme in verbis: 
 
Ementa: (…) III – A intenção do legislador – ao estabelecer o procedimento 
sumário para a apuração de abandono de cargo e de inassiduidade habitual 
– foi no sentido de agilizar a averiguação das referidas transgressões, com o 
aperfeiçoamento do serviço público. Entretanto, não se pode olvidar das 
garantias. (BRASIL, Superior Tribunal de Justiça. Processo MS 7464/DF – 
Mandado de Segurança 2001/0045029-6. Relator: Ministro Gilson Dipp, 
Órgão Julgador: Terceira Seção, Data do Julgamento: 2.03.2003, Data da 
Publicação/Fonte: DJ 31.03.2003, p. 144). 
 
 
Corroborando o entendimento do STJ, os Pareceres GM-7 e GQ-193 da AGU 
dispõem no mesmo sentido, acrescentando que o rito sumário não elimina a 
necessidade de oportunizar ao indiciado ampla defesa. 
 
Além disso, também excepcionalmente, em um processo iniciado sob rito 
sumário, de acordo com o conjunto probatório, pode a dupla processante não 
comprovar a configuração da irregularidade (dentre as três previstas) para que 
foi designada mas comprovar a ocorrência de outros ilícitos, de menor 
gravidade e conexos ao mesmo fato que ensejou a instauração (como, apenas 
para citar alguns exemplos: falta de assiduidade ou de pontualidade, ausência 
injustificada ao serviço, exercício de atividades incompatíveis, etc). Novamente, 
não há necessidade de conversão desse rito sumário em rito ordinário, 
designando-se trio processante, e pode-se, ao final, ter a aplicação de pena de 
advertência ou suspensão. 
 
Também, nada obsta que um processo instaurado sob rito sumário para apurar 
abandono de cargo ao final conclua por sua desconfiguração e pelo 
cometimento de inassiduidade habitual, ou vice-versa. 
 
Como se percebe, para a validade desta situação, basta que esse novo 
enquadramento esteja relacionado ao fato ensejador da instauração, além, 
obviamente, que também não haja prejuízo à defesa, pois a dialética 
processual instaura-se em torno da autoria e da materialidade do fato apurado, 
podendo-seter alterado o enquadramento legal. 
 
Tampouco configura nulidade se, desde a instauração, a apuração de qualquer 
daquelas três irregularidades se der em rito ordinário, visto que nenhum 
prejuízo traz à defesa (ao contrário, é um rito mais completo). 
 
Por outro lado, em princípio, o oposto não se admite: a instauração de rito 
sumário para apuração de fato que desde o início se sabe totalmente 
independente de uma daquelas três hipóteses previstas na Lei para sua 
instauração. Na mesma linha, se a dupla processante, designada sob molde de 
rito sumário não comprova a acumulação ilegal ou o abandono de cargo ou a 
inassiduidade habitual, mas depara-se com outra situação irregular e que não 
guarda nenhuma relação com o objeto original de sua designação, deve 
apresentar relatório inocentando o servidor acerca do fato originário e 
representar pelo outro ato ilícito, a fim de que seja designada outra comissão 
em trio, sob molde ordinário. A mero título de exemplo, não se vislumbra 
correlação entre ilícitos apuráveis sob rito sumário e dilapidação de patrimônio 
e lesão aos cofres públicos. 
TRF da 4ª Região, na Apelação Cível nº 171.093: “Ementa: 1. No inquérito 
administrativo, semelhantemente ao que ocorre no processo penal, não pode 
o servidor ser punido com base em fato não constante da imputação que lhe 
foi inicialmente feita (´mutatio libelli´). Se o inquérito foi iniciado para apurar 
abandono do cargo e inassiduidade habitual, tipificados nos incisos II e III do 
art. 132 da Lei 8.112/90, não pode o servidor ser demitido por improbidade 
administrativa, tipificada no inciso IV do mesmo artigo, cujo suporte fático é 
diverso, sem que lhe seja reaberta oportunidade para defesa. 
 
 
Formalmente, o prazo total para o rito sumário é de trinta dias, contados da 
instauração, prorrogáveis por mais quinze dias. 
 
Lei nº 8.112, de 12/11/90 - Art. 133. 
§ 7º O prazo para a conclusão do processo administrativo disciplinar 
submetido ao rito sumário não excederá trinta dias, contados da data de 
publicação do ato que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por 
até quinze dias, quando as circunstâncias o exigirem. (Parágrafo 
acrescentado pela Lei nº 9.527, de 10/12/97) § 8º O procedimento sumário 
rege-se pelas disposições deste artigo, observando-se, no que lhe for 
aplicável, subsidiariamente, as disposições dos Títulos IV e V desta Lei. 
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.527, de 10/12/97). 
 
Por fim, ressalta-se que, de acordo com o § 8º do art. 133 da Lei nº 8.112/90, 
aplicam-se subsidiariamente ao procedimento sumário as normas dispostas no 
processo disciplinar ordinário, previstas nos arts. 121 a 182 da Lei nº 8.112/90, 
e, supletivamente, as normas previstas na Lei nº 9.784/99, que rege o processo 
administrativo no âmbito da Administração Pública Federal. 
 
 
 
Unidade 2 - Rito para Acumulação Ilegal de Cargos 
Detectada a acumulação ilegal (descrita anteriormente), a autoridade 
instauradora deve notificar o servidor, por intermédio de sua chefia imediata, a 
fim de que, no prazo de dez dias, opte por um dos cargos. A opção pelo outro 
cargo acarreta exoneração a pedido do cargo ocupado no próprio órgão. No 
caso contrário, de opção pelo cargo ocupado no próprio órgão, deve-se 
aguardar pela comprovação da exoneração do outro cargo. 
 
 Lei nº 8.112, de 11/12/90, Art. 133 
 
Embora a Lei n° 8.112, de 11/12/90, ao estabelecer a regra geral da contagem 
de prazos, em seu art. 238, tenha disposto que apenas o termo final deve 
recair sobre dia de expediente normal, nada impede que, a favor da parte, se 
estenda o art. 184, § 2º do CPC, também iniciando a contagem somente a 
partir do primeiro dia útil após o recebimento da intimação. Assim, se intimação 
for entregue em uma sexta-feira, em vez de se contar o prazo de opção a partir 
do sábado, pode-se fazê-lo a partir da segunda-feira subsequente. 
 
CPC, art. 184. 
§ 2º Os prazos somente começam a correr do primeiro dia útil após a 
intimação. 
Advirta-se que, à vista da vedação da acumulação remunerada também se 
estender aos proventos da aposentadoria, nada impede que o aposentado, 
em acumulação ilícita, opte pelo cargo, renunciando àqueles proventos. 
“(...) ressalte-se que o Dasp, por intermédio de sua formulação nº 275, já 
havia pacificado o entendimento de que ‘o aposentado que se habilite em 
concurso pode ser nomeado, devendo, todavia, ao tomar posse, renunciar à 
aposentadoria, se não forem acumuláveis as duas situações. (...) Vê-se, 
nesses termos, que é admissível a renúncia à aposentadoria, que aliás 
configura assim um direito público subjetivo, haja vista que a lei não pode 
impedir de o servidor aposentado procure suas melhorias.” José Armando da 
Costa, “Direito Administrativo Disciplinar”, pgs. 476 e 477, Editora Brasília 
Jurídica, 1ª edição, 2004. 
 
A instauração do processo disciplinar, com comissão integrada por dois 
servidores estáveis, se dará apenas em caso de omissão por parte do 
interessado em manifestar opção. 
 
“Tal comportamento omissivo não configura presunção jurídica da má-fé, e 
sim forte indício de sua existência, legitimando, pois, a abertura do respectivo 
procedimento disciplinar para apurar se realmente ocorrera esta possível 
premeditação. Sem esse cuidado precautório, arrosta-se o princípio 
constitucional do devido processo legal. Conquanto não se possa presumir a 
má-fé, destaque-se, todavia, que não é de todo impérvia que a lei, por meio 
de ficção jurídica, conceba a presunção de boa-fé, como é o caso do art. 133 
da Lei nº 8.112/90, que, alicerçando-se em presunção absoluta de inocência 
do servidor acumulante, admite que este, uma vez notificado pela 
administração, apresente a sua opção por um dos cargos no improrrogável 
prazo de dez dias, contados a partir dessa notificação. Não exercitando esse 
direito de opção, aí sim, deverá a administração abrir o respectivo 
procedimento apuratório (...).” José Armando da Costa, “Direito 
Administrativo Disciplinar”, pg. 475, Editora Brasília Jurídica, 1ª edição, 2004. 
Formulação-Dasp nº 191. Acumulação 
A boa ou a má-fé, nos casos de acumulação proibida, apuram-se, 
necessariamente, no inquérito administrativo. 
 
Diferentemente do rito ordinário, a portaria de instauração já deve indicar a 
autoria e a materialidade, ou seja, identificação do servidor, descrição dos 
cargos, dos órgãos, das datas de ingresso, dos horários e dos regimes de 
trabalho. 
 
 Lei nº 8.112, de 11/12/90, Art. 133, § 1º 
 
Em três dias da instauração, deve a comissão indiciar o servidor e citá-lo para 
apresentar defesa em cinco dias. Apresentada defesa sem provocação para 
busca de provas, em cinco dias a comissão deve elaborar o relatório conclusivo 
acerca da licitude ou não da acumulação. Por óbvio que, se diante do rito 
ordinário, com prazos mais elásticos, se defendeu, à vista do princípio do 
formalismo moderado, não se tratar de prazos fatais, com mais pertinência se 
afirma que a extrapolação de exíguos prazos do rito sumário, por si só, não 
acarreta nulidade no processo. 
 
 Lei nº 8.112, de 11/12/90, Art. 133, §§ 2º e 3º 
 
 
 
 
Embora a Lei n° 8.112, de 11/12/90, ao estabelecer a regra geral da contagem 
de prazos, em seu art. 238, tenha disposto que apenas o termo final deve 
recair sobre dia de expediente normal, por um lado, não faz sentido cogitar que 
uma instauração porventura publicada em uma sexta-feira (como inclusive é 
hábito) imponha que o prazo de indiciação se encerre já na segunda-feirasubseqüente, com apenas um dia útil a dispor da comissão; por outro lado, 
nada impede que, a favor da parte, se a citação for entregue ao indiciado em 
uma sexta-feira, se inicie o prazo de defesa somente a partir da segunda-feira 
subseqüente. Em ambos os casos aqui nada mais se fez que defender a 
aplicação extensiva do art. 184, § 2º do CPC, que permite que também se 
inicie a contagem de prazo somente a partir do primeiro dia útil após o 
recebimento de determinada provocação. 
 
CPC, art. 184. 
§ 2º Os prazos somente começam a correr do primeiro dia útil após a 
intimação. 
A opção pelo servidor até o último dia de defesa configura boa-fé e implica 
apenas exoneração a pedido do outro cargo. 
 
 
 
Lei nº 8.112, de 11/12/90 - Art. 133 
§ 5º A opção pelo servidor até o último dia de prazo para defesa configurará 
sua boa-fé, hipótese em que se converterá automaticamente em pedido de 
exoneração do outro cargo. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.527, de 
10/12/97). 
 
 
 
Participe do Fórum da Comunidade, clicando no seguinte tópico 
“Acumulação Ilegal de Cargos” e faça seus comentários, fomentando trocas 
de conteúdos e vivências entre seus colegas de curso. 
 
 
 
Pág. 2 
Em sentido contrário, caracterizada a acumulação ilegal e má-fé, as penas 
cabíveis são demissão ou cassação de aposentadoria de todos os cargos 
acumulados, ainda que de diferentes órgãos federais ou mesmo de outro ente 
federado, já que o ilícito é previsto em sede constitucional. 
 
Nestes casos, a autoridade julgadora do processo administrativo disciplinar em 
que se apurou a ilicitude, além de promover a demissão do cargo ocupado na 
Secretaria da Receita Federal do Brasil, deve comunicar à respectiva 
autoridade competente do outro órgão, por meio de ofício, com cópia dos 
autos. Em caso de opção tardia do servidor, já no curso do processo 
instaurado, até o último dia de defesa, manifestando-se pela exoneração do 
cargo ocupado em outro órgão, convém que a autoridade instauradora 
condicione o arquivamento do feito disciplinar à comprovação oficial da 
exoneração naquele outro órgão. 
 
 
 
 Lei nº 8.112, de 11/12/90, Art 133, § 6º 
 
Em resumo, a materialidade pré-constituída da acumulação ilícita (por não 
serem os cargos acumuláveis ou por não haver compatibilidade de horário) 
impõe que se intime o servidor a optar por um dos cargos, em dez dias. Feita a 
opção, por presunção absoluta da lei, configura-se boa-fé e o servidor é 
apenas exonerado do outro cargo, sem se cogitar de sede disciplinar. 
 
Todavia, o oposto não necessariamente será verdadeiro, pelo menos de 
imediato: o fato de não apresentar opção não autoriza presunção absoluta de 
má-fé; ao contrário, impõe que se instaure o devido processo legal. Ainda que 
haja elementos probatórios da má-fé, a opção, ainda que tardia, no prazo de 
defesa, restabelece a presunção absoluta da boa-fé e afasta a aplicação de 
pena. 
 
“Conquanto seja improrrogável o prazo de dez dias acima referido, saliente-
se que o servidor acusado de estar acumulando ilicitamente, ainda dentro do 
prazo de defesa do procedimento sumário sobredito, poderá realizar tal 
opção, providência esta que, caracterizando a sua boa-fé (por presunção 
‘juris et de jure’), ‘se converterá automaticamente em pedido de exoneração 
do outro cargo’ (art. 133, § 5º, da Lei nº 8.112/90). 
Vê-se, nessas duas chances legais de opção, que o legislador erige a 
tomada de decisão do servidor acusado em presunção absoluta de boa-fé, o 
que implica afirmar que não admite sequer prova a demonstração de prova 
em contrário. Não ocorrendo o exercício dessa opção num dos dois 
momentos acima referidos, deverá o procedimento apuratório ir até ao fim. 
Caso seja configurada a acumulação ilícita e demonstrada a má-fé, deverá o 
servidor infrator ser punido com a pena de demissão, perdendo, assim, os 
dois cargos.” José Armando da Costa, “Direito Administrativo Disciplinar”, 
pgs. 475 e 476, Editora Brasília Jurídica, 1ª edição, 2004. 
 
A boa-fé pode se configurar em situações tais que, exemplificadamente, haja 
manifestações divergentes acerca da legalidade da acumulação ou mera 
aparência de que se trata de matéria de caráter técnico efetivo. Já a má-fé 
caracteriza-se, por exemplo, ao ser provido em um cargo e não declarar o fato 
de já ocupar outro. 
 
 
 Francisco Xavier da S. Guimarães, "Regime Disciplinar do SPC da 
União", pg. 80, Editora Forense, 2ª edição, 2006. 
 
 
 
Pág. 3 
Relembre-se que a Lei nº 8.112, de 11/12/90, estabelece a entrega, por parte 
do servidor, de declaração de que não exerce outro cargo, como pré-requisito 
para a posse. Ainda que se pudesse cogitar de cometimento de algum crime na 
hipótese de se prestar sabida e falsamente essa declaração no momento da 
posse, para fim disciplinar, tal fato é irrelevante, pois a Lei nº 8.112, de 
11/12/90, determina que se considere configurada boa-fé com a opção tardia, 
não havendo que se perquirir, em sede administrativa se havia ou não intuito 
por parte do servidor, de iludir a administração. 
 
Lei nº 8.112, de 12/11/90 - Art. 13. 
§ 5º No ato da posse, o servidor apresentará declaração de bens e valores 
que constituem seu patrimônio e declaração quanto ao exercício ou não de 
outro cargo, emprego ou função pública. 
 
A alteração promovida no art. 133 do Estatuto pela Lei nº 9.527, de 10/12/97, 
eliminou a previsão de devolução de toda a importância recebida 
indevidamente, por conta da acumulação ilícita. O Parecer-AGU nº GQ-145, ao 
apreciar a questão, comentando a inovação trazida pela Lei supra, asseverou, 
de forma vinculante, a vedação da reposição, na hipótese de terem sido 
efetivamente prestados os serviços, com o fim de inibir o enriquecimento sem 
causa do Estado. É de se perceber que o mencionado Parecer-AGU não 
impede que a administração exija a reposição proporcional à remuneração 
paga por horas efetivamente não trabalhadas em algum (ou alguns) dos órgãos 
em que o servidor não cumpriu completamente a jornada, em decorrência de 
superposição de horários. 
 
“23. (...) b) silenciou no respeitante à devolução da importância percebida 
durante a comprovada acumulação de má fé, assim tornando-a inexigível, 
em face da conseqüência imediata do princípio da legalidade, que restringe a 
atuação do administrador público de modo a somente fazer o que a lei 
permite. Houve evolução legislativa no regramento do instituto, elidindo a 
reposição dos estipêndios pagos, às vezes por longos anos, em virtude da 
prestação de serviços, com o que o Estado fica impedido de locupletar-se 
com o trabalho de seus agentes administrativos.” 
 
Em analogia ao rito ordinário, em cinco dias do recebimento do processo, a 
autoridade instauradora analisa aspectos formais do processo e, se for o caso, 
remete os autos para a Consultoria Jurídica do órgão, uma vez que o ilícito 
enseja pena expulsiva, a cargo do respectivo Ministro de Estado. 
 
Lei nº 8.112, de 12/11/90 - Art. 133. 
§ 4º No prazo de cinco dias, contados do recebimento do processo, a 
autoridade julgadora proferirá a sua decisão, aplicando-se, quando for o 
caso, o disposto no § 3º do art. 167. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 
9.527, de 10/12/97). 
 
 
 
Unidade 3 - Rito para Abandono de Cargo e Inassiduidade Habitual 
A apuração do abandono de cargo e da inassiduidade habitual segue 
basicamente o mesmo rito descrito acima para a acumulação ilegal, previsto no 
art. 133 da Lei nº 8.112, de 11/12/90, com exceção da prévia ou posteriormanifestação configuradora de boa-fé e de alguns outros pormenores, em que 
a leitura do art. 140 faz com que se sobreponham alguns de seus dispositivos 
específicos para esses dois ilícitos em relação a dispositivos do art. 133, 
voltados tão-somente à acumulação ilegal (por exemplo, o §§ 1º e 3º do art. 
133 dão lugar respectivamente aos incisos I e II do art. 140, enquanto que o 
caput e os §§ 5º e 6º do art. 133 restam inaplicáveis, por serem específicos da 
acumulação ilegal). Assim, convém expor de forma didática a base legal deste 
rito excepcional para abandono de cargo e para a inassiduidade habitual, 
resultante da leitura conjunta dos arts. 138, 140 e 133 da Lei nº 8.112, de 
11/12/90. 
 
 
 
 Lei nº 8.112, de 11/12/90, Arts. 133, 138 a 140 
 
No caso do abandono de cargo, a indicação da materialidade na portaria de 
instauração faz-se com o registro preciso do período de ausência intencional 
superior a trinta dias. A definição da materialidade do abandono de cargo se 
aperfeiçoa tão somente com a indicação do período de ausência, ou seja, com 
a indicação do primeiro e do último dia de ausência ininterrupta, não sendo 
necessário que a portaria de instauração de rito sumário para apurar abandono 
de cargo identifique cada um dos dias do intervalo. No aspecto temporal, 
portanto, tem-se configurado o ilícito em tela com o lapso de pelo menos trinta 
e um dias consecutivos sem um único dia de efetivo exercício do cargo. Na 
esteira, isto leva a concluir que a contagem temporal de abandono de cargo 
inclui fins de semana, feriados e dias de ponto facultativo que estejam 
intercalados em dias úteis de ausência ininterrupta do servidor. 
 
A conclusão da comissão não deve se ater à mera comprovação do 
quantitativo de ausência continuada, mas sobretudo à comprovação da 
intencionalidade ou não da ausência superior a trinta dias consecutivos -ou ao 
menos da assunção consciente do risco da configuração do ilícito (ou seja, do 
dolo direto ou eventual). Não cabe aplicação de demissão por abandono de 
cargo, com base nos arts. 132, II e 138 da Lei nº 8.112, de 11/12/90, se a 
comissão não comprovar a intenção do servidor de se ausentar ao serviço por 
mais de trinta dias, visto ser elemento essencial do enquadramento. Neste 
caso, restará contra o servidor algum outro enquadramento relacionado ao 
mesmo fato (basicamente associado à ausência, como por exemplo, falta de 
pontualidade ou de assiduidade, do art. 116, X do Estatuto). Por fim, caso 
nenhum outro enquadramento se configure, restará apenas o efeito pecuniário 
da ausência. Mas basta a comprovação dessa intenção por mais de trinta dias; 
a Lei não exige animus de abandono definitivo. 
 
Formulação-Dasp nº 271. Abandono de cargo.No abandono de cargo, o 
elemento subjetivo (´animus´) há que ser apreciado com a maior 
objetividade. 
 
Uma vez configurado o ilícito de abandono de cargo e caso o servidor 
reassuma seu cargo, por um lado, tal fato não significa perdão tácito por parte 
da administração, uma vez que é seu poder-dever apurar e, se for o caso, punir 
o infrator. Mas também, por outro lado, em respeito à presunção de inocência, 
nada há de impedir o direito de o servidor reassumir seu cargo e responder ao 
processo em serviço, até a publicação da portaria expulsiva, caso aplicável. 
 
 Formulação-Dasp nº 83. Abandono de Cargo 
 
 
 
 
 
 
 
Pág. 2 
No caso de inassiduidade habitual, a indicação da materialidade na portaria de 
instauração faz-se com o registro preciso dos sessenta dias (ou mais) de falta 
sem causa justificada em período de doze meses. Aqui, diferentemente do 
abandono de cargo, a Lei exige a descrição da materialidade com a indicação 
individualizada de cada um dos sessenta dias úteis, deixando claro que não se 
incluem fins de semana, feriados e dias de ponto facultativo, intercalados entre 
dias de ausência, para a configuração da inassiduidade habitual. A conclusão 
da comissão não deve se ater à mera comprovação do quantitativo de faltas, 
mas sobretudo em avaliar se há algum motivo para as mínimas sessenta faltas 
interpoladas em doze meses e se esse motivo realmente é suficiente para 
justificá-las. Não cabe aplicação de demissão por inassiduidade habitual, com 
base nos arts. 132, III e 139 da Lei nº 8.112, de 11/12/90, se vierem aos autos 
motivos relevantes, aceitáveis e razoáveis para justificar as faltas. Neste caso, 
restará contra o servidor algum outro enquadramento relacionado ao mesmo 
fato (basicamente associado à ausência, como por exemplo, falta de 
pontualidade ou de assiduidade, do art. 116, X do Estatuto). Por fim, caso 
nenhum outro enquadramento se configure, restará contra o servidor apenas 
efeito pecuniário. 
 
Tratando-se de servidor cuja conduta funcional marca-se pelo não 
comparecimento ao serviço, é possível ocorrer de o agente se ausentar por 
mais de trinta dias consecutivos por mais de uma vez, bem como somar 
sessenta faltas interpoladas em mais de um período de doze meses. Pode 
ainda ocorrer de o agente se ausentar por mais de trinta dias consecutivos e 
também, dentro de um período de doze meses, incorrer em pelo menos 
sessenta faltas interpoladas ao serviço (com a configuração da inassiduidade 
habitual independente da configuração do abandono de cargo -quando as 
sessenta faltas ao serviço do primeiro ilícito não têm superposição com 
nenhuma das trinta ausências configuradoras do segundo -ou englobando a 
configuração do abandono de cargo -quando parte ou a integralidade das trinta 
ausências deste ilícito também são computadas nas sessenta faltas 
configuradoras do primeiro). 
 
No caso de o servidor incorrer em mais de um ilícito (mais de um abandono de 
cargo, ou mais de uma inassiduidade habitual, ou um abandono de cargo e 
uma inassiduidade habitual) pode-se abarcar todas as apurações em um 
mesmo processo sob rito sumário, com uma única portaria de instauração, 
descrevendo todas as materialidades constituídas. Na seqüência, pode a 
comissão concluir pelo múltiplo cometimento de ilicitudes e pode a autoridade 
julgadora decidir pela pena única de demissão com base nos dois 
enquadramentos (sem prejuízo de a comissão e/ou a autoridade julgadora 
concluir pelo cometimento de apenas uma das infrações ou até por nenhuma 
das duas). No caso específico de se superporem no tempo as materialidades 
de abandono de cargo e de inassiduidade habitual, a conclusão da comissão e 
o conseqüente julgamento tanto podem considerar que um determinado ânimo 
subjetivo melhor se amolda ao fato apurado (intencionalidade ou ausência de 
justa causa), para concluir por apenas um ilícito, quanto pode concluir que 
ambos ânimos subjetivos se amoldam igualmente e que se configuram os dois 
ilícitos (embora o resultado concreto seja o mesmo: a aplicação da pena única 
de demissão). Há jurisprudência administrativa para essa última hipótese, 
conforme manifestação da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, órgão 
máximo de assessoramento jurídico no âmbito do Ministério da Fazenda. 
 
 Parecer-PGFN/CJU nº 922/2004 
 
Acrescente-se ainda que ausências ininterruptas de duração tamanha que 
perfaçam sessenta faltas em dias úteis ao serviço podem ser consideradas 
configuradoras de inassiduidade habitual. 
 
Nada obsta que um processo instaurado sob rito sumário para apurar 
abandono de cargo ao final conclua por sua desconfiguração e pelo 
cometimento de inassiduidade habitual, ou vice-versa. 
 
Tanto para abandono de cargo quanto para inassiduidade habitual, em casos 
de ausências ou faltas por motivos de saúde, deve o servidorsubmeter-se à 
perícia médica ou entregar tempestivamente atestados médicos particulares.

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