Buscar

Movimento político-constitucional no Brasil e no mundo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Elabore um texto dissertativo no qual seja estudado o movimento político-constitucional no Brasil e no mundo. Desde a formação dos estados-nacionais até os dias atuais, nos quais o constitucionalismo é apresentado como centro do ordenamento jurídico.
Para a confecção do trabalho utilize pelo menos cinco referências bibliográficas.
O movimento político-constitucional no Brasil e no mundo não foi homogêneo e linear. Faremos, pois, aqui uma breve elucidação do seu desenvolvimento iniciando pela sua origem e conceito, passando por um enfoque no constitucionalismo do ocidente e posteriormente, no constitucionalismo brasileiro formado por oito constituições promulgadas ou outorgadas em conformidade com o momento histórico em que nasceram.
No que diz respeito a origem do constitucionalismo existem estudos que remotam a Grécia Clássica, enquanto outros doutrinadores adotam como ponto de partida a Filosofia Liberal do século XVIII. Neste sentido, Juraci Mourão Lopes Filho (2010, p. 2) diz que há dois sentidos de constitucionalismo: um mínimo e outro pleno. O constitucionalismo mínimo exige apenas que haja uma Constituição no topo do ordenamento jurídico, enquanto que o constitucionalismo pleno se desenvolveu somente a partir do iluminismo e está calcado 
nas ideias de liberdade, igualdade e respeito à propriedade como direitos essenciais do ser humano aos quais o Estado deveria se curvar e respeitar em razão de uma sujeição jurídica e política imposta por um poder de fato e de direito originário (LOPES FILHO, 2010, p. 2). 
Assim, o constitucionalismo mínimo seria uma “concepção embrionária”, e o constitucionalismo pleno um “delineamento sistemático e científico”. O autor define o constitucionalismo como um “[...] movimento cujo objetivo seja instituir regimes constitucionais, ou seja, um sistema no qual o Estado tem seus lindes estabelecidos em Constituições escritas. Contrapõe-se ao absolutismo e ao despotismo marcados pela livre vontade do governante” (2010, p.3). Adentraremos agora no constitucionalismo ocidental.
	O constitucionalismo europeu foi reflexo da revolta contra a monarquia e a Igreja. “[...] Teve por premissa de luta e contradição o absolutismo de uma sociedade já organizada e estruturada, a saber, a sociedade feudal do ancién regime” (BONAVIDES, 2000, p. 4). Na França, país então marcado pela desigualdade social e por uma nobreza hereditária e privilegiada, o constitucionalismo tinha como objetivo precípuo a igualdade; já no constitucionalismo americano a liberdade vinha em primeiro lugar uma vez em que os Estados Unidos da América se sentiam subjugados pelo Parlamento inglês, tanto que, quando conseguiram a sua independência, a liberdade foi adotada como valor fonte da sua Constituição. 
	O constitucionalismo brasileiro surge, como o europeu, sob influência dos ideais iluministas, mas diferente dele, formou-se tendo como base um Império hereditário, religioso e escravocrata. Também diferentemente do que ocorreu na Europa, no Brasil não houve um movimento revolucionário libertador, porque sua população era composta em sua maioria absoluta por analfabetos, escravos e pobres que tinham uma postura passiva diante do regime. 
“Enquanto na França a burguesia teve de se aliar ao povo para mudar o regime monárquico e inserir suas aspirações igualitárias nos textos fundamentais [...], no Brasil isso sequer foi cogitado. O povo não foi objeto de preocupação nas origens do nosso direito constitucional” (LOPES FILHOS, 2010, p. 8).
As fases de surgimento e implementação do constitucionalismo no Brasil foram marcadas por um paradoxo: o movimento tinha bases ideológicas liberais, mas ocorreu sob instituições clássicas do Antigo Regime, a saber, a monarquia e a Igreja (LOPES FILHO, 2010, p. 7).
Outorgada em 1824, a nossa primeira Constituição nasce do Império instaurado após a nossa Independência de Portugal. Neste contexto, adota como objetivo principal o estabelecimento das bases dos poderes do novo Estado independente. “A Constituição serviu, portanto, eminentemente para a preservação da ordem, garantia da união nacional e centralização das decisões no imperador [...]” (LOPES FILHO, 2010, p.8). Neste sentido, Lopes Filho diz a nomeia como um constitucionalismo formal, ou seja, aquele “[...] cujo objetivo principal de preocupação é disciplinar a forma, a maneira de o Estado se organizar [...]” (2010, p. 10).
A instauração do império logo após a independência e a estabilidade política do Brasil neste período só foi possível graças à exclusão de parcela majoritária da população de qualquer processo decisório, donde resultou uma carta constitucional imposta.
“Em nenhum outro país da América Latina houve semelhante ato de poder. Ali as constituintes fundaram Repúblicas; aqui, nesta parte do continente, a constituinte não pôde cumprir sua tarefa, dissolvida que foi pelo golpe de Estado de 1823. Houve tão somente a metamorfose de uma monarquia absoluta em uma monarquia constitucional, abrangendo esta ao longo de sua trajetória o Primeiro Reinado, a Regência e o Segundo Reinado, três épocas políticas que marcaram o Império sob a égide da Constituição outorgada, a célebre carta de 1824” (BONAVIDES, 2000, p. 14). 
A Constituição imperial de 1824 era tão somente uma carta programática no que tange aos direitos de primeira geração e ao princípio da divisão dos poderes uma vez em que concedia poderes quase que absolutos ao poder moderador, exercido pela figura do imperador, com o objetivo de manter a unidade do país. O poder moderador foi concebido inicialmente por Constant como 
“[...] uma espécie de Poder Judiciário dos demais poderes, investido claramente nesta tarefa corretiva para por côbro às exorbitâncias e aos abusos suscetíveis de abalar a unidade política do sistema. Mas tanto na letra constitucional como na execução, os políticos do Império lhe desvirtuaram o sentido e a aplicação” (BONAVIDES, 2000, p. 15).
	“Os liberais lutaram quase setenta anos contra esse mecanismo centralizador e sufocador das autonomias regionais” (SILVA, 2011, p. 6) e obtiveram êxito com a instauração da Primeira República e a Constituição de 1891. Como principais mudanças tivemos a passagem de Império para República, do Estado unitário para o Estado federal, do Estado com religião oficial católica a Estado laico, o aprofundamento de direitos e garantias e a adoção concepção tripartida do poder (Executivo, Legislativo e Judiciário) e do regime presidencialista (CUNHA, 2007, p. 3). 
	A Primeira República teve sua situação política marcada pelo coronelismo que influía na realização das eleições fundando a “política do café com leite”, na qual alternavam São Paulo e Minas Gerais na Presidência do país (CONTRIM, 2006, p. 461) Tal política permaneceu até 1930. Neste período nasce a Aliança Liberal que, formada por políticos da oposição e liderada por Getúlio Vargas, foi responsável pela Revolução de 1930 a qual teve como causas as divergências partidárias, o aparecimento de uma classe média urbana, uma burguesia não rural que era contra a estrutura política (SILVA, 2011, p. 9). 
	Com o poder entregue a Getúlio Vargas tem início um governo provisório. 
Ao chegar a presidência da República, Vargas tomou medidas para assumir o controle político do país. Entre suas primeiras providências destacam-se: a suspensão da Constituição republicana de 1891, o fechamento dos órgãos do Poder Legislativo (Congresso Nacional, Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais) e a indicação de interventores militares ligados ao Tenentismo para chefiar os governos estaduais (CONTRIM, 2006, p. 485). 
Com isso se enfraquece o coronelismo.
	Da resistência a ditadura e do desejo de retornar a ordem constitucional sobrevia em São Paulo a Revolução Constitucionalista de 1932. Mesmo derrotados a causa logo obteve êxito com a constituinte de 1933 e em 1934 foi promulgada a nova Constituição. Esta manteve a estrutura do Estado e inaugurou a era das constituições sociais inspiradas na Constituição da República de Weimar. “A Constituiçãode 1934 guarda a condição de ter sido a primeira a cuidar de direitos sociais: os direitos dos trabalhadores, dos servidores públicos e a sua situação em face de uma ordem econômica definida vem traçada em termos específicos” (ROCHA, 1997, p. 84). “Ao lado da clássica declaração de direitos e garantias individuais, inscreveu um título sobre s ordem econômica e social e outro sobre a família, a educação e a cultura, como normas quase todas programáticas” (SILVA, 2011, p. 11).
	Mas esta constituição teve vida curta. Antes de terminar seu mandato, Vargas dá um golpe de Estado, dissolve a Câmara e o Senado, revoga a Constituição de 1934 e outorga uma nova: a Constituição autoritária de 1937, tudo isso justificado por um suposto plano comunista. Tem início o que ficou conhecido como Estado Novo (CONTRIM, 2006, p. 488). 
	Com a Constituição de 1937 alargam-se os poderes presidenciais e os mandatos, confunde-se a separação dos poderes pela compressão do Legislativo e do Judiciário, restaura-se a pena de morte, os partidos são dissolvidos e a impressa amordaçada. 
	Depois da Segunda Guerra Mundial, onde o Brasil lutou contra os regimes nazi-facistas, tem início no país um movimento pela redemocratização e pela reconstitucionalização, a exemplo do que ocorreu no restando do mundo (SILVA, 2011, p. 13). Em 1945 militares derrubam Getúlio Vargas acusado de tramar sua permanência no poder. Era o fim do Estado Novo.
Em 1946 foi promulgada a nova constituição elaborada pela Assembleia Constituinte. Esta tinha como princípios básicos a democracia, a república, a federação, o presidencialismo, a pluralidade política e, ao contrário do Estado novo, decretou a independência dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, que deviam atuar em equilíbrio. Além disso, instituiu o voto secreto e universal para os maiores de dezoito anos e preservou a legislação trabalhista de Vargas (CONTRIM, 2006, p. 544).
O período de vigência desta constituição foi complexo e é bem resumido por José Afonso da Silva da seguinte forma:
Sob sua égide, sucederam-se crises políticas e conflitos constitucionais de poderes, que se avultaram logo após o primeiro período governamental, quando se elegeu Getúlio Vargas com um programa social e econômico que inquietou as forças conservadoras, que acabaram provocando formidável crise que culminou com o suicídio do chefe de governo. Sobe o vice-presidente Café Filho, que presidiu as eleições para o quinquênio seguinte, sendo derrotadas as mesmas forças opostas a Getúlio. Nova crise. Adoece Café Filho assume o presidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz, que é deposto por um movimento militar liderado pelo General Teixeira Lott (11 de novembro de 1955), que também impede Café Filho de retornar a presidência (21 de novembro de 1955). Assume o presidente do Senado, Sen. Nereu Ramos, que entrega a presidência a Juscelino Kubitschek de Oliveira, contra o qual espocam rebeliões golpistas, mas sem impedirem concluísse seu mandato.
Elege-se Jânio Quadros, para suceder a Juscelino. Sete meses depois, renuncia. Reação militar contra o vice-presidente João Goulart, visando impedir sua posse na presidência. Vota-se, às pressas, uma emenda constitucional parlamentarista (EC nº4, de 2.9.61, denominada ato adicional), retirando-lhe ponderáveis poderes, com o que não se conformara. Consegue um plebiscito que se pronuncia contra o parlamentarismo e, pois, pela volta ao presidencialismo, razão porque o Congresso aprova a EC nº6, de 23.1.63, revogado o Ato Adicional. Jango Goulart tanta equilibrar-se no poder acariciando a direita, os conservadores e a esquerda. Apesar de tudo, a economia nacional prospera, e a inflação muito mais.
Jango, despreparado, instável, inseguro e demagogo, desorienta-se. Perde o estribo do poder. Escora-se no peleguismo, em que fundamentara toda sua carreira política. Perde-se. Sem prestar atenção aos mais sensatos, que, aliás, despreza, cai no dia 1º de abril de 1964, com o movimento militar instaurado no dia anterior (2011, p. 15)
Nas mãos do Comando Militar Revolucionário, o Brasil vive a ditadura militar, período este marcado pelos Atos Institucionais. A Constituição de 1946 é mantida até 1967, porém com alterações feitas pelos atos institucionais, cassações de mandatos e suspensão de direitos políticos (CUNHA, 2007, p. 8). Em 1967, o congresso, mutilado pelas cassações, aprova nova Constituição, que foi, portanto, promulgada. Esta constituição marca o retorno ao autoritarismo e, preocupada com a segurança nacional, concedeu maiores poderes a União e ao chefe do Executivo. Como já foi dito, a escalada do autoritarismo foi marcada por atos institucionais, porém, as crises não cessaram. O que levou ao
[...] AI 5, de 13 de dezembro de 196, que rompeu com a ordem constitucional, ao qual se seguiram mais uma dezena e muitos atos complementares e decretos-leis, até que insidiosa moléstia impossibilitara o presidente Costa e Silva de continuar governando. É declarado temporariamente impedido do exercício da presidência pelo AI 12, de 31 de agosto de 1969, que atribuiu o exercício do poder executivo aos Ministros da Marinha de Guerra, do Exército e da Aeronáutica Militar, que complementaram o preparo de novo texto constitucional, afinal promulgado em 17 de outubro de 1969, como EC nº 1 à Constituição do Brasil, para entrar em vigor em 30 de outubro de 1969.
Teórica e tecnicamente, não se tratou de emenda, mas de nova Constituição. A emenda só serviu como mecanismo de outorga, uma vez que verdadeiramente se promulgou texto integralmente reformulado [...] (SILVA, 2011, p. 16-17).
	A luta pela redemocratização existiu desde o golpe de 1964, mas se tornou mais densa em 1984 com as “Diretas já”. A partir daí, ocorre uma abertura gradual rumo a democracia. A ditadura militar se encerra definitivamente em 1985 com a eleição de Tancredo Neves que morreu antes de assumir a presidência. Seu vice, José Sarney, assume e institui a Comissão de Estudos Constitucionais a qual coube os estudos e o anteprojeto que vieram a colaborar com a Assembleia Constituinte convocada. Daí nasce a Constituição Federal de 1988, considerada moderna por muitos doutrinadores e por muitos chamada de “A Constituição Cidadã” por ter contado com ampla participação popular no seu processo de elaboração (SILVA, 2011, p. 19-20).
	A Constituição de 1988 “[...] mantendo-se na linha republicana, presidencialista, federalista e democrática, aprofunda de forma inovadora o legado das constituições sociais, e institucionaliza o império da justiça constitucional” (CUNHA, 2007, 	p. 9).
Crescem esses direitos e deveres [individuais e coletivos], fundamento da organização social e estrutura do Estado brasileiro, e inova-se a matéria referente às garantias constitucionais fundamentais, renovando-se o mandado de segurança, introduzindo-se o habeas data e o mandato de injunção, reestruturando-se a ação popular e reforçando-se o direito de petição aos poderes públicos. 
A Constituição tem um capítulo específico sobre os “direitos sociais” definidos como a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, tudo em forma estabelecida pela própria Lei Fundamental (ROCHA, 1997, p. 84-85)
Esta é a história do constitucionalismo brasileiro, que vive agora um momento de democracia sob a égide da Constituição de 1988. Mas cabem ainda questionamentos importantes principalmente no que tange ao caráter programático, e não jurídico, que ainda se atribui a nossa constituição, donde se tem a falta de eficácia do seu texto.
Referências
BONAVIDES, Paulo. A evolução constitucional do Brasil. Estudos Avançados, São Paulo, v. 14, 2000.
CONTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral. 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006.
CUNHA, Paulo Ferreira da. Do constitucionalismo brasileiro: uma introdução histórica (1824-1988). História constitucional, Madri, n. 8, 2007.
LOPES FILHO, Juraci Mourão. As origens do constitucionalismo brasileiro: o pensamentoconstitucional no Império. Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI, Fortaleza, 2010.
ROCHA, Cármem Lúcia Antunes. O constitucionalismo contemporâneo e a instrumentalização para a eficácia dos direitos fundamentais. Revista CEJ, Brasília, v. 1, n. 3, 1997, p. 76-91.
SILVA, José Afonso da. O constitucionalismo brasileiro: evolução institucional. São Paulo: Malheiros, 2011.

Outros materiais