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1Capítulo 1 Centros de origem, distribuição geográfica das plantas cítricas e histórico da citricultura no Brasil1 Luiz Carlos Donadio, Francisco de Assis Alves Mourão Filho e Célio Soares Moreira CITROS2 Centros de origem, distribuição geográfica das plantas cítricas e histórico da citricultura no Brasil 3 1 O texto referente ao histórico da citricultura no Brasil, quando publicado na primeira edição de Citricultura brasileira, editada pela Fundação Cargill, em 1980, foi da lavra de Sylvio Moreira (∗1900 - †1986), ex-chefe da Seção de Citri- cultura e da Estação Experimental de Limeira, do Instituto Agronômico (IAC), Campinas (SP), hoje Centro APTA Citros Sylvio Moreira, Cordeirópolis (SP). A ele rendemos nossas homenagens. Foto da página anterior: Sylvio Moreira confere produção de laranjeira Hamlin, clone nucelar, resultante de seus tra- balhos de melhoramento de citros (Arquivo pessoal Ary Apparecido Salibe) CITROS2 Centros de origem, distribuição geográfica das plantas cítricas e histórico da citricultura no Brasil 3 1 Centros de origem As plantas cítricas como as do gênero Citrus, os kunquats (do Fortunella), o trifoliata (do Poncirus) e outros gêneros relativos à subfamília Aurantioi- deae, família Rutaceae, são nativas do sudeste do continente asiático, com ramos filogenéticos que se estendem do Centro da China ao Japão, e do Leste da Índia à Nova Guiné, Austrália e África Tropical (Swingle & Reece, 1967; Scora, 1975; Soost & Cameron, 1975). O Norte da região Indo-Burma também é apontado como centro de origem da maioria das espécies cítricas (Tanaka, 1954; Zie- gler & Wolfe, 1961). A região de Yunnan, no Cen- tro Sul da China, também pode ter sido importante para a origem e dispersão inicial de um grande número de espécies primitivas (Gmitter Junior & Hu, 1990; Li, 1992). Há mais de quatro milênios, os citros recebiam diversos nomes para indicar os principais tipos que representavam as espécies ancestrais como chu, ku e yu, que identificavam as mandarinas e kunquats, as toranjas e o yuzu respectivamente. Na dinastia Chon, de 1027 a 256 a.C., os chineses publicaram famosos livros, conhecidos como os cinco cânones, nos quais já havia menção aos citros. No fim dessa dinastia, um documento citava, pela primeira vez, chih, o nome original do Poncirus trifoliata (L.) Raf. A laranja azeda (Citrus aurantium L.) foi citada pela primeira vez (cheng) como planta cultivada na dinastia Han (202-220 d.C.), na qual, a cultura dos citros foi desenvolvida e apareceu o termo kan (tangerina grande). Seu cultivo prosperou em toda a China até o final da dinastia Chin (420 d.C.). O tipo conhecido atualmente como Ponkan surgiu, provavelmente, no período entre 265 e 419 d.C. com o nome de ju-kan (que significa leitoso), pois aparece em publicações da época (Calabrese, 1990). A provável origem e distribuição de diver- sas espécies cultivadas têm sido investigadas e reportadas por diversos autores (Webber et al., 1967; Chapot, 1975; Barrett & Rhodes, 1976). Dessa forma, acredita-se que a tangerina (C. reticulata Blanco) seja nativa da Indochina e do Sul da China, sendo sua principal região inicial de distribuição o Leste da Índia. A laranja doce [C. sinensis (L.) Osbeck] também se origina da Indochina e do Sul da China, com possível ex- tensão até o Sul da Indonésia. A laranja azeda é nativa do Sul da Ásia, possivelmente da Índia. A lima ácida [C. aurantiifolia (Christm.) Swingle] é, provavelmente, oriunda do arquipélago do Leste da Índia, atingindo, a seguir, o continente indiano. Foi levada pelos árabes através do mar de Oman e, posteriormente, transportada ao Egito e à Euro- pa. A origem e a dispersão da toranja (C. grandis Osbeck) são, possivelmente, as mesmas da lima ácida. A cidra (C. medica L.) é originária do Sul da China e da Índia. Entretanto, considerando esse último país, há controvérsias no referente à região exata de origem, podendo ser o Norte (Sikkim) ou o Sudeste. A região Leste da Arábia também tem sido considerada como um centro de origem dessa espécie, enquanto o do limão [C. limon (L.) Burm. f.] é desconhecido. Acredita-se que essa espécie possa ser um híbrido natural entre cidra e lima ácida. O pomelo (C. paradisi Macfad.) parece ser a única espécie do gênero Citrus não nativa do Oriente. Constatou-se, pela primeira vez, na região do Caribe (Ilha de Barbados) ao redor de 1790. Tem sido considerado um mutante ou, talvez, um híbrido natural surgido em Barbados, após a introdução da toranja e da laranja doce pelos colonizadores europeus (Scora et al., 1982; Bowman & Gmitter Junior, 1990a, b). As principais espécies de Fortunella são ori- ginárias do Sul da China, enquanto o gênero Poncirus parece ser nativo do Centro e do Norte daquele país. 2 Evolução da distribuição geográfica A cidra aparece em publicações chamada como kuo han, vindo a ganhar importância com a cidra mão-de-buda, usada em cerimônias religio- sas. No primeiro livro chinês de botânica, publica- do entre o 3o e 4o século d.C. os citros são referidos com o nome de chu, que já se desenvolviam na China, ao sul do rio Yangtze e ao longo da cadeia de montanhas Topich. Outras publicações citam as tangerinas, cujo auge de importância ocorreu no período de 618 a 907 d.C., e as toranjas, cultiva- das em Cantão ao redor de 500 d.C. O primeiro livro sobre citros, chamado Chu Lu, foi escrito em 1178 d.C.: descrevia 27 tipos, incluindo algumas espécies, tais como a toranja, a tangerina, o kun- quat, a cidra e o trifoliata. Um tipo citado no grupo das tangerinas, com o nome tien kan, pode ter sido a primeira laranja doce conhecida, cujas sementes foram encontradas em tumbas de 450 a.C. A la- ranja azeda já era utilizada como porta-enxerto, CITROS4 Centros de origem, distribuição geográfica das plantas cítricas e histórico da citricultura no Brasil 5 empregando-se um tipo chamado chu-luan para extrair perfume e o kunquat, como atualmente, já era consumido com casca. Não há citação para o limão, a lima e a papeda, por não serem originá- rios da China (Calabrese, 1990). A China, por longo período, dominou parte do que é atualmente o Vietnã e, como a Índia, também esteve presente nessa região, chamada de Indochina. Foi aí que as culturas dos dois países certamente trocaram animais e plantas e, provavelmente, de citros, estes já comuns nas regiões vizinhas a Yunan, como em Burma, na região indiana de Assam. No sul asiático, como na península da atual Malásia, houve contatos com os chineses e indianos antes da era Cristã, por interesses religiosos e comerciais. Essa região é reconhecida como a de origem ou adaptação de algumas espécies cítricas de clima tropical, tais como limões, limas e papeda, os quais podem ter sido aí introduzidos, pois, em Burma, na Índia, tais plantas eram consideradas nativas: as laranjas doces podem ter sido originadas por hibridação entre toranja e tangerina. Em outros locais, como a Nova Guiné, as Filipinas e a Indonésia, os citros podem ter sido trazidos pelo mar ou por migra- ções (Calabrese, 1990). A primeira citação dos citros na Índia data de 800 a.C., em sânscrito, e refere-se ao jambila ou jambira, que correspondia ao limão ou cidra, ou a ambos. Aceita-se que a espécie atual de limão Rugoso (C. jambhiri Lush.) seja de origem indiana. Um livro escrito em 100 a.C. cita o nome naranga (laranja doce), indicando que os indianos já a co- nheciam, mas pode ter sido introduzida da China, possivelmente, de Yunan (Calabrese, 1990). No Japão, pelo seu isolamento geográfico e cultural, apenas em 250 a.C. houve mudanças e difusão de técnicas agrícolas, influenciadas pelos chineses. Os nomes chu e kan dos citros na China foram adotados no Japão, onde, em vista do clima frio, poucas espéciesse adaptaram, inicialmente, podendo-se citar o C. junus (yu da China), o trifo- liata e o kunquat. De introdução mais recente, foi uma tangerina com semente, de nome Wenzhou, que deu origem à Satsuma, sem sementes, há muito tempo o mais importante cultivar no Japão. Apesar de terem sido encontradas sementes de ci- tros na cidade de Ur, na Babilônia, não há escritos que documentem o uso das frutas cítricas pelos povos da Mesopotâmia, até 397 a.C., na era de Alexandre, o Grande (Calabrese, 1990). Os povos da Média e da Pérsia viveram na região atualmente denominada Irã, nove séculos a.C., embora já existissem aí povos ancestrais, há mais de 10 mil anos. O primeiro reinado da Idade Média foi no período de 647 a 625 a.C., ocorren- do os contatos após as conquistas de Alexandre, o Grande, facilitando a troca de animais e plantas, entre a Índia, a Pérsia e outras regiões vizinhas. Isso, provavelmente, tenha favorecido a introdução dos citros, pois, quando os gregos chegaram à Média e à Pérsia, lá já estava a cidra, que passou a ser conhecida como os citros da Média e dando origem ao seu nome científico (Calabrese, 1990). Na história antiga dos judeus, a cidra não aparece como de consumo usual. Foi utilizada, entretanto, em cerimônias religiosas, antes do ini- cio da era cristã. Os outros tipos de citros foram introduzidos somente na era seguinte. Na Grécia, a cidra foi também conhecida e aparece em escultu- ras e no livro “Historia das Plantas”, de 372 a 287 a.C. Acredita-se, também, que o legendário jardim das Hesperides refira-se aos citros, sendo, por isso, esse nome associado à família botânica das plantas cítricas. A cidra era conhecida por vários nomes na Grécia, sendo o mais comum o de kitron, que po- deria abranger outros tipos de citros, como o limão, também encontrado na Grécia (Calabrese, 1990). No império romano, com seu auge ao redor de 117 d.C., a influência grega foi muito grande e a cidra também era conhecida como o único tipo de citros, tendo aí recebido o nome de Citrus, entre- tanto, a planta não é de origem latina. Esculturas da época indicam que os romanos poderiam ter conhecido outros citros, como os limões e as limas (Calabrese, 1990). Os árabes, originalmente das regiões onde hoje estão o Iêmen, a Síria e o Iraque, converteram-se ao islamismo no século VII d.C. Quando ocupa- ram o sul e o leste do Mediterrâneo, levaram sua cultura incluindo animais e plantas, com os quais trabalhavam e selecionavam, como uva, pêra, figo, damasco, cana-de-açúcar, pistachio e citros. Estes apareciam nos jardins dos seus palácios, sob avançadas técnicas de irrigação, como em Córdo- ba, Espanha e outras localidades. Os árabes co- nheciam vários tipos de citros da Índia, de onde os trouxeram para o norte da África, exceto a laranja doce. Na ocupação da Sicília, Itália, pelos árabes, também houve o plantio de laranjeiras azedas e outros tipos de citros ornamentais, o que foi docu- mentado em 1094 (Calabrese, 1990). CITROS4 Centros de origem, distribuição geográfica das plantas cítricas e histórico da citricultura no Brasil 5 As cruzadas contribuíram para a distribuição dos citros no Ocidente. Informações da época re- ferem-se aos tipos de citros existentes na Palestina, chamados orenges (do árabe naranji). É aceito que durante os séculos XII e XIV os citros foram distribuídos pela Itália, Sul da França e Espanha. Ao final do século XIV, já eram conhecidos, na Itália, quatro tipos de citros: a cidra (citrum), a laranja azeda (citrangulum), o limão (limon) e a lima (lima) (Calabrese, 1990). A distribuição de cada espécie cítrica teve ca- racterísticas e períodos diferentes, conforme mos- trado por Chapot (1975). Comentaram os aspectos dessa distribuição diversos autores, como Webber et al. (1967) e Davies & Albrigo (1994). Com base nesses e em outros autores, pode-se ter informa- ções sobre cada espécie, tais como as cidras, que foram as primeiras plantas cítricas conhecidas fora do seu lugar de origem, a China. Na Europa, foi o único tipo de citros conhecido por longo tempo e aparece como um dos citros primeiramente dis- tribuídos antes da era cristã para as regiões mais próximas (Figura 1). A laranja azeda e o limão foram, provavel- mente, as espécies a serem distribuídas, após a cidra (Figura 1). Entretanto, só chegaram ao Oci- dente no início da era cristã, ao redor de 700 d.C., no Norte da África e da Espanha, provavelmente, ao redor de 1150 d.C. com as expansões árabes, provenientes da região indo-burma, seu centro de origem e dispersão. Posteriormente, foram distri- buídos junto com outras espécies, como a laranja doce e a lima. Estas foram conhecidas primeira- mente no arquipélago índico e, depois, levadas ao Egito e ao Ocidente. A laranja doce foi uma das últimas espécies cí- tricas a serem distribuídas na Europa, pois apenas no século XVI havia evidências de seu conhecimen- to e importância. Somente após o apogeu da na- vegação portuguesa, de 1481 a 1521, especial- mente em 1498, com Vasco da Gama chegando à China, em 1518, é que possivelmente, a laranja doce ficasse conhecida, conforme documentos da época. Aliás, a laranja doce foi denominada como “Portugal” durante muito tempo (Donadio, 1999). Há outras informações que permitem acreditar que foram os genoveses os primeiros a introduzir a laranja doce na Europa, ao final do século XIII, quando era encontrada em jardins da Ligúria, embora possa ter sido um tipo primitivo, sem valor comercial. Da Europa, foi levada para as Améri- cas (Figura 1). As mandarinas ou tangerinas e os kunquats, apesar de cultivados há milênios na China, só foram levados para fora de sua origem em 1805, quando chegaram à Inglaterra. Daí foram para a Itália e outras regiões européias, como mostrado na Figura 1, com datas conhecidas. A última es- pécie cítrica de importância na atual citricultura, o pomelo, não foi originário da Ásia, sendo sua distribuição muito mais recente. Uma menção especial deve ser feita às laran- jas-de-umbigo, que se tornaram muito importantes na citricultura mundial. A laranja Bahia, originária do Brasil, é, provavelmente, uma mutação da Se- leta. Do Brasil, foi levada primeiramente para a Figura 1 Origem e rotas de dispersão das espécies cítricas Legenda B – Laranja azeda C – Cidra G – Pomelo K – Kunquat L – Limão Li – Lima M – Tangerina O – Laranja doce S – Toranja W – Laranja Bahia Algarismos romanos indicam séculos (- indica a.C.); semicírculos indicam centros de origem. Fonte Adaptado de Chapot (1975) CITROS6 Centros de origem, distribuição geográfica das plantas cítricas e histórico da citricultura no Brasil 7 Austrália, em 1824, e, em 1870, para os Estados Unidos, onde recebeu, posteriormente, o nome de Washington Navel. No século XX, tornou-se im- portante por meio de clones originados em diver- sas regiões citrícolas do mundo (Passos, 1977). Nas Américas, provavelmente foi Colombo, em 1493, que trouxe sementes de algumas espécies cítricas. No continente norte-americano, a intro- dução se deu em 1518, no México. Nos Estados Unidos, na Flórida, os primeiros citros chegaram entre 1513 e 1565, trazidos pelos exploradores espanhóis. Na Califórnia, a introdução só ocorreu mais tarde com as missões franciscanas, em 1769, em San Diego (Webber et al., 1967). No Brasil, foi feita pelos portugueses, no come- ço do século XVI, talvez a partir de 1530, quando teve início a colonização. A partir dessa data, foi relatada a presença de plantas cítricas em Ca- nanéia (SP). Sua expansão pelo litoral brasileiro foi rápida, pois, em meados do século XVI, era citada pelo Pe. Anchieta no litoral norte do Estado, encontrando-se no final daquele século, em vários locais. A toranja foi introduzida somente em 1811, por D.João VI, no Jardim Botânico do Rio de Ja- neiro (Hasse, 1987). Na África, ao final do século XV, as espécies cítricas já tinham sido introduzidas, sobretudo no Norte do continente, principalmente pela Índia. No Sul, as primeiras laranjeiras foram introduzidas na África do Sul, em 1654 (Webber et al., 1967). A citricultura na Austrália foi a partir de 1788 esta- belecida com variedades provenientes do Brasil, quando foram embarcadas mudas de laranjeiras, limeiras e limoeiros no porto do Rio de Janeiro (Hasse, 1987). Atualmente, as plantas cítricas são cultivadas em uma ampla faixa ao redor do mundo, compre- endida entre os paralelos 44° N e 41° S (Agustí, 2000), embora as principais áreas produtoras concentrem-se em regiões subtropicais, em latitu- des superiores a 20o N ou 20o S. 3 História da citricultura no Brasil 3.1 Citricultura brasileira antes do século XX Encontrando no Brasil melhores condições para vegetar e produzir do que nas próprias regiões de origem, as plantas cítricas se expandiram para todo o País, tornando-se até supostamente “nati- vas” em certos lugares, como em Mato Grosso. Naturalmente, com o aumento da população e do consumo, foram sendo plantadas por toda a parte, em pequenos pomares caseiros e pomares comerciais. Inicialmente, a citricultura desenvolveu-se mais nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. No Rio Grande do Sul, no vale do rio Taquari, em 1760, em plantações de pé-franco, as quais se ex- pandiram ao vale do Caí. Em Taquari, foi fundada a Estação Experimental de Pomicultura, principal centro de pesquisas citrícolas no sul. Na região central, as missões religiosas e os bandeirantes que avançavam pelo interior do País tiveram, cer- tamente, influência na implantação dos laranjais por toda a parte. Há registro de laranjeiras nas margens do rio Miranda, em Mato Grosso, em 1867 (Taunay, 1923). Na região nordestina, as plantações de citros aumentaram no Ceará por volta de 1880. Os municípios de Maranguape e Pacatuba, na região serrana, chegaram a ex- portar para a Inglaterra, via Fortaleza (Gondin, 1938). 3.2 Citricultura brasileira no século XX Em vista do estabelecimento de grandes núcleos populacionais no Rio de Janeiro e São Paulo, garantindo o consumo da produção, a citricultura estabeceu-se em seu principal eixo de desenvolvimento. No Estado do Rio de Janeiro, por ocasião da Proclamação da República, existiam nos arredores da Capital muitos laranjais comerciais, com milha- res de árvores, plantados nos morros. Os pomares citrícolas foram-se expandindo pelas baixadas do antigo Distrito Federal e Estado do Rio de Janeiro (Itaboraí, Maricá, Araruama). A qualidade dessas frutas, graças às con- dições climáticas, era excepcional, e isso deve ter contribuído para se tornarem famosas as laranjas Pêra e Seleta, bem como a Mexerica- do-Rio (C. deliciosa Ten.). Essas características favoráveis e o aumento contínuo da produção proporcionaram condições para iniciar, logo na segunda década do século XX, a exporta- ção de cítricos para a Argentina, e na década seguinte, para a Europa. A citricultura tomou tal importância que o Governo Federal criou, em Deodoro (RJ), uma Estação de Pomicultura (Andrade, 1930). CITROS6 Centros de origem, distribuição geográfica das plantas cítricas e histórico da citricultura no Brasil 7 Em São Paulo, por volta de 1915, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento produzia e ven- dia mudas cítricas de ótima qualidade enxertadas em laranjeira Azeda, embaladas de “raiz nua”, em empalhados, transportadas por estrada de ferro. Assim, apoiada pelo Governo do Estado, a citricultura paulista expandiu-se. No Rio de Janeiro, somente depois de 1960 começaram a ser produzidas mudas desse tipo, por alguns viveiristas. No Rio Grande do Sul, cresciam as plantações cítricas nos vales dos rios Taquari e Caí, iniciando- se, em 1926, exportações para o Uruguai e, mais tarde, em 1933, para a Inglaterra. Nessa região, enxertavam-se as plantas cítricas por garfagem em porta-enxerto de laranja Caipira [C. sinensis (L.) Osbeck], que ainda era, em 1976, o mais utiliza- do nesse Estado. (Dornelles, 1980; Köller, 1994). Antes de 1930, um núcleo citrícola estabele- ceu-se em Viçosa (MG), em cuja Escola Agrícola, o Prof. Peter Heney Rolfs publicou o manual A Muda de Citrus (Rolfs & Rolfs, 1931), onde se faz a primeira referência ao limoeiro Cravo (C. limo- nia Osbeck) como um dos melhores porta-enxertos para aquela área. Tal observação se tornou, pos- teriormente, válida para quase todas as regiões citrícolas brasileiras. O interesse do Prof. Rolfs pelo limoeiro Cravo levou-o a investigar e regis- trar as diferentes denominações existentes no País para essa espécie, tendo catalogado 19 nomes, o que indica seu grau de popularidade na época. O núcleo citrícola de Viçosa não teve grande de- senvolvimento e somente na década dos setentas, o Estado de Minas Gerais penetrou no ciclo da grande citricultura, com extensas plantações em Alfenas e Triângulo Mineiro. Levadas por tropeiros da vila do Jeru (BA), onde havia uma pequena plantação de “laranja de qualidade” (Bahia), mudas dessa nova variedade foram plantadas. Por volta de 1918, nascia, desse modo, no município de Boquim (SE), a citricultura sergipana que até então só conhecia a “laranja d’água”, existente nos quintais e fazendas. Antes de 1920, já se iniciara em Limeira (SP), a formação de um núcleo citrícola, o qual, além de abastecer São Paulo, começou a exportação para a Argentina, a Inglaterra e outros países europeus. Em meados da década dos vintes, a citricultura já se firmara no Rio de Janeiro e em São Paulo como uma promissora atividade agrícola. Foi, porém, a campanha publicitária lançada por Navarro de Andrade (Andrade, 1930), a partir de 1928, no jornal O Estado de São Paulo, que impulsionou a ampliação das plantações cítricas, a ponto de, em 1930, exportarem-se, pelo porto de Santos, cerca de meio milhão de caixas de laranja. O entusiasmo era tanto que em 1929 se instalava a I Exposição Frutícola na cidade de São Paulo, com apresentação das variedades estudadas (laranjas, tangerinas, limas, limões e pomelos) (Vasconcellos, 1929). Ao mesmo tempo, o Emérito Prof. Philipe Westin Cabral de Vasconcellos registrava os dados de seu experimento de porta-enxertos (Vascon- cellos, 1939b) e as características das variedades que ia reunindo na coleção cítrica da Escola Agrí- cola de Piracicaba (SP), hoje, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq/USP). Nessa fase, destacavam-se, como maiores pro- dutores-exportadores do Estado, todos de Limeira: José Levy Sobrinho, J.A. Barros Penteado, Luiz Bueno de Miranda e Mário de Souza Queiroz, cada um com seu “barracão” de embalagem e sua própria marca; cada um partidário de um porta-enxerto (lima da Pérsia, laranja Caipira, limão Cravo). Tanto Navarro de Andrade como Cabral de Vasconcellos recomendavam o porta- enxerto laranja Azeda, que passou a dominar nas novas plantações (Andrade, 1933; Vasconcellos, 1939b). A aceitação dos frutos cítricos no exterior era demonstrada pelo grande número de firmas, principalmente inglesas, que ofereciam finan- ciamento para esse comércio. Limeira chegou a sediar, nesse período, mais de 20 firmas expor- tadoras. Quando Secretário da Agricultura de São Paulo, o agrônomo Fernando Costa, atendendo ao apelo de Navarro de Andrade, criou, em 1928, as Estações Experimentais de Limeira e Sorocaba, subordinadas ao Instituto Agronômico de Cam- pinas, nas quais, sob orientação de Felisberto C. Camargo, iniciou-se, de forma sistemática e cientí- fica, a pesquisa citrícola no Estado. Sorocaba, com muitos imigrantes espanhóis, vinha também se so- bressaindo na produção citrícola.Foi ainda nesse Governo que se importou a maquinaria para os packinghouses dessas duas localidades, onde se organizaram cooperativas citrícolas, infelizmente de pequena duração. Uma terceira zona citrícola começava a desenvolver-se no Vale do rio Paraí- ba, com plantações em Taubaté, Jacareí e Santa Branca, cuja produção era exportada por Santos. CITROS8 Centros de origem, distribuição geográfica das plantas cítricas e histórico da citricultura no Brasil 9 Nessa região, também foi criada, em 1931, uma Estação Experimental, em Taubaté. Dessas três Estações Experimentais, a única que se manteve e continua em franca atividade de pesquisa é a de Limeira, considerada como o mais avançado centro de experimentação citrícola da América Latina. Rio de Janeiro e Santos já exportavam mais de um milhão de caixas de citros, mas ainda se discutia, em São Paulo, qual a melhor variedade de laranja para exportação: Bahia ou Pêra? (An- drade, 1930). Na verdade, ambas eram alternati- vas válidas, pois atendiam a períodos de colheita diferentes. E assim aconteceu, dilatando de maio a setembro as atividades da exportação paulista. A área citrícola do Rio de Janeiro era ainda, em 1932, mais importante do que a de São Paulo, pois, enquanto de Santos saíam 700 mil caixas de 40,8 kg, do Rio se exportavam 1,3 milhão. Posteriormente, firmas exportadoras do Rio se transferiram para Limeira. Alegava-se que as la- ranjas do Rio não possuíam a mesma resistência ao transporte que as de São Paulo, atribuindo-se a isso à maior incidência da doença stem-end-rot nos pomares fluminenses, como conseqüência do clima mais quente e úmido. A citricultura estava em estádio comercial pre- liminar quando Navarro de Andrade, assumindo a Secretaria da Agricultura de São Paulo, tomou uma série de medidas governamentais nesse setor. De uma só vez, criou o Serviço de Citricultura, reformou a regulamentação da fiscalização da exportação e instalou um curso prático de emba- lagem. Na área federal, meses depois, essa regu- lamentação para exportação cítrica foi estendida para todo o País. O Rio Grande do Sul já exportava também para a Inglaterra, ao passo que a Bahia, com suas 80 mil árvores de laranja-de-umbigo concen- tradas ao redor de Salvador, apenas abastecia o mercado interno (Passos, 1977). A publicação de trabalhos técnico-científicos, notadamente no Estado de São Paulo, vem con- tribuindo para o desenvolvimento da citricultura, desde o início. Edmundo Navarro de Andrade, Agesilau A. Bitancourt, José Pinto da Fonseca e Mário Autori publicaram o instrutivo Manual de Citricultura, em dois volumes, o qual se tornou obra-referência dos técnicos e citricultores brasi- leiros por mais de dez anos (1933-45) (Andrade, 1933; Bitancourt et al., 1933). O período de 1930 a 1939 pode ser chamado “a primeira fase áurea da citricultura”, pois, com alternâncias de anos favoráveis e anos desfavo- ráveis, a produção e a exportação aumentaram continuamente, firmando-se a expectativa de um futuro brilhante para essa atividade. Pelo porto de Santos, exportavam-se diversas variedades: laran- jas Bahia, Pêra, Barão, Hamlin, Natal e Caipira; a tangerina Mexerica e alguns pomelos (Secretaria da Agricultura..., 1931; Wright & Moreira, 1934). Enquanto a exportação do Rio de Janeiro lutava com o stem-end-rot, a de São Paulo encontrava na sua melhor variedade um sério óbice: o tamanho exagerado da laranja Bahia impedia o embarque de mais da metade da sua produção. Em poucos anos, a pesquisa resolveu esse problema. Com base nas meticulosas observações do Prof. Cabral de Vasconcellos, nas árvores da variedade Bahia, existentes na modesta coleção da Escola Agrícola de Piracicaba (Vasconcellos, 1939a), a equipe da Estação Experimental de Limeira com a colaboração do geneticista Prof. Frederic Gustav Brieger, selecionou vários clones de uma varie- dade, a Baianinha, com as mesmas qualidades apreciadas da laranja Bahia, porém com quatro valiosas modificações: tamanho menor, produtivi- dade maior, umbigo reduzido e maturação mais precoce (Brieger et al., 1941). Essa foi a varieda- de que dominou nas plantações desse período em São Paulo e, hoje, é cultivada em todo o País. Numerosas pesquisas se iniciaram em Limei- ra: experimentos de porta-enxertos, controle de verrugose da laranja doce, adubação, tratos culturais, seleção de outras variedades, melhora- mento pela produção de clones nucelares, entre outras (Herrmann, 1962). Exposições citrícolas foram organizadas em Limeira e Sorocaba. As plantações começaram a se estender pelo interior paulista, atingindo Araras, Pirassununga, Santa Cruz das Palmeiras, Araraquara, Pitangueiras e Bebedouro. Durante três anos, dirigiu o Serviço de Citri- cultura de São Paulo o agrônomo Carlos Paes de Barros Wright, cujos relatórios anuais permitem apreciar os progressos da exportação paulista de 1932 a 1934 (Wright, 1932, 1933, 1934). Em 1935, o Serviço de Citricultura de São Paulo foi extinto, sendo suas atribuições cometidas a vários órgãos da Secretaria da Agricultura: Insti- tuto Agronômico, Instituto Biológico e Diretoria de Fomento Agrícola. CITROS8 Centros de origem, distribuição geográfica das plantas cítricas e histórico da citricultura no Brasil 9 Marcou época a exportação de 1939. Já se ex- portavam pelos portos do Rio e de Santos mais de cinco milhões de caixas de laranja, quando graves fatos ocorreram. A eclosão da II Guerra Mundial e a conseqüente paralisação quase total do trá- fego marítimo encerraram esse “primeiro período áureo da citricultura brasileira”. Restava apenas a pequena faixa da exportação para a Argentina, que era mais atendida pelos exportadores do Rio, em razão da variedade ali predominante, a laranja Pêra, que obtinha melhores preços naque- le mercado, pela época tardia da colheita. Nessa emergência, foi preciso o Governo paulista entrar no mercado, comprando no interior e vendendo na capital, sem lucro, para aumentar o consumo das laranjas e tangerinas que se perdiam nos pomares, proporcionando ótimo ambiente para a propagação das moscas-das-frutas. Ainda antes de se iniciar a guerra, apareceu nos laranjais paulistas, em 1937, uma doença até então desconhecida, logo aqui denominada de “tristeza” (Moreira, 1942): em poucos anos, eliminou todas as plantas enxertadas em laranjei- ra azeda, principal porta-enxerto usado naquela época em São Paulo, onde cerca de dez milhões de árvores foram dizimadas. O alastramento da doença era fulminante, logo atingindo todas as demais zonas citrícolas do País. Restavam vivas somente as árvores de pé franco ou enxertadas em laranjeira Caipira e em limoeiro Cravo, que não alcançavam 20% das plantações. A situação se inverteu: em vez de sobras, passou-se a sofrer escassez de cítricos, até mes- mo para o consumo interno. Foi aí que um dos primeiros experimentos instalados na Estação Experimental de Limeira demonstrou a importân- cia e o valor da pesquisa. Ao tempo que todas as plantas enxertadas em laranjeira azeda e agrodo- ce, limeira da Pérsia e toranjeira doce morriam, aquelas enxertadas em limoeiro Cravo, laranjeira doce, tangerineira e trifoliata se mantinham, ao lado, sadias e produtivas (Moreira, 1942). Era a indicação do caminho a seguir na restauração dos nossos laranjais, mesmo antes de se determinar a causa da tristeza. Adotado pela quase totalidade dos citricultores, o limoeiro Cravo se constituiu, a partir daí, no porta-enxerto mais usado nos novos laranjais. Outro experimento, plantado em 1950, constituído de 77 porta-enxertos tolerantes à triste- za, veio confirmar a superioridade desse “cavalo” e justificar a sua preferência (Moreira & Rodrigues Filho, 1965). Essa substituição gerou outros problemas, pois os clones velhos da principaisvariedades cultivadas (Baianinha, Hamlin, Pêra e Barão) eram portadores do vírus causador da doença exocorte, que afeta intensamente o crescimento e produtivi- dade das plantas, quando enxertadas em limoeiro Cravo (Moreira, 1955). Foi novamente o resultado da pesquisa que abriu caminho a esse impasse, com adoção de clones nucelares, produzidos em 1936, na Estação Experimental de Limeira (Morei- ra, 1962), livres desse e de outros vírus, para for- mação dos novos pomares. Isso tudo levou tempo e dez anos se passaram até que a citricultura de São Paulo e de outros Estados começassem a se recuperar do desastre causado pela tristeza. Foi nesse longo período de estagnação comer- cial que as pesquisas em realização no Instituto Agronômico, nos setores de citricultura e virologia, deram a essa antiga instituição renome proemi- nente na citricultura mundial, como ficou patente com a realização, em 1963, do III Congresso da Organização Internacional de Virologistas de Citros (IOCV), neste Estado (Moreira et al., 1965). Nova publicação, sem o detalhamento do Manual de Citricultura, mas muito objetiva e constantemente atualizada nas suas cinco edições, reunindo toda tecnologia conhecida “pós-tristeza”, norteou, daí por diante, os citricultores do Brasil. Trata-se do livro Cultura dos Citros, de Sylvio Moreira e Antonio José Rodrigues Filho (Moreira & Rodrigues Filho, 1965). Um “Curso Avançado de Citricultura”, organizado pelo Prof. Heitor W.S. Montenegro, na Escola Agrícola de Piracicaba, com a colaboração de vários pesquisadores da equipe citrícola, teve audiência de 65 agrônomos de diversos Estados, os quais puderam tomar conhecimento dos então mais recentes conceitos sobre essa matéria (Montenegro, 1958). Por ini- ciativa de um grupo de citricultores, fundou-se, em 1950, o Fórum Paulista de Fruticultura, que, por muitos anos, batalhou na propaganda e defesa da fruticultura. Em 1957, na zona Sudoeste do Estado de São Paulo, surgiu uma série ameaça de um desastre total, que ainda, decorrido meio século, não foi completamente afastada: o cancro cítrico. Um ser- viço para sua erradicação foi criado no Instituto Biológico de São Paulo, resultando na eliminação de mais de 300 mil árvores na área afetada. Com o alastramento da moléstia ao Paraná e a Mato Grosso, essa campanha se transferiu para o âm- CITROS10 Centros de origem, distribuição geográfica das plantas cítricas e histórico da citricultura no Brasil 11 bito federal (Moreira, 1975). Para reforçá-la, em setembro de 1977, foi criado o atual Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), órgão encar- regado de arrecadar e aplicar, na campanha da erradicação, recursos financeiros de produtores, industriais, comerciantes e outros ligados ao setor citrícola. Iniciativa dessa natureza foi única no País, até aquela época. Uma providência que muito contribuiu para o aperfeiçoamento da citricultura paulista foi o estabelecimento, pelo Estado, de um “Registro de Plantas Matrizes de Citros” e a obrigatoriedade de os viveiristas usarem, na propagação, somen- te gemas provenientes das matrizes registradas, garantindo, com isso, a sanidade intrínseca das plantas (Rossetti et al., 1965). Um “Banco de Germoplasma Sadio” implantado na Estação Ex- perimental de Limeira forneceu material de pro- pagação para todo o País e, mesmo, ao exterior (Salibe, 1967). O estabelecimento, pelos órgãos governamen- tais ligados ao setor, de uma avançada tecnologia baseada na pesquisa e experimentação dos mais modernos métodos de cultivo e produção, propor- cionou condições de tal segurança econômica que poderosas firmas de outros setores se lançaram ao plantio de extensas áreas, nas mais diversas condi- ções de solo, ao lado dos citricultores tradicionais, gerando uma emulação salutar, com vantagem para todos. Dessa maneira, surgiram pomares cítricos comparáveis ao que de melhor existia nos mais avançados países citrícolas. A produtividade, que nas antigas plantações raramente ultrapassa- va a média de duas caixas de 40,8 kg por árvore, elevou-se para médias superiores a cinco caixas, em muitos pomares do Estado. A repercussão desse sucesso espalhou-se por todos os países citrícolas, cujos governos passaram a solicitar a colaboração de nossos cientistas para seu programa de desenvolvimento da citricultura. Isso tudo é reflexo das atividades da equipe ci- trícola brasileira, cuja eficiência é comprovada pela publicação de um número muito grande de trabalhos originais, decorrentes das pesquisas realizadas ou em desenvolvimento. É também de- corrência das atividades dessa equipe a fundação, em 1970, da Sociedade Brasileira de Fruticultura (SBF), cujo núcleo principal constituiu-se de citricul- tores que vinham promovendo reuniões anuais nos centros citrícolas do País. A SBF é, até hoje, impor- tante fórum científico na fruticultura brasileira. O aumento anual das áreas plantadas em São Paulo, que já era acelerado até 1965, intensificou- se ainda mais a partir de 1970, com plantações de alguns milhões de árvores por ano. De 1985 em diante, plantaram-se cerca de 12 milhões de plantas cítricas, anualmente, com poucas varia- ções. Com isso, esse Estado chegou, em 1988, a ter mais de 170 milhões de plantas, ocupando cerca de 800 mil ha. Pode-se aferir a rapidez des- sa evolução pela exportação de suco concentrado congelado, que, de 6.000 toneladas, em 1963, subiu para 48.000, em 1970, atingiu 213.000 em 1977, e em 1998, cerca de um milhão de to- neladas, proporcionando divisas no valor de 1,02 bilhão de dólares para o País. O Brasil é o maior exportador de suco concentrado congelado de laranja do mundo (Tavares, 1988; Amaro, 1989; Neves et al., 1998). Para atender às conveniências da industriali- zação, houve acentuada mudança na escolha de variedades a plantar, aumentando-se a proporção das laranjas Valência e Natal, estas de maturação mais tardia que a Pêra (Donadio et al., 1995, 1999). Com a possibilidade de trabalhar de junho até janeiro, as indústrias de suco puderam ampliar muito sua capacidade de produção, que também foi diversificada. Desde 1985, houve algum interesse da indús- tria por limão tipo Siciliano. Seu cultivo sempre foi pequeno no Estado de São Paulo, porém em Botu- catu foram feitos grandes plantios. Deve-se registrar que a exportação de citros na forma de fruta fresca estabilizou-se ao redor de 1,2 milhão de caixas em 1966. A partir de 1985, pelos interesses das firmas processado- ras em exportar laranja in natura, o volume aumentou para 2,0 milhões de caixas (Amaro, 1989). Na década dos sessentas, o núcleo principal da produção cítrica paulista deslocou-se de Limei- ra para o norte, atingindo Bebedouro, onde se centraliza uma vasta área cortada pela “Rodovia da Laranja”, estendendo-se para o oeste até São José do Rio Preto e para o norte até o Triângulo Mineiro. Acompanhando essa tendência, a Seção de Citricultura do Instituto Agronômico ampliou sua experimentação nas Estações Experimentais de Pindorama e Ribeirão Preto, bem como em propriedades particulares da região, iniciando, ao mesmo tempo, o levantamento do estado nutricio- nal das plantações. CITROS10 Centros de origem, distribuição geográfica das plantas cítricas e histórico da citricultura no Brasil 11 Em 1982, foi criada a Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro (EECB), com o apoio da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Unesp/Jaboticabal e da Secretaria da Agricul- tura do Estado de São Paulo; outros apoios que consolidaram a EECB foram, principalmente, da Prefeitura local, da indústria Frutesp, de produ- tores, da Fundação de Pesquisas Agroindustriais de Bebedouro (Fupab) e da Coopercitrus, uma cooperativa de citricultores, entre outros. Ainda em 1982 foi criada,em Presidente Prudente (SP), pela Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, uma Estação Experimental para estudo do cancro cítrico, cujos trabalhos foram encerrados em 2001. No Rio de Janeiro, as plantações se esten- deram para o leste e o Governo desse Estado mantém uma Estação Experimental de Pomicultura em Macaé, que veio substituir a de Deodoro, en- golida pelos loteamentos. Nos demais Estados, a evolução da citricultura, embora mais lenta, não deixou de ser animadora. Na Bahia, alastrou-se de Salvador para Alagoinhas, que, em 1940, já colhia dois milhões de frutas; expandindo-se, mais tarde, por iniciativa do Dr. Luiz Passos, para Cruz das Almas, onde, em 1970, já existiam plantações ocupando cerca de 1.500 ha. Houve também acentuada evolução quanto às variedades plan- tadas. Em Alagoinhas, predominava a laranja Bahia, com mais de 75% das árvores, e, depois, a laranja Pêra. Em Cruz das Almas, essa laranja tomou o lugar da Bahia com quase 50% dos plan- tios (Passos, 1977), sendo, atualmente, o principal cultivar. Nessa área, hoje sede da experimentação citrícola do Governo Federal (Embrapa Mandioca e Fruticultura), desenvolveu-se, a partir da década dos setentas, a pesquisa citrícola. Em Sergipe, a citricultura vem-se desenvol- vendo na área de Boquim, graças à orientação técnica de sua Estação Experimental, criada em 1937. Nessas plantações, predominavam o porta- enxerto limoeiro Rugoso e o enxerto laranja Bahia, os quais foram substituídos nas novas plantações pelo limoeiro Cravo e pela laranja Pêra. Em 1970, as frutas cítricas alcançavam o quarto lugar entre os produtos agrícolas do Estado. As plantas ocu- pavam 15.000 ha, espalhando-se por dez mu- nicípios. É relevante registrar que essa é a única região no Brasil onde a citricultura encontrou no sistema cooperativo a base para o início de seu desenvolvimento. Enquanto a produção cítrica baiana é consumida no Estado, a de Sergipe é, em parte, exportada para os Estados vizinhos. A partir de 1988, Sergipe se mantém como segundo maior produtor do País. Conta com uma Estação Experimental, em Boquim, duas indústrias peque- nas de suco, exportando suco e laranja in natura. O comércio de fruta in natura é ainda a principal atividade da citricultura sergipana. No Rio Grande do Sul, também existe pequena indústria de suco de laranja, desenvolvendo-se a citricultura nas tradicionais regiões citrícolas dos rios Caí e Taquari, onde há uma Estação Experi- mental. No Paraná, o cultivo tomou importância a par- tir de 1985, apesar de a região ter cancro cítrico bastante disseminado, graças ao apoio científico do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). A pro- dução do Paraná foi de 5,3 milhões de caixas em 2000 (Amaro & Salva, 2001). O ano de 1988 marcou o início de uma ten- dência de grandes plantios de citros, próximos à antiga região citrícola de Sorocaba (SP), incluindo os municípios de Itapetininga, Boituva e Anhembi, pelo interesse em desenvolver a citricultura em cli- mas menos quentes e menos secos. O aumento da sua produção tem abastecido o mercado de frutas in natura com vantagens comerciais pela qualida- de e época de produção dos frutos. Essa região vem-se mostrando bastante promissora para a produção de tangerinas, apoiada pela pesquisa do Centro APTA Citros Sylvio Moreira (Pio, 1999). O cultivo da lima ácida, comercialmente de- nominada limão Tahiti, cuja principal produção é no Estado de São Paulo (Stuchi & Cyrillo, 1998), cresceu a partir de 1960, representando, no final da década dos noventas, 17 milhões de caixas de 40,8 kg (Figueiredo et al., 2002). De consumo sempre como fruta in natura apenas no mercado brasileiro, o limão Tahiti passou a ser exportado para a comunidade européia. Especialistas e citricultores têm organizado e participado de reuniões citrícolas regionais. Po- dem-se mencionar as que foram realizadas em Taquari e Porto Alegre (RS); Cruz das Almas (BA); Aracaju (SE); Campinas, Bebedouro e Jaboticabal (SP). A Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo aprovou, em 1987, por proposta do Depu- tado Jairo Mattos, e o Governador promulgou a lei que denomina Centro de Citricultura Sylvio Morei- ra, a Estação Experimental do Instituto Agronômi- co sediada em Cordeirópolis (SP), antigamente em CITROS12 Centros de origem, distribuição geográfica das plantas cítricas e histórico da citricultura no Brasil 13 Limeira. Em 2002, passou a ser designado Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegó- cio Citros Sylvio Moreira. Em São Paulo, em 1969, o Governo instituiu o “Dia do Citricultor”, que é comemorado anualmente em junho, durante a Semana da Citricultura, com reunião dos interessados, no Centro APTA Citros Sylvio Moreira. Durante essa semana, os técnicos apresentam os resultados das mais atualizadas pesquisas no setor. Nas décadas dos oitentas e noventas, criaram-se ainda, eventos temáticos, re- alizados anualmente no Centro APTA Citros Sylvio Moreira, a saber: Dia do Limão (em março), Dia da Tangerina (em maio), Dia de Campo da Tangerina (junho), Dia do Viveirista (em agosto), Dia da Laran- ja (em outubro), e Dia do Consultor em Citricultura (em novembro). Desde 1980, vem sendo publicada, anualmente, a Revista Laranja com artigos técnico- científicos. Em junho de 2000, o Centro de Citricul- tura publicou o livro Sylvio Moreira - arquiteto da citricultura brasileira comemorando o centenário de nascimento de seu patrono. Em 1978, publicou-se um opúsculo 50 Anos de Fundação da Estação Experimental de Limeira, contendo seu histórico e relacionando todas as pu- blicações derivadas das pesquisas realizadas com citros no IAC. No mesmo ano, com o apoio da Fundação Cargill, realizou-se, no Instituto Agro- nômico, um curso de citricultura ministrado por 24 especialistas brasileiros, contando com 101 participantes. A matéria ali lecionada deu origem, em 1980, sob a coordenação de Ody Rodriguez e Flávio C.P. Viégas, à mais completa obra sobre o assunto no Brasil, editada pela mesma Fundação, sob o título Citricultura Brasileira (Rodriguez & Viégas, 1980). Essa publicação, atualizada, foi reeditada em 1991 por Ody Rodriguez, Flávio C.P. Viégas, Jorgino Pompeu Junior e Antonio A. Amaro (Rodriguez et al., 1991). Em 1979, promovido pela Esalq/USP, pelo Instituto Agronômico de Campinas com a colabo- ração da Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fostato (Potafos), realizou-se na Esalq o Curso de Citricultura - Nutrição e Adubação, le- cionado por quatro especialistas brasileiros e um norte-americano, com 93 alunos, sob a coordena- ção de Célio S. Moreira. Sua matéria foi publica- da pela Potafos sob o título de Nutrição Mineral e Adubação dos Citros (Moreira et al., 1979). Em 1984, realizou-se em São Paulo (SP) o Congresso Internacional de Citricultura, sob os auspícios da Sociedade Internacional de Citricul- tura, com a participação de 500 especialistas de 25 países. Seus anais, em dois volumes com 285 trabalhos, foram publicados em 1987 (Giacometti & Amaro, 1987). Ainda nesse ano, realizou-se, na Faculdade de Agronomia da Unesp/Jaboticabal, um “Simpósio sobre Produtividade de Citros” ten- do sido publicado o livro Produtividade em Citros (Donadio & Ferreira, 1985). Em 1982 e 1984, Victória Rossetti e colabora- dores publicaram uma completa bibliografia sobre o cancro cítrico abrangendo o período de 1912 a 1984: Cancro cítrico - bibliografia analítica (Ros- setti et al., 1982, 1984). Em 1987, a indústria Frutesp editou luxuoso livro, contendo a história da citricultura com en- foque principal ao esforço da iniciativa privada: A laranja no Brasil 1500-1987. É a história da agroindústria cítrica brasileira, dos quintais colo- niais às fábricas exportadoras de suco do século XX” (Hasse, 1987). A partirde 1990, a Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro (EECB) vem promoven- do, a cada dois anos, o “Seminário Internacional de Citros”, cujos anais são publicados, sendo o mais recente o de 2004. A EECB também edita o Boletim Citrícola, desde 1997, com quatro volumes por ano. Em 1995, foi editado o livro Variedades Cítricas Brasileiras, pela Funep e pela Unesp de Jaboticabal (SP), com a descrição de cem variedades cítricas de origem no país (Donadio et al., 1995). A situação dos porta-enxertos e da muda cítrica no Brasil é exposta em numerosas publicações (Moreira et al., 1965; Pompeu Junior, 2001; Donadio et al., 2001). Deve-se, ainda, registrar a criação de diversas entidades, associações e fundações relacionadas à citricultura entre as décadas dos setentas e noven- tas, entre elas, a Associação Brasileira dos Citri- cultores (Associtrus), em 1974; a Associação Bra- sileira dos Exportadores de Citrus (Abecitrus), em 1988; a Associação dos Produtores de Mudas de Limeira (APML), em 1989; o Grupo de Consultores em Citros (Gconci), em 1996; a Associação Pau- lista de Viveiros Certificados de Citros (Vivecitrus), em 1998, e a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Limão (Abpel). 3.3 Citricultura brasileira no século XXI A importância que teria a citricultura brasilei- ra no início do século XXI era um fato que não podia sequer ser imaginado há algumas dezenas CITROS12 Centros de origem, distribuição geográfica das plantas cítricas e histórico da citricultura no Brasil 13 de anos. No entanto, percorrendo os laranjais da Califórnia, Texas e Flórida, nos Estados Unidos, em 1952, Sylvio Moreira afirmava convicto que, “graças às condições grandemente favoráveis a essa cultura existentes em nosso País, tínhamos uma promissora possibilidade de competir com o maior produtor mundial de cítricos”. Chegou mes- mo a afirmar “que o Brasil poderia sobrepujar a enorme produção norte-americana dentro de meio século de desenvolvimento citrícola” (Moreira, 1980). Isso parecia uma utopia, até que a geada de 1962/63, ocorrida na Flórida, veio abrir, de forma inesperada, um novo e ambicionado campo para a colocação da produção brasileira na forma de suco concentrado congelado de citros, de larga aceitação mundial. O Brasil entra no século XXI com a produção de 18,5 milhões de toneladas de frutas cítricas. É o maior produtor e exportador de suco concentra- do e congelado. A principal área produtora é o Estado de São Paulo, produzindo 78,2% do total, e supera a produção da Flórida em quantidade de frutas e de SCC. Outros Estados produtores de fruta cítrica no Brasil são Sergipe, com 4,09%; Bahia, com 2,92%; Minas Gerais, com 2,27%; Rio Grande do Sul, com 1,87%; Paraná, com 1,16%; Rio de Janeiro, com 0,75% e Goiás, com 0,58% (Amaro & Salva, 2001). Cerca de 98% do suco é exportado principal- mente para os Estados Unidos e União Européia, além do Japão e outros 45 países. A exportação de fruta in natura é pequena e, somada à fruta comercializada internamente, representa 30% da produção. Nesse montante, não está computada considerável quantidade de frutas cítricas de po- mares domésticos. A principal variedade é a laranja Pêra, com 37,8%, seguida da Natal e da Valência, ambas com 23,9% cada uma. A de limões é liderada pela lima ácida Tahiti, sendo pequena a produção de limões verdadeiros, tipo Siciliano. A produção de tangerinas perfaz 5,5 % do total (Pompeu Junior, 2001). O Estado de São Paulo lidera a pesquisa com citros no País com os trabalhos do Centro Avan- çado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Citros Sylvio Moreira localizado em Cordeirópolis, e outras instituições da Secretaria da Agricultura e Abastecimento (SAA), como o Instituto Biológico, e o Instituto de Economia Agrícola (IEA), além das universidades paulistas. Outro importante centro de pesquisa em citros encontra-se na Estação Experimental de Citricultu- ra de Bebedouro (EECB), que, com apoio do Fun- decitrus, da Vivecitrus e de outras empresas, orga- nizou, em 2001, o 6o Congresso Internacional de Viveiristas de Citros, em Ribeirão Preto (SP). Nesse evento, publicou-se além dos anais, um histórico da propagação de citros no Brasil. Em 2002, a EECB promoveu o 7o Seminário Internacional de Citros, sob o tema “Melhoramento em citros”, em comemoração de seus vinte anos de fundação (Donadio et al., 2002), o qual mereceu publicação especial sobre a mesma Estação. O País tem posição destacada na pesquisa com citros no mundo e, desde meados do século ante- rior, tem contribuído de forma importante para a pesquisa, notadamente, em relação à tristeza dos citros, cancro cítrico, leprose, declínio, gomose e clorose variegada dos citros. No final do século XX e início deste, a pesqui- sa nacional com citros teve a primazia de fazer o primeiro seqüenciamento do genoma de um fitopatógeno no mundo, ou seja, da Xylella fasti- diosa Wells et al., bactéria causadora da clorose variegada dos citros. Isso foi conseguido com a reunião de 35 laboratórios e 196 pesquisadores em um trabalho científico de ponta com excelentes resultados. A rede de laboratórios de pesquisa é reconhecida internacionalmente como Organiza- tion of Nucleotide and Sequence Analysis (ONSA) (Machado, 2001). O vigor da atividade citrícola pode ser avalia- do pelo plantio, só no Estado de São Paulo, de 10 a 15 milhões de plantas por ano, produzidas com o acompanhamento técnico dos Centros de Pesquisas que monitoram a sanidade e origem da borbulha utilizada. Esse programa foi iniciado em 1960 com o uso dos clones nucelares (Rossetti et al., 1965) e reformulado em 1969/71. Passou por novas reestruturações em 1984 e 1994 e depois de 1999 (Carvalho, 2001). Em 2001, foi criado o grupo Laranja Brasil e, em 2002, o Grupo Técnico de Assistência e Con- sultoria em Citrus (Gtacc). Os desafios atuais que a citricultura brasileira enfrenta, neste início de século, são, principalmen- te, o cancro cítrico, a leprose, o declínio, a clorose variegada dos citros, a morte súbita dos citros e o huanglongbing ou ex-greening. Fora do contexto biologia, a citricultura ainda enfrenta, poderosa barreira alfandegária imposta CITROS14 Centros de origem, distribuição geográfica das plantas cítricas e histórico da citricultura no Brasil 15 pelo principal mercado exterior, os Estados Uni- dos. Por isso, talvez, empresas brasileiras produto- ras e processadoras de laranjas vêm produzindo, nos últimos anos, significativa porcentagem de laranja e suco na Flórida, Estados Unidos (Neves et al., 1998). Uma atividade agrícola de tal porte como a citricultura brasileira terá de vencer desafios suces- sivos. Contudo, o embasamento técnico-científico e o espírito empresarial do agronegócio dos citros deverão continuar impulsionando tão importante atividade agrícola do país por muitos anos. CITROS14 Centros de origem, distribuição geográfica das plantas cítricas e histórico da citricultura no Brasil 15 4 Referências bibliográficas AGUSTÍ, M. Citricultura. Madri: Ediciones Mundi-Prensa, 2000. 416p. AMARO, A.A. 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