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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA LIMA C6343I-4 EC6Q12 CASSIANO CARVALHO DOS SANTOS C605GH-1 EC6P12 DOUGLAS ANDERSON MARTINS DOS REIS C63395-0 EC6Q12 GABRIEL HENRIQUE ARRAIS CHICO C6589D-3 EC6Q12 GABRIELA DA COSTA FEGUEREDO C65487-6 EC6Q12 PAULO KREISEL PLINIO C62450-0 EC6P12 CARACTERIZAÇÃO MORFOMÉTRICA E HIDROLÓGICA Córrego Anhumas CAMPINAS 2017 CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA LIMA C6343I-4 EC6Q12 CASSIANO CARVALHO DOS SANTOS C605GH-1 EC6P12 DOUGLAS ANDERSON MARTINS DOS REIS C63395-0 EC6Q12 GABRIEL HENRIQUE ARRAIS CHICO C6589D-3 EC6Q12 GABRIELA DA COSTA FEGUEREDO C65487-6 EC6Q12 PAULO KREISEL PLINIO C62450-0 EC6P12 CARACTERIZAÇÃO MORFOMÉTRICA E HIDROLÓGICA Córrego Anhumas Trabalho apresentado para avaliação de Atividade Prática Supervisionada para o curso de Engenharia Civil Orientador: Profª Dr.a Maria Alice Venturini CAMPINAS 2017 LISTA DE ILUSTRAÇÃO FIGURA 1 – Ciclo hidrológico .................................................................................... 09 FIGURA 2 – Localização da bacia hidrográfica do Ribeirão Anhumas ..................... 16 FIGURA 3 – Macrozona 4 do município de Campinas/SP ........................................ 17 FIGURA 4 – Vista aérea dos pontos estudados ........................................................ 21 FIGURA 5 – Materiais usados para coletar dados .................................................... 22 FIGURA 6 – Vista aérea do trecho natural ................................................................ 23 FIGURA 7 – Vista aérea do fluxo de água ................................................................ 23 FIGURA 8 – Vista aérea do córrego .......................................................................... 23 FIGURA 9 – Resíduos encontrados ao redor do córrego .......................................... 23 FIGURA 10 – Resíduos encontrados às margens do trecho natural ......................... 23 FIGURA 11 – Região de enchentes relatados por BP (50) ....................................... 24 FIGURA 12 – Contagem do tempo para cálculo de velocidade ................................ 24 FIGURA 13 – Fixação da primeira estaca para medição de velocidade ................... 24 FIGURA 14 – Fixação da segunda estaca para medição de velocidade .................. 24 FIGURA 15 – Entorno do córrego a esquerda .......................................................... 24 FIGURA 16 – Entorno do córrego a direita ............................................................... 24 FIGURA 17 – Redondezas do córrego ...................................................................... 25 FIGURA 18 – Redondezas dó córrego ...................................................................... 25 FIGURA 19 – Desenho esquemático do trecho natural ............................................ 25 FIGURA 20 – Vista aérea do trecho artificial ............................................................. 26 FIGURA 21 – Vista aérea do fluxo de água .............................................................. 26 FIGURA 22 – Vista aérea do córrego ........................................................................ 26 FIGURA 23 – Resíduos encontrados ........................................................................ 26 FIGURA 24 – Vegetações encontradas .................................................................... 26 FIGURA 25 – Região de enchentes relatados por VE (47) ....................................... 27 FIGURA 26 – Contagem de tempo para cálculo de velocidade ................................ 27 FIGURA 27 – Entorno do córrego a esquerda .......................................................... 27 FIGURA 28 – Entorno do córrego a direita ............................................................... 27 FIGURA 29 – Utilização da vara para medir o fundo ................................................ 27 FIGURA 30 – Fixação de estacas para medição de velocidade ............................... 27 FIGURA 31 – Desenho esquemático do trecho artificial ........................................... 28 FIGURA 32 – Tipo de escoamento ........................................................................... 36 LISTA DE GRÁFICO E TABELA GRÁFICO 1 – Tipos de solos nas unidades .............................................................. 19 TABELA 1 – Impactos ambientais antrópicos e naturais ........................................... 14 TABELA 2 – Estação meteorológica de 1988 – 2012 ............................................... 20 TABELA 3 – Área molhada dos trechos .................................................................... 29 TABELA 4 – Perímetro molhado dos trechos ............................................................ 30 TABELA 5 – Raio hidráulico dos trechos .................................................................. 31 TABELA 6 – Superfície molhada dos trechos ........................................................... 31 TABELA 7 – Vazão dos trechos ................................................................................ 33 TABELA 8 – Vazão unitária dos trechos ................................................................... 33 TABELA 9 – Altura crítica dos trechos ...................................................................... 34 TABELA 10 – Energia específica dos trechos ........................................................... 35 TABELA 11 – Parâmetros hidráulicos dos trechos .................................................... 35 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ANA Agência Nacional de Águas CEPAGRI Centro de Pesquisas Meteorológicas Aplicadas à Agricultura CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente IAC Instituto Agronômico de Campinas IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDHM Índice de Desenvolvimento Humano Municipal MMA Ministério do Meio Ambiente PIB Produto Interno Bruto SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 06 1.1 Objetivo geral .................................................................................................... 06 1.2 Objetivos específicos........................................................................................ 06 1.3 Metodologia ....................................................................................................... 07 1.4 Justificativa ........................................................................................................ 07 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 08 2.1 Definição e caracterização de processos hidrológicos ................................. 08 2.1.1 Ciclo hidrológico ............................................................................................ 09 2.1.2 Precipitação .................................................................................................... 10 2.2 Características físicas de uma bacia hidrográfica ......................................... 10 2.2.1 Característica morfométrica .......................................................................... 11 2.2.2 Hierarquia fluvial ............................................................................................11 2.2.3 Índice de circularidade ................................................................................... 11 2.2.4 Índice de forma ............................................................................................... 12 2.2.5 Densidade de drenagem ................................................................................ 12 2.2.6 Sinuosidade .................................................................................................... 12 2.2.7 Declividade ..................................................................................................... 12 2.3 Impactos ambientais em bacias hidrográficas ............................................... 13 2.4 Impactos da urbanização na dinâmica hidrológica ........................................ 15 3 ESTUDO DE CASO ............................................................................................... 16 3.1 Caracterização da região de estudo ................................................................ 16 3.2 Aspecto socioeconômico da região ................................................................ 18 3.3 Aspecto fisiológico e geológico ...................................................................... 19 3.4 Caracterização do trecho do córrego em estudo ........................................... 21 3.4.1 Trecho natural ................................................................................................ 22 3.4.2 Trecho artificial ............................................................................................... 25 4 PARÂMETROS HIDRÁULICOS DO CÓRREGO ANHUMAS ............................... 29 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 37 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 38 ANEXO A .................................................................................................................. 42 6 1 INTRODUÇÃO Com os crescentes problemas que podem comprometer o uso dos recursos naturais decorrente de sua má utilização e ocupação de áreas sem planejamento prévio, a água e a bacia hidrográfica tornaram-se alvo de suma importância de pesquisas de análise do clico hidrológico. Identificar as principais características de um córrego em estudo tais como sua potencialidade, dinâmica de ocupação do solo e principalmente as condições do ambiente natural, é um dos primeiros passos para se obter análises mais precisas e detalhadas. Este trabalho apresenta as principais características hidráulicas para especificar um córrego qualquer, tendo como base para o desenvolvimento do mesmo, o conteúdo aplicado em sala de aula, pesquisas no acervo da universidade sobre temas específicos abordados no projeto e o auxílio dos professores. Abrangendo todo o processo, foram expostas todas as etapas para a determinação das características do córrego em análise e dimensionamento correto do mesmo de forma clara e sucinta, como a determinação da área molhada, raio hidráulico, tipo de escoamento, declividade e o estudo focado em dimensionar um canal ideal. 1.1 Objetivo geral Este trabalho tem como objetivo geral analisar e estudar os parâmetros hidrológicos do trecho natural e artificial do Córrego Anhumas, localizado na cidade de Campinas. 1.2 Objetivos específicos Para o alcance do objetivo geral são traçados objetivos específicos: Coletar e calcular os parâmetros hidrológicos. Realizar pesquisa de campo. Estudar os tipos de escoamentos. Analisar os resultados obtidos. 7 1.3 Metodologia A pesquisa a ser realizada quanto à natureza será básica quantitativa, quanto aos objetivos será descritiva e aos procedimentos será operacional e de campo com registros fotográficos, medições e análise de mapas. Os conhecimentos adquiridos foram através de notas de aula da professora Dr.a Maria Alice Venturini na disciplina Hidráulica e Hidrologia Aplicada no curso de Engenharia Civil, bem como da pesquisa em livros adquiridos por empréstimos na biblioteca da Universidade Paulista do Campus Swift na cidade de Campinas/SP e em sites confiáveis, no qual todo o conteúdo relevante será escrito dentro das normas da ABNT. Selecionou-se o local de estudo, córrego Anhumas, para a aplicação de conhecimento técnicos necessários para coletar parâmetros hidrológicos, tanto do trecho natural quanto do trecho artificial. Utilizou-se de softwares como, AutoCAD, Excel e Google Earth, para uma melhor precisão do córrego em análise. Para a coleta de dados serão usados vara de pescar, bolas de isopor e de chumbo, trena, cronômetro e celular para registros fotográficos. 1.4 Justificativa A finalidade deste trabalho tem como prioridade adquirir conhecimento na formação universitária dos estudantes na área de Engenharia Civil, como também servir de ajuda acadêmica para consultas em pesquisas referente à drenagem de um córrego qualquer. Fatores como a escolha do local em estudo, análise dos parâmetros hidráulicos e do tipo de escoamento, são importantes para o desenvolvimento correto de um canal para que não ocorram enchentes ou atividades que prejudiquem a região ao entorno do mesmo. Desta forma, se fazem de fundamental importância o estudo e a aplicação prática dos conhecimentos referentes à hidráulica e hidrologia, uma vez que, todo o conteúdo abordado está baseado em assuntos referentes a estes temas, bem como evitar impactos ambientais tanto naturais quanto antrópicos. 8 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A drenagem urbana é um tema que está diretamente relacionado às grandes transformações geográficas dos municípios no decorrer dos anos, inclusive no Brasil. Essas mudanças, por sua vez, podem provocar certos impactos negativos ao meio ambiente, e, consequentemente, prejudicam a vida da população em formas de enchentes, alagamentos, diminuição da qualidade da água associada aos despejos de resíduos sólidos no escoamento pluvial. As principais causas dos impactos citados são em função dos sistemas de drenagem mal projetados e mal executados, pois as maiorias destes, especificamente no Brasil, buscam somente a velocidade para escoar a água precipitada o mais rápido possível. 2.1 Definição e caracterização de processos hidrológicos Pinto et al (2011) define hidrologia como a ciência que estuda a água, suas propriedades, fenômenos bem como a sua distribuição por toda a superfície da Terra. Para Webster (1961), hidrologia é o estudo da água na superfície terrestre, no solo ou em rochas, e na atmosfera, quando se trata de evaporação e precipitação. Wisler e Brater (1964) definem que hidrologia é “a ciência das várias partes do ciclo hidrológico”, que trata do controle sobre a perda e recarga de recursos hídricos e do transporte de água, seja pelo ar, pela terra, pela superfície ou abaixo dela. A Hidrologia é uma ciência recente. Apesar de certas noções básicas terem sido conhecidas e aplicadas pelo Homem há muito tempo, como o atestam os registros egípcios sobre as enchentes do Nilo datados do ano 3.000 a.C. e as evidências de medidas de precipitação pluvial na Índia feitas em 350 a.C.; a concepção geral do ciclo hidrológico só começou a tomar forma na Renascença com Da Vinci e outros (PINTO et al, 2011, pág. 1). Entende-se que a hidrologia é fundamental em qualquer sociedade, pois está presente em estudos de planejamento de obras civis, economia, controle de recursos hídricos, preservação do meio ambiente entre outros. Afinal, qualquer interação,manipulação ou uso da água hoje em dia, é baseado em algum estudo prévio (GARCEZ; ALVAREZ, 1988). 9 2.1.1 Ciclo hidrológico Ciclo hidrológico é o processo natural de evaporação, condensação, precipitação, detenção e escoamento superficial, infiltração, percolação da água no solo e nos aquíferos, escoamentos fluviais e as relações entre essas partes (RIGHETTO, 1998 apud AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS, 2012). O ciclo se inicia com a energia solar evaporando as águas dos oceanos, rios e lagos da superfície terrestre. O vapor decorrente é transportado pelo movimento das massas de ar, que é condensado, formando nuvens que podem gerar precipitação. A maior parte desta precipitação fica retida temporariamente no solo próximo de onde caiu, que, sua por sua vez volta à atmosfera em forma de evaporação e transpiração das plantas. Outra parte da água que sobra, entra no subsolo, escoa sobre os corpos d’agua e recarrega os aquíferos subterrâneos (ANA, 2012). A Figura 1 demonstra como ocorrem essas relações. FIGURA 1 – Ciclo hidrológico Fonte: USGS – United States Geological Survey, 2017 De acordo com ANA (2012) o ciclo hidrológico pode parecer contínuo, porém na realidade é bastante diferente, pois o movimento que a água faz em cada processo do ciclo ocorre de forma bastante aleatória, variando conforme espaço e tempo. Em algumas circunstâncias a natureza pode trabalhar com excessos, 10 provocando chuvas torrenciais que ultrapassam o limite de suporte dos cursos d’água, provocando inundações, ora parece que todo o ciclo parou completamente, ora varia entre enchentes e em secas. 2.1.2 Precipitação Caracteriza-se precipitação, toda a água que cai sobre a superfície terrestre, seja em forma de chuva, neve, orvalho, granizo, neblina ou geada. De acordo com Pinto et al (2011) toda água que escoa nos rios, mares ou que estão armazenadas na superfície terrestre, podem ser consideradas resíduos de precipitações. Os principais tipos de precipitação são (PINTO et al, 2011): Ciclônicas: causadas pela movimentação de massas de ar de regiões de alta pressão para regiões de baixa pressão, a diferença de pressão entre regiões é causada pelo aquecimento desigual da superfície terrestre. Costumam ter longa duração e se estendem por grandes áreas, com intensidades baixas ou médias. A precipitação ciclônica pode ser frontal (que é a ascensão do ar quente sobre o ar frio) ou não frontal (quando o ar converge horizontalmente em áreas de baixa pressão). Convectivas: quando a superfície é aquecida de forma desigual são formadas camadas de ar com densidades diferentes, essas camadas dispõem-se de acordo com sua temperatura com um equilíbrio instável, e quando fatores como vento ou superaquecimento rompem esse equilíbrio, o ar menos denso atinge uma ascensão brusca de grandes altitudes. As precipitações convectivas são rápidas e intensas, atingindo uma pequena área. Orográficas ou de relevo: ocorre quando uma corrente de ar úmido se choca com barreiras naturais como montanhas. 2.2 Características físicas de uma bacia hidrográfica Tucci (2014) define bacia hidrográfica como uma área de captação natural de água decorrente de precipitações, no qual sua formação geográfica contribui para que aconteça o escoamento direcionado a um único ponto, ela é formada por um 11 grupo de declives e de uma rede de drenagem resultante do curso feito pela água até o leito de um rio. As características topográficas, geológicas, geomorfológicas, pedológicas e térmicas influenciam diretamente no desempenho hidrológico de uma bacia, que também é influenciado pelo tipo de cobertura que ela possui (GARCEZ; ALVAREZ, 1988). Deve-se ressaltar que com o passar dos anos diversos autores buscaram definir a natureza de uma bacia hidrográfica baseados nas áreas mais concentradas de determinadas redes de drenagem e chegaram a conclusões semelhantes (TEODORO et al, 2007). 2.2.1 Característica morfométrica Segundo Antonelli e Thomaz (2007) a caracterização morfométrica consiste na realização de medições do corpo e formato da bacia, e, através destes dados, são possíveis análises de áreas específicas. Esses parâmetros revelam aspectos individuais de locais, diferenciando áreas homogêneas. Através dessa diferenciação é possível a visualização de áreas mais vulneráveis e com maiores alterações ambientais. 2.2.2 Hierarquia fluvial Christofoletti (1980) afirma que a hierarquia fluvial consiste na classificação dos canais existentes em uma rede de drenagem, a fim de se estabelecer um curso para o escoamento da água, abordando o tema por meio do método criado por Strahler em 1952, que afirma que canais de primeira ordem surgem na nascente e percorrem seu caminho até as confluências (encontro de dois canais), desse encontro surgem os canais de segunda ordem que quando se encontram formam os de terceira ordem e assim vão ocorrendo confluências gradualmente. 2.2.3 Índice de circularidade Segundo Christofoletti (1980) o coeficiente de circularidade pode ser definido como a relação entre a área da bacia e um círculo de área igual. Quanto mais próximo de um for este resultado, mais circular será o formato da bacia, favorecendo 12 assim a ocorrência de enchentes, uma vez que toda a sua forma contribuiria para o escoamento de água quando for atingido seu tempo limite de concentração. 2.2.4 Índice de forma Lima (1996), conclui que este índice relaciona a área de uma determinada bacia com o seu comprimento, obtendo assim um coeficiente que definirá qual a chance de ocorrer uma enchente em sua área total. Quanto menor o número resultante, menor será a possibilidade de uma enchente ocorrer simultaneamente em toda a sua extensão (VILLELA; MATTOS, 1975). 2.2.5 Densidade de drenagem Horton (1945) aborda este parâmetro como sendo a relação entre o comprimento total dos canais de escoamento em quilômetros com a área da bacia hidrográfica. A densidade de drenagem de uma bacia está diretamente ligada com as características geológicas da mesma, por exemplo, solos com predominância de superfícies rochosas possuem maior capacidade de escoamento, dificultando a infiltração da água. 2.2.6 Sinuosidade De acordo com Villela e Mattos (1975) e Christofoletti (1980) pode-se definir como índice de sinuosidade a relação entre a distância do canal principal e o comprimento do rio principal. A sinuosidade encontrada durante o percurso determina a velocidade de escoamento da água em uma determinada bacia hidrográfica. Obtendo-se resultados mais próximos a um, pode-se concluir que o curso de água é de baixa sinuosidade, ou seja, a água escoa de maneira mais rápida. 2.2.7 Declividade O índice de declividade pode ser encontrado através da diferença de cotas entre dois pontos (maior altitude e menor altitude da bacia), dividida pelo 13 comprimento total entre estes dois pontos. Quanto maior for a declividade obtida, maior também será a velocidade de escoamento por decorrência da ação da gravidade e maior serão as variações das vazões instantâneas (PORTO, 2006). 2.3 Impactos ambientais em bacias hidrográficas Com considerável destaque nas discussões acerca da questão ambiental, é de fundamental importância conhecer e entender quais as principais atividades humanas e naturais de maior impacto sobre as bacias hidrográficas, para a conservação da qualidade e quantidade de água, considerando sua função no ciclo hidrológico, além de ajudar nas discussões sociais sobre o futurodas bacias hidrográficas. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) define impacto ambiental como: Para efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais (CONAMA, Artigo 1° da Resolução n.º 001/86). Dentre os impactos ambientais podem-se citar a ocupação inadequada e desabamento de terras, salinização, compactação, impermeabilização, crescimento demográfico desordenado, erosão, queimadas, irrigação, perda da flora e fauna, desertificação (que é a forma mais grave de degradação ambiental) e perda da biodiversidade, esta última que é acelerada pela ação antrópica que em conjunto com fenômenos climáticos cada vez mais frequentes, tais como: terremotos, inundações, tornados, furacões, erupções vulcânicas e maremotos, deixam efeitos negativos no meio ambiente, incluindo as bacias hidrográficas que são direta ou indiretamente afetadas por estas ações (NETTO et al, 1998). Como dito anteriormente, os impactos ambientais que afetam as bacias hidrográficas podem ser de origem natural ou antrópica, esta última é causada pela ação humana, vide a Tabela 1 que identifica os principais impactos conhecidos bem como sua natureza. 14 TABELA 1 – Impactos ambientais antrópicos e naturais Impactos Ambientais Impactos Naturais Erupções vulcânicas, terremotos, inundações, tornados, furacões e maremotos. Impactos Antrópicos Diminuição da matéria orgânica, compactação, impermeabilização, salinização, desabamento de terras, contaminação, desmatamento das matas ciliares, crescimento demográfico, queimadas, irrigação, mineração, erosão e desertificação. Fonte: Comissão das Comunidades Europeias (2006). Adaptado Um dos impactos antrópicos mencionados na Tabela 1 é a erosão, também conhecida como erosão hídrica, que é causada pela água das chuvas e é identificada como a principal causa de empobrecimento do solo, sobretudo nas bacias hidrográficas. Ocorre nesse processo a desintegração estrutural do solo pelo impacto da água da chuva e o material que ficou solto devido a este impacto é removido do terreno e levado normalmente para o fundo dos vales. De acordo com Ruhe (1975) e Bahía (1992) (apud ARAÚJO et al 2009), a força deste processo de erosão, deriva entre outros do clima, resistência do solo, água da natureza da comunidade vegetal existente e também das condições associadas ao manejo do solo. Netto et al (1998) destaca o desmatamento como outro fator de grande degradação, que em função das atividades agrícolas e minerais aplicadas com técnicas inadequadas e com o emprego de agroquímicos, geram impactos tanto em magnitudes físicas e biológicas quanto sociais. Além de ser um dos grandes responsáveis pelo desencadeamento de processos erosivos, a retirada da cobertura vegetal influencia diretamente na qualidade ambiental da área em questão, pois com a diminuição da área de mata, a tendência é a elevação da temperatura local, gerando certo desconforto térmico à população residente, caso haja. Neste cenário, é de suma importância ressaltar as práticas de manejo, conservação das águas, conservação e reposição das matas ciliares e retiradas do solo superficial, visto que deste modo as condições dessas bacias podem ser modificadas do seu estado natural, uma vez que o transporte de sedimentos para o leito da bacia e demais cursos de água podem resultar numa variação da qualidade da água e até mesmo assoreamento, diminuindo assim a vida útil das bacias hidrográficas (JÚNIOR, 2012). 15 2.4 Impactos da urbanização na dinâmica hidrológica Para Tucci e Bertoni (2003), o ciclo hidrológico pode ser considerado um sistema em equilíbrio em condições naturais e é constituído por diferentes processos físicos, químicos e biológicos. Quando o homem entra dentro desse sistema e traz consigo a urbanização, dependendo da intensidade da ação e os níveis de alterações no meio ambiente, ocorrem grandes modificações na dinâmica do ciclo da água. A forma de ocupação do solo e o aumento das superfícies impermeáveis na maior parte das bacias localizadas no perímetro urbano são decorrências diretas do desenvolvimento urbano desordenado, provocando inundações e deslizamentos, que ligado a este fator antrópico fica mais suscetível aos processos erosivos (FILHO et al 2003 apud SILVA, 2010). Na medida que a população impermeabiliza o solo e acelera o escoamento através de condutos e canais a quantidade de água que chega ao mesmo tempo no sistema de drenagem aumenta produzindo inundações mais frequentes do que as que existiam quando a superfície era permeável e o escoamento se dava pelo ravinamento natural. Esta inundação é devido à urbanização ou a drenagem urbana (TUCCI; BERTONI, 2003, pág. 45). Tendo em vista a exposição dos autores acima é de suma importância ressaltar que esse processo de urbanização sem planejamento já trouxe e continua trazendo complicações para as águas urbanas de forma direta da seguinte forma (TUCCI; BERTONI, 2003): Altera cobertura vegetal. Diminui a capacidade de absorção do solo. Gera maior quantidade de água na superfície. Diminui o lençol freático. Diminui a perda de água para a atmosfera por evaporação do solo. Aumenta diretamente o escoamento superficial. Potencializa os efeitos de enchentes e dos processos erosivos. 16 3 ESTUDO DE CASO 3.1 Caracterização da região de estudo A bacia do Ribeirão Anhumas, alvo dos estudos realizados nesse trabalho, tem uma área aproximada de 150 km² e corta o município de Campinas/SP (FIGURA 2). Em toda a sua extensão cerca de 50% da área total da bacia encontra- se urbanizada e 10% totalmente impermeabilizada por conta das vias urbanas em seus arredores. Nos dias atuais aproximadamente 500 mil pessoas habitam a área entre seus divisores e os números continuam a subir por conta do avanço da urbanização (IBGE, 2010). Situada nas coordenadas 22°45’ e 22°56’ de latitude sul e 46°58’ e 47°07’ de longitude oeste. Essa região abrange um território entre o planalto atlântico e uma depressão periférica. Sua extensão é cercada por colinas médias e amplas em suas extremidades (INSTITUTO GEOLÓGICO, 1993). FIGURA 2 – Localização da bacia hidrográfica do Ribeirão Anhumas Fonte: www.iac.sp.gov.br/projetoanhumas/localiza, 2017 A área do Ribeirão Anhumas escolhida para estudo localiza-se na Macrozona 4 do município de Campinas/SP (FIGURA 3), entre os Bairros Vila Madalena e Jardim Bela Vista. Esta Macrozona concentra a maior parte da infraestrutura e consequentemente a maior parte da população, comércio e de indústrias. Pode-se 17 caracterizar esta região como a mais antiga da cidade, desta forma, foi a mais afetada pelo processo histórico de ocupação e pela geração de agentes poluidores que atacam diretamente o meio ambiente (PREFEITURA DE CAMPINAS, 2006). Segundo Torres, Adami e Coelho (2014) o adensamento urbano na área estudada é variado, pois pode-se observar um grande investimento em infraestrutura na região, em relação ao tráfego viário e drenagem urbana, porém é notável a presença de um número considerável de sub-habitações nos arredores da mesma. A falta de planejamento urbano e condições adequadas de saneamento nos pontosmais pobres, facilitaram a degradação das margens do Ribeirão Anhumas. Determinados pontos recebem tanto o lixo decorrente dos moradores vizinhos quanto dos detritos trazidos pela água dos bairros mais altos, explicando o evento de enchentes e o assoreamento de resíduos no canal. FIGURA 3 – Macrozona 4 do município de Campinas/SP Fonte: www.campinas.sp.gov.br/governo/seplama/macrozonas/macrozona4, 2017 18 3.2 Aspecto socioeconômico da região Segundo o IBGE (2014) a cidade de Campinas possui um Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de 0,805 o que a coloca na faixa de desenvolvimento humano muito alto e um Produto Interno Bruto (PIB) de 49,9 bilhões, deixando-a numa colocação em evidência quando se trata das cidades mais ricas do Brasil, superando até mesmo, sozinha, alguns estados. Na cidade são coletados em média 850 toneladas de resíduos sólidos domiciliares por dia, isso representa por volta de 0,750 kg/dia por pessoa. Com a falta de locais para aterros e pela preocupação ambiental, a prefeitura de Campinas tem implantado processos seletivos de coleta de lixo visando separar resíduos que possam ser reciclados (PREFEITURA DE CAMPINAS, 2017). Regiões mais próximas ao centro localizam-se bairros de alta renda, e, por outro lado, as populações de renda média ou baixa circundam esta área central em bairros de ocupações mais antigas. As atividades industriais da macrozona são segregadas pela Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS)1, deste modo as áreas industriais são localizadas ao longo das rodovias, sendo poucas as atividades industriais distribuídas na área urbana mais forte (PREFEITURA DE CAMPINAS, 2006). Ainda para a Prefeitura de Campinas (2006), sub-habitações ocupam as áreas públicas de loteamentos, a maioria delas encontra-se em bairros de classe média e alta, como as comunidades localizadas na região do Anhumas, Jardim Flamboyant, Vila Brandina, Jardim São Fernando entre outras e principalmente aquelas localizadas na região entre as Rodovias Anhanguera – SP 330, Bandeirantes – SP 348 e Santos Dumont – SP 075. A região sofre com o forte nível de mudanças nas condições naturais dos terrenos, ocupações inadequadas dos vales e planícies fluviais e a saturação da infraestrutura em alguns pontos, gerados pelo crescimento urbano desenfreado, condicionando problemas ambientais, tais como enchentes e a deterioração da qualidade das águas dos rios. Problemas de enchentes estão ligados ao sistema de drenagem que não mais atende à demanda gerada pela bacia de contribuição, em 1 Ferramenta para planejamento de uma cidade, visando sua funcionalidade, qualidade de vida e distribuição. Esta lei é elaborada com a participação da sociedade. 19 função do aumento de áreas impermeabilizadas pela ocupação de fundos de vales e áreas de inundação (PREFEITURA DE CAMPINAS, 2006). 3.3 Aspecto fisiológico e geológico O Ribeirão Anhumas é formado nas proximidades do cruzamento da Avenida Orozimbo Maia com a Via Norte/Sul pela junção dos córregos Orozimbo Maia e Proença, drenando grande parte da Macrozona 4 (FIGURA 3), indo desaguar na margem esquerda do Rio Atibaia. Em sua bacia de drenagem ficam situadas inúmeras indústrias de pequeno, médio e grande porte, doze hospitais e um cemitério. A bacia é ainda cortada por duas rodovias, a Dom Pedro I e a SP-340. Isso faz com que boa parte da área urbana em expansão da cidade de Campinas esteja localizada nas proximidades da bacia do Anhumas. Segundo o IGBE (2007), “um levantamento pedológico é um prognóstico da distribuição geográfica dos solos como corpos naturais, determinados por um conjunto de relações e propriedades observáveis na natureza.”, desta forma Coelho et al (2003) definiu dezessete unidades de mapeamento no da bacia do Ribeirão Anhumas bem como a sua distribuição dos diferentes tipos de solos encontrados nessas unidades (GRÁFICO 1). O Instituto Agronômico de Campinas (IAC) também definiu os tipos de solos encontrados na Macrozona 4 (ANEXO A). GRÁFICO 1 – Tipos de solos nas unidades Fonte: www.iac.sp.gov.br/projetoanhumas/pdf/010528.pdf (2005). Adaptado 33% 12% 1% 50% 4% Latossolos vermelhos Latossolos vermelhos- amarelos Argilosso vermelho Argilossos vermelho-amarelo Gleissolo 20 Diante do Gráfico 1, pode se destacar que (COELHO et al, 2003): Latossolos, localizados na porção oeste, noroeste e nordeste, representam 45% do tipo de solo encontrado e são caracterizados entre profundo a muito profundo, o qual permite facilmente a infiltração da água. Argissolos, localizados na porção sul, sudeste, leste (área onde se encontra maior urbanização consolidada) e noroeste acompanhando o leito do Ribeirão. Representam 51% do tipo de solo encontrado, possuindo uma maior concentração de argila e, desta forma, apresentam uma maior resistência à infiltração, acelerando o processo de escoamento. Gleissolos ocupam as planícies fluviais que acompanham a rede de drenagem no Ribeirão das Anhumas, representam apenas 4% do tipo de solo encontrado, reconhecido por serem solos de mal a muito mal drenados com características influenciadas pelo excesso de umidade permanente ou temporário, ocasionado pela proximidade do lençol freático à superfície. Com diferentes graus de impermeabilização nas áreas do Ribeirão Anhumas, seu índice se tornou tão alto a ponto de impedir a infiltração da água da chuva, causando um déficit na recarga do lençol freático e aumentando o escoamento superficial que causa alagamentos em determinados pontos da cidade de Campinas. Estes fatos podem ser observados através dos dados obtidos pelo Centro de Pesquisas Meteorológicas Aplicadas à Agricultura (CEPAGRI) no período de 24 anos (TABELA 2). TABELA 2 – Estação meteorológica de 1988 – 2012 MÊS TEMPERATURA DO AR (ºC) CHUVA (mm) UMIDADE (%) Média Máxima Média Máxima Absoluta Mínima Média Mínima Absoluta Média Máxima 24 hrs 9 hrs 15 hrs SET 21,80 27,80 37,60 15,80 5,60 59,50 48,00 68 43 OUT 23,30 29,10 37,40 17,60 9,40 123,50 110,40 70 46 NOV 23,80 29,30 36,80 18,30 10,90 155,60 88,00 72 49 Fonte: Cepagri/Feagri – Unicamp (2012). Adaptado 21 3.4 Caracterização do trecho do córrego em estudo O estudo do córrego Anhumas foi dividido em duas partes escolhidas aletoriamente nas proximidades dos bairros Vila Madalena e Jardim Bela Vista na cidade de Campinas/SP, sendo o primeiro ponto o trecho natural e o segundo, artificial. Realizou-se uma entrevista com perguntas abertas para cada trecho, como será apresentado nos tópicos 3.4.1 e 3.4.2. Os trechos podem ser verificados como ilustrado na Figura 4: FIGURA 4 – Vista aérea dos pontos estudados Fonte: Google Earth, 2017. De acordo com Venturini (2017)2 para o cálculo dos parâmetros hidráulicos deve-se primeiramente coletar dados como: largura do córrego, altura de lâmina d’água, altura total e declividade. E, para isto, utilizou-se materiais como vara de pesca, martelo, fita métrica, trena digital, estacas e bolas de chumbo e isopor (FIGURA 5). 2 VENTURINI, Maria Alice. Professora Doutora da disciplina de Hidráulica e Hidrologia Aplicada do curso de Engenharia Civil da Universidade Paulista – UNIP. Nota de aula em 22 de Agosto de 2017. 22 FIGURA 5 – Materiais usados para coletar dados Fonte: Próprio autor (2017). 3.4.1 Trecho natural Em entrevista a BP (82) que mora há mais de 50 anos nas redondezasda parte natural do córrego Anhumas, comentou que esta área inunda bastante mesmo após a pavimentação da Rua Eduardo Nogueira no entorno do córrego que aconteceu há cerca de aproximadamente três anos (FIGURA 11). Ele relatou também que antigamente era melhor para se viver ali, pois sem esta pavimentação a frequência de alagamentos era muito menor, pois a água não encontrava tantos obstáculos como atualmente (FIGURA 17 – 18). Os locais utilizados para coletar os dados morfométricos do córrego foram em uma ponte sobre o mesmo, seguido do primeiro ponto para o cálculo da velocidade, próximo à Rua Eduardo Nogueira às margens de um campo de futebol (FIGURA 6). Nas figuras a seguir o grupo reuniu os dados necessários para o cálculo dos parâmetros hidráulicos, que será mostrado no tópico 4, e registrou, por meio de imagens, os resíduos encontrados às margens do córrego (FIGURA 7 – 18). 23 FIGURA 6 – Vista aérea do trecho natural Fonte: Google Earth, 2017. FIGURA 7 – Vista aérea do fluxo de água Fonte: Próprio autor (2017). FIGURA 8 – Vista aérea do córrego Fonte: Próprio autor (2017). FIGURA 9 – Resíduos encontrados ao redor do córrego Fonte: Próprio autor (2017). FIGURA 10 – Resíduos encontrados às margens do trecho natural Fonte: Próprio autor (2017). Materiais de construção civil Lixo doméstico Móveis MONTANTE JUSANTE Lixo doméstico Materiais de construção civil 24 FIGURA 11 – Região de enchentes relatados por BP (50) Fonte: Próprio autor (2017). FIGURA 13 – Fixação da primeira estaca para medição de velocidade Fonte: Próprio autor (2017). FIGURA 12 – Contagem do tempo para cálculo de velocidade Fonte: Próprio autor (2017). FIGURA 14 – Fixação da segunda estaca para medição de velocidade Fonte: Próprio autor (2017). FIGURA 15 – Entorno do córrego a esquerda Fonte: Próprio autor (2017). FIGURA 16 – Entorno do córrego a direita Fonte: Próprio autor (2017). Bola de isopor Lixo doméstico Fluxo de água Galhos Lixo doméstico Primeira estaca Segunda estaca Fluxo de água 25 FIGURA 17 – Redondezas do córrego Fonte: Próprio autor (2017). FIGURA 18 – Redondezas do córrego Fonte: Próprio autor (2017). Observa-se que todo o entorno do córrego encontra-se com resíduos espalhados pela margem com muitos restos de materiais de construção civil, lixos domésticos e galhos de árvore, o qual pode acarretar em possíveis enchentes como mencionado por BP (82). Evidenciando que o córrego apresente um formato geométrico irregular, o grupo considerou o trecho natural como trapezoidal e com 10% de borda livre, o qual será estudado no tópico 4 (FIGURA 19). FIGURA 19 –Desenho esquemático do trecho natural Fonte: Próprio autor (2017). 3.4.2 Trecho artificial Já para a área artificial, VE (47) que mora nas proximidades, argumentou que diminuiu bastante a ocorrência de enchentes e de problemas com lixos após a construção da canalização do córrego. Os locais utilizados para coletar os dados morfométricos do córrego foram em uma ponte sobre o mesmo, seguido do segundo ponto para o cálculo da velocidade, próximo à Rua Eduardo Nogueira (FIGURA 20). Nas figuras a seguir o grupo reuniu os dados necessários para o cálculo dos parâmetros hidráulicos, que será mostrado no tópico 4, e registrou, por meio de imagens, os resíduos encontrados às margens do córrego (FIGURA 21 – 30). Fluxo de água 26 FIGURA 20 – Vista aérea do trecho artificial Fonte: Google Earth, 2017. FIGURA 21 – Vista aérea do fluxo de água Fonte: Próprio autor (2017). FIGURA 22 – Vista aérea do córrego Fonte: Próprio autor (2017). FIGURA 23 – Resíduos encontrados Fonte: Próprio autor (2017). FIGURA 24 – Vegetações encontradas Fonte: Próprio autor (2017). Lixo doméstico Vegetação MONTANTE JUSANTE 27 FIGURA 25 – Região de enchentes relatados por VE (47) Fonte: Próprio autor (2017). FIGURA 26 – Contagem do tempo para cálculo de velocidade Fonte: Próprio autor (2017). FIGURA 27 – Entorno do córrego a esquerda Fonte: Próprio autor (2017). FIGURA 28 – Entorno do córrego a direita Fonte: Próprio autor (2017). FIGURA 29 – Utilização da vara para medir o fundo Fonte: Próprio autor (2017). FIGURA 30 – Fixação de estacas para medição de velocidade Fonte: Próprio autor (2017). Bola de isopor Estaca 28 Observa-se que, neste caso, todo o entorno do córrego encontra-se limpo exceto por alguns resíduos no meio do canal. Após a coleta dos dados desenhou-se este trecho conforme Figura 31 (com 10% de borda livre), o qual será estudado no tópico 4. FIGURA 31 – Desenho esquemático do trecho artificial Fonte: Próprio autor (2017). 29 4 PARÂMETROS HIDRÁULICOS DO CÓRREGO ANHUMAS De acordo com Soares (2011), parâmetros hidráulicos “são dimensões características da seção geométrica por onde flui o líquido”. Entre essas dimensões pode-se destacar a velocidade, área molhada, seção e também a profundidade do córrego, que são as características que mais variam ao longo do trecho de escoamento e de suma importância para análise de eventos que ocorrem no mesmo em questão, auxiliando diretamente no reconhecimento e solução de problemas (PAIVA et al, 2017). Desta forma, após o levantamento dos dados necessários, iniciou-se os cálculos pela Equação da área molhada (4.1): Am = (B + b) 2 ∙ y (4.1) Onde: Am = área molhada (m²); B = base maior (m); b = base menor (m); y = altura de lâmina d’água (m). A fim de se obter melhores resultados, foi considerado o córrego com 10% de borda livre da altura total de cada trecho. Substituindo os valores obtidos dos trechos na Equação (4.1), obteve-se os resultados da Tabela 3: TABELA 3 – Área molhada dos trechos TRECHO 1 (NATURAL) B1 = 55,70 m b1 = 18,10 m y1 = 4,77 m Am1 = 176,01 m² TRECHO 2 (ARTIFICIAL) B2 = 12,43 m b2 = 5,00 m y2 = 3,60 m Am2 = 31,37 m² Fonte: Próprio autor (2017). 30 O perímetro molhado é calculado pela Equação (4.2): Pm = a1+ b + a2 (4.2) Onde: Pm = perímetro molhado (m); b = base menor (m); a1 = medida lateral a esquerda do córrego (m); a2 = medida lateral a direita do córrego (m). Substituindo os valores obtidos dos trechos na Equação (4.2), obteve-se os resultados da Tabela 4: TABELA 4 – Perímetro molhado dos trechos TRECHO 1 (NATURAL) b1 = 18,10 m a1 = 23,49 m a2 = 15,36 m Pm1 = 56,95 m TRECHO 2 (ARTIFICIAL) b2 = 5,00 m a1 = 4,84 m a2 = 5,53 m Pm2 = 15,37 m Fonte: Próprio autor (2017). De acordo com Venturini (2017), o raio hidráulico econômico é aquele que apresenta a maior vazão de água em uma menor área, apresentando um valor entre 0,95 < Rh < 1,05 e é calculado pela Equação do raio hidráulico (4.3): Rh = Am Pm (4.3) Onde: Rh = raio hidráulico (m); Am = área molhada (m²); Pm = perímetro molhado (m). 31 Substituindo os valores obtidos dos trechos na Equação (4.3), obteve-se os resultados da Tabela 5: TABELA 5 – Raio hidráulico dos trechos TRECHO 1 (NATURAL) Am1 = 176,01 m² Pm1 = 56,95 m Rh1 = 3,09 m TRECHO 2 (ARTIFICIAL) Am2 = 31,37 m² Pm2 = 15,37 m Rh2 = 2,04 m Fonte: Próprioautor (2017). Em seguida, será exposto a Equação da Superfície Molhada (4.4): Sm = B (4.4) Onde: Sm = superfície molhada (m); B = base maior (m). Substituindo os valores obtidos dos trechos na Equação (4.4), obteve-se os resultados da Tabela 6: TABELA 6 – Superfície molhada dos trechos TRECHO 1 (NATURAL) B1 = 55,70 m Sm1 = 55,70 m TRECHO 2 (ARTIFICIAL) B2 = 12,43 m Sm2 = 12,43 m Fonte: Próprio autor (2017). 32 Para o cálculo da vazão, será necessário antes, obter a declividade do fundo do canal através da Equação (4.5): I = CotaMAIOR - CotaMENOR ∑ LT (4.5) Onde: I = declividade do fundo do canal (m/m); CotaMAIOR = cota de maior altura entre os dois trechos (m); CotaMENOR = cota de menor altura entre os dois trechos (m). Substituindo os valores na Equação (4.5): I = 631 - 628 175 = 0,02 m/m Em seguida, através da Equação de Manning (4.6), calculou-se a vazão dos trechos: Q = 1 n ∙ Am ∙ Rh 2 3 ∙ √I (4.6) Onde: Q = vazão (m³/s); n = coeficiente de rugosidade de Manning (adimensional); Am = área molhada (m²); Rh = raio hidráulico (m); I = declividade do fundo do canal (m/m). Segundo Venturini (2017), o coeficiente de rugosidade usual para o trecho natural é de n = 0,035 (espécies verticais) e para o artificial, n = 0,015 (concreto com acabamento). Substituindo os valores obtidos dos trechos na Equação (4.6), obteve- se os resultados da Tabela 7: 33 TABELA 7 – Vazão dos trechos TRECHO 1 (NATURAL) n = 0,035 Am1 = 176,01 m² Rh1 = 3,09 m I = 0,02 m/m Q1 = 1.397,09 m³/s TRECHO 2 (ARTIFICIAL) n = 0,015 Am2 = 31,37 m² Rh2 = 2,04 m I = 0,02 m/m Q2 = 440,71 m³/s Fonte: Próprio autor (2017). Para analisar o tipo de escoamento em cada trecho, é necessário o cálculo da vazão unitária, altura crítica e energia específica. Iniciando pela Equação da Vazão Unitária (4.7): q = Q B (4.7) Onde: q = vazão unitária (m³/s.m); Q = vazão (m³/s); B = base maior (m). Substituindo os valores obtidos dos trechos na Equação (4.7), obteve-se os resultados da Tabela 8: TABELA 8 – Vazão unitária dos trechos TRECHO 1 (NATURAL) Q1 = 1.397,09 m³/s B1 = 55,70 m q1 = 25,08 m³/s.m TRECHO 2 (ARTIFICIAL) Q2 = 440,71 m³/s B2 = 12,43 m q2 = 35,46 m³/s.m Fonte: Próprio autor (2017). 34 Em seguida, utiliza-se a Equação da Altura Crítica (4.8): y c = √ q2 g 3 (4.8) Onde: yc = altura crítica (m); q = vazão unitária (m³/s.m); g = gravidade (m/s²). Substituindo os valores obtidos dos trechos na Equação (4.8), obteve-se os resultados da Tabela 9: TABELA 9 – Altura crítica dos trechos TRECHO 1 (NATURAL) q1 = 25,08 m³/s.m g = 9,81 m/s² yc1 = 4,00 m TRECHO 2 (ARTIFICIAL) q2 = 35,46 m³/s.m g = 9,81 m/s² yc2 = 5,04 m Fonte: Próprio autor (2017). E por último, para análise do tipo de escoamento, calcula-se a Equação da Energia Específica (4.9): E = y + q2 2 ∙ g ∙ y2 (4.9) Onde: E = energia espcífica (m); y = altura de lâmina d’água (m); q = vazão unitária (m³/s.m); g = gravidade (m/s²). Substituindo os valores obtidos dos trechos na Equação (4.9), obteve-se os resultados da Tabela 10: 35 TABELA 10 – Energia específica dos trechos TRECHO 1 (NATURAL) y1 = 4,77 m q1 = 25,08 m³/s.m g = 9,81 m/s² E1 = 6,18 m TRECHO 2 (ARTIFICIAL) y2 = 3,60 m q2 = 35,46 m³/s.m g = 9,81 m/s² E2 = 8,54 m Fonte: Próprio autor (2017). Diante dos cálculos efetuados, um resumo geral dos parâmetros hidráulicos foi exposto para cada trecho (TABELA 11): TABELA 11 – Parâmetros hidráulicos dos trechos PARÂMETROS HIDRÁULICOS TRECHO 1 (NATURAL) TRECHO 2 (ARTIFICIAL) Am (m²) 176,01 m² 31,37 m² Pm (m) 56,95 m 15,37 m Rh (m) 3,09 m 2,04 m Sm (m) 55,70 m 12,43 m Q (m³/s) 1.397,09 m³/s 440,71 m³/s q (m³/s.m) 25,08 m³/s.m 35,46 m³/s.m yc (m) 4,00 m 5,04 m E 6,18 m 8,54 m Fonte: Próprio autor (2017). Pode-se analisar que até mesmo para o trecho artificial o raio hidráulico ainda não é econômico, resultado de um mal planejamento de projeto e/ou execução, o que se evidencia na ocorrência de enchentes em períodos de chuvas. Por meio dos cálculos consegue-se analisar o tipo de escoamento para cada trecho (FIGURA 32). 36 FIGURA 32 – Tipo de escoamento Fonte: Próprio autor (2017). 37 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Para realização deste trabalho pesquisou-se referências bibliográficas de grandes autores que servissem como uma boa introdução ao tema abordado, enriquecendo o conhecimento teórico e prático referente a drenagem urbana, dimensionamento de córregos e conhecimento da área em questão que será imprescindível para o crescimento acadêmico de todos. Após todas as averiguações práticas com a utilização de softwares como Google Earth, Excel e AutoCAD foi possível verificar que não foram consideradas todas as variáveis no período em que foi construído o trecho artificial, visto que a forte urbanização no entorno aumentou consideravelmente a área de solo impermeabilizado, fazendo então com que o córrego receba mais água do que o previsto ocasionando enchentes cada vez mais severas em períodos intensos de chuvas, como relatam os próprios moradores. Por se tratar de um trabalho teórico, não foi realizado nenhum orçamento para verificação precisa da viabilidade financeira afim de se redimensionar o canal para evitar tais transbordamentos. Porém, através dos cálculos apresentados, sugere-se então diminuir a base do canal, consequentemente o seu raio hidráulico também diminuiria, ou seja, uma maior vazão de água seria transportada em uma menor área. É necessário também que sejam adotadas medidas não estruturais, para que sejam minimizados os reflexos dos impactos ambientais sobre o córrego, principalmente no trecho natural. Essas ações devem ser planejadas e integradas com a comunidade local, considerando as dinâmicas antrópicas, sociais e econômicas da região, de forma a evitar a transferência dos problemas ambientais para o ambiente. Os demais itens do trabalho foram executados de maneira mais eficiente por todos, visto que a quantidade e qualidade de material disponível na biblioteca, notas de aula e conteúdo da internet foi satisfatória. 38 REFERÊNCIAS ANA – AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Hidrologia Básica. ANA – Agência Nacional de Águas, Brasil, p. 1-55, jan. 2012. Disponível em: <https://capacitacao.ead.unesp.br/dspace/handle/ana/66>. Acesso em: 10 set. 2017. ANTONELLI, Valdemir; THOMAZ, Edivaldo Lopes. Caracterização do meio físico da Bacia do Arroio Boa Vista. 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