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Coordenação de Direito Período: 2º Período Disciplina: Direito Penal I Professor: Gustavo Mendes Tupinambá Aluno(a): ______________________________________________ Turma: ______ Data: ____/ ____/ ____ TEXTO 01 DIREITO PENAL DISPOSIÇÕES GERAIS 1. Denominação Direito Penal – Crítica – Maior ênfase à pena em detrimento à medida de segurança. Tônica sobre a natureza repressiva (retributiva) em prejuízo à natureza preventiva. – Defesa – A pena é condição jurídica de existência do crime. A medida de segurança tem natureza retributiva, por conseguinte é sanção com matiz penal. Direito Criminal – Crítica – A finalidade da disciplina é coibir o crime, tendo como principal instrumento a pena. No Brasil, historicamente só foi utilizada no Código Criminal do Império de 1830. – Defesa – Visa, sobretudo, a evitar o crime, destinando-se a quem o tenha praticado. Somente se concebe a pena mediante previsão anterior de uma dada modalidade criminosa. Outras denominações – Direito Repressivo (Puglia), Direito Protetor dos Criminosos (Dorado Monteiro), Direito de Defesa Social (Martinez), etc. 2. Finalidade Papel da Constituição na delimitação da finalidade: - Elemento orientador ao legislador (Sedução, Rapto, Adultério – Revogados p/ Lei nº11.106/05) - Elemento limitador ao legislador (Direitos Fundamentais x Poderes Públicos) Posições: - Posição de Feuerbach – Proteção a direitos subjetivos. - Posição de Birnbaum (1834) – Proteção dos bens jurídicos mais importantes mediante cominação, aplicação e execução da pena. - Posição de Günther Jakobs – Proteção à vigência e eficácia da norma. 3. Direito Penal – Concepções Direito Penal Objetivo – Conjunto de normas editadas pelo Estado, definindo crimes e contravenções, isto é, impondo ou proibindo determinadas condutas sob a ameaça de sanção ou medida de segurança, bem como todas as outras que cuidem das questões de natureza penal, v.g., excluindo o crime, isentando de pena, explicando determinados tipos penais. (Rogério Greco). – Conjunto de normas que ligam ao crime, como fato, a pena como conseqüência, e disciplinam também as relações jurídicas daí derivadas, para estabelecer a aplicabilidade das medidas de segurança e a tutela do direito de liberdade em face do poder de punir do estado. (Damásio E. de Jesus). Direito Penal Subjetivo – Possibilidade conferida ao Estado de criar e fazer cumprir suas normas, mediante atividade do Poder Judiciário. Consiste no Jus Puniendi do Estado, ou seja, Dever-Poder de cominar as penas cabíveis aos acusados de prática de ilícito penal (Persecutio Criminis in Judicio). Jus Puniendi x Jus Persequendi (Jus Accusationis) Jus Puniendi – Positivo: resulta da atuação do Poder Legislativo na elaboração de normas penais e do na aplicação aos casos concretos daquelas pelo Poder Judiciário. – Negativo: resulta da restrição de preceitos penais e/ ou da limitação dos alcances daqueles em decorrência de execração do ordenamento jurídico por controle de constitucionalidade. 4. Caracteres do Direito Penal - Cultural – pertence às ciências humanas, do dever-ser, diferente das ciências naturais, do ser. - Normativo – regula os objetos que tutela mediante normas coercitivas. - Valorativo – seleciona os bens a serem tutelados, como se dará a tutela e a sanção a ser aplicada. - Finalístico – destina-se a tutelar os bens considerados fundamentais ao homem, a ultima ratio do direito. - Sancionador – diante do desrespeito à norma, prevê a aplicação de sanções ao transgressor. 5. Garantismo Penal de Luigi Ferrajoli - Resulta da idéia de Estado Constitucional de Direito, que em decorrência de sua rigidez, utiliza-se da concepção piramidal de Hans Kelsen para prevê uma hierarquização de normas responsáveis por assegurar (garantir) os bens mais importantes para o homem e a sociedade, previstos nos direitos fundamentais – assegura a validade da norma em detrimento da irracionalidade dos poderes públicos. - Prevê: - Garantias Primárias - Garantias Secundárias Axiomas Fundantes: - 1. Nulla poena sine crimine - 2. Nullo crimen sine lege - 3. Nulla lex (poenalis) sine necessitate - 4. Nulla necessitas sine injúria - 5. Nulla injúria sine actione - 6. Nulla actio sine culpa - 7. Nulla culpa sine judicio - 8. Nulla judicio sine accusatione - 9. Nulla accusatio sine probatione - 10. Nulla probatio sine defensione 6. Privatização do Direito Penal - Preocupação inicial do Direito Penal quanto ao crime: caráter retributivo e preventivo. - Enfoque atual – vitimologia (Benjamin Mendelson – 1947): retributivo, preventivo e reparador. 7. Fontes do Direito Penal - Espécies: - Fonte de Produção (art. 22, I, CF/ 1988) – Atuação do Estado mediante o Poder Legislativo. - Fonte de Cognição ou Conhecimento (art. 5º, XXXIX, CF/ 1988) – Princípio da Reserva Legal. - Fonte de Cognição Imediata – Lei (sentido estrito). - Fonte de Cognição Mediata – Costumes e Princípios Gerais do Direito. 8. Norma Penal - Normas Sociais x Normas Penais – Efeitos (art. 5º, XXXIX, CF/ 1988 c/ c art. 1º, CP) - Teoria de Binding - Norma Penal x Lei Penal - Norma Penal: tem caráter proibitivo ou mandamental - Lei Penal: tem caráter descritivo da conduta proibitiva ou mandamental - Classificação: - Normas Penais Não Incriminadoras – têm a função de afastar a ilicitude de determinadas condutas (excludentes de ilicitude), afastar a culpabilidade do agente (isenção de pena), esclarecer determinados conceitos e fornecer princípios gerais para a aplicação da lei penal. - Normas Penais Não Incriminadoras Permissivas – têm tratamento diferenciado quanto a determinadas condutas tipicamente penais. - Justificantes – afastam a ilicitude (arts. 23, 24 e 25, CP) - Exculpantes – afastam a culpabilidade (arts. 26, caput e28, § 1º, CP) - Normas Penais Não Incriminadoras Explicativas – esclarecem determinados conceitos (arts. 327 e 150, § 4º, CP) - Normas Penais Não Incriminadoras Complementares – oferecem princípios gerais para aplicação da lei penal (art. 59, CP) - Normas Penais Incriminadoras – têm a função de descrever a conduta delitiva e a sanção correspondente - Normas Penais Perfeitas ou Completas – descreve integralmente, tanto a conduta delitiva como a sanção a ser aplicada. - Normas Penais em Branco – normas que dependem de complementação por outro dispositivo legal para ter aplicabilidade quanto ao seu preceito primário. (art. 16, Lei nº 6.368/ 76, art. 237, CP, c/ c art. 1521, I a VII, CC) - Normas Penais em Branco Homogêneas (sentido amplo) – dependem da mesma fonte legislativa - Normas Penais em Branco Heterogêneas (sentido estrito) – dependem de fonte legislativa diversa - Normas Penais Incompletas (Imperfeitas ou em Branco às Avessas) – normas que dependem de complementação por outro dispositivo legal para ter aplicabilidade quanto ao seu preceito secundário. ( art. 1º, Lei nº 2.889/ 56, c/ c art. 121, § 2º, CP) 9. Interpretação da Lei Penal - Uma vez que o objeto do direito penal é a Lei Penal, a utilização destes dispositivos necessita efetivamente de uma atividade interpretativa - Hermenêutica Jurídica – Área de estudo da Ciência do Direito destinada a desenvolver métodos e técnicas destinadas ao operador do direito para obter mais eficientemente a interpretação da lei, para fins de aplicação prática (indução, dedução, silogismo, etc) - Classificações quanto à Interpretação: - Quanto à vontade: - Legislador – a interpretação obtida leva em consideração as razões que levaram o legislador a editar a lei, desde que seu ato seja fruto de uma representação legítima dos interesses da sociedade. - Lei – a interpretação obtida leva em consideração a razão encerrada no próprio texto legal, qual seja regular as relações humanas na busca por assegurar a própria sociedade. - Quanto ao sujeito: - Autêntica – quando o agente responsável pelo processo interpretativo é o próprio legislador, que a realiza querno próprio texto legal (contextual) ou em texto legal posterior (posterior). - Doutrinária – quando o agente responsável pelo processo interpretativo é o estudioso do direito. - Judicial - quando o agente responsável pelo processo interpretativo é a figura do magistrado, no exercício da atividade jurisdicional. - Quanto ao meio: - Gramatical – processo interpretativo que se utiliza fundamentalmente das regras gramaticais para obtenção do resultado. - Teleológica (Finalística) – processo interpretativo que busca analisar o conteúdo do regramento normativo com base na finalidade para o qual fora criado. - Sistêmica – processo interpretativo que busca analisar o conteúdo do regramento normativo em consonância com os demais dispositivos legais que compõem o ordenamento jurídico. - Histórica – processo interpretativo que busca analisar o conteúdo do regramento normativo baseado nos valores e razões de uma dada época e lugar (costumes e hábitos). - Quanto ao resultado: - Declarativa – o resultado do processo interpretativo corresponde perfeitamente ao que está descrito no texto legal. - Extensiva - o resultado do processo interpretativo supera o que se faz verificar no texto legal. Ex.: art. 235, CP - Restritiva - o resultado do processo interpretativo se demonstra aquém do texto legal. Ex.: art. 28, § 1º, CP. - Analogia e Interpretação Analógica - Analogia – técnica de interpretação integradora voltada a suprir lacunas na Lei que se caracteriza por aplicar o regramento normativo a uma situação fática não regulada por Lei, mas que em face de sua semelhança a uma outra situação fática já regulamentada, possibilita a normatização daquela. A analogia pode ter efeitos In Bonna Partem (a favor do réu) ou In Malla Partem (contrário ao réu), sendo que para o direito penal, a analogia somente pode produzir efeitos In Bonna Partem. Ex.: combinação do art. 128 e 214, CP. - Interpretação Analógica – técnica de interpretação em que o intérprete da norma é orientado pelo regramento normativo a compreender cláusulas gerais já previstas, mediante análise de casos específicos, também já previstos, sendo, estes precedem aquela. Ex.: art. 121, § 2º, III e 234, CP. - Conflito Aparente de Normas - Necessidade de harmonização de normas que compõem um ordenamento jurídico. - Meios destinados a assegurar a harmonia das normas: - Especialidade: lei especial prevalece sobre lei geral. - Hierarquia: normas superiores prevalecem sobre normas inferiores. - Cronologia: lei mais nova que regula determinada matéria prevalece sobre lei mais antiga que regulamentava mesma matéria.
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