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Resenha 2 ARTIGO EXERCÍCIO E NUTRIÇÃO NA PREVENÇÃO DO CANCER 2016

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Revista Odontológica de Araçatuba, v.37, n.2, p. 09-16, Maio/Agosto, 2016 34
EFEITO DO EXERCÍCIO FÍSICO E DA NUTRIÇÃO NA
PREVENÇÃO DO CÂNCER
EFFECT OF PHYSICAL EXERCISE AND NUTRITION IN CANCER PREVENTION
Mariane Pravato MUNHOZ1
Joselaine de OLIVEIRA2
Rodrigo Detone GONÇALVES3
Thiago Barbosa ZAMBON4
Luis Carlos Nobre de OLIVEIRA5
RESUMO
Este estudo tem como objetivo investigar alguns fatores de risco e de proteção para o
câncer. Tal doença apresenta no mundo atual elevada incidência e mortalidade,
representando um problema de saúde pública de alta magnitude. Epidemiologistas
estudiosos relatam que no último Século, a prevalência de câncer no mundo está
aumentando de maneira significativa, acredita-se que este resultado relaciona-se, entre
outros aspectos, com a industrialização e a urbanização ocorridas neste período. Pouco
se sabe que agentes protetores tais como alimentação adequada e atividade física
constituem fatores de proteção para o câncer, em contrapartida o sedentarismo e escolhas
alimentares erradas são poderosos fatores de risco, bem como a obesidade. Até o presente
momento, é possível inferir que a melhor forma de prevenção do câncer é a adoção de um
estilo de vida saudável, aliando dieta adequada e exercício físico.
UNITERMOS: Exercício Físico, Câncer, Fatores de Risco, Métodos de Alimentação.
fatores endógenos e exógenos, sendo o mais notável
desses fatores a dieta e o estilo de vida3.
É possível identificar, por meio de estudos
epidemiológicos, associações relevantes entre alguns
padrões alimentares observados em diferentes regiões
do mundo e a prevalência de câncer4. Outros fatores
ambientais, tais como o tabagismo, a obesidade, a
atividade física e a exposição a tipos específicos de
vírus, bactérias e parasitas, além do contato frequente
com algumas substâncias carcinogênicas como
produtos de carvão e amianto, agrotóxicos também
merecem serem5.
Segundo a Organização Mundial de Saúde
(OMS), o câncer é a principal causa de óbitos no
mundo, atingindo cerca de seis milhões de pessoas,
representando 12% dos casos das mortes
anualmente6.
No que se refere à mortalidade, estima-se que
em 2005, 35 milhões de mortes no mundo ocorreram
por doenças crônicas, sendo que aproximadamente
24
1 Graduada em Nutrição do UniSALESIANO- Araçatuba- SP.
2 Graduada em Nutrição do UniSALESIANO- Araçatuba- SP.
3 Mestre e supervisora de estágio do Curso de Nutrição – Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium de Araçatuba/SP –
UniSalesiano.
4 Doutor em Promoção de Saúde UNIFRAN. Docente no Curso de Bacharelado em Educação Física no Centro Universitário
Católico Salesiano Auxilium – Araçatuba/SP UniSALESIANO.
5 Mestre em Promoção de saúde. Docente do Curso de Bacharelado em Educação Física do Centro Universitário Católico
Salesiano Auxilium de Araçatuba/ SP – UniSalesiano.
6 Mestre em Ciências da Saúde – Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Docente dos cursos de
Nutrição e Educação Física do UniSALESIANO- Araçatuba- SP.
INTRODUÇÃO
O câncer é uma doença silenciosa que
acomete pessoas vítimas da industrialização. Há um
século, essa doença era menos frequente. Naquela
época, em muitas regiões do mundo, as mortes
ocorriam comumente por doenças infecciosas, por
consequência, esses indiv íduos também
apresentavam expectativa de vida reduzida para o
desenvolvimento do câncer1.
O câncer consiste em uma enfermidade
crônica, caracterizada pelo crescimento desordenado
das células, o qual é resultante de alterações no
código genético. De 5% a 10% das neoplasias são
resultados diretos da herança de genes relacionados
ao câncer e grande parte dos casos envolve danos ao
material genético, de origem física, química ou
biológica que se acumulam ao longo da vida2.
O desenvolvimento de várias das formas mais
comuns de câncer resulta de uma interação entre
Revista Odontológica de Araçatuba, v.37, n.2, p. 09-16, Maio/Agosto, 2016 35
7,6 milhões, ou 21,7%, corresponderam às
neoplasias. Caso medidas preventivas para o controle
do câncer não sejam tomadas, subentende-se que
nos próximos dez anos 84 milhões de pessoas irão
morrer por esta causa7.
A morbi-mortalidade associada ao câncer é
maior em países desenvolvidos que em países em
desenvolvimento, formas específicas de câncer, como
o de cólon e reto, próstata e mama feminina, são
mais comuns em países desenvolvidos, enquanto
outras, como de estômago, esôfago e colo de útero
têm maior incidência nos países em desenvolvimento8.
No Brasil, tal doença representa a segunda
causa de morte para ambos os sexos, sendo superado
apenas pelas doenças cardiovasculares9.
Estudos epidemiológicos demonstram estreita
relação entre câncer, obesidade, estilo de vida e
nutrição. Contudo, verifica-se que modificações na
alimentação e no estilo de vida podem prevenir alguns
tipos dessa doença10.
Como medida de prevenção para o câncer,
diversos artigos evidenciam a importância da
introdução de alimentos na dieta que contenham
propriedades antioxidantes, sendo preconizado o alto
consumo de frutas e hortaliças11.
Inúmeras evidencias são fornecidas de que
diferentes tipos de exercícios físicos promovem
reduções consideráveis na taxa de mortalidade dos
indivíduos, em contrapartida o sedentarismo é fator
determinante para a possibilidade de desenvolver
alguns tipos de câncer12.
A obesidade, assim como o câncer, classifica-
se como as principais epidemias globais da
atualidade. Sobretudo quando ambas se encontram
num mesmo indivíduo, os efeitos são nocivos. A
obesidade é o segundo maior fator de risco evitável
para o câncer, perdendo apenas para o tabagismo13.
Foi realizada uma pesquisa bibliográfica a partir
de artigos nacionais e internacionais publicados junto
ao banco de dados PubMed, SciELO e Google
Acadêmico, utilizando-se as seguintes palavras-
chave: Exercício Físico, Câncer, Fatores de Risco,
Métodos de Alimentação. Foram selecionadas
publicações datadas do ano de 2004 a 2014, sendo
os artigos agrupados por assunto e selecionados
conforme a qualidade e relevância com o tema
proposto sobre a relação entre estilo de vida,
obesidade e câncer, além de encorajar modificações
na alimentação que podem prevenir alguns tipos da
doença.
CANCER
O câncer é o termo utilizado para classificar
um conjunto de mais de cem doenças, incluindo
tumores malignos de diferentes localizações14.
A mais aceita definição de neoplasia é a do
patologista inglês Rupert Willis no qual refere à doença
como sendo uma massa anormal de tecido, cujo
crescimento excede e não está coordenado ao
crescimento dos tecidos normais e que persiste
mesmo cessada a causa que a provocou15.
Câncer é definido como uma enfermidade
multicausal crônica, caracterizada pelo crescimento
descontrolado das células. Sua prevenção tem tomado
uma dimensão importante no campo da ciência, uma
vez que recentemente foi apontada como a primeira
causa de mortalidade no mundo11.
As células cancerosas podem ser cultivadas e
sua reprodução induzida para estudo em laboratório.
Substâncias que causam mutação no material
genético, classificadas como agentes mutagênicos,
são utilizadas para este fim, tendo como exemplo os
agentes químicos, como formaldeído, e agentes
físicos, como os raios X e a radiação ultravioleta16.
O câncer pode ocorrer em vários tecidos e em
diferentes partes do corpo, pode evoluir de forma lenta
ou agressiva. Nos homens o tipo mais comum é o de
próstata, nas mulheres o de mama, enquanto que o
câncer de pulmão tem ocorrência proporcional em
ambos os sexos. Estudos diversos mostram que o
câncer pode ter origem genética ou por fatores
ambientais. Na década de 80, cientistas descobriram
que o câncer é derivado de vários erros que ocorrem
no metabolismo de controle do ciclo celular16.
Dentre os novos estudos, a descoberta mais
notável é de que o câncer é causado primeiramente
por modificações genéticasadquiridas por fatores
externos e não como uma doença genética passada
de geração a geração1. Somente 5% e 10% das
neoplasias são resultados diretos da herança de genes
relacionados ao câncer, grande parte dos casos
envolve danos ao material genético, de origem física,
química ou biológica que se acumulam ao longo da
vida2.
Para a formação do tumor é necessário
desencadear uma cascata de erros em diferentes
genes do corpo, modif icando os processos
bioquímicos. A maquinaria celular controla cada etapa
da divisão celular, e, se o acúmulo de erros não puder
ser reparado, a célula pode se programar para morrer,
processo conhecido por apoptose16.
As células cancerosas diferem das normais,
das quais se originaram de duas formas.
Primeiramente, as células cancerosas perdem o
controle sobre a divisão celular, formando tumores.
Os tumores benignos assemelham-se ao tecido do
qual eles se originaram, crescendo lentamente e
permanecendo localizados. Já os tumores malignos,
frequentemente apresentam estruturas irregulares,
como núcleo de tamanhos e formas variáveis. Em um
segundo momento, ocorre a mais temerosa
característica de células cancerosas, pois a mesma
possui capacidade de invadir os tecidos vizinhos e
propagar-se para outras partes do corpo. Essa
propagação de câncer é chamada de metástase1.
O processo de carcinogênese pode ser dividido
em três estágios, iniciação, promoção e progressão.
A fase de iniciação envolve a exposição aos
Revista Odontológica de Araçatuba, v.37, n.2, p. 09-16, Maio/Agosto, 2016 36
carcinógenos e danos nas moléculas de DNA. Na fase
de promoção, os promotores tumorais ou mitógenos
ativos induzem a expansão clonal das células
iniciadas. Na fase de progressão, as células alteradas
desenvolvem modificações irreversíveis, resultando na
proliferação descontrolada de células cancerosas16.
FATORES DE RISCO
Segundo dados da Organização Pan-Americana
de Saúde (OPAS), cerca de um terço dos casos de
câncer poderiam ser evitados, pois grande parte das
causas para o aparecimento da doença seria
provocada por fatores ambientais, para tanto, é
necessário que as pessoas sejam informadas sobre
esses fatores e orientadas para uma mudança de estilo
de vida12.
Alimentação
Nenhum alimento por si só é capaz de proteger
contra o câncer, entretanto, a combinação correta de
determinados alimentos podem estimular o sistema
imunológico a lutar contra a doença. Quando se trata
de câncer, porém, a alimentação tem valor efeito
preventiva, entretanto, quando já diagnosticada a
doença a dieta continua a representar importante papel
no tratamento14.
Há várias evidências de que a alimentação
consiste notável importância nos estágios de iniciação,
promoção e propagação do câncer5.
Estudos mostram que hábitos alimentares, na
forma de fatores dietéticos específicos, têm influencia
direta e determinante na carcinogenese, seja como
forma de prevenção ou desencadeadora de tumores14.
A alimentação saudável pode diminuir o risco
de desenvolvimento do câncer e alimentos como farelo
de trigo, rico em vitamina B6, pode reduzir o risco de
câncer de pulmão pela metade, já o azeite de oliva e
suplementos de óleo de peixe protege contra o câncer
de mama1.
De acordo com dados de pesquisas
epidemiológicas, entre as mortes por câncer,
atribuídas a fatores ambientais, a dieta contribui com
cerca de 35% dos casos17.
Cerca de 35% dos diversos tipos de câncer
ocorrem em decorrência de dietas inadequadas5.
Essas dietas são caracterizadas por um alto teor de
gordura saturada, colesterol, açúcares e um baixo
aporte de verduras, frutas, legumes e cereais18.
Acredita-se que uma dieta adequada poderia prevenir
de três a quatro milhões de novos casos de cânceres
a cada ano5.
A relação entre o tipo de câncer e a alimentação
é complexa, pois além de incluir diversos tipos de
alimentos, deve-se levar em consideração também a
forma de preparo e o tamanho das porções
consumidas19.
Muitos componentes da alimentação têm sido
associados ao processo de desenvolvimento do
câncer, principalmente ao câncer de mama, próstata,
26
cólon, reto, esôfago e estômago19.
Com base em estudos epidemiológicos, é
evidente a relação existente entre câncer e nutrição,
além do poder que a alimentação possui por combater
a origem e o desenvolvimento de tumores, por meio
de escolhas al imentares saudáveis. Alguns
compostos denominados agentes quimiopreventivos,
exercem uma ação protetora específica contra o
desenvolvimento do câncer, muitos desses compostos
químicos podem ser sintetizados em laboratórios,
entretanto, a maioria deles encontram-se prontamente
disponível nos alimentos11.
Segundo o autor supracitado, são exemplos
de agentes quimiopreventivos as isoflavonas, que
podem ser encontradas na soja, o licopeno no tomate,
a quercetina na maçã, o resveratrol na uva, as
antocianinas nas frutas vermelhas como a cereja,
framboesa, amora, entre outros. Esses alimentos
denominados antioxidantes são responsáveis pela
prevenção das lesões causadas pelas espécies
reativas e oxigênio (ERO‘S).
A produção excessiva de ERO’S, causa para
o organismo o que se denomina estresse oxidativo,
estresse este que são produzidos continuamente
durante os processos metabólicos. Esse desgaste
pode conduzir a diversas formas de danos celulares,
e sua cronicidade pode estar envolvida com a
etiogênese ou o desenvolvimento de numerosas
doenças. Estudos afirmam que o estresse oxidativo,
está relacionado ao envelhecimento, atividade física
intensa, apoptose, câncer, diabetes mellitus e
aterosclerose20.
A alimentação adequada, variada e sem
exageros, pode contribuir para uma saúde ideal e
equilibrada. A ingestão frequente de carne vermelha
está diretamente associada ao risco aumentado para
o desenvolvimento do câncer de cólon e reto, em
ambos os gêneros. Carnes processadas, como
linguiças, salsichas, bacon, entre outras, também
aumentam o risco de câncer. Pessoas que consomem
grande quantidade de carne vermelha e baixa
quantidade de carnes brancas apresentam até 50%
mais chance de desenvolver câncer. É aconselhável
evitar ao máximo a ingestão de carnes vermelhas e
incluir na dieta alimentar, mais carnes brancas tais
como os peixes e aves como forma de prevenção1.
Outra forma de agressão para o organismo
refere-se aos al imentos industrial izados,
principalmente os embutidos, pois possuem os nitritos
e nitratos, substancias estas usadas como
conservantes de alimentos, os quais são importantes
agentes carcinogênicos. No estômago, os nitritos e
nit ratos se t ransformam em nitrosaminas,
responsáveis pelos altos índices de câncer de
estômago em pessoas que consomem esses
alimentos de forma abundante e frequente21.
A preparação dos alimentos representa papel
fundamental na qualidade da dieta. Existem
preparações, que em al tas temperaturas,
Revista Odontológica de Araçatuba, v.37, n.2, p. 09-16, Maio/Agosto, 2016 37
especialmente sobre a chama, também pode ser um
fator de risco importante, pois nessas condições
produz compostos potencialmente carcinogênicos,
como os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos
(HAP) e aminas heterocíclicas (HA). As HA são
formadas a partir de certos açúcares e de creatinina
abundante na carne e no peixe, em quantidade
diretamente dependente da temperatura e duração do
aquecimento21.
O uso de grelhados ou churrasco tem se
mostrado outro fator de risco para o câncer de
estômago e de esôfago. Já o uso de frituras tem sido
relacionado ao câncer de laringe e do câncer colo
retal e a ingestão de carnes bem passadas,
relacionados com o câncer de estômago21. O álcool
está associado ao aumento do risco de diversos tipos
de câncer, tais como o de boca, faringe, laringe,
esôfago, fígado, mama e intestino, e este risco
aumenta independentemente do tipo de bebida19.
Em contrapartida, visando a prevenção da
doença, o consumo de frutas, legumes e verduras,atr ibuem grande proteção contra o câncer,
principalmente os de boca, faringe, laringe, esôfago,
estômago, pulmão, pâncreas e próstata. A ingestão
adequada e regular desses alimentos pode contribuir
para a redução de 5-12% dos casos de câncer, além
de serem ricos em vitaminas e minerais que atuam
fortalecendo o sistema imune. Também são fontes
de substâncias fitoquímicas, que ajudam a proteger
o organismo dos danos que podem levar ao câncer. A
OMS recomenda um consumo diário de pelo menos
cinco porções de frutas, legumes e verduras em torno
de 400 g/dia19.
O consumo regular de grandes quantidades de
frutas e vegetais, incluindo alimentos à base de soja,
ajuda a prevenir alguns tipos de câncer. Os alimentos
orgânicos são mais saudáveis, pois são criados sem
exposição à pesticidas, hormônios, antibióticos,
agrotóxicos, se tornando a melhor opção para uma
dieta alimentar. Todavia, apesar de toda base teórica,
ainda não está comprovado que alimentos orgânicos
diminuam a incidência de câncer1.
Diante do exposto é evidente que uma
alimentação equilibrada em quantidade e qualidade,
composta por macronutrientes e rica em fibras,
vitaminas e minerais atua na promoção da saúde como
um todo, bem como para a prevenção do câncer.
O SEDENTARISMO
Pacientes com câncer desenvolvem quadro de
catabolismo intenso, resultando em eventos de fadiga,
caquexia, entre outras complicações pertinentes a
doença. Na atualidade, pesquisador vem investigando
os efeitos do exercício físico para a melhoria da
qualidade de vida dos pacientes oncológicos, dentre
os quais exercício físico e ou atividade física12.
O sedentarismo é responsável por alguns tipos
de cânceres, mesmo em pessoas com peso corporal
adequado. Estima-se, segundo pesquisa realizada
pelo Ministério da Saúde, que o estilo de vida
sedentário esteja associado à pelo menos 5% das
mortes por câncer1.
Entre as diversas estratégias que englobam o
tratamento oncológico, tem-se evidenciado na
literatura os efeitos positivos da atividade física na
qualidade de vida desses pacientes. A atividade física,
quando realizada de maneira regular, também vem
demonstrando ser um opositor aos efeitos deletérios
do tratamento do paciente já doente22.
Estudos mostram que a atividade física regular
tem papel protetor em alguns tipos de câncer,
principalmente o de cólon e aqueles relacionados aos
hormônios femininos tais como o de mama e de
endométrio. Estima-se que cerca de 5% de todas as
mortes por câncer no mundo estão associadas à
inatividade física e que indivíduos que desempenham
ocupações profissionais mais ativas têm menor
chance de desenvolver câncer19.
Evidência do efeito protetor da atividade física
é mais contundente para o câncer de cólon. Estudos
mostram que entre a população ativa essa redução
chega à metade. A atividade física estimula o trânsito
intestinal, de modo que substâncias químicas
potencialmente cancerígenas passem mais
rapidamente pelo intestino. A atividade física reduz
ainda os níveis de insulina e alguns hormônios. Em
níveis elevados, essas substâncias estimulam o
crescimento de tumores19.
A atividade física tem efeitos variados na
prevenção do câncer, pois além de justar o
sedentarismo, ajuda no controle do peso corporal,
aumenta o bem-estar, aumentando a disposição para
o trabalho e outras atividades do cotidiano1.
O sistema imunológico é composto por variados
tipos de células, cada qual com diferentes funções e
distribuições no corpo e dividido em dois grupos, a
imunidade inata e a imunidade adquirida. As células
que pertencem à imunidade inata são os granulócitos,
os monócitos/macrófagos, as células dendríticas e
as células natural killer (NK). Já os linfócitos T e B
fazem parte da imunidade adquirida23.
O exercício f ísico promove o aumento
significativo no número das células natural killer (NK)
circulante é células que possuem papel importante
na imunidade inata e tanto a quantidade quanto a sua
atividade no sangue, sofrem uma grande flutuação
durante e após o exercício físico. O treinamento pode
induzir uma redistribuição das células NK, que pode
ser observadas logo após o término do exercício,
podendo refletir em um processo de recuperação e
adaptação em reposta ao estresse fisiológico24.
A atividade física regular e orientada está
associada a um risco diminuído para cânceres de
fígado, cólon, pâncreas, mama e estômago. Durante
determinados períodos da vida, como a adolescência,
a atividade física pode oferecer proteção adicional
contra o câncer de mama1.
Vários estudos sobre atividade física e câncer
Revista Odontológica de Araçatuba, v.37, n.2, p. 09-16, Maio/Agosto, 2016 38
mostram que nas mulheres ativas o risco para o câncer
de mama é reduzido de 20% a 40% e para a neoplasia
de pulmão para ambos os sexos, a redução é de
30%19.
Segundo o autor supracitado, diversas
organizações de saúde recomendam a prática regular
e moderada de exercícios físicos em 30 minutos
diários, ou pelo menos cinco vezes por semana, como
forma de redução do risco de câncer. Mudanças de
comportamento podem ser incorporadas no dia-a-dia
e fazem com que o indivíduo se torne mais ativo.
Obesidade
Estudos epidemiológicos têm demonstrado que
a obesidade é fator de risco para diversas doenças
crônicas não transmissíveis, particularmente o câncer.
Evidências científicas apontam forte associação entre
obesidade e o aumento no risco para o câncer de
mama, endométrio, cólon, rins e adenomas
esofágicos malignos25.
A obesidade e o sobrepeso estão associados
a diversos tipos de câncer, tais como, adenocarcinoma
de esôfago, vesícula, pâncreas, mama em mulheres
na menopausa, rins, endométrio, colo uterino,
próstata, nas suas formas mais agressivas, vesícula
biliar, pulmão, etc26.
Aproximadamente 25% de todas as mortes por
câncer estão relacionadas com uma alimentação
inadequada e a obesidade. O relatório Saúde Brasil
2009, divulgado pelo Ministério da Saúde, revelou que
46,6% dos brasileiros estão acima do peso e que a
obesidade tem forte impacto sobre o câncer19.
De acordo com a OMS, o excesso de peso é a
segunda causa evitável de câncer, perdendo apenas
para o tabagismo, este último não abordado nesse
estudo19. O excesso de peso em homens e mulheres
resulta no aumento de 1,52 e 1,62%, respectivamente,
no risco relativo de morte por câncer. Entretanto, caso
a obesidade fosse prevenida, se ev itar iam
aproximadamente 10% dos casos de morte por câncer
em fumantes e 14 a 20% dos casos de morte por
câncer em não fumantes27.
Os indivíduos obesos têm de 1,5 a 3,5 vezes
mais chances de desenvolver câncer se comparados
a indivíduos com o peso ideal. Estima-se que na
Europa, aproximadamente 15 a 45% dos cânceres,
poderiam ser atribuídos ao sobrepeso e obesidade.
Os mecanismos fisiopatológicos que justificam o risco
aumentado para o câncer como resultado da obesidade
ainda não estão totalmente elucidados, pois podem
variar de acordo com a localização do tumor e
dependem da distribuição da gordura corporal25.
Diversos estudos clínicos bem conduzidos
foram realizados nos últimos anos e os resultados
demonstram complexa relação entre obesidade,
hiperinsulinemia e níveis plasmáticos dos fatores de
crescimento relacionados ao eixo da insulina. Os
prováveis mecanismos que relacionam a obesidade
ao risco de câncer, envolvem a resistência à insulina
e a hiperinsulinemia crônica, produção aumentada de
fator de crescimento semelhante à insulina (insulin-
like growth factor 1, IGF-1) e biodisponibilidade
aumentada de hormônios esteróides. Os hábitos
alimentares também estão relacionados ao estímulo
excessivo à síntese de IGF-125.
Trabalhos recentes prospectivos e
observacionais demonstraram um aumento do risco
de câncer em pacientes obesos. Hoje, em todo o
mundo, recomenda-se a redução do peso, visando
diminuir o risco do aparecimento de câncer nessa
população28.
Considerações FinaisCom base nos estudos analisados, é cada vez
mais claro que dieta e atividade física influenciam não
só no bem estar e na qualidade de vida de um
indivíduo, mas também fazem parte do processo de
preservação e promoção da saúde, contribuindo para
o equilíbrio do metabolismo, reduzindo os riscos para
o surgimento de doenças crônicas. O exercício físico
representa uma ferramenta importante no controle de
peso, regulação de hormônios endógenos, sensação
de bem estar, entre outros. A dieta constitui fator de
proteção contra o desenvolvimento de vários cânceres
e que fatores ambientais favorecem seu surgimento.
São fortes as evidências da contribuição da atividade
física e da nutrição nas diferentes fases da doença e
de seu tratamento.
Para os pacientes com a doença, se faz
necessário o acompanhamento constante de
profissionais devidamente capacitados, sendo a
condição mais ideal, a presença de uma equipe
multidisciplinar. Os benefícios decorrentes das
modificações no estilo de vida são notáveis e incluem
modificações dietéticas e exercícios físicos, visando
à redução da incidência e mortalidade de câncer. Os
nutrientes específ icos, responsáveis pelos
mecanismos anticarcinogênicos, ainda não foram
completamente identificados, fazendo-se necessária
a pesquisa, principalmente, no âmbito nacional.
Diante do exposto é correto afirmar que sendo
o câncer uma doença de tão grande complexidade e
associada à dor física e sentimental a prevenção ainda
é a melhor etiologia para a luta contra esse mal.
ABSTRACT
This study aims to investigate some risk and protective
factors for cancer. This disease presents in today’s
world high incidence and mortality, representing a
public health problem of high magnitude.
Epidemiologists scholars report that in the last century,
the prevalence of cancer in the world is increasing
significantly, it is believed that this result is related to,
among other things, with industrialization and
urbanization during this period. Little is known that
protective agents such as proper nutrition and
physical activity are protective factors for cancer, on
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the other hand sedentary lifestyle and wrong food
choices are powerful risk factors, as well as obesity.
To date, it can infer that the best way to prevent cancer
is to adopt a healthy lifestyle, combining proper diet
and exercise.
UNITERMS: Physical Exercise, Cancer, Risk
Factors, Feeding Methods.
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ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA:
Luis Carlos Nobre de Oliveira
Rua: Francisco Braga, 1067 apto 24
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