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Curso de Direito
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Curso de Direito
DIREITO CIVIL III
COLETÂNEA DO ALUNO
2010
(Proibida a Reprodução)
�
Expediente
Curso de Direito — Coletânea de Exercícios
Direção Nacional do Centro de Ciências Jurídicas
Profa. Solange Ferreira de Moura
Coordenação do Projeto
Prof. Sérgio Cavalieri Filho
Coordenações Pedagógicas
Profa. Sonia Regina Vieira Fernandes
Profº Marcos Lima
Organização da Coletânea
Prof. Sandro Gaspar
APRESENTAÇÃO
Caro aluno
	A Metodologia do Caso Concreto aplicada em nosso Curso de Direito é centrada na articulação entre teoria e prática, com vistas a desenvolver o raciocínio jurídico. Ela abarca o estudo interdisciplinar dos vários ramos do Direito, permitindo o exercício constante da pesquisa, a análise de conceitos, bem como a discussão de suas aplicações.
	O objetivo é preparar os alunos para a busca de resoluções criativas a partir do conhecimento acumulado, com a sustentação por meio de argumentos coerentes e consistentes. Desta forma, acreditamos ser possível tornar as aulas mais interativas e, consequentemente, melhorar a qualidade do ensino oferecido.
	Na formação dos futuros profissionais, entendemos que não é papel do Curso de Direito tão somente oferecer conteúdos de bom nível. A excelência do curso será atingida no momento em que possamos formar profissionais autônomos, críticos e reflexivos.
	Para alcançarmos esse propósito, apresentamos a Coletânea de Exercícios, instrumento fundamental da Metodologia do Caso Concreto. Ela contempla a solução de uma série de casos práticos a serem desenvolvidos pelo aluno, com auxílio do professor.
	Como regra primeira, é necessário que o aluno adquira o costume de estudar previamente o conteúdo que será ministrado pelo professor em sala de aula. Desta forma, terá subsídios para enfrentar e solucionar cada caso proposto. O mais importante não é encontrar a solução correta, mas pesquisar de maneira disciplinada, de forma a adquirir conhecimento sobre o tema.
	A tentativa de solucionar os casos em momento anterior à aula expositiva, aumenta consideravelmente a capacidade de compreensão do discente.
Este, a partir de um pré-entendimento acerca do tema abordado, terá melhores condições de, não só consolidar seus conhecimentos, mas também dialogar de forma coerente e madura com o professor, criando um ambiente acadêmico mais rico e exitoso.
	Além desse, há outros motivos para a adoção desta Coletânea. Um segundo a ser ressaltado, é o de que o método estimula o desenvolvimento da capacidade investigativa do aluno, incentivando-o à pesquisa e, consequentemente, proporcionando-lhe maior grau de independência intelectual.
	Há, ainda, um terceiro motivo a ser mencionado. As constantes mudanças no mundo do conhecimento – e, por conseqüência, no universo jurídico – exigem do profissional do Direito, no exercício de suas atividades, enfrentar situações nas quais os seus conhecimentos teóricos acumulados não serão, per si, suficientes para a resolução das questões práticas a ele confiadas.
Neste sentido, e tendo como referência o seu futuro profissional, consideramos imprescindível que, desde cedo, desenvolva hábitos que aumentem sua potencialidade intelectual e emocional para se relacionar com essa realidade. E isto é proporcionado pela Metodologia do Estudo de Casos.
	No que se refere à concepção formal do presente material, esclarecemos que o conteúdo programático da disciplina a ser ministrada durante o período foi subdividido em 15 partes, sendo que a cada uma delas chamaremos “Semana”. Na primeira semana de aula, por exemplo, o professor ministrará o conteúdo condizente a Semana nº1. Na segunda, a Semana nº2, e, assim, sucessivamente.
	O período letivo semestral do nosso curso possui 22 semanas. O fato de termos dividido o programa da disciplina em 15 partes não foi por acaso. Levou-se em consideração não somente as aulas que são destinadas à aplicação das avaliações ou os eventuais feriados, mas, principalmente, as necessidades pedagógicas de cada professor.
	Isto porque, o nosso projeto pedagógico reconhece a importância de destinar um tempo extra a ser utilizado pelo professor – e a seu critério – nas situações na qual este perceba a necessidade de enfatizar de forma mais intensa uma determinada parte do programa, seja por sua complexidade, seja por ter observado na turma um nível insuficiente de compreensão.
	A certeza que nos acompanha é a de que não apenas tornamos as aulas mais interativas e dialógicas, como se mostra mais nítida a interseção entre os campos da teoria e da prática, no Direito.
	Por todas essas razões, o desempenho e os resultados obtidos pelo aluno nesta disciplina estão intimamente relacionados ao esforço despendido por ele na realização das tarefas solicitadas, em conformidade com as orientações do professor. A aquisição do hábito do estudo perene e perseverante, não apenas o levará a obter alta performance no decorrer do seu curso, como também potencializará suas habilidades e competências para um aprendizado mais denso e profundo pelo resto de sua vida.
	Lembre-se: na vida acadêmica, não há milagres, há estudo com perseverança e determinação. Bom trabalho.
Direção do Centro de Ciências Jurídicas
PROCEDIMENTOS PARA UTILIZAÇÃO DAS COLETÂNEAS DE EXERCÍCIOS
1- O aluno deverá, antes de cada aula, desenvolver pesquisa prévia sobre os temas objeto de estudo de cada semana, envolvendo a legislação, a doutrina e a jurisprudência e apresentar soluções, por meio da resolução dos casos, preparando-se para debates em sala de aula. 
2- Antes do início de cada aula, o aluno depositará sobre a mesa do professor o material relativo aos casos pesquisados e pré-resolvidos, para que o docente rubrique e devolva no início da própria aula.
3- Após a discussão e solução dos casos em sala de aula, com o professor, o aluno deverá aperfeiçoar o seu trabalho, utilizando, necessariamente, citações de doutrina e/ou jurisprudência pertinentes aos casos.
4- A entrega tempestiva dos trabalhos será obrigatória, para efeito de lançamento dos graus respectivos (zero a um), independentemente do comparecimento do aluno às provas.
4.1- Caso o aluno falte à AV1 ou à Av2, o professor deverá receber os casos até uma semana depois da prova, atribuir grau e lançar na pauta no espaço específico.
5- Até o dia da AV 1 e da AV2, respectivamente, o aluno deverá entregar o conteúdo do trabalho relativo às aulas já ministradas, anexando os originais rubricados pelo professor, bem como o aperfeiçoamento dos mesmos, organizado de forma cronológica, em pasta ou envelope, devidamente identificados, para atribuição de pontuação (zero a um), que será somada à que for atribuída à AV1 e AV2 (zero a nove). 
5.1- A pontuação relativa à coletânea de exercícios na AV3 (zero a um) será a média aritmética entre os graus atribuídos aos exercícios apresentados até a AV1 e a AV2 (zero a um).
6- As provas (AV1, AV2 e AV3) valerão até 9 pontos e serão compostas de questões objetivas, com respostas justificadas em até cinco linhas, e de casos concretos, baseados nos casos constantes das Coletâneas de Exercícios, salvo as exceções constantes do regulamento próprio.
SUMÁRIO
Semana 1: Contratos. Conceito e função social. Perspectiva civil-constitucional do contrato. Pressupostos e requisitos de validade do contrato. Forma e prova. Interpretação.
Semana 2: Princípios fundamentais do regime contratual.
Semana 3: Formação do contrato. Fases. Contrato preliminar. Tempo e lugar do contrato.Conclusão dos contratos. Momento. Lugar.
Semana 4: Classificação dos contratos.
Semana 5: Dos efeitos dos contratos. Força obrigatória dos contratos. Relatividade dos efeitos dos contratos. Eficácia com relação a terceiros. Contratos porterceiros. Estipulação em favor de terceiro. Promessa de fato de terceiro. Contrato com pessoa a declarar.
Semana 6: Elementos Naturais do Contrato. Vícios Redibitórios. Exclusão da garantia em hasta pública. Evicção. Evicção nas aquisições judiciais. Boa-fé do evicto.
Semana 7: Contratos preliminares e definitivos. Promessa de compra e venda (momento da transmissão do domínio; características). Arras. Distinções.
Semana 8: Extinção dos contratos. Resolução dos contratos. Cláusula resolutiva. Exceção de contrato não-cumprido. Onerosidade excessiva. Resilição (distrato e denúncia). Rescisão. Cessação.
Semana 9: Contratos nominados ou típicos. Novidades do Código Civil vigente. Apresentação: conceitos, características e noções gerais. Contrato estimatório. Contrato de comissão. Agência e distribuição. Corretagem.
Semana 10: Compra e venda: Conceito e características. Natureza jurídica. Elementos. Modalidades especiais de venda. 
Semana 11: Cláusulas especiais à compra e venda. Contrato de permuta ou troca. Empreitada.
Semana 12: Doação: Conceito e elementos característicos. Natureza jurídica. Pressupostos e requisitos. Espécies. Modalidades especiais de doação. 
Semana 13: Revogação das doações. Contrato de empréstimo (Comodato, mútuo). Depósito: conceito, características, espécies, alienação fiduciária e a prisão do depositário infiel.
Semana 14: Locação urbana. Noções gerais. Legislação. Espécies. Locação. Alienação do bem em locação. Direito de Preferência. Retomada. Locação não-residencial. Fiança.
Semana 15: Mandato. Fiança. Transação e compromisso.
SEMANA 1 
Contratos. Conceito, natureza jurídica e função social. Perspectiva civil-constitucional do contrato. Pressupostos de validade do contrato. Forma e prova. Interpretação.
Conteúdos:
1 – O contrato consiste numa espécie de negócio jurídico mais socialmente difundido por ser a mais importante força motriz para mover e alimentar as engrenagens socioeconômicas.
2 – A Carta Política em vigor, ao estabelecer o Estado Democrático de Direito e eliminar o liberalismo econômico, revolucionou os paradigmas contratuais, os quais visam a reconstruir as relações de modo que a produção de riquezas e a sua circulação funcionem como meio de inserção social e redistribuição justa. 
2.1 – A concepção atual do contrato fica distante do meio de opressão, açoite ou subjugação da parte mais fraca economicamente, como outrora se admitia. Hoje, deixa de ser mero modo de harmonização de interesses contrapostos para assumir outros valores, todos decorrentes da dignidade da pessoa humana: igualdade entre as partes, boa-fé objetiva, respeito ao meio ambiente, respeito ao valor social do trabalho e distribuição justa de riquezas.
2.2 – O contrato pode ser então definido como fonte de obrigação decorrente da manifestação bilateral de vontades obediente aos seus pressupostos, cujos propósitos são produzir efeitos econômicos admitidos pelo Direito.
3 – Os pressupostos de validade nada mais são do que os próprios elementos de existência adjetivados, podendo ser divididos em subjetivos, objetivo e formais. 
3.1 – Não é possível haver contrato válido sem dualidade de sujeitos desde a sua formação, capacidade genérica para expressar intenções e legitimidade, esta também denominada capacidade específica para celebrar negócios específicos, bem como ser livre e consciente a vontade das partes. 
3.2 – Somente são válidos os contratos cujos objetos sejam lícitos, possíveis e determináveis, além de apresentarem dimensão econômica. 
3.3 – Em regra, não se exige um modo específico para celebração de um contrato, salvo quando a lei ou os sujeitos expressamente determinarem. 
4 – De acordo com o princípio da liberdade da forma, os sujeitos podem celebrar contratos sem obedecerem a uma forma específica, salvo se houver previsão expressa (negócio ad solemnitatem).
4.1 – A formalidade transita no campo da validade dos negócios jurídicos, enquanto que a prova situa-se no âmbito da existência.
4.2 – Há certos contratos que consistem em negócios ad probationem, ou seja, exigem a prova escrita para efeito probatório. Logo, são válidos e o pagamento é devido, porém não se admite a prova por outro meio que não documental. 
5 – As regras jurídicas dependem da interpretação para aplicação, i.e., correta compreensão das normas pelas partes e pelo julgador, este último na hipótese de conflito. O contrário impede a concretização dos efeitos almejados pelas manifestações de vontade que gerou o contrato.
5.1 – A atividade interpretativa implica na compreensão adequada do que aparenta ser a vontade dos sujeitos contratantes, ainda que haja conflito com a literalidade instrumentalizada. 
5.2 – Além da regra subjetiva, são igualmente relevantes as regras objetivas. Nesse compasso, quando o contrato apresentar cláusulas com sentidos dúbios, emerge a necessidade de interpretá-lo de modo que possa produzir efeitos compatíveis com a sua natureza.
5.3 – Mister observar os costumes e os princípios gerais que regem as relações contratuais para a interpretação dos contratos. 
Objetivos Específicos: 
O aluno deverá ser capaz de:
Conceituar e compreender a natureza jurídica dos contratos;
Identificar os pressupostos contratuais e a relevância nas relações contratuais;
Entender o contrato segundo os paradigmas solidificados na atual Carta Magna;
Diferenciar prova e forma dos contratos;
Interpretar as cláusulas contratuais segundo as regras subjetivas e objetivas.
 	
Estratégia:
Os casos concretos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo com a pertinência temática;
A resolução dos casos faz parte da aula;
A abordagem dos casos permeia a exposição teórica.
Bibliografia / Jurisprudência:
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008, Volume III, Título I, Capítulo I.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006. v.3
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. 4. ed. rev. e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2008. Tomo 1, V. IV, Capítulos I, II e XI.
Caso Concreto 1
Cláudio contratou Mauro, seu amigo, para projetar a construção da sua nova casa por R$ 10.000,00 (dez mil reais), tendo as partes ajustado que o preço seria pago após a aprovação das plantas pelo engenheiro responsável pela execução. Não obstante o afeto que permeia a relação entre as partes, Mauro procura você para questionar se é necessário celebrar o contrato por escrito ou se é indiferente, diante do ordenamento jurídico, constituí-lo verbalmente. Responda ao seu cliente à luz do direito positivo.
Caso Concreto 2
A Empresa Rubish Ltda. exerce a atividade de comprar dejetos de outras empresas. Como necessita de local para despejá-los, celebra contrato com João dos Santos, dono de vasta área rural, para depositar resíduos tóxicos em seu terreno em troca de pagamento de vultosa quantia. Assim, estavam as partes satisfeitas, sendo cumpridos regularmente os objetos contratuais conforme avençados. 
Cientes do fato, os moradores da região revoltaram-se diante dos efeitos e exigiram a desconstituição do contrato. João e a empresa resistiram a pressão sob a alegação de que o contrato nasce para ser cumprido, faz lei entre as partes e está harmonizando interesses convergentes.
Diante do quadro, solucione o conflito segundo a vigente estrutura das normas que regem as relações contratuais.
Questões Objetivas
1ª Questão: Teotônio está enfrentando graves problemas financeiros e pretende se casar em breve. Com efeito, por não dispor de outra fonte de renda, pensa em celebrar contrato com Carlos, que está interessado na compra de um imóvel que pertence a seu pai. Como filho único, sabe Teotônio que, em não muito tempo, terá a propriedade e poderá transferi-la ao comprador.
Assim, marque a alternativacorreta que responda se poderá ser considerado válido algum contrato translativo de propriedade, de acordo com as circunstâncias expostas:
Depende, pois, em se tratando de disposição de imóvel é necessário que seja o contrato celebrado mediante instrumento público.
Não, porque, como não existe herança de pessoa viva, o objeto é juridicamente impossível, sendo Teotônio sucessor eventual do bem.
Sim, haja vista ser Teotônio único filho do atual proprietário, o que o faz herdeiro necessário.
É preciso investigar se estão presentes todos pressupostos de validade do contrato, visto que a narração não confere elementos para conclusão.
2ª Questão: Abelardo obrigou-se, como fiador, em contrato de locação de imóvel para fins residenciais. Ficou estabelecido, em cláusula expressa, que responderia pelos futuros reajustamentos. Após o termo final pactuado no contrato, locador e locatário, prorrogam-no, fixando aumento do aluguel. Tempos depois, o valor é novamente ajustado, em ação revisional, na qual as partes chegaram a novo acordo, também sem a participação do fiador. Estando o locatário em mora, o locador ajuíza ação de cobrança em face do fiador. Não há dúvida de que a cláusula por meio da qual o fiador se obrigou pelos futuros reajustes no valor da locação deixa espaço para interpretação dúbia.
Isto posto, marque a alternativa correta: 
Terá o fiador de responder pelo valor de qualquer reajuste, tanto aqueles estabelecidos entre as partes contratantes quanto os reajustes previstos em lei.
Terá o fiador de responder apenas pelos valores referentes a reajustes estabelecidos entre as partes, em homenagem à vontade como pressuposto de validade.
Terá o fiador de responder apenas pelos reajustes previstos em lei, na medida em que não concordou com os demais.
Não terá o fiador de responder pelo valor de qualquer reajuste, haja vista as claras delimitações estabelecidas no contrato garantido por fiança.
SEMANA 2
Princípios fundamentais do regime contratual.
Conteúdos:
1 – Os princípios são o sumo do ordenamento jurídico, sendo o seu estudo fundamental para a compreensão do Direito enquanto ciência. Diferente da norma, não têm por fim a subsunção direta de fatos, porém são o farol para a melhor aplicação das regras que compõem as relações em sociedade.
2 – Paira sobre todos os princípios jurídicos, conferindo-lhes dimensão constitucional, o princípio da dignidade da pessoa humana, que serve de medida para incidência dos demais e das normas jurídicas.
3 – O princípio da autonomia da vontade apresenta-se sob duas formas distintas: liberdade de contratar (celebrar ou não o contrato) e liberdade contratual (estabelecer o conteúdo contratual). Encontra limitações em outros princípios: supremacia da ordem pública, boa-fé objetiva, função social do contrato.
4 – O princípio da obrigatoriedade traduz a cogência das normas contratuais tais qual lei entre as partes. Afinal, de nada valeria o negócio jurídico se as partes não fossem obrigadas a obedecê-lo. O contrário significaria a absoluta ausência de segurança nas relações econômicas.
4.1 – Outros princípios decorrem deste: intangibilidade e a imutabilidade unilateral.
4.2 – Este princípio é excepcionado pela Teoria da Imprevisão, a qual foi erguida a partir da cláusula rebus sic stantibus, do Direito Canônico, bem como pela possibilidade de resilição do contrato nas hipóteses juridicamente autorizadas.
5 – O princípio do consensualismo decorre da própria essência contratual: é impossível a celebração do contrato se não decorrer do acordo de vontades, ou seja, do encontro das intenções dos sujeitos que buscam objetivos convergentes. A entrega da coisa, prestação do serviço ou abstenção de uma conduta significará o cumprimento da obrigação contratual.
5.1 – Os contratos reais nascem também do consenso. Contudo, o acordo de vontades não é suficiente para dar origem à obrigação; é necessário também a entrega de coisa para que surja o dever de cumprir a prestação pactuada.
5.2 – Este princípio contrapõe-se ao formalismo ou simbolismo de outrora, tornando exceção a hipótese em que seja necessária a observância a um modo especial de celebração para conferir validade ao contrato. 
6 – O princípio da relatividade implica na restrição dos efeitos contratuais às pessoas que emitiram vontade para sua formação, não atingindo, portanto, patrimônio de terceiros. 
6.1 – Além do aspecto subjetivo, este princípio também restringe a abrangência do objeto contratual, não podendo ultrapassar as fronteiras desenhadas pela vontade dos sujeitos.
6.2 – Este princípio foi esvaziado, não obstante ainda subsista robusto, pela função social dos contratos e por algumas figuras contratuais, como estipulação em favor de terceiro e contrato com pessoa a declarar.
7 – O princípio da boa-fé objetiva exige que as partes assumam comportamento transparente e ético desde as primeiras tratativas até a conclusão do contrato. Trata-se de cláusula geral para aplicação das obrigações.
7.1 – A boa-fé é presumida relativamente, devendo ser comprovada a má-fé se alegada.
7.2 – Boa-fé objetiva significa a concepção ética, servindo de norma de comportamento; a boa-fé subjetiva é uma concepção psicológica, referindo-se ao conhecimento ou ignorância do sujeito quanto à existência de alguma mácula a um fato.
8 – Relevante reiterar o princípio da função social dos contratos trabalhado na aula anterior.
Objetivos Específicos: 
O aluno deverá ser capaz de:
Compreender a relevância dos princípios nas relações contratuais;
Identificar as situações em que cada princípio incide e as circunstâncias que o excepcionam.
 	
Estratégia:
Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo com a pertinência temática;
A resolução dos casos faz parte da aula;
A abordagem dos casos permeia a exposição teórica.
Bibliografia / Jurisprudência:
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008, Volume III, Título I, Capítulo I.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006. v.3
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. 4. ed. rev. e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2008. Tomo 1, V. IV, Capítulo III.
Caso Concreto 1
Roberto deparou-se com a seguinte matéria publicada num jornal de circulação nacional:”SEGURADOS QUEREM MANTER BENEFÍCIOS PREVISTOS EM CONTRATO. O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e o Ministério Público de Juiz de Fora (MG) ajuizaram ações contra a Companhia de Seguros Aliança do Brasil e a Federação Nacional de Associações Atléticas do Banco do Brasil. A ação pede que se garanta aos segurados opção de continuar gozando os mesmos benefícios previstos no contrato atual. Os cerca de 400 mil segurados reclama que houve rompimento unilateral do contato, pois foi retirada a cobertura para invalidez permanente total por doença, e foi incluída cobertura para doença terminal. Além disso, haverá aumento no valor do prêmio, que passaria a ser de acordo com a faixa etária do segurado, acrescido de IGPM/FGV”.
A notícia revela a violação de princípio contratual por parte da Companhia de Seguros Aliança do Brasil e a Federação Nacional de Associações Atléticas do Banco do Brasil ? Justifique.
Caso Concreto 2
Emanuel, sócio-gerente de uma mercearia próxima à faculdade de Direito por mais de 10 anos, resolve vender o seu negócio para Firmina, moradora recente na cidade. O verdadeiro motivo do negócio, ignorado por Firmina, foi a informação, através de um amigo próximo de Emanuel que trabalhava na Prefeitura, que no mês seguinte começaria a obra para a construção de um hipermercado na outra esquina do seu estabelecimento. 
Dois meses após a celebração do negócio, Firmina procura você, advogado (a) militante, a fim de saber se a conduta de Emanuel, ao omitira informação quanto a abertura do novo hipermercado pode ensejar alguma espécie de ressarcimento a ela.Afinal, a atitude dele afronta algum princípio? Justifique sua resposta.
Questões Objetivas
1ª Questão: Lucas, proprietário de um imóvel na cidade de Fortaleza, celebra um contrato de locação com Janice, tendo esta última lhe informado sobre sua intenção de abrir um novo negócio rentável na cidade. Passados seis meses, Janice inaugura o seu novo empreendimento, que consiste na utilização do terreno para a atividade de enlatar sardinhas. Para diminuir os custos de seu empreendimento, Janice despeja os dejetos sem o devido tratamento. Os moradores ingressam com uma ação coletiva, visando a coibir a atividade de Janice, quanto ao enlatamento de sardinhas, em razão das diversas conseqüências ao bem-estar e à integridade física dos moradores, alegando ainda o descumprimento das regras de proteção ao meio ambiente.
Em defesa, Janice ressalta os princípios da relatividade dos contratos e o da autonomia da vontade, sob o argumento de que o seu contrato está perfeito e só gera efeitos entre as partes contratantes, não havendo interesse dos moradores em ingressarem na sua esfera jurídica.
Diante desse quadro, pode-se afirmar que
Janice está correta, na medida em que o ordenamento jurídico lhe garante a liberdade de contratar e a liberdade contratual. 
Feriu-se o princípio da boa-fé objetiva, haja vista que o comportamento entre as partes fugiu à ética contratual.
Não assiste razão a Janice, pois o princípio da autonomia da vontade foi mitigado pela função social do contrato e pelo princípio da supremacia da ordem pública.
A coletividade não pode se intrometer na relação contratual por causa do consensualismo contratual e da intangibilidade e imutabilidade dos contratos.
2ª Questão: (TJBA/2004) O ordenamento civil obrigacional brasileiro não contém norma específica reguladora diante do denominado adimplemento ruim. O art. 422 do Código Civil, contudo, ao disciplinar normas gerais sobre contratos, assim dispôs: “Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução,e princípios de probidade e boa-fé”. Considerando as informações do texto acima, julgue os itens seguir em verdadeiro ou falso:
( ) O Código Civil brasileiro adotou o princípio da boa-fé como fundamento dos deveres secundários no contrato. Logo, as ditas violações positivas do contrato prescindem do elemento culpa.
( ) O princípio da boa-fé, que norteia o Código Civil brasileiro, determina aumento de deveres, além daqueles pactuados entre as partes; contudo, trata-se de norma dispositiva, sujeita a auto-regulamentação pelos contratantes.
( ) A violação dos deveres secundários derivados do princípio-norma da boa-fé orienta-se pelo critério da culpa, porquanto objetiva a responsabilidade nela fundada.
SEMANA 3
Formação do contrato. Fases. Contrato preliminar. Tempo e lugar do contrato.Conclusão dos contratos. Momento. Lugar.
Conteúdos:
1 – A vontade livre e consciente é um dos pressupostos subjetivos do contrato válido. Logo, a sua manifestação de acordo com a norma jurídica consiste no primeiro e mais importante requisito de existência do negócio jurídico.
2 – A primeira fase da formação dos contratos é a puntuação, também denominada negociações preliminares ou tratativas. Dependendo da complexidade e do vulto econômico do contrato a ser celebrado, poderá ser mais ou menos extensa.
2.1 – Consiste em sondagens, pesquisas, conversações, estudos e debates para a averiguação de conveniência ou não na celebração do contrato. Se constatar-se positivamente, acarretará no oferecimento da proposta.
2.2 – Embora não gerem obrigação, as tratativas envolvem deveres de lealdade, correção, informação e, por vezes, sigilo. A inobservância desses deveres implicará na ausência de boa-fé objetiva, podendo acarretar na obrigação de indenizar se caracterizados os elementos da responsabilidade civil pré-contratual. 
2.3 – Jornada de Direito Civil, Brasília, 2002: “O art. 422 do Código Civil não inviabiliza a aplicação, pelo julgador, do princípio da boa-fé nas fases pré e pós-contratual”.
3 – A proposta (oferta, policitação) é a segunda fase da formação do contrato, significando a vontade definitiva de contratar nas bases oferecidas. Deve então conter todos os elementos essenciais do negócio jurídico em formação (preço, quantidade, qualidade, prazo, lugar e modo de pagamento etc.), bem como ser clara, completa e inequívoca.
3.1 – Trata-se de ato receptício porque sua eficácia depende da declaração do obleto, ou seja, daquele a quem a oferta se dirige.
3.2 – A proposta, via de regra, está imbuída de força vinculante, i.e., prende o proponente aos seus termos a fim de conferir segurança às relações sociais. Afinal, não raro acarreta fundada expectativa ao oblato de celebração do negócio, o que pode ser causa de despesas e gastos de diferentes naturezas.
3.2.1 – Excepcionalmente, o ordenamento jurídico retira a força vinculante da proposta: havendo expressa menção contrária, incompatibilidade com a natureza da oferta (anúncio em classificados, propostas abertas ao público limitadas ao estoque etc.) ou circunstâncias do caso (enumeração do art. 428, CC).
3.3 – Oferta entre presentes em que o oblato declara que responderá futuramente confere ao proponente o direito de retirá-la.
3.3.1 – Entre presentes significa a possibilidade de o oblato responder o policitante imediatamente, no mesmo momento.
3.4 – Tempo suficiente significa o prazo moral, ou seja, lapso temporal razoável para recebimento e expedição da resposta, devendo-se considerar a distância, o meio de comunicação utilizado, a complexidade do negócio em formação, dentre outros.
3.5 – Se esgotado o tempo estabelecido na proposta sem a resposta do oblato, pode-se retirar a proposta, salvo se for hipótese em que o silencio signifique aceitação (ex.: doação). 
3.6 – Se a retração chegar ao oblato depois da proposta, o único meio de retirá-la é a prova de que o aceitante soube da retratação antes da oferta (proposta por e-mail aberto antes da mensagem eletrônica sobre a proposta – há meios eletrônicos para certificar os fatos).
4 – A aceitação é a última fase da formação contratual, em que há a concordância com todos os termos da proposta. 
4.1 – Para produzir seus efeitos, deve ser pura, simples e dentro do prazo. Do contrário, haverá nova proposta. 
4.2 – O momento da conclusão do contrato entre presentes está no exato tempo em que é proferida a oferta, salvo se o proponente conceder prazo para resposta.
4.3 – Entre ausentes, sempre foi tormentosa a identificação do momento da celebração do contrato. Como resultado, surgiram teorias que visaram a solucionar o conflito:
43.1 – Teoria da Informação ou da Cognição: contrato está celebrado quando o proponente conhecer os termos da aceitação. 
4.3.1.1 – Não foi adotada por ser inseguro o momento em que se conhece a vontade, permitindo a manipulação por um dos sujeitos, bem como tender ao infinito o tempo da conclusão do contrato (ofertante tem de saber os termos da aceitação; aceitante tem de estar ciente de que o proponente conhece os termos da sua aceitação; oferetante tem de saber que o aceitante está ciente de que conhece os termos da aceitação...).
4.3.2 – Teria da Declaração ou da Agnição: está dividida em três outras teorias.
4.3.2.1 – Teoria da declaração propriamente dita: fica concluído o contrato no exato momento em que o oblato declarar inequivocamente sua adesão à proposta. Não foi acolhida pelo ordenamento jurídico em razão da sua fragilidade.
4.3.2.2 – Teoria da Expedição: foi adotada como regra pelo Direito pátrio. Assim, está formado o contrato quando a aceitação é enviada ao ofertante. 
4.3.2.3 – Teoria da Recepção: além da expedição, é necessário que a aceitação chegue ao proponente, nada importando se seus termos serão ou não conhecidos.Foi adotada pelo ordenamento jurídico como exceção à regra da expedição: retração da aceitação que chegue antes ao seu destinatário, houver compromisso do proponente em aguardar a resposta, oferta registrar prazo expressamente para que a resposta chegue ao proponente.
5 – O lugar do contrato, em aparente contradição com a regra da expedição, é onde houve a proposta. A razão legal considera o local onde ocorreu o impulso inicial que deu origem ao contrato.
5.1 – A relevância deste tema está nos contratos internacionais ao se investigar se será ou não aplicável a legislação brasileira (art. 9º, § 2º, LICC).
5.2 – As partes podem sempre eleger foro que lhes seja mais conveniente. Logo, o art. 435, CC, é norma disponível.
Objetivos Específicos: 
O aluno deverá ser capaz de:
Identificar as fases contratuais;
Compreender os requisitos e características de cada fase;
Apontar o lugar da celebração do contrato e a disponibilidade da norma;
Solucionar conflitos referentes ao momento da conclusão do contrato.
 	
Estratégia:
Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo com a pertinência temática;
A resolução dos casos faz parte da aula;
A abordagem dos casos permeia a exposição teórica.
Bibliografia / Jurisprudência:
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008, Volume III, Título I, Capítulo II.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006. v.3
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. 4. ed. rev. e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2008. Tomo 1, V. IV, Capítulo VI.
Caso Concreto 1
A empresa GESTÃO IMOBILIÁRIA anunciou em jornal de grande circulação um andar em um edifício comercial para locação, tendo tal oferta interessado a EMPREENDIMENTOS – SOCIEDADE DE CONSTRUÇÕES LTDA., que procurou a GESTÃO IMOBILIÁRIA para ver o imóvel. Após a primeira visita, a EMPREENDIMENTOS manifestou interesse na locação, mas informou que precisariam ser feitos certos reparos no imóvel. 
Após os primeiros encontros e as declarações da EMPREENDIMENTOS de que celebraria o contrato se o imóvel estivesse no estado adequado, a GESTÃO IMOBILIÁRIA tratou de fazer os reparos no imóvel, promovendo uma reforma que durou cerca de um mês. Durante a reforma, a EMPREENDIMENTOS visitava o imóvel regularmente. Concluídos os reparos, a GESTÃO IMOBILIÁRIA chamou a EMPREENDIMENTOS para que, enfim, fosse celebrado o contrato. Todavia, para a surpresa da GESTÃO IMOBILIÁRIA, a EMPREENDIMENTOS informou que não fecharia o acordo porque a sala tinha 200 m2 e teria verificado que as necessidades da EMPREENDIMENTOS limitavam-se a 120 m2, razão pela qual iria procurar um imóvel menor e mais barato.
1)	Pode-se afirmar que já existia algum contrato entre as empresas? Justifique.
2) 	A desistência da empresa EMPREENDIMENTOS tem amparo legal ? Justifique.
3)	Houve violação ao princípio da boa-fé ? Em caso positivo, em que fase do contrato ?
Caso Concreto 2
Charles recebe de Matheus a encomenda de 300 vasos de cerâmica e, no dia seguinte, faz a remessa das primeiras mercadorias. No fim do mesmo dia, Charles sabe por um comerciante amigo seu sobre o aumento do preço dos produtos a entregar e arrepende-se do negócio. Informa seu arrependimento a Matheus e alega que o ajuste não se aperfeiçoara, por carecer de aceitação, já que não houve por parte dele aceitação expressa. A alegação de Charles procede ? Justifique.
Questões Objetivas
1ª Questão: Em matéria de contratos, configura-se o momento da conclusão da formação quando:
a) no tempo em que o proponente souber os termos da aceitação.
b) quando inequivocamente o aceitante declarar sua adesão à oferta.
c) à época em que o oblato enviar a aceitação ao proponente, ainda que a ele não chegue.
d) entre presentes,no mesmo instante da proposta; entre ausentes, não há tempo certo estabelecido pela norma jurídica.
2ª Questão: João, após certo tempo de dividir a mesma turma de estudos com Lourdes, desenvolveu por ela especial afeto, não obstante ser casada. Passou então a lhe presentear com flores, chocolates, jóias e outros mimos, sendo certo que, em todas as vezes, Lourdes recebia os presentes, os guardava, porém nada dizia. Por fim, ele tomou coragem para se declarar e convidá-la para um jantar a dois. Diante da resposta negativa dela, ele mostrou-se contrariado, principalmente porque ela aceitou todos os seus presentes. Constrangida, Lourdes afirmou que jamais aceitou qualquer presente. Afinal, nunca declarou aceitação a qualquer proposta.
Diante do quadro, considerando que os presentes configuram doações, marque a alternativa correta:
a) Lourdes está correta, haja vista que não foi recebida por João qualquer manifestação positiva quanto ao contrato.
b) O comportamento de João não denotava nenhuma proposta, mesmo porque não se percebe as características da oferta no caso.
c) Não se pode dizer que houve aceitação porque o Código Civil adotou a teoria da expedição, sendo certo que nenhuma vontade foi dirigida ao proponente.
d) Foi sim concluído o contrato de doação, na medida em que o Código Civil admite a hipótese de aceitação quando não houver recusa num prazo moral ou expressamente estipulado.
	 
SEMANA 4
Classificação dos contratos.
Conteúdos:
1 – Os contratos agrupam-se em diferentes categorias conforme o ângulo pelo qual são analisados. A compreensão de cada modo de classificação é importante para entender as características de cada contrato, bem como aplicar certos fenômenos jurídicos à espécie.
2 – Quanto à obrigação nascida da relação contratual, pode-se classificá-lo em unilateral, bilateral ou plurilateral ou plúrimo: o primeiro gera obrigação para apenas uma das partes envolvidas, o segundo para ambos os contratantes e o terceiro é o tipo de contrato que possui mais de duas partes. 
2.1 – Evicção, vício redibitório, cláusula resolutiva e exceção de contrato não-cumprido são institutos contratuais que somente podem ser aplicados em contratos bilateriais.
2.2 – Contrato bilateral imperfeito subordina-se ao regime dos contratos unilaterais. É aquele que somente gera obrigação para uma das partes por circunstância acidental ocorrida durante a execução da prestação, como no caso em que o depositante é obrigado a indenizar o depositário por danos sofridos ao guardar a coisa em contrato que não comporte remuneração. 
3 – Quanto às vantagens patrimoniais, os contratos dividem-se em gratuitos (ou benéficos ou graciosos) e onerosos. Os primeiros são aqueles que geram benefício econômico para apenas uma das partes, enquanto que a outra somente tem sacrifícios; os segundos implicam em vantagens para ambas as partes. 
3.1 – Há doutrinadores que distinguem os contratos gratuitos em propriamente ditos e em desinteressados: os primeiros são aqueles em que uma das partes empobrece em favor da outra (ex.: doação pura); os segundos geram benefícios sem empobrecimento de ninguém (ex.: empréstimo). 
3.2 – Em regra, os contratos gratuitos são unilaterais e os onerosos são bilaterais. Todavia, excepcionalmente, é possível um contrato ser unilateral e oneroso ao mesmo tempo (ex.: empréstimo de dinheiro mediante juros). Segundo alguns doutrinadores, que admitem classificar os contratos em bilateral imperfeitos, estes são gratuitos (ex.: depósito sem remuneração e mandato).
3.3 – Os contratos onerosos podem ser agrupados em comutativos e aleatórios: os primeiros significam contratos em que as partes podem antever as vantagens e sacrifícios, os quais se equivalem (em termos mais simples, as prestações se equivalem); os segundos são chamados contratos de risco, ou seja, as partes não podem antever se o sacrifício a ser cumprido conferirá a vantagem econômica esperada (alea, em latim, é o mesmo que risco, sorte, acaso). 
3.3.1 – Há contratos aleatórios por natureza, ou seja,o risco faz parte da essência do negócio (seguro, previdência privada, cessão de direitos hereditários) e os contratos acidentalmente aleatórios (venda de safra futura).
3.3.2 – A distinção ente contatos comutativos e aleatórios é importante para atração de certos institutos contratuais (evicção, vício redibitório, rescisão por lesão).
3.3.3 – Os contratos aleatórios podem ser classificados em emptio spei (denominada também venda da esperança) e emptio rei speratae (venda da coisa esperada). Os primeiros são previstos no art. 458, CC, em que o pagamento é devido ainda que nada exista para ser entregue ao adquirente, salvo se a perda ocorrer por culpa do alienante; os segundos são aqueles em que o pagamento é devido desde que a coisa a ser entregue exista em alguma quantidade, salvo se houver culpa do alienante.
4 – Quanto à participação da vontade dos contratantes, os contratos podem ser classificados em paritários e de adesão. Paritários são aqueles em que cada uma das cláusulas é construída pelo encontro da vontade das partes em situação de igualdade. Os contratos de adesão, frutos da produção em massa, implicam na imposição de cláusulas preestabelecidas por uma das partes, cabendo a outra apenas aceitá-las ou não.
4.1 – Parte da doutrina difere o contrato de adesão do contrato-tipo (ou contrato por formulário). Apesar da identidade no fato de ser apresentado por um dos contraentes, diferem-se porque o contato-tipo não tem sua essência na desigualdade econômica e admite discussão das cláusulas. Assim, não obstante serem pré-redigidas, as cláusulas não são impostas, admitindo a discussão, ainda que parcial, entre as partes.
5 – Quanto ao cumprimento da prestação contratual, os contratos podem ser de execução simultânea (ou instantânea), diferida ou continuada.
5.1 – Contrato de execução simultânea (ou imediata ou instantânea ou única) é aquele cuja obrigação se exaure no mesmo momento em que o negócio é concluído.
5.2 – Nos contratos de execução diferida (ou retardada), a consumação da prestação ocorre também num único momento, porém em tempo futuro à conclusão do contrato. Logo, há necessariamente lapso temporal entre a celebração do contrato e o cumprimento da respectiva prestação, sendo esta exaurida num único ato.
5.3 – Os contratos de execução continuada (ou de trato sucessivo) são aqueles cujas obrigações se cumprem por atos reiterados ao longo do tempo. 
5.4 – Há contratos que podem dar origem a obrigações de naturezas diferentes. Assim, por exemplo, a compra de um móvel pode implicar no dever no pagar o preço à vista e a entrega do imóvel num tempo futuro (uma execução imediata e outra retardada).
5.5 – As distinções são relevantes porque a teoria da imprevisão, por exemplo, não se aplica às obrigações simultâneas.
6 – Quanto à pessoalidade, os contratos podem ser personalíssimos (intuito personae) ou impessoais.
6.1 – Nos contratos personalíssimos, as qualidades pessoais do contratante são mais relevantes do que o objeto, consistindo, em regra, obrigações de fazer. Com efeito, são intransmissíveis e anuláveis por erro quando à pessoa.
6.2 – Os contratos impessoais podem ser cumpridos por qualquer pessoa. Logo, não são extintos pela morte do contratante porque os herdeiros do devedor poderão cumpri-lo.
7 – Quanto às vontade envolvidas, os contratos podem ser individuais ou coletivos. Assim, os primeiros são formados de acordo com a expressão de intenções manifestada cada participante do negócio jurídico, enquanto que os segundos são formados por um grupo representado por um líder legitimamente constituído.
8 – Quanto à consideração recíproca, os contratos podem ser principais e acessórios. Os principais têm existência própria, não dependendo de nenhum outra para serem constituídos. Já os acessórios somente são formados em razão dos principais, seguindo a sua sorte. 
8.1 – Alguns autores, como Orlando Gomes, identificam tipos diferentes de contratos acessórios: preparatórios (ex.: mandato), integrativos (ex.: aceitação do terceiro em seu favor) e complementares (ex.: fiança).
8.2 – Há também a distinção entre acessórios e subcontratos (ou derivados). Apesar de ambas as categorias envolverem dependência de outro, os derivados implicam num desdobramento do contrato principal, inclusive tendo o mesmo objeto e características (ex.: locação e sublocação).
9 – Quanto ao modo de celebração, os contrato podem ser solenes (ou formais) e não solenes (ou informais). Os primeiros somente são válidos se obedecida à forma de celebração determinada por lei ou pela vontade das partes; os segundos são válidos independentemente do modo em que são formados.
9.1 – Tendo o Brasil adotado a liberdade de forma, somente excepcionalmente os contratos são ad solemnitatem.
10 – Quanto à formação, os contratos podem ser consensuais e reais.
10.1 – Os contratos consensuais, os quais consistem na regra, tornam-se negócio jurídico perfeito mediante a expedição da aceitação do oblato em direção ao proponente, salvo nos casos em que é necessária a recepção. Se envolverem entrega de coisa, este ato significará o cumprimento da obrigação nascida da vontade dos sujeitos (ex.: compra e venda, doação).
10.2 – Os contratos reais, exceção jurídica, somente se aperfeiçoam ao tempo em que a coisa é entregue ao devedor. Em outros termos, não é possível haver execução da prestação contratada antes da tradição, pelo que fica inexigível a obrigação (ex.: empréstimo, depósito).
11 – Contratos Preliminares e Definitivos: os primeiros, denominados pelos romanos pactum de contrahendo, são aqueles que têm por objeto a celebração dos segundos. 
11.1 – Como há identidade entre os negócios, todos os elementos contratuais são os mesmos, salvo a forma. Assim, por exemplo, os contratos de compra e venda, em regra, devem ser celebrados por instrumento público, porém os contratos de promessa de compra e venda podem ser celebrados por instrumento particular.
12 – Quanto à previsão legal, os contratos podem ser típicos (nominados) ou atípicos (inominados). De acordo com a autonomia da vontade, o ordenamento jurídico autoriza as partes convencionarem obrigações que não estão disciplinadas em lei.
12.1 – Os contratos atípicos devem observar os elementos essenciais dos negócios jurídicos. 
12.2 – Os contratos resultantes da combinação de contratos típicos com cláusulas de outro são denominados mistos. Em outros termos, os contratos mistos são formados por elementos de dois ou mais negócios jurídicos.
12.3 – Também merecem menção os contratos coligados, ou seja, pactos constituídos por uma pluralidade de avenças interligadas. São comumente celebrados entre distribuidoras de petróleo e exploradoras de postos de gasolina: fornecimento de combustíveis, arrendamento de bombas, locação de prédios etc.
Objetivos Específicos: 
O aluno deverá ser capaz de:
Compreender a importância de classificar os contratos de acordo com critérios bem delineados;
Identificar diferentes tipos de classificação de contratos;
Interligar contratos de diferentes classificações;
Exemplificar cada espécie de contrato.
 	
Estratégia:
Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo com a pertinência temática;
A resolução dos casos faz parte da aula;
A abordagem dos casos permeia a exposição teórica.
Bibliografia / Jurisprudência:
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008, Volume III, Título I, Capítulo III.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006. v.3
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. 4. ed. rev. e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2008. Tomo 1, V. IV, Capítulo VIII.
Caso Concreto 1
Manoel resolveu viajar para o exterior por poucas semanas. Preocupado com a hipótese de sofrer algum acidente ou causar danos a alguém, seleciona uma empresapara celebrar contrato de seguro. Assim, pagaria um certo prêmio e, em contrapartida, teria cobertura caso sofresse algum sinistro.
Considerando a modalidade do contrato relatada, responda:
É oneroso ou gratuito ?
É bilateral ou unilateral ?
É de natureza aleatória ? Justifique.
É solene ? Justifique.
Caso Concreto 2
Antônio e Carla celebram contrato de doação de uma casa residencial localizada em Santarém/PA avaliada em R$ 200.000,00 (duzentos mil reais). A título de encargo, a donatária comprometeu-se a organizar, por 5 (cinco) anos consecutivos, evento beneficente de natal da Fundação Antônio Almeida, fundada pelo genitor do doador.
 
Analisando o contrato acima e tomando por parâmetro o direito contratual brasileiro, responda, JUSTIFICADA E FUNDAMENTADAMENTE:
1)	É oneroso ou gratuito ?
2)	É bilateral ou unilateral ?
3)	É de natureza aleatória ? 
4)	É solene ? 
Questões Objetivas
1ª Questão: Nos contratos abaixo relacionados, assinale o que é unilateral, real, informal e nominado:
a) doação
b) mútuo
c) depósito
d) compra e venda
2ª Questão: João celebrou contrato de transporte de coisas para fins de levar seus móveis para uma nova residência. Conforme as cláusulas avençadas, o preço foi pago no exato momento da contratação do frete, enquanto que a empresa somente executaria a prestação de fazer na semana seguinte, em dia e hora combinados.
Isto posto, marque a alternativa que corretamente classifica o contrato no que tange ao cumprimento da obrigação pactuada:
a) Simultânea, porque as obrigações surgiram tão logo foi o contrato concluído.
b) Diferida, na medida em que será encerrado o contrato em tempo futuro à celebração.
c) Continuada,haja vista o adimplemento se estender ao longo do prazo contratual.
d) Como dá origem a obrigações distintas, uma tem execução simultânea e a outra diferida.
SEMANA 5
Dos efeitos dos contratos. Força obrigatória dos contratos. Relatividade dos efeitos dos contratos. Eficácia com relação a terceiros. Contratos por terceiro. Estipulação em favor de terceiros. Promessa de fato de terceiro. Contrato com pessoa a declarar.
Conteúdos:
1 – O principal efeito dos contratos é vincular as partes tal qual a lei opera em sociedade, na medida em que cria obrigação a ser compulsoriamente cumprida, sob as penas previstas em lei ou no próprio pacto. Uma vez exaurida a prestação obrigacional, fica extinto o contrato.
2 – Uma das características da relação contratual, conforme salientado ao tempo do estudo dos princípios, é a relatividade, ou seja, os efeitos do contrato não ultrapassam as pessoas envolvidas na obrigação criada pela vontade dos sujeitos. 
2.1 – A título de exceções expressamente previstas em lei, foram criadas figuras jurídicas que estendem os efeitos do contrato a terceiros, pessoas cujas vontades não operaram na formação contratual. Dentre tais exceções, está a estipulação em favor de terceiro.
3 – A estipulação em favor de terceiro consiste no fato de uma pessoa (denominada estipulante) convencionar com outra (denominada promitente) que uma vantagem econômica resultará do ajuste entre as partes em favor de uma terceira que não participou da celebração do contrato (denominada beneficiário). 
3.1 – No instante da execução do contrato, o beneficiário, cuja vontade não colaborou para a formação do contrato, pode tornar-se credor do promitente, desde que aceite exatamente todos os termos avençados entre o promitente e o estipulante.
3.2 – Sob pena de invalidação da estipulação, a atribuição patrimonial em favor do terceiro deve consistir em liberalidade, ser-lhe gratuita. Assim, qualquer pessoa, inclusive absolutamente incapazes, pode ser beneficiária.
3.3 – É relevante a aceitação do beneficiário para que surtam os efeitos da estipulação em seu favor, conforme dispõe o art. 438, CC. Afinal, o ordenamento jurídico não admite a aquisição compulsória de um direito, bem como o envolvimento num contrato sem emissão de vontade.
3.4 – O estipulante pode alterar a qualquer tempo a figura do beneficiário, tanto no próprio contrato quanto em testamento.
4 – Outro instituto que esvazia a força da relatividade é a promessa por fato de terceiro. Esta consiste em avença na qual o vinculado é aquele que promete a outrem a execução de uma obrigação de fazer, ou seja, a celebração do contrato com outra pessoa.
4.1 – O agente não assume a figura de mandatário porque o terceiro não lhe outorgou poderes para representá-lo. Sua conduta é autônoma ao assumir perante alguém que conseguirá criar laços contratuais entre a pessoa a quem se promete e o terceiro.
4.3 – Se o terceiro assumir a relação contratual, o promitente terá cumprido sua obrigação de fazer outrora assumida; se o terceiro não assumir a relação contratual e houver danos ao sujeito a quem se prometeu, o promitente responderá por perdas e danos.
4.4 – É isento de responsabilidade o promitente casado com o terceiro sob regime de bens que possa comprometer o patrimônio do terceiro, na medida em que não se pode apenar quem nem mesmo soube do negócio, tampouco emitiu qualquer vontade.
5 – Finalmente, há a figura do contrato com pessoa a declarar, em que uma das partes reserva para si a faculdade de nomear alguém para assumir sua posição na relação contratual tal qual tivesse a pessoa designada celebrado o contrato inicialmente.
5.1 – Esta prática era bastante aplicada no mercado antes de a legislação brasileira positivá-la, principalmente nos contratos de promessa de compra e venda em que o promitente comprador concedia-se o direito de indicar outra pessoa para constar no contrato definitivo em seu lugar.
5.2 – Se o contrato não dispuser do tempo para manifestação do nomeado a respeito da sua aceitação ou não, o prazo será de cinco dias. A formalidade deve ser a mesma exigida para a formação do contrato.
5.3 – Feita a indicação e aceita a nomeação, assume o nomeado a relação contratual como se fizesse parte dela desde o princípio. Se houver silêncio do indicado, presume-se que não houve aceitação.
5.4 – O contrato é eficaz apenas entre as parte originalmente envolvidas se não houver indicação, se a nomeação não for aceita, se indicado for incapaz ao tempo da nomeação ou se insolvente, este último tanto no tempo da indicação quanto no tempo da nomeação.
Objetivos Específicos: 
O aluno deverá ser capaz de:
Compreender a força vinculante dos contratos e sua eficácia relativa;
Identificar as exceções legais à relatividade;
Diferenciar e correlacionar cada uma das exceções;
Perceber os efeitos e características dos institutos apresentados.
 	
Estratégia:
Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo com a pertinência temática;
A resolução dos casos faz parte da aula;
A abordagem dos casos permeia a exposição teórica.
Bibliografia / Jurisprudência:
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008, Volume III, Título I, Capítulo IV, V e X..
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006. v.3
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. 4. ed. rev. e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2008. Tomo 1, V. IV, Capítulo VII.
Caso Concreto 1
Milena encaminhou proposta a Francisca cujo objeto era a alienação de 30 cavalos marcha larga pelo preço de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais). Na referida proposta, Milena se obrigou a aguardar resposta no prazo de 30 dias. Ocorre que no 15º dia Milena sofreu um acidente de trânsito e veio a falecer. Houve a aceitação da proposta após a morte da proponente, porém antes do vencimento do prazo de 30 dias. 
Isto posto, indaga-se se os herdeiros de Milena estão obrigados a cumprir os termos da proposta ? Justifique a sua resposta.
Caso Concreto 2
Manoel resolveu viajar para o exterior por poucas semanas.Preocupado com a hipótese de sofrer algum acidente ou causar danos a alguém, seleciona uma empresa para celebrar contrato de seguro, segundo o qual seus filhos receberiam indenização de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) se morresse por causa alheia à sua vontade. 
Destarte, pergunta-se:
Qual instituto se percebe no contrato celebrado entre Manoel e a seguradora ? Quais são as partes envolvidas ?
Identifique credor e dever.
Considerando serem os filhos de Manoel absolutamente incapazes, poderiam eles figurar no contrato em tela ? Justifique
Questões Objetivas
1ª Questão (TJ-SC-27/04/2003 – Direito Civil – Questão n.º 17): Com relação aos CONTRATOS COM PESSOA A DECLARAR (arts. 467 a 471, CC/2002), assinale a alternativa correta: 
a)	 A aceitação do nomeado poderá ser feita verbalmente, mesmo que o contrato tenha sido realizado por escrito. 
b)	 Os direitos e obrigações da pessoa indicada, uma vez aceita a nomeação, não retroagem à data da celebração do contrato. 
c) Inexistente indicação de pessoa, no prazo previsto no Código Civil (5 dias) ou em outro estipulado pelas partes, o contrato se extingue. 
d)	 Se a pessoa a nomear era incapaz no momento da nomeação, o contrato não produz efeitos em relação aos contratantes originários. 
e)	 Todas as alternativas são incorretas. 
2ª Questão: Jenifer quer contratar o mais badalado fotógrafo do momento para registrar seu um casamento. Seu marido, Roberto, por ser primo da esposa do fotógrafo, Antonia, questionou-a se seria possível contratá-lo. Solidária ao desejo de Jenifer, Antonia compromete-se a ajudá-los, já que seu marido faz tudo que ela quer. Contudo, seria cobrado um preço simbólico pelo serviço a ser pago em duas parcelas de R$ 5.000,00. No dia do evento, o fotógrafo não comparece e, quando procurado, diz que sequer sabia do fato. Antonia, por sua vez, lamentou o ocorrido e pediu desculpas, bem como declarou não poder devolver o dinheiro já recebido porque o fato criar-lhe-ia grandes problemas conjugais, já que seu marido lhe proibira de se manifestar por ele, bem como já o gastou completamente.
Diante disso, poderia Jenifer responsabilizar o fotógrafo ou sua esposa pelos danos morais e materiais sofridos ?
a) Depende do regime de bens vigente na relação conjugal entre Antonia e o fotógrafo.
b) Somente Antonia poderia ser responsabilizada porque descumpriu sua obrigação de fazer.
c) Ambos podem ser responsabilizados porque não se admite o enriquecimento sem causa.
d) Ninguém será responsabilizado porque a lei não permite demandar contra pessoas casadas.
SEMANA 6
Elementos Naturais do Contrato. Vícios Redibitórios. Exclusão da garantia em hasta pública. Evicção. Evicção nas aquisições judiciais. Boa-fé do evicto.
Conteúdos:
1 – Vícios redibitórios são defeitos ocultos em coisa adquirida em contratos comutativos, os quais a tornam imprópria para o fim a que se destina ou lhe diminua o valor.
1.1 – A coisa pode ser rejeitada pelo adquirente, pelo que lhe é devida a devolução do pagamento ou a troca, além de perdas e danos, se o alienante tiver ciência do defeito antes da alienação. Pode ainda o adquirente optar por ficar com a coisa mediante abatimento do preço.
1.2 – O alienante é responsável pelo vício ou defeito se deixar de ser oculto quando a coisa estiver sob a posse do adquirente. É fundamental que a causa do problema seja anterior à entrega do bem.
1.3 – Mesmo que não tenha ciência do vício, responderá o alienante pela devolução do preço recebido. Entretanto, não responderá por perdas e danos porque sua conduta não foi dolosa.
1.4 – O fundamento da responsabilidade pelos vícios está no princípio de garantia, em que o alienante deve conferir segurança ao adquirente quanto à qualidade e quantidade acerca da coisa adquirida. Em outros termos, trata-se de garantia da equivalência ínsita à comutatividade.
1.5 – As ações cujas causas de pedir consistem em vício redibitório são denominadas edilícias. São suas espécies a ação redibitória, em que o adquirente rejeita a coisa, e a ação estimatória (ou quanti minoris), em que o adquirente não rejeita a coisa, porém pretende pagar por ela preço inferior em razão da perda da equivalência entre o preço avençado e as verdadeiras características da coisa.
1.6 – A lei prevê prazos decadenciais para o exercício das ações edilícias, os quais variam de acordo com: a natureza do bem; se o adquirente já estava ou não na posse da coisa antes da aquisição da propriedade; se era ou não possível identificar o vício tão logo adquirido o bem ou se seria necessário o uso contínuo.
1.7 – Vício redibitório não significa má apreciação das características essenciais do objeto adquirido. Nesta última hipótese,a ação seria anulatória por erro (vício de consentimento).
1.8 – O Código Civil revogado afastava a responsabilidade por vício redibitório se a coisa fosse adquirida em hasta pública. Contudo, como a exceção não foi reproduzida na lei vigente, entende-se pela possibilidade de se propor ação edilícia mesmo neste caso.
2 – Evicção é a perda da coisa em virtude de sentença judicial, a qual atribui a outrem a titularidade sobre o bem por um motivo jurídico anterior ao contrato. Logo, há três atores envolvidos: o evictor, reivindicante e vencedor da demanda; o evicto, adquirente que perde a coisa para o reivindicante; alienante, quem responderá pela perda da coisa.
2.1 – O alienante tem o dever de garantir o uso e gozo ao adquirente, ou seja, auxiliá-lo nos casos em que alguém reclamar a coisa alienada e, na hipótese de perda pelo adquirente, indenizá-lo. Daí,a evicção estar fundamentada também no princípio da garantia em que se assentam os vícios redibitórios.
2.2 – Não se discute culpa do alienante, pois este, mesmo de boa-fé, responde perante o adquirente pelos prejuízos resultantes da evicção.
2.3 – Podem as partes convencionarem: reforço, diminuição ou exclusão da responsabilidade pela evicção. Contudo, a mera cláusula geral de exclusão não isenta o alienante de restituir o preço pago pelo adquirente.
2.3.1 – A completa isenção de responsabilidade do alienante decorrerá da ciência ao adquirente do exato risco que corre, tendo este assumido expressamente a opção de sofrê-lo.
2.4 – Entende a doutrina especializada que o reforço não pode ser ilimitado a ponto de ultrapassar a totalidade dos prejuízos sofridos pelo adquirente. 
2.5 – Subsiste a obrigação de indenizar se a coisa tiver sido adquirida em hasta pública. A demanda deve ser exercida contra o credor exeqüente, que recebeu o pagamento do arrematante evicto, estendendo-se ao devedor executado se este tiver recebido saldo remanescente.
2.6 – Deve o evicto demandado denunciar à lide o alienante a fim de exigir dele a indenização pelos prejuízos decorrentes da evicção, servindo-se da mesma sentença que favoreceu o reivindicante.
2.6.1 – Entende o STJ que a ausência de denunciação da lide não prejudica a pretensão do evicto em demandar indenização pelo prejuízo sofrido. Contudo, perderá o benefício de fazê-lo na mesma ação em que é demandado pelo reivindicante e, portanto, não poderá se servir da mesma sentença que o condenar. Em outros termos, terá de propor nova ação de conhecimento.
2.7 – Se a evicção for parcial, ou seja, se o evicto perder apenas parte da coisa adquirida, poderá optar entre a extinção do contrato ou a devolução do preço correspondente ao tanto perdido. Contudo, a alternatividade somente é facultada se a perda parcial for declarada considerável pelo juiz. Caso contrário, seu direito será apenas a indenização.
2.8 – Se comprovada a má-fé do evicto, ou seja, seu conhecimento de ser a coisa alheia ou litigiosa, não poderá ser demandada indenização ou qualquer outro efeito do alienante. Afinal, ninguém pode se beneficiar da própria torpeza.
2.9 – A jurisprudência entende cabível ação autônoma de execução quando ocorrer evicção administrativa (ex.: veículo roubado apreendido por policiaisem uma blitz).
Objetivos Específicos: 
O aluno deverá ser capaz de:
Conceituar vício redibitório e evicção;
Elencar características e requisitos;
Identificar as ações respectivas a cada fato, bem como prazos e pretensões;
Compreender os efeitos decorrentes do vício redibitório e da evicção
 	
Estratégia:
Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo com a pertinência temática;
A resolução dos casos faz parte da aula;
A abordagem dos casos permeia a exposição teórica.
Bibliografia / Jurisprudência:
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008, Volume III, Título I, Capítulos VI e VII.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006. v.3
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. 4. ed. rev. e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2008. Tomo 1, V. IV, Capítulos XII e XIII.
Caso Concreto 1
Pedro celebra um contrato de compra e venda de um apartamento, em Cabo Frio, com Renata, alienante, em 27 de outubro de 2005. Um ano após a compra, Pedro recebe em sua casa uma citação do oficial de justiça para responder a uma ação petitória, no qual o autor, André, se diz o legítimo proprietário daquele imóvel. Desesperado com a possibilidade de perder a sua moradia, Pedro telefona para Renata informando-lhe do ocorrido e exigindo explicações. Esta, por sua vez, diz que não tem qualquer responsabilidade, pois não sabia que o imóvel pertencia a André e que havia adquirido o imóvel em hasta pública.
Com base nos fatos acima responda justificando e fundamentando nos dispositivos legais pertinentes.
A)	Renata possui algum dever jurídico perante Pedro caso ele perca o imóvel em razão da ação petitória? Qual?
B)	De que forma Pedro poderá exercer o direito oriundo da evicção em face de Renata?
C)	A garantia da evicção subsiste quando o bem é adquirido em hasta pública? Em face de quem deveria ser proposta essa ação?
Caso Concreto 2
Técio adquiriu um boi reprodutor de Fábio, grande amigo seu. Três meses após a compra, o animal manifestou uma doença incurável, que já se achava encubada ao tempo da alienação, motivo pelo qual o boi veio a falecer.
1 – Técio pode propor ação redibitória ou quanti minoris pelo falecimento do animal? Justifique. 
2 – O desconhecimento de Fábio a respeito da doença do boi possui que reflexos no direito de Técio? Justifique.
Questões Objetivas
1ª Questão: Suelen, locatária de uma casa que pertence a Lucia há dez meses, descobre que a proprietária quer vendê-la e se interessa em comprá-la. Passados quatro meses da aquisição do imóvel, descobre que toda a estrutura da casa está comprometida porque foi construída com material inadequado e sem fundações sólidas. 
Assim, marque a alternativa correta:
Nada caberá à Suelen porque está no imóvel há mais de 1 ano, pelo que decaiu seu direito.
Não haveria vício redibitório no caso porque não houve dano causado à adquirente.
Suelen tem direito de rejeitar o contrato porque o prazo é de 6 meses a contar da compra.
O direito de Suelen dependerá dos termos previstos na cláusula do contrato celebrado com Lucia.
2ª Questão: Sandro celebra contrato de doação mediante encargo com Augusto, pelo qual lhe transfere a propriedade de um imóvel pelo preço certo de R$ 100.000,00 (cem mil reais). No instrumento, há cláusula expressa em que Sandro, o vendedor, fica isento de responsabilidade por eventuais riscos de evicção a Augusto. Alguns meses após a conclusão do contrato, Augusto é citado em ação de usucapião em que um terceiro, João, alega e comprova ter adquirido a propriedade da coisa pelo exercício da posse. 
Conforme os relatos, indique a alternativa INCORRETA:
a) A responsabilidade do alienante subsistirá se a usucapião tiver ocorrido antes da venda.
b) A cláusula não isenta totalmente o vendedor, tendo ele de restituir o valor pago pela coisa.
c) A ausência de denunciação da lide não prejudicará eventual propositura de ação própria para discutir a responsabilidade civil do alienante.
d) Sandro terá de indenizar os prejuízos de Augusto ainda que este sempre tenha estado ciente de a coisa ser alheia ou litigiosa.
SEMANA 7
Contratos preliminares e definitivos. Promessa de compra e venda (momento da transmissão do domínio; características). Arras. Distinções.
Conteúdos:
1 – Contrato preliminar é um negócio provisório, preparatório, no qual prometem complementar o ajuste mediante a celebração do contrato definitivo. Assim, é constituída a obrigação de fazer, cujo cumprimento encerrará o objeto do contrato preliminar.
2 – Os requisitos exigidos para o contrato preliminar são os mesmos do contrato definitivo, exceto a forma. 
3 – O contrato preliminar mais comum é a promessa de compra e venda, através da qual as partes avençam a celebração futura do contrato definitivo (compra e venda), que envolverá a obrigação de transferir a propriedade, após o pagamento do preço.
3.1 – Não havendo expressa autorização para arrependimento, o contrato é irretratável. Se celebrado pela forma escrita, poderá o promitente-comprador exigir a adjudicação compulsória judicialmente, substituindo a sentença declaratória de procedência o título definitivo. Assim, seu registro transferirá a propriedade para o adquirente.
3.2 – Relevante destacar o princípio do adimplemento substancial.
3.3 – Havendo descumprimento da obrigação pelo promitente-comprador, terá ele de restituir o imóvel ao promitente-vendedor, cabendo-lhe restituição parcial do preço.
3.3.1 – Se tiver estabelecido residência no imóvel, terá o promitente-comprador o direito de exigir taxa de ocupação pelo período em que se serviu da coisa. Em contrapartida, poderá o promitente-comprador cobrar indenização por benfeitorias.
3.4 – O registro do contrato de promessa de compra e venda não confere ao promitente-comprador direito de propriedade, na medida em que não constitui obrigação de transferir propriedade, mas sim de celebrar outro contrato (definitivo). O registro confere direito real de aquisição, ou seja, oponibilidade erga omnes quanto ao direito de exigir a adjudicação. 
3.5 – A cláusula de arrependimento, prevista expressamente pelas partes no contrato, retira a possibilidade de adjudicação compulsória, na hipótese de desistência por parte do promitente vendedor. Contudo, esta cláusula só é possível em se tratando de imóvel não loteado, sendo proibida nos casos em que o objeto da promessa envolva imóvel loteado (lotes rurais – Decreto-lei n. 58/37), e lotes urbanos (Lei 6.766/79 9 Lei de Parcelamento do Solo Urbano). Qualquer cláusula nesses contratos, permitindo a retratabilidade, é tida por não escrita. A vedação é de ordem pública. 
3.6 – O Código Civil, permitindo o arrependimento, cuida dos imóveis não loteados (art. 1.417).
4 – Sinal ou arras são a quantia ou coisa entregue por um dos contraentes ao outro como confirmação do acordo de vontades e, dependendo da hipótese, início de pagamento. 
4.1 – Não se confundem arras e promessa de compra e venda, não obstante terem em comum o fato de serem preliminares a um contrato. As primeiras são uma garantia de que um contrato será celebrado; o segundo é o próprio contrato. Logo, é bastante comum alguém dar arras para garantir a futura celebração de um contrato de promessa de compra e venda, o qual, ao final, ensejará o contrato de compra e venda.
4.2 – Em conseqüência de sua natureza acessória, incidem arras na antecipação de um contrato bilateral e oneroso translativo de propriedade. Logo, não existem por si.
4.3 – O instituto nasceu no direito romano, as denominadas arras esponsalícias, em que o pretendente entrega um anel como símbolo de que contrairia núpcias. Se o noivo não cumprisse o trato, além de perder o anel, teria de pagar indenização que poderia atingir o triplo ou quádruplodo valor, dependendo dos danos gerados.
4.4 – O sinal ou arras podem ser início de pagamento quando a coisa entregue é parte ou parcela do contrato a ser celebrado, bem como do mesmo gênero do restante a pagar.
4.5 – A garantia decorrente das arras consiste na perda do valor pago por quem as deu se for o responsável pela não-concretude do negócio pretendido; se o responsável for quem as recebeu, terá de devolvê-las em dobro. Assim, a quantia referente a arras equivale à segurança jurídica de que o contrato ser formado.
4.5.1 – Devolver em dobro significa restituir e entregar, do seu próprio patrimônio, o valor equivalente.
4.6 – Existem duas espécies de arras: confirmatórias e penitenciais.
4.6.1 – Arras confirmatórias não admitem arrependimento, consistindo na regra jurídica, ou seja, esta será a espécie diante do silêncio das partes. Neste caso, o valor das arras vale como taxa mínima, podendo ser exigida indenização suplementar caso seja comprovado que o dano sofrido foi maior que o preço pago a título de arras.
4.6.2 – As arras são penitenciais quando houver previsão de arrependimento. Nesta hipótese, as arras têm função unicamente indenizatória, não se admitindo indenização suplementar.
Objetivos Específicos: 
O aluno deverá ser capaz de:
Conceituar e identificar as características dos contratos preliminares e definitivos;
Definir arras e diferenciar suas espécies;
Estabelecer os aspectos convergentes e divergentes entre arras e contratos preliminares.
 	
Estratégia:
Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo com a pertinência temática;
A resolução dos casos faz parte da aula;
A abordagem dos casos permeia a exposição teórica.
Bibliografia / Jurisprudência:
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008, Volume II, Título IV, Capítulo VI.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008, Volume III, Título I, Capítulo IX.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006. v.3
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. 4. ed. rev. e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2008. v. II, Capítulos XII e XIII.
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. 4. ed. rev. e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2008. Tomo 1, V. IV, Capítulo IX.
Caso Concreto 1
Carlos e Claudia celebraram, mediante instrumento particular, contrato de promessa de compra e venda de imóvel, obrigando-se o promitente vendedor e o promitente comprador à celebração do contrato definitivo no prazo de 90 dias, após o pagamento da última parcela de preço, que as partes ajustaram em R$ 300.000,00 (trezentos mil reais) a ser pago em três parcelas iguais, mensais e sucessivas. O contrato não continha cláusula expressa de irretratabilidade e irrevogabilidade. 
Tendo Claudia pago todas as parcelas do preço, nos prazos do contrato, Carlos se recusou a outorgar a escritura definitiva, alegando que o contrato preliminar era nulo, porque celebrado por instrumento particular e, não por escritura pública. Argumentou ainda que havia previsto o direito de se arrepender. 
Isto posto, questiona-se se as alegações de Carlos procedem ? Justifique.
Caso Concreto 2
Adriana interessou-se em comprar o apartamento de Renan, cujo preço era R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais). A fim de se garantir que o imóvel não seria vendido para outra pessoa, a compradora deu R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais) a título de arras. Após receber o sinal, outra pessoa quis o imóvel de Renan, oferecendo por ele R$ 580.000,00 (quinhentos e oitenta mil reais), o que foi recusado diante da compromisso firmado com Adriana.
Um mês após, Renan foi surpreendido pro Adriana, que lhe declarou não mais ter interesse em prosseguir na relação contratual. Afirmou não se importar em perder as arras, porém lhe disse nada mais lhe dever.
Está correta a conduta de Adriana ? Justifique com base na legislação vigente.
Questões Objetivas
1ª Questão: FRANCISCO FARIAS celebrou contrato de promessa de compra e venda de imóvel residencial de sua propriedade, localizado em Belém-Pará, com ANTÔNIA ALMEIDA em 20 de maio de 2005. Neste contrato, o promitente-vendedor comprometia-se a transferir a propriedade do imóvel em questão em março de 2008, quando a promitente-compradora terminaria de pagar o valor ajustado em R$ 360.000,00. A promessa não prevê cláusula de irrevogabilidade e a irretratabilidade. No prazo previsto contratualmente, ANTÔNIA efetuou o pagamento da última parcela, tendo FRANCISCO FARIAS se recusado a outorgar a escritura definitiva no prazo pactuado. 
Diante disso, marque a alternativa correta sobre as providências para a obtenção do título de escritura definitiva: 
Nada poderá ser feito porque a vontade tem de ser livre, pelo que não se pode impor a alguém a perda da sua propriedade. 
Por se tratar de descumprimento culposo de uma obrigação, cabe ao credor resolver o contrato em perdas e danos.
Terá direito a adjudicar compulsoriamente o imóvel, servindo a sentença como título aquisitivo no lugar do contrato definitivo.
Teria direito à adjudicação compulsória somente se houvesse cláusula de irretratabilidade no contrato.
2ª Questão: Bernardo celebrou com Valter contrato que teve como objeto a venda de uma casa, em Fortaleza, do primeiro para o segundo. Foi estabelecido direito de arrependimento. No ato da negociação, Bernardo pagou a Valter a importância de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a título de arras penitenciais. O restante do pagamento do bem seria feito em 10 parcelas sucessivas de R$25.000,00 (vinte e cinco mil reais), cada uma.
Na semana anterior à quitação da primeira parcela, Bernardo aplica o dinheiro na Bolsa de Valores e acaba perdendo não só o dinheiro da primeira parcela como o capital para o pagamento das demais, inviabilizando o cumprimento do pactuado. 
a) Bernardo terá direito de não prosseguir com o negócio jurídico porque não deu causa à perda financeira que sofreu.
b) Valter poderá reclamar indenização suplementar se provar que seus danos foram maiores que o valor das arras.
c) Bernardo poderá responder por perdas e danos, a serem fixadas por juiz, se ficarem comprovados os elementos da responsabilidade civil.
d) Por se tratar de arras penitenciais, não poderá Bernardo, ao desistir, receber o dinheiro de volta, tampouco será devida indenização suplementar.
SEMANA 8
Extinção dos contratos. Resolução dos contratos. Cláusula resolutiva. Exceção de contrato não-cumprido. Onerosidade excessiva. Resilição (distrato e denúncia). Rescisão. Cessação.
Conteúdos:
1 – Os contratos válidos são normalmente extintos mediante o pagamento da obrigação que dão origem, tanto de modo direito quanto indireto.
2 – Os contratos inválidos podem ser extintos por declaração de nulidade ou decreto de anulação, dependendo da natureza do vício.
3 – A extinção anormal ocorre quando a prestação contratual não é cumprida. Existem quatro espécies: resolução, rescisão, resilição e cessação.
4 – Resolução é o rompimento do vínculo contratual porque uma das partes não cumpriu a obrigação contratual que lhe cabia. 
4.1 – Tanto o inadimplemento voluntário quanto involuntário causa resolução do contrato, porém apenas o primeiro gera o dever de pagar perdas e danos. 
4.2 – A resolução por inexecução voluntária opera efeitos ex tunc, obrigando o culpado a restituir as parcelas pagas por prestações não cumpridas. Ademais, as perdas e danos podem estar avençadas pelas partes em cláusula penal (compensatória ou moratória) ou por juiz.
4.3 – Todo contrato bilateral prevê cláusula resolutiva implícita, na medida em que o ordenamento jurídico admite seus efeitos. Contudo, as partes podem pactuar cláusula resolutiva expressa, na qual são elencadas hipóteses que dão causa à resolução imediata do

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