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Profª Mª Maria Conceição Martins F. Castro UNITRI 2018 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Teoria das Obrigações Contratuais e Extracontratuais. 23.ed.,rev. e atual. de acordo com a Reforma do CPC. São Paulo: Saraiva, 2007, v. 3. GAGLIANO, Pablo Stolze e FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo Curso de Direito Civil: Contratos: Teoria Geral. 8.ed. rev., atual. e amp., São Paulo: Saraiva, 2012, v. 4, tomo I. ____. Novo Curso de Direito Civil: Contratos em Espécie. 5.ed. rev., atual. e amp., São Paulo: Saraiva, 2007, v. 4, tomo II. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Contratos e Atos unilaterais. 7.ed., São Paulo: Saraiva, 2010, v.3. PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Contratos. Rio de Janeiro: Forense, 2006, v.3. RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: Dos Contratos e das Declarações Unilaterais de vontade. 30.ed.atual., São Paulo: Saraiva, 2004, v.3. TARTUCE, Flávio. Direito Civil: Teoria Geral dos Contratos e Contratos em Espécie. 9.ed.rev., atual. e ampliada, São Paulo: Ed. Método, 2014, v. 3. VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil. Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos. 14. ed., São Paulo: Atlas, 2014, v.2. ____. Direito Civil. Contratos em Espécie. 14. ed., São Paulo: Atlas, 2014, v.3. Unidade I - Noções gerais e contextualização: 1) Código Civil de 2002: Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002, entrando em vigor após um ano de “vacatio legis” (11 de janeiro de 2003). PARTE GERAL: Livro 1: Das pessoas – art. 1º a 78 Livro 2: Dos bens – art. 79 a 103 Livro 3: Dos fatos jurídicos – art. 104 a 232 Título 1: Do negócio Jurídico; Título 2:Dos atos jurídicos lícitos; Título 3: Dos atos ilícitos (art. 186 a 188); Título 4: Da prescrição e decadência (art. 189 a 211); Título 5: Da prova (art. 212 a 232) PARTE ESPECIAL: Livro 1: Do Direito das Obrigações: art. 233 a 965 Título 1: Das modalidades de obrigações (art. 233 a 285); Título 2:Da transmissão das obrigações (art. 286 a 303); Título 3: Do adimplemento e extinção das obrigações (art. 304 a 388); Título 4: Do inadimplemento das obrigações (art. 389 a 420); Título 5: Dos contratos em geral (art. 421 a 480); Título 6: Das várias espécies de contratos (art. 481 a 853); Título 7: dos atos unilaterais (art. 854 a 886); Título 8: dos títulos de crédito (art. 887 a 926); Título 9: Da responsabilidade civil (art. 927 a 954); Título 10: Das preferências e privilégios creditórios (art. 955 a 965). Livro 2: Do Direito de empresa – art. 966 a 1195 Livro 3: Do direito das coisas – art.1196 a 1510 Livro 4: Do direito de família – art. 1511 a 1783 Livro 5: Do direito das sucessões – art. 1784 a 2027 Fato Jurídico Fato Jurídico (stricto sensu) Ato Jurídico lato sensu Ato lícito Ato ilícito Fato Natural Fato humano (+ vontade) Atos ilícitos (Penal, civil, administrativo) + Composição de Interesses = Negócios Jurídicos + Efeitos legais= Ato Jurídico Stricto sensu unilateral Bilateral/Plurilateral Ato-fato jurídico Fato jurídico: Uma ocorrência que interessa ao Direito, ou seja, que tenha relevância jurídica. É todo acontecimento natural ou humano que produz efeitos na órbita do direito. Acontecimento natural ou humano em razão dos quais nascem, se modificam, subsistem e se extinguem relações jurídicas. 1)Fato jurídico Stricto sensu: todo acontecimento natural determinante de efeitos na órbita jurídica. Podem ser: 1.1)Ordinários: De ocorrência comum: Morte, nascimento, maioridade. 1.2)Extraordinários: São inesperados ou imprevisíveis: terremoto, enchente, caso fortuito (imprevisibilidade - causa desconhecida –greve, motim, mudança de governo) ou força maior (inevitabilidade -fato da natureza) 2) Ato-fato jurídico: categoria desenvolvida por PONTES DE MIRANDA, trata-se, em linhas gerais, de um tipo que fica entre o ato (humano) e o fato (da natureza, não intencional). Consiste no comportamento que, posto provenha da atuação humana, é desprovida de intencionalidade ou consciência (voluntariedade) em face de um resultado jurídico. Ex.: compra de um doce por uma criança de cinco anos. O ato humano é da substância desse fato jurídico, mas não importa para a norma se houve, ou não, intenção de praticá-lo. Não se leva em conta o elemento psíquico. 3) Ato Jurídico lato sensu: Trata-se de um fato jurídico com elemento volitivo. 3.1)Ato jurídico em sentido estrito (art. 185, CC): simples manifestação de vontade do agente, sem conteúdo negocial, que determina a produção de efeitos jurídicos legalmente previstos. Há um simples comportamento humano deflagrador de efeitos previamente estabelecidos por lei. O agente não goza de ampla liberdade de escolha na determinação dos efeitos resultantes de seu comportamento, como se dá no negócio jurídico. 3.2)Negócio jurídico: Ato jurídico em que há uma composição de interesses das partes com uma finalidade específica. Procura criar normas para regular interesse das partes (ex.: contratos, casamento, testamentos etc) Podem ser: A) Negócios jurídicos bilaterais: Há duas manifestações de vontades coincidentes sobre o objeto ou bem jurídico tutelado. Exemplo: contrato e casamento. B) Negócios jurídicos unilaterais: atos e negócios em que a declaração de vontade emana de apenas uma pessoa, com um único objetivo. Ex: testamentos, Declaração unilateral de vontade. 4) Ato ilícito: Produz efeitos previstos em norma jurídica, como sanção, porque viola mandamento normativo. Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 3.1. CONTRATO: art.421 a 853, CC Definição: Tradicional: negócio jurídico bilateral ou plurilateral que visa à criação, modificação ou extinção de direitos e deveres de conteúdo patrimonial. Visão civil-constitucional: negócio jurídico bilateral por meio do qual as partes, visando a atingir determinados interesses patrimoniais, convergem as suas vontades, criando um dever jurídico principal (dar, fazer ou não fazer), bem como deveres jurídicos anexos, decorrentes da boa-fé objetiva e do superior princípio da função social. Função social do contrato: art. 421, CC O princípio da socialidade adotado pelo CC reflete a prevalência dos valores coletivos sobre os individuais, sem perda, porém, do valor fundamental da pessoa humana. A função social do contrato somente estará cumprida quando a sua finalidade – distribuição de riquezas – for atingida de forma justa, ou seja, quando o contrato representar fonte de equilíbrio social. Visão civil constitucional: repensar a função social da propriedade (contrato é instrumento de transferência de bens e circulação de riquezas): A) respeitar a dignidade da pessoa humana; B) relativização do principio da igualdade das partes (somente aplicável quando os contratos forem paritários) C) consagrar uma cláusula implícita de boa fé objetiva. D) respeitar o meio ambiente E) respeitar o valor social do trabalho. O Código Civil de 2002 sofreu uma alteração principiológica que influenciou diretamente nos contratos: Eticidade, Socialidade e Operabilidade A)Princípio da eticidade: distancia do tecnicismo institucional advindo da experiência do Direito Romano, procurando, em vez de valorizar formalidades, reconhecer a participação dos valores éticos em todo o Direito Privado. Dispositivos: - art. 113 (função interpretativa da boa fé objetiva) - art. 187 (função de controle da boa fé objetiva) – sanção para a pessoa que contraria a boa-fé no exercício de um direito. - art. 422 (função de integraçãoda boa fé objetiva) b) Princípio da socialidade: Oposição ao individualismo que impregnou o CC de 1916. Palavra nós ao invés do eu. CC de 2002- busca atender a um país urbano – necessidade de exaltação à proteção social. Prevalência dos valores coletivos. - Função social da propriedade – art. 5, XXII e XXIII e art. 170, III, da CF e art. 1228, par. 1º do CC. - Função social dos contratos – art. 421,CC. Contexto da sociedade. - Função social da posse – posse-trabalho – Diminuição dos prazos da usucapião. Arts. 1238, par. Único e art. 1242, par. Único. c) Princípio da Operabilidade – simplicidade (facilitar a interpretação e aplicação dos princípios nele previstos. Ex.: prescrição e decadência) e efetividade, ou concretude do Direito Civil, o que foi seguido pela adoção do sistema de cláusulas gerais. Além disso, o CC/02 buscou valorizar um sistema baseado em cláusulas gerais, que dão certa margem de interpretação ao julgador. Cláusulas Gerais: Todos os vetores abertos expressamente previstos pelo Código e que não estabelecem condutas. Estabelece princípios (art. 421, 422, CC) Quando se insere determinado princípio geral (regra de conduta que não consta do sistema normativo, mas que se encontra na consciência dos povos e é seguida universalmente) no direito positivo do pais (Constituição, leis etc), deixa este de ser princípio geral, ou seja, deixa de ser regra de interpretação e passa a caracterizar-se como cláusula geral. Cláusulas Gerais: Segundo Judith Martins Costa (intérprete da filosofia realeana) pode ser conceituada como janelas abertas deixadas pelo legislador para preenchimento pelo aplicador do Direito caso a caso. Tem um sentido dinâmico. Muitas cláusulas gerais são princípios, p. ex.:função social do contrato. Já a cláusula geral de atividade de risco não é princípio. Exs.: Função social do contrato (art. 421,CC); Função social da propriedade (art. 5, XXII e XXIII e art. 170, III, da CF e art. 1228, par. 1º do CC); boa fé (arts. 113, 187 e 422, CC); bons costumes (art. 13 e 187, CC); atividade de risco (art. 927, par. Único, CC). Objetivo das cláusulas gerais abertas: Para não envelhecer a regra (não temos que criar códigos e normas a todo momento) e dar mais poder aos operadores do Direito. Quanto mais aberto, mais abrangente, melhor para aplicar a equidade. 3.2) Marcos Teóricos do Direito Civil brasileiro: A) Direito Civil Constitucional: Baseado em uma Visão unitária do sistema (Canotilho). A fonte primária do Direito Civil e de todo o ordenamento é a Constituição. Ambos os ramos não são interpretados isoladamente, mas dentro de um todo, mediante uma interação simbiótica entre eles. Ao reunificar o sistema jurídico em seu eixo fundamental, estabelecendo como princípios norteadores da República Federativa do Brasil a Proteção da dignidade da pessoa humana (art. 1º , III) modelo de Kant – personalização do Direito Civil pela valorização da pessoa em detrimento do patrimônio; a Solidariedade Social (art. 3º, I, e art. 170) por meio da Justiça social e erradicação da pobreza e o Princípio da Isonomia ou igualdade substancial (art. 3º e 5º) a CF realizou uma interpenetração do Direito Público e o Privado. Vértice axiológico constitucional: Mudança de interpretação. Os Princípios constitucionais regem diretamente as situações de direito privado. Os princípios irradiam diretamente nas regras do Código Civil. Toda a norma constitucional determina a realização das normas civis. O Código só tem eficácia se tiver em consonância com esses princípios constitucionais. Direito civil constitucional - mudança de postura – inversão da forma de interação dos dois ramos do direito – o público e o privado – interpretando o código civil segundo a constituição. Neoconstitucionalismo. Em prol da dignidade da pessoa humana. B) Eficácia horizontal dos direitos fundamentais: Aplicação direta dos direitos fundamentais às relações privadas. As normas constitucionais que protegem os direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata (Art. 5, par. 1º , CF), especialmente em face de atividades privadas que tenham um “caráter público”, como matrículas em escolas, clubes associativos, relação de trabalho etc Horizontalidade: subsunção direta às relações interprivadas. Sem a necessidade de qualquer ponte infraconstitucional. Não se justifica mais denominar a CF como uma Carta Política, fazendo crer que ela é mais dirigida ao legislador (eficácia vertical). Melhor denominá-la de carta fundamental. Nova visão da matéria, uma vez que as normas de proteção da pessoas previstas na CF, sempre foram tidas como dirigidas ao legislador e ao Estado (normas programáticas) . Essa concepção não mais prevalece, pois a eficácia horizontal torna mais evidente e concreta a proteção da dignidade da pessoa humana e de outros valores constitucionais. C) Diálogo das fontes: Alemanha – Erik Jayme (professor da universidade de Helderberg). Brasil: Cláudia Lima Marques. A essência da teoria é que as normas jurídicas não se excluem supostamente porque pertencentes a ramos jurídicos distintos, mas se complementam. Visão unitária do ordenamento jurídico. Código Civil e CDC – aplicação da tese aos contratos – princípios sociais contratuais (boa fé objetiva e função social dos contratos) O CDC estabeleceu princípios gerais de proteção que, pela sua amplitude, passaram a ser aplicados também aos contratos em geral, mesmo que estes não envolvam relações de consumo. Destacam-se os princípios gerais da boa-fé (art. 51, IV), da obrigatoriedade da proposta (art. 51, VIII), e da intangibilidade das convenções (art. 51, X, XI e XIII). Pontes de Miranda – Escada Ponteana 1) O negócio jurídico possui três planos: A) Plano de existência B) Plano de validade C) Plano de eficácia 2) Escada ponteana 1º ) Plano de existência: agente, vontade, objeto, forma – pressupostos de existência. Substantivos sem qualquer adjetivação. 2º) Plano de validade (art. 104, CC): capacidade (do agente); liberdade (da vontade ou do consentimento); licitude, possibilidade, determinabilidade (do objeto); adequação (das formas) – requisitos de validade. Adjetivação ao substantivo. 3º) Plano de eficácia: possibilidade de produção dos efeitos do negócio jurídico de imediato ou a submissão a determinados elementos acidentais que podem implicar a perpetração dos efeitos ou a sua contenção: condição, termo, consequências do inadimplemento negocial (juros, multas, perdas e danos), outros elementos. Para que o negócio seja eficaz, deve ser existente e válido. Situações que isso não ocorre: a) Negócio jurídico existente, válido e ineficaz: contrato celebrado sob condição suspensiva b) Negócio jurídico existente, inválido, eficaz: Casamento anulável celebrado de boa-fé, que gera efeitos como o casamento putativo (art. 1561, 1550, 1556,1558, CC) Elementos essenciais do negócio jurídico. São os pressupostos de existência do negócio jurídico, sem os quais nenhum negócio jurídico existe. Encontram-se os substantivos sem qualquer adjetivo. São eles: 1) Manifestação de vontade: é imprescindível que se exteriorize. Pode ser: a) expressa: a que se realiza por meio da palavra escrita ou falada, gestos ou sinais, de modo explícito, possibilitando o conhecimento imediato da intenção do agente. b) Tácita: é a declaração de vontade que se revela pelo comportamento do agente. (Ex.: aceitação da herança, que se infere da prática de atos próprios da qualidade de herdeiros – art. 1805, CC). Nos contratos, a manifestação de vontade só pode ser tácita quando a lei não exigir que seja expressa. c) Presumida: é a declaração não realizada expressamente, mas que a lei deduz de certos comportamentos do agente (ex.: presunções de pagamento previstasnos arts. 322 (pagamento de prestações periódicas o pagamento da última estabelece presunção de estarem solvidas as anteriores); 323 (a quitação do capital sem reserva dos juros, estes presumem-se pagos) e 324 (a entrega do título ao devedor firma a presunção de pagamento) # tácita: comportamento do agente. #presumida: estabelecida pela lei. d) Silêncio como manifestação de vontade: art. 111 e 147, 432, CC. Via de regra, o silêncio é ausência de manifestação de vontade. Há situações em que a abstenção do agente ganha juridicidade (art. 539, CC – aceitação da doação pura pelo donatário) Art. 111, CC: “O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizaram, e não for necessária a declaração de vontade expressa.” O dito popular “quem cala consente” só tem força jurídica quando a lei o autoriza. Ex.: doação pura e simples. e) Reserva mental – art. 110, CC: Quando um dos declarantes oculta a sua verdadeira intenção, isto é, quando não quer um efeito jurídico que declara querer. Tem por objetivo enganar o outro contratante ou declaratário. Se este não soube da reserva, o ato subsiste e produz os efeitos que o declarante não desejava. É indiferente ao mundo jurídico pois se passa na mente do declarante. Ex. Amigo empresta dinheiro a outro em vias de suicidar. Na verdade deseja salvar o amigo e não realizar empréstimo. 2) Agente emissor de vontade: A participação do sujeito de direito é essencial para a configuração existencial do negócio jurídico. 3) Objeto: Todo negócio jurídico pressupõe a existência de um objeto – utilidade física ou ideal – em razão dos quais giram os interesses das partes. Ex.:Mútuo – recai sobre coisa fungível. 4) forma: Meio pelo qual a declaração se exterioriza. O tipo de manifestação através do qual a vontade chega ao mundo exterior. (forma escrita, oral, silêncio) # forma legalmente prescrita: pressuposto de validade 1) Pressupostos de validade de caráter geral: art. 104, CC: agente capaz; objeto lícito, possível, determinado ou determinável; forma prescrita ou não defesa em lei: a) Partes ou agentes capazes: Agente emissor de vontade capaz e legitimado para o negócio jurídico; b) Vontade livre, sem vícios: Manifestação de vontade livre e de boa-fé; c) Objeto lícito, possível, determinado ou determinável; d) Forma prescrita ou não defesa em lei: Forma adequada (livre ou legalmente prevista em lei) Mas, há requisitos específicos dos negócios jurídicos. São peculiares a determinadas espécies. Ex.: Compra e venda (a coisa, o preço e o consentimento) 1.1.1.Definição: É a aptidão para praticar e celebrar negócios em geral, na órbita jurídica. Pessoa física ou jurídica deve ser plenamente capaz. Agente capaz: capacidade de exercício (aptidão para exercer direitos e contrair obrigações) Pessoa natural: art. 3º e 4º, CC (Não tendo capacidade pessoal para os atos jurídicos deve estar devidamente representada ou assistida). Legitimidade: capacidade especial para o negócio Jurídico. Ex.: Tutor, plenamente capaz, não pode, mesmo em hasta pública, adquirir bens do tutelado; venda de bem imóvel por casal depende da autorização do outro consorte,exceto se o regime for o da separação obrigatória. d) Contrato consigo mesmo: art. 117,CC É da natureza da representação que o representante atue em nome de apenas uma das partes do negócio jurídico no qual intervém. Todavia, pode ocorrer hipóteses de ambas as partes se manifestarem por meio do mesmo representante, configurando-se a situação de dupla representação. O representante não figura e não se envolve no negócio jurídico, apenas os representados. Pode ocorrer ainda, que o representante seja a outra parte no negócio jurídico celebrado. São chamados de autocontrato, sendo possíveis desde que a lei ou o representado autorizem. Do contrário o negócio é anulável. Jurisprudência: exige a ausência de conflitos de interesses, como condição de admissibilidade do autocontrato. Súmula 60 do STJ. Manifestação de vontade há que ser livre e não estar impregnada de má-fé. Vícios do negócio jurídico: atacam com pena de nulidade ou anulabilidade os negócios jurídicos portadores de defeitos (erro, dolo, coação simulação, fraude contra credores, lesão e estado de perigo). Princípios referentes à manifestação de vontade: A) Princípio da autonomia privada: liberdade de atuação do indivíduo nos negócios jurídicos respeitados ditames mínimos de convivência social e moralidade média. B) Princípio da boa-fé: padrão ético objetivo de confiança recíproca nos deveres implícitos a todo negócio jurídico: confiança, respeito, lealdade recíproca, assistência. Art.422. a) Licitude: não ser proibido pelo direito e pela moral. Ex.: prestação de serviço de cometimento de crime (ilícito – nulidade) b) Possibilidade física ou jurídica: respeitar as leis naturais e o ordenamento jurídico. Ex.: alienação de um imóvel situado na lua ou venda de herança de pessoa viva (nulidade) c) Determinado: conter os elementos mínimos de individualização que permitam caracterizá- lo.Ex.: venda do cavalo de corridas relâmpago. d) Determinável: indicação do gênero e quantidade. Ex.: venda de 200 sacas de café. Princípio da liberdade de forma – art. 107, CC Nos casos em que se exige solenidade e não é respeitada - nulidade Ex.: a) testamento (pública, cerrada ou particular) b) Contratos de compra e venda de imóveis acima de 30 S.M. exige-se escritura pública e registro. Art. 108, CC. Prova: Art. 227. Salvo os casos expressos, a prova exclusivamente testemunhal só se admite nos negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do maior salário mínimo vigente no País ao tempo em que foram celebrados. (caput revogado pela lei 13.105 de 16/03/15) Parágrafo único - Qualquer que seja o valor do negócio jurídico, a prova testemunhal é admissível como subsidiária ou complementar da prova por escrito. art.444 e 445CPC15: Art. 444. Nos casos em que a lei exigir prova escrita da obrigação, é admissível a prova testemunhal quando houver começo de prova por escrito, emanado da parte contra a qual se pretende produzir a prova. Art. 445. Também se admite a prova testemunhal quando o credor não pode ou não podia, moral ou materialmente, obter a prova escrita da obrigação, em casos como o de parentesco, de depósito necessário ou de hospedagem em hotel ou em razão das práticas comerciais do local onde contraída a obrigação Elementos acidentais: São estipulações ou cláusulas acessórias que as partes podem adicionar em seus negócios para modificar uma ou algumas de suas consequências naturais. São elas: Condição, modo ou encargo e termo. Sua presença é dispensável para a existência do ato. Além de outros elementos – efeitos do negócio 2) Condicão: é a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes subordina os efeitos (eficácia) ou o fim dos efeitos (ineficácia) do negócio jurídico a evento futuro e incerto. Da sua ocorrência depende o nascimento ou a extinção de um direito. art. 121, CC a) Requisitos: voluntariedade, futuridade e incerteza b) Condição: Conjunção “SE” (condição suspensiva) e “ENQUANTO” (condição resolutiva) Exemplo: Cláusula de retrovenda: cláusula resolutiva expressa. A) Definição: cláusula pela qual o vendedor, em acordo com o comprador, fica com o direito de, em até três anos, recomprar o imóvel vendido, devolvendo o preço e todas as despesas feitas pelo comprador (art.505) 3) Termo (conjunção “quando”): art. 131 a 135,CC Cláusula acessória que subordina os efeitos ou o fim dos efeitos do negócio jurídico a evento futuro e certo. O termo não suspende a aquisição do direito, mas tão somente o seu exercício (art. 131, CC) 3.1) Características: Futuridade e certeza. 3.2. Espécies de termo: a) Termo certo: quando sereporta a determinada data do calendário ou a determinado lapso de tempo. Ex.: 10 de agosto de 2013 ou daqui a 3 anos. b) Termo incerto: se refere a acontecimento futuro que ocorrerá em data indeterminada. Ex.: A morte. c) Termo inicial ou suspensivo (dies a quo) – art. 131, CC – suspende o exercício, não a aquisição do direito. Ex.: Celebrado contrato de locação no dia 20/09/12 para ter início dia 20/10. d) Termo final ou resolutivo (dies ad quem) – art. 135, CC – se determinar a data de cessação do ato negocial, extinguindo a obrigação. Ex.: Data de término da locação. # Prazo: É o intervalo entre o termo a quo e o termo ad quem. Art. 132 a 134, CC Exigibilidade: Obrigação constituída sem prazo reputa-se exequível desde logo – art. 134, CC (não é regra absoluta) Ex.: empreitada para construção de casa. 3) Modo ou com encargo (conjunções “para que”; “com o fim de”): cláusula acessória, que impõe um ônus ao beneficiário de determinada relação jurídica. É a restrição que se impõe à vantagem obtida pelo beneficiário que estabelece uma obrigação para com o próprio instituidor, ou terceiro ou a coletividade. Art. 136, 137, 553, 562, CC. Não suspende a aquisição nem o exercício do direito. Pacto acessório às liberalidades. Ex.: Obrigação imposta ao donatário de construir no terreno doado um prédio para escola. 1) Contrato e instrumento contratual: Contrato: negócio jurídico formado pela convergência de vontades contrapostas (consentimento). Instrumento contratual: documentação do negócio. É a sua expressão escrita, composta por cláusulas contratuais, e, por vezes, por anexos. Compõe-se de: A) preâmbulo (parte introdutória: qualificação das partes, descrição do objeto e, por vezes, anunciam- se as razões ou justificativas do contrato. B) contexto: são as disposições do contrato, ou seja, das cláusulas contratuais, quando se tratar de contrato escrito. 2) Convenção e Contrato: Convenção: é todo acordo de caráter patrimonial ou não. É o gênero. Contrato: apenas patrimonial. Contrato é espécie. Forma do contrato: como o ato deve ser revestido. Os negócios jurídicos têm forma livre. A liberdade de forma do contrato só deverá ser excepcionada quando a lei expressamente o determinar. Art. 107, CC: A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei a exigir expressamente. Assim, os negócios formais ou solenes não são regra em nosso direito. Mas, uma vez prescrita em lei, deverá ser observada também para efeito de prova. Negócios formais: compra e venda de imóvel acima de 30 SM; testamento. Prova: A comprovação do negócio jurídico. Art. 227CC, 444 e 445,CPC A prova escrita é necessária quando o valor do contrato exceder a 10 vezes o SM vigente ao tempo da celebração. Prova: Art. 227. Salvo os casos expressos, a prova exclusivamente testemunhal só se admite nos negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do maior salário mínimo vigente no País ao tempo em que foram celebrados. (caput revogado pela lei 13.105 de 16/03/15) Parágrafo único - Qualquer que seja o valor do negócio jurídico, a prova testemunhal é admissível como subsidiária ou complementar da prova por escrito. art.444 e 445CPC15: Art. 444. Nos casos em que a lei exigir prova escrita da obrigação, é admissível a prova testemunhal quando houver começo de prova por escrito, emanado da parte contra a qual se pretende produzir a prova. Art. 445. Também se admite a prova testemunhal quando o credor não pode ou não podia, moral ou materialmente, obter a prova escrita da obrigação, em casos como o de parentesco, de depósito necessário ou de hospedagem em hotel ou em razão das práticas comerciais do local onde contraída a obrigação 1) Princípio: “Ditames superiores, fundantes e simultaneamente informadores do conjunto de regras do Direito Positivo.” 2) Principiologia clássica: Forma tradicional de contratar: partes contratantes em igualdade de condições e que discutem cada um dos pontos do contrato. Igualdade formal: Pressuposição de igualdade São eles: a)autonomia da vontade: liberdade que tem as partes contratantes de deliberar se querem ou não contratar, podendo ainda escolher o conteúdo do contrato e ou outro contratante. B) Obrigatoriedade contratual: impunha o cumprimento do contrato dentro de seus exatos contornos. “Pacta sunt servanda”. O contrato fazia lei entre as partes. c) Princípio da relatividade dos efeitos: as consequências de um contrato deveriam repercutir estritamente entre as partes contratantes. Era indiferente para a sociedade o conteúdo acordado. 3) A nova principiologia: O desenvolvimento social decorrente da urbanização e o fortalecimento do capitalismo alterou as estruturas do que se entendia por contrato e do ato de contratação em si. Parte-se do individualismo para uma nova ordem de contratação que se encontra massificada. A contratação em massa não permite a discussão das cláusulas contratuais. Surge os contratos de adesão. Nova concepção do contrato: fenômeno econômico social: interessa à sociedade a tutela da situação objetivamente gerada, por suas consequências econômicas e sociais. 4) Visão civil constitucional: releitura dos princípios clássicos e acréscimo de outros, pairando sobre todos eles o princípio da dignidade da pessoa humana: 1) Princípio da autonomia da vontade; 2) Princípio da força obrigatória dos contratos; 3) Princípio da relatividade subjetiva dos efeitos dos contratos; Princípios sociais dos contratos: 1) Princípio da função social do contrato; 2) Princípio da boa-fé objetiva; 3) Princípio da equivalência material. Princípio da dignidade da pessoa humana: art. 1º, III, CF cláusula geral de natureza principiológica. Dignidade traduz um valor fundamental de respeito à existência humana, segundo as suas possibilidades e expectativas, patrimoniais e afetivas, indispensáveis à sua realização pessoal e à busca da felicidade. Direito de se viver plenamente. Direito fundamental: redireciona o alcance das normas do Direito Privado para a proteção da pessoa, quais sejam: a autonomia, os bens, o patrimônio, a pessoa e a propriedade. Plano infraconstitucional: Efetiva proteção aos direitos da personalidade (têm por objeto os atributos físicos, psíquicos e morais da pessoa em si e em suas projeções sociais) – art. 11 a 21, CC. Valores tais como a vida, a imagem, a privacidade, a integridade física etc não podem ser desconsiderados a pretexto de se exigir determinada prestação. Não significa dizer que o contrato não deva ser cumprido e que o princípio da autonomia da vontade e da livre iniciativa podem ser desprezados. O que não se pode é utilizar de mecanismos atentatórios à dignidade da pessoa humana. Aplicação do princípio da proporcionalidade: Prevalência do princípio da dignidade da pessoa humana quando da eventual colidência com outros ditames de envergadura moral, axiológica e jurídica menor, segundo as circunstâncias do caso concreto. Não se pode falar em contrato sem autonomia, mesmo em um sistema como o nosso, que toma por princípio maior a função social do contrato. Não se pode neutralizar a livre iniciativa, mesmo diante de contratos de adesão. Contrato é fruto da autonomia privada e da livre iniciativa. Autonomia se expressa na Liberdade de contratar (Liberdade de escolher a pessoa com a qual contratar - consensualismo) e na liberdade contratual (liberdade de escolher o conteúdo do contrato – ex: contrato individual de emprego possui conteúdo estabelecido na CF e normas infraconstitucionais). Art. 421, CC. Dirigismo contratual: No século XX, com o incremento tecnológico e as guerras o individualismo liberal (laissez-faire) cede lugar para o intervencionismo estataldestinado a proteger os elementos economicamente fracos (inversão do ônus da prova, responsabilidade civil objetiva, desconsideração da pessoa jurídica, teoria da imprevisão). Nítida demonstração desse fenômeno: Aprovação do CDC (lei 8078/90) Princípio da autonomia da vontade: Permanece como base da noção de contrato, embora limitados e condicionados por normas de ordem pública em benefício do bem estar comum. A autonomia da vontade é a liberdade para decidir: Com quem contratar (Escolha da outra parte) Sobre o que contratar (Escolha do conteúdo) Quando contratar (Escolha do tempo) Como contratar (Escolha da forma) Ascensão e queda da Autonomia da Vontade Atualmente, esse princípio perdeu seu caráter absoluto, devendo ser ponderado com a função social dos contratos (art. 421 CC/02). Pacta sunt servanda. As partes se obrigam a cumprir o contrato: Segurança jurídica. Contratos paritários. Não tem mais caráter absoluto Atualidade: Contratos de adesão: pacta sunt servanda mitigado (atenuado) por mecanismos jurídicos de regulação do equilíbrio contratual, a exemplo da teoria da imprevisão (art. 478, CC) – teoria da onerosidade excessiva: evitar o empobrecimento injustificado da outra parte; lesão (art. 157, CC); estado de perigo (art. 156, CC); redução equitativa da cláusula penal (art. 413, CC) Regra geral, os contratos só geram efeitos entre as próprias partes contratantes, não dizendo respeito a terceiros estranhos à relação jurídica obrigacional. Exceção: Estipulação em favor de terceiro; Contrato com pessoa a declarar. O contrato acompanha as mudanças de matizes da propriedade. Socializando a noção de propriedade, o contrato acompanha essa filosofia. Hoje em dia o indivíduo não é mais “senhor absoluto” de sua vontade e em função disto o principio da autonomia contratual se encontra na contemporaneidade atrelado à função social do contrato, como pode ser visto no artigo 421 do Código Civil que afirma: “A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato”. Conceito aberto e indeterminado Manifestação da função social: Níveis: A) intrínseco: visto como relação jurídica entre as partes impõe-se o respeito à lealdade negocial e à boa fé objetiva, buscando-se uma equivalência material entre os contratantes. Trato ético e leal que deve ser observado pelas partes contratantes em respeito à boa fé objetiva. Leva em conta a desigualdade real de poderes contratuais. Deve-se levar em consideração os deveres jurídicos gerais e de cunho patrimonial (dar, fazer ou não fazer) bem como os deveres anexos que derivam desse esforço socializante (deveres de informação, confidencialidade, assistência, lealdade) B) Extrínseco: o contrato em face de toda coletividade, visto sob o aspecto de seu impacto eficacial na sociedade em que fora celebrado. Contrato como instrumento de circulação de riquezas e desenvolvimento social. Ocorre que o desenvolvimento deve ser sustentado, racionalizado e equilibrado. Não se pode admitir contratos que desrespeite leis ambientais, fraude leis trabalhistas, os postulados de defesa do consumidor. São limites à liberdade de contratar em prol do bem comum. Suponha a construção de uma obra de vulto ou a instalação de uma indústria: Deve-se avaliar, além dos requisitos formais de validade (agente capaz, objeto lícito, forma prescrita em lei..): os reflexos ambientais, trabalhistas, sociais e morais (dir. da personalidade) A relação da autonomia da vontade com a função social do contrato pode ser verificada no contrato de locação, mediante o qual o locador não poderá exercer a mesma atividade que exercia o locatário. Em suma, o que se percebe é que a autonomia da vontade cede espaço para que alguns interesses sejam preservados. Não se pretende aniquilar os princípios da pacta sunt servanda, mas apenas temperá-los, tornando-os mais vocacionados ao bem estar comum, sem prejuízo do progresso patrimonial pretendido pelos contratantes. Humanização da ideia de contrato: O princípio da função social do contrato visa impor limites à liberdade de contratar, em prol do bem comum. Banir de nosso sistema o péssimo hábito de encarar o contrato como rede de caça, em que o forte subjuga o fraco, inclusive com cláusulas leoninas. Omissão no CC de 1916 – análise: Sociedade de economia rudimentar, pós-escravocrata, e recém ingressa na República. Poderio reacionário e força política dos senhores de terra. Vocação materialista do CC 1916. Propósito de tutelar o crédito e a propriedade. Valores individuais, patriarcais e conservadores. Constituição Federal de 1988: elevação dos valores da pessoa humana; planejamento econômico sustentado influenciam a legislação ordinária. A abertura do horizonte ideológico na perspectiva civil deu-se, efetivamente, após a CF/88. Leis editadas após CF/88: CDC; Leis de Proteção à Ordem Econômica; ECA, Lei de crimes ambientais; Lei do Bem de família (8009/90); Lei de lavagem de dinheiro. Função social no CC de 2002 – análise do art. 421: “A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato”. A atividade negocial encontra sua razão de ser (justificativa) e limite no interesse social e nos valores superiores de dignificação da pessoa humana. Abuso de Direito: Havendo excesso, estaremos diante do abuso de Direito que poderá ensejar ação indenizatória, nulidade relativa ou nulidade absoluta do contrato (se houver fraude à lei). Era da contratação em massa – contrato de adesão: maior veículo de circulação de riquezas e por outro lado, mais eficaz instrumento de opressão econômica que o Direito contratual já criou. Normas de resguardo ao princípio da função social do contrato: A) art. 166, CC: “É nulo o negócio jurídico quando: VI: tiver por objeto fraudar lei imperativa.” B) Art. 50, CC: Doutrina da desconsideração da pessoa jurídica. C) Lesão (art. 157, CC, art. 4º da lei de economia popular – lei 1521/51; art. 51, III e IV, CDC) e estado de perigo (art. 156, CC): impedir o abuso de direito e amparar um dos contratantes da esperteza ou ganância do outro. Lesão: prejuízo resultante da desproporção existente entre as prestações de um determinado negócio jurídico, em face do abuso da inexperiência, necessidade econômica ou leviandade de um dos declarantes. Estado de perigo: Características comuns ao estado de necessidade. Ocorre quando o agente, diante de situação de perigo conhecido pela outra parte, emite declaração de vontade para salvaguardar direito seu, ou de pessoa próxima, assumindo obrigação excessivamente onerosa. Trata-se de hipótese de inexigibilidade de conduta diversa. Considerado Subprincípio da função social do contrato. Busca realizar e preservar o equilíbrio real de direitos e deveres no contrato, antes, durante e após sua execução, para harmonização dos interesses. Preserva a equação e o justo equilíbrio contratual, seja para corrigir os desequilíbrios supervenientes, pouco importando que as mudanças pudessem ser previsíveis. O que importa é verificar se a execução do contrato não acarreta vantagem excessiva para uma das partes e desvantagem excessiva para outra, aferível objetivamente. A lei presume juridicamente vulneráveis: o trabalhador, o inquilino, o consumidor, o aderente de contrato de adesão. Resguarda esse princípio: a lesão, o estado de perigo, a teoria da imprevisão (art. 478,CC), teoria da onerosidade excessiva e a redução equitativa da cláusula penal (art. 413, CC). Distinção entre boa-fé objetiva e boa-fé subjetiva: Boa-fé subjetiva: trata-se da convicção íntima do agente que atua acreditando que sua conduta se desenvolve sem nenhum vício eda maneira correta. Valor psicológico. O agente realiza a conduta sem ter ciência do vício que a inquina. Geralmente, deriva do reconhecimento da ignorância do agente a respeito de determinada circunstância, como ocorre na hipótese do possuidor de boa-fé que desconhece o vício que macula sua posse. Nesse caso, o legislador cuida de ampará-lo: art. 1214, 1216, 1217, 1219, 1220 e 1242, CCC Exemplos: art. 309, CC (devedor de boa-fé paga ao credor putativo); art. 1242, CC (requisitos da usucapião ordinária); art. 1561, CC (casamento putativo). Quando o agente não apresenta boa-fé subjetiva ele está de má- fé. Boa-fé objetiva: Natureza de princípio jurídico. Verdadeira regra de comportamento, de fundo ético e exigibilidade jurídica. Não considera aspectos psicológicos, somente avalia determinada conduta. padrão de comportamento, modelo de conduta que impõe às partes uma atuação honesta. Essa é a boa-fé contratual e quando não presente não significa necessariamente que houve má-fé. Art. 422, CC: Os contratantes são obrigados a guardar, assim, na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. A boa-fé objetiva executa três funções: 1º) interpretativa: interpreta a declaração de vontade nos negócios jurídicos (art. 113 do CC/02) 2º) de controle: Delimitadora do exercício dos direitos subjetivos: valora o abuso dos direitos subjetivos (art. 187 do CC/02) 3º) de integração: função criadora dos deveres jurídicos anexos (art. 422 do CC/02) Quanto a esta terceira função observa-se que possui grande relevância na jurisprudência, pois estas normas não deverão estar dispostas no contrato, mas devem ser cobradas e cumpridas. Tratam-se de deveres anexos: a) LEALDADE E CONFIANÇA: fidelidade aos compromissos assumidos, com respeito aos princípios que norteiam a honra e a probidade. Transparência na enunciação da verdade, sem omissões dolosas. B) ASSISTÊNCIA: dever de cooperação. Colaboração para o correto cumprimento da prestação. Não dificultar o pagamento ou recebimento do crédito. Esse dever de cooperação deve se dar em todas as fases contratuais. Desde as negociações preliminares e após a sua execução. Exemplos da CICA e das produção de peças de reposição de máquinas já vendidas. C) INFORMAÇÃO: comunicar a outra parte todas as circunstâncias e características do negócio. En. 24 das Jornadas de Direito Civil da Justiça Federal: “Em virtude do princípio da boa-fé positivado no art. 422, a violação dos deveres anexos constitui espécie de inadimplemento, independentemente de culpa”. Ex.: venda de veículo por concessionária que 3 meses depois o automóvel sai de linha com desvalorização de 50%. D) CONFIDENCIALIDADE OU SIGILO: Não divulgar dados ou nformações. A boa-fé objetiva deve estar presente em todas as fases da relação contratual, desde as negociações preliminares até a fase de execução (art. 422, CC): Teorias que decorrem da boa-fé objetiva: 1) A supreessio: quando o sujeito tem um direito suprimido, em virtude do seu não exercício. Desse modo, havida a reiterada e constante omissão do sujeito diante de um direito que estava a sua disposição, a consequência será a expectativa gerada nos outros do seu não exercício. Exemplo: art. 330, CC: O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato. Gera expectativa no devedor de que nunca exercerá tal direito. 2) A surrectio: Surreição: caminha lado a lado com a supressio. Diante da supressão do direito de um, viceja o nascimento do direito do outro. No exemplo, a supressão do direito do credor resultou em direito para o devedor. 3) O venire contra factum proprium (teoria dos atos próprios): ir contra fato próprio não pode. Repúdio à contradição. Se o sujeito posiciona em determinado sentido, depois não poderá assumir postura diversa à anteriormente dada, exatamente por ferir a confiança e lealdade recíprocas. Exemplo: empregador que assegura ao empregado que não irá dispensá-lo convencendo-lhe de não sair da empresa, e um mês depois, o dispensa alegando má situação financeira da empresa. 4) O tu quoque: decepção. Quando a parte que viola a norma jurídica pretenda, posteriormente, a sua aplicação em benefício próprio. Art. 180, CC “O menor entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se no ato de obrigar- se, declarou-se maior” 5) O duty to mitigate the loss: o dever que tem o sujeito de mitigar a perda. O próprio credor da relação jurídica obrigacional tem o dever de atenuar o seu próprio prejuízo. Ex.: a Instituição financeira que diante do inadimplemento do cliente nada manifesta deixando a dívida alcançar montante astronômico. Assim, poderá haver a redução do crédito do credor. Enunciado n. 169 da III Jornada de Direito Civil: “O princípio da boa-fé objetiva deve levar o credor a evitar o agravamento do próprio prejuízo” O contrato é o negócio jurídico bilateral decorrente da convergência de manifestações de vontades contrapostas. Até a formação do contrato (que se dá por meio do consentimento firmado), os interesses dos contratantes são contrários. Ex.: Contrato de compra e venda. Após a fase de tratativas preliminares (preço mais alto pelo vendedor, preço mais baixo pelo comprador), passa-se à proposta para aceitação e fechamento do negócio. O nascimento de um contrato segue um verdadeiro processo de formação, cujo início é caracterizado pelas negociações preliminares até que as partes chegam a uma proposta definitiva, seguida da imprescindível aceitação. Somente nesse momento o contrato estará formado. Parte 1 --------consentimento------Parte 2 Proponente aceitante Esse processo de formação dos contratos, via de regra, é composto por três fases distintas, quais sejam: as negociações ou tratativas preliminares, a proposta e a aceitação. A seguir, analisar-se-á cada uma dessas fases: 1) Fase de pontuação (negociações preliminares): Fase anterior à formação do contrato. São as conversas iniciais, as sondagens. É neste momento que as partes discutem, ponderam, refletem, fazem cálculos, estudos, redigem a minuta do contrato (esboço do contrato). Aqui estão devidamente evidenciados os interesses antagônicos que após devem chegar a uma proposta final e definitiva. Característica dessa fase: Não vinculação das partes a uma relação jurídica obrigacional, porque não trazem uma manifestação de vontade inequívoca de contratar, mas traduzem apenas uma possibilidade de celebração de um contrato A celebração ou não de um contrato é um direito que assiste a cada um dos negociantes, mas limitado à boa-fé objetiva. Responsabilização civil: Configurada a legítima expectativa de contratar. Dizer que há direito subjetivo de não contratar não significa que os danos daí decorrentes não devam ser indenizados. En. 24 da I Jornada de Direito Civil: “Em virtude do princípio da boa-fé objetiva, positivado no art. 422 do novo Código civil, a violação dos deveres anexos constitui espécie de inadimplemento, independentemente de culpa”. ATENÇÃO: as negociações prévias, quando forem objeto de um contrato preliminar, vinculam as partes, gerando responsabilidade no caso de não conclusão do contrato definitivo. Ver arts. 462 a 466, CC. Contrato preliminar é “uma avença através da qual as partes criam em favor de uma ou mais delas a faculdade de exigir o cumprimento de um contrato apenas projetado. Trata-se, portanto, de um negócio jurídico que tem por objeto a obrigação de fazer um contrato definitivo.” Gagliano e Pamplona Filho (2009, p. 148), Ver, nesse sentido, o art. 463, CC. O exemplo mais comum decontrato preliminar é o contrato de compromisso de compra e venda (ver arts. 1417 e 1418, CC), o qual é “um contrato de natureza especial em que as partes, compromitente-vendedor e compromissário- comprador, obrigam-se a concluir, posteriormente, o contrato definitivo de compra e venda, reiterando neste a mesma vontade expressa no compromissso.” (MATHIAS; DANELUZZI, 2008, p. 93). objetivo do contrato de promessa de compra e venda: é, a concretização de um contrato definitivo de compra e venda de bem imóvel. Principal efeito: é o direito que o compromissário-comprador tem de adjudicar compulsoriamente o imóvel objeto do contrato, uma vez pago o preço e havendo recusa por parte do compromitente- vendedor em celebrar a escritura definitiva, nos termos do art. 1418, CC. Assim, o compromissário-comprador, por meio de uma ação de adjudicação compulsória lastreada no art. 501 do CPC, poderá conquistar sentença judicial substitutiva da declaração de vontade do compromitente-vendedor, a qual servirá como título para o registro no Cartório Imobiliário, de forma a conferir ao compromissário- comprador a propriedade do imóvel. Art. 501CPC. Na ação que tenha por objeto a emissão de declaração de vontade, a sentença que julgar procedente o pedido, uma vez transitada em julgado, produzirá todos os efeitos da declaração não emitida. De acordo com o art. 462, CC, o contrato preliminar, salvo no que se refere à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato definitivo a ser celebrado. 2) Fase da proposta (oferta ou policitação): Manifestação séria e precisa do proponente no sentido de contratar, apresentando os pontos essenciais do futuro negócio jurídico. Trata-se, em verdade, de declaração unilateral e receptícia de vontade Proponente ou Policitante Oblato ou Policitado (autor da proposta) (destinatário da proposta) Art. 427, CC: “A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio jurídico, ou das circunstâncias do caso” O proponente ou policitante se vincula àquilo que oferecer, não podendo voltar atrás, salvo nas hipóteses previstas em lei (art. 427 e 428, CC). Dessa forma, a recusa injustificada do proponente em manter a proposta enseja responsabilidade pelas perdas e danos suportadas pelo oblato. A proposta não obriga o oblato. 2.1) Hipóteses de perda da obrigatoriedade da proposta (art. 427): a) Se o contrário (a não obrigatoriedade) resultar dos termos dela mesma: é o caso do proponente deixar expresso a reserva do direito de retratar-se ou arrepender-se de concluir o negócio jurídico. Tal possibilidade não se aplica nas ofertas feitas ao consumidor (lei 8078/90) b) Se o contrário (a não obrigatoriedade) resultar da natureza do negócio: ex.:propostas abertas ao público, que se consideram limitadas ao estoque existente ou quando se oferece carona, em uma moto, a pessoas de um grupo (contrato de transporte gratuito). A oferta somente pode ser considerada válida ao primeiro que aceitar. c) Se o contrário (a não obrigatoriedade) resultar das circunstâncias do caso: Neste caso, o juiz terá a liberdade para aferir, no caso concreto, e respeitado o princípio da razoabilidade a situação que não poderia ser considerada obrigatória. 2.2) Hipóteses de perda da obrigatoriedade da proposta (art. 428) por força do lapso temporal entre a proposta e a aceitação: Art. 428, CC: “Deixa de ser obrigatória a proposta: I – se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. (“pegar ou largar”) Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou outro meio de comunicação semelhante, desde que simultânea. Pessoa presente: são as que mantêm contato direto e simultâneo uma com a outra. Exemplo das pessoas que tratam do negócio pessoalmente ou por meio de transmissão imediata da vontade. O aceitante toma ciência da proposta quase no mesmo instante em que é emitida. Pessoa ausente: aquelas que não mantêm contato direto e imediato entre si. As que contratam por correspondência epistolar. Contratação eletrônica ou via internet: “É o negócio jurídico celebrado mediante a transferência de informações entre computadores, e cujo instrumento pode ser decalcado em mídia eletrônica. Contratos celebrados via correio eletrônico, internet, intranet, EDI ou qualquer outro meio eletrônico, desde que permita a representação física do negócio em qualquer mídia eletrônica, como CD, disquete, fita de áudio ou vídeo. Critica-se o legislador por não ter mencionado, aqui, a possibilidade de proposta via internet. A doutrina entende que a aplicação do art. 428, CC, deve ser feita de forma analógica às contratações via internet, dependendo da situação. Assim, a proposta feita em um chat seria uma proposta feita entre presentes, porque os envolvidos mantêm entre si um contato direto. Já o e-mail seria considerado uma proposta entre ausentes, porque entre a emissão da oferta pelo correio eletrônico e a resposta do oblato medeia um lapso temporal maior. II – se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente. (por meio de carta, telegrama, e-mail, etc). Esse prazo deve ser razoável e dependerá do caso concreto para sua aferição (exemplo: utilização de e-mail versus utilização de correspondência normal). III- se, feita a pessoa ausente, não tiver expedido a resposta dentro do prazo dado; Findo o prazo para a resposta, não havendo aceitação, o proponente estará desvinculado do seu compromisso. IV- se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente.” É possível a retratação da proposta, consoante o disposto no inciso IV do art. 428, CC. A retratação cabe mesmo que não se tenha feito ressalva neste sentido. No entanto, ela deve chegar ANTES ou SIMULTANEAMENTE à proposta. Assim, se a retratação não for feita em tempo hábil, poderá haver a aceitação do oblato, que vinculará o policitante à execução do negócio, sob pena de responder por perdas e danos. ATENÇÃO: a proposta pode se dirigir a pessoas determinadas ou indeterminadas (exemplo: oferta ao público – art. 429, CC). 2.3) OFERTA AO PÚBLICO: ART. 429, cc Proposta de contratar feita à coletividade. De acordo com o parágrafo único do art. 429, CC, admite- se a revogação da proposta feita ao público, desde que a revogação seja feita pela mesma via de divulgação, e desde que essa faculdade tenha sido ressalvada na própria oferta. Quer dizer: se o proponente não reservou a faculdade de revogação, dando inclusive ciência dela à outra parte, não poderá exercê-la. A oferta ao público, portanto, não se diferencia essencialmente das demais. Assim, desde que seja feita em observância aos requisitos gerais de validade da proposta, a oferta ao público torna-se obrigatória, salvo se as circunstâncias ou os usos a descaracterizarem como oferta. 2.4) PROPOSTA NO CDC: Nas relações de consumo, a proposta feita ao público vincula o ofertante (vide arts. 6º, III, IV, 30, 31 e 35 do CDC). Ex.: oferta operada por aparelhos automáticos de venda de produtos. A mercadoria é exposta e afixado o preço, formando o contrato com a introdução da moeda em uma ranhura. Ex.: oferta em vitrines, catálogos oferta ao público obriga, vincula o proponente (art. 429, CC; art. 30, CDC). relação de consumo: art. 30, CDC vincula o fornecedor, independentemente da presença do consumidor. No caso de recusa no cumprimento art. 35, CDC: “se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua escolha: I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade; II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente; III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos. 3. Aceitação É o ato de aderência do oblato à proposta feita, surgindo aí o contrato. A aceitação deve ser externada sem vícios do consentimento, sob pena de anulação do contrato. Além disso, o aceitante deve ser capaz ou então estar devidamente representado ou assistido. A aceitação pode ser expressa ou tácita, nos termos do art. 432, CC: “ Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa.” Ter-se-á aceitação tácita: a) Quando não seja usual a aceitação expressa: Exemplo: Industrial costuma todos os anos enviar seus produtos a certa pessoa que os recebe e na época oportuna os paga. Se num dado momento não quiser mais as mercadorias, deverá avisar ao Industrial. B) Quando o ofertante dispensar a aceitação: se alguém reserva acomodação em um hotel, dizendo que chegará tal dia, se o hoteleiro não expedir a tempo a negativa, o contrato estará firmado. A aceitação também deve ser oportuna, ou seja, dentro do prazo estabelecido ou dentro do prazo razoável (de acordo com o caso concreto). É importante a regra estabelecida pelo art. 430, CC: “se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente, este deverá comunicar o fato imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos.” É obrigação do proponente, nesse caso, comunicar o recebimento tardio da aceitação ao oblato, sob pena de responsabilização por perdas e danos. Contraproposta: proposta de um novo contrato. No caso de aceitação feita fora do prazo, com adições, restrições ou modificações, o art. 431, CC dispõe que há uma nova proposta. Retratação da aceitação: nos termos do que dispõe o art. 433, CC. A retratação deve ser feita ANTES ou SIMULTANEAMENTE à aceitação. Contrato entre presentes: a proposta poderá ou não estipular prazo para a aceitação. Caso NÃO HAJA fixação de prazo, a aceitação deverá ser manifestada pelo oblato imediatamente à proposta. Caso contrário, a proposta não terá força vinculativa. Se a proposta FIXAR prazo, o oblato, para manifestar a aceitação, deverá observá-lo, caso contrário, ela não terá força vinculativa em relação ao policitante. 4) Formação do contrato entre ausentes: art. 434, CC por meio de carta, telegrama, e-mail, etc há duas teorias principais a respeito da aceitação: TEORIA DA INFORMAÇÃO OU DA COGNIÇÃO: considera aperfeiçoado o contrato quando o policitante toma conhecimento da aceitação do oblato. TEORIA DA AGNIÇÃO: dispensa que a resposta chegue ao conhecimento do proponente: A) TEORIA DA DECLARAÇÃO PROPRIAMENTE DITA: o contrato se forma no momento em que o aceitante ou oblato, redige sua resposta. Difícil precisar o momento da resposta. B) TEORIA DA EXPEDIÇÃO: considera formado o contrato no momento em que a resposta do oblato é expedida. C) TEORIA DA RECEPÇÃO: reputa celebrado o contrato no momento em que o proponente recebe a resposta. Dispensa sua leitura. Mais segura que as demais. Nas correspondências prova-se pelo A.R. O legislador brasileiro filiou-se à TEORIA DA EXPEDIÇÃO, nos termos do que dispõe o art. 434, CC. Há, no entanto, restrições, estabelecidas nos incisos do referido dispositivo, a saber: a) no caso do art. 433 (retratação do oblato); b) se o proponente houver se comprometido a aguardar a resposta; c) se a resposta não chegar no prazo convencionado. Assim: No direito brasileiro o momento em que o contrato se torna obrigatório é o da expedição da aceitação, ressalvando- se as exceções previstas nos incisos I a III do art. 434, CC. ATENÇÃO: alguns doutrinadores, dentre eles Carlos Roberto Gonçalves e Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho, defendem a ideia de que foi adotada pelo CC/2002 a teoria da recepção, dada a amplitude da ressalva contida no art. 433, CC: se sempre é permitida a retratação antes da resposta chegar às mãos do proponente e se não se reputa concluído o contrato na hipótese de a resposta não chegar no prazo convencionado, na realidade adotou-se a teoria da recepção. 5. Lugar de formação dos contratos: art. 435, CC É o lugar onde foi proposto. Em relação aos contratos eletrônicos (via internet), o autor Álvaro Marcos Cordeiro Maia (STOLZE E GAGLIANO, 2013, p. 144) defende a tese de que, nessas situações, deve-se considerar formado o contrato no lugar da residência do proponente e, “somente quando não fosse possível o rastreamento da residência ou sede do proponente, o registro lógico é quem determinaria o local da celebração do contrato eletrônico.” [...] Assim, “celebrado o contrato a bordo de um avião, ou dentro de um navio em águas internacionais, este deverá ser considerado formado na residência do proponente, ou quando não possível rastreá-lo, no local inquinado no endereço lógico.” Necessidade da classificação: Verificar não só as particularidades de cada contrato, acentuando as semelhanças e diferenças entre as inúmeras espécies, mas também os ônus e vantagens de cada contratante, bem como os efeitos jurídicos que produz. A classificação dos contratos serve para posicionar corretamente o negócio jurídico no âmbito do exame de seu adimplemento e inadimplemento. Assim à medida que são conhecidas as classificações fundamentais, o estudioso, ao examinar um contrato, na prática, já terá em mente as consequências jurídicas das espécies. Um mesmo contrato pode incidir em várias classificações. Não há critério legal expresso, em analogia à classificação de bens, faremos com base na análise dos contratos em si mesmos, bem como em sua consideração recíproca. I. CONTRATOS CONSIDERADOS EM SI MESMOS (sem qualquer relação com outros) Há várias subdivisões, por força da multiplicidade de relações contratuais. 1. Quanto à natureza da obrigação 1.1. Unilaterais e Bilaterais ou plurilaterais 1.2. Gratuitos ou Onerosos 1.3. Comutativos ou Aleatórios 1.4. Paritários, de Adesão ou por adesão 2. Classificação quanto à forma 2.1. Solenes ou não solenes 2.2. Consensuais ou Reais 3. Classificação dos contratos quanto à pessoa do contratante: 3.1. Pessoais ou impessoais 3.2. Individuais ou coletivos 4. Classificação quanto à designação 4.1. Contratos nominados e inominados. 5. Classificação quanto ao tempo de execução: 5.1. Contratos de execução imediata 5.2. Contratos de execução diferida 5.3. Contratos de execução continuada II. CONTRATOS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS: Principais e acessórios 1.1. Contrato Unilateral bilateral (quanto às obrigações das partes): Não confunda: O Contrato é um negócio jurídico bilateral, posto envolver pelo menos duas pessoas. Já o contrato, este pode ser unilateral ou bilateral, ou seja, poderá produzir efeitos de natureza patrimonial para uma ou para as duas partes. Contrato Unilateral: é aquele que, quando da sua feitura, gera obrigação somente a uma das partes. Os efeitos são ativos de um lado e passivos do outro. Só uma das partes se obriga, não havendo contraprestação. Exemplo: contrato de doação pura e simples onde apenas o doador contrai obrigações ao passo que o donatário só aufere vantagens. Caso ainda do depósito, do mútuo, do mandato e do comodato. Como já vimos anteriormente o contrato aperfeiçoa-se, via de regra, pelo consenso das partes. Bilateralidade da obrigação contratual Bilateralidade do consentimento Contrato bilateral: pressupõe obrigação, no momento da feitura, para ambas as partes, ou para todas as partes intervenientes.Essas obrigações são recíprocas e simultâneas (sinalagma), por isso, também são chamados de contratos sinalagmáticos (prestações correlatas). Cada uma das partes fica adstrita a uma prestação. Ex.: compra e venda (CC. Art. 481). O vendedor deve entregar a coisa e receber o preço; o comprador deve receber a coisa e pagar o preço. A importância da distinção entre contratos bilaterais e unilaterais, reside no fato de os contratos do primeiro tipo terem um regime especial de características próprias: - Exceptio non adimpleti contractus - Exceção (defesa) de não cumprimento: consiste na regra de que nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação (o que já afasta a sua incidência em contratos unilaterais) pode exigir o cumprimento da prestação do outro. (art. 476, CC). - Por consequência , a garantia de execução do contrato só se aplica aos contratos bilaterais (art. 477, CC). Escopo de evitar o perigo a que ficará exposto o contratante que se obrigar a cumprir obrigação assumida, antes do outro, devido a circunstâncias supervenientes de modificação no patrimônio do devedor. Ex.: Venda a crédito. - Condição resolutiva tácita: é um instituto que confere a uma das partes a faculdade de resolver o negócio, com fundamento na falta de cumprimento da outra parte ( art. 475, CC). - Vícios redibitórios (art. 441, CC): aplicável somente aos contratos bilaterais. São defeitos ocultos da coisa, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada ou lhe diminuam o valor. Assim, o contratante pontual, sendo bilateral o contrato poderá: a) permanecer imóvel alegando a exceção de contrato não cumprido ou b) pedir sua rescisão com perdas e danos, se lesado pelo descumprimento da outra parte. 1.2. Contratos gratuitos ou onerosos: Contratos gratuitos: são aqueles que oneram apenas uma das partes, proporcionando à outra só vantagens, sem contraprestação, ou seja, toda a carga contratual fica por conta de um dos contratantes. Ex.: doação sem encargo (pura e simples), o comodato, o mútuo sem pagamento de juros, o depósito. Contratos onerosos: ambos os contratantes têm deveres e obrigações, direitos e vantagens, ou seja, ambos sofrem um sacrifício patrimonial correspondente a um proveito almejado. Ônus e proveito devem fixar numa relação de equivalência. Ex.: contratos de permuta, compra e venda, empreitada, locação (locatário paga o aluguel para usar e gozar do bem e o locador entrega o que lhe pertence para receber o pagamento). Determinadas figuras contratuais podem ser estabelecidas tanto na forma onerosa quanto gratuita: mútuo feneratício (oneroso), do depósito, da doação com encargo. Importância da distinção: a) A interpretação dos contratos gratuitos deve ser sempre mais restrita do que os negócios jurídicos onerosos, uma vez que, por envolver liberalidade, o contratante não onerado tem uma proteção menor do que o pactuante devedor. Art. 114, CC: Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.” B) Na responsabilidade civil pelo descumprimento do pactuado, nos contratos benéficos, o contratante onerado somente responde por dolo, enquanto o contratante beneficiado segue a regra da simples culpa. Nos contratos onerosos cada um responde por culpa, salvo as hipóteses de responsabilidade civil objetiva. Art. 392, CC C) Riscos da evicção suportados apenas pelo adquirente de bens em contratos onerosos. Art. 447 e ss, CC 1.3. Contratos comutativos ou aleatórios: Subdivisão dos contratos onerosos. Contrato comutativo: contrato em que uma das partes, além de receber da outra prestação equivalente a sua, pode apreciar imediatamente essa equivalência. No momento da formação, ambas as prestações geradas pelo contrato estão definidas. As partes têm conhecimento na conclusão do contrato de suas respectivas prestações. Ex.:compra e venda. Assim, no ato do contrato as partes já conhecem o sacrifício e proveito que haverá entre elas, tendo o total conhecimento do que têm a dar e a receber. Contrato aleatório (alea = sorte) art. 458, CC: a obrigação de uma das partes somente pode ser exigida em função de coisas ou fatos futuros, cujo risco da não ocorrência é assumido pelo outro contratante. As prestações de uma ou ambas as partes são incertas quando da elaboração da avença, porque sua quantidade ou extensão está na dependência de um fato futuro e imprevisível. Há incerteza para ambas as partes sobre se a vantagem esperada será proporcional ao sacrifício. O contrato pode ser aleatório por sua própria natureza ou resultar de convenção das partes. Ex.: são aleatórios por natureza os contratos de seguro, jogo e aposta (CC. Art. 814 a 817), incluindo-se nessa natureza as loterias, rifas, lotos e similares. Mas temos também os contratos acidentalmente aleatórios, é o caso da compra da rede do pescador. Pode ocorrer de o arremesso da rede nada captar. Mesmo que peixe algum venha na rede, vale o contrato e é devido o preço, pois foi uma esperança que se adquiriu. Temos, pois, um contrato de compra e venda que normalmente é comutativo, transmutando em aleatório por convenção das partes. O Código civil trata dos contratos aleatórios na modalidade de compra e venda aleatória: art. 458 a 461, CC: A) Contrato de compra e venda de coisa futura com assunção de risco pela existência (emptio spei): art. 458, CC: o adquirente compra o risco das coisas virem ou não a existir. Ex.: compra de safra futura, assumindo o risco de nada receber se o vendedor nada colher. Máquina de pegar bichos de pelúcia em parques infantis, pois há a possibilidade de a mão mecânica descer e não pegar qualquer bicho de pelúcia, apesar do depósito de fichas. B) Contrato de compra de coisa futura, sem assunção de risco pela existência (emptio rei speratae) Art. 459, CC: não há assunção total dos riscos pelo contratante, tendo em vista que o alienante se comprometeu a que alguma coisa fosse entregue. Ocorre se a álea versar sobre a quantidade da coisa esperada. Basta que venha a existir, qualquer que seja a quantidade. Ex.: Venda de colheita do ano vindouro, a parte terá direito a todo preço, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada. Se nada colher, desfaz-se o contrato. C) Contrato de coisa presente, mas exposta a risco assumido pelo contratante (art. 460 e 461, CC): venda de coisa atual sujeita a riscos. Ex.: compra de mercadoria embarcada, sem notícia do seu estado atual, em que o adquirente assume o risco de elas chegarem ao seu destino ou não. 1.4 Contratos paritários e contratos de adesão e por adesão: Contratos paritários: são aqueles em que as partes estão em situação de igualdade quanto ao princípio da autonomia de vontade; na fase de pontuação discutem os termos do ato do negócio e livremente se vinculam fixando cláusulas e condições que regulam as relações contratuais. As cláusulas do contrato podem ser discutidas uma a uma para que se alcance um contrato satisfatório para ambas as partes. Contratos de adesão: aquele que foi elaborado exclusivamente por uma das partes (o estipulante), que possui o monopólio do negócio. Ex.: fornecimento de água ou eletricidade. Contratos por adesão: aquele que foi elaborado exclusivamente por uma das partes (o estipulante), mas não há monopólio sobre o negócio. As cláusulas são predeterminadas, sem possibilidade de modificação, debate e transigência entre as partes. Um dos contratantes se limita a aceitar as cláusulas e condições previamente. Ex.: Seguro, contrato de consórcio, compra de automóvel em concessionárias. O CC e o CDC mencionam apenas a figura dos contratos de adesão: art. 54 CDC, art. 423 e 424, CC. Eventuais dúvidas oriundas das cláusulas se interpretam em favor de quem adere ao contrato (aderente). Traços característicos dos contratosde adesão: uniformidade (objetivo do estipulante obter maior número possível de contraentes); predeterminação unilateral (as cláusulas são fixadas antecipadamente, sem qualquer discussão); rigidez (não há possibilidade de rediscutir as cláusulas); posição de vantagem (superioridade material) de uma das partes. Contrato tipo: contrato de massa, em série ou por formulários, se caracteriza pela forma como as cláusulas são predispostas, tal qual um contrato de adesão. Se diferencia do contrato de adesão pela estrutura, pela inexistência de predeterminação unilateral, com possibilidade de discussão do seu conteúdo. 2. Quanto à forma: Solenes ou Não-solenes e Consensuais ou Reais Contratos solenes (formais): só se aperfeiçoam quando o consentimento das partes está perfeitamente adequado pela forma prescrita na lei, objetivando conceder segurança a algumas relações jurídicas. De regra, a solenidade se exige na lavratura de documentos ou instrumentos (contrato) público, lavrado nos serviços notariais (cartório de notas), como na escritura de venda e compra de imóvel que é, inclusive pressuposto para que o ato seja considerado válido, ou seja, exige escritura pública. No contrato solene, a ausência de forma torna-o nulo. (art. 108, 124, 134, II, CC). A forma é de sua substância. Forma difere de prova do contrato. Forma: maneira pela qual a manifestação de vontade deve exteriorizar-se no momento da realização do contrato, para que o negócio seja válido. Prova: é qualquer fato anterior, posterior ou concomitante à celebração do contrato, que seja hábil a demonstrar a existência do ajuste. Contratos não solenes ou consensuais, são os que se perfazem pela simples anuência das partes. O ordenamento legal não exige forma especial para que seja celebrado, como no contrato de transporte aéreo. Vigora em nosso ordenamento jurídico o princípio da forma livre (art. 104, III, CC), a regra é a forma não-solene. (art. 107, CC) Contratos Consensuais são os que se consideram formados pela simples proposta e aceitação. A simples comunhão de vontades aperfeiçoa o contrato (é a regra em nosso ordenamento jurídico), seja este formal ou não, ficando assim, hábil para gerar os efeitos jurídicos que lhes são próprios. Contratos Reais são os que só se formam com a entrega efetiva da coisa. Ex.:empréstimo (mútuo e comodato), no depósito ou no penhor. A entrega, aí, não é cumprimento do contrato, mas detalhe anterior, da própria celebração do contrato. Antes da entrega efetiva da coisa ter-se-á mera promessa de contratar e não um contrato perfeito e acabado. 3. Classificação dos contratos quanto à pessoa do contratante: 3.1. Pessoais ou impessoais 3.2. Individuais ou coletivos Contratos pessoais (intuitu personae) são celebrados em função da pessoa do contratante, em virtude de sua habilidade, experiência, técnica, idoneidade. O serviço só poderá ser executado pelo devedor (obrigação infungível). A impossibilidade ou negativa do cumprimento de sua parte extinguirá a obrigação, substituindo-se por indenização por perdas e danos se houver culpa. Em geral, são obrigações de fazer. Ex.:a contratação de um ator, escultor, renomado médico ou advogado, etc. Contratos impessoais são aqueles onde qualquer pessoa com capacidade para executar o objeto do contrato, poderá fazê- lo. As partes não especificam, a pessoa que irá cumprir o contrato é irrelevante. Somente interessa o resultado da atividade contratada. Ex.: reforma de um imóvel, feita por empresa de engenharia, onde havendo problema com um ou mais pedreiros, basta substituí-los por outros com iguais habilidades. Utilidade da distinção: A) os contratos intuitu personae são intransmissíveis, não podendo ser executados por outrem. A morte do devedor é causa de extinção da obrigação. Mas, seu patrimônio responde. B) Havendo erro de pessoa nos contratos intuitu personae, tais serão anuláveis (art. 139, II,CC), haja vista que a determinação do sujeito contratante foi a razão básica para a manifestação de vontade de contratar. C) Nas obrigações intuitu personae, o descumprimento culposo da obrigação de fazer gera perdas e danos ou, sendo ainda possível a prestação e havendo interesse do credor no seu cumprimento, a busca de tutela específica, mas, jamais, pela sua natureza, admitirá a prestação por terceiros, ainda que às expensas do devedor. Contratos Individuais ou coletivos: número de sujeitos envolvidos. Contratos individuais: Refere-se a uma estipulação entre pessoas determinadas, ainda que em número elevado, mas consideradas individualmente. Contratos coletivos: também chamado de contrato normativo, tem-se uma transubjetivação da avença, alcançando grupos não individualizados, reunidos por uma relação jurídica ou de fato. Ao contrário do contrato individual, as cláusulas possuem força normativa abstrata, em situação analógica a preceitos legais. Ex.: convenção coletiva (sindicato dos empregadores/toda categoria econômica). Autocontrato (art. 117,CC): Contratar consigo mesmo, é logicamente impossível. A relação contratual exige coexistência de duas vontades. Mecanismo da representação: O contrato pode ser concluído por meio de representante. Este, em vez de o estipular com terceiro, celebra consigo próprio. Por força de sua condição reúne, em sua pessoa, dois centros de interesses diversos, ocupando as posições oposta de proponente e aceitante. Portanto, só é possível quando a lei ou o representado autorizem. Do contrário o negócio é anulável. E que não haja conflitos de interesses entre as partes. 4. Classificação quanto à designação: Contratos nominados e inominados. Contratos nominados ou típicos. São aqueles em que a lei dá denominação própria e submete a regras estabelecidas. Devemos sempre preferir a expressão tipicidade, atendendo a que não é a circunstancia de ter uma designação própria (nomem iuris) que predomina, mas a tipicidade legal. contratos típicos são aqueles tipificados em lei. O CC prevê os contratos típicos no título VI, do livro I da parte especial. Contratos inominados ou atípicos (art.425,CC). São aqueles que a lei não disciplina expressamente, mas que são permitidos, em virtude do principio da autonomia da vontade. Assim, são atípicos os que resultam da consensualidade, não havendo requisitos definidos na lei, bastando para sua validade que as partes sejam capazes (livres), o objeto do contrato seja lícito, possível e suscetível de apreciação econômica. Este tipo de contrato não tem previsão expressa Ex.: contrato de hospedagem. Os contratos atípicos ou inominados devem respeitar os parâmetros, a matiz constitucional, fixados pelos princípios da boa-fé objetiva e da função social do contrato. Aplicação dos arts. 421 e 422, CC. Contrato atípico no CC: art. 425: “É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código”. Disposições gerais: art. 421 a 480, CC Diferença com os contratos coligados ou união de contratos: O contrato atípico, embora careça de previsibilidade legal, forma uma unidade negocial autônoma, diferentemente do que ocorre com a coligação e união, em que temos vários negócios jurídicos conjugados, unidos entre si. Na coligação há uma pluralidade negocial. Para estes também não há previsão legal, mas aplica-se a autonomia da vontade. Ex.: avenças firmadas entre donos de postos de combustível e os distribuidores de derivados de petróleo. Há vários contratos coligados, podendo figurar ou não no mesmo instrumento: contrato de fornecimento de combustível, comodato de bombas, locação de equipamentos. 5. Contratos quanto ao momento da execução: De execução imediata ou instantâneo; De execução diferida; De trato sucessivo ou execução continuada
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