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resenha, MENEZES, Jeannie.

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO	
LICENCIATURA EM HISTÓRIA
HISTÓRIA DAS MULHERES
ALUNOS: João Victor Braga de Souza e Maria Érika
DOCENTE: Élcia Bandeira
RESENHA: MENEZES, Jeannie da Silva. Sem embargo de ser fêmea. (P. 97-124)
	Ser mulher na contemporaneidade é extremamente complicado, viver em uma sociedade feita para homens, onde é determinado os papéis que as mulheres deveriam desempenhar sempre abaixo desse homem. Então imagine ser essa mulher na colônia? A autora Jeannie Menezes, historiadora, professora universitária e advogada, aborda nesse capítulo as questões jurídicas referentes a mulher que é tratada nesse período como imbecillitas sexi, ou seja, o sexo imbecil e dessa forma ela se propõe a enxergar nesse sexo inferiorizado pela lei e pela sociedade um sujeito de direitos.	
	As diferenciações sociais que a autora traz no texto quanto ao papel exercido me remete as permanências que temos na nossa sociedade, para o reino a mulher tinha sua utilidade na colonização, tanto demográfica quanto também para estabelecer um modelo a ser seguido, a mulher branca viria com seus modos da metrópole e o velho estigma reproduzido “bela, recatada e do lar”, uma boa mãe e esposa, quanto a mulher negra, ela carregava o estigma da escravização com o corpo e o trabalho, o que também me remete a vários dados da violência contra a mulher negra que é absurdamente maior do que contra a mulher branca, ou seja, além do recorte de gênero ainda há o recorte étnico, com base também em Del Priore.	
	Para fundamentar essa organização, o estatuto jurídico que chega a colônia trata a mulher como um apêndice nas palavras da autora, pois ela é um sujeito secundário ligada a um homem. Dessa forma, os casamentos são de extrema importância tanto na Europa como no Brasil e em Pernambuco, a ideia de uma família branca e católica, dessa forma a mulher é um sujeito sob tutela masculina, porém, a autora busca fontes para discutir direitos desse sexo que era diminuído, mostrando casos de mulheres que tiveram direito de reger a vida, seus títulos e seus bens. 
	Como fontes principais, Jeannie Menezes utiliza Rui Gonçalves que elenca mais de cem prerrogativas e direitos as mulheres no século XVI na Espanha, Hespanha que fala da condição da mulher juridicamente e Boxer que aborda as mulheres na expansão ultramarina, trabalhando com as figuras femininas que tiveram destaque no reino, porém, para falar dessas mulheres aqui em Pernambuco ela cita um caso no século XVII, a sucessão da capitania para uma mulher, o que segundo a justiça não seria possível por conta do princípio da incapacidade política na lei mental, que não permite a mulheres sucederem bens da coroa, contudo, o caso aqui em Pernambuco segundo o jurista Jorge de Cabedo era especial, era uma donatária na defesa da sua legitimidade, como herdeira única, ou seja, existiram casos especiais em que tais conjunto de leis foram revistos, sempre relacionado a mulheres brancas oriundas das elites ou camadas intermediárias, uma questão bem presente da contemporaneidade, a flexibilização de leis devido a classe social e poder aquisitivo.	
	Suely Almeida, historiadora e também professora da UFRPE como Jeannie Menezes, também constata que o alcance da lei na capitania de Pernambuco estava ligado a graduação social, além do modelo de mulher a ser seguido era estabelecido já no estatuto jurídico, onde aponta que ser honesta e reclusa é essencial, um discurso conhecido desde o Antigo Regime europeu com traços ainda medievalescos e que chega em Pernambuco e na colônia como um todo, tendo suas adaptações e exceções. 
	Por fim, esse capítulo deixa questões bem importantes para reflexão, como que benesses essas mulheres tinham por serem vistas como inferiores no estatuto jurídico? Percebo que as raízes do patriarcado são muito profundas no Brasil, a ideia de um modelo de mulher a ser seguido, a inferiorização de um sexo com justificativas biológicas, além dos espaços que devem ser negados a mulheres e que historicamente as foram negadas. A vida privada, é reflexo de um conjunto de coisas, dentre elas a lei e a prática social, pontos que foram desfavoráveis para as mulheres e que fomentaram diversas violências ao longo dos anos.

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