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ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO CEARÁ CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM NUTRIÇÃO MATERNO-INFANTIL E DO ADOLESCENTE MARÍLIA HOLANDA PONTES AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DAS GESTANTES ASSISTIDAS NO SERVIÇO DE PRÉ-NATAL EM UMA UNIDADE PRIMÁRIA DE SAÚDE DE FORTALEZA FORTALEZA 2007 MARÍLIA HOLANDA PONTES AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DAS GESTANTES ASSISTIDAS NO SERVIÇO DE PRÉ-NATAL EM UMA UNIDADE PRIMÁRIA DE SAÚDE DE FORTALEZA Monografia submetida à Escola de Saúde Pública do Ceará, como parte dos requisitos para conclusão do Curso de Especialização em Nutrição Materno-Infantil e do Adolescente. Orientadora: Nádia Maria Girão Saraiva de Almeida, Dra. FORTALEZA 2 2007 MARÍLIA HOLANDA PONTES AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DAS GESTANTES ASSISTIDAS NO SERVIÇO DE PRÉ-NATAL EM UMA UNIDADE PRIMÁRIA DE SAÚDE DE FORTALEZA Especialização em Nutrição Materno-Infantil e do Adolescente Escola de Saúde Pública do Ceará Aprovada em: 26/03/07 Banca Examinadora _____________________________________________ Nádia Maria Girão Saraiva de Almeida Doutora _____________________________________________ Virgínia Maria Costa de Oliveira Mestre _____________________________________________ Paulo César de Almeida 3 Doutor 4 À Deus, autor da vida, que de contínuo tem me sustentando, na caminhada da minha existência. Dedico! 5 AGRADECIMENTOS Ao Deus Triúno, que através da sua graça multiforme, tem me concedido realizar projetos pessoais. Aos meus pais, que me proporcionaram toda minha carreira estudantil. Aos meus amados, Eudes e Lia, que sempre me alicerçam o apoio, na realização das minhas atividades profissionais. À coordenadora do curso, Virgínia Costa, pela sua disposição em ajudar a cada necessidade que surgiu. À minha orientadora, Dra. Nádia Maria Girão Saraiva de Almeida, pelo imenso apoio recebido. À todas as gestantes que disponibilizaram suas informações para execução deste trabalho. 6 RESUMO O objetivo deste estudo foi avaliar o estado nutricional das gestantes atendidas no pré-natal do Centro de Saúde Escola Meireles de Fortaleza-CE, Brasil, em termos antropométricos, socioeconômicos e bioquímicos. Participaram do estudo, 40 gestantes atendidas no ambulatório de nutrição no período de abril a maio de 2006; as mesmas possuíam o cartão gestante estabelecido na unidade. Foram coletadas as medidas de peso pré-gravídico, peso atual, altura e idade gestacional. O estado nutricional pré-gravídico foi avaliado por meio do Índice de Massa Corporal (IMC) e o diagnóstico do estado nutricional atual foi obtido através do gráfico da Curva de Rosso. Todas as gestantes responderam a um questionário com dados socioeconômicos, bioquímicos e antropométricos. A média da idade cronológica das gestantes foi de 27,62 anos, sendo que 82,5% tinham entre 20 e 34 anos. Com relação ao estado civil, 52,5% eram casadas não formal e 10% eram solteiras. A renda mensal familiar referida pela maioria (70%) estava compreendida entre 0,5 a 1,5 salários mínimos. Quanto à escolaridade das gestantes 32,5% haviam estudado até ensino fundamental incompleto e 30% até ensino médio completo. Apenas 32,5% exerciam atividade remunerada. A moradia era própria para 67,5% das gestantes. A maioria (63,5%) iniciou a gestação eutrófica. Segundo a Curva de Rosso, as gestantes com peso normal representaram 42,5%, com sobrepeso 35% e com baixo peso 22,5%. A média da idade gestacional foi de 21,28 semanas, correspondendo ao segundo trimestre de gestação. A anemia e a hiperglicemia foram encontradas em 30,0% e 12,5 % das gestantes, respectivamente. Concluiu-se que as gestantes deste estudo possuíam precárias condições de vida relacionadas à renda, escolaridade, ocupação e estado civil. Percentuais significativos de baixo peso e sobrepeso foram observados segundo a Curva de Rosso. 7 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................09 2 OBJETIVOS ........................................................................................................................12 2.1 Objetivo Geral ..................................................................................................................12 2.2 Objetivos Específicos .......................................................................................................12 3 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................13 3.1 Gravidez.............................................................................................................................13 3.2 Assistência Pré-Natal ........................................................................................................14 3.3 Mortalidade Materna ........................................................................................................15 3.4 Fatores de Risco na Gravidez ...........................................................................................16 3.4.1 Idade ..............................................................................................................................16 3.4.2 Baixo Peso .....................................................................................................................17 3.4.3 Sobrepeso ......................................................................................................................17 3.4.4 Doença Hipertensiva Específica da Gestação - DHEG ................................................18 3.4.5 Diabetes Gestacional - D G...........................................................................................19 3.4.6 Anemia Ferropriva.........................................................................................................20 4 METODOLOGIA................................................................................................................21 4.1 Tipo de estudo...................................................................................................................21 4.2 Aspectos éticos.................................................................................................................21 4.3 Local de estudo................................................................................................................21 4.4 População e amostra........................................................................................................22 4.5 Coleta de dados................................................................................................................22 4.6 Avaliação do estado nutricional.......................................................................................23 4.6.1 Antropometria...............................................................................................................23 8 4.6.2 Dados bioquímicos.......................................................................................................... 24 4.6.3 Inquérito socioeconômico .............................................................................................. 25 4.6.4 Análise e apresentação dos resultados............................................................................ 25 5 ANÁLISE DOS RESULTADOS..........................................................................................26 5.1 Análise dos dados socioeconômicos..................................................................................26 5.2 Análise dos dados antropométricos...................................................................................30 5.3 Análise dos dadosbioquímicos.........................................................................................32 6 CONCLUSÃO.....................................................................................................................34 REFERÊNCIAS.....................................................................................................................35 APÊNDICES E ANEXO.......................................................................................................39 9 1 INTRODUÇÃO A gestação é um evento fisiológico da vida da mulher, que pode ser mudado radicalmente seu curso natural em conseqüência direta de um estado de deficiência nutricional. A gestação é também a situação de maior sobrecarga fisiológica de toda a vida da mulher (FONSECA, 1987). Segundo Sarmento e Setúbal (2003), a necessidade de compreender os aspectos psicológicos que permeiam o período gravídico, torna-se cada vez mais reconhecida no âmbito do atendimento a gestante, tendo em vista, principalmente os esforços no Brasil relacionados à humanização do parto. O estado nutricional da mulher grávida afeta o resultado de sua gravidez. A saúde da gestante, do recém-nascido, o êxito do aleitamento materno e lactação estão diretamente relacionados com o estado nutricional antes ou durante a gestação (FAGEM, 2002). Durante a gestação, as modificações e o aumento das demandas nutritivas, exigem a inclusão da avaliação nutricional no acompanhamento do pré-natal. Toda gestante deve fazer essa avaliação na 1ª consulta pré-natal, com revisões periódicas (HERBERT, 1995). A avaliação nutricional individualizada no início e durante o pré-natal é um procedimento reconhecido como de extrema importância (WILLIAMS, 1986; FREITAS, 1993; SUITOR, 1994; BRASIL, 2000). As gestantes que, devido à idade, condições de saúde, educação ou situação socioeconômica, apresentarem maiores riscos de deficiências nutricionais, devem ser submetidas à avaliação mais detalhada (HERBERT, 1995). 10 Para Kamimura et al. (2003), a avaliação do estado nutricional tem como objetivo identificar os distúrbios nutricionais, possibilitando uma intervenção adequada de forma a auxiliar na recuperação e/ou manutenção do estado de saúde da gestante. Na avaliação do estado nutricional da gestante pode-se utilizar dados de anamnese (história pessoal, social, clínica e obstétrica), antropometria, testes laboratoriais e dados sobre a ingestão alimentar (WILLIAMS, 1986; DINIZ, 1994). A antropometria é a medida do tamanho corporal e suas proporções. Trata-se de um dos indicadores diretos do estado nutricional (KAMIMURA et al., 2003). Torna-se cada vez mais importante a determinação acurada do peso e da estatura, pois os dados relativos aos resultados da gestação estão fortemente associados ao aumento ponderal apresentado pela mulher durante a mesma (HERBERT, 1995). Empregam-se os testes bioquímicos na avaliação do estado nutricional, pois oferecem determinações objetivas e precisas a respeito das concentrações de nutrientes dos tecidos, sangue ou urina. Na gestação, ocorrem alguns problemas de interpretação devido às alterações fisiológicas e ausência de normas estabelecidas para cada período específico da gestação. Porém, os postos laboratoriais oferecem uma linha básica para o monitoramento do estado nutricional (HERBERT, 1995). Conforme Vitolo (2003), a condição socioeconômica da gestante interfere no estado nutricional. As condições de vida da mulher grávida (moradia, saneamento básico, renda, escolaridade, ocupação) são determinantes para o seu bem estar e do seu filho (COSTA, 1999). 11 No mundo, principalmente devido ao quadro epidemiológico desfavorável dos países em desenvolvimento, morrem cerca de meio milhão de mulheres em idade reprodutiva por ano, como conseqüências de complicações relacionadas ao ciclo gravídico-puerperal. (SILVA, 2000). No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde (Fonte: SIM-Sistema de Informações sobre Mortalidade, SINASC – Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos) a média de mortalidade materna é de 56,02 óbitos por 100.000 nascidos vivos (n.v.) no ano de 2003, no Ceará é de 51,40 por 100.000 n.v. também no ano de 2003 (CEARÁ, 2005) e em Fortaleza é de 64,7 no ano de 2002 (FORTALEZA, 2004). A mortalidade associada ao ciclo gravídico-puerperal e ao aborto, representa cerca de 6% dos óbitos de mulheres de 10 a 49 anos no Brasil, sendo de extrema relevância por estar relacionada a eventos naturais (gravidez e parto) e por ser evitável em 92% dos casos (BRASIL, 2004). A autora, atuando na área do pré-natal no Centro Saúde Escola Meireles, Fortaleza-Ceará, observou, empiricamente, ao longo de sua prática profissional, a existência de uma mesma proporcionalidade de desnutrição e sobrepeso, bem como a prevalência de anemias, baixa renda e baixa escolaridade em gestantes que eram assistidas nessa unidade de saúde. Considerando que a antropometria, os parâmetros bioquímicos e a avaliação socioeconômica constituem métodos eficazes para avaliar o estado nutricional da gestante, os mesmos contribuirão para diagnosticar o estado nutricional e assim intervir em situações de risco na saúde da mãe e de seu filho. Portanto ressalta-se a importância desse estudo uma vez que tem o objetivo de avaliar o estado nutricional das gestantes. 12 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Avaliar o estado nutricional das gestantes assistidas em ambulatório de pré-natal em uma unidade primária de saúde de Fortaleza. 2.2 Objetivos Específicos - Caracterizar as gestantes quanto aos aspectos sociodemográficos, antropométricos e bioquímicos; - Avaliar o estado nutricional por meio de dados socioeconômicos, antropométricos e bioquímicos; - Investigar os parâmetros bioquímicos mediante exames laboratoriais de rotina. 13 3 REVISÃO DE LITERATURA 3.1 Gravidez A gravidez é um fenômeno fisiológico, constituído de 40 semanas, é heterogêneo em seus aspectos fisiológicos, metabólicos e nutricionais. Por ser um fenômeno fisiológico, deveria ter sua evolução sem intercorrências negativas, mas é fato que uma parcela das gestantes termina por desenvolver alguma patologia. Esta parcela constitui o grupo de gestantes de risco (BRASIL, 2000). Os três meses iniciais da gravidez caracterizam-se por grandes modificações biológicas devido à intensa divisão celular que acontece nesse período (FONSECA, 1987). No segundo e terceiro trimestres, os fatores ambientais terão influência direta no estado nutricional do feto. O ganho de peso adequado, o consumo dos nutrientes necessários, o fator emocional e o estilo de vida serão determinantes para o crescimento e desenvolvimento normais do feto (VITOLO, 2003). Segundo Sancovski e Zugaib (1994) o prognóstico da gestação é influenciado pelo estímulo nutricional materno antes e durante a gravidez. Várias condições podem interferir na evolução normal do período gestacional, além de fatores como idade, paridade, peso, altura, condições de saúde e nutrição, fatores ambientais e genéticos, tabagismo e uso abusivo de álcool. 14 Portanto, o processo gravídico é reconhecido como o período de maior vulnerabilidade biológica do ciclo reprodutivo da mulher, devido às alterações fisiológicas nele presentes (RIBEIRO, 2002). 3.2 Assistência pré-natal A assistência pré-natal é uma ação básica de saúde, que tem como objetivo acolher a mulher desde o início da gravidez, prevenir, diagnosticar e tratar problemas que possam ocorrer, visando promover a sua saúde. O iníciodo acompanhamento pré-natal deverá ser o mais precoce possível, ainda no primeiro trimestre, imediatamente após a mulher apenas suspeitar da gravidez (REZENDE, 1999; BRASIL, 2000). Embora cada gestante deva ser avaliada em sua peculiaridade individual, alguns exames e cuidados acabam sendo universais, perfazendo certa rotina pré-natal, qual seja: tipo de sangue, glicemia jejum, eritrograma, controle do peso e avaliação dos níveis pressóricos (SANCOVSKI, 1994). O Ministério da Saúde, no seu manual técnico na assistência pré-natal, recomenda consultas mensais até a 35ª semana de gestação e consultas quinzenais à partir da 36ª semana. O número de consultas não deverá ser inferior a 6 ao longo das 40 semanas de gestação (BRASIL,2000). A assistência pré-natal tem papel decisivo no resultado da gestação. 15 3.3 Mortalidade materna A mortalidade materna é definida como sendo o óbito de uma mulher durante a gestação ou dentro de um período de 42 dias após o término da gestação, independentemente da duração ou da localização da gravidez, devido a qualquer causa relacionada ou agravada pela condição gestacional ou ainda por medidas relativas a esta, porém não devida a causas acidentais ou incidentais (OMS, 1993). A Organização Mundial de Saúde definiu parâmetros para se avaliar as taxas de mortalidade materna encontradas entre os diversos países, considerando-se: Baixa – até 20/100.000 nascidos vivos (n.v); Média – de 20 a 49/100.000 n.v.; Alta – de 50 a 149/100.000 n.v.; Muito alta – maior que 150/100.000 n.v. A mortalidade materna, sendo um sensível indicador de desigualdades sociais, reflete o grau de desenvolvimento econômico e social de cada localidade, representando um importante indicador das condições de vida e de saúde da população (BRASIL, 1994). No Brasil, a alta taxa de mortalidade materna (56,02/100.000 n.v) tem sido motivo de preocupação das autoridades de saúde, em nível federal, estadual e municipal (BRASIL, 2006). 16 3.4 Fatores de risco na gravidez As complicações da gravidez estão relacionadas à presença de fatores de risco epidemiológicos e patológicos. Dependendo de sua gravidade e quantidade, a gestação pode ser classificada como de baixo, médio ou alto risco (CORREIA e Mc AULIFFE, 2001). Os fatores de risco na gestação podem ser agrupados em quatro grandes categorias: características individuais e condições sociodemográficas desfavoráveis; história reprodutiva anterior à gestação atual; doenças obstétricas na gestação atual e intercorrências clínicas. Além disso, a ausência de controle pré-natal, por si só, é um fator de risco para a gestante e seu recém-nascido (BRASIL, 2000). Dentre as situações de alto risco com maior interface com o cuidado nutricional encontram-se os desvios ponderais (baixo peso e sobrepeso); diabetes gestacional; síndromes hipertensivas da gravidez; carências nutricionais específicas (anemia) e a gestação na adolescência. 3.4.1 Idade A idade reprodutiva materna é habitualmente definida pelo período entre os 15 e 49 anos. A idade materna menor que 17 e maior que 35 anos representa um fator de risco importante na gravidez (BRASIL, 2000). A faixa etária dos 20 aos 34 anos, do ponto de vista reprodutivo, é considerada ótima, pois se observa menor risco perinatal (MATHEUS, 1992). Já aos 10 anos de idade se dá o início da fertilidade, a gravidez tem as melhores condições, do ponto de vista biológico, a partir de 18-20 anos. O período do mais perfeito desempenho dura cerca de uma década, até os 30 anos, quando os riscos para a mãe e para a 17 criança começam a crescer. Regra geral, acima de 35 anos as mulheres não deveriam mais conceber devido ao tão expressivo índice de malformações fetais (DINIZ, 1994). A idade materna, como variável isolada, não parece ser responsável pelo baixo peso ao nascimento, quando outras variáveis são controladas. Já a baixa idade ginecológica (intervalo de tempo entre menarca e gestação) e o incompleto crescimento físico da gestante podem comprometer a viabilidade de nutrientes ao feto (NÓBREGA, 1991). A gravidez na adolescência tem aumentado nos últimos anos, segundo Vitolo (2003), os riscos da gestação na adolescência foram por muitos anos atribuídos, sobretudo à imaturidade biológica, mas atualmente acredita-se que fatores ambientais desfavoráveis, tais como: anemia, desnutrição, tabagismo, baixa escolaridade, instabilidade emocional, são os determinantes das principais complicações da gestação na adolescência. A gestação em mulheres com mais de 35 anos está associada a maiores riscos de complicações, como o aborto espontâneo, doença hipertensiva específica da gravidez, diabetes gestacional e placenta prévia. Na gestação acima dos 40 anos os riscos de anomalias genéticas são mais freqüentes (VITOLO, 2003). 3.4.2 Baixo peso O baixo peso durante a gestação está fortemente associado às complicações materno-fetais; maior risco de baixo peso ao nascer, parto prematuro, associado com morbi- mortalidade perinatal aumentada (VITOLO, 2003). 18 Segundo Queiroz e Nóbrega (1998), o baixo peso ao nascer é uma das principais conseqüências da desnutrição materna, e indica restrição do crescimento intra-uterino. O impacto desse quadro na saúde da criança envolve prejuízos para o desenvolvimento neurológico do feto, deficiência imunológica e seqüelas no crescimento pós-natal, além de outros distúrbios na produção de enzimas e nas funções de órgãos como os rins, os pulmões e fígado. 3.4.3 Sobrepeso O ganho excessivo de peso durante o período gestacional ou iniciar esse período com sobrepeso ou obesidade são fatores de risco importantes para complicações clínicas, principalmente no final da gestação (VITOLO, 2003). O risco de diabetes gestacional, síndromes hipertensivas da gravidez, macrossomia fetal, desproporção céfalo-pélvica, parto cirúrgico e retenção de peso materno pós-parto, estão aumentados nas gestantes com excesso de peso. Segundo o Ministério da Saúde, em 2005, de 9.258 gestantes acompanhadas em todo território nacional, 26,07% eram de baixo peso; 42,48% eram eutróficas; 21,34% com sobrepeso e 10,10% apresentavam obesidade. 3.4.4 Doença Hipertensiva Específica da Gestação - DHEG Doença hipertensiva específica da gestação é um distúrbio obstétrico de causa ainda desconhecida que afeta aproximadamente 5% das gestantes. O DHEG é diagnosticado 19 quando a gestante apresenta os três sinais e sintomas a seguir: pressão arterial >140/90 mmHg, edema e proteinúria ( >0,3g/24h) sendo esse último parâmetro do diagnóstico diferencial (VITOLO, 2003). A incidência da DHEG é em média 5 a 10%, com taxas de mortalidade materna e fetal em torno de 20%. Outras formas de hipertensão arterial podem também estar presentes na gestação (hipertensão crônica e hipertensão transitória) (BRINGMANN, 2006). A observação em Unidade de Terapia Intensiva é aconselhada no pós-operatório de pacientes com DHEG (YAMASHITA, 2006). 3.4.5 Diabetes Gestacional - DG Diabetes gestacional é definido como sendo qualquer grau de intolerância à glicose com início ou primeiro reconhecimento durante a gravidez (ADA, 2002). A gravidez pode ser complicada pelo diabetes mellitus preexistente ou pelo diabetes gestacional. Essa diferenciação é muito importante para o acompanhamento tanto materno quanto fetal. O diabetes gestacional quase nunca causa sintomas e acomete 1 % a 5% das gestantes, variando de acordo com a população e os critérios utilizados para diagnóstico (ADA, 2002). 20 Todas as gestantes devem ser avaliadasquanto ao risco de desenvolverem diabetes gestacional, solicita-se entre os exames laboratoriais a glicemia em jejum, sendo considerada normal resultados <90mg/dl e acima deste valor segue-se um rastreamento (BRASIL, 2000). 3.4.6 Anemia ferropriva A anemia é o estágio mais tardio da deficiência de ferro, sendo relativamente comum em gestantes, com prevalência média no Brasil de 30%, estando associada ao aumento da morbidade e da mortalidade de gestantes e do feto. Embora a anemia possa estar associada à deficiência de outros micronutrientes, a do tipo ferropriva é a de maior magnitude na população brasileira. O Ministério da Saúde recomenda a suplementação universal de 60mg/dia de ferro elementar associada á 5mg/dia de ácido fólico, para todas as gestantes a partir da 20° semana de gestação, mesmo na ausência de anemia, e doses de 120 a 240mg/dia de ferro elementar para os casos de anemia. Recentemente, o Programa Nacional de Suplementação de Ferro, preconiza que mulheres até o 3° mês pós-parto ou vítimas de aborto, também sejam suplementadas com 60mg/dia de ferro elementar (BRASIL, 2005). 21 4 METODOLOGIA 4.1 Tipo de estudo O estudo foi descritivo e transversal, com abordagem quantitativa, visando analisar o estado nutricional das gestantes assistidas em ambulatório de pré-natal. 4. 2 Aspectos éticos O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Saúde Pública do Ceará, protocolo nº 03/2006. A gestante incluída nesse estudo recebeu toda explicação necessária sobre a pesquisa e, com anuência da mesma, fez assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE A e B). 4.3 Local do estudo A pesquisa foi realizada no Centro de Saúde Escola Meireles, na cidade de Fortaleza. Trata-se de uma das unidades ambulatoriais da Secretária da Saúde do Estado do Ceará (SESA), situada no bairro Meireles e integrante da Secretária Executiva Regional II (SER II). A unidade atende à demanda espontânea, exclusiva à área descrita (Meireles, Aldeota, Mucuripe, Praia de Iracema e Varjota), contando com programas especiais, tais como: Planejamento familiar, Pré-natal, Hipertensão, Diabetes, Doenças sexualmente transmissíveis (DST). Dispõe das seguintes especialidades médicas: gineco-obstetrícia, pediatria, clínica médica, cardiologia, dermatologia, urologia, pneumologia, e pequenas 22 cirurgias. Nessa unidade atuam ainda, Nutricionistas, Enfermeiras, Dentistas, Farmacêuticos, Bioquímicos, Psicólogos e Assistentes Sociais. Os profissionais atendem, em média, 16 pacientes/dia, sendo que, para a nutricionista, neste total de 16 pacientes/dia, em média, 6 pacientes são gestantes do programa do pré-natal. A unidade é dotada de laboratório de análises clínicas que realiza exames básicos e faz coleta de exames relacionados à urologia, hormônios e imunologia e os envia ao Laboratório Central (LACEN) da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (SESA-CE), para análise. 4.4 População e amostra A população foi formada pelas gestantes assistidas no pré-natal do Centro de Saúde Escola Meireles, atendidas no ambulatório de nutrição. A pesquisa foi realizada com gestantes assistidas no ambulatório de nutrição que possuíam cartão gestante e que já tinham sido atendidas pelo médico e/ou enfermeira da unidade de saúde, no período de abril e maio de 2006; estas formaram a amostra desse estudo. 4.5 Coleta de dados Os dados foram coletados pela própria pesquisadora, utilizando como instrumento o cartão da gestante (ANEXO), do qual foram obtidas as seguintes variáveis: peso atual e pré- gestacional, IMC pré-gestacional, altura, idade gestacional, curva de peso, glicose, 23 hemoglobina e hematócrito. Foi realizada entrevista e preenchimento de um questionário no momento da consulta de pré-natal no ambulatório de nutrição (APÊNDICE C). 4.6 Avaliação do Estado Nutricional 4.6.1 Antropometria Para todas as gestantes atendidas no ambulatório de nutrição, foi conferido dado de peso atual e estatura, utilizando balança antropométrica de plataforma e eletrônica. A gestante se posicionou em pé no centro da base da balança, com roupas leves, descalça, com calcanhares juntos, costas retas e braços estendidos ao lado do corpo. A gestante foi interrogada diretamente quanto ao seu peso pré-gravídico para realizar a avaliação antropométrica anterior a gestação, através do índice de massa corporal (IMC), utilizando-se o peso pré-gravídico e os critérios de classificação do Subcommittee on Nutritional Status and Weight Gain during Pregnancy (NEUHOUSER, 1996). Os critérios de classificação do estado nutricional pelo IMC foram os seguintes (NEUHOUSER, 1996): Estado Nutricional IMC Baixo peso IMC < 19,8 Eutrofia IMC = 19,8 – 26 Sobrepeso IMC > 26 – 29 Obesidade IMC > 29 24 Foi realizada também a avaliação antropométrica durante a gestação com a utilização da curva de peso para a idade gestacional - Curva de Rosso, conforme gráfico existente no cartão da gestante utilizado no Centro de Saúde Escola Meireles. 4.6.2 Dados bioquímicos Os exames laboratoriais foram solicitados pelo médico ou enfermeira do pré-natal e realizados na própria unidade de saúde. Por meio do cartão da gestante ou do resultado de exames fornecidos pelo laboratório, foram coletados os seguintes dados bioquímicos: hemoglobina, hematócrito e glicose. Os parâmetros utilizados nesse estudo para resultados de dosagem de hemoglobina (g/dl) e glicose em jejum (mg/dl) foram os estabelecidos pelo Ministério da Saúde, através do Manual Técnico: Assistência pré-natal (BRASIL, 2000); quais sejam: hemoglobina ≥ 11g/dl – ausência de anemia, hemoglobina <11g/dl a >8g/dl – anemia leve a moderada e hemoglobina <8g/dl – anemia grave. Resultado de glicemia jejum <90mg/dl, considera-se normal e glicemia ≥ 90mg/dl deve-se fazer esquema recomendado para detecção de diabetes gestacional. Foram considerados valores normais para hematócrito em mulheres gestantes: 33% a 44% (VITOLO, 2003). 25 4.6.3 Inquérito socioeconômico A pesquisadora aplicou questionário, elaborado com perguntas estruturadas e relacionado à situação socioeconômica de todas as gestantes que fizeram parte da amostra (APÊNDICE C). 4.6.4 Análise e apresentação dos resultados Os dados socioeconômicos, antropométricos e bioquímicos foram analisados e apresentados na forma de tabelas. 26 5 ANÁLISE DOS RESULTADOS A amostra ficou constituída por 40 gestantes em acompanhamento na unidade de saúde, a partir dos dados coletados através do cartão da gestante e do questionário aplicado, foram apresentados os resultados relacionados aos dados socioeconômicos, antropométricos e dados bioquímicos. 5.1 Análise dos dados socioeconômicos O perfil socioeconômico foi traçado a partir das variáveis: idade cronológica, estado civil, renda familiar mensal, escolaridade e ocupação, com a finalidade de caracterizar as gestantes no seu contexto social (Tabela 1). 27 Tabela 1- Características sociodemográficas das gestantes atendidas no Centro de Saúde Meireles. Fortaleza – CE. Abril e Maio 2006. Variáveis Nº % Idade (Anos) < 20 1 2,5 20 – 34 33 82,5 > 35 6 15,0 Estado Civil Solteira 4 10,0 Casada 13 32,5 Separada 2 5,0 União Consensual 21 52,5 EscolaridadeFundamental Incompleto 13 32,5 Fundamental Completo 3 7,5 Médio Incompleto 10 25,0 Médio Completo 12 30,0 Superior Completo 1 2,5 Superior Incompleto 1 2,5 Ocupação Dona de casa 27 67,5 Empregada doméstica 10 25,0 Técnica de enfermagem 1 2,5 Comerciária 1 2,5 Cozinheira restaurante 1 2,5 Renda Familiar (Salário Mínimo) 0,5 – 1,5 28 70,0 2,0 – 3,0 11 27.5 > 3,0 1 2,5 Condição de Moradia Alugada 10 25,0 Própria 27 67,5 Cedida 3 7,5 (*) Salário mínimo vigente = R$ 350,00 28 As gestantes tinham em média 27,62 anos, variando de 18 a 41 anos de idade. Ressalta-se que 82,5% das gestantes, encontravam-se na faixa etária considerada como idade reprodutiva ótima (20 – 34 anos). Das 40 gestantes, somente uma era adolescente (idade entre 10 e 19 anos - OMS). Quanto ao estado civil, 52,5% viviam em união consensual e 32,5% eram casadas, ou seja, possuíam companheiro. Aspecto importante é o fato de o companheiro apoiar e ajudar a assumir as novas responsabilidades, proporcionando uma situação conjugal mais segura. De acordo com Lima e Sampaio (2004), o estado civil é um aspecto importante a ser considerado, pois o fato da mãe ser solteira, além da desvantagem psicológica, a ausência do pai, traz em geral menor estabilidade econômica para a família, podendo se constituir em fator de risco para o baixo peso ao nascer. Uma pesquisa realizada por Salgueiro et al. (2006) confirmou que a gestante solteira se associou com um aumento de baixo peso ao nascer e de morte fetal, quando comparada as gestantes com união estável. Quanto à escolaridade, predominaram as gestantes com ensino fundamental incompleto (32,5%), verificando-se que, de uma maneira geral, possuem baixa escolaridade, considerando que 65% delas não concluíram 11 anos de estudo. Uma baixa escolaridade é freqüentemente referida entre gestantes, principalmente nas que também apresentam baixos rendimentos (CAMARGO E VEIGA, 1997). O trabalho de Haidar et al. (2001) concluiu que a baixa escolaridade materna pode predispor ao aparecimento de situações potencialmente de risco para a mãe e o recém-nascido, pois está associada ao baixo peso ao nascer, à perimortalidade, neomortalidade e mortalidade infantil, como também o aumento do número de partos. Assim, a escolaridade materna pode ser considerada um marcador obstétrico de risco para a gestante e o recém-nascido. 29 A maioria das gestantes (67,5%) informou ter por ocupação as atividades do lar. No entanto 10 gestantes (25%) exerciam atividade remunerada como empregada doméstica. Vários estudos demonstram a associação entre a baixa renda da mulher gestante e desfechos perinatais desfavoráveis. Para Coimbra et al., (2003) a inadequação do uso da assistência pré-natal foi maior para gestantes que possuíam baixa renda familiar. No nosso estudo, a maioria das gestantes (70%) referiu renda familiar compreendida entre 0,5 e 1,5 salários mínimos, sendo a média de renda de 1,5 salários. Vale ressaltar que o salário mínimo vigente no período da entrevista era de R$ 350,00 reais. Baixos rendimentos comprometem o estado nutricional das gestantes. Segundo a ADA (2002), a pobreza é um dos fatores contribuintes para resultados gestacionais adversos, uma vez que impossibilita as gestantes de atingirem as recomendações de ingestão de nutrientes e de ganho de peso. A maioria das gestantes (67,5%) morava em casa própria, 10 gestantes em casa alugada e somente 3 em moradia cedida. A análise dos dados socioeconômicos evidencia precárias condições de vida, relacionadas à renda, escolaridade, ocupação e estado civil. Esta situação adversa, seguramente, põe em risco o estado nutricional da gestante. 30 5.2 Análise dos dados antropométricos A avaliação do estado nutricional pré-gravídico e gravídico das 40 gestantes, foi realizada mediante o Índice de Massa Corporal (IMC) e da Curva de Rosso, respectivamente. Tabela 2. Distribuição das gestantes segundo dados antropométricos. Centro de Saúde Meireles. Fortaleza – CE. Abril e Maio 2006. Variáveis Nº % IMC Pré-Gravídico* Baixo peso Eutrofia Sobrepeso Obesidade 4 24 5 5 10,5 63,1 13,2 13,2 Curva de Rosso Baixo peso Normal Sobrepeso 9 17 14 22,5 42,5 35,0 * Em duas gestantes não foi possível calcular o IMC Pré-Gravídico. A distribuição das gestantes segundo o IMC pré-gravídico foi de 24 gestantes (63,1%) eutróficas, 4 gestantes (10,5%) com baixo peso e 5 gestantes (13,2%) com sobrepeso, 5 gestantes (13,2%) obesas, totalizando 36,9% com risco nutricional pré-gravídico. Estes resultados foram semelhantes aos encontrados por FRANCESCHINI et al. (2003), onde 55,4% das mulheres estudadas iniciaram a gestação eutróficas, 31,1% com baixo peso e 13,5% sobrepeso/obesidade, totalizando 44,6% com riscos inerentes ao estado nutricional pré- gravídico, expresso em IMC pré-gestacional. Essa avaliação pré-gravídica é válida para que se possam conhecer as condições que as mulheres estão iniciando uma gestação. Para a ADA 31 (2002), o adequado estado nutricional é fundamental para otimizar a saúde materna e reduzir riscos de malformações. O diagnóstico nutricional durante a gestação tem como objetivo, conhecer o estado nutricional da gestante e intervir em situações de risco, como o baixo peso e o sobrepeso. O cartão da gestante estabelecido no local da pesquisa utiliza a Curva de Rosso, esta curva expressa, para cada idade gestacional, percentuais de peso em relação ao peso ideal para altura (P/A), discriminando as gestantes em classe de risco: classe A = baixo peso, classe B = peso normal e classe C= sobrepeso. No Brasil, em1987, o Ministério da Saúde (MS) adotou e recomendou a Curva de Rosso, para avaliação e monitoramento do estado nutricional da gestante em caráter preliminar. Em junho de 2004, o MS publicou um documento de orientações básicas para realização de o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) nos serviços de saúde. Recomenda neste documento que as gestantes devam ter seu estado nutricional inicial avaliado utilizando o IMC por idade gestacional na primeira consulta do pré-natal, seguindo o critério de Atalah (1997). Sugerimos, portanto atualizar o cartão da gestante utilizado na unidade do estudo, pela proposta atual do Ministério da Saúde. Segundo a Curva de Rosso, o grupo das 40 gestantes desse o estudo, 17 gestantes (42,5%) obtiveram diagnóstico do estado nutricional com peso normal, 09 gestantes (22,5%) com baixo peso e 14 gestantes (35%) com sobrepeso. 32 5.3 Análise dos dados bioquímicos Os parâmetros laboratoriais normais para as gestantes diferem dos das mulheres adultas devido às modificações fisiológicas que ocorrem na gestação. Para o diagnóstico da anemia por deficiência de ferro e para a avaliação da glicemia em jejum foi utilizada a recomendação do Ministério da Saúde (BRASIL, 2000) e recomendações laboratoriais, segundo Vitolo (2003). Tabela 3. Distribuição das gestantes segundo resultados bioquímicos. Centro de Saúde Meireles. Fortaleza –Ce. Abril e Maio 2006. Parâmetros Bioquímicos N % Hemoglobina (g/dl) ≥11 28 70,0 < 11 > 8 12 30,0 Hematócrito (%) <33 17 42,5 ≥33 23 57,5 Glicose (mg/dl) ≤ 90 35 87,5 > 90 5 12,5 Das 40 gestantes pesquisadas, 28 gestantes (70%) apresentavam valores normais de hemoglobina e 12 gestantes (30%) apresentavam anemia leve à moderada. As anemias maternas moderadase graves estão associadas a um aumento na incidência de abortos espontâneos, partos prematuros, baixo peso ao nascer e morte perinatal. Os efeitos no feto 33 podem ser a restrição do crescimento intra-uterino, prematuridade, morte fetal e anemia no primeiro ano de vida, devido às baixas reservas de ferro no recém-nascido (ROCHA, 2005). Quanto ao hematócrito, 60% das gestantes obtiveram valores normais (≥33%) e 40% obtiveram valores abaixo da normalidade (<33%).O estudo de Rocha (2005) mostrou que a prevalência de anemia aumentava com a idade gestacional, o que pode justificar valores baixos encontrados no presente estudo, visto que a média da idade gestacional corresponde ao segundo trimestre. Um total de 35 gestantes (87,5%) obtiveram valores normais de glicemia em jejum e apenas 05 gestantes (12,5%) apresentaram resultados alterados, necessitando, portanto fazer rastreamento .O Ministério da Saúde preconiza o teste de tolerância à glicose com sobrecarga de 75g (TTG75g) em gestantes com glicemia ≥ 90 mg/dl, para rastreamento do diabetes na gestação. Este consiste na dosagem das glicemias plasmáticas no jejum e duas horas após a sobrecarga oral de glicose A incidência do DG varia amplamente, oscilando entre 1 e 14%, dependendo da população estudada e do método utilizado para rastreamento e diagnóstico, em mulheres com mais de 20 anos atendidas no Sistema Único de Saúde (SUS) é de 7,6% (BRASIL, 2000). 6 CONCLUSÃO O presente estudo permitiu concluir que dentre o total da amostra, percentual significativo das gestantes encontravam-se em idade reprodutiva ótima, apresentavam baixa 34 escolaridade e baixa renda familiar, com a maioria em união consensual e com ocupação nas atividades do lar. Com relação aos dados antropométricos, a maioria possuía peso corporal pré-gravídico e peso gestacional na faixa da normalidade, diferindo da observação empírica da autora. Porém um elevado percentual apresentou sobrepeso ou obesidade. Quanto aos dados bioquímicos avaliados, embora a maioria não apresentasse níveis normais de hemoglobina e nem se tenha verificado nenhum caso de anemia grave, um percentual considerado de gestantes mostrou anemia considerada leve a moderada. Permite sugerir que a avaliação do estado nutricional inicial e seqüencial deve-se tornar um procedimento de rotina pelos profissionais envolvidos na assistência ao pré-natal, já que a antropometria, os parâmetros bioquímicos e a avaliação socioeconômica constituem métodos eficazes para avaliar o estado nutricional da gestante e assim intervir em situações de risco como o baixo peso, sobrepeso, obesidade, anemia ferropriva, DHEG e no diabetes gestacional. A assistência em equipe multiprofissional e transdisciplinar durante o pré-natal é essencial para identificar fatores de risco, possibilitar interferências profiláticas e promover educação nutricional, garantindo desta forma a adequada gestação e saúde fetal. 35 REFERÊNCIAS ADA. 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Rio de Janeiro: Intramericana, 1986. 39 APÊNDICES 40 APÊNDICE A Termo de consentimento livre e esclarecido Estamos desenvolvendo uma pesquisa intitulada: Avaliação do Estado Nutricional das Gestantes Assistidas pelo Pré-natal em uma Unidade Primária de Saúde de Fortaleza, e gostaríamos de contar com sua participação permitindo que seja realizada uma entrevista, onde perguntaremos sobre sua idade, renda, escolaridade, ocupação e moradia, além de permitir que obtenhamos sua altura, peso e outros exames de rotina que este centro de saúde realiza com as gestantes assistidas no pré-natal. Informamos, que a pesquisa não traz risco à saúde e que você pode desistir de participar da mesma no momento que decidir, sem que isso lhe cause qualquer prejuízo no atendimento deste Centro. Na ocasião da divulgação desta pesquisa sua identidade será mantida em segredo. Qualquer dúvida pode entrar em contato, a qualquer momento, com a responsável pela pesquisa Marília Holanda Pontes através do telefone: 3224-4130. Eu ______________________________________, tendo sido informada sobre a pesquisa, concordo em participar da mesma. Assinatura da gestante: ____________________________________________ Assinatura da coordenadora da pesquisa: ______________________________ Fortaleza, _____ de ____________________ de 2006. 41 APÊNDICE B Termo de consentimento livre e esclarecido para gestantes menores de 18 anos Estamos desenvolvendo uma pesquisa intitulada: Avaliação do Estado Nutricional das Gestantes Assistidas pelo Pré-natal em uma Unidade Primária de Saúde de Fortaleza, e gostaríamos de contar com sua participação permitindo que seja realizada uma entrevista, onde perguntaremos sobre sua idade, renda, escolaridade, ocupação e moradia, além de permitir que obtenhamos sua altura, peso e outros exames de rotina que este Centro de Saúde realiza com as gestantes assistidas no pré-natal. Informamos que a pesquisa não traz risco à saúde e que você pode desistir de participar da mesma no momento que decidir, sem que isso lhe cause qualquer prejuízo no atendimento deste Centro. Na ocasião da divulgação desta pesquisa sua identidade será mantida em segredo. Qualquer dúvida pode entrar em contato a qualquer momento com a responsável pela pesquisa Marília Holanda Pontes pelo telefone: 3224-4130. Assim, vimos solicitar a você que é responsável pela gestante sua autorização para que ela que é menor de 18 anos possa fazer desta pesquisa. Autorizo a gestante participar da atividade acima citada: Pai, mãe ou responsável: _______________________________________________ Gestante: Endereço: __________________________________________________ Telefone de contato: ________________________ Assinatura da coordenadora da pesquisa: ___________________________________ Fortaleza, _____ de _________________ de 2006. 42 APÊNDICE C QUESTIONÁRIO a. Dados de identificação: 1. Nome: _______________________________________ 2. Endereço: _____________________________________ 3. Telefone: _____________________________________ 4. Data de nascimento ____/____/_______ b. Antropométricos: 1. Peso pré-gravídico: _________________ 2. Peso atual: 3. Altura: _______________ 4. IMC pré-gravídico: _________________ 5. Idade gestacional atual: ______________ 6. Curva de peso/idade gestacional ( ) A=baixo ( ) B=normal ( ) C=sobrepeso c. Dados bioquímicos: 1. Hemoglobina_________________ 2. Hematócrito _________________ 3. Glicose _____________________ d. Dados socioeconômicos: 1. Estado civil: ( ) 1. solteira ( ) 2. casada formal ( ) 3. casada não formal 4. ( ) viúva ( ) 5. Divorciada/separada. 43 2. Escolaridade: ( ) 1. analfabeta ( ) 2. alfabetizada ( ) 3. ensino fundamental incompleto ( ) 4. ensino fundamental completo ( ) 5. ensino médio incompleto ( ) 6. ensino médio completo ( ) 7. ensino superior incompleto ( ) 8. ensino superior completo ( ) 9. outro especificar __________________ 3. Ocupação: ___________________________________________________________ 4. Renda familiar Mensal (Número de salário mínimo) _______________ 5. Moradia: ( ) 1. própria ( ) 2. alugada ( ) 3. cedida. 44 AANE 45 46
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