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Introduçao alimentar - ParticipATIVA

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Aline Rodrigues Padovani 
tanahoradopapa.com 
Maio 2015 
 
Padovani, 2015. Todos os direitos reservados. 
 
2 Sumário 
Sumário 
Introdução alimentar: respeitando o tempo do bebê .................................................................. 4 
Muito mais que engolir comida ................................................................................................ 5 
Boas Práticas em Alimentação Complementar e Saúde ........................................................... 6 
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL .................................................................................................... 7 
SEGURANÇA ALIMENTAR ...................................................................................................... 7 
EMPATIA ................................................................................................................................ 7 
A relação entre o desenvolvimento infantil e a introdução dos sólidos ....................................... 9 
O Baby-led weaning .................................................................................................................... 12 
Mas o bebê não engasga? ....................................................................................................... 13 
Baby-led Weaning: Como começar? ........................................................................................... 14 
Apresentação dos primeiros alimentos .................................................................................. 15 
Os mecanismos de defesa de vias aéreas do bebê ..................................................................... 19 
O reflexo de gag ...................................................................................................................... 19 
Alterações no reflexo de gag ............................................................................................... 20 
O reflexo de tosse ................................................................................................................... 21 
O engasgo ................................................................................................................................ 23 
Como reduzir os riscos de engasgo ..................................................................................... 26 
O que fazer se o bebê engasgar? ............................................................................................ 30 
Combinação de métodos: isso existe? ........................................................................................ 33 
Uma questão de semântica. .................................................................................................... 36 
E se eu oferecer papinha de vez em quando? ........................................................................ 37 
Finger food e a janela de oportunidades do bebê ...................................................................... 39 
Introdução alimentar participativa ............................................................................................. 42 
Dar ou oferecer? ..................................................................................................................... 44 
Benefícios da introdução alimentar participativa ................................................................... 45 
A Introdução da Alimentação Complementar ParticipATIVA ................................................. 47 
(ou como aproveitar o melhor do BLW, mesmo oferecendo a comida) ................................ 47 
Perguntas Frequentes* ............................................................................................................... 51 
Meu bebê tem oito meses e até agora eu só dei papinha. É muito tarde para passar para o 
método BLW? .......................................................................................................................... 51 
BLW não deu certo com a gente, e agora? ............................................................................. 52 
Iniciamos a introdução de alimentos há poucas semanas e meu bebê rejeita tudo, cospe, 
“faz ânsia”, é normal? ............................................................................................................. 53 
Meu bebê vai estar bem alimentado? .................................................................................... 54 
 
Padovani, 2015. Todos os direitos reservados. 
 
3 Sumário 
Os purês são mais fáceis de digerir e portanto, mais nutritivos? ....................................... 55 
A necessidade de nutrientes adicionais .............................................................................. 56 
Referências Bibliográficas: .......................................................................................................... 58 
WebSites consultados: ............................................................................................................ 60 
 
 
 
 
Padovani, 2015. Todos os direitos reservados. 
 
4 Introdução alimentar: respeitando o tempo do bebê 
Introdução alimentar: respeitando o tempo do bebê 
 
A introdução alimentar caracteriza-se essencialmente pela apresentação de alimentos 
de consistências diferentes da qual o bebê esteve acostumado durante os seus 
primeiros seis meses de vida, durante o aleitamento. É um momento de grande 
aprendizado, mas como toda novidade, é também um momento de crise. A 
amamentação tem o poder de aliar alimentação a afeto e esta passagem deve ter 
também afeto na condução. A paciência e a tranquilidade, assim o diálogo simples e 
manifestações positivas, devem fazer parte desta nova fase. 
A maneira como será conduzida a mudança do regime de aleitamento materno exclusivo 
para essa multiplicidade de opções poderá determinar, a curto, médio ou longo prazo, 
atitudes favoráveis ou não em relação ao hábito e ao comportamento alimentar. O 
respeito ao tempo de adaptação aos novos alimentos, assim como às preferências e às 
novas quantidades de comida, modificará a ação destes alimentos em mecanismos 
reguladores do apetite e da saciedade. Assim, deve-se respeitar a autorregulação do 
bebê, de forma a não interferir na sua decisão de não querer mais o alimento. 
Evidências sugerem que o consumo energético em 24 horas costuma ser adequado, 
mesmo que a ingestão em refeições pontuais possa ser um tanto quanto irregular. Na 
nossa cultura, acredita-se que comer bem é comer muito e que, comendo muito, 
tornamo-nos mais resistente à doenças. Porém, atitudes excessivamente controladoras 
e impositivas, podem induzir ao hábito de consumir porções mais volumosas do que o 
necessário e à preferência por alimentos hipercalóricos. E esta condição é apontada 
como uma das causas preocupantes do aumento das taxas de obesidade infantil que se 
tem observado nos últimos anos, além de também ser uma das causas de inapetência 
na infância. 
O Manual de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria reforça que a alimentação 
complementar, embora com horários mais regulares que os da amamentação, deve 
permitir pequena liberdade inicial quanto a ofertas e horários, permitindo também a 
adaptação do mecanismo fisiológico de regulação da ingestão. Mantém-se, assim, a 
percepção correta das sensações de fome e saciedade, característica imprescindível 
para a nutrição adequada, sem excessos ou carências. 
 
 
 
Padovani, 2015. Todos os direitos reservados. 
 
5 Introdução alimentar: respeitando o tempo do bebê 
Muito mais que engolir comida 
A alimentação diz respeito não somente à ingestão de nutrientes, como também aos 
alimentos que contém e fornecem esses nutrientes, e em como estes são combinados e 
preparados. Além disso, a alimentação ainda engloba as características do modode 
comer e as dimensões culturais e sociais das práticas alimentares. E são todos esses 
aspectos em conjunto que influenciam a saúde e o bem-estar do indivíduo. 
Assim, alimentos específicos, preparações culinárias e modos de comer particulares 
constituem parte importante da cultura de uma sociedade. E como tal, estão fortemente 
relacionados com a identidade e o sentimento de pertencimento social das pessoas, 
com a sensação de autonomia, com o prazer propiciado pela alimentação e, 
consequentemente, com o seu estado de bem-estar. 
Neste livro, convido vocês a refletir sobre COMO a introdução alimentar deveria ser 
encarada. Assim, gostaria inicialmente de propor a seguinte reflexão: você já parou para 
pensar se o seu bebê está participando ATIVAMENTE no momento da refeição? 
"Dar" comida é definitivamente diferente de "oferecer". É importante sempre lembrar 
que todas as atitudes e hábitos que estão sendo colocados no momento da refeição 
podem perdurar por muitos e muitos anos a fio. Se um bebê assimila que é permitido 
dizer não e é possível não aceitar algo, ele torna-se capaz de internalizar positivamente 
a habilidade de provar coisas novas e de aceitar que algo diferente esteja no prato - 
ainda que ele não queira comer. Já conheceu alguma criança maior que não pode ver 
nada de cor diferente no prato que já recusa a refeição inteira? De onde será que vem 
esse comportamento? 
É claro que ninguém faz isso por mal, toda família quer ver seu bebê comendo muito e 
feliz. Mas em alguns momentos é necessário se perguntar o que realmente o bebê está 
APRENDENDO nesse processo (de introdução alimentar). Muito do que ele aprender, 
vai ser implícito - isso significa que você não vai ensinar, mas de certa forma, ele vai 
assimilar e guardar em sua memória. 
Assim, um comportamento, uma ação começa a se relacionar com determinada reação 
ou consequência. "Eu abro a boca porque senão ela fica brava" é completamente 
diferente de "Eu abro a boca porque eu tenho fome e vontade de comer". Quando uma 
colher é colocada na boca do bebê sem que ele intencionalmente se prepare para isso, 
ele está realmente aprendendo a se alimentar? Ou simplesmente está ingerindo 
comida? Consegue perceber a diferença? 
Entendo que cada bebê, dentro de seu contexto, seja único e reaja de jeitos diferentes 
a diferentes situações. Se o seu bebê é um "comilão" nato, muito provavelmente você 
 
Padovani, 2015. Todos os direitos reservados. 
 
6 Introdução alimentar: respeitando o tempo do bebê 
nem vai chegar a se questionar se está fazendo certo/errado - e se é que existe 
certo/errado. 
Mas independente da individualidade do seu bebê, refletir sobre COMO o processo de 
introdução alimentar está sendo conduzido e pensar no que essencialmente está sendo 
aprendido, pode te levar a compreender de fato como os hábitos de agora podem 
influenciar todo um futuro de organização e saúde alimentar. 
E gente, não é fácil! Acredito que a introdução alimentar seja uma das etapas mais 
difíceis desses primeiros mil dias do bebê (da gestação aos dois anos de vida). Primeiro 
de tudo, porque a introdução alimentar não é pontual. É um processo! E um processo 
que leva meses, com altos e baixos que só quem está ali, na prática, sabe a dor e a delícia 
sobre cada decisão e cada conquista. 
Independentemente do método de introdução alimentar, o esquema a seguir mostra 
uma abordagem universal de como a introdução alimentar deveria ser observada por 
todo profissional que orienta um cuidador durante esse processo. Queria ressaltar que 
nada disso é novidade, mas sim um apanhado geral do que todos os órgãos competentes 
em alimentação infantil e saúde descreveram e estão aí, online, para quem quiser ler. 
 
Boas Práticas em Alimentação Complementar e Saúde 
 
 
 
Padovani, 2015. Todos os direitos reservados. 
 
7 Introdução alimentar: respeitando o tempo do bebê 
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL 
Envolve tanto a seleção e apresentação de alimentos naturais e saudáveis, como a 
disponibilidade de propiciar condições que favoreçam o desenvolvimento 
neuropsicomotor do bebê por completo. Consumindo alimentos saudáveis, em uma 
dieta balanceada, mantendo um equilíbrio alimentar ao longo dos dias, com 
consistência e utensílios adequados que favoreçam o desenvolvimento motor global e 
oral do bebê. Lembrando que até os dois anos de idade, o leite materno supre boa parte 
das necessidades nutricionais do bebê. Na prática, o cuidador não terá como saber a 
quantidade de leite oferecido (caso o bebê seja amamentado no seio materno), assim 
como a quantidade exata de nutrientes e energia presente na alimentação 
complementar. Assim, a quantidade de alimento a ser oferecido deveria ser baseada 
nos princípios da alimentação responsiva/participativa, assumindo que a densidade 
energética e frequência das refeições é adequada para suprir as necessidades da 
criança. 
 
SEGURANÇA ALIMENTAR 
Envolve essencialmente a higiene e segurança no preparo e conservação dos alimentos, 
que é de extrema importância para a saúde e desenvolvimento do bebê. Além disso, eu 
ainda incluo aqui a seleção e preparação dos alimentos em formas e texturas adequadas 
de acordo com sua faixa de desenvolvimento. Aprender primeiros socorros também 
deveria ser item básico de explicação durante a consulta ao pediatra. 
 
EMPATIA 
Partindo-se do princípio que o bebê tem à sua frente alimentos seguros e saudáveis, 
deixe o bebê mostrar o que quer. Como quer. Quando quer. Empatia significa "colocar-
se no lugar do outro". Experimente "oferecer" ao invés de "dar". Respeite os períodos 
de inapetência e reforce a alimentação saudável nos períodos de convalescença e de 
apetite normal. Se ater a quantidades pré-estabelecidas é desrespeitar o ritmo natural 
que cada bebê tem de controlar a sua própria fome/saciedade. 
E acima de tudo: BOM-SENSO! Lembre-se que SIM, cada bebê é único, mas quem dá a 
oportunidade é você!! O bebê não vai ao supermercado escolher os alimentos que 
consome, não prepara a refeição e não tira do armário os utensílios que vão ser 
utilizados. Todas essas escolhas são inicialmente dos pais e/ou cuidadores. O que o bebê 
 
Padovani, 2015. Todos os direitos reservados. 
 
8 Introdução alimentar: respeitando o tempo do bebê 
assimila é hábito decorrente dessas escolhas iniciais. Então, criar um ambiente positivo 
e dar OPORTUNIDADES é sempre fundamental!!! 
 
 
 
Padovani, 2015. Todos os direitos reservados. 
 
9 A relação entre o desenvolvimento infantil e a introdução dos sólidos 
A relação entre o desenvolvimento infantil e a introdução dos 
sólidos 
 
Aprender a comer sólidos é uma parte natural do processo de desenvolvimento. Assim 
como sentar, andar ou falar. Mesmo que o desenvolvimento de alguns bebês seja mais 
rápido do que de outros, a sequência do processo acaba sendo muito similar em todos 
eles. Habilidades novas são adquiridas uma após outra, aproximadamente na mesma 
ordem. Assim, por exemplo, a maioria dos bebês aprende a sentar, para depois 
engatinhar e posteriormente colocar-se de pé e caminhar. E estas habilidades são 
adquiridas sem que ninguém tenha que ensiná-los – não há como forçar o 
desenvolvimento (ainda que você possa estimulá-lo). 
O desenvolvimento do bebê é contínuo a partir do momento do nascimento. A partir 
dos movimentos reflexos, o bebê começa a adquirir o controle voluntário da 
musculatura e assimilar novos movimentos. Algumas habilidades são adquiridas 
visivelmente de forma lenta e gradual, outras aparecem praticamente da noite para o 
dia Isso também pode variar, de bebê para bebê. De qualquer forma, toda nova 
aquisição foi resultado da prática e coordenação de movimentos– dos mais simples aos 
mais complexos. 
Esses princípios aplicam-se a todos os aspectos do desenvolvimento, incluindo a 
alimentação. Todos os bebês desenvolvem habilidades que os permitem que se 
alimentem sozinhos. Assim, os bebês que tem a oportunidade de alimentar-se de forma 
independente irão desenvolver essas habilidades mais rapidamente do que os que são 
assistidos em todo o processo. As habilidades relacionadas à alimentação tendem a 
aparecer de maneira natural na seguinte ordem (Rapley & Murkett, 2008): 
1. Abocanhar o seio materno 
2. Estender à mão para tentar pegar objetos interessantes 
3. Agarrar objetos e levá-los à boca 
4. Explorar objetos com os lábios e a língua 
5. Morder um alimento 
6. Mastigar 
7. Engolir 
8. Capturar objetos pequenos utilizando o movimento de pinça (entre o dedo 
indicador e o polegar) 
 
 
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10 A relação entre o desenvolvimento infantil e a introdução dos sólidos 
Ao nascer, o bebê sadio e a termo apresenta dois principais reflexos de sobrevivência 
relacionados à nutrição: o reflexo de procura, necessário para encontrar o seio materno 
e abocanhá-lo para começar a mamar, e o reflexo de suçcão, que os permite extrair o 
leite do seio materno e deglutir quase que instantaneamente. 
Até os três meses de idade, os bebês começam a procurar as mãos: conseguem vê-las e 
movem-nas diante do rosto para conhecê-las melhor. Suas mãozinhas fecham-se 
automaticamente caso qualquer coisa passe por elas. Pouco a pouco, começam a levar 
as mãos à boca. Nessa idade, ainda não coordenam muito bem a musculatura, então às 
vezes podem golpear seu próprio rosto e mostrar-se surpresos ao perceber que estão 
segurando algo. 
Até os quatro meses, já podem esticar as mãos para agarrar algo que porventura tenha 
lhes interessado. A medida que a coordenação motora vai se aperfeiçoando, começam 
a movimentar os braços e as mãos com maior precisão, conseguindo agarrar objetos e 
levá-los à boca. Os lábios e a língua estão extremamente sensíveis e o bebê os utiliza 
para explorar o sabor, a textura, a forma e o tamanho dos objetos do cotidiano. 
Quando chegam aos seis meses de idade, a maioria dos bebês conseguem alcançar 
objetos fáceis de agarrar, usam toda a palma da mão para segurá-los e levá-los à boca 
com bastante precisão. Se o bebê tem a oportunidade de observar, alcançar e agarrar 
comida, a levará à boca. E ainda que pareça que o bebê está comendo, ele na verdade 
está primariamente explorando com a boca e a língua – como se fosse um brinquedo, 
ou objeto – e provavelmente não irá engolir. 
Entre os seis e os nove meses de idade, o bebê adquire uma série de novas habilidades, 
uma atrás da outra. Primeiro, aprende a morder ou mordiscar pedaços pequenos de 
comida, com a gengiva (ou com seus primeiros dentinhos, caso eles já tenham 
começado a aparecer). Rapidamente, descobrem que podem manter a comida na boca 
durante um tempo. O tamanho e o formato da boca se modificam e o bebê já consegue 
controlar melhor a língua. Nesta fase, se o bebê estiver sentado direito, é muito comum 
que a comida caia da boca, ao invés de engolir. 
Diferente do leite (seja materno ou fórmula), o qual o bebê precisa sugar e com isso o 
direciona diretamente para a parte posterior da boca, os alimentos sólidos tem que ser 
movidos ativamente no interior da cavidade oral. Quando expostos naturalmente aos 
sólidos, nota-se que os bebês não conseguem engolir sem antes aprender a morder e a 
mastigar. Isso significa que, por uma ou duas semanas, qualquer coisa que que seja 
colocada na boca, acabará caindo. Só começarão a engolir quando os músculos da 
língua, das bochechas e da mandíbula estiverem melhor coordenados, permitindo a 
deglutição adequada. É possível que esta etapa do desenvolvimento seja um mecanismo 
 
Padovani, 2015. Todos os direitos reservados. 
 
11 A relação entre o desenvolvimento infantil e a introdução dos sólidos 
natural de proteção contra o engasgo. Porém esse mecanismo só funciona quando é o 
próprio bebê que coloca comida em sua boca, é necessário que ele tenha total 
controle. 
Até os nove meses de idade, o bebê adquire o movimento de pinça. Assim, utiliza o 
polegar e o dedo indicador para capturar objetos e/ou alimentos menores. Antes que 
isso aconteça, é muito pouco provável que o bebê consiga levar algo muito pequeno à 
boca (uma uva passa ou um grão de arroz, por exemplo). 
Os bebês que podem comer sozinhos em todas as refeições são expostos a múltiplas 
oportunidades de praticar essas habilidades e adquirem segurança e precisão nos 
movimentos muito rapidamente. Ao que parece, assim como caminham somente 
quando estão preparados, também começam a ingerir os sólidos somente quando 
estão prontos, desde que lhes seja dada OPORTUNIDADE! 
Grande parte da investigação sobre a introdução da alimentação sólida é centralizada 
em quando se deve começar e com quais alimentos. Em geral, passa-se despercebido 
pela relação importantíssima entre o desenvolvimento infantil e a introdução dos 
sólidos. O método baby-led weaning, como veremos a seguir, fundamenta-se na 
premissa de que os bebês instintivamente sabem quando estão preparados para 
começar a ingerir sólidos, desenvolvendo de forma natural as habilidades necessárias 
para tal atividade. 
 
 
Padovani, 2015. Todos os direitos reservados. 
 
12 O Baby-led weaning 
O Baby-led weaning 
 
A sigla BLW refere-se à “Baby-led Weaning”, termo proposto por Gill Rapley em 2008, 
com a publicação de seu primeiro livro “Baby Led Weaning: helping your baby to love 
good food”. Nessa abordagem, o termo “weaning”, embora frequentemente traduzido 
literalmente como “desmame”, inclui na verdade a introdução gradual e natural da 
alimentação complementar, sendo o desmame realizado gradualmente sob tempo 
indeterminado, já que a escolha de passar a comer mais e mamar menos é feita 
exclusivamente pelo bebê. 
Apesar de parecer complicado, o método nada mais é do que uma descrição de técnicas 
que algumas mães já praticam há anos, utilizando apenas o velho bom-senso. Assim, 
descreve uma maneira simples de iniciar a alimentação complementar dos bebês, 
permitindo que eles se alimentem sozinhos – não há oferta de alimento com a colher e 
nem oferta de papinhas. O bebê é posicionado sentado junto com a família e participa 
da alimentação quando estiver pronto, alimentando-se independentemente com as 
próprias mãos e posteriormente, após a aquisição de habilidades necessárias, com os 
talheres. 
 
As principais vantagens do BLW: 
– Permite que os bebês explorem sabor, textura, cor e cheiro dos alimentos; 
– Encoraja independência e confiança; 
– Ajuda a desenvolver a coordenação visual-motora e as habilidades de mastigação; 
– Reduz a probabilidade de distúrbios alimentares na infância, incluindo seletividade e 
brigas frequentes na hora da refeição. 
 
De acordo com a autora do método, todos os bebês SAUDÁVEIS, dentro do padrão 
esperado de desenvolvimento, podem começar a alimentar-se sozinhos a partir dos seis 
meses. Eles só precisariam da oportunidade. E este tempo coincide com o que preconiza 
a Organização Mundial da Saúde em relação à amamentação exclusiva até os seis meses 
do bebê, e complementar até os dois anos de vida da criança (ou mais). 
Segundo Rapley, o método considera o modo de desenvolvimento dos bebês no 
primeiro ano de vida, sendo que aos seis meses a MAIORIA dos bebês é capaz de sentar-
se ereto, pegar objetos com as mãos e levá-los à boca e mastigar coisas, ainda que não 
tenham dentes. O que faz bastante sentido também, já que antes da resolução de 2003, 
 
Padovani, 2015. Todos os direitos reservados.13 O Baby-led weaning 
a Organização Mundial da Saúde (OMS) preconizava a introdução de alimentos a partir 
dos 4 meses de idade. Assim, fazia-se necessário iniciar com papinhas homogêneas, pois 
o bebê, aos quatro meses, não tem maturidade – nem do ponto de vista motor, nem do 
ponto de vista fisiológico – para receber alimentos na forma sólida. 
Intuitivamente, segundo a experiência da própria autora, aos seis meses, as mães 
costumavam iniciar a introdução de sólidos. 
 
Mas o bebê não engasga? 
Uma das dúvidas e preocupações mais frequentes entre as mães que tem interesse em 
aplicar o BLW é: mas e meu bebê não irá engasgar? 
A verdade é que o risco de engasgo é real sim, porém tanto para bebês que comem 
sozinhos utilizando a metodologia BLW, quanto para bebês que tem a oferta assistida 
com papas. Podemos engasgar com qualquer alimento, seja ele líquido, pastoso ou 
sólido. Mas o medo vem da possibilidade de pedaços grandes se desprenderem do 
alimento oferecido em seu formato original e irem parar direto na garganta do bebê. 
Pode acontecer? Pode. É frequente? Não. Vamos tratar mais sobre esse assunto nos 
próximos capítulos. 
 
 
Padovani, 2015. Todos os direitos reservados. 
 
14 Baby-led Weaning: Como começar? 
 
Baby-led Weaning: Como começar? 
 
Seu bebê está próximo de completar os seis meses, já senta e já consegue levar objetos 
à boca com facilidade. Excelente! Já é um forte candidato a iniciar a introdução 
alimentar pelo BLW! Mas e agora? 
Bom, antes de tudo, é importante você entender que o método foi descrito em 2008, 
no Reino Unido. Isso significa que foi planejado de acordo com as recomendações 
oficiais deste país, as quais podem diferir em vários aspectos do que o que é preconizado 
aqui no Brasil pelos dois órgãos responsáveis pelas diretrizes no assunto: o Ministério 
da Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria. Vamos chamar este modo de introdução 
alimentar de “tradicional”. 
A introdução alimentar tradicional prevê que o bebê seja introduzido à dieta sólida 
gradualmente, considerando a oferta de papas não liquidificadas, em progressão 
crescente em consistência à medida que – aos 8-12 meses a criança já come a mesma 
comida da família. Essa é a orientação mais atual do Guia Alimentar para crianças 
menores de dois anos do Ministério da Saúde. Muitos pediatras orientam ainda começar 
com suco de laranja lima, depois frutas simples, como banana, maçã e pêra – uma fruta 
por dia, por dias consecutivos e depois de uma semana começar com a papa salgada… 
entre outras orientações (algumas desatualizadas, mas enfim, isso não vem ao caso). 
No BLW, entretanto, preconiza-se que o bebê coma a mesma comida do restante da 
família. Não existe “a comida do bebê” e tampouco o bebê precisa comer em horários 
distintos. O bebê é incluído no momento da refeição e é através da observação e 
imitação que o bebê vai assimilando o momento da refeição como algo social e 
prazeroso e adquirindo hábitos saudáveis. Então, se você e sua família não comem bem, 
definitivamente é a melhor hora de rever os hábitos alimentares de todos. 
Cabe a você colocar na balança e decidir quais alimentos irá apresentar e com que 
frequência. Vale ressaltar que a presença de histórico familiar de alergia alimentar 
definitivamente requer uma atenção extra e deve ser discutido junto ao médico. 
É importante ter apoio médico. Alguns não conhecem a sigla “BLW”, mas o mais 
importante é descrever: “meu bebê vai comer sozinho, alimentos sólidos que ele possa 
manusear, desde o início da introdução alimentar”. Muitas famílias já utilizam o BLW 
sem nem saber que ele existe, então é possível que o pediatra tenha algum 
conhecimento sobre o assunto. Se o pediatra insiste na ordem de apresentação dos 
 
Padovani, 2015. Todos os direitos reservados. 
 
15 Baby-led Weaning: Como começar? 
alimentos, não há problema, desde que respeitadas as principais “diretrizes” do BLW: 
deixar que o bebê manipule SOZINHO o alimento sólido, sendo esquecidas as papinhas, 
e que a autonomia do bebê seja completamente respeitada. É importante avaliar se a 
saúde geral do bebê está adequada, se ele está aceitando bem a alimentação láctea e 
se ele irá precisar de complementação vitamínica. Consulte uma segunda ou terceira 
opinião caso precise sentir-se mais confiante. 
Você deve ter em mente que o bebê VAI brincar com a comida em um primeiro 
momento. Pra ele, as primeiras semanas vão ser totalmente de descoberta e o que vai 
incentivá-lo a manipular os alimentos não é a fome, mas a curiosidade. Esse primeiro 
contato vai ser essencial para que ele tenha uma boa relação com os alimentos e com a 
hora da refeição. Tem que ser prazeroso, apenas isso. Se ele fizer as refeições junto à 
família, vai ainda começar a entender todo o aspecto social que a hora da refeição 
envolve. Tudo isso tende a levar a criança à gostar da hora da refeição, criando desde o 
princípio, uma relação saudável com o alimento e a hora da refeição. 
O BLW é um excelente método para o desenvolvimento orofacial do bebê, já que 
estimula toda a musculatura orofacial apropriada para a alimentação desde o 
princípio. Com o BLW, o bebê vai aprender primeiro a mastigar os sólidos, e só depois a 
engolir – ou seja, na sequência esperada e fisiológica dos eventos. Isso tende a fazer 
com que eles modulem melhor a força de mastigação e mordida, além da quantidade 
de comida que colocam na boca. 
No início, é comum que eles tenham reflexo de gag e/ou cuspam a comida. Muito pouco 
vai pro estômago e isso é absolutamente esperado. A amamentação em livre demanda 
e/ou oferta de leite artificial ainda vai ser a principal fonte de nutrição dos bebês neste 
primeiro momento. No BLW, o bebê irá decidir quando reduzir as mamadas – e isso só 
vai acontecer quando ele estiver pronto para alimentar-se. Tudo vai ser no tempo do 
bebê, por isso o método é de chamado “desmame conduzido pelo bebê” (baby-led 
weaning). 
Bom, agora que você já sabe de tudo isso, vamos para a parte prática! Saber como 
apresentar os alimentos neste início! 
 
Apresentação dos primeiros alimentos 
Os princípios básicos de uma boa alimentação são os mesmos para as crianças, 
independentemente do método de introdução alimentar. Melhor ainda se puder contar 
com a ajuda de uma nutricionista infantil. De qualquer forma, de uma maneira geral, 
uma vez que o bebê é candidato ao BLW, não há necessidade de restringir os alimentos 
 
Padovani, 2015. Todos os direitos reservados. 
 
16 Baby-led Weaning: Como começar? 
que podem ser oferecidos ao bebê (a menos que exista histórico familiar de alergias ou 
suspeita de alterações no sistema digestivo). 
De acordo com o Manual de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (2012), 
alguns itens que devem ser evitados durante o primeiro ano de vida ou mais incluem: 
- leite de vaca 
- sal em excesso 
- açúcar (de qualquer origem) 
- mel 
- sucos, chás e agua de coco 
Idealmente, ofereça frutas e legumes levemente cozidos para que fiquem macios o 
suficiente para serem mastigados com a gengiva e duros o suficiente para que não sejam 
amassados com facilidade e dissolvidos durante a preensão palmar. A melhor 
consistência é aquela de legumes para salada. 
Inicialmente, é melhor oferecer as carnes em pedaços grandes, para serem apenas 
explorados e sugados. Cortar as tiras de carnes no sentido transversal das fibras irá 
ajudar os bebês a retirar fiapos de carne com a força da mordida – ainda que não tenham 
dentes. 
Um bom guia para o tamanho e forma necessária é o tamanho do punho do bebê, com 
um importante fator para se ter em mente: bebês pequenos não conseguem abrir o 
punho intencionalmente. Assim, elesnão conseguem pegar um alimento e soltá-lo 
dentro da boca, ou seja, irão morder apenas o que sai pra fora do punho fechado. Isso 
significa que eles tem melhor desempenho com o que tem forma de batata-frita ou tem 
uma “alça” (como o cabo do brócolis, por exemplo). Eles então podem mastigar o 
pedaço que está saindo para fora do punho fechado e soltar o restante depois – 
geralmente enquanto eles estão tentando pegar o próximo pedaço que parece mais 
interessante. Frutas e legumes escorregadios podem ser deixados com a casca, para 
facilitar a preensão. Conforme suas habilidades são adquiridas, menos comida será 
desperdiçada. 
Em seu livro, Rapley & Murkett (2008) detalharam alguns pontos chaves para se ter 
sucesso com o BLW. Então, pra quem está começando, seguem as dicas das autoras e, 
pra quem já está no meio do caminho, é sempre bom rever o que estamos fazendo e 
tentar melhorar. 
 
 
 
Padovani, 2015. Todos os direitos reservados. 
 
17 Baby-led Weaning: Como começar? 
“APRENDER A COMER SOZINHO: os segredos do sucesso (por Rapley & Murkett, 2008) 
– a princípio, entenda a hora de comer como uma hora de brincadeira. O propósito 
fundamental é aprender e experimentar, não comer. O bebê ainda obtém todos os 
nutrientes que necessita com as mamadas (LM ou LA). 
– continue oferecendo leite à demanda, para que os sólidos o complementem, no lugar 
de substituí-lo. O bebê irá reduzindo as mamadas gradualmente, no seu próprio ritmo. 
– não espere que o bebê coma demais no princípio. O fato dele haver completado seis 
meses não significa que precise de mais alimento durante todo o dia. Quando descobrem 
que a comida tem um gosto bom, começarão a mastigar e, em breve, a engolir. Muitos 
bebês comem pouco durante os primeiros meses. 
– tente comer com o bebê e permita-o juntar-se à mesa familiar sempre que possível. 
Assim, ele terá muitas oportunidades para imitar vocês e praticar novas habilidades. 
– prepare-se para as manchas! Pense no melhor método de vestir o bebê e em como 
proteger os arredores, para evitar se estressar com a sujeira e para poder recolher 
facilmente a comida do chão. Lembre-se que o bebê está aprendendo, a intenção dele 
não é complicar sua vida. 
– tem que ser divertido … para todos! Assegure-se de que a hora da alimentação seja 
uma experiência tranqüila e agradável para todos. Isso vai animar o bebê a explorar e a 
experimentar, o que facilitará que ele se aventure com novos sabores e aproveite ao 
máximo a hora da comida. 
SEIS COISAS QUE VOCÊ DEVERIA FAZER 
1. Assegure-se de que seu bebê está sentado e bem erguido enquanto experimenta a 
comida. Nos primeiros dias, ele pode sentar-se no seu colo, de frente para a mesa. Uma 
vez que comece a sentar no cadeirão, vc pode utilizar almofadas pequenas ou uma 
toalha dobrada para mantê-lo ereto e na altura adequada em relação à bandeja ou à 
mesa. 
2. Comece oferecendo pedaços de comida fáceis de pegar. Os melhores são os palitos 
grossos. Na medida do possível (e sempre que seja adequado), ofereça o mesmo que o 
restante da família come, para que ele possa participar de toda a experiência. Lembre-
se que os bebês pequenos não conseguem acessar o que tem no punho fechado, então 
não espere que ele coma os pedaços inteiros, tenha outros pedaços preparados para 
quando ele terminar de comer a parte que sobressai o punho. 
3. Ofereça variedade. Não é necessário limitar a experiência do bebê com a comida. É 
importante não sobrecarregá-lo em cada ocasião, mas apresentar-lhe sabores e texturas 
diferentes ao longo da semana lhe proporcionará uma variedade de nutrientes, além de 
ajudar a desenvolver as habilidades necessárias para comer. 
4. Siga oferecendo o peito ou a mamadeira como anteriormente, além de oferecer água 
durante a comida. O padrão das mamadas não irá variar até ele começar a comer mais 
sólidos, o que irá acontecer de forma muito gradual. 
 
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18 Baby-led Weaning: Como começar? 
5. Fale com seu médico ou pediatra sobre a introdução de sólidos, discutam sobre 
história familiar de intolerância aos alimentos, alergias, problemas digestivos ou 
qualquer outra dúvida sobre a saúde ou desenvolvimento global do bebê. 
6. Explique sobre o BLW a todos que vão cuidar do seu bebê. 
SEIS COISAS QUE VOCÊ NÃO DEVERIA FAZER 
1. Não ofereça comida que não seja boa para o bebê, como comida pronta, comida 
processada ou com adição de sal/açúcar. Mantenha fora de seu alcance tudo o que 
possa levar ao engasgo. 
2. Não ofereça sólidos quando ele está com fome e precisa mamar. 
3. Não o pressione ou o distraia enquanto está ocupado com a comida. Permita-o 
concentrar-se e marcar o ritmo do que está fazendo. 
4. Não coloque comida em sua boca (e esteja atento à crianças que podem querer tentar 
“dar uma mão” e fazer o mesmo). Deixar que o bebê tenha a iniciativa é uma 
característica fundamental de segurança no método BLW. 
5. Não tente persuadi-lo para que ele coma mais do que quiser. As estratégias, jogos, 
subornos e ameaças não são necessárias. 
6. NUNCA deixe seu bebê sozinho enquanto come.” 
 
 
 
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19 Os mecanismos de defesa de vias aéreas do bebê 
Os mecanismos de defesa de vias aéreas do bebê 
 
O reflexo de gag 
A partir de determinada pressão, em determinado ponto da boca, todos nós (ou a 
grande maioria de nós) temos um reflexo protetor chamado “reflexo de gag”. Esse 
reflexo – muito similar a uma “ânsia de vômito” – é considerado protetor de vias aéreas 
inferiores, pois a partir de seu disparo, qualquer objeto estranho que não esteja sendo 
deglutido adequadamente vai ser trazido de volta para a frente da boca. A partir daí, ele 
pode ser mastigado novamente, reiniciando-se a deglutição, ou devidamente cuspido 
pra fora da boca. Sendo assim, o Gag é considerado como um importante recurso 
fisiológico do corpo para prevenir o engasgo. 
Além disso, a natureza, sábia como é, fez os bebês com um reflexo de gag bem 
anteriorizado em relação aos adultos. Dessa forma, enquanto adultos apresentam o gag 
apenas na região das amídalas e da faringe, os bebês já apresentam o reflexo em base 
de língua, apresentando também essa região mais elevada. Essa disposição anátomo-
fisiológica está diretamente relacionada à capacidade do bebê para engolir e digerir 
alimentos sólidos. Ou seja, ter o gag presente é um bom sinal! Sinal de que os reflexos 
fisiológicos normais estão presentes e ajudando a proteger o seu bebê enquanto o corpo 
dele se prepara para receber os sólidos da maneira mais instintiva e natural possível! 
É óbvio que o reflexo de gag é disparado muito mais vezes quando o bebê está 
manipulando um alimento sólido. Isso porque, como qualquer outro reflexo, o gag 
depende de uma determinada pressão em determinado ponto da boca, para ser 
ativado. Como o reflexo patelar, quando o médico bate o martelinho no joelho e a perna 
levanta. Pois bem, pedaços maiores exercem maior pressão nesses pontos específicos 
do que colheres de purê ou líquido, que se dispersam na boca. É por esse motivo que os 
gags acontecem com maior frequência quando o bebê coloca pedaços grandes dentro 
da boca e, principalmente, quando ainda não aprenderam a mastigar esses pedaços 
antes de engolir – o que acontece principalmente nas primeiras semanas de introdução 
alimentar. 
Então, embora a frequência do disparo do reflexo esteja aumentada, deve-se lembrar 
que o reflexo está agindo justamente na “campanha anti-engasgo”. É provável, por 
exemplo, que seu bebê tenha mais engasgos com líquidos do que com os sólidos, já 
reparou nisso? Sim, pois o gag não consegue ser ativado a tempo suficiente antes que o 
líquido “escorra pelo lugar errado”. 
No início da introdução alimentartradicional, o bebê também pode apresentar o reflexo 
de gag para os alimentos pastosos/pastosos com pedaços. Isso porque, da mesma 
 
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20 Os mecanismos de defesa de vias aéreas do bebê 
forma, ele ainda não aprendeu a organizar esses alimentos dentro da boca, 
transformando-os em um bolo alimentar para serem deglutidos. Assim, a papa se 
dispersa e o corpo, em um fascinante mecanismo de proteção, faz todos os esforços 
para que o alimento – mal deglutido – volte para a boca para ser cuspido ou manejado 
novamente para dar sequência correta à deglutição. Muita gente acha que o bebê não 
gostou da comida porque está tendo “ânsia”, mas na verdade é só mais uma parte do 
aprendizado – “mastigar” e engolir. 
Rapley, em seu best-seller “Baby led weaning”, teoriza ainda que, quando o bebê come 
sozinho, ele tem maior controle do que leva à boca. A autora discute que os riscos reais 
de engasgos são menores quando o bebê tem o controle da situação, pois quando é 
alimentado, quem o assiste pode frequentemente colocar a colher dentro de sua boca, 
ainda que o bebê não tenha a intenção de capturar o alimento da colher. Assim, 
teoricamente, a papa pode ser direcionada para o fundo da boca sem aviso e acabar 
causando o engasgo. 
Essa primeira fase é fundamental na aprendizagem da mastigação e o bebê tem seus 
reflexos protetores em nível máximo de funcionamento – laringe e traquéia elevadas, 
dorso de língua elevado, reflexo de gag anteriorizado. Até que o corpo se acostume, e 
até que o bebê aprenda a manejar os alimentos em cavidade oral e toda sua 
anatomofisiologia comece a se modificar para ir ficando mais próxima do que temos 
quando adultos. Seria a melhor hora para investir em alimentos macios, fáceis do bebê 
manipular por conta própria. Tirinhas de cenoura, batata e outros legumes bem cozidos, 
raminhos macios de brócolis e couve flor, tiras de frutas macias como banana, mamão, 
abacate. Frutas macias como caqui, abacate, pêssego, ameixa, pêra. Confie no seu bebê. 
Suas habilidades motoras globais estão em perfeita sintonia com suas habilidades 
motoras orais. 
 
Alterações no reflexo de gag 
Alguns bebês tem o reflexo de gag tão exacerbado, que costumam apresentar vômito 
após o disparo do reflexo. O vômito também pode acontecer caso o reflexo seja 
disparado continuamente, sem sucesso, como quando algo ficou “preso” no trajeto. 
Lembre-se que o corpo vai fazer de tudo pra eliminar o que foi mal deglutido. O vômito 
será o esforço final em expelir o que ficou preso em região oral/orofaringe e não está 
conseguindo ser retirado apenas com o reflexo de gag. 
Bebês com refluxo crônico podem ter um reflexo de gag alterado, devido à modificação 
da mucosa e sensibilidade oro-faringea, podendo levar a inibição total do reflexo ou 
hipersensibilidade. Outras condições também podem levar à alteração do reflexo, por 
 
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21 Os mecanismos de defesa de vias aéreas do bebê 
isso é sempre bom ter um acompanhamento profissional antes de subentender que 
todos os bebês irão acompanhar o mesmo padrão descrito nos livros. 
 
O reflexo de tosse 
No item anterior, vimos que o reflexo de gag é um importante mecanismo de defesa 
contra engasgo e que no bebê ele é anteriorizado, sendo disparado muito antes do 
alimento chegar na garganta. O gag é percebido como uma ânsia de vômito, no qual 
movimentos musculares involuntários repetitivos mobilizam a musculatura do pescoço, 
garganta, de dentro da boca e da face, na tentativa de expelir um alimento mal 
deglutido. A tosse não faz parte do reflexo de gag, embora ambos possam coexistir, 
como veremos mais à frente. 
À medida em que o bebê se desenvolve, assim como outros reflexos inatos são 
reduzidos ou suprimidos totalmente (como o reflexo de sucção, procura, preensão), o 
reflexo de gag também tende a se normalizar e se aproximar mais do que acontece no 
adulto lá pelos 7-9 meses de idade. Desta forma, por volta desta idade, o reflexo de gag 
passa a ser disparado, na maioria dos bebês, mais posteriormente, em pilares faríngeos 
(que revestem as amígdalas) e orofaringe, principalmente. Consequentemente, o 
número de vezes em que o gag é disparado durante a alimentação diminui 
drasticamente, e principalmente nos bebês BLW, os quais aparentam apresentar um 
desenvolvimento significativo da fase oral da deglutição – mastigação e controle oral já 
nos primeiros meses de introdução alimentar1. 
Pensando na posteriorização do reflexo de gag a partir dessa idade, gostaria de começar 
a refletir com vocês sobre o reflexo de tosse e a diferença entre estes. Sabemos que 
uma falha no processo de deglutição pode frequentemente resultar em um engasgo 
(obstrução parcial ou total de vias aéreas), sendo a tosse um importante mecanismo de 
defesa contra o alimento que se direciona para a laringe, traquéia e/ou vias aéreas 
inferiores, ao invés de ir para o esôfago. A tosse é uma resposta reflexa e da mesma 
forma que o gag funciona como um mecanismo de proteção de vias aéreas, podendo 
ainda ser realizada voluntariamente (embora não com a mesma força e efetividade). 
O reflexo de gag é iniciado por receptores relacionados ao trato digestivo, enquanto a 
tosse é disparada por receptores referentes ao trato aéreo. Como esses dois 
componentes compartilham muitas partes anatômicas, ambos reflexos tem 
características similares e podem coexistir, mas não são a mesma coisa. 
Os receptores da tosse podem ser encontrados em grande número nas vias aéreas altas 
(laringe e traquéia) e nos brônquios, e – assim como o gag, podem ser estimulados por 
 
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22 Os mecanismos de defesa de vias aéreas do bebê 
mecanismos químicos (gases, odores fortes) e mecânicos (secreções, corpos estranhos, 
alimentos). Além disso, a tosse ainda é responsiva a mecanismos térmicos (ar frio, 
mudanças bruscas de temperatura) e inflamatórios (asma, fibrose cística). O reflexo da 
tosse também pode apresentar receptores na faringe, assim como o gag. 
De fato, quando o reflexo de tosse aparece antes, durante ou após a deglutição, é muito 
provável que o gag por si só não foi efetivamente capaz de eliminar o corpo estranho, e 
este já atingiu vias aéreas. Apesar do gag funcionar melhor com pedaços de alimentos 
grandes, o reflexo de tosse é eliciado mesmo com infímas porções. Assim, é sem 
dúvida o reflexo mais importante de defesa de vias aéreas, sendo capaz de desobstruir 
a maioria dos engasgos de leve a moderada gravidade (obstrução parcialde vias aéreas). 
A presença de tosse forte, eficaz, indica passagem de ar e a possibilidade de 
desobstrução de vias aéreas sem a necessidade de realizar nenhuma intervenção 
externa. Ainda assim, deve-se observar se há recuperação total do padrão respiratório 
e se a respiração não apresenta nenhum ruído audível. Quaisquer sinais de mudanças 
devem ser considerados relevantes e o médico deve ser procurado. De acordo com 
Fraga e colaboradores (2008), o retardo no diagnóstico da aspiração de corpos 
estranhos (ACE) está associado à falta de atenção aos sinais e sintomas presentes na 
história clinica de engasgo e tosse, principalmente em crianças menores de 3 anos. A 
valorização da radiografia simples de tórax como exame indicado para exclusão da ACE 
é outro erro comum. Estas dificuldades diagnósticas resultam em vários tratamentos 
equivocados para quadros de pneumonia, asma ou laringite. Estas considerações não 
excluem a necessidade de implementação de programas dirigidos às populações leigas, 
tanto de prevenção, como de orientação às manobras de desobstrução de vias aéreas. 
Um excesso de tosse ou gags muito repetitivoscom interrupção do fluxo aéreo e 
subsequente vermelhidão ou cianose e lacrimejamento dos olhos indicam a necessidade 
de intervenção rápida e direta, por meio da manobra de Heimlich em bebês. Tenho 
constantemente observado orientações práticas no sentido de “esperar o bebê se 
recuperar do gag”. Ressalto: confie no seu bebê, observe, mantenha a calma, mas 
atente-se à diferença entre esses reflexos e esteja atento para realizar de forma rápida 
e eficaz a manobra de desobstrução de vias aéreas quando necessária. Se tiver dúvida, 
aja. O BLW é excelente quando bem orientado e bem utilizado. Ressalto que engasgos 
deste tipo são mais raros, mas podem acontecer2. 
Em um esforço contrário, a tosse também pode desencadear o vômito. Isso porque 
ambos processos envolvem diretamente um aumento da pressão abdominal. A própria 
tosse pode irritar a garganta e acabar desencadeando o gag, sendo o vômito uma 
 
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23 Os mecanismos de defesa de vias aéreas do bebê 
consequência imediata, principalmente se o bebê estiver com a barriga cheia ou sendo 
alimentado. 
Gags vão acontecer no início da IA por BLW. É absolutamente normal. Mas são rápidos. 
Vão durar no máximo uns 15 segundos, no máximo levando a um vômito por excesso 
de ânsia. A criança volta a comer como se nada tivesse acontecido, caso o adulto passe 
confiança e tranquilidade na situação. Não tem mesmo que enfiar o dedo na boca a 
cada pedaço grande que entra. O bebê em pouco tempo aprende a cuspi-los, e ainda, 
a morder pedaços menores, se for dada a oportunidade dele aprender naturalmente. 
Por meio do reflexo de gag, por meio da mastigação por amassamento com as 
gengivas, por meio da aquisição de movimentos finos com a língua. 
Dito isso, nem por isso eu preciso expô-lo a riscos absolutamente desnecessários. Não 
vou dar alimentos duros, por exemplo. Não vou deixar ele comendo sozinho. Vou 
pesar o custo-benefício em cada situação. E nessa situação, o custo benefício tá muito 
desbalanceado. 
Observações Importantes: 
1. Muito do que se discute sobre o BLW tem base empírica, isto é, não baseada em 
fatos científicos. Apesar de bastante difundido atualmente, o BLW ainda está 
sendo estudado e os artigos científicos sobre o assunto ainda apresentam dados 
incompletos e superficiais. Na prática, o BLW tem se mostrado um método 
extremamente eficiente no desenvolvimento das funções orofaciais e na 
condução da introdução da alimentação complementar. 
2. Até o momento, não existem na literatura relatos de aspiração em bebês que 
foram introduzidos ao método. 
 
O engasgo 
Nos últimos itens falamos sobre as diferenças entre os mecanismos de proteção de vias 
aéreas: reflexo de gag e reflexo de tosse, e como estes estão inter-relacionados entre 
si. No post de hoje, vamos falar sobre o engasgo, que nada mais é do que a consequência 
imediata da falha destes mecanismos de proteção. Ressaltando que o ENGASGO é uma 
CONDIÇÃO e não um REFLEXO. 
Relembrando que o objetivo destas explicações mais aprofundadas não é amedrontar 
ninguém, mas dar a relevância necessária para que o público leigo não subestime sinais 
importantes, tampouco coloque o bebê em risco pensando que o reflexo de gag pode 
operar milagres. Como já disse antes, o Baby-led weaning é um método excelente se 
 
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24 Os mecanismos de defesa de vias aéreas do bebê 
bem orientado e conduzido. Acredita-se que o bebê exposto ao BLW tenha uma melhor 
capacidade em lidar com os sólidos e esteja menos predisposto ao engasgo, já que 
desenvolve potencialmente suas habilidades intra-orais – mas esse conhecimento é 
empírico, isto é, não validado pela ciência. 
Após a publicação do livro da Rapley, em 2008, muitos paradigmas relacionados ao 
BLW foram sendo estabelecidos e muito do que se difunde como verdade absoluta 
acaba sendo decorrente da troca de experiência nos grupos de mães que praticam o 
método. No Brasil, o “achismo” acaba sendo ainda maior, porque o livro não foi 
traduzido para o português. Quem tem interesse em aplicar o método, é de 
fundamental importância compreender os fundamentos iniciais. 
Então, esclarecendo, o engasgo é definido como uma obstrução do fluxo aéreo, parcial 
ou completo, decorrente da entrada de um corpo estranho nas vias aéreas, podendo, 
em sua apresentação mais grave, levar à cianose e asfixia. Na obstrução parcial das vias 
aéreas a criança consegue tossir, respirar, emitir alguns sons ou até falar. Na obstrução 
total, a criança é incapaz de tossir, falar, chorar e isso é muito mais grave, pois pode 
evoluir para um quadro de asfixia e parada cardio-respiratória. 
Os sinais mais evidentes de obstrução total de via aérea são: 
 coloração arroxeada/azulada da pele, 
 aumento progressivo da dificuldade respiratória, 
 inabilidade de chorar ou realizar algum som, 
 tosse fraca/ ineficaz, 
 ruído agudo durante a inspiração, 
 agitação e/ou confusão devido á falta de oxigenação cerebral, 
 sinal universal de engasgo e perda de consciência. 
O engasgo definitivamente pode ser prevenido. Aproximadamente 50% dos engasgos 
acontecem com alimentos, sendo os outros 50% decorrentes da manipulação de 
pequenos objetos (moedas, botões, pedaços de móveis e brinquedos), especialmente 
quando os bebês começam a adquirir mobilidade. Esses dados podem variar, de acordo 
com a fonte, mas costumam apresentar-se em uma proporção equilibrada. 
Não necessariamente um engasgo vai acarretar uma aspiração (entrada de corpo 
estranho nas via aéreas), mas pode acontecer. De acordo com a Sociedade Brasileira de 
Pediatria, no Brasil, milho, feijão (crus) e amendoim são os grãos mais comumente 
aspirados na faixa etária pediátrica. Por outro lado, o material mais relacionado a óbito 
imediato por asfixia é o sintético, como balões de borracha, estruturas esféricas, sólidas 
ou não, como bola de vidro e brinquedos. 
 
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25 Os mecanismos de defesa de vias aéreas do bebê 
Os resultados qualitativos de um estudo sobre BLW mostraram que o risco potencial de 
engasgo foi a maior preocupação dos profissionais de saúde entrevistados, sendo o 
que os faz mais relutantes na recomendação do método. Outras preocupações dos 
profissionais foram a imaturidade do bebê de seis meses para mastigar pedaços grandes 
de alimentos, além do medo das mães deixarem seus bebês sozinhos com a comida. 
Apontaram também o clima competitivo entre as mães praticantes do método, sobre o 
progresso da alimentação de seus bebês. Há um receio por parte dos profissionais, de 
que as mães considerem o bebê “muito mais avançado” se ele experimentar certos tipos 
de alimentos antes de outros bebês, sentindo-se deste modo motivadas a oferecer 
alimentos perigosos, de potencial risco para engasgo. 
Este mesmo estudo mostrou que uma parcela das mães relatou a maçã crua como uma 
das principais causas de engasgo entre seus bebês BLW. Alimentos crus preenchem o 
critério de alto risco para engasgo, principalmente em edentados, pois são rígidos e se 
dividem em inúmeros pequenos pedaços duros quando mordidos. O autor ressalta que 
é necessário desencorajar os pais que seguem o BLW a oferecer maçã crua para seus 
bebês. 
Rapley e Murkett (2008) sugerem que o bebê tem muito menos probabilidade de vir a 
engasgar quando é ele quem leva o alimento à boca. Mas o que quero ressaltar com 
esse artigo é que o adulto é diretamente responsável pela disposição de alimentos 
seguros durante a alimentação pelo BLW. O bebê não tem maturidade para decidir o 
que é seguro ou não e leva tudo, absolutamente tudo à boca. A minha sugestão é que 
você também observe erespeite o desenvolvimento global do bebê durante o BLW. Se 
ele não é capaz de capturar um grão de arroz com o movimento de pinça, então 
dificilmente será capaz de manejá-lo com eficiência em cavidade oral. Todo seu 
desenvolvimento oral está em perfeita sintonia com seu desenvolvimento global e não 
há necessidade de estimular. Lembre-se que o BLW permite que o bebê se desenvolva 
naturalmente. 
Acompanhar o bebê durante a refeição ajuda não somente na formação do vínculo, 
reforçando o aspecto social das refeições, como também assegura que você irá ver o 
bebê mastigando e manipulando sua comida, podendo avaliar rapidamente qualquer 
situação de risco. Sentar-se ereto, prestando atenção durante a refeição (e não fazer 
qualquer outra coisa concomitantemente – como brincar, engatinhar ou correr) é a 
forma mais segura das crianças aproveitarem o momento. Uma refeição sem pressa e 
uma parada para o lanche oferecem à criança tempo de sobra para mastigar e engolir a 
comida com segurança. 
 
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26 Os mecanismos de defesa de vias aéreas do bebê 
Outro fator que pode aumentar o risco de engasgo, segundo a literatura, é a presença 
do irmão mais velho, pois geralmente há no ambiente uma grande disposição de 
alimentos e objetos perigosos para a faixa etária do irmão menor. Assim, deve-se 
reforçar a supervisão e orientar aos mais velhos para não dividirem alimentos e objetos 
com crianças menores. 
 
Como reduzir os riscos de engasgo 
Definitivamente existe uma forma de tornar o ambiente mais seguro possível e SIM, 
praticar o BLW com a maior tranquilidade e segurança, de forma que os 
benefícios sobreponham os riscos! 
Antes de tudo, vamos relembrar algumas recomendações essenciais: 
1. Estar ciente das manobras de desobstrução que você pode fazer em casa. 
2. Insistir para que as crianças comam à mesa, sentadas. Evite alimentá-las 
enquanto correm, andam, brincam, estão rindo. Não deixá-las deitar com 
alimento na boca. 
3. Supervisione SEMPRE a alimentação de crianças pequenas. 
4. Fique atento às crianças mais velhas. Muitos acidentes ocorrem quando irmãos 
ou irmãs mais velhas oferecem objetos ou alimentos perigosos para os menores. 
5. Evite comprar brinquedos com partes pequenas e mantenha objetos pequenos 
da casa fora do alcance das crianças. Siga a recomendação da embalagem dos 
brinquedos, com relação à idade ideal para aquisição. E não permita que crianças 
pequenas brinquem com moedas. 
De acordo com a literatura, os alimentos mais frequentemente relacionados ao 
engasgo incluem: 
 Doces (especificamente doces duros ou pegajosos) 
 Qualquer oleaginosa e similares (amêndoas, castanhas, amendoim etc) 
 Sementes (semente de girassol, caroço de azeitona etc) 
 Grãos crus (exemplo: feijão, arroz, milho etc) 
 Pedaços grandes de carne e queijos duros 
 Salsichas 
 Queijos pegajosos 
 Pedaços grandes e rígidos de carnes e queijos 
 Salgadinhos (principalmente duros como doritos, batata-frita etc) 
 Casca de fruta e frutas duras cruas (como a maçã e a pêra verde) 
 Uvas inteiras 
 
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27 Os mecanismos de defesa de vias aéreas do bebê 
 Chicletes 
 Cubos de gelo 
 Creme de amendoim ou cream cheese em blocos grandes (pegajosos e grudam 
no céu da boca) 
 Pipoca – PRINCIPALMENTE o peruá (parte amarelinha) 
 Pretzels 
 Uvas passas 
 Vegetais duros crus e verduras cruas 
 Alimentos em forma de cordão (exemplo: broto de feijão, espaguete, verduras 
(ex:couve) cortadas em tiras etc) 
 
Ufa! A lista é grande não? Mas pensando que muito do que está listado aí não é nem 
indicado para um bebê, já que é pura porcaria, ainda tem MUITA coisa pra oferecer! 
Então, por exemplo, alguns dos alimentos de alto risco que vocês podem 
tranquilamente passar sem oferecer pelo menos até os 4 anos de idade: 
 salsichas e linguiças 
 doces duros, molengos ou pegajosos. Ao contrário do que muita gente pensa, 
gelatina também é super perigoso, pois é escorregadio e, quando não mastigado, 
um pedaço pode tranquilamente obstruir a via aérea. 
 amendoins, sementes e oleaginosas (amendoas, castanhas, nozes etc) 
 uvas inteiras 
 pedaços grandes de carne ou queijo duro 
 mashmallows 
 pipoca 
 chiclete 
E o que podemos fazer para melhorar a apresentação dos alimentos a fim de reduzir as 
chances de engasgo: 
 Os alimentos mais seguros para as crianças são aqueles cortados em pedaços 
que oferecem mínimo ou nenhum risco de “entupirem” a via aérea. Os desenhos 
abaixo ilustram a via aérea e como um objeto ou alimento pode facilmente 
obstruir totalmente a passagem de ar. 
 
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28 Os mecanismos de defesa de vias aéreas do bebê 
 
Fraga e colaboradores, 2008 
 
Denny e colaboradores, 2014 
 Cortar salsichas e alimentos de formatos similares (exemplo: cenoura) no 
sentido do comprimento, em “formato de batata-frita” – o ideal é fugir do 
formato que tende a “entupir” a glote, como visto nas ilustrações acima. 
 Amaciar vegetais e frutas duras, cozinhando-os na água, forno ou vapor, a fim de 
que se tornem fáceis de mastigar por amassamento com as gengivas. A 
consistência ideal para BLW é a de salada de legumes: nem muito duro, nem 
muito mole (pois esfarela na mão do bebê que não tem controle da força). 
 
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29 Os mecanismos de defesa de vias aéreas do bebê 
 Quando o bebê ainda é “banguela”, você pode oferecer as frutas com parte da 
casca para facilitar a preensão palmar (já que a maioria escorrega). Mas é 
prudente retirar as cascas das frutas quando o bebê já tem dentes e é capaz de 
“rasgar” a casca com a força da mordida. 
 CARNES: 
 Enquanto o bebê ainda não tem o movimento de pinça desenvolvido, você 
pode oferecer as carnes: 
 desfiadas umidificadas (molho ou purê) em pequenas porções; 
 ou bem cozidas, macias, cortadas em tiras ou cubos, no sentido 
transversal das fibras (assim os pedaços que se soltam ficam pequenos e 
fáceis de mastigar); 
 ou também, carnes moídas em formato de hamburguer, almôndega ou 
croquete. 
 Conforme o bebê adquire o movimento de pinça, o ideal é: 
 cortar em pedaços bem pequenos, 
 desfiados 
 ou carne moída, 
 até que o bebê tenha habilidade para mastigar pedaços maiores com o 
nascimento dos molares (até os dois anos mais ou menos). 
 Alimentos pegajosos (exemplo: cream cheese, pasta de amendoim e similares) 
se consumidos, devem ser apresentados em porções pequenas, pois podem 
“grudar” no céu da boca. 
 Algumas leguminosas como o quiabo e a vagem costumam ser queridinhos no 
BLW, pois são de fácil preensão. Mas atentem-se para as sementinhas e os grãos 
de feijão que podem desprender desses alimentos e escorregar para o fundo da 
boca. A melhor forma de oferecer esses alimentos é cortadinho em rodelas 
pequenas quando o bebê já é capaz de pegá-las. 
 Alimentos fibrosos e/ou duros para mastigar mesmo após o cozimento (ex: 
quiabo, vagem, brócolis comum, folhas etc) são mais fáceis de mastigar se 
cortados em pedaços pequenos e/ou misturados à outras preparações/receitas. 
 Hidratar as frutas secas e cozinhar bem os grãos antes de oferecê-los aos bebês. 
 
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30 Os mecanismos de defesa de vias aéreas do bebê 
 Milho verde na espiga deve estar beeem molinho (daqueles que estouram nos 
dentes), para os “banguelas”, vcs podem “rasgar” os grãos com um ralador de 
queijo. 
 É extremamente arriscado oferecer uvas inteiras aos bebês e crianças 
pequenas, assim como qualquer outro alimentoneste formato (tomatinhos, 
cerejas, jabuticabas, azeitonas, ovinho de codorna, entre outros). Quaisquer 
alimentos nestes formatos devem ser cortados longitudinalmente em duas ou 
quatro partes. Cortes transversais não são indicados, pois não “quebram” o 
formato do alimento que é capaz de “entupir” a glote. 
 Retirar sementes e caroços. 
 As folhas podem ser oferecidas cozidas ou cruas, mas sempre bem picadas. 
Como no início o bebê não consegue pegar os pedacinhos, sugiro que você ainda 
assim misture folhas verdes em outras receitas (ex: omelete), para que o bebê 
também sinta o gosto “amarguinho” que a maioria das folhas verde-escura tem. 
 Evite pães de forma e/ou pães brancos industrializados “massudos”, pois quando 
misturados à saliva formam uma pasta grudenta que pode dificultar a 
mastigação e deglutição do bebê, levando à gags excessivos (e possível engasgo 
ou vômito). 
 Caso for oferecer água durante as refeições, certifique-se de que não há 
alimento sólido dentro da boca. O manejo de líquidos com os sólidos dispersos 
na boca é extremamente difícil e pode comumente levar ao engasgo. 
Oferecer líquidos durante um engasgo pode inclusive levar à piora do engasgo 
e consequente aspiração. 
 
O que fazer se o bebê engasgar? 
Primeiro de tudo: mantenha-se calma e focada. Não aja sem pensar, pois isso pode 
prejudicar a situação, ao invés de ajudar. 
Segundo, você está vendo o pedaço que está causando esse desconforto excessivo? Se 
você CLARAMENTE VÊ o pedaço que está causando o engasgo, você pode retirá-
lo deslizando gentilmente seu dedo no espaço que fica entre a gengiva e a bochecha do 
bebê, de modo que você traga o alimento DE TRÁS, para FRENTE. Em hipótese nenhuma 
enfie o dedo na boca do bebê sem pensar antes de agir. 
 
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31 Os mecanismos de defesa de vias aéreas do bebê 
Lembrem-se, um gag normal, eficiente, que faz parte do processo de aprendizagem do 
bebê, aquele que dá pra confiar mesmo, dura em média 2-15 segundos. O que já parece 
uma eternidade. Mais do que isso, simplesmente é um risco desnecessário, e mais do 
que recomendado auxiliar o bebê. 
 
Então, resumindo: 
1. O seu bebê deve estar em desenvolvimento normal. É essencial discutir o método com 
o pediatra antes de iniciar. Bebês prematuros e/ou com atraso de desenvolvimento 
costumam estar mais predispostos ao engasgo. 
2. Assegure-se de que seu bebê está SENTADO ereto (90 graus) quando ele estiver 
experimentando alimentos sozinho. Se ele não senta ainda, então o BLW não é indicado 
3. Absolutamente NUNCA deixe seu bebê sozinho com a comida. 
4. Não apresse seu bebê. Permita a ele dirigir o ritmo do que ele está fazendo. Em 
particular, não fique tentado a “ajudá-lo” colocando coisas em sua boca. No máximo 
tocar nos lábios pra ele ver que aquele “brinquedo” tem sabor. 
5. Não tente “pescar” todos os pedaços grandes que se desprendem dos alimentos. É 
perigoso acabar empurrando o alimento para as vias aéreas e causar engasgo. Espere 
que o gag cumpra seu papel. 
6. Não ofereça alimentos obviamente perigosos. Tenha em mente as orientações acima 
sobre a apresentação dos alimentos. Se ficar em dúvida se é perigoso ou não, não 
ofereça. Confie no seu sexto sentido, evite estresses desnecessários. 
7. Se ele tiver o reflexo de gag: aguarde, observe. Dê ao bebê alguns segundos para 
trazer o pedaço para a frente da boca e expelir. 
8. O mesmo com a tosse. Se ele engasgou, estiver tossindo forte, observe, dê ao bebê 
alguns segundos para recuperar-se. A tosse é também um reflexo de proteção. 
9. Durante o engasgo, não dê água ou bata nas costas, pode piorar a situação. 
10. Se o bebê estiver com dificuldade aparente (não consegue tossir, respirar, olhos 
arregalados, vermelhidão no rosto) e você estiver vendo o alimento dentro da boca, você 
pode tentar retirar com o dedo. Caso você não esteja vendo o alimento, em hipótese 
nenhuma enfie o seu dedo na boca do bebê, caso contrário você pode empurrar o 
alimento para as vias aéreas. A manobra de desobstrução de vias aéreas já é indicada. 
Tire o bebê da cadeira e proceda com a técnica. 
11. Na dúvida, consulte um profissional fonoaudiólogo. 
 
 
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Pra finalizar este capítulo, gostaria de deixar um trecho escrito pelo Dr Moises 
Chencinsky, em seu website: 
 
“Nem todo mundo que fuma tem câncer de pulmão, nem todo mundo que bebe bebida 
alcoólica tem cirrose, nem todo mundo que tem relação sem preservativos tem 
AIDS. Mas há uma chance maior de isso tudo acontecer. Nem por isso, deixamos 
de orientar a forma que se julga adequada (não fumar, não beber e relações sexuais 
sempre com proteção). 
Assim, nem todas as crianças que usarem andador terão acidentes e serão internadas, 
nem todas as crianças que estiverem em um carro fora das cadeirinhas vão morrer em 
acidentes, nem todas as crianças que consumirem mel abaixo de um ano de idade terão 
botulismo, e nem todas as crianças que tomarem sucos terão obesidade ou diabetes tipo 
2. Mas há uma chance maior de isso tudo acontecer. Nem por isso, deixamos de orientar 
a forma que se julga adequada (não usar andador, no carro, sempre na cadeirinha, não 
oferecer mel abaixo de um ano de idade e não oferecer sucos abaixo de um ano de idade 
e dar preferência para as frutas in natura).” 
 
Por isso, estejam cientes e conscientes sobre os riscos, sobre como podem facilitar a 
alimentação segura e agir em caso de necessidade, tornando o BLW um método apenas 
leve e prazeroso de introdução alimentar. Sei que provavelmente vocês já deram muitos 
dos alimentos citados aí em cima, assim como eu, mas o que quero sempre difundir são 
as ESCOLHAS CONSCIENTES! 
Sabendo o que esperar e como agir em caso de necessidade, TUDO fica mais tranquilo 
e seguro para o bebê e mais fácil pra você, que provavelmente vai ter que dar a mesma 
santa explicação sobre BLW pra todos à sua volta! 
 
 
 
 
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33 Combinação de métodos: isso existe? 
Combinação de métodos: isso existe? 
 
A ideia de oferecer alimentos em pedaços (finger food) para os bebês não é nova. 
Instintivamente, mães de todas as partes do mundo sempre ofereceram um pedaço de 
fruta, um biscoito, um pedaço de pão, normalmente quando o bebê começa a se 
interessar pelo alimento inteiro e mostra autonomia para segurá-lo e levá-lo à boca com 
destreza. A mãe, já acostumada a ver o bebê comer suas papinhas com eficiência – 
geralmente por volta dos 8-9 meses começa a oferecer um pedaço ou outro de alimento 
inteiro ao bebê. Muitas vezes – mas não somente – no intuito de distraí-lo, em um 
intervalo entre refeições. 
O BLW – por sua vez – também apoia-se na ideia de oferecer alimentos em sua forma 
original ao bebê. Mas mais do que isso, reforça a ideia de que o bebê deve alimentar-se 
sozinho, em todas as refeições, desde o seu primeiro contato com o alimento, aos 6 
meses de idade – período no qual a maioria dos bebês já está apto para sentar sem 
apoio, capturar e levar objetos à boca, e digerir alimentos. Sem purês, sem colheradas, 
sem aviõezinhos, sem pressa na introdução dos sólidos. O BLW, acima de tudo, apoia-
se na ideia de que até um ano de idade o principal alimento do bebê é o leite – seja o 
leite materno ou artificial. 
Bom, com a popularidade crescente do método BLW em alguns países como Reino 
Unido, Nova Zelândia e Austrália, as pesquisas começaram a tomar forma. Em sua 
maioria trabalhos de análise de prontuários de pacientes e respostas de questionários 
aplicados com voluntários. 
Conforme essas pesquisas foram sendo conduzidas, foi-se percebendo que existia, entreas mães simpatizantes com o método, uma linha contínua de aderência ao BLW. Isso 
significa que algumas mães eram extremamente rígidas em seguir todas as “regras” que 
o livro propunha, outras nem tanto. E entre as mães “nem tanto”, algumas auxiliavam o 
bebê somente quando estavam comendo fora, ou quando precisavam oferecer algo que 
precisava de colher (como iogurte, por exemplo) e outras praticavam aproximadamente 
50/50 tradicional/BLW. 
Ou seja, existiam mães BLW para todos os gostos. Tanto, que alguns pesquisadores 
encontraram dificuldades para dividir essas mães em grupos, para poder compará-los 
(os grupos) entre si. Um dos estudos, por exemplo, utilizou um limiar de no máximo 10% 
de alimentação assistida (oferecida pelo cuidador) para definir quem seria adepto do 
BLW e quem seria adepto ao método tradicional. Já outros estudos optaram por separar 
 
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34 Combinação de métodos: isso existe? 
essas mães em grupos mais flexíveis. Tudo isso para poder comparar as diferenças nos 
resultados quando se aplicava o método BLW estritamente ou de maneira mais flexível. 
Interessantemente, uma proporção de famílias que reportaram estar utilizando o BLW 
estavam na verdade utilizando uma abordagem mais flexível do método, a qual incluía 
uma combinação de alimentação independente e alimentação assistida. Geralmente, 
isso ocorria quando o bebê era aparentemente incapaz de se alimentar sozinho (por 
exemplo quando estava doente) ou especificamente para garantir apropriada ingestão 
de ferro (em alguns países é muito comum oferecer o cereal rico em ferro no café da 
manhã após os seis meses). O que os pesquisadores puderam inferir foi que o BLW e a 
alimentação assistida não eram vistos pela comunidade como métodos dicotômicos 
(que seria um excluindo o outro), mas sim estilos de alimentação infantil que poderiam 
ser combinados para adequar as necessidades da criança e da família em determinadas 
situações. 
Outro fato importante a ser destacado é que a maior parte dos resultados positivos 
foram observados principalmente no grupo mais aderente ao BLW (pouca ou nenhuma 
oferta assistida). Famílias que seguiram o BLW de forma mais rígida também 
apresentaram melhores comportamentos em relação à saúde e nutrição. A maioria 
desses bebês foi amamentada exclusivamente até os seis meses e iniciaram alimentação 
complementar somente após essa idade, como sugere a OMS. Interessantemente, mães 
que seguiram o BLW rigidamente (pouca ou nenhuma oferta assistida) apresentaram 
melhores níveis de educação formal. 
Ainda sobre a oferta de papas, Rapley & Murkett (2008) são bem claras: 
 
“Acontece alguma coisa se eu combinar o BLW e a alimentação com a colher? 
A maioria dos bebês preferem comer sozinhos do que outra pessoa lhes dê de comer, 
porque tem prazer de fazer coisas por si próprios e aprender habilidades novas. Muitos 
pais recorrem ao BLW quando seu bebê se nega que lhe deem de comer com a colher. 
Existe um mito, segundo o qual se deve convencer os bebês para que aceitem a 
alimentação com a colher. Estes são alguns dos motivos mais frequentes: 
– a crença errônea de que os bebês tem que se “acostumar” à colher a certa idade. 
 – a crença errônea de que os bebês precisam comer iogurte diariamente e que não são 
capazes de comer sozinhos. 
– a preocupação pela sujeira que pode fazer um bebê que come sozinho. 
– a preocupação por não saber se o bebê come o suficiente por si só e precisam acabar 
de “enchê-lo” com purês. 
 
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35 Combinação de métodos: isso existe? 
Alguns pais querem que o bebê se acostume que lhe deem de comer com a colher, para 
se porventura precisem fazê-lo, e existem outros que simplesmente querem dispor desta 
opção, além e deixá-lo comer sozinho. 
Todavia, a opinião do bebê pode ser bem diferente. Muitos bebês que aprendem a comer 
sozinhos deixam em seguida muito claro que não querem que ninguém lhes dê de comer. 
Conseguem transmitir esta mensagem de múltiplas maneiras, e a principal é arrebatar 
a colher ao adulto. Isso é aparentemente certeiro no caso dos bebês que mamam no 
peito, já que até esse momento eles próprios tiveram controle da sua alimentação. 
Tenha em conta que, se de vez em quando você insiste em dar comida pro seu filho, 
enquanto que em outras ocasiões você o deixa comer sozinho, você estará enviando 
mensagens contraditórias sobre a confiança depositada nele e no tanto que você o 
permite ser independente. 
Se o bebê aceita a colher, pode-se combinar os purês com o método BLW sem se 
preocupar. Entretanto, se o método lhe interessou pelas vantagens que oferece ao bebê, 
RECOMENDAMOS que não dê os purês em cada refeição. Caso o faça, é possível que o 
bebê não pratique com texturas o suficiente ou que não tenha muitas oportunidades de 
praticar e desenvolver suas habilidades. Também existe a possibilidade de que vc caia 
na tentação de tentar persuadi-lo a comer mais do que comeria se sozinho. É melhor 
reservar a colher para alimentos concretos, como iogurtes e cremes por exemplo, ou dar 
(na mão) do bebê uma colher já cheia de vez em quando, para que seja ele quem decida 
quando levar à boca. (O livro ainda tem conselhos para como oferecer alimentos 
semilíquidos para que o bebê coma sozinho).” 
 
Ou seja, as autoras deixam claro que NÃO É PROIBIDO, mas quando oferecemos um purê 
ou oferecemos a comida com a colher para o bebê, também acabamos perdendo uma 
parte do conceito do BLW. Ainda temos inúmeras vantagens utilizando o método 
parcialmente, mas podemos estar deixando de ganhar algumas habilidades que são 
inerentes ao método em sua forma mais pura. 
Assim, de acordo com a TEORIA DO LIVRO, é que NÃO HÁ NECESSIDADE. Além disso, até 
o momento, ainda que demonstrados por resultados iniciais, não foram observados 
aspectos negativos com a aplicação do BLW de forma mais rígida (definida como pouca 
ou nenhuma oferta assistida). Pelo contrário, os resultados iniciais mostraram que os 
bebês expostos ao BLW desta forma apresentaram maior resposta de saciedade e 
redução da probabilidade de sobrepeso aos 18-24 meses. 
NA PRÁTICA, você deve fazer o que achar mais conveniente dentro do seu contexto! É 
evidente que cada ser humano é único e isso inclui o bebê, a mãe e a família como um 
todo. Por mais que as vezes tenhamos a intenção de praticar um método rígido, é 
possível que, por algum motivo – qualquer que seja, alguma “regra” nos escape. Isso 
não é uma característica só sua, mãe. Como você pôde ver, mesmo nos países onde o 
 
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método é altamente difundido, existem diferentes tipos de aderência ao método. Uns 
confiam plenamente; outros utilizam-se de alguns ensinamentos para complementar o 
que já vinham praticando sem muita noção do que estavam fazendo; outros tentam 
praticar o máximo de vezes possíveis mas deparam-se com dificuldades como: troca de 
cuidador, ida para a creche, horários apertados ou mal entendimento do método pela 
família. Você saberá o quanto da proposta do BLW cabe em sua vida, do seu bebê e sua 
família. Não se apegue aos rótulos, mas ao melhor que você pode fazer pelo seu bebê e 
sua família no momento. 
Por fim, quando estamos falando de um método cuja eficácia ainda não foi comprovada 
cientificamente, todo questionamento e toda análise pontual e de contexto é válida. 
Assim, é natural que uma mãe se questione se seu bebê ingere alimento suficiente com 
o BLW (as próprias pesquisas questionam isso e ainda não há uma resposta válida). 
Quando um bebê fica doente, quando um bebê demonstra pouco ou nenhum interesse 
pela comida, quando apresenta déficit de crescimento, aja

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