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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA AULA 6 Prof. Pedro Salanek 2 CONVERSA INICIAL Chegamos, enfim, à nossa última aula. Tivemos a oportunidade de debater de forma profunda diversos conceitos financeiros aplicados ao negócio e diretamente à área comercial desses negócios. Foi possível destacar com efetividade as etapas que envolvem uma gestão financeira, desde seu planejamento até sua execução e, obviamente, sua avaliação. Vamos destacar nessa nossa última aula desta última etapa, da avaliação. Mesmo já tendo falado muito em resultado ao longo de todo nosso módulo, destacaremos agora outros indicadores e outras formas de avaliar a performance da empresa. Vale destacar que a geração de resultado é um dos indicadores mais observados dos negócios. Podemos ter muitos indicadores, mas os de resultados ganham muita representatividade na avaliação e na mensuração de sucesso do negócio. CONTEXTUALIZANDO A verificação dos resultados acontece em diversas etapas do negócio. Ela se consolida por meio dos indicadores oficiais, principalmente aqueles apontados nas informações contábeis, considerando que a contabilidade apresenta a base oficial de resultados da empresa. A contabilidade expressa, por meio da DRE (demonstração de resultados do exercício), o resultado que ficará registrado como resultado histórico do negócio. Vale destacar que podemos verificar outros resultados também ao longo do processo. É possível averiguarmos o resultado do momento da venda, verificando o resultado do produto. Observe que neste caso avaliamos apenas quanto que o produto está trazendo de lucro, e não necessariamente a empresa como um todo. Geralmente, quando olhamos o resultado do produto, não observamos outros tipos de custos que também envolvem o negócio, como a depreciação, que é um registro especificamente contábil na avaliação dos resultados. A verificação do resultado do produto envolve muito a avaliação dos custos (diretos e indiretos) de produção e de venda. Examinamos muito este aspecto quando foi trabalhada a formação de preços. O gestor financeiro pode (e deveria) efetuar uma formação de preço mais detalhada e incluir também no cálculo do preço a depreciação, mas geralmente o que se observa na prática é a inclusão dos gastos desembolsáveis. Paula Realce 3 Temos também a avaliação dos resultados de retorno ao investidor, assunto que vamos aprofundar em um dos temas desta nossa última aula. Além de apresentar lucro (resultado positivo), toda empresa deverá remunerar de forma satisfatória o capital que foi investido nela. O questionamento que fazemos neste nosso último contexto é: será que uma empresa pode apresentar um lucro baixo e mesmo assim agradar ao investidor? Será que a análise de lucratividade (sobre as vendas) é diferente da análise de rentabilidade (sobre o capital investido)? Vamos refletir um pouco sobre essa questão para continuar a leitura no material. Os cinco temas desta aula são: 1. Lucratividade e rentabilidade; 2. DRE e ROI; 3. Projeção orçamentária; 4. Avaliação de resultados; 5. Orçado e realizado. TEMA 1 – LUCRATIVIDADE E RENTABILIDADE Estes dois temas geram muitas dúvidas no momento da avaliação dos resultados do negócio. É comum os termos serem usados como sinônimos, porém existem diferenças entre eles, as quais serão destacadas a partir de agora. Inicialmente vamos destacar o que é lucratividade e, posteriormente, o que é rentabilidade. Podemos dizer também que a lucratividade é uma forma de avaliação mais de curto prazo, pois tem relação do retorno sobre o volume de vendas. Por outro lado, a rentabilidade já é uma forma de avaliação de características de longo prazo, pois tem a relação do retorno sobre o volume de capital investido. 1.1 Lucratividade A lucratividade tem relação direta com as vendas da empresa. Observamos a lucratividade quando avaliamos aquilo que restou após todos os pagamentos registrados. Caso a empresa tenha apresentado o valor de resultado de R$ 100.000,00 e, naquele mesmo período, o valor de venda foi de Paula Realce Paula Realce Paula Realce Paula Realce Paula Realce 4 R$ 1.000.000,00, podemos afirmar que a lucratividade do negócio foi de 10%, ou seja, o valor de R$ 100.000,00 dividido por R$ 1.000.000,00. Quando é mencionado o termo lucratividade, a base de análise será então o faturamento. Sempre se obtém lucro sobre o volume vendido. Nessa situação, o percentual de lucro será obtido, conforme já mencionado, dividindo- se o volume de lucro pelas vendas. Nessa situação o lucro nunca será maior do que 100%. Já falamos dessa questão quando tratamos da formação de preços e mencionamos o cálculo do mark-up. Nessa questão de se avaliar sobre o faturamento, podemos verificar que o percentual de lucro nunca ultrapassará o limite de 100%, pois o lucro é uma parcela da venda. Para Luz (2015), a avaliação da lucratividade contempla o nível de ponto de equilíbrio que a empresa deseja atingir. A avaliação da lucratividade está associada a diferentes níveis de vendas. A empresa deve alcançar um nível de vendas mínimo para pagar todos seus gastos e, após esse volume, a empresa começa a gerar lucratividade. Importante Margem de lucro sempre é calculada sobre o valor de venda, e não sobre o valor de custo. A lucratividade também é vista como indicador de resultado operacional, visto que tem relação direta com a atividade desenvolvida. A empresa vai verificar o saldo gerado com base no trabalho todo realizado, sendo o saldo, o lucro e o trabalho todo realizado o nível de venda ou mesmo de faturamento. A empresa sempre irá desejar trabalhar com um resultado positivo para calcular a lucratividade. Dessa forma, espera-se que o volume gerado de receitas supere o volume gerado de gastos (custos e despesas). Quanto melhor essa relação, ou seja, maiores receitas em relação aos gastos, mais lucratividade a empresa irá apresentar. Diante desse contexto, para Guidani et al (2012, p. 94), é destacado um conjunto de fatores que irá demonstrar o sucesso do negócio sobre a ótima financeira. Os autores destacam que “melhor produto, menor custo, maior lucratividade e maior satisfação geral”. Salienta-se que quando a empresa gera lucro, esse é o volume em moeda que sobra após o pagamento dos gastos. Quando a empresa começa a Paula Realce Paula Realce Paula Realce Paula Realce Paula Realce Paula Realce Paula Realce Paula Realce 5 falar em lucratividade, é a relação percentual entre o lucro gerado e o volume de receita atingido. Guidani et al (2012) enfatizam a lucratividade como fator estratégico do negócio. Eles trazem destaque aos fatores competitivos, entre eles o nível de lucratividade. É muito comum o questionamento de qual o lucro mínimo ou o lucro ideal. Isso vai depender de cada tipo de negócio e de cada momento econômico e financeiro em que o negócio está inserido. Podemos afirmar que, de forma geral, a empresa terá que trabalhar para melhorar essa relação. Caso ela não consiga atingir níveis satisfatórios de lucratividade, poderá ter problemas futuramente se também estiver avaliando sua margem de rentabilidade. Saiba mais Para conhecer mais sobre lucratividade, acesse: <http://loungeempreendedor.com.br/2013/05/06/lucratividade/>. <http://exame.abril.com.br/pme/como-calcular-a-lucratividade/>. 1.2 Rentabilidade Agora destacaremos mais a avaliação dos indicadores de rentabilidade. Como mencionado na abertura deste tema, a rentabilidade tem características de longo prazo, e sua basede cálculo é o volume de capital investido na empresa. Quando é usado o termo rentabilidade, a base de análise será sempre o volume de investimentos realizados. Sempre se verifica o retorno sobre o volume investido. Nessa ocasião, o percentual de retorno será obtido dividindo- se o volume de retorno pelo investimento realizado. Nessa situação é possível, inclusive, em raras ocasiões, que o retorno seja até maior do que 100%. Vamos considerar que uma empresa gerou de lucro os mesmos R$ 100.000,00 que destacamos quando abordamos a lucratividade. Essa empresa teve um volume de investimentos de R$ 5.000.000,00. Neste caso teremos o volume de rentabilidade dividindo o total o resultado pelo total do investimento. Assim chegaremos ao índice de rentabilidade de 2%. Paula Realce Paula Realce 6 Importante: A margem de rentabilidade sempre é calculada sobre o valor do investimento realizado. Para Guidani et al (2012), “é apresentado o índice de rentabilidade com um indicador relevante de característica interna de avaliação, juntamente com outros indicadores de cunho econômico, financeiro e de gestão de pessoas e processos”. Vale ressaltar que, quando um investimento é realizado, se procuram verificar os riscos que envolvem esse investimento. Geralmente o investidor procura correlacionar a relação risco X retorno. Nessa relação ele avalia as possibilidades de ganho e irá investir naquela oportunidade que equilibra o risco com o retorno e apresenta, de certa forma, uma boa segurança para investimentos. Para Luz (2015, p. 116), é destacada diretamente essa relação de avaliação do investidor. “Para encontrar melhor equilíbrio entre risco e retorno, é importante que o administrador financeiro busque a composição adequada de fontes de financiamento de curto prazo que garanta bons índices de rentabilidade do negócio”. Saiba mais Acerca de rentabilidade, acesse: <https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/descubra-se-seu- negocio-e-rentavel,296ac97f2bc81510VgnVCM1000004c00210aRCRD>; <http://exame.abril.com.br/pme/como-calcular-a-rentabilidade-da-sua- empresa/>. 1.3 Lucratividade e rentabilidade Já identificamos o conceito dos dois indicadores de resultados: lucratividade e rentabilidade. Agora vamos fazer algumas reflexões sobre o uso deles. É possível uma empresa apresentar um índice de lucratividade baixo e um índice de rentabilidade satisfatório. Como assim? Você pode se perguntar? Nessa situação a empresa atinge uma margem baixa de resultado em relação ao seu faturamento, pelo menos abaixo do que a média de mercado Paula Realce Paula Realce Paula Realce Paula Realce 7 daquele mesmo segmento. Entretanto, o volume de resultado atingido com relação ao volume de investimentos possibilitou que o investidor ficasse satisfeito. Quando isso ocorre? Geralmente em situações em que o volume de vendas é muito superior ao volume de investimentos realizados. O volume de investimentos também será baixo quando o volume de endividamento da empresa for alto. Uma empresa muito endividada terá baixo volume de capital próprio investido, porém o alto volume de investimento provavelmente levará para um custo financeiro alto, principalmente se o volume de endividamento ficar muito concentrado junto aos bancos, que cobram juros, o que, por sua vez, reduzirá o lucro. De certa forma é desafiador para o negócio gerar resultado positivo para um negócio muito endividado. Outra possibilidade seria a empresa apresentar alta lucratividade e baixa rentabilidade. As empresas que trabalham muito com capital próprio precisam gerar muito resultado para rentabilizar toda sua expectativa de retorno. Nessa situação, pode ocorrer uma empresa ter um faturamento relativamente baixo e uma margem de lucratividade alta. Por outro lado, o volume de endividamento é baixo e, consequentemente, ela tem muito capital próprio e uma baixa remuneração. Se o volume de investimentos de capital próprio for maior que o volume de vendas, a empresa apresentará rentabilidade menor que a lucratividade. Saiba mais Entenda a diferença entre lucratividade e rentabilidade: <https://www.treasy.com.br/blog/rentabilidade-x-lucratividade-voce-sabe-a- diferenca>; <http://g1.globo.com/economia/pme/noticia/2016/07/voce-sabe-diferenca- entre-lucratividade-e-rentabilidade.html>. TEMA 2 – DRE e ROI Abordaremos agora a fonte das informações para o cálculo da lucratividade e da rentabilidade. O uso da DRE sempre será para o cálculo da lucratividade. Uma DRE expressa qual a estrutura de faturamento e de gastos que a empresa teve. Para calcular a rentabilidade, utilizaremos a relação com o volume de capital. Paula Realce Paula Realce 8 Agora apresentaremos outro indicador em percentual. O ROI é uma relação da lucratividade com o capital investido. Geralmente a conta é feita da seguinte forma: uma divisão do lucro com o valor que o dono da empresa investiu. 2.1 DRE A DRE é uma demonstração contábil dos resultados que a empresa atingiu. Ela está estruturada de forma afunilada. Isso significa que tem no seu início o maior valor atingido, ou seja, o faturamento. No restante da estrutura, vão demonstrados todos os gastos e desembolsos realizados (conforme critérios contábeis) e finaliza-se com a margem líquida de lucro. Para Dantas (2015, p. 63), “a DRE tem como objetivo principal apresentar de forma resumida e vertical o resultado das operações realizadas pela entidade, durante o exercício social”. Para Luz (2014, p. 10), a descrição sobre a DRE é bem mais detalhada, efetuando relação entre a estruturação do balanço patrimonial com a apresentação dos ativos e passivos: A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é um relatório que expressa o montante de receitas e despesas geradas em determinado período e que, em observância ao princípio da competência, são escrituradas nesse período. É elaborada concomitantemente com o Balanço Patrimonial e os demais relatórios obrigatórios (...). Pode-se dizer que consiste num resumo das operações realizadas pela empresa no decorrer de determinado período de tempo e que envolvem uma receita e um consumo de recursos (gasto ou perda). Esse relatório informa ao gestor um dos índices mais importantes da empresa, que é o resultado (lucro ou prejuízo) líquido do exercício. A Demonstração do Resultado do Exercício permite investigar a estrutura, a formação e a composição do resultado de um determinado exercício social. Por meio da análise desse documento, pode-se compreender o desempenho econômico e financeiro de qualquer atividade. Muitas vezes uma DRE é apresentada de forma relativa, ou seja, por meio de percentuais sobre o faturamento. Diante disso podemos definir que a DRE, em valores monetários, apresentará o final o volume de lucro, e a DRE, em percentuais, apresentará o volume de lucratividade. Observe na tabela 1 o detalhamento sobre os indicadores de uma DRE. Paula Realce Paula Realce Paula Realce Paula Realce Paula Realce Paula Realce 9 Tabela 1 – Exemplo de DRE (demonstração de resultado do exercício) ITENS VALORES EM (R$) % SOBRE A RECEITA Receitas totais R$ 1.000.000,00 100% Receitas líquidas R$ 900.000,00 90% Custos totais (R$ 500.000,00) 50% Margem bruta R$ 400.000,00 40% Despesas operacionais (R$ 200.000,00) 20% Margem operacional R$ 200.000,00 20% Resultado financeiro (R$ 50.000,00) 5% Margem após financeiro R$ 150.000,00 15% Impostos sobre lucro (R$ 50.000,00) 5% Margem líquida R$ 100.000,00 10% 2.2 ROI A definiçãoliteral de ROI é: retorno sobre investimento (que na tradução livre em inglês, return on investment ou ROI). É considerada uma taxa de retorno sobre o volume investido. È dita também como a relação entre o dinheiro ganho ou perdido através em relação a um determinado investimento. Esse indicador tem um grande objetivo: demonstrar para o dono da empresa se compensa mais ele investir seu dinheiro na empresa ou, por exemplo, na poupança. Para exemplificar, observe a seguinte situação. Uma empresa investiu no primeiro ano R$ 500.000,00. No final do ano, observou-se que o resultado gerado da empresa foi de R$ 50.000,00 – ou seja, seu retorno foi de 10% ao ano. Esse patamar de resultado pode ser comparado com outras oportunidades de investimentos que existem no mercado, como a poupança, que geralmente remunera em 6%. Podemos afirmar que o resultado atingido foi superior à taxa de atratividade de mercado, a qual pela poupança era de apenas 6%. Quando é mencionado o ROI, isso quer dizer que há relação com todo o investimento realizado, tanto aqueles com o capital próprio como com o capital de terceiros. Existe também o ROE (Retorn ou equity). Este já utiliza por base apenas o volume de capital próprio. O ROI somente será igual ao ROE se a empresa tiver somente capital próprio. Saiba mais Acesse os sites a seguir e conheça mais sobre o ROI e o ROE: <https://endeavor.org.br/roi/>; Paula Realce Paula Realce Paula Realce Paula Realce Paula Realce Paula Realce Paula Realce Paula Realce 10 <https://meusucesso.com/artigos/financas/roi-o-que-e-e-como-calcular-o- retorno-sobre-investimento-12/>; <https://www.tororadar.com.br/investimento/analise-fundamentalista/roe- retorno-sobre-o-patrimonio-liquido>. TEMA 3 – PROJEÇÃO ORÇAMENTÁRIA 3.1 Importância das projeções Como nosso módulo está sendo concluído, algumas questões gerais e até já comentadas no módulo merecem ser resgatadas. Uma delas diz respeito à importância das projeções. Uma empresa sem planejamento é um barco à deriva, ou seja, não sabe para onde está indo. O orçamento e as demais ferramentas de projeção de resultados são fundamentais para uma boa condução do negócio. Quando a empresa está elaborando seu planejamento, ela deverá avaliar o volume de capital que necessita captar para realizar seus investimentos e atingir seus objetivos. Essas decisões envolvem avaliação de resultado de curto e de longo prazo. A empresa, quando faz essas projeções, determina também qual será seu nível máximo de endividamento, ou seja, até quando suporta captar recursos de terceiros para honrar esses pagamentos dentro da sua capacidade de geração de caixa. Junto a essas decisões, os indicadores de resultado (lucratividade e rentabilidade) vão acompanhando o gestor financeiro. Luz (2015, p. 165) dá destaque para o processo de planejamento da elaboração do orçamento: Planejar é estabelecer, antecipadamente, ações que precisem ser executadas dentro de cenários e condições previamente estabelecidos, estimando os recursos necessários à sua execução e atribuindo responsabilidade e metas a todas as áreas envolvidas para que os objetivos sejam atingidos. O orçamento precisa caminhar junto com o planejamento estratégico do negócio. A empresa somente caminhará de forma segura se todo seu planejamento estiver sido representado em números e se esses números são possíveis de serem atingidos. Luz (2015, p. 166) também compartilha da importância do planejamento estratégico. Paula Realce Paula Realce Paula Realce Paula Realce 11 O planejamento estratégico é de longo prazo, envolve grande volume de recursos e, normalmente, contém um nível de risco elevado. As decisões tomadas são da alta administração e apresentam pouca possibilidade de reversão na hipótese de insucesso. Para Guidani et al (2012), o planejamento é fundamental para a condução dos negócios. Eles destacam que a criação de um planejamento estratégico orçamentário deve conter análise interna, análise externa, análise SWOT da empresa e as definições de estratégias. Com a definição das estratégias, a companhia apresentará um plano de implementação. Deverá ser elaborado um plano para cada área que envolve o negócio, como as áreas comercial e administrativa. Para finalizar todo esse processo de planejamento estratégico orçamentário, deverá ser realizada uma análise integrada dos orçamentos. TEMA 4 – AVALIAÇÃO DE RESULTADOS 4.1 Geração de resultados Além dos resultados econômicos, as empresas precisam produzir outros resultados de cunho mais abrangente, principalmente na esfera socioambiental. Atualmente, no mundo dos negócios, as empresas precisam equilibrar seu resultado sobre três dimensões: a econômica, a social e a ambiental. Esse fato criou uma espécie de novo paradigma para os negócios. As empresas necessitam pensar na sua continuidade não apenas na geração de lucro e de rentabilidade para investidores. Diante desse fato, além dos investimentos econômicos, os negócios precisam criar e viabilizar investimentos socioambientais. Ela deve avaliar como pode estruturar projetos que contemplem e que venham a melhorar a localidade onde elas estão instaladas. Vale para o contexto essa frase do fundador do Grupo Boticário, Miguel Krignser: “É ótimo ganhar dinheiro, mas se a nossa vida é apenas ganhar dinheiro, acho que, talvez, seja a maior pobreza que a gente pode ter”. 4.2 Geração de resultado sustentável Em relação ao conceito de sustentabilidade empresarial, o Instituto Ethos traz a seguinte definição: “Assegurar o sucesso do negócio no longo Paula Realce Paula Realce Paula Realce Paula Realce Paula Realce 12 prazo e ao mesmo tempo contribuir para o desenvolvimento econômico e social da comunidade, com um meio ambiente saudável e uma sociedade estável”. Para Salanek Filho (2016, p. 6): A tendência atual dos negócios pressupõe que as empresas, de forma geral, sejam rentáveis e gerem resultados econômicos, mais também contribuam efetivamente para o desenvolvimento da sociedade e para a conservação do meio ambiente. As corporações também estão percebendo que os consumidores vêm se caracterizando de forma mais exigentes, não somente com relação à qualidade dos produtos e serviços que consomem, mas também através de uma postura diferenciada, querendo interagir com organizações que sejam éticas, com boa imagem institucional e que atuem de forma socioambiental responsável. As empresas estão, cada vez mais, incorporando o conceito de sustentabilidade em seus negócios. As estratégias estão voltadas para continuidade do negócio de forma responsável, contemplando as necessidades da comunidade e a conservação dos aspectos ambientais. Algumas empresas já vêm desenvolvendo uma gestão de negócio responsável, que contempla: os processos produtivos, os projetos ambientais e sociais, a tecnologia empregada, a avaliação de impactos ambientais, enfim conduzindo o negócio de uma forma ampla e sistêmica. Dentro destes aspectos holísticos é que as empresas estarão efetivamente gerando valor para os seus negócios! Atualmente, as organizações são questionadas no sentido de trabalharem para recuperar o meio ambiente, gerarem empregos, levarem desenvolvimento para as localidades no seu entorno, ajudarem a combater os trabalhos escravo e infantil e promoverem a saúde pública. 4.3 O resultado triplo Algumas empresas já vêm desenvolvendo uma gestão de negócio responsável, que contempla: os processos produtivos, os projetos ambientais e sociais, a tecnologia empregada, a avaliação de impactos ambientais, conduzindoo negócio de forma ampla e sistêmica. Dentro destes aspectos holísticos é que as empresas estarão efetivamente gerando valor para seus negócios. O conceito mais conhecido de desenvolvimento sustentável corporativo apoia-se na integração dos pilares sociais, ambientais e econômicos, constituindo o tripé conhecido como triple-bottomline. Nessa linha, o desenvolvimento sustentável apresenta três grandes dimensões principais: crescimento econômico, equidade social e equilíbrio ecológico. Em outras palavras, o desenvolvimento sustentável equilibra as dimensões econômica, social e ambiental. Paula Realce Paula Realce Paula Realce Paula Realce Paula Realce 13 Alguns especialistas ampliam a visão da empresa sustentável para outras dimensões. Ignacy Sachs, um dos mais respeitados autores de temas relacionados à sustentabilidade, abordava inicialmente cinco grandes dimensões (econômica, ambiental, social, espacial e cultural). Atualmente ele já ampliou para oito dimensões, incluindo também: a política (nacional), política (internacional) e a ecológica. O foco neste nosso módulo contemplará, de forma mais efetiva, o tripé da sustentabilidade. O tripé da sustentabilidade é o primeiro modelo que foi aplicado nos negócios, descrevendo que as empresas deveriam ser ambientalmente corretas, socialmente justas e economicamente viáveis. Após a formação desse modelo, foram incluídas também as dimensões cultural e espacial, conforme já citado. O local e a estrutura cultural da sociedade passaram a ser considerados também para se atingir o desenvolvimento. “A missão de uma empresa é criar valor para a sociedade. Só com essa percepção ela tem chance de se perpetuar e remunerar melhor os seus acionistas”. (Guilherme Leal, da empresa Natura, no artigo “O estigma do lucro”). Apesar de todo esse direcionamento pelas questões socioambientais, elas devem ser aplicadas como forma de a empresa continuar existindo e remunerando seus investidores. Uma empresa precisa gerar lucro. Essa é a grande finalidade de existência dela, porém esse resultado não pode ser gerado a qualquer custo, principalmente com desequilíbrios socioambientais. A empresa precisa enxergar na sustentabilidade uma nova oportunidade de reposicionar seus negócios. 4.4 O fator lucro e a sustentabilidade dos negócios Um grande dilema para as empresas começa a ser formado. Como manter a lucratividade e a rentabilidade do negócio com tantos investimentos socioambientais? Caso a visão do empresário continue dessa forma, mostrará que ele não está olhando o negócio de maneira sistêmica. Se ele ver o lado socioambiental como custo, e não como investimento, isso mostrará que ele não entendeu nada dessa discussão. Paula Realce Paula Realce Paula Realce Paula Realce 14 O artigo “O estigma do lucro” (recomendado para leitura no final deste tema) destaca esse debate e traz o seguinte trecho: É bem possível, em muitos casos e até provável, que empresas que se preocupam com o ambiente e a comunidade acabem se tornando mais lucrativas. Mas não há uma relação necessária de causa e efeito entre os dois fatos... Alguns estudiosos chamam a atenção para esse dilema. Se o dinheiro investido em projetos sociais sai da linha de custo das companhias, ele reduz o lucro do acionista. Se é adicionado ao preço dos produtos, encarece a vida do consumidor. No Brasil, há ainda uma terceira alternativa, quando o projeto é financiado com incentivos fiscais. Não se deve tratar da questão como um dogma, mas a sociedade muitas vezes não sabe de onde vem o dinheiro. Apenas o posicionamento dentro de uma visão sistêmica permitirá que a empresa alinhe os interesses econômicos com os interesses socioambientais e culturais. Investir em sustentabilidade é necessário. Este investimento deve ser muito bem avaliado, para que, ao longo do tempo, seja mais lucrativo para o negócio e efetivamente para o acionista. Somente dessa forma o negócio continuará existindo. Um negócio que não pensa em sustentabilidade não será viável no futuro. Saiba mais Sobre geração de resultado sustentável, acesse: <http://www.administradores.com.br/noticias/negocios/o-estigma-do- lucro/4402/>; <http://revistageracaosustentavel.blogspot.com.br/2010/07/artigo-afinal-o- que-e-mesmo.html>. TEMA 5 – ORÇADO E REALIZADO Chegamos ao último tema da nossa aula e também ao último tema do nosso módulo. Durante toda nossa conversa, sempre foi buscado o destaque a conteúdos relevantes para a formação do gestor comercial, com o intuito de demonstrar a importância da gestão financeira nos negócios. Essa última etapa abordará um olhar de missão cumprida. É o momento que a gestão financeira avalia a qualidade do planejamento (previsão) com o empenho da execução (realizado). Vamos destacar fatores relevantes nesse momento de consolidação das informações financeiras. Paula Realce 15 5.1 Gestão do caixa Após a elaboração do orçamento, as decisões financeiras posteriores que envolvem os investimentos, os pagamentos e os recebimentos terão inicialmente uma influência no fluxo de caixa e, posteriormente, na contabilidade da empresa. De forma geral, podemos dizer que as decisões financeiras, em algum momento, irão impactar no caixa da empresa e na contabilidade. O gestor financeiro precisa ter em mente a importância da gestão de caixa para o bom andamento das operações da empresa. Ter dificuldades de caixa, ou seja, não conseguir honrar os pagamentos dentro do vencimento, poderá comprometer seriamente o negócio como um todo. Luz (2015, p. 128) traz um destaque sobre a gestão do caixa, reservando um tópico de sua publicação para essa questão: A gestão de caixa significa, em síntese, manter liquidez imediata suficiente à manutenção das atividades da empresa. É importante que o saldo de caixa seja o menor possível, uma vez que esse saldo não proporciona retorno operacional explícito, entretanto, a principal razão que o torna necessário é a incerteza relacionada ao fluxo de recebimentos e pagamentos. De outro lado, se a opção do administrador financeiro for por maior liquidez imediata, ou seja, pela manutenção de maiores saldos de caixa, essa maior segurança proporciona, também maior custo de oportunidade, pois um volume maior de recursos ficará sem rentabilidade. A manutenção do saldo necessário de caixa é um dos grandes desafios (se não o maior) do gestor financeiro. Encontrar esse equilíbrio para que não falte, mas também não sobre, recursos demasiadamente no caixa mostrará a boa gestão de tesouraria. A gestão de fluxo de caixa, com o uso de previsões de curto e de médio prazo, é a responsável por todo esse controle. Os fatores de sazonalidade que envolvem o negócio também contam (e muito) para essa gestão de saldo de tesouraria. Luz (2015, p. 128) ainda faz outras considerações relevantes para esse processo: A adequada gestão de caixa permite que se conheçam os fatores que levam o caixa da empresa e determinado comportamento e a análise desses fatores, por sua vez, pode revelar se a empresa é capaz de gerar recursos suficientes, não só para o financiamento de suas atividades operacionais, como também para sua capacidade de pagar dívidas e promover investimentos, mostrando seu grau de independência financeira. Paula Realce Paula Realce Paula Realce Paula Realce 16 A gestão de caixa é um termômetro que evidencia a variação de tensão entre gerir o período dos recebimentos (gerar liquidez) e ajustá-lo para o período adequado (prazo de pagamentos). Vale ressaltar alguns pontos que já forambem debatidos ao longo do nosso módulo. O orçamento deve determinar o rumo financeiro que a empresa deve tomar, e o fluxo de caixa (sincronizado entre pagamentos e recebimentos) demonstra a efetividade de um orçamento bem elaborado. O fluxo de caixa é a consolidação do orçamento no presente. Após o planejamento do orçamento e a realização do fluxo de caixa, todos esses fatores irão impactar na contabilidade, por meio dos lançamentos contábeis e a geração da DRE. Saiba mais Sobre gestão de caixa, acesse: <http://www.asseinfo.com.br/blog/tres-principais-objetivos-da-gestao-de- fluxo-de-caixa/>; <http://esagjr.com.br/a-importancia-do-fluxo-de-caixa-para-a-sua-gestao- financeira/>. TROCANDO IDEIAS Para fechar nossa última aula, vamos destacar as questões relacionadas a uma gestão financeira integrada. De certa forma, este foi um dos pontos destacados na nossa primeira aula. O gestor financeiro precisa enxergar o todo e ter o discernimento de que suas decisões impactarão no caixa da empresa. Outro ponto relevante em nossa aula foi a relação do lado financeiro com os fatores socioambientais relacionados à empresa. Um negócio administrado de forma holística precisa compreender que, para existir no futuro, terá que realizar investimentos e respeitar os fatores socioambientais. NA PRÁTICA A última atividade do nosso módulo será bem simples. Elabore uma análise vertical da DRE a seguir e apresente o índice de lucratividade sobre o volume de receitas totais. Paula Realce 17 Tabela 2 – Exemplo de DRE (demonstração de resultado do exercício) ITENS VALORES EM (R$) % SOBRE A RECEITA Receitas totais R$ 3.500.000,00 Receitas líquidas R$ 3.300.000,00 Custos totais (R$ 2.600.000,00) Margem bruta R$ 700.000,00 Despesas operacionais (R$ 480.000,00) Margem operacional R$ 220.000,00 Resultado financeiro (R$ 50.000,00) Margem após financeiro R$ 170.000,00 Impostos sobre lucro (R$ 65.000,00) Margem líquida R$ 105.000,00 FINALIZANDO Na abertura desta aula, destacamos a questão dos indicadores de resultado, com grande ênfase à lucratividade e à rentabilidade. Os indicadores de resultado são, sem dúvidas, os mais relevantes na gestão financeira. Se a empresa apresentar indicadores de resultados crescentes ao longo do tempo, provavelmente terá os demais indicadores com boas performances também. As empresas, do ponto de vista financeiro, trabalham para a melhoria constante de seus resultados, tanto para o gestor (lucratividade) como para o investidor (rentabilidade). Paula Realce 18 REFERÊNCIAS DANTAS, I. Contabilidade: introdução e intermediária. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2015. GUIDANI, A. et al. Planejamento estratégico orçamentário. Curitiba: InterSaberes, 2012. LUZ, É. E. Análise e demonstração financeira. São Paulo: Pearson Education do Brasil. 2014. LUZ, A. E. Introdução financeira e orçamentária. Curitiba: InterSaberes, 2015. O ESTIGMA do lucro. Administradores. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/noticias/negocios/o-estigma-do- lucro/4402/>. Acesso em: 18 set. 2017. SALANEK FILHO, P. Finanças corporativas e valuation. GBA: Global Business Administration. ISAE: Instituto Superior de Administração e Economia, 2016.
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