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ANÁLISE E DECISÕES FINANCEIRAS

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Disciplina: Análise e Decisões Financeiras 
Autora: Lúcio Flávio Bicalho 
Unidade de Educação a Distância
ANÁLISE E DECISÕES FINANCEIRAS
Autor: Lúcio Flávio Bicalho
Belo Horizonte / 2012
 ESTRUTURA FORMAL DA UNIDADE DE EDUCAÇÃO A DISTÃNCIA
REITOR
LUÍS CARLOS DE SOUZA VIEIRA
PRÓ-REITOR ACADÊMICO
SUDÁRIO PAPA FILHO
COORDENAÇÃO GERAL
AÉCIO ANTÔNIO DE OLIVEIRA
COORDENAÇÃO TECNOLÓGICA
EDUARDO JOSÉ ALVES DIAS
COORDENAÇÃO DE CURSOS GERENCIAIS E ADMINISTRAÇÃO 
HELBERT JOSÉ DE GOES
COORDENAÇÃO DE CURSOS LICENCIATURA/ LETRAS 
LAILA MARIA HAMDAN ALVIM
COORDENAÇÃO DE CURSOS LICENCIATURA/PEDAGOGIA 
LENISE MARIA RIBEIRO ORTEGA
INSTRUCIONAL DESIGNER
DÉBORA CRISTINA CORDEIRO CAMPOS LEAL
KELLY DE SOUZA RESENDE
PATRICIA MARIA COMBAT BARBOSA
EQUIPE DE WEB DESIGNER
CARLOS ROBERTO DOS SANTOS JÚNIOR
GABRIELA SANTOS DA PENHA
LUCIANA REGINA VIEIRA
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
FERNANDA MACEDO DE SOUZA ZOLIO
RIANE RAPHAELLA GONÇALVES GERVASIO
AUXILIAR PEDAGÓGICO
ARETHA MARÇAL DE MACÊDO SILVA
MARÍLIA RODRIGUES BARBOSA
REVISORA DE TEXTO
MARIA DE LOURDES SOARES MONTEIRO RAMALHO
SECRETARIA
LUANA DOS SANTOS ROSSI 
MARIA LUIZA AYRES
MONITORIA
ELZA MARIA GOMES
AUXILIAR ADMINISTRATIVO
THAYMON VASCONCELOS SOARES
MARIANA TAVARES DIAS RIOGA
AUXILIAR DE TUTORIA
FLÁVIA CRISTINA DE MORAIS
MIRIA NERES PEREIRA
RENATA DA COSTA CARDOSO
Sumário
5Unidade 1: Introdução à Administração Financeira
21Unidade 2: Desempenho Operacional
35Unidade 3: Análise Financeira
52Unidade 4: Decisões Financeiras de Longo Prazo I
68Unidade 5: Decisões Financeiras de Longo Prazo II
84Unidade 6: Decisões Financeiras de Curto Prazo I
100Unidade 7: Decisões Financeiras de Curto Prazo II
Ícones
	Comentários
	
	Reflexão
	
	Dica
	
	Lembrete
	
Unidade 1: Introdução à Administração Financeira
1. Nosso Tema
Iniciaremos os nossos estudos falando sobre o que é Administração Financeira, como ela está inserida no contexto das finanças e, principalmente, de que forma ela pode contribuir para uma boa gestão das empresas. O estudo e o domínio desse tema são de extrema importância para que as organizações possam gerir bem seus recursos financeiros e continuar operando no mercado.
O objetivo deste capítulo é fornecer a você uma visão geral da administração financeira, incluindo alguns conceitos importantes desta área. Na administração das organizações, todas as decisões gerenciais são importantes e têm reflexo no patrimônio da empresa, porém iremos focar especificamente nas decisões que envolvem as finanças de um modo geral.
Dessa forma, iremos abordar os seguintes aspectos da Administração Financeira:
O papel das finanças e do administrador financeiro;
A dinâmica das decisões financeiras;
A Administração Financeira e os objetivos da empresa;
O ambiente operacional da empresa;
Ações administrativas para maximizar a riqueza dos acionistas.
A principal meta da administração financeira está relacionada à rentabilidade sobre os investimentos efetuados pelos acionistas. É fundamental para a sobrevivência das empresas que elas sejam lucrativas, entretanto não se pode descuidar de outros aspectos, como, por exemplo, a liquidez.
Definimos como objetivos de aprendizagem da unidade 1:
Definir finanças e descrever suas principais áreas;
Conhecer quais são as dinâmicas que envolvem as decisões financeiras;
Discutir a importância desta ciência para a sobrevivência das organizações;
Esperamos que, ao longo desta unidade, você possa adquirir novos conhecimentos que lhe serão úteis durante a realização do seu curso.
Para Refletir
Esta disciplina de “Análise e Decisões Financeiras” tem o intuito de prepará-lo para tomar decisões que envolvem os diversos aspectos das finanças dentro de uma empresa. 
Tudo que acontece nas diversas áreas de uma organização tem reflexo direto no seu caixa, mesmo que aparentemente não tenha nenhuma relação.
Para que você perceba qual a importância da Administração Financeira na gestão das empresas, sugerimos-lhe que reflita sobre as seguintes questões:
O que é Administração Financeira?
Como são tomadas as decisões financeiras?
De que forma uma decisão na área de produção de uma indústria pode ter reflexo no 
seu caixa ou no valor de suas ações no mercado financeiro? 
Fique tranqüilo, no nosso conteúdo didático, serão apresentadas algumas informações que irão auxiliá-lo a responder a essas e a outras questões igualmente importantes no que se refere à Administração Financeira.
Vamos continuar?
2. Conteúdo Didático
2.1. O papel das Finanças e do Administrador Financeiro
Num primeiro momento, Finanças pode ser definida como a administração dos recursos financeiros. Entretanto, esse conceito não abrange todos os aspectos dessa ciência, já que ela permeia todas as áreas de uma organização, mesmo quando não se trata diretamente com esse bem escasso, que é o dinheiro.
Gitman (2002) define Finanças como sendo a arte e a ciência de administrar fundos e que se ocupa do processo, instituições, mercados e instrumentos envolvidos na transferência desses fundos entre pessoas, empresas e governos. 
De acordo com Weston e Brigham (2000), as finanças consistem em três áreas inter-relacionadas:
Mercados monetários e de capitais: áreas que lidam com muitos dos tópicos cobertos em macroeconomia. O mercado monetário é o conjunto formado por bancos comerciais e empresas financeiras de crédito e operam no curto ou curtíssimo prazo. Já o mercado de capitais é o conjunto de instituições como bolsas de valores e instituições financeiras (bancos, corretoras etc.) ligadas à intermediação de ativos financeiros como ações ou títulos de dívida em geral.
Investimentos: área que focaliza as decisões de indivíduos, de instituições financeiras e de outras instituições enquanto escolhem títulos para suas carteiras de aplicações. O investimento é o emprego da poupança em atividade produtiva, com o objetivo de auferir ganhos a médio ou longo prazo. É a aplicação de recursos em algum tipo de ativo financeiro visando o lucro. A principal fonte dos recursos destinados ao investimento é a poupança das pessoas e empresas.
Administração Financeira: área que abrange o conjunto de atividades visando gerir as finanças de uma empresa ou organização. Também conhecida como “finanças empresariais”, envolve a administração efetiva das empresas e diz respeito às atividades do administrador financeiro no uso de suas funções.
Das três áreas citadas que envolvem as finanças, a Administração Financeira é a que demanda um maior número de atividades e oferece o maior número de oportunidades de emprego aos profissionais que desejam ingressar na área financeira.
A Administração Financeira está intimamente relacionada com a Economia e com a Contabilidade, mas difere bastante dessas áreas. Nas tomadas de decisão, o Administrador Financeiro deve estar atento à conjuntura econômica e às políticas econômicas, pois elas afetam diretamente o resultado das operações na empresa. 
Com referência à Contabilidade, as ações do Administrador Financeiro são definidas, na maioria das vezes, após analisar os demonstrativos contábeis. Porém, Contabilidade é bastante formal e segue certos princípios mundialmente padronizados, além da legislação fiscal. Assim, os relatórios contábeis são elaborados seguindo uma abordagem que é conhecida como regime de competência. Por outro lado, as finanças trabalham com ênfase no fluxo de caixa, ou seja, entradas e saídas dos recursos financeiros na empresa. Neste enfoque, a maior preocupação do gestor financeiro é manter a solvência e não atrasar os pagamentos dos compromissos assumidos pela empresa. Essa abordagem é conhecida como regime de caixa.
Administrar um negócio, seja ele uma microempresa ou uma grande organização, envolve muitas funções diferentes e exige dos seus administradores conhecimentos técnicos e muita criatividade. Com o Administrador Financeiro não é diferente, e são várias as atividades inerentes a essa função. Vejamos a seguir quais são elas.
Atividades do Administrador Financeiro
A tarefa básica do AdministradorFinanceiro é adquirir e usar recursos financeiros de forma que maximize o valor da empresa. Gitman (2002) destaca que as atividades do administrador financeiro podem ser relacionadas às demonstrações financeiras básicas da empresa, em especial ao Balanço Patrimonial, como mostra a figura abaixo.
Atividades Financeiras
	
	
	Balanço Patrimonial
	
	
	
	
	 
	 
	 
	 
	 
	
	 
	
	Decisões de
	 
	Ativos
Circulantes
	Passivos Circulantes
	
	Decisões de onde
	onde
	 
	 
	 
	 
	 
	
	obter
	investir
	 
	 
	 
	 
	 
	
	financiamento
	
	 
	Ativos Permanentes
	Recursos Permanentes
	
	 
	
	
	 
	 
	 
	 
	 
	
	 
	
 Fonte: O autor, baseado em Gitman (2002)
Ainda segundo Gitman (2002, p. 14), são três as atividades básicas:
1. Análise e planejamento financeiro: dizem respeito à (1) transformação dos dados financeiros, de forma que possam ser utilizados para monitorar a situação financeira da empresa, (2) avaliação da necessidade de se aumentar (ou reduzir) a capacidade produtiva e (3) determinação de aumentos (ou reduções) dos financiamentos requeridos. O objetivo principal dessas três atividades é avaliar o fluxo de caixa da empresa e garantir a disponibilidade de recursos no futuro.
2. Decisões de investimento: as decisões de investimento do administrador financeiro determinam a combinação e o tipo de ativos constantes do balanço patrimonial da empresa. Essa atividade diz respeito ao lado esquerdo do balanço. A combinação refere-se ao montante de recursos aplicados em ativos circulantes e em ativos permanentes. Estabelecidas essas proporções, o administrador financeiro deve fixar e tentar manter certos níveis ótimos para cada tipo de ativo circulante.
3. Decisões de financiamento: essa atividade relaciona-se com o lado direito do balanço e envolve duas áreas principais. Primeiro, a combinação mais apropriada entre financiamentos a curto e a longo prazo deve ser estabelecida. Uma segunda preocupação igualmente importante, é que fontes individuais de financiamento, a curto ou a longo prazos, são as melhores, em um dado instante. Muitas dessas decisões são ditadas pela necessidade, mas algumas requerem uma análise aprofundada das alternativas de financiamento disponíveis, de seus custos e suas implicações a longo prazo.
2.2. Dinâmica das Decisões Financeiras
Não há dúvidas de que todas as decisões tomadas nas mais diversas áreas da empresa refletem no caixa da empresa e, portanto, têm uma conotação financeira. Uma simples mudança no processo produtivo da fábrica pode ter reflexos positivos ou negativos na lucratividade e, consequentemente, no caixa da empresa. 
Portanto, há implicações financeiras em virtualmente todas as decisões empresariais, e os executivos não-financeiros simplesmente devem entender o bastante de finanças para trabalhar essas implicações em suas análises específicas. Por isso, todo estudante de administração, qualquer que seja sua especialidade, deve se preocupar com
 finanças.
Segundo Assaf Neto (2003), a administração financeira é uma ciência que estuda a teoria e a prática das finanças e tem como objetivo principal garantir uma eficiente captação de recursos e a melhor aplicação desse capital. Nesse contexto, a administração financeira defronta com o maior problema da economia e das finanças, que é a escassez de recursos. Sendo assim, a excelência na administração financeira se traduz em gerenciar da melhor maneira esse bem escasso e conservar a liquidez das empresas.
É fato que as empresas evoluíram muito ultimamente, tornando-se mais complexas e globalizadas. Concomitantemente, evoluiu também a área financeira, exigindo do administrador uma visão mais abrangente da empresa, realçando suas estratégias de competitividade, continuidade e crescimento futuro. A verdade é que hoje o administrador financeiro não pode ficar restrito às funções de captação de recursos e aplicação nas atividades operacionais da empresa. Ele deve ir mais além, ou seja, é sua função também gerenciar esses recursos de forma a manter a saúde econômica e financeira da empresa e alcançar as metas estabelecidas.
Tais responsabilidades ficam mais evidentes em países como o Brasil, onde há uma escassez de capital no mercado, ao mesmo tempo em que as taxas de juros praticadas estão entre as maiores do mundo. Desta forma, torna-se fundamental uma análise bastante criteriosa de todo novo projeto que a empresa esteja pretendendo implantar, por mais atraente que possa parecer.
O fato é que, atualmente, as decisões de captação e aplicação de recursos exigem maior nível de conhecimento e especialização do administrador financeiro, além de uma visão estratégica e globalizada com relação aos objetivos traçados para a organização. Está sendo exigido desse profissional das finanças uma visão crítica bastante acurada e uma postura proativa na solução dos problemas. Suas atividades tornam-se mais importantes, assumindo maiores níveis de responsabilidade, prevendo-se grandes desafios para o futuro.
Segundo Assaf Neto (2003), dentro do ambiente empresarial, a administração financeira volta-se basicamente para as seguintes funções: Planejamento financeiro, Controle financeiro, Administração de ativos e Administração de passivos. Vá até sua aula online e veja mais detalhadamente cada uma dessas funções.
Você sabia que as decisões de investimento envolvem todo o processo de identificação e seleção das melhores alternativas de aplicação e são avaliadas pela relação risco x retorno?
Serão considerados atraentes os investimentos que tiverem o retorno superior ao exigido pelos acionistas.
Na prática, as empresas se utilizam de diversas fontes de recursos, tais como fornecedores, bancos, acionistas etc., as quais possuem diferentes condições de custo, amortizações, prazos e garantias exigidas. Essas alternativas devem ser analisadas em conjunto, de forma a adequar o passivo às características de rentabilidade e liquidez das aplicações desses recursos.
Assim, a Administração Financeira torna-se uma ferramenta de grande importância para que as empresas possam atingir seus objetivos estratégicos e se tornarem competitivas frente ao mercado. A seguir, veremos como se dá a interação da Administração Financeira com os objetivos da empresa.
2.3. Administração Financeira e Objetivo da Empresa
No processo de seleção das decisões financeiras, a empresa deve traçar suas metas estratégicas e procurar atingi-las tomando decisões técnicas dentro da racionalidade. A definição dessas metas deve ainda permitir que as empresas possam avaliar os vários resultados provenientes das decisões financeiras tomadas.
Assaf Neto (2003) assegura que a identificação dos objetivos da empresa não é uma tarefa fácil e que o seu ponto de partida é alinhá-los com o retorno exigido pelos proprietários da empresa ou com parâmetros de desempenho mais abrangente, que incorpore o bem-estar de toda a sociedade. Entretanto, a idéia central dessa questão é saber se os princípios do sistema de livre empresa, a qual atua em um mundo capitalista, atendem aos interesses sociais mais amplos da economia, ou seja, o bem-estar social do público em geral.
A administração financeira orienta-se geralmente pelos princípios de livre empresa, conforme propostos pelo economista Adam Smith em 1776. Segundo ele, o empresário, ao procurar isoladamente maximizar sua riqueza, propicia automaticamente a realização dos objetivos de toda a sociedade. O autor propõe ainda que o empresário, ao perseguir seu próprio beneficio, é guiado por uma mão invisível, fazendo com que todos obtenham, em consequência, também os melhores resultados.
Você concorda inteiramente com Adam Smith? Se as empresas e, consequentemente, seus acionistas obtiverem o retorno desejado toda a sociedade também estará ganhando?
Você acha que as empresas deveriam ter um nível de responsabilidade social maior ou isso é atribuição somente para os governos?
É preciso que se acrescente que as idéias liberais de Adam Smith constituem a base da moderna economia, fornecendo os fundamentos teóricos que explicam o processo atual de globalizaçãoe competitividade do mercado.
Com exceção de alguns poucos países ainda fechados à economia globalizada (Ex. Coréia do Norte), todos os outros, em maior ou menor escala, praticam as idéias liberais difundidas por aquele economista do século XVIII. Assim, num mundo capitalista e globalizado, a administração financeira assume como objetivo no processo de tomada de decisões financeiras, a maximização da riqueza (bem-estar-econômico) de seus proprietários. 
Essa abordagem mais liberal e contemporânea das finanças empresariais prioriza o foco nas decisões de investimento, financiamento e dividendos, de maneira a promover a riqueza de seus acionistas, minimizando os riscos e tornando mais eficazes os recursos alocados. Desta maneira, as decisões financeiras não somente beneficiam os investidores da empresa, mas também permitem identicamente que se reflita nos recursos econômicos da sociedade, maximizando a riqueza de toda a economia.
Os resultados das decisões financeiras podem ser mensurados pelo valor das ações da empresa no mercado de capitais. Os investidores em ações reagem positivamente valorizando os papéis da empresa em conseqüência das boas tomadas de decisões na área das finanças.
Como vimos, para as empresas responsáveis é tão importante o lado social quanto os resultados econômicos e financeiros, já que são partes dos objetivos estratégicos dessas organizações. A seguir, veremos como esses objetivos podem e devem ser medidos para que o desempenho da empresa possa ser avaliado. 
Medição do Objetivo da Empresa
Tão importante quanto traçar os objetivos de uma empresa é medir os resultados alcançados. Nessa medição são incluídos itens como a lucratividade e os resultados financeiros, como a solvência e a liquidez dos ativos. Entretanto, a simples medição do lucro obtido não mede o desempenho da empresa como um todo. 
O lucro é uma medida de eficácia econômica e está sujeito a diversos questionamentos e restrições, principalmente no âmbito da administração financeira, já que é apurado de acordo com o regime de competência, e não pelo regime de caixa. 
Dessa forma, o lucro não pode ser utilizado para avaliar a efetiva capacidade financeira de pagamento da empresa.
Outro ponto relevante é o fato de o lucro contábil não levar em consideração o risco inerente à atividade da empresa. Na verdade, o lucro é uma medida de desempenho que, quando projetada no futuro, não leva em conta os riscos associados aos fluxos esperados de rendimentos.
Segundo Assaf Neto (2003), o lucro não representa o efetivo desempenho da empresa, constituindo-se, mais corretamente, num dos parâmetros de medição desse desempenho. Uma empresa é avaliada pelo todo, por seu potencial de lucro, tecnologia absorvida, qualidade de seus produtos, estratégias financeiras, preços, imagem, participação de mercado etc., e não somente por um único componente.
Dessa maneira, o valor de mercado da empresa é considerado o critério mais indicado para a tomada de decisões financeiras. Nessa idéia principal, os benefícios operacionais produzidos pela empresa são expressos com base em fluxos de caixa e descontados a valor presente. Assim, o valor de uma empresa depende de seu desempenho esperado no futuro, do que ela é capaz de produzir de riqueza, e não do valor de seus ativos.
Como é sabido, maiores retornos implicam também maiores riscos e vice versa. Diante disso, o administrador financeiro deve levar em consideração essa premissa básica ao avaliar o impacto das decisões financeiras sobre o valor das empresas. E o objetivo da administração financeira vincula-se, em conclusão, ao bem-estar econômico de seus proprietários, associado a um nível adequado de risco, de forma a promover a maximização do valor de mercado da ação da empresa.
Agora que já conhecemos como os lucros das empresas podem ser medidos e avaliados, inclusive pelo mercado, vamos ver como é o ambiente operacional onde as empresas estão inseridas e como ele funciona.
2.4. O Ambiente Operacional da Empresa
Toda empresa necessita de recursos financeiros para bancar suas operações, uma indústria, por exemplo, precisa de estoques de matérias-primas, de máquinas para a produção, além de móveis e utensílios. Alguém tem que financiar esses bens. Mas de onde vêm os recursos que possibilitam essas aquisições? A captação de recursos que viabiliza as operações diárias de uma empresa é o que chamamos de atividade de financiamento, e se constitui num grande desafio para as empresas, devido às rápidas mudanças no ambiente financeiro.
Diante desse quadro, os administradores financeiros precisam ter um conhecimento técnico de finanças e conhecer o funcionamento do mercado financeiro, além de ser suficientemente ágil nas decisões para avaliar as melhores ofertas de financiamento e se adaptar às constantes mudanças nas condições do mercado financeiro. Como ponto de partida, é preciso definir os níveis de endividamento com terceiros (curto e longo prazo) e com capital próprio (recursos dos sócios).
Vamos conhecer agora quem são esses financiadores?
Instituições Financeiras
Segundo Gitman (2002), as instituições financeiras são intermediárias que canalizam as poupanças de indivíduos, empresas e governos para empréstimos ou investimentos. Muitas instituições financeiras, direta ou indiretamente, pagam aos poupadores juros sobre os fundos depositados; outras prestam serviços que são cobrados de seus depositantes (por exemplo, a taxa de serviços incidente sobre contas correntes). Algumas instituições financeiras captam poupanças e emprestam esses fundos a seus clientes; outras investem as poupanças de seus clientes em ativos rentáveis, tais como bens imóveis ou ações e títulos de dívida; e ainda existem outras que tanto emprestam fundos quanto investem as poupanças.
As principais instituições financeiras que operam no mercado brasileiro são: os bancos múltiplos e os bancos comerciais, as caixas econômicas, as cooperativas de crédito, os bancos de investimento, os bancos de desenvolvimento, as sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, companhias hipotecarias, agências de fomento etc.
Mercados Financeiros
Em uma economia, há os que possuem sobras de recursos e de outro lado os que necessitam desses recursos. As intermediações entre esses dois agentes acontecem no mercado financeiro. No mercado financeiro, os poupadores sabem onde seus fundos estão sendo emprestados ou investidos. 
	1. Transferências diretas
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	Ações ou títulos
	
	
	 
	
	 
	Empresa
	
	
	
	Poupadores
	 
	
	 
	
	
	Dólares
	
	
	
	
	
	
	
	2. Transferências indiretas por meio de bancos de investimento
	
	
	
	
	
	 
	
	Bancos de
	 
	 
	Empresa
	
	Investimento
	
	Poupadores
	 
	 
	
	
	 
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	3. Transferências indiretas por meio de um intermediário financeiro
	
	
	
	
	
	 
	 
	Intermediário
	
	 
	Empresa
	
	Financeiro
	
	Poupadores
	 
	 
	 
	 
	 
Fonte: o autor, baseado em Weston (2000)
Os tipos básicos de mercados financeiros são: o mercado monetário, o mercado de capitais, o mercado de crédito e o mercado de câmbio. Hoji (2006, p. 45) define cada um desses mercados da seguinte maneira:
Mercado monetário: neste mercado são negociadas, basicamente, operações de curto e curtíssimo prazos. A política do Governo Federal é executada por meio desse mercado, com a compra e venda de títulos de crédito emitidos pelo Banco Central, tais como o Bônus do Banco Central (BBC) e as Notas do Banco Central (NBC). É através desse mercado que o governo procura controlar a inflação. Quando há necessidade de reduzir a liquidez do mercado financeiro, o Banco Central coloca os títulos à venda. Quando há necessidade de aumentar a liquidez do mercado, ele pode resgatar os títulos antes do vencimento.
Mercado de capitais: a finalidade do mercado de capitais é a de financiar as atividades produtivas e o capital de giro das empresas, por meio de recursos de médio e longo prazos. Os principais instrumentos de financiamento existentes no mercado de capitais brasileirosão:
a) ações;
b) debêntures;
c) notas promissórias (commercial papers).
Mercado de crédito: é neste mercado que as pessoas físicas e jurídicas suprem as necessidades de caixa de curto e médio prazos. Geralmente, é nesse mercado que os tomadores de recursos relacionam-se com os intermediários financeiros, que lhes concedem créditos para suprir as necessidades de capital de giro e as necessidades de financiamento de bens e serviços.
Mercado de câmbio: neste mercado são negociadas moedas internacionais conversíveis, pelas instituições credenciadas pelo Banco Central. A moeda estrangeira é negociada principalmente pelos agentes econômicos que mantêm relação de comércio internacional e pelos que captam recursos no exterior, além das instituições financeiras autorizadas a operar com câmbio.
2.5. Ações Administrativas para Maximizar a Riqueza dos Acionistas
Todo administrador no exercício do comando busca a todo instante a excelência na gestão em todas as áreas da empresa, seja na área de produção, na administrativa ou na financeira. Na produção, busca-se sempre aumentar a produtividade; na área comercial ou de marketing, busca-se ganhar novos mercados; na financeira busca-se um maior retorno sobre os investimentos, etc. Como consequência de todas essas ações, temos o lucro obtido com as operações normais da empresa. Sendo assim, poderia parecer correto dizer que o principal objetivo das empresas é aumentar cada vez mais os lucros, ou seja, maximizar os lucros.
Que objetivo fundamental você acredita que o administrador financeiro profissional (executivo financeiro) deve perseguir? Seria aumentar cada vez mais os lucros da empresa ou teria outros objetivos mais específicos? Por quê? Antes de prosseguir, reflita alguns instantes sobre essas questões.
Gitman (2002) afirma que algumas pessoas acreditam que o objetivo dos empreendedores é sempre a maximização do lucro. Para atingir o objetivo de maximização do lucro, o administrador financeiro toma apenas aquelas providências que se espera irão dar maior contribuição para a lucratividade total da empresa.
Assim, dentre as alternativas disponíveis, o administrador financeiro deverá optar por aquela que se mostrar mais lucrativa, econômica e financeiramente. Nas sociedades anônimas, os lucros são disponibilizados na demonstração dos resultados, medidos em termos de “lucro por ação”. Essa medida representa a relação entre o total do lucro obtido e a quantidade de ações ordinárias emitidas pela empresa.
Entretanto, a maximização do lucro é falha por várias razões: (1) ignora a data de ocorrência dos retornos obtidos; (2) ignora o fluxo de caixa disponível aos acionistas e (3) ignora o risco envolvido no negócio.
Dessa forma, o correto é dizer que o objetivo básico das empresas é a criação de valor para as mesmas e, consequentemente, para os seus proprietários. Isso é o que chamamos de maximizar a riqueza dos acionistas, o que é diferente de maximizar o lucro.
Segundo Gitman (2002), a riqueza dos proprietários de uma sociedade anônima é medida pelo preço da ação, o qual, por sua vez, baseia-se na data de ocorrência dos retornos (fluxos de caixa), em sua magnitude e em seu risco. Ao considerar cada alternativa de decisão financeira ou possíveis medidas, em termos de seu impacto no preço da ação da empresa, os administradores financeiros devem implementar somente aquelas medidas que se espera que elevem o preço da ação. Uma vez que o preço da ação representa a riqueza do proprietário na empresa, a maximização do preço da ação é consistente com a maximização da riqueza do proprietário.
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	Maximização do preço da ação
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	 
	
	 
	
	
	 
	
	Alternativas de ações ou
	Retorno?
	Aumentam
	Sim
	 
	Administrador
	 
	decisões
	 
	o preço 
	 
	Aceitar
	Financeiro
	
	financeiras
	Risco?
	da ação?
	
	 
	 
	
	
	
	 
	
	
	
	
	 
	
	
	
	
	
	
	
	
	 
	
	
	
	
	
	
	Não
	
	
	
	
	
	
	 
	
	
	
	
	
	
	 
	 
	
	
	
	
	
	Rejeitar
	
	
	
	
	
	 
	 
	
Fonte: O autor, baseado em Gitman (2000).
Cada decisão empresarial significativa deve ser analisada cuidadosamente e seus efeitos avaliados sobre o valor das ações da empresa. Segundo Weston e Brigham (2000), o preço das ações de uma empresa depende dos seguintes fatores: Lucros projetados por ação, Timing da corrente de lucros, Fator de risco dos lucros projetados, Uso da dívida e Política de dividendos. Vá até sua aula online e veja mais detalhadamente cada um desses fatores! Não perca tempo!!!
Assim, podemos concluir que a maximização da riqueza dos acionistas é mais consistente e abrangente que a simples maximização dos lucros da empresa. Esta última é apenas um dos fatores que contribuem para a primeira, que é o verdadeiro objetivo dos proprietários da empresa.
A maximização dos lucros sempre resultará na maximização dos preços das ações? Por quê?
A maximização dos lucros nem sempre resulta na maximização dos preços das ações. Por exemplo: o reajuste dos preços dos produtos acima do recomendável pode aumentar os lucros imediatamente, entretanto, a médio e longo prazo essa decisão irá afastar o consumidor e taxar a empresa de “careira”. Isso com certeza não contribuirá para a maximização dos preços das ações.
3. Teoria na Prática
O presidente da Industrial Mineira S/A, empresa que fabrica e exporta equipamentos industriais para a Europa e Ásia, fez esta declaração no relatório anual da empresa: “O objetivo primordial da Industrial Mineira é aumentar o valor das ações ordinárias com o passar do tempo”. Mais adiante, no relatório, foram feitos os seguintes comunicados:
a) A empresa contribuiu com $1,5 milhão para a orquestra sinfônica de Belo Horizonte, cidade onde está sediada.
b) A empresa está gastando $500 milhões para abrir uma nova fábrica no Nordeste do Brasil. Nenhuma receita será produzida pela fábrica durante quatro anos, de forma que os lucros ficarão achatados durante esse período, em oposição ao que seria se decidissem não abrir a nova fábrica.
c) A empresa está aumentando seu uso relativo da dívida. Embora os ativos tenham sido anteriormente financiados com 35% de capital de terceiros e 65% de capital próprio, a partir de agora o mix será de meio a meio para cada parte.
d) A empresa utiliza muita eletricidade em suas operações manufatureiras e gera a maior parte da energia que utiliza por conta própria. Há planos para utilizar combustível nuclear em vez de óleo diesel para produzir eletricidade no futuro.
e) A empresa tem pago metade de seus lucros como dividendos, retendo a outra metade. Daqui para a frente, ela pagará apenas 30% como dividendos. 
Diante desse momento da economia pelo qual estamos passando, quando os países foram atingidos por uma crise global, explique como os acionistas, clientes e funcionários da Industrial Mineira reagiriam a cada uma dessas medidas e, então, como cada medida afetaria os preços das ações da empresa (Fonte: o autor, baseado em Weston e Brigham (2000). 
Reflexões sobre as medidas anunciadas pela empresa:
a) Se a orquestra sinfônica da cidade for reconhecida pela sociedade, essa ação social pode ser bem vista pelos clientes e funcionários e trazer resultados positivos no preço das ações, caso contrário não, pois pode ser um gasto inútil.
b) Apesar de ser um investimento de longo prazo, mostra que a empresa está pensando no futuro e confia no seu negócio. Isso com certeza será positivo quanto ao preço das ações e bem vista por todos os segmentos envolvidos com a empresa.
c) Apesar de aumentar o risco, esta pode ter sido uma decisão acertada. É natural que a empresa amplie a participação do capital de terceiros, já que está investindo na construção de uma nova fábrica. É importante lembrar também que o custo do capital de terceiros costuma ser menor que o do capital próprio. 
d) Esta é uma medida polêmica. Mesmo que economicamente seja vantajosa, a decisão com certeza não é bem vista pela sociedade e pode refletir negativamente no preço das ações.
e) Reduzir o percentual de dividendos pagos aos acionistas fortalece a empresa, pois assim ela terá mais recursospara investir. Por outro lado, esta decisão pode desencorajar a corrida por novos investidores e, com isso, forçar a queda nos preços das ações (lei da oferta e da procura). Esta medida por ser bem vista por clientes e empregados, mas não pelos investidores.
4. Recapitulando
Iniciamos nosso aprendizado com a inserção de elementos importantes para a compreensão do processo das tomadas de decisão que envolve a área financeira e seus reflexos nos resultados da empresa. São os primeiros passos, mas, neste momento, é importante rever os pontos-chave que servirão de conexão com os próximos assuntos a serem estudados.
Vimos qual é o papel das finanças e do administrador financeiro dentro de uma organização. Vimos também que as três áreas inter-relacionadas das finanças são: 
Mercados monetários e de capitais; 
Investimentos; 
Administração Financeira.
No item seguinte, estudamos que as atividades do Administrador Financeiro são: 
Análise e planejamento financeiro;
Decisões de investimento;
Decisões de financiamento.
Mais adiante, vimos que o objetivo básico do administrador financeiro, do empreendedor e da própria empresa é o da maximização da riqueza dos acionistas, conceito mais abrangente que simplesmente o do lucro.
No item seguinte, estudamos o ambiente operacional no qual as empresas estão inseridas, do ponto de vista financeiro. Vimos quais são os mercados financeiros e as instituições financeiras que operam no mercado.
Por último, vimos quais são as ações administrativas que influenciam na maximização da riqueza dos acionistas. Pudemos perceber como uma decisão gerencial pode afetar o valor das ações da empresa, positivamente ou negativamente.
Unidade 2: Desempenho Operacional
5. Nosso Tema
Agora vamos falar sobre o desempenho operacional das empresas, ou seja, vamos aprender técnicas que nos permitem analisar se o desempenho operacional das empresas está satisfatório, se os lucros estão conforme o esperado ou se estão deixando a desejar.
Nesta unidade teremos a oportunidade de aprender como se calcula a “margem de contribuição” de um produto, de uma família de produtos ou mesmo da empresa como um todo. Essa ferramenta nos permite avaliar o resultado operacional (lucro operacional) de qualquer item produzido ou comercializado pela nossa empresa. Isso é fundamental para tomadas de decisões bem fundamentadas.
Outro item importante desta unidade é o cálculo do “ponto de equilíbrio”, importante técnica que informa ao administrador qual é o nível de atividades em que a empresa precisa operar para que não dê prejuízo. Essa informação é de extrema importância para a boa gestão, não é mesmo? 
Por fim, vamos conhecer a “alavancagem operacional”, que é uma técnica ou um artifício muito interessante utilizado pelos administradores que nos permite vislumbrar com antecedência o que aconteceria com o lucro operacional caso eu aumentasse as minhas vendas em, por exemplo, 10%. Isso permite que o gestor tome decisões mais eficazes para atingir as metas desejadas.
Diante disso, esta unidade tem por objetivo orientá-lo sobre os conceitos do desempenho operacional, apresentando as orientações básicas que envolvem esses assuntos.
Preparado? Então, vamos começar!
Para Refletir
A razão de ser de uma empresa está ligada às suas atividades diárias, ou seja, são as suas atividades operacionais básicas cuja relação consta no seu contrato social. É bem verdade que às vezes ocorrem outras atividades que extrapolam o objeto social da empresa, chamadas de atividades não operacionais. Entretanto, a lucratividade maior da empresa é proveniente do seu desempenho operacional, que é o tema desta unidade.
Para que você possa se preparar para essa nova etapa, sugerimos-lhe que reflita sobre as questões a seguir: 
Esses são pontos fundamentais na gestão financeira de uma empresa. Mas fique tranquilo, vamos continuar nossa busca pelas respostas que, gradativamente, contribuirão para o processo de aprendizado que estamos construindo.
Pronto para começar? 
6. Conteúdo Didático
6.1. Margem de Contribuição
Os negócios estão se tornando cada vez mais competitivos, e a lucratividade das empresas está cada vez mais dependente da eficiência operacional. Essa situação é desejável do ponto de vista social, pois os consumidores obtêm produtos de qualidade mais alta a preços mais baixos, mas a competição intensa torna a vida de fato difícil para gerentes de empresas. As empresas não podem mais relaxar e supor que as estratégias que as levaram aonde estão vão funcionar no futuro.
Esses fatos são claramente comprovados quando olhamos para o mercado e vemos tantas empresas que tiveram suas operações descontinuadas, ou foram incorporadas por outras redes concorrentes. Uma das causas mais comuns é a concorrência muito acirrada que forçam constantemente para baixo as margens de lucro. Assim, as empresas com menos controle sobre seus custos e despesas tendem a desaparecer. Infelizmente esse fato é bastante atual, principalmente em momentos de crise como a que se inicia em 2008.
 Você sabia que, de acordo com a revista Exame e também com base em estudos feitos por economistas, as margens de lucro das empresas brasileiras caíram mais de 50% desde a implantação do Plano Real em julho de 1994? 
As causas dessa queda nas margens de lucro foram várias, mas as principais são:
- Estabilização da economia brasileira, criando no consumidor uma maior conscientização com referência ao valor dos bens e serviços;
- Concorrência mais acirrada entre os diversos fabricantes e os diversos revendedores;
- Maior número de produtos e serviços ofertados, conseqüência também de um maior número de empresas competindo num mesmo mercado;
- Com mercados mais globalizados, facilitou-se a entrada de novos produtos concorrentes, fabricados em países onde a mão-de-obra é mais barata, como é o caso da China.
 Segundo Assaf Neto (2003), um dos instrumentos mais importantes na avaliação do desempenho operacional e planejamento é a alavancagem, tanto operacional quanto financeira. A aplicação prática desse modelo no Brasil encontra algumas dificuldades adicionais que envolvem principalmente a própria definição de nosso ambiente econômico e cálculo do lucro operacional nas demonstrações financeiras.
Você sabia? Alavancagem é o uso de ativos ou recursos com um custo fixo, a fim de aumentar os retornos dos proprietários da empresa, ou seja, aumentar os lucros em função dos custos fixos.
A avaliação de desempenho operacional e alavancagem tem por base a determinação do resultado operacional da empresa. Esse lucro é formado antes da dedução dos custos fixos e reflete o efetivo valor gerado pelos ativos da empresa. Para a administração financeira, o genuíno lucro operacional é o formado pelas operações da empresa, independente da maneira como essas operações encontram-se financiadas. Em outras palavras, é o resultado da empresa oriundo dos esforços desenvolvidos para cumprimento de seu objeto social.
O desempenho operacional e a alavancagem de uma empresa estão diretamente relacionados com a sua margem de contribuição. A seguir vamos conhecer o conceito de Margem de Contribuição e como ela pode fornecer informações importantes a respeito da lucratividade da empresa.
Conceito de Margem de Contribuição
Segundo Eliseu Martins (2006), Margem de Contribuição é o ganho bruto sobre o que é vendido. É o valor que uma determinada organização consegue obter de recursos para pagar despesas fixas e obter lucro. É o resultado da subtração das despesas e custos variáveis do preço de venda, ou seja, é o ganho bruto sobre as vendas.
Margem de contribuição é a diferença entre o preço de venda e os custos variáveis, ou seja, o volume de produção ou venda da empresa deve ser suficiente para deixar uma contribuição, após cobrir os custos variáveis, para cobrir os custos fixos e, por consequência, gerar lucros. 
Esta diferença tem na empresa, o importante papel de indicar o valor que sobra a cada venda que realizamos e serve, inicialmente para pagaros custos fixos da empresa e depois gerar resultados. Através da margem de contribuição, podemos identificar produtos mais ou menos lucrativos, sem a utilização de critérios de rateio totalmente discutíveis. 
Podemos encontrar a Margem de Contribuição através da apuração do resultado, conforme mostra o quadro a seguir.
Do ponto de vista gerencial, o cálculo da Margem de Contribuição é fundamental e estratégico, pois responde a perguntas tais como:
Qual produto devemos aumentar a produção?
Qual produto devemos tirar de linha?
Qual a melhor escolha do mix de produtos?
Quais produtos são mais rentáveis?
Quando devo reduzir preço versus aumentar volume?
Qual produto deve ser produzido quando há limite na capacidade de produção?
Qual o ponto de equilíbrio da empresa?
Acesse agora sua aula online e veja o exemplo prático da fórmula demonstrada acima.
Diante do que foi demonstrado em nossa aula online, podemos perceber que a Margem de contribuição é realmente uma informação gerencial importantíssima para as tomadas de decisão nas empresas. Sem essas informações, corre-se o risco de, por exemplo, retirar de linha um produto que seja lucrativo.
A Margem de Contribuição está intimamente relacionada a outro conceito gerencial muito importante que é o Ponto de Equilíbrio. Vamos ver como ele se apresenta?
6.2. Ponto de Equilíbrio
A administração precisa de métodos que lhe permitam avaliar e selecionar investimentos de curto e de longo prazo a serem feitos pela empresa. Precisam também saber sobre a viabilidade de se lançar um novo produto no mercado, e para que este lançamento seja viável, qual o nível de vendas que ele precisa atingir. Há várias técnicas que fazem esses cálculos, das mais simples às mais complexas, em especial quando se trata de investimentos de longo prazo.
Além dessas informações, o administrador precisa saber também qual é o nível mínimo de faturamento que a empresa precisa alcançar para que não apure prejuízos nos relatórios contábeis ao final do mês. Esse nível mínimo de faturamento é chamado de Ponto de Equilíbrio. Quanto menos melhor. Se o volume de vendas estiver um pouco acima deste ponto, deixará um resíduo que é o lucro. Portanto, verifica-se como é importante para a empresa a definição deste ponto, que representará um passo para o fracasso ou um passo para o sucesso.
Segundo Bornia (2009), na utilização dos custos para auxílio à tomada de decisões, a previsão ou o planejamento do lucro da empresa é ponto importante. Uma série de procedimentos, conhecidos como análise de custo-volume-lucro, determina a influência no lucro em função de alterações nas quantidades vendidas e nos custos. Na verdade, a idéia central da análise de custo-volume-lucro está intimamente relacionada ao uso de sistemas de custos para auxílio a tomadas de decisões de curto prazo, característica do custeio variável. Este tópico apresenta a análise de custo-volume-lucro, além de discutir o emprego de custos para subsidiar processos decisórios.
A análise do ponto de equilíbrio é usada pelas empresas para determinar o nível de atividades necessárias para cobrir todos os custos e as despesas operacionais e também para avaliar os lucros associados a vários níveis de vendas. Essa importante análise pode ser feita para a empresa como um todo, para uma família de produtos ou mesmo para um simples item da linha de produtos. Aliás, nas empresas que possuem um controle mais apurado, o ponto de equilíbrio é conhecido para todas essas alternativas. 
Você sabia que nas indústrias, em que o número de produtos, em geral não é muito grande, o ponto de equilíbrio pode ser determinado em função do número de unidades vendidas? Já no varejo, em que o sortimento pode atingir dezenas de milhares de produtos, há a necessidade de uma abordagem diferente, em função do faturamento.
A análise do ponto de equilíbrio também possibilita que a administração determine os efeitos sobre o nível de lucros causados por:
flutuações nas vendas;
flutuações nos custos;
mudanças nos custos fixos em relação aos custos variáveis.
Para que uma empresa evite prejuízos, suas vendas devem cobrir todos os custos operacionais, fixos e variáveis. A seguir, os principais exemplos dos custos operacionais de uma indústria:
	Custos Operacionais
	Fixos
	Variáveis (diretos)
	Depreciação das máquinas industriais
Aluguéis
Salários da equipe de pesquisa
Salários da equipe executiva
Despesas de serviços gerais
	Mão-de-obra operacional
Matérias-primas
Comissões sobre vendas
Fonte: o autor, baseado em Weston e Brigham (2000)
O ponto de equilíbrio é calculado, basicamente, através da divisão dos custos fixos pela margem de contribuição. Entretanto, como já foi dito, ele pode ser calculado em quantidade ou em valores monetários, como mostra as fórmulas a seguir.
Cálculo do Ponto de Equilíbrio em unidades:
	
Cálculo do Ponto de Equilíbrio em Reais:
Exemplo:
Uma pequena confecção fabrica e vende um único produto, que é uma camiseta esportiva. Os custos variáveis de produção (matérias-primas, mão-de-obra e aviamentos) somam $9,00 por unidade. Esse produto é vendido a $30,00 para as lojas de artigos esportivos. A empresa tem custos fixos mensais da ordem de $21.000,00. Qual é o ponto de equilíbrio da empresa? 
Resposta:
Antes de aplicarmos a fórmula propriamente dita, vamos descobrir qual é a margem de contribuição unitária deste produto, em Reais e em percentual.
Em $
Em %
Receita de venda (preço de venda)
30,00
100%
(-) Custos variáveis
(9,00)
30%
= Margem de contribuição
21,00
70%
Notem que os custos variáveis representam 30% do preço de venda e a margem de contribuição representa 70% do preço de venda. Esses percentuais são encontrados através da aplicação da regra de três.
Agora basta aplicar a fórmula do ponto de equilíbrio em unidades:
PE(un) = Custos Fixos . = 21.000 = 21.000 = 1.000 unidades 
 Margem Contrib.unitária 30 – 9 21
Vamos também aplicar a fórmula do ponto de equilíbrio em reais:
PE(R$) = Custos Fixos . = 21.000 = 21.000 = R$30.000,00 
 % Margem Contrib. 70% 0,7
Ou seja, a empresa precisa vender 1.000 unidades de seu produto, o que equivale a um faturamento mensal de R$30.000,00, para que se atinja o ponto de equilíbrio. Será que isso é verdade? Vamos conferir essas afirmações através do cálculo do lucro mensal:
Em $
Em %
Receita de venda mensal (1.000 un. x $30,00)
30.000
100%
(-) Custos variáveis (1.000 un. x $9,00)
(9.000)
30%
= Margem de contribuição
21.000
70%
(-) Custos fixos
(21.000)
70%
= Lucro operacional
 0
Realmente o cálculo está correto, o ponto de equilíbrio dessa empresa é de 1.000 unidades por mês. Vamos ver como seria o gráfico do ponto de equilíbrio dessa confecção:
$
Q
PONTO DE 
EQUILÍBRIO
30.000,00
1.000 und.
GRÁFICO DO PONTO DE EQUILÍBRIO.
RT 
CV 
CF
CT 
LUCRO
PREJUÍZO
Fonte: o autor, baseado em Weston e Brigham (2000)
Onde:
CV = Custos Variáveis 
CF = Custos Fixos
CT = Custos Totais
RT = Receita Total de venda
O exemplo acima nos mostra como é importante para o administrador conhecer qual é o ponto de equilíbrio, não só da empresa como um todo, mas também de cada item produzido. Só assim o gestor se sentirá seguro para tomar decisões gerenciais que possam beneficiar a empresa.
A seguir você terá a oportunidade de conhecer uma importante ferramenta gerencial utilizada para aumentar os lucros da empresa, que é a alavancagem operacional. Vamos lá?
6.3. Alavancagem Operacional
Em física, a alavancagem implica o uso de uma alavanca para levantar um objeto pesado com uma força reduzida. Segundo Weston e Brigham (2000), na administração de empresas, alavancagem operacional é o uso de ativos ou recursos cujos custos sejam fixos, com o objetivo de aumentar o ganho dos acionistas. Um alto grau de alavancagem operacional, com os outros fatores mantidos constantes, significaque uma alteração relativamente pequena nas vendas resultará em uma grande mudança no lucro operacional.
Gitman (2002) define alavancagem operacional como sendo o uso potencial de custos operacionais fixos para aumentar os efeitos das mudanças nas vendas sobre os lucros da empresa antes dos juros e dos impostos (LAJIR). É a estratégia de aumento do lucro operacional, através do aumento do volume produzido e vendido pela empresa. Esse autor alerta que a alavancagem operacional funciona em ambas as direções, ou seja, um aumento nas vendas resulta em um aumento mais que proporcional nos lucros, entretanto uma queda nas vendas resulta também em uma queda desproporcional nos lucros da empresa.
Variações nos custos operacionais fixos afetam significativamente a alavancagem operacional. Por isso, os administradores podem se utilizar dessa ferramenta para aumentar os lucros da empresa, mesmo que isso implique em aumento dos riscos. Por exemplo, uma empresa agrícola pode preferir comprar um trator para efetuar a colheita e ter os seus custos fixos durante todo o ano ao invés de contratar funcionários temporários especificamente para efetuar esse serviço. Se a empresa optar pelos funcionários, terá mais flexibilidade. Por outro lado, comprando o trator, a empresa estará aumentando os seus custos fixos e também a sua alavancagem, mas os riscos da empresa aumentam também, pelo fato de o trator poder ficar parado nas entressafras. 
Para medir o efeito de uma alteração no volume dos lucros, usamos o cálculo do grau de alavancagem operacional (GAO), que é o índice que mede o efeito de uma mudança nas vendas sobre o lucro operacional. Esse índice pode ser calculado pelas duas fórmulas a seguir:
	
	
Onde:
GAO = Grau de Alavancagem Operacional
Q = quantidade
P = preço unitário de venda
V = custo variável unitário
F = custos fixos totais
Quanto maior for o custo fixo da empresa, maior será o grau de alavancagem operacional e maior também os riscos que ela corre. Veja agora em sua aula online um exemplo concreto desta fórmula!!! Não perca tempo.
Pelo exemplo mostrado online, podemos perceber que, se essa empresa aumentar suas vendas em 10% conservando os seus custos fixos, os lucros serão acrescidos de 25%. É claro que essa não é uma tarefa fácil de ser executada, mas os gestores tentam usar essa prática constantemente nas empresas.
Os administradores devem ter muita atenção com empresas que possuem um GAO muito alto, pois ele vale tanto para aumento nas vendas quanto para queda. Por isso todo cuidado é pouco, quando uma empresa perder clientes, deverá ajustar seus custos e despesas fixas à nova realidade da empresa.
Diante do que foi demonstrado, fica nítido que a alavancagem operacional é uma ferramenta gerencial que, quando utilizada adequadamente pode trazer bons resultados operacionais para a empresa. Entretanto, não podemos esquecer que o uso da alavancagem envolve riscos face ao ambiente econômico, onde acréscimos ou decréscimos nas vendas significarão até o sucesso ou o fracasso dos empreendimentos. 
Claro que, quanto maior o GAO, tanto maior o risco a que se expõe a empresa e tanto maiores suas pretensões de lucro. Complementarmente, cabe realçar o caráter do GAO como medida do risco do negócio, pois ele mostra a sensibilidade do lucro operacional, também chamado de LAJIR, face a variações nas vendas, pelo emprego de recursos com custos fixos.
Quando a empresa estiver operando no ponto de equilíbrio, ou seja, não está tendo lucro nem prejuízo, não há alavancagem operacional, pois o cálculo do GAO será igual a zero.
Assim ficamos conhecendo mais uma ferramenta de gestão, que é a alavancagem operacional. É sabido que alguns administradores optam por substituir custos variáveis por custos fixos com a intenção de alavancar os lucros operacionais. O que esses gestores não podem esquecer é que essa prática eleva os riscos; e uma queda nas vendas irá alavancar negativamente os resultados da empresa. 
7. Teoria na Prática
Veja agora a aplicação prática do conteúdo numa empresa fictícia. A Industrial Passo Largo Ltda é uma pequena fábrica de calçados localizada na cidade mineira de Nova Serrana. A empresa é especializada na fabricação de sandálias e vende seus produtos para diversos comerciantes da grande Belo Horizonte. Apesar de ter sido fundada há mais de 10 anos por dois irmãos que eram operários do ramo calçadista, a empresa possui ainda hoje uma estrutura organizacional precária, a qual não favorece as tomadas de decisões. Para solucionar esta deficiência administrativa, foi contratado o administrador Paulo Fernando, que levantou os seguintes dados na empresa referentes ao mês de julho:
Capacidade de produção da fábrica:
1.000 unidades por mês
Produção e venda em julho:
700 unidades
Preço unitário de venda:
$10,00 o par
Custo total com matéria-prima (variável):
$3.500
Custo total com mão-de-obra (fixo)
$700
Outros custos fixos
$1.400
Com os dados acima, responda: 
a) Qual foi o resultado da empresa em julho?
b) Quantos pares de sandálias a empresa deve produzir e vender para não ter prejuízo (ponto de equilíbrio)?
c) Os dois sócios querem que o novo administrador calcule agora quantos pares de sandálias a empresa deve produzir e vender para obter um retorno de 2% ao mês sobre os $10.000 que investiram na empresa.
d) Considerando que os $10.000 do investimento inicial foram retirados de uma caderneta de poupança que os dois sócios possuíam, analise se a constituição dessa empresa está sendo um bom negócio.
Solução:
a)
 $
 %
Receita de Vendas (700 x 10,00)
 7.000
100%
(-) custos e desp. variáveis
(3.500)
50%
= Margem de contribuição
 3.500
50%
(-) custo e desp. fixas
(2.100)
= Lucro Operacional
 1.400
b) PE em unidades = Custos Fixos = 2.100 = 420 unidades mensais
 Margem Contr. Unit. 5
c) Um retorno de 2% sobre os $10.000 investidos significa um lucro mensal de $200,00. Para obter este lucro, a empresa precisa vender 460 unidades por mês. Veja abaixo a confirmação.
Receita de Vendas (460 x 10,00)
 4.600
100%
(-) custos e desp. variáveis
(2.300)
50%
= Margem de contribuição
 2.300
50%
(-) custo e desp. fixas
(2.100)
= Lucro Operacional
 200
d) A constituição da empresa foi um ótimo negócio, pois o retorno exigido pelos sócios é de 2% sobre o capital investido (bem acima do rendimento das cadernetas de poupança, que não chegam a 1% ao mês), o que representa $200 por mês. Tomando-se por base o mês de julho, quando obteve um lucro de $1.400,00 (bem acima do retorno exigido), esta empresa está se mostrando bastante viável
8. Recapitulando
Iniciamos esta unidade mostrando a Margem de Segurança Operacional, que é uma medida do desempenho operacional da empresa, ou seja, é o lucro formado antes da dedução dos custos fixos e reflete o ganho bruto sobre as vendas da empresa. A equação que demonstra a Margem de Contribuição e também o Lucro Operacional da empresa é a seguinte:
Vimos também que o Ponto de Equilíbrio é o volume de vendas em que os custos operacionais totais se igualam às receitas totais e em que o lucro operacional (LAJIR) é igual a zero.
A Alavancagem Operacional é uma medida da extensão pela qual os custos fixos são usados nas operações de uma empresa. Afirma-se que uma empresa com uma alta porcentagem de custos fixos tem um alto grau de alavancagem operacional.
O Grau de Alavancagem Operacional (GAO) mostra como uma mudança nas vendas afetará o lucro operacional. Enquanto a análise do ponto de equilíbrio enfatiza o volume de vendas de que a empresa precisa para ser lucrativa, o grau de alavancagem operacional mede a sensibilidade dos lucros da empresa em relação às mudanças no volume de vendas.
Unidade 3: Análise Financeira
1. Nosso Tema
Na unidade anterior, vimos como se avaliam os resultados operacionais de uma empresa e o seu grau de alavancagem do ponto de vista puramente econômico, ou seja, calculados de acordo com o que os contadores chamam de regimede competência.
Nesta unidade, vamos focar especificamente na análise financeira da empresa. Veremos como avaliar se os resultados obtidos estão realmente criando valor para os acionistas e qual é o grau de alavancagem financeira de uma determinada organização.
Você também terá a oportunidade de conhecer as técnicas de gestão baseadas no valor. Esse tipo de gestão exige uma atuação mais moderna por parte dos administradores por estar voltada para objetivos maiores, que são o valor de mercado das ações e a riqueza dos acionistas. Essa postura mais moderna é um pouco diferente da convencional, na qual se buscava especificamente o lucro e a rentabilidade nos negócios.
Diante disso, esta unidade apresenta uma importância grande nesta disciplina de Análise e Gestão Financeira, pois irá mostrar a você uma tendência atual dessa nova gestão financeira.
Animado? Então, vamos começar a leitura?
Para Refletir
É bem verdade que qualquer empreendedor, ao constituir uma nova empresa, visa basicamente a um retorno sobre o valor que ele está investindo nesse novo negócio, não é mesmo? Mas será que esse retorno obtido é realmente compensador?
Antes de prosseguir, sugerimos-lhe que reflita sobre algumas questões que irão sendo respondidas ao longo desta unidade. 
De que maneira o administrador poderá utilizar a alavancagem financeira para atingir os objetivos referentes ao lucro numa determinada empresa?
Qual a relação da alavancagem financeira com a operacional?
Ter um grau de alavancagem financeira elevado é bom ou ruim?
O lucro contábil de uma determinada empresa é satisfatório? Ele atende realmente às expectativas dos empreendedores?
A empresa está criando valor para os acionistas?
Essas são perguntas que os gestores não podem ter dúvidas ao responder a elas. Para ter segurança nas respostas, é preciso conhecer alguns conceitos trabalhados ao longo desta unidade.
Então, vamos lá? 
2. Conteúdo Didático
2.1. Alavancagem Financeira
Um dos instrumentos de gestão financeira mais importantes na medição e avaliação do desempenho operacional e planejamento de uma empresa é a alavancagem financeira. Entretanto, é preciso saber gerenciar essa importante ferramenta, pois em toda decisão gerencial há risco envolvido no seu uso.
Sanvicente (1995) afirma que algumas (ou todas) empresas devem a princípio assumir um certo grau de risco financeiro para os seus proprietários, pois há certas vantagens em fazer isso. Mas, por quê?
A resposta está refletida no conceito ou princípio de alavancagem financeira, que pode ser explicado da seguinte maneira:
Em épocas normais, o retorno sobre o capital próprio (investimento dos sócios) deve ser superior ao retorno sobre o ativo total, devido ao uso de capital de terceiros para financiar parte do ativo. Além disso, esse retorno sobre o capital próprio deve ser superior ao custo que a empresa paga pelo uso do capital de terceiros obtido.
O custo do capital de terceiros é limitado e fixo, e mais barato que o capital próprio, devido às diferenças entre os riscos assumidos por um e outro tipo de fornecedor de capital.
Consequentemente, quando estamos nas mencionadas condições normais de uma economia, o retorno sobre o ativo total também deve ser superior ao custo do capital de terceiros. Por exemplo, a taxa de retorno sobre o ativo operacional é de 30% a.a. e o custo do capital de terceiros é de 25% a.a. A diferença é um ganho que pertence ao acionista ordinário. Obviamente, quanto maior for a proporção de recursos de terceiros que a empresa puder usar a esse custo obtendo tal retorno, melhor será, pois o excedente estará recaindo sobre um investimento próprio cada vez menor.
Assim, o uso de capital de terceiros apresenta-se como uma boa opção para financiar os novos projetos da empresa. Entretanto, um dos maiores motivos para se financiar através de dívidas é a capacidade de aumentar os lucros através da alavancagem financeira, cujo conceito será estudado a seguir.
Conceito de Alavancagem Financeira
Leite (1994, p. 272) designa alavancagem financeira como “a estratégia adotada pela empresa buscando a maximização do retorno aos seus acionistas ordinários, através da correta seleção das fontes de financiamento que comporão a sua Estrutura de Capital.”
Gitman (2002, p. 426) define alavancagem financeira como sendo a “capacidade da empresa para usar encargos financeiros fixos a fim de maximizar os efeitos de variações no lucro antes dos juros e impostos (LAJIR) sobre os lucros por ação (LPA) da empresa.” 
Os dois encargos financeiros fixos que podem ser encontrados na demonstração do resultado são:
1. juros sobre empréstimos bancários;
2. dividendos de ações preferenciais. 
Ações Preferenciais: é uma forma especial de propriedade, com direito a dividendos periódicos fixos, pagos antes que se realize qualquer destinação de dividendos aos possuidores de ações ordinárias. A ação preferencial rende ao acionista um pagamento fixo periódico (dividendo). Em decorrência de seus direitos fixos sobre os lucros da empresa e da precedência sobre os direitos dos acionistas comuns, os detentores das ações preferenciais não se expõem ao mesmo grau de risco dos acionistas comuns. Por isso, não lhes é dado, normalmente, o direito de voto. 
Esses dois encargos devem ser pagos independentemente de a empresa apresentar lucro ou prejuízo, diferentemente dos dividendos de ações ordinárias. Sempre que houver custos financeiros fixos, como juros sobre empréstimos e dividendos sobre ações preferenciais, haverá alavancagem financeira.
Ações Ordinárias: em conjunto, são unidades de que se constitui a propriedade ou o patrimônio de uma sociedade anônima. Seus detentores são chamados de acionistas comuns e têm, frequentemente, o direito de voto que lhes permite selecionar os diretores da empresa e votar, no caso de eventos especiais. Entretanto, exatamente por isso, esses acionistas não têm a preferência no recebimento dos dividendos.
Os efeitos da alavancagem financeira são semelhantes aos da alavancagem operacional. Nesta última, uma pequena variação nas vendas poderia ter grandes variações no lucro operacional. De maneira semelhante, na alavancagem financeira o uso de financiamento da dívida tem o mesmo impacto sobre o lucro líquido.
Não podemos esquecer: quanto maior a alavancagem, maior será a volatilidade e, consequentemente, maior o risco que envolve a empresa. Por isso, o gestor financeiro deve avaliar com bastante cuidado as conseqüências do uso deste instrumento, tanto operacional quanto financeira.
Vamos ver como se calculam os diversos níveis de Alavancagem Financeira, em cujo cálculo são utilizados os dividendos das ações preferenciais e das ordinárias, além dos juros. Vamos lá.
Grau de Alavancagem Financeira
O Grau de Alavancagem Financeira (GAF) é definido, segundo Weston e Brigham (2000, p. 678), como “a mudança porcentual nos lucros por ação que resulta de uma dada mudança porcentual nos lucros antes dos juros e impostos (LAJIR)”. 
Ou seja, o GAF é a medida numérica do nível de alavancagem financeira de uma determinada empresa.
O gráfico a seguir nos permite visualizar como o uso da alavancagem financeira pode potencializar os ganhos dos acionistas. Os dados são meramente ilustrativos, mas mostram que, à medida que o índice de endividamento aumenta, o retorno sobre o patrimônio dos proprietários não só aumenta como também cresce a um ritmo mais acelerado (exponencialmente). 
Fonte: o autor, baseado em Mayo (2008)
O GAF, semelhante à alavancagem operacional, pode ser medido de duas maneiras. A primeira é simular um aumento qualquer no Lajir (Lucro Antes dos Juros e Imposto de Renda) e medir a variação no lucro líquido. A segunda é através da aplicação da fórmula direta. Veja as duas possibilidades:
	 GAF = % acréscimo no Lucro Disponível 
 % acréscimo no LAJIR
	GAF = Lucro Líquido Operacional ( LAJIR )
 LAJIR – J – (DP * (1 / (1- T)))
Onde:
J = juros sobre empréstimos de capitais de terceiros(empréstimos bancários)
DP = dividendos preferenciais pagos sobre as ações preferenciais
T = Taxa do Imposto de Renda
Exemplo:
A Industrial Pentec S/A, empresa fictícia de médio porte, fabricante de peças técnicas para a indústria automobilística, espera para este ano Lucros Antes dos Juros e Imposto de Renda (Lajir) $100.000. A empresa tem uma dívida junto ao BNDES de $300.000 cujos juros são de 12% ao ano, o que equivale a $36.000 de despesas financeiras. A empresa possui 2.000 ações preferenciais em circulação que pagam $5 de dividendo anual por ação, ou seja, total de $10.000 em dividendos. Possui ainda 3.000 ações ordinárias em circulação. 
Supondo que a alíquota do Imposto de Renda seja igual a 34%, calcule o Grau de Alavancagem Financeira (GAF) da empresa e o lucro por ação. Simule um aumento e uma queda de 10% no Lajir.
	
	Queda de 10%
	Atual
	Aumento de 10%
	Lucro Operacional (Lajir)
(-)Custos financeiros fixos
= Lair
(-) Imposto de Renda 34%
= Lucro líquido
(-) Dividendos preferenciais
	90.000
(36.000)
54.000
(18.360)
35.640
(10.000)
	100.000
(36.000)
64.000
(21.760)
42.240
(10.000)
	110.000
(36.000)
74.000
(25.160)
48.840
(10.000)
	= Lucro disponível para os acionistas ordinários (LAC)
	25.640
	32.240
	38.840
	= Lucro por ação (LPA)
	8,55
	10,75
	12,95
	Lajir: Δ = -10%
L. disp.: Δ = -20,47%
	
	Lajir: Δ = +10%
L. disp.: Δ = +20,47%
Podemos notar que um aumento ou uma queda de 10% no Lajir implica uma variação no lucro disponível de 20,47%, para cima ou para baixo. O mesmo acontece com o lucro por ação.
Vamos agora calcular o GAF, aplicando a primeira fórmula:
 GAF = % acréscimo no Lucro Disponível = 20,47% = 2,05
 % acréscimo no LAJIR 10%
O cálculo nos mostra que essa empresa tem atualmente um GAF de 2,05, ou seja, qualquer mudança no Lajir acarreta uma variação de duas vezes mais no lucro disponível aos acionistas.
Vamos testar o mesmo cálculo, utilizando a segunda fórmula, sem precisar elaborar a demonstração de resultados (DRE) e ver se chegaremos ao mesmo valor.
GAF = Lucro Líquido Operacional ( LAJIR ) = 100.000 .
 LAJIR – J – (DP * (1 / (1- T))) 100.000 – 36.000 – (10.000 (1/(1-0,34)))
GAF = 100.000 = 100.000 = 100.000 = 2,05
 64.000 – (10.000 (1/(0,66)) 64.000 – 15.151,52 48.848,48
O cálculo está correto. Assim, fica comprovado que, para se calcular o grau de alavancagem financeira, podemos utilizar um dos dois caminhos mostrados no exemplo.
Empresas que apresentam certo grau de alavancagem financeira podem se utilizar dessa estratégia para potencializar o lucro disponível aos acionistas. Entretanto, caso o Lajir tenha uma queda por algum motivo, é muito importante reduzir também os custos financeiros fixos (despesas financeiras), senão a queda no lucro disponível também será maximizada.
Assim, podemos concluir que a alavancagem financeira pode ser um excelente instrumento para maximizar o retorno sobre o capital investido pelos acionistas, desde que os gestores saibam avaliar os riscos envolvidos nessa estratégia e estejam atentos para as mudanças de comportamento na estrutura de custos fixos e na lucratividade da empresa. 
A seguir, veremos como pode ser feita uma gestão financeira baseada no valor, cujos relatórios identificam se a empresa está ou não criando riqueza aos acionistas.
2.2. Gestão Baseada no Valor
A evolução das organizações é percebida nitidamente ao longo das décadas. O aparecimento de novas técnicas em todas as áreas tem contribuído para que as empresas desenvolvam produtos e serviços mais modernos e funcionais. 
Com a gestão das empresas não é diferente. A administração financeira, por exemplo, vem mostrando grandes avanços em sua forma de atuar, saindo de uma postura convencional cujo único objetivo era o lucro e a rentabilidade para um enfoque mais voltado à riqueza dos acionistas.
Segundo Assaf Neto (2003), a busca pelos lucros através da redução de despesas não introduz maior vantagem competitiva neste novo momento econômico. A supremacia das empresas está justamente em descobrir suas ineficiências antes de seus rivais de mercado, atividade bastante difícil. O autor complementa:
O objetivo de criar valor aos acionistas demanda outras estratégias financeiras e novas medidas do sucesso empresarial, todas elas voltadas a agregar riqueza a seus proprietários. Criar valor para uma empresa ultrapassa o objetivo de cobrir os custos explícitos identificados nas vendas. Incorpora o entendimento e o cálculo da remuneração dos custos implícitos (custo de oportunidade do capital investido), não cotejado pela contabilidade tradicional na apuração dos demonstrativos de resultados, e, consequentemente, na quantificação da riqueza dos acionistas. (2003, p. 165).
O investimento do acionista será atrativo economicamente somente quando o retorno oferecido pelo negócio for suficiente para remunerar o custo de oportunidade do capital aplicado pelos sócios nesse empreendimento. Entretanto, se uma empresa for capaz de remunerar seus acionistas apenas no limite mínimo de suas expectativas, então essa empresa não agrega valor algum, e sua cotação de mercado é igual ao valor de reposição de seus ativos.
Para se criar valor aos acionistas, as receitas operacionais deverão superar todos os custos e despesas realizados, inclusive o custo de oportunidade do capital próprio. Assim, o valor da empresa (valor das ações) superaria o de seus ativos, indicando que houve agregação de riqueza aos acionistas, conhecida como goodwill. 
Goodwill é a diferença entre o valor da empresa (valor avaliado) e o seu valor de mercado. Esta diferença de valor percebida pelo mercado se dá em função da marca, da imagem da empresa, da carteira de clientes, do know-how dos funcionários, entre outros. Não confundir com o ágio, que é a diferença entre o valor da empresa e seu valor contábil.
Valor Econômico Agregado (EVA)
O Valor Econômico Agregado (EVA) é uma medida de criação de valor, resultado direto das operações da empresa. Segundo Ehrbar (1999, p.2), “o EVA é uma medida daqueles lucros verdadeiros. Aritmeticamente, é o lucro operacional após pagamento de impostos menos o encargo sobre capital, apropriado tanto para endividamento quanto para capital acionário”. 
Esse lucro é o que os economistas chamam de lucro residual, ou seja, é o lucro após todos os custos terem sido cobertos, inclusive o custo do capital próprio, o que não acontece na apuração do resultado pelo método tradicional contábil. Esse mesmo autor complementa:
O EVA, como medida de desempenho, tem sido parte da caixa de ferramentas de economistas há mais de 200 anos. Em sua forma mais fundamental, EVA (valor econômico agregado ou adicionado) é a simples noção de lucro residual. Ou seja, para que investidores realizem uma taxa de retorno adequada, o retorno deve ser grande o suficiente para compensar o risco. Assim, o lucro residual é zero se o retorno operacional de uma empresa for apenas igual ao retorno exigido em troca do risco. É claro que o retorno exigido é um custo de capital tanto para dívida quanto para capital próprio. (1999, prefácio).
Em síntese, o EVA avalia o desempenho operacional e indica a verdadeira lucratividade das operações, pois considera em seu cálculo o custo do capital próprio, evidenciando o valor efetivamente adicionado ao patrimônio líquido em determinados períodos. O conceito de EVA indica se o desempenho operacional está criando ou destruindo o valor da empresa.
Cálculo do EVA
O EVA pode ser calculado de três maneiras práticas:
1º Com base no Lucro Operacional Líquido depois dos impostos;
2º Com base no lucro contábil ajustado;
3º Com base no retorno sobre os investimentos.
Neste estudo, vamos trabalhar com a segunda opção, por ser considerada a mais simples.
Cálculo do EVA com base no lucro contábil ajustado
Vamosconsiderar a seguinte demonstração de resultado da Industrial Hipotética Ltda:
	Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) em 31/12/X1
	Receita bruta de vendas e serviços 1.800.000
(-) Devoluções, abatimentos e impostos (352.000) 
= Receita líquida 1.448.000
(-) Custo dos produtos vendidos (720.000)
= Lucro bruto 728.000
(-) Despesas com vendas (410.000)
(-) Despesas gerais e administrativas (115.000)
(-) Despesas financeiras (110.000)
(+) Receitas financeiras 76.500
= Lucro Operacional 169.500
(+/-) Resultado não operacional 0
= Lucro antes do IR e Contribuição Social 169.500
(-) Imposto de Renda e Contribuição Social (34%) ( 57.630)
= Lucro após IR e Contribuição Social 111.870
(-) Participações dos empregados (5.000)
(+) Participações dos administradores (10.000)
= Lucro (Prejuízo) Líquido do Exercício 96.870
Fonte: o autor
Outras informações:
· Valor médio do capital próprio (PL):
$1.200.000
· Custo de oportunidade dos acionistas:
14%
Inicialmente, é preciso fazer alguns ajustes como excluir as receitas financeiras, já que gerencialmente elas não são consideradas operacionais. Também é preciso recalcular o Imposto de Renda, conforme abaixo: 
	Lucro Ajustado - Exercício encerrado em 31/12/X1
	Receita bruta de vendas e serviços 1.800.000
(-) Devoluções, abatimentos e impostos (352.000) 
= Receita líquida 1.448.000
(-) Custo dos produtos vendidos (720.000)
= Lucro bruto 728.000
(-) Despesas com vendas (410.000)
(-) Despesas gerais e administrativas (115.000)
(-) Despesas financeiras (110.000)
= Lucro Operacional 93.000
(-) Imposto de Renda e Contribuição Social (34%) (31.620)
= Lucro após IR e Contribuição Social (ajustado) 61.380
Fonte: o autor
Agora, para calcular o EVA, é deduzido do lucro contábil ajustado somente o custo do capital próprio, pois o custo do capital de terceiros (despesas financeiras) já está considerado na demonstração.
	Cálculo do EVA em 31/12/X1
Lucro contábil ajustado 61.380
(-) Custo de capital próprio ($1.200.000 x 14%) (168.000)
= Valor Econômico Agregado (EVA) (106.620)
O EVA negativo significa que o lucro operacional líquido não cobriu todos os custos de capital, consequentemente as operações da empresa estão destruindo valor dos acionistas.
Hoji (2006, p. 327) afirma que “o fato de o EVA apresentar-se temporariamente negativo não significa, necessariamente, que a situação econômica da empresa seja ruim; porém, deve ser evitado que essa situação se prolongue por muito tempo, pois está desvalorizando o investimento dos acionistas”.
O EVA é um lucro “mais real” porque nele são considerados todos os custos e despesas do período, inclusive o custo de oportunidade sobre o capital próprio, o que não acontece nas apurações tradicionais da contabilidade.
O conceito do EVA é econômico, o que significa que as despesas de depreciação, amortização e exaustão estão deduzidas do valor do EVA, pois essas despesas não representam saídas efetivas de caixa, mas presume-se que refletem razoavelmente a depreciação econômica real dos ativos permanentes.
Assim, o EVA pode ser considerado uma ideia simples, mas de grande utilidade. Conforme disse Ehrbar (1999), trata-se de uma estratégia revolucionária para a criação de riqueza corporativa e para o acionista que mede a real lucratividade de uma empresa. Esse instrumento tem sido adotado como ferramenta de gestão por empresas como a Coca-Cola, Eli Lilly, Siemens AG, entre outras, com resultados financeiros espetaculares.
“A análise EVA está no cerne da compreensão de como empresas criam riqueza para os acionistas. Mais importante, auxilia investidores a medir e compreender aqueles fatores que criam ou destoem valor.” - Steven Einhorn, Diretor de Pesquisa de Investimentos Globais – Goldman, Sachs & Co.
“EVA é a “mão invisível” que pode levar gerentes e trabalhadores a criarem riqueza para si mesmos e, ao fazê-lo, enriquecer proprietários.” – Bob L. Boldt, Executivo Sênior de Investimentos, Sistema de Aposentadoria dos Funcionários Públicos da Califórnia (CalPERS).
A seguir, veremos outra maneira de avaliar o desempenho operacional de uma empresa e uma nova forma de medir a sua criação de valor. Vamos lá?
2.3. Medidas de Criação de Valor
Assaf Neto (2003) esclarece que o conceito de gestão baseada no valor envolve a mensuração do Valor Econômico Agregado (EVA) como a principal referência para se avaliar o desempenho da empresa. De posse dessa medida, são definidos direcionadores de valor para seus diversos segmentos de atividades, de forma a fundamentar suas decisões com base nas metas de criação de riqueza previamente definidas e avaliar os respectivos desempenhos.
Dessa forma, o modelo impõe uma visão mais competitiva da empresa. Todas as decisões financeiras são avaliadas pelo resultado econômico que agregam e não por seu resultado contábil que não considera o custo de oportunidade do capital próprio e o risco do negócio.
A criação de riqueza não é dimensionada pelo valor de mercado de uma empresa, mas pela diferença encontrada entre seu valor de mercado e o capital investido pelos proprietários. 
A apuração de um EVA positivo expressa que o valor da empresa é maior que o capital que se despenderia para adquirir seus ativos, indicando a formação de riqueza econômica. Empresas sem condições de gerar um valor econômico positivo (EVA negativo) têm seu valor de mercado inferior ao de reposição de seus ativos.
Vamos conhecer outra medida de criação de valor, que é o Valor de Mercado Adicionado e como essa ferramenta pode ser usada na gestão da empresa. Vamos lá.
Avaliação de Desempenho pelo Valor de Mercado Adicionado (MVA)
Segundo Assaf Neto (2003, p. 177), “a medida de valor agregado pelo mercado (MVA – Market Value Added) reflete a expressão monetária da riqueza gerada aos proprietários de capital determinada pela capacidade operacional da empresa em produzir resultados superiores a seu custo de oportunidade”. Ou seja, o MVA fornece informações de quanto a empresa vale a mais do que todos os seus ativos avaliados a preços de mercado.
É uma avaliação que leva em conta as perspectivas para

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