Buscar

Direito à Convivência Familiar e Comunitária

Prévia do material em texto

ECA
Aula 3 - Direito à Convivência Familiar e Comunitária e os Procedimentos de Colocação em Família Substituta; de Perda e Suspensão do Poder Familiar; de Destituição da Tutela; e da Habilitação de Pretendentes à Adoção
Direito à Convivência Familiar e Comunitária
O direito à convivência familiar foi objeto da Lei 12010/09, conhecida como lei da adoção, mas que na verdade dispõe sobre o aperfeiçoamento do direito À convivência familiar.
O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê que toda criança e adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.
A família é o primeiro agente socializador do ser humano. E a convivência comunitária fortalece valores e reforça o reconhecimento dos interesses individuais e coletivos.
A regra, pelo artigo 19 do ECA, é a família natural ou extensa/ampliada; e a exceção, a família substituta. E para garantir esta convivência, o ECA sofreu alteração recente pela Lei 12962/14, que passa a estabelecer no parágrafo 4o do artigo 19 que será garantida a convivência da criança e do adolescente com a mãe e o pai privado da liberdade, por meio de visitas periódicas promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade responsável, independentemente de autorização judicial. O artigo 23 também passou a ter nova redação. A criança ou adolescente deve ser mantido em sua família de origem, em regra. Desta forma, a condenação criminal do pai ou da mãe nao implicará na destituição do poder familiar, exceto na hipótese de condenação por crime doloso, sujeito à pena de reclusão, contra o próprio filho ou filha. Um exemplo que podemos citar é o crime de estupro.
Assim, nos procedimentos da Justiça da Infância e da Juventude, a preferência é sempre a permanência da criança e do adolescente junto a seus genitores biológicos ou parentes próximos (ou pessoa com quem já conviva), e somente após a verificação técnico-jurídica de que estes não possuem condições de criá-los, é que se inicia a colocação em lar substituto. Clique aqui para saber sobre filiação.
OBS: O artigo 20 do ECA restringiu qualquer discriminação relativa à filiação. Sendo assim, aboliu-se o termo filiação ilegítima, igualando-se os direitos de todos os filhos. O mesmo preceito está no artigo 1.596 do CC e na CF, no §6º do artigo 227.
Os artigos que dispõem acerca do direito à filiação não sofreram alteração, pois já se encontravam em total sintonia com as previsões constitucionais, que estabelecem igualdade na filiação, com proibição de discriminação entre filhos naturais e adotivos, proibindo também a nomenclatura “filhos ilegítimos”.
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no próprio termo de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro documento público, qualquer que seja a origem da filiação. 
 Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar descendentes.
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça.
Entendendo o cenário...
Como família natural entende-se a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes (artigo 25, ECA). Sendo a família extensa ou ampliada aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade (artigo 25, parágrafo único, ECA), e 1.723 do Código Civil .
A plena equiparação das uniões estáveis homoafetivas, às uniões estáveis heteroafetivas, afirmada pelo STF (ADI 4277/DF, Rel. Min. Ayres Britto), trouxe como corolário, a extensão automática àquelas, das prerrogativas já outorgadas aos companheiros dentro de uma união estável tradicional, o que torna o pedido de adoção por casal homoafetivo, legalmente viável. No dia 14 de maio de 2013 o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou uma resolução ( Resolução n. 175) que obriga todos os cartórios do país a celebrar casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
A Lei 12.010/09, que trouxe alterações ao Estatuto da Criança e do Adolescente, reconhece duas formas de acolhimento da criança e do adolescente, quando estes não puderem permanecer junto à sua família natural ou extensa/ampliada, que são o acolhimento institucional e o acolhimento familiar.
- Acolhimento Institucional: Esta forma se refere ao antigo abrigamento (artigo 90, IV, ECA) por instituições voltadas à proteção temporária da criança e do adolescente, e que não se confunde com privação de liberdade destes. A permanência da criança e do adolescente neste programa de acolhimento não se prolongará por mais de 2 (dois) anos, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária.
- Acolhimento Familiar: Esta forma se refere a um programa em que famílias dispostas a receber e proteger crianças e adolescentes que não possam permanecer junto a suas famílias. Elas são cadastradas para esta finalidade e, surgindo a necessidade, serão a família acolhedora destas crianças e adolescentes. Este programa prevalece sobre o acolhimento institucional, sempre que possível, e conta com o acompanhamento de profissionais como assistentes sociais e psicólogos.
- Informação Importante: Estas duas formas de acolhimento possuem como características comuns:
- são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para colocação em família substituta, não implicando em privação de liberdade;
- A criança ou adolescente terá sua situação reavaliada, no máximo, a cada 6 (seis) meses, devendo a autoridade judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe interprofissional ou multidisciplinar da entidade, decidir de forma fundamentada pela possibilidade de reintegração familiar ou colocação em família substituta. Em sendo constatada a impossibilidade de reintegração da criança ou do adolescente à família de origem, após seu encaminhamento a programas oficiais ou comunitários de orientação, apoio e promoção social, será enviado relatório fundamentado ao Ministério Público, no qual conste a descrição pormenorizada das providências tomadas e a expressa recomendação, subscrita pelos técnicos da entidade ou responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar. Para a destituição do poder familiar, ou destituição de tutela ou guarda, e o Ministério Público então ingressará com a ação (art. 136, XI e par. Único, ECA);
- A determinação de ambos os acolhimentos é de competência exclusiva da autoridade judiciária (exceto no caso de medidas emergenciais - artigos 101, § 2º e 93 do ECA), mediante lavratura de Guia de acolhimento, que deve conter os requisitos do § 3º e incisos do artigo 101 do ECA;
- A determinação de qualquer dos acolhimentos importará na deflagração, a pedido do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse, de procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável legal o exercício do contraditório e da ampla defesa.
- Em ambos os acolhimentos elabora-se um plano individual de atendimento por uma equipe técnica (vide §§ 4º ao 6º do artigo 101 do ECA);
- O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no local mais próximo à residência dos pais ou do responsável.
Pátrio Poder x Poder Familiar
Segundo o Código Civil, a expressão “pátrio poder” foi substituída por “poder familiar”. Esta alteração baseou-se no disposto pelo artigo 5º, inc. I da CF, que diz que ”homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações”; e do §5º do artigo 226, da CF, que prevê a igualdadeentre os cônjuges. Por isso este poder é exercido em igualdade de condições pelo pai e pela mãe, representando a obrigação destes na formação e proteção dos filhos, garantindo-lhes os direitos fundamentais assegurados pela CF. O que está contido também no art. 21 do ECA. Antes da reforma promovida pela Lei 12010/09, o ECA ainda se valia da expressão “pátrio poder”, mas com o advento da referida lei, todas as expressões foram alteradas para “Poder familiar”.
As obrigações decorrentes do poder familiar são o sustento, a guarda e a educação dos filhos menores, conforme salientam os artigos 1.634 do CC e 22 do ECA. O descumprimento destes deveres pode ocasionar a suspensão ou até mesmo a perda do poder familiar, ou ainda destituição da tutela ou perda da guarda, conforme o caso. 
O descumprimento desses deveres poderá acarretar: 
a- A infração administrativa do art 249 do ECA. 
b- A aplicação de medidas previstas no art 129 do ECA;
c- Os crimes previstos nos arts. 244 a 247 do CP;
d- Abandono material: no caso de sustento - art 244 e 245, CP;
e- Abandono moral: no caso da guarda - art 247, CP;
f- Abandono intelectual: no caso da educação - art 246, CP .
Além dessas hipóteses, existem outras situações que levam á extinção ou à suspensão do poder familiar, previstas nos arts. 1.635, 1.637 e §ú e 1.638, todos do CC. 
Procedimento de perda ou suspensão do poder familiar
A perda e a suspensão do poder familiar serão decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a ele inerentes.
Exemplo:
O procedimento de perda ou suspensão do poder familiar está previsto nos artigos 155 e seguintes do ECA.
Clique aqui para visualizar as etapas deste procedimento.
OBS: Etapas do procedimento de perda ou suspensão do poder familiar O procedimento para a perda ou a suspensão do poder familiar terá início por provocação do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse.
A petição inicial deverá conter os seguintes requisitos:
I - a indicação da autoridade judiciária a que for dirigida;
II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do requerente e do requerido, dispensada a qualificação em se tratando de pedido formulado por representante do Ministério Público;
III - a exposição sumária do fato e o pedido;
IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde logo, o rol de testemunhas e documentos. 
Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar a suspensão do poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou adolescente confiado a pessoa idônea, mediante termo de responsabilidade. O requerido será citado para, no prazo de dez dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem produzidas e oferecendo desde logo o rol de testemunhas e documentos. Não sendo contestado o pedido, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo quando este for o requerente, decidindo em igual prazo. A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das partes ou do Ministério Público, determinará a realização de estudo social ou perícia por equipe interprofissional ou multidisciplinar, bem como a oitiva de testemunhas que comprovem a presença de uma das causas de suspensão ou destituição do poder familiar previstas nos arts. 1.637 e 1.638 do Código Civil. Se o pedido importar em modificação de guarda, será obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da criança ou adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida. Também é obrigatória a oitiva dos pais sempre que esses forem identificados e estiverem em local conhecido. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo quando este for o requerente, designando, desde logo, audiência de instrução e julgamento. Na audiência, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente o parecer técnico, salvo quando apresentado por escrito, manifestando-se sucessivamente o requerente, o requerido e o Ministério Público, pelo tempo de vinte minutos cada um, prorrogável por mais dez. A decisão será proferida na audiência, podendo a autoridade judiciária, excepcionalmente, designar data para sua leitura no prazo máximo de cinco dias. O prazo máximo para conclusão do procedimento será de 120 (cento e vinte) dias, e a sentença que decretar a perda ou a suspensão do poder familiar será averbada à margem do registro de nascimento da criança ou do adolescente.
Família substituta – Artigos 28 a 52, ECA.
A colocação em família substituta far-se-á mediante 3 modalidades: guarda, tutela ou adoção. Esta última modalidade sofreu recente alteração promovida pela Lei 12955/14, que incluiu o parágrafo 9o., que determina que terão prioridade de tramitação os processos de adoção em que o adotando for criança ou adolescente com deficiência ou com doença crônica.
Estas 3 modalidades de colocação em família substituta possuem alguns aspectos em comum. São eles (clique nas imagens para ver a descrição 
A criança será ouvida sempre que possível e a sua opinião será devidamente considerada nos procedimentos de colocação em família substituta. No que tange ao adolescente, foi realizada alteração pela Lei 12010/09. Seu consentimento somente era necessário para a modalidade de adoção. A lei 12010/09 passou a exigir o consentimento do adolescente para qualquer modalidade de colocação em família substituta: guarda, tutela ou adoção. Sendo assim, a criança será ouvida sempre que possível e a sua opinião será devidamente considerada, mas quanto ao adolescente, seu consentimento é necessário. 
- Tratando-se de um maior de 12 anos de idade, será necessário seu consentimento, colhido em audiência. 
- Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade.
- Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela ou guarda na mesma família substituta, ressalvada a comprovada existência de risco de abuso ou em outra situação que justifique plenamente a expecionalidade de solução diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos fratemais. 
- A colaboração da criança ou do adolescente em família substituta será procedida de sua preparação gradativa e acompanhamento posterior, realizados pela equipe interprofissional. 
- Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é ainda obrigatório que se respeite seus valores e costumes, buscando- se famílias, preferencialmente, na sua própria comunidade ou da mesma etnia;
- A colocação em família substituta só se dará à pessoa que revele compatibilidade com a natureza da medida e ofereça ambiente familiar adequado. Exemplo: quando o requerente tratar-se de um pedófilo ou traficante de drogas; ou quando o local de moradia se constitui num prostíbulo; etc.
- Não será admitida transferência da criança ou adolescente a terceiros ou a entidades governamentais ou não - governamentais, sem autorização judicial. Exemplo: se alguém é detentor da guarda e nao deseja mais esse encargo, deverá renunciar em juízo e não abandonar a criança ou o adolescente ou entregá-lo para um terceiro;
- Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável prestará compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo, mediante termo nos autos: este termo é denominado de Termo de Compromisso, que é um documento que serve de prova do exercício da guarda e da tutela. Aqui, a lei não se reporta ao documento que comprova a adoção, porque este se faz por meio da certidão de nascimento ( vide artigo 47 do ECA ).
Modalidades de família substituta
Tipos de modalidades de família substituta:
1- GUARDA
A guarda não retira o poder familiar dos pais, diferentemente da tutela, que pressupõe a perda ou a suspensão desse Poder Familiar. Já a adoçãorompe com todos os vínculos anteriores. Consoante o artigo 1.634 do Código Civil e artigo 22 do ECA, a guarda é dever inerente ao poder familiar, juntamente com o dever de sustento e educação, consoante os dois dispositivos em epígrafe. É inicialmente vinculada, portanto, ao Poder Familiar. No entanto, em determinadas situações, pode o dever de guarda se desprender do poder familiar, sem causar a perda deste.
Em nosso ordenamento jurídico, temos vários dispositivos legais que tratam da guarda. Deve-se observar em que situação se encontra a criança ou adolescente, para que se saiba qual dispositivo legal deve ser aplicado. Em caso de guarda decorrente de disputa entre os pais, aplica-se o disposto nos artigos 9o a 16 da Lei 6.515/1977, que Regula os casos de dissolução da sociedade conjugal e do casamento, seus efeitos e respectivos processos, e dá outras providências. Essa lei traz a possibilidade de os pais disporem, durante sua separação, acerca da guarda dos filhos menores. No entanto, o artigo 13 possibilita que, por motivos graves, o juiz decida em sentido diverso do que ficou acordado pelos pais. Nos casos de guarda como modalidade de colocação em família substituta, será aplicável o disposto nos artigos 33 a 35 do Estatuto. que não se preocupou com a guarda atribuída aos genitores, mas somente a atribuída a terceiros. Luiz Mônaco da Silva conceitua guarda como o “instituto pelo qual alguém, parente ou não, assume a responsabilidade sobre um menor, passando a dispensar-lhe cuidados próprios da idade, além de ministrar-lhe assistência espiritual, material, educacional e moral”.
- Espécies de guarda
1) Guarda para regularizar a posse de fato
É possível que a criança ou adolescente já esteja sendo criado por alguém, que não possui o termo de guarda. O objetivo, nesta modalidade de guarda, é tornar de direito uma situação meramente fática.
2) Guarda liminar ou incidental no processo de adoção
Artigo 33, parágrafo primeiro – guarda liminar ou incidental nos procedimentos de tutela e adoção, exceto por estrangeiros. Com base nesse dispositivo, é possível que, durante o processo de adoção, os futuros pais adotivos tenham a guarda da criança ou adolescente.
3) Guarda para atender situação peculiar ou para suprir falta eventual 
São as hipóteses previstas no artigo 33, parágrafo 2o –situação peculiar. Pode até mesmo implicar em responsabilidade sobre o menor até os 18 anos de idade. Tal guarda pode por fim ao processo, decidindo com quem vai ficar o menor. No entanto, nada impede a revogação dessa guarda, consoante dispõe o artigo 35 do ECA. O que prepondera é o interesse do menor, e não a pretensão dos pais ou do guardião. A perda ou a modificação da guarda poderá ser decretada nos mesmos autos do procedimento, consoante o disposto no artigo 169, parágrafo único. Quanto à guarda para suprir falta eventual dos pais, é possível que, durante uma viagem de estudos, por exemplo, o menor esteja em guarda com determinada pessoa, até que os pais voltem a exercer a guarda.
- Efeitos da guarda: 
- Prestação de assistência material, moral e educacional.
- Passa o menor a figurar como dependente para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários. 
Alguns avós requerem a guarda dos netos, visando exclusivamente a fins previdenciários. Em muitos desses casos, o menor continua, inclusive, na companhia dos pais. Não existe a chamada guarda previdenciária, mas sim os efeitos previdenciários da guarda. Concordamos com a parte da doutrina que sustenta que os benefícios são consequência e não finalidade. Além disso, tendo-se exclusivamente a finalidade de se deixarem benefícios previdenciários, importaria em uma fraude permitida pelo Poder Judiciário aos cofres públicos. Outro argumento seria a falta de correspondência com a realidade dos fatos. A questão deve passar, ainda, pela análise da Lei 8.213/1993, em seu artigo 16, parágrafo 2o, que sofreu uma alteração em 1997, pela Lei 9.528, passando a não considerar o menor sob guarda como equiparado a filho, mas apenas o enteado e o menor tutelado. Mesmo para aqueles que entendem como possível a guarda para fins exclusivamente previdenciários, posicionamento que praticamente não mais se encontra na jurisprudência, o recebimento de tais benefícios deve passar pela análise da modificação da lei. O fato gerador do benefício é a morte do segurado. Dessa forma, deve-se levar em conta a lei em vigor na data da morte do beneficiário. Se anterior à alteração legal, o menor sob guarda ainda poderia receber o beneficio. Se posterior, não mais seria permitido, em virtude da nova redação do parágrafo 2º. No entanto, recentemente, a Terceira Turma do STJ, em decisão publicada no Informativo 422, assim decidiu: Em questão de ordem suscitada pelo Ministério Público Federal sobre a exclusão de menor sob guarda da condição de dependente do segurado, amplamente refutada nos juizados especiais federais, como alegado pelo parquet, a Seção, por unanimidade, acolheu a preliminar de inconstitucionalidade do art. 16, § 2º, da Lei n. 8.213/1991, na redação da Lei n. 9.528/1997, conforme determina o art. 199 do RISTJ. QO nos EREsp 727.716- CE, Rel. Min. Celso Limongi (Desembargador convocado do TJSP), julgada em 10/2/1010.
- Guarda especial destinada a crianças e adolescentes de difícil colocação O artigo 34 sofreu alteração pela Lei 12.010/2009. As antigas expressões “órfão ou abandonado” foram substituidas por “afastado do convívio familiar”.
- Competência Territorial
 Domicílio do responsável pela criança – artigo 147, I, do Estatuto.
 - Competência em razão da matéria 
É prevista no art. 148, parágrafo único, Alinea a, sendo de competência da Justiça da Infância e Juventude apenas nos casos de existência de situação de risco para a criança ou adolescente.
 - Visitação e alimentos
A Lei 12.010/2009 incluiu no artigo 33 o parágrafo 4º, passando a prever que a guarda não afasta o direito de visitação e o dever alimentar, exceto na guarda deferida durante o processo de adoção.
2- TUTELA
A tutela está prevista nos artigos 36 a 38 do ECA, e 1.728 e seguintes, do Código Civil. Consiste em um encargo de caráter assistencial, que tem por objetivo suprir a falta de representação legal, substituindo assim o poder familiar, em se tratando de menor de 18 anos. Cabe destacar que a administração dos bens do tutelado não pode prevalecer à criação e à educação deste. Esta administração é uma importante atribuição da tutela, mas não é única. A tutela, apesar de englobar a guarda, não se confunde com ela. A tutela confere ao tutor plenos poderes de representação, em virtude da destituição ou suspensão do poder familiar ou ausência dos pais, o que não ocorre na guarda, que pode coexistir com o poder familiar.
As hipóteses que ensejam a tutela são:
- pais falecidos ou ausentes (com declaração de ausência, senão a medida correta é a
guarda);
- pais suspensos ou destituídos do poder familiar.
Cessa a condição de tutelado:
- com a maioridade ou a emancipação;
- caso a criança ou adolescente volte a estar sob o poder familiar, no caso de reconhecimento da filiação ou adoção.
Cessam as funções do tutor:
- ao expirar o termo de tutela;
- ao sobrevir escusa legítima (vide artigo 1.736 do Código Civil);
- ao ser removido.
Apesar de não coexistir com o poder familiar, a tutela não defere direito sucessório ao tutelado em caso de falecimento do tutor. Este direito permanece em relação aos pais, pois a suspensão ou a destituição do poder familiar não extingue o vínculo sucessória. O tutor possui os deveres previstos nos artigos 1.740, 1.747, 1.748 e 1.755, todos do Código Civil.
As espécies de tutela são:
- tutela testamentária - art. 1.729 e § único, Código Civil: quando os pais nomeiam tutor, conjuntamente, através de testamento. Porém, na apreciação do pedido, serão observados os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 do ECA, somente sendo deferida a tutela à pessoa indicada na disposição de última vontade, se restar comprovado que a medida é vantajosa ao tutelando eque não existe outra pessoa em melhores condições de assumí-la;
- tutela legítima – art. 1.731, Código Civil: na falta de nomeação pelos pais, a nomeação pode ser feita judicialmente, dentre os parentes consangüíneos;
- tutela dativa – art. 1.732, Código Civil: tem caráter subsidiário, e será cabível na falta do exercício das possibilidades anteriores. Trata-se da nomeação judicial de tutor estranho, idôneo e residente no domicílio do tutelado.
A lei 12010/09 realizou duas alterações nos dispositivos relacionados à tutela. Uma das alterações foi apenas para adequar o ECA ao Novo Código Civil, estabelecendo o limite etário no art. 36, estabelecendo que o tutelado deverá ter até 18 anos incompletos. A segunda alteração diz respeito à extinção da antiga especialização de hipoteca, prevista antigamente no art. 37, que atualmente prevê um novo prazo para que o tutor testamentário ingresse em juízo com pedido de controle judicial do ato.
3- Adoção : ( Ler artigos 288 ate 244 ) 
4- ADOÇÃO INTERNACIONAL
Conceito e noções gerais:
É aquela na qual a pessoa ou casal postulante é residente ou domiciliado fora do Brasil, conforme previsto no Artigo 2 da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, aprovada pelo Decreto Legislativo no 1, de 14 de janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21 de junho de 1999.
Vale lembrar que a colocação em família substituta estrangeira constitui medida excepcional, somente admissível na modalidade de adoção. Seguindo as orientações da convenção internacional dos direitos da criança, o legislador estatutário excepcionou, ainda mais, a colocação em família substituta estrangeira. Partindo da interpretação sistemática, conclui-se que a colocação em família substituta já é exceção e a colocação em família substituta estrangeira é a exceção da exceção, ou seja, a criança somente irá para um lar estrangeiro quando não houver nenhuma família brasileira disposta a adotá-la. E os brasileiros residentes no exterior terão preferência aos estrangeiros, nesta modalidade de adoção. Esta regra deve ter por pressuposto o melhor interesse da criança e não o das famílias, conforme art. 6º do ECA. Importante: As regras gerais da adoção são aplicadas à adoção internacional, como exemplo dar-se-á da mesma forma a adoção de adolescente com a peculiaridade de ser indispensável o seu consentimento (art.45, § 2º, do ECA) bem como quanto ao grupo de irmãos (art.28, § 4º, do ECA).
Requisitos para o deferimento da Adoção Internacional:
Será admitida a adoção internacional de crianças e/ou adolescentes brasileiros ou domiciliados no Brasil, quando esta modalidade de família substituta for adequada ao caso concreto, e quando forem esgotadas todas as possibilidades de colocação em família brasileira. Em se tratando de adoção de adolescente, este deverá ser consultado e estar preparado para a medida, através de parecer elaborado minuciosamente por equipe interprofissional.
Adoção Internacional: Procedimentos A adoção internacional pressupõe a intervenção das Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de adoção internacional, e observará o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 do ECA, com as seguintes adaptações:
- A postulação da adoção internacional, de criança ou adolescente brasileiro, por pessoa ou casal estrangeiro, deverá ser precedida de pedido de habilitação à medida perante a Autoridade Central em matéria de adoção internacional no país de acolhida, assim entendido aquele onde está situada sua residência habitual;
- A Autoridade Central do país de acolhida, considerando que os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, emitirá um relatório que contemple informações sobre a identidade, a capacidade jurídica e adequação dos solicitantes para adotar, sua situação pessoal, familiar e médica, seu meio social, os motivos em que se fundamentam o pedido, e a aptidão para assumir uma adoção internacional;
- Será encaminhado relatório, instruído com toda a documentação necessária, incluindo estudo psicossocial, elaborado por equipe interprofissional, e cópia autenticada da legislação pertinente, acompanhada da respectiva prova de vigência da Autoridade Central do país de acolhida, à Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Brasileira;
- Os documentos encaminhados pela Autoridade Central do país de acolhida à Autoridade Central Estadual, em língua estrangeira, serão devidamente autenticados pela autoridade consular, observados os tratados e convenções internacionais, e acompanhados da respectiva tradução, por tradutor público juramentado;
- Pelo princípio da soberania dos países, a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências e solicitar complementação sobre o estudo psicossocial do postulante estrangeiro à adoção, já realizado no país de acolhida;
- A Autoridade Central Estadual, após estudo realizado pela a compatibilidade da legislação estrangeira com a nacional, além do preenchimento por parte dos postulantes à medida dos requisitos objetivos e subjetivos necessários ao seu deferimento, tanto à luz do que dispõe o ECA, como da legislação do país de acolhida, poderá expedir laudo de habilitação à adoção internacional, que terá validade por, no máximo, 1 (um) ano;
- O interessado à adoção será autorizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da Infância e da Juventude do local em que se encontra a criança ou adolescente, após estar de posse do laudo de habilitação, conforme indicação efetuada pela Autoridade Central Estadual;
- A saída do adotando do território nacional, antes de transitada em julgado a decisão que concedeu a adoção internacional, não será permitida. Depois de transitada em julgado a decisão, a autoridade judiciária determinará a expedição de alvará com autorização de viagem, bem como para obtenção de passaporte, constando, obrigatoriamente, as características da criança ou adolescente adotado, como idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços peculiares, assim como foto recente e a aposição da impressão digital do seu polegar direito, instruindo o documento com cópia autenticada da decisão e certidão de trânsito em julgado;
- A qualquer tempo Autoridade Central Federal Brasileira poderá solicitar informações sobre a situação das crianças e adolescentes adotados. Será admitido que os pedidos de habilitação à adoção internacional sejam intermediados por organismos credenciados, se a legislação do país de acolhida assim o autorizar. A habilitação de postulante estrangeiro ou domiciliado fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano, podendo ser renovada. 
A adoção por brasileiro residente no exterior em país ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção tenha sido processado em conformidade com a legislação vigente no país de residência e atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da referida Convenção, será automaticamente recepcionada com o reingresso no Brasil.
O pretendente brasileiro residente no exterior em país não ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado no Brasil, deverá requerer a homologação da sentença estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida, a decisão da autoridade competente do país de origem da criança ou do adolescente será conhecida pela Autoridade Central Estadual que tiver processado o pedido de habilitação dos pais adotivos, que comunicará o fato à Autoridade Central Federal e determinará as providências necessárias à expedição do Certificado de Naturalização Provisório. A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela decisão se restar demonstrado que a adoção é manifestamente contrária à ordem pública ou não atende ao interesse superior da criança ou do adolescente. Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista no § 1o do artigo 52-C, o Ministério Público deverá imediatamente requerer o que for de direito para resguardaros interesses da criança ou do adolescente, comunicando-se as providências à Autoridade Central Estadual, que fará a comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira e à Autoridade Central do país de origem.
Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país de origem porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o adolescente ser oriundo de país que não tenha aderido à Convenção referida, o processo de adoção seguirá as regras da adoção nacional. Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção internacional.
Procedimento de Colocação em Família Substituta
O procedimento de colocação em família substituta está previsto nos artigos 165 a 170 do ECA. 
- Sendo os pais falecidos ou destituídos ou suspensos do poder familiar; ou se houverem aderido expressamente ao pedido de colocação em família substituta, este poderá ser formulado diretamente em cartório, em petição assinada pelos próprios requerentes, dispensada a assistência de advogado. Caso contrário, teremos a via judicial, com o procedimento de colocação em família substituta.
Este procedimento inicia-se ou por provocação do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse, após esgotados os esforços para manutenção da criança ou do adolescente na família natural ou extensa. E a petição inicial deve conter os seguintes requisitos:
I - qualificação completa do requerente e de seu eventual cônjuge, ou companheiro, com expressa anuência deste; 
II - indicação de eventual parentesco do requerente e de seu cônjuge, ou companheiro, com a criança ou adolescente, especificando se tem ou não parente vivo; 
III - qualificação completa da criança ou adolescente e de seus pais, se conhecidos; 
IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento, anexando, se possível, uma cópia da respectiva certidão; 
V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou rendimentos relativos à criança ou ao adolescente. 
Em se tratando de adoção, deverão ainda ser observados os requisitos específicos ao instituto.
Durante o procedimento, havendo o consentimento dos titulares do poder familiar, este será colhido pela autoridade judiciária competente em audiência, presente o Ministério Público, garantida a livre manifestação de vontade. E se este consentimento foi prestado por escrito, deverá ser ratificado em audiência.
Este consentimento é retratável até a data da publicação da sentença constitutiva da adoção, e só terá valor se for dado após o nascimento da criança.
A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das partes ou do Ministério Público, determinará a realização de estudo social ou, se possível, perícia por equipe interprofissional, decidindo sobre a concessão de guarda provisória, bem como, no caso de adoção, sobre o estágio de convivência, a fim de que a criança ou o adolescente não fique sem representação legal até o final do procedimento. E, deferida a guarda provisória ou o estágio de convivência, a criança ou o adolescente será entregue ao interessado, mediante termo de responsabilidade.
Apresentado o relatório social ou o laudo pericial, e ouvida, sempre que possível, a criança ou o adolescente, dar-se-á vista dos autos ao Ministério Público, pelo prazo de cinco dias, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
Nas hipóteses em que a destituição da tutela, a perda ou a suspensão do poder familiar constituir pressuposto lógico da medida principal de colocação em família substituta, será observado o procedimento contraditório previsto nos artigos 155 a 164 do ECA.
IMPORTANTE: A perda ou a modificação da guarda poderá ser decretada nos mesmos autos do procedimento de colocação em família substituta, observado o disposto no art. 35, do ECA.
 
Lei 12.318/2010, que dispõe sobre alienação parental.
A alienação parental ofende o direito à convivência familiar. O psiquiatra americano Richard Gardner denominou "alienação parental" a síndrome constatada em um dos pais Conceito: Um dos cônjuges tenta, a qualquer preço, afastar a criança ou adolescente do convívio do outro genitor. Casos específicos: a síndrome geralmente se manifesta na ocorrência de separações traumáticas, em que uma das partes não consegue rejeitar o sentimento de rejeição, raiva, abandono e acaba por buscar, até de forma inconsciente, o alívio de tais sentimentos pela vingança, qual seja, a de afastar o outro genitor da presença e convívio do filho consequências: além da nefasta criação sem a presença de um dos genitores, com os consequentes traumas que podem ser gerados psicologicamente. A menina, por exemplo, na ausência do pai, podendo ser proveniente de um lar desajustado pode manifestar futuramente o que psicologicamente se conceitua como a doença de amar demais, que poderá envolvê-la em relacionamentos destrutivos. Podem ser plantadas falsas memórias em casos extremos, como abuso sexual praticado pelo genitor afastado.
Em casos extremos, o genitor afastado pode ser vítima de denunciação caluniosa, vindo a responder a inquérito e processo por supostos abusos sexuais, o que demandará uma análise psicológica criteriosa e necessariamente demorada, gerando sofrimento extremo a todos os envolvidos.
Procedimento de Destituição da Tutela
A destituição da tutela será decretada judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações inerentes ao instituto.
O procedimento de destituição da tutela está previsto nos artigos 164 do ECA e 1.194 a 1.198 (O novo CPC - Lei 13105/15 - foi sancionado no dia 16 de março e entrará em vigor um ano após a data de sua publicação) do Código de Processo Civil (No novo CPC, o procedimento será tratado pelos artigos 759 a 763). As etapas deste procedimento:
- Cabe ao órgão do Ministério Público, ou a quem tenha legítimo interesse, requerer, a remoção do tutor.
Este será citado para contestar a argüição no prazo de 5 (cinco) dias, e findo este prazo, observar-se-á o disposto no art. 803 do CPC.
Em caso de extrema gravidade, o juiz poderá suspender o tutor do exercício de suas funções, nomeando-lhe interinamente um substituto.
Cessando as funções do tutor pelo decurso do prazo em que era obrigado a servir, o mesmo poderá requerer a exoneração do encargo. Não o fazendo dentro dos 10 (dez) dias seguintes à expiração do termo, entender-se-á reconduzido, salvo se o juiz o dispensar.
Procedimento de Habilitação de Pretendentes à Adoção
Para a colocação de crianças e adolescentes em família substituta na modalidade de adoção, é necessário que os pretendentes a adotantes se habilitem em um procedimento próprio.
Este procedimento está regulado nos artigos 197-A a 197-E do ECA. As etapas do mesmo: 
- COs postulantes à adoção, domiciliados no Brasil, apresentarão petição inicial junto ao Juizado da Infância e da Juventude, e a autoridade judiciária terá o prazo de 48 para receber a petição e dar vista dos autos ao Ministério Público, que em 5 (cinco) dias poderá:
- apresentar quesitos a serem respondidos pela equipe interprofissional encarregada de elaborar o estudo técnico para aferir a capacidade e o preparo dos postulantes;
- requerer a designação de audiência para oitiva dos postulantes em juízo e das testemunhas;
- requerer a juntada de documentos complementares e a realização de outras diligências que entender necessárias.
Os postulantes deverão participar de programa oferecido pela Justiça da Infância e da Juventude, voltado à preparação psicológica, orientação e estímulo à adoção inter-racial,de crianças maiores ou de adolescentes, com necessidades específicas de saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos.
Além disso, sempre que possível, se incentivará o contato com crianças e adolescentes em regime de acolhimento familiar ou institucional, em condiçõesde serem adotados.
Após a participação no referido programa, a autoridade judiciária decidirá, em 48 horas, acerca das diligências requeridas pelo Ministério Público e determinará a juntada do estudo psicossocial, designando, conforme o caso, audiência de instrução e julgamento. Caso não sejam requeridas diligências, ou sendo essas indeferidas, a autoridade judiciária determinará a juntada do estudo psicossocial, abrindo, a seguir, vista dos autos ao Ministério Público, por 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo.
Deferida a habilitação, o postulante será inscrito nos cadastros referidos no art. 50 do ECA, sendo a sua convocação para a adoção feita de acordo com a ordem cronológica de habilitação e conforme a disponibilidade de crianças ou adolescentes adotáveis. A recusa sistemática na adoção das crianças ou adolescentes indicados importará na reavaliação da habilitação concedida
Esta ordem cronológica das habilitações somente poderá deixar de ser observada pela autoridade judiciária nas hipóteses previstas no § 13 do art. 50 do ECA, quando comprovado ser essa a melhor solução no interesse do adotando..

Continue navegando