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Indices Objectivos ............................................................................................................................................. 2 Introducao ............................................................................................................................................. 3 Definicao ............................................................................................................................................... 4 Tempo de pega ..................................................................................................................................... 5 Classificacao .......................................................................................................................................... 6 Constituicao .......................................................................................................................................... 8 Propriedades ......................................................................................................................................... 9 Revestimento decorativo monocamada…………………………………………………………………………………………12 Materiais constituintes da argamassa ................................................................................................ 13 Características e propriedades ........................................................................................................... 15 Sistemas de produção ......................................................................................................................... 15 Prazos de carência .............................................................................................................................. 16 Traço ................................................................................................................................................... 17 Conclusão ............................................................................................................................................ 20 Bibliografia .......................................................................................................................................... 21 Argamassas Universidade Eduardo Mondlane Escola Superior de Desenvolvimento Rural | 2 Objectivos Gerais: pretende-se de uma forma abrangente abordar, sob o ponto de vista técnico, os conceitos fundamentais relacionados com as matérias-primas, confecção, aplicação e caracterização das argamassas de utilização mais corrente. Específicos: determinar as propriedades das argamassas no estado fresco: tempo de inicio, de pega, consistência, teor de ar incorporado; Determinar as propriedades da argamassa no estado endurecido e resistência a compreensão. Avaliar o comportamento da argamassa non estado fresco ao longo do tempo de utilização e armazenamento. Argamassas Universidade Eduardo Mondlane Escola Superior de Desenvolvimento Rural | 3 Introdução O presente tem como objectivo abordar conteúdos que tem a ver com argamassas; e estas são materiais de construção, com propriedades de aderência e endurecimento, obtidos a partir da mistura homogénea de um ou mais aglomerantes, agregado fino (areia) e água, podendo conter ainda aditivos e adições minerais. Apresentam várias classificações, tipos e funções diferentes. Actualmente, são produzidos diversos tipos de argamassa, que se apresentam sob diferentes formas, oferecendo propriedades químicas e mecânicas especialmente adaptadas à grande variedade de construções e obras de engenharia civil. No presente trabalho pretende-se de uma forma abrangente abordar, sob o ponto de vista técnico, os conceitos fundamentais relacionados com as matérias-primas, confecção, aplicação e caracterização das argamassa de utilização mais corrente que correspondem a argamassas de ligante inorgânico, em que os agregados são agregados finos pétreos, vulgarmente referidos como areias. Neste trabalho, consideraram-se argamassas tradicionais aquelas em que os ligantes são o gesso, a cal aérea, a cal hidráulica e o cimento, simples ou associados ou que, adicionalmente, contenham pozolanas. A consideração do cimento como ligante tradicional resulta de serem suficientemente conhecidas as suas propriedades e o seu comportamento e de já ser utilizado na construção há mais de 100 anos. Argamassas Universidade Eduardo Mondlane Escola Superior de Desenvolvimento Rural | 4 Definição Argamassas são materiais de construção, com propriedades de aderência e endurecimento, obtidos a partir da mistura homogénea de um ou mais aglomerantes, agregado fino (areia) e água, podendo conter ainda aditivos e adições minerais. O processo de produção da argamassa para o grupo, começou com a extracção da areia, sendo uma parte da areia praia e a outra, areia usual. A areia da praia apos a extracção precisou de dessalinizar para o uso na construção. As imagens ilustram no processo de dessalinização Classificações Classificação das argamassas com relação a vários critérios: Critério de classificação Tipo Quanto à natureza do aglomerante • Argamassa aérea • Argamassa hidráulica Quanto ao tipo de aglomerante • Argamassa de cal • Argamassa de cimento Argamassas Universidade Eduardo Mondlane Escola Superior de Desenvolvimento Rural | 5 • Argamassa de cimento e cal • Argamassa de gesso • Argamassa de cal e gesso Quanto ao número de aglomerantes • Argamassa simples • Argamassa mista Quanto à consistência da argamassa • Argamassa seca • Argamassa plástica • Argamassa fluida Classificação das argamassas segundo as suas funções: Função Tipos Para construção de alvenarias Argamassa de assentamento (elevação da alvenaria) Argamassa de fixação (ou encunhamento) de vedação Para revestimento de paredes e tectos Argamassa de chapisco Argamassa de emboço Argamassa de reboco Argamassa de camada única Argamassa para revestimento decorativo mono-camada TEMPO DE PEGA É o tempo para o início do endurecimento da argamassa quando esta é misturada com água. Após misturada a argamassa deve ser deixada em repouso por aproximadamente 15min e somente depois ser remisturada e aplicada. Tempo de Utilização É o tempo durante o qual a argamassa pode ser utilizada após a sua mistura com água. Após este período a argamassa não pode mais ser utilizada mesmo com o acréscimo de água. Em torno de 2h e 30min, dependendo do tipo de argamassa e das condições do ambiente. Argamassas Universidade Eduardo Mondlane Escola Superior de Desenvolvimento Rural | 6 TEMPO EM ABERTO É o tempo disponível para utilização da argamassa após ser aberta sobre a base (piso ou parede). Após este tempo a argamassa perde o seu poder de adesão. Em torno de 15min, dependendo do tipo de argamassa e das condições do ambiente. CURA Período de endurecimento da argamassa. Neste período um conjunto de medidas que devem ser tomadas para controlar a evaporação da água de amassamento utilizada na argamassa aplicada. Esta água é essencial para a hidratação da argamassa. Em torno de 28 dias, dependendo do tipo de argamassa condições de cura e da sua utilização argamassa, utilização. CLASSIFICAÇÃO As argamassas são classificadas a partir de três conceitos distintos: Local de produção; Concepção; Propriedades e utilização Para auxiliar o desenvolvimento do sector das argamassas a European Mortar Industry Organization (EMO) elaborou o “Dicionário Técnico de Argamassas Europeias”, contendo os inúmeros tipos de argamassas disponíveis no mercado (só na Europa produzem-se mais de 100 tipos distintos), as suas características de aplicação e prestações finais. Este compêndio representa uma fulcral ferramenta de trabalho para o dia-a-dia do sector, bem como para estudos de normalização das argamassas, possibilitando aos diversos envolvidos, um conhecimento do mais aprofundado do tema e a terminologia específica. CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO AS PROPRIEDADES E UTILIZAÇÃO Segundo as propriedades e utilização, as argamassas estão dependentes da finalidade a que se destinam (rebocos, monomassas,…). CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A CONCEPÇÃO Segundo a concepção, as argamassas dividem-se em dois grupos essenciais: Argamassas Universidade Eduardo Mondlane Escola Superior de Desenvolvimento Rural | 7 Argamassas de Desempenho: composição e processo de fabrico estipulado pelo fabricante, de forma a atingir determinadas propriedades. Argamassas de Formulação: composição pré-definida, porém as propriedades finais resultam CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO O LOCAL DE PRODUÇÃO As argamassas, segundo o local de produção, dividem-se em quatro grupos essenciais Argamassa industrial – argamassa doseada e misturada em fábrica. Pode apresentar-se em “pó”, requerendo apenas a adição de água, ou em “pasta”, já amassada fornecida pronta a aplicar. Argamassa industrial semi-acabada – argamassa pré-doseada, a modificar em obra. Argamassa pré-doseada – componentes doseados em fábrica e fornecidos para obra, onde serão misturados segundo instruções e condições do fabricante. Argamassa pré-misturada – componentes doseados e misturados em fábrica, fornecidos à obra, onde serão adicionados outros componentes que o fabricante específica ou também fornece. Argamassa feita em obra (tradicional) – argamassa composta por constituintes “tradicionais” (por exemplo: ligantes, agregados e água), doseados e misturados em obra. Argamassa em pasta (fresca) – argamassa doseada, misturada e amassada, pronta a aplicar. Argamassa hidráulica – argamassa que contém um ligante mineral hidráulico, que endurece com água. Argamassa em dispersão – Argamassa de ligante (s) orgânico (s), na forma de polímeros em dispersão aquosa, com aditivos orgânicos, agregados minerais e/ou cargas finas. A mistura está pronta a aplicar. Argamassa de resina reactiva – mistura de resinas sintéticas, cargas finas e/ou agregados minerais e aditivos orgânicos que endurecem por reacção química. Os componentes pré- doseados são embalados prontos a misturar. As argamassas pré-misturadas cujos constituintes são doseados e misturados em fábrica (sendo- lhes adicionados posteriormente outros constituintes especificados e/ou fornecidos pelo Argamassas Universidade Eduardo Mondlane Escola Superior de Desenvolvimento Rural | 8 fabricante). Argamassas tradicionais (executadas em obra) – compostas por constituintes fundamentais (ligantes, agregados, água,..) doseados e misturados em obra. CONSTITUIÇÃO DAS ARGAMASSAS A argamassa, produto resultante da mistura de um ligante com um agregado e água, pode ser definida como todo e qualquer material com propriedades aglutinantes. Às argamassas podem, contudo, adicionar-se certos elementos que irão favorecer determinadas características da pasta. Neste âmbito, inserimos os adjuvantes ou as pozolanas. Os agregados têm uma forte influência no comportamento das argamassas. Há vários factores, como sejam, a dureza, a forma dos grãos, a granulometria, a porosidade que afectam o comportamento da argamassa. Mas, naturalmente, também a sua origem, o estado de limpeza da areia são factores que podem alterar as características da argamassa. Alguns destes factores são habitualmente referidos, nos cadernos de encargos, para a selecção de areias. De facto, a areia funciona como o esqueleto da argamassa que ganha coesão pela ligação dos seus grãos ao ligante, pelo que, a qualidade do agregado é fundamental no comportamento global da pasta. Muito embora mantenham, na generalidade, a sua composição química verificou-se que, ao longo dos tempos, se podem verificar reacções químicas entre a sílica da areia e o óxido de cálcio. As pozolanas ou adições são materiais que não têm características de ligantes por si só mas combinados com a cal à temperatura normal e na presença da água, formam compostos insolúveis estáveis que possuem as propriedades dos ligantes. Os adjuvantes são produtos que adicionados aos materiais lhes conferem determinadas propriedades e anulam efeitos negativos no seu comportamento. Muitos destes adjuvantes têm origem sintética e ainda não é possível conhecer o seu efeito a longo prazo, pelo que, a sua utilização deve ser moderada em argamassas. ARGAMASSA DE ASSENTAMENTO DE ALVENARIA A argamassa de assentamento de alvenaria é utilizada para a elevação de paredes e muros de tijolos ou blocos. As principais funções das juntas de argamassa na alvenaria são: Argamassas Universidade Eduardo Mondlane Escola Superior de Desenvolvimento Rural | 9 ● Unir as unidades de alvenaria de forma a constituir um elemento monolítico, contribuindo na resistência aos esforços laterais; ● Distribuir uniformemente as cargas actuantes na parede por toda a área resistente dos blocos; ● Selar as juntas garantindo a estanqueidade da parede à penetração de água das chuvas; ● Absorver as deformações naturais, como as de origem térmica e as de retracção por secagem (origem higroscópica), a que a alvenaria estiver sujeita. PROPRIEDADES ESSENCIAIS ● Trabalhabilidade; ● Capacidade Aderência; ● Resistência mecânica ● Capacidade de absorver deformações. TRABALHABILIDADE DA ARGAMASSA Tendo trabalhabilidade adequada, a argamassa poderá apresentar contacto mais extenso com a base através de um melhor espalhamento. A técnica executiva de aplicação, em função das operações de compactação e prensagem contra a base, tende a ampliar a extensão de contacto. A trabalhabilidade é resultante da conjunção de diversas outras propriedades, tais como: ● Consistência: É a maior ou menor facilidade da argamassa deformar-se sob acção de cargas. ● Plasticidade: É a propriedade pela qual a argamassa tende a conservar-se deformada após a retirada das tensões de deformação. ● Retenção de água e de consistência: É a capacidade de a argamassa fresca manter sua trabalhabilidade quando sujeita a solicitações que provocam a perda de água ● Coesão: Refere-se às forças físicas de atracção existentes entre as partículas sólidas da argamassa e as ligações químicas da pasta aglomerante. Argamassas Universidade Eduardo Mondlane Escola Superior de Desenvolvimento Rural | 10 ● Exsudação: É a tendência de separação da água (pasta) da argamassa, de modo que a água sobe e os agregados descem pelo efeito da gravidade. Argamassas de consistência fluida apresentam maior tendência à exsudação. ● Densidade de massa: Relação entre a massa e o volume de material. ● Adesão inicial: União inicial da argamassa no estado fresco ao substrato. CONSISTÊNCIA E PLASTICIDADE Argamassa seca: A pasta aglomerante somente preenche os vazios entre os agregados, deixando-os ainda em contacto. Existe o atrito entre as partículas que resulta em uma massa áspera. Argamassa plástica: Uma fina camada de pasta aglomerante “molha” a superfície dos agregados, dando uma boa adesão entre eles com uma estrutura pseudo-sólida. Argamassa fluida: As partículas de agregado estão imersas no interior da pasta aglomerante, sem coesão interna e com tendência de depositar-se por gravidade (segregação). Os grãos de areia não oferecem nenhuma resistência ao deslizamento, mas a argamassa é tão líquida que se espalha sobre a base, sem permitir a execução adequada do trabalho. CAPACIDADE DE ADERÊNCIA Conceitua-se aderência como a propriedade que possibilita à camada de revestimento resistir às tensões normais e tangenciais actuantes na interface com a base. O mecanismo de aderência se desenvolve principalmente pela ancoragem da pasta aglomerante nos poros da base, ou seja, parte da água de amassamento contendo os aglomerantes é succionada pelos poros da base onde ocorre o seu endurecimento e por efeito de ancoragem mecânica da argamassa nas reentrâncias e saliências macroscópicas da superfície a ser revestida. Argamassas Universidade Eduardo Mondlane Escola Superior de Desenvolvimento Rural | 11 RESISTÊNCIA MECÂNICA A resistência mecânica é a capacidade dos revestimentos de suportar esforços das mais diversas naturezas, que resultam, em tensões internas de tração, compressão e cisalhamento. Esforços de abrasão superficial, cargas de impacto e movimentos de contracção e expansão dos revestimentos por efeitos de umidade, são exemplos destas solicitações. Um método usual de avaliação da resistência, embora ainda empírico para servir de base para especificações, é o tradicional risco com prego ou objecto pontiagudo similar, adoptado em obra para qualificar a resistência superficial dos revestimentos. CAPACIDADE DE ABSORVER DEFORMAÇÕES É a propriedade que o revestimento possui de absorver deformações intrínsecas (do próprio revestimento) ou extrínsecas (da base) sem sofrer ruptura, sem apresentar fissuras prejudiciais e sem perder aderência. Esta capacidade de absorver deformações é governada pela resistência à tração e pelo módulo de deformação do revestimento. Um dos principais fenómenos que provocam deformações de retracção ocorre tão logo a argamassa é aplicada, devido à perda de água por sucção da base e por evaporação para o ambiente. A retracção gera tensões internas de tração. O revestimento pode ou não ter capacidade de resistir a essas tensões, o que regula o grau de fissuração nas primeiras idades. Uma boa técnica de aplicação permite que se trabalhe uma argamassa com menos água, o que certamente diminui a retracção. ARGAMASSA DE REVESTIMENTO Argamassa de revestimento é utilizada para revestir paredes, muros e tectos, os quais, geralmente, recebem acabamentos como pintura, revestimentos cerâmicos, laminados, etc. Existem vários tipos de camada a destacar: (Chapisco; Emboço; Reboco; Camada única; Revestimento decorativo monocamada.) Chapisco: Camada de preparo da base, aplicada de forma contínua ou descontínua, com finalidade de uniformizar a superfície quanto à absorção e melhorar a aderência do revestimento. Argamassas Universidade Eduardo Mondlane Escola Superior de Desenvolvimento Rural | 12 Emboço: Camada de revestimento executada para cobrir e regularizar a base, propiciando uma superfície que permita receber outra camada, de reboco ou de revestimento decorativo (por exemplo, cerâmica). Reboco: Camada de revestimento utilizada para cobrimento do emboço, propiciando uma superfície que permita receber o revestimento decorativo (por exemplo, pintura) ou que se constitua no acabamento final. Camada única: Revestimento de um único tipo de argamassa aplicado à base, sobre o qual é aplicada uma camada decorativa, como, por exemplo, a pintura. REVESTIMENTO DECORATIVO MONOCAMADA Trata-se de um revestimento aplicado em uma única camada, que faz, simultaneamente, a função de regularização e decorativa, muito utilizado na Europa; A argamassa de RDM é um produto industrializado, com composição variável de acordo com o fabricante, contendo geralmente: cimento branco, cal hidratada, agregados de várias naturezas, pigmentos inorgânicos, fungicidas, além de vários aditivos (plastificante, retentor de água, incorporador de ar, etc.). PRINCIPAIS FUNÇÕES DE UM REVESTIMENTO DE ARGAMASSA DE PAREDE: ● Proteger a alvenaria e a estrutura contra a acção do intemperismo, no caso dos revestimentos externos; ● Integrar o sistema de vedação dos edifícios, contribuindo com diversas funções, tais como: isolamento térmico (~30%), isolamento acústico (~50%), estanqueidade à água (~70 a 100%), segurança ao fogo e resistência ao desgaste e abalos superficiais; Argamassas Universidade Eduardo Mondlane Escola Superior de Desenvolvimento Rural | 13 PROPRIEDADES ESSENCIAIS AO BOM DESEMPENHO DAS ARGAMASSAS DE REVESTIMENTO: ● Trabalhabilidade, especialmente consistência, plasticidade e adesão inicial; ● Retracção; ● Aderência; ● Permeabilidade à água; ● Resistência mecânica, principalmente a superficial; ● Capacidade de absorver deformações. MATERIAIS CONSTITUINTES DA ARGAMASSA Cimento Portland O cimento Portland possui propriedade aglomerante desenvolvida pela reacção de seus constituintes com a água, sendo assim denominado aglomerante hidráulico. A contribuição do cimento nas propriedades das argamassas está voltada sobretudo para a resistência mecânica. Além disso, o facto de ser composto por finas partículas contribui para a retenção da água de mistura e para a plasticidade. Se, por um lado, quanto maior a quantidade de cimento presente na mistura, maior é a retracção, por outro, maior também será a aderência à base. De acordo com suas características, os cimentos são classificados em diferentes tipos por normas específicas, relacionadas na tabela abaixo: Cal Hidratada Numa argamassa onde há apenas a presença de cal, sua função principal é funcionar como aglomerante da mistura. Neste tipo de argamassa, destacam-se as propriedades de trabalhabilidade e a capacidade de absorver deformações. Entretanto, são reduzidas as suas propriedades de resistência mecânica e aderência. Em argamassas mistas, de cal e cimento, devido a finura da cal há retenção de água em volta de suas partículas e consequentemente maior retenção de água na argamassa. Assim, a cal pode contribuir para uma melhor hidratação do cimento, além de contribuir significativamente para a Argamassas Universidade Eduardo Mondlane Escola Superior de Desenvolvimento Rural | 14 trabalhabilidade e capacidade de absorver deformações. Assim, a cal pode contribuir para uma melhor hidratação do cimento, além de contribuir significativamente para a trabalhabilidade e capacidade de absorver deformações. Água A água confere continuidade à mistura, permitindo a ocorrência das reacções entre os diversos componentes, sobretudo as do cimento. A água, embora seja o recurso directamente utilizado pelo pedreiro para regular a consistência da mistura, fazendo a sua adição até a obtenção da trabalhabilidade desejada, deve ter o seu teor atendendo ao traço pré-estabelecido, seja para argamassa dosada em obra ou na indústria. Considera-se a água potável como a melhor para elaboração de produtos à base de cimento Portland. Não devem ser utilizadas águas contaminadas ou com excesso de sais solúveis Areia As areias utilizadas na preparação de argamassas podem ser originárias de: rios; cava; britagem (areia de brita, areia artificial). O agregado miúdo ou areia é um constituinte das argamassas de origem mineral, de forma particulada, com diâmetros entre 0,06 e 2,0 mm. A granulometria do agregado tem influência nas proporções de aglomerantes e água da mistura. Desta forma, quando há deficiências na curva granulométrica (isto é, a curva não é contínua) ou excesso e finos, ocorre maior consumo de água de amassamento, reduzindo a resistência mecânica e causando maior retracção por secagem na argamassa. Aditivos Os aditivos são compostos adicionados em pequena quantidade à mistura, com a finalidade de melhorar uma ou mais propriedades da argamassa no estado fresco e no estado endurecido e sua quantidade é expressa em percentagem do aglomerante. Usualmente, através do uso de aditivos, procura se diminuir a retracção na secagem (para diminuir fissuração), aumentar o tempo de pega e manter a plasticidade (para facilitar a trabalhabilidade), aumentar a retenção de água e por fim, aumentar a aderência da argamassa ao substrato. Argamassas Universidade Eduardo Mondlane Escola Superior de Desenvolvimento Rural | 15 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES Os revestimentos de argamassa, para cumprir adequadamente as suas funções, devem possuir características e propriedades que sejam compatíveis com as condições a que estarão expostos, com as condições de execução, com a natureza da base, com as especificações de desempenho, e com o acabamento final previsto. SISTEMAS DE PRODUÇÃO Parte importante do processo que leva à decisão de como se vai executar os revestimentos de argamassa é de como estas argamassas serão produzidas e transportadas no ambiente da obra. Sistemas de produção encontrados: • Argamassa preparada na obra • Argamassa industrializada em sacos • Argamassa preparada em central • Argamassa industrializada em silos Argamassa preparada na obra: este é o sistema tradicional. A fabricação de argamassas é empírica: definidos os constituintes a serem utilizados e a proporção relativa de cada constituinte (traço) na fase de projecto, a fabricação resume-se em misturar mecanicamente os constituintes em uma certa sequência e por um dado tempo. É necessário o controle de uniformidade do produto, seja através do controle dos materiais constituintes, seja pelo controle da própria argamassa. A armazenagem dos materiais deve ser feita de maneira adequada. Há a necessidade de se prever áreas de estucagem para as matérias-primas, tais como agregados, cimento e cal. O cimento e as cales devem ser sempre armazenados protegidos de intempéries e em local de fácil acesso. Os agregados devem ser estocados em baias cujos pisos devem se preferencialmente cimentados e separadas em função de cada tipo de material. Argamassa industrializada em sacos: essas argamassas compõem-se de agregados com granulometria controlada, cimento Portland e aditivos especiais que optimizam as propriedades das mesmas, tanto no estado fresco quanto no endurecido. As argamassas ensacadas são fabricadas em complexos industriais, onde os agregados miúdos, os aglomerantes e os aditivos em pó, são misturados a seco e ensacados. A embalagem pode ser plástica ou de papel kraft, Argamassas Universidade Eduardo Mondlane Escola Superior de Desenvolvimento Rural | 16 semelhante aos sacos de cal e cimento. No momento da utilização, o preparo da argamassa é feito apenas pela mistura com adição de água. Argamassa preparada em central: estas argamassas são dosadas em centrais e fornecidas em caminhões-betoneira, prontas para a aplicação. Adoptando-se este tipo de argamassa elimina-se a necessidade de central de preparo e área de estucagem de materiais na obra. As argamassas comentícias apresentam curtos períodos para aplicação, mesmo quando aditivadas. Por isso deve-se prever a quantidade adequada de argamassa a receber na obra durante a jornada de trabalho. No caso de argamassa apenas de cal, essa previsão não importa muito, pois elas permanecem em condições de aplicação por alguns dias. É um sistema que só se justifica quando da aplicação de grandes quantidades de argamassa em curto período de tempo. Um exemplo onde se aplica esta forma de produção são contra pisos em grandes extensões. Argamassa industrializada em silos: as argamassas entregues em silos são produzidas em complexos industriais, onde os agregados, aglomerantes e aditivos são misturados a seco e armazenados em silos metálicos que são levados por caminhões até as obras. Na obra, os silos ficam estocados de forma a facilitar sua substituição e/ou abastecimento. No momento do preparo, o sistema dispõe de mecanismos para a adição de água e mistura, produzindo-se a argamassa. Prazos de carência Na programação dos serviços deverão ser obedecidos os seguintes prazos de carência: 120 Dias: execução da estrutura de concreto armado; execução feita aos três últimos pavimentos (60 dias); 30 Dias: Execução da alvenaria de vedação 15 Dias: Fixação da alvenaria de vedação com encunhamento (cunhas e argamassa expansiva); 7 Dias: fixação da alvenaria de vedação sem encunhamento (só com argamassa de preenchimento); fixação da alvenaria de vedação do pavimento superior 72 Horas da execução do chapisco: execução de emboço 7 Dias da execução do emboço: execução do reboco. Argamassas Universidade Eduardo Mondlane Escola Superior de Desenvolvimento Rural | 17 TRAÇO Existem variados métodos para formular a composição das argamassas. A forma mais precisa para definir a composição é a que consiste em indicar o peso de cada componente por metro cúbico de argamassa. No entanto, este modo de formular a composição é pouco adequado em obra uma vez que requer equipamentos e cuidados desajustados do quotidiano do estaleiro. Deste modo, na obra, normalmente utilizam-se processos que, embora menos rigorosos, são mais expeditos e de mais fácil controlo. Um dos processos expeditos utilizados em amassaduras de dimensão razoável pode ser a indicação da quantidade de areia por cada saco de ligante. Todavia, o método mais antigo de formular composição, e, porventura, o mais utilizado nos estaleiros é o da proporcionalidade entre o ligante e o inerte. Este método, provavelmente anterior aos romanos tem a vantagem de poder ser empregue por pessoal não especializado e com recurso a equipamento rudimentar, pois apenas requer a utilização de um recipiente para medir quantidades das diversas matéria-prima que entram na composição. Na base desta formulação está o conceito de traço, definido como sendo a relação entre as proporções das quantidades de ligante e de areia que entram na composição da argamassa. Usualmente, para a sua designação geral adopta-se uma relação do tipo 1 : p, em que p identifica a proporção de areia e se toma a parte de ligante igual à unidade. Assim, uma argamassa de cal aérea de traço 1 : 3 terá na sua composição uma parte de cal aérea, em cada três partes de areia. Porém, nas argamassas bastardas a designação deve contemplar também as proporções em que os vários ligantes entram na composição, pelo que assumirá a forma 1 : m : n ...: p, em que se toma a parte de um dos ligantes igual à unidade, as letras m,n..., indicam as proporções dos restantes ligantes e p representa a proporção de areia. Então numa argamassa bastarda de cimento e cal, o traço 1 : 1 : 6 designa uma composição composta por uma parte de cimento, uma parte de cal e seis partes de areia. Em qualquer das situações descritas, como se pode observar, a definição inequívoca da composição obriga á explicitação dos ligantes da argamassa. Argamassas Universidade Eduardo Mondlane Escola Superior de Desenvolvimento Rural | 18 Por outro lado, apesar desta prática de formulação se referir na generalidade dos casos a proporções em volume, ultimamente em determinadas situações, alguns autores adoptam este método para definir a composição em peso. A medição das quantidades em peso é mais precisa e deve ser utilizada em operações que envolvam rigor ou que, pela sua natureza, sejam complexas ou de grande responsabilidade. Ao especificar a composição pelo traço é, portanto, conveniente precisar a base da medição (volume ou peso) e os ligantes presentes. Exemplos: • Traço em volume 1 : 1 : 6 (cimento : cal hidráulica: areia) • Traço em volume 1 : 3 (cal aérea: areia) Proporção dos componentes relativamente ao aglomerante principal, em geral o de maior reactividade química e potencial aglomerante. Para assentar tijolos 1:2:9 – Uma lata de cimento, duas de cal e nove de areia (é a medida mais utilizada para se fazer massa de alvenaria com cal); 1:0,5:6 – Uma lata de cimento, meia de cal e seis de areia (esse traço de argamassa é mais resistente e mais barato do que o primeiro). Massa para assentar tijolo com cimento e areia (sem cal) 1:6 – Uma lata de cimento para seis de areia; 1:8 – Uma lata de cimento para oito de areia. Massa de cimento e areia para assentar tijolos (com cal) 1:2:9 – Uma lata de cimento, duas de cal e nove de areia (medida mais usada para fazer massa de alvenaria com cal); 1:0,5:6 – Uma lata de cimento, meia de cal e seis de areia (traço de argamassa mais resistente e mais barato que o anterior). Traços usados em alvenaria estrutural Argamassas Universidade Eduardo Mondlane Escola Superior de Desenvolvimento Rural | 19 1:1:6 – Traço de argamassa bastante utilizado na alvenaria estrutural para construções pequenas. 1:4,5:0,5 – É um traço que oferece maior resistência e tração na alvenaria. Argamassas bastardas O processo é idêntico ao descrito para as argamassas de um só ligante, tendo presente, que, neste caso, o ligante á a soma de dois ligantes diferentes. Assim, numa argamassa bastarda de cimento e cal aérea, o traço 1 : 1 : 6 (em volume) corresponde ao traço 2 : 6 ou 1 : 3 ( em volume), que indica, respectivamente, as proporções de ligante e de areia. Também a transformação do traço em volume para o equivalente em massa se opera da mesma forma, com a diferença de que aqui é necessário obter previamente a baridade do ligante (mistura de cal com o cimento): baridade do “ligante”∑ 𝑝𝑖 𝑥 𝑏𝑖𝑛𝑖=1 n – nº de ligantes; pi– a proporção do ligante i; bi– a baridade do ligante i. Com o decorrer dos anos, a cal aérea cedeu lugar à cal hidráulica e ao cimento, de tal modo que FARINHA e REIS (1992) propõem os seguintes traços: • Alvenarias de pedra – 1: 4 a 5 (cimento, areia); • Alvenarias de tijolo – 1: 6 (cimento, areia); • Forro de cantaria – 1: 2 (cimento, areia fina); • Mosaicos – 1: 6 a 8 (cimento, areia); • Azulejos – 1:7 (cal hidráulica, areia) ou 1:2:8 (cal aérea, cimento, areia); • Manilhas de grés – 1:3 (cimento, areia). Nos pavimentos, exigências de resistência e de durabilidade aconselham a adopção de argamassas hidráulicas, esquarteladas, com traços próximos de 1:2 a 4. Argamassas Universidade Eduardo Mondlane Escola Superior de Desenvolvimento Rural | 20 Conclusão Actualmente, são inúmeras as utilizações das argamassas em obra. Podemos encontrar este material no assentamento das alvenarias, mas onde se encontra mais visível é nos revestimentos e acabamentos dos edifícios. Nestes últimos cumprem duas funções principais, protecção das alvenarias e interiores das habitações e de decoração. Os revestimentos têm que ser capazes de aderir ao suporte, resistir bem aos movimentos destes, aos seus próprios movimentos internos decorrentes da secagem e processo de endurecimento, bem como, às solicitações exteriores, permitir ainda que ocorram as necessárias trocas de vapor entre o interior e o exterior dos edifícios e tenham capacidade para expulsar a água infiltrada. Os factores mencionados encontram se correlacionados entre si, pelo que, a melhoria de alguns aspectos, pode influenciar negativamente outras características. De facto, são necessárias escolhas adequadas e dosagens das matérias-primas para contribuir que os requisitos pré- definidos sejam cumpridos. Mas há factores de grande importância no comportamento das argamassas, tais como, a natureza do suporte ou das camadas subjacentes, que influenciam directamente no comportamento da argamassa. Argamassas Universidade Eduardo Mondlane Escola Superior de Desenvolvimento Rural | 21 BIBLIOGRAFIA ADAM, Jean Pierre- La construction romaine, matériaux er techniques, 2ª edição, Grand Manual Picard, Paris, 1989. ALARCÃO, Jorge de- Argamassas na Antiguidade, in «História», Nº2, Lisboa, Prójornal, 1978. p.20-24. Materiais de Construção. A. P. Ferreira Pinto, Augusto Gomes, Bessa Pinto, 2006 – “Argamassas”
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