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Materiais de construcao

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Indices 
 
Objectivos ............................................................................................................................................. 2 
Introducao ............................................................................................................................................. 3 
Definicao ............................................................................................................................................... 4 
Tempo de pega ..................................................................................................................................... 5 
Classificacao .......................................................................................................................................... 6 
Constituicao .......................................................................................................................................... 8 
Propriedades ......................................................................................................................................... 9 
 Revestimento decorativo monocamada…………………………………………………………………………………………12 
Materiais constituintes da argamassa ................................................................................................ 13 
Características e propriedades ........................................................................................................... 15 
Sistemas de produção ......................................................................................................................... 15 
Prazos de carência .............................................................................................................................. 16 
Traço ................................................................................................................................................... 17 
Conclusão ............................................................................................................................................ 20 
Bibliografia .......................................................................................................................................... 21 
 
 
Argamassas 
 
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Objectivos 
Gerais: pretende-se de uma forma abrangente abordar, sob o ponto de vista técnico, os conceitos 
fundamentais relacionados com as matérias-primas, confecção, aplicação e caracterização das 
argamassas de utilização mais corrente. 
 
Específicos: determinar as propriedades das argamassas no estado fresco: tempo de inicio, de pega, 
consistência, teor de ar incorporado; 
 
 Determinar as propriedades da argamassa no estado endurecido e resistência a compreensão. 
 
 Avaliar o comportamento da argamassa non estado fresco ao longo do tempo de utilização e 
armazenamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Argamassas 
 
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Introdução 
O presente tem como objectivo abordar conteúdos que tem a ver com argamassas; e estas são 
materiais de construção, com propriedades de aderência e endurecimento, obtidos a partir da 
mistura homogénea de um ou mais aglomerantes, agregado fino (areia) e água, podendo conter 
ainda aditivos e adições minerais. Apresentam várias classificações, tipos e funções diferentes. 
Actualmente, são produzidos diversos tipos de argamassa, que se apresentam sob diferentes 
formas, oferecendo propriedades químicas e mecânicas especialmente adaptadas à grande 
variedade de construções e obras de engenharia civil. 
No presente trabalho pretende-se de uma forma abrangente abordar, sob o ponto de vista técnico, 
os conceitos fundamentais relacionados com as matérias-primas, confecção, aplicação e 
caracterização das argamassa de utilização mais corrente que correspondem a argamassas de 
ligante inorgânico, em que os agregados são agregados finos pétreos, vulgarmente referidos 
como areias. 
Neste trabalho, consideraram-se argamassas tradicionais aquelas em que os ligantes são o gesso, 
a cal aérea, a cal hidráulica e o cimento, simples ou associados ou que, adicionalmente, 
contenham pozolanas. A consideração do cimento como ligante tradicional resulta de serem 
suficientemente conhecidas as suas propriedades e o seu comportamento e de já ser utilizado na 
construção há mais de 100 anos. 
 
 
 
 
Argamassas 
 
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Definição 
Argamassas são materiais de construção, com propriedades de aderência e endurecimento, 
obtidos a partir da mistura homogénea de um ou mais aglomerantes, agregado fino (areia) e 
água, podendo conter ainda aditivos e adições minerais. 
 
O processo de produção da argamassa para o grupo, começou com a extracção da areia, sendo 
uma parte da areia praia e a outra, areia usual. 
A areia da praia apos a extracção precisou de dessalinizar para o uso na construção. 
As imagens ilustram no processo de dessalinização 
 
Classificações 
Classificação das argamassas com relação a vários critérios: 
Critério de classificação Tipo 
Quanto à natureza do aglomerante 
 
• Argamassa aérea 
• Argamassa hidráulica 
 
Quanto ao tipo de aglomerante 
• Argamassa de cal 
• Argamassa de cimento 
Argamassas 
 
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 • Argamassa de cimento e cal 
• Argamassa de gesso 
• Argamassa de cal e gesso 
Quanto ao número de aglomerantes 
 
• Argamassa simples 
• Argamassa mista 
Quanto à consistência da argamassa 
 
• Argamassa seca 
• Argamassa plástica 
• Argamassa fluida 
 
Classificação das argamassas segundo as suas funções: 
Função 
 
Tipos 
 
Para construção de alvenarias 
 
Argamassa de assentamento (elevação da 
alvenaria) 
Argamassa de fixação (ou encunhamento) de 
vedação 
Para revestimento de paredes e tectos 
 
Argamassa de chapisco 
Argamassa de emboço 
Argamassa de reboco 
Argamassa de camada única 
Argamassa para revestimento decorativo 
mono-camada 
 
TEMPO DE PEGA 
É o tempo para o início do endurecimento da argamassa quando esta é misturada com água. 
Após misturada a argamassa deve ser deixada em repouso por aproximadamente 15min e 
somente depois ser remisturada e aplicada. 
Tempo de Utilização 
É o tempo durante o qual a argamassa pode ser utilizada após a sua mistura com água. Após este 
período a argamassa não pode mais ser utilizada mesmo com o acréscimo de água. Em torno de 
2h e 30min, dependendo do tipo de argamassa e das condições do ambiente. 
 
 
Argamassas 
 
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TEMPO EM ABERTO 
É o tempo disponível para utilização da argamassa após ser aberta sobre a base (piso ou parede). 
Após este tempo a argamassa perde o seu poder de adesão. Em torno de 15min, dependendo do 
tipo de argamassa e das condições do ambiente. 
CURA 
Período de endurecimento da argamassa. Neste período um conjunto de medidas que devem ser 
tomadas para controlar a evaporação da água de amassamento utilizada na argamassa aplicada. 
Esta água é essencial para a hidratação da argamassa. Em torno de 28 dias, dependendo do tipo 
de argamassa condições de cura e da sua utilização argamassa, utilização. 
CLASSIFICAÇÃO 
As argamassas são classificadas a partir de
três conceitos distintos: 
 Local de produção; 
 Concepção; 
 Propriedades e utilização 
 
Para auxiliar o desenvolvimento do sector das argamassas a European Mortar Industry 
Organization (EMO) elaborou o “Dicionário Técnico de Argamassas Europeias”, contendo os 
inúmeros tipos de argamassas disponíveis no mercado (só na Europa produzem-se mais de 100 
tipos distintos), as suas características de aplicação e prestações finais. Este compêndio 
representa uma fulcral ferramenta de trabalho para o dia-a-dia do sector, bem como para estudos 
de normalização das argamassas, possibilitando aos diversos envolvidos, um conhecimento do 
mais aprofundado do tema e a terminologia específica. 
CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO AS PROPRIEDADES E UTILIZAÇÃO 
Segundo as propriedades e utilização, as argamassas estão dependentes da finalidade a que se 
destinam (rebocos, monomassas,…). 
CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A CONCEPÇÃO 
 Segundo a concepção, as argamassas dividem-se em dois grupos essenciais: 
Argamassas 
 
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 Argamassas de Desempenho: composição e processo de fabrico estipulado pelo fabricante, de 
forma a atingir determinadas propriedades. 
 Argamassas de Formulação: composição pré-definida, porém as propriedades finais resultam 
CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO O LOCAL DE PRODUÇÃO 
As argamassas, segundo o local de produção, dividem-se em quatro grupos essenciais 
Argamassa industrial – argamassa doseada e misturada em fábrica. Pode apresentar-se em 
“pó”, requerendo apenas a adição de água, ou em “pasta”, já amassada fornecida pronta a aplicar. 
 Argamassa industrial semi-acabada – argamassa pré-doseada, a modificar em obra. 
 Argamassa pré-doseada – componentes doseados em fábrica e fornecidos para obra, 
onde serão misturados segundo instruções e condições do fabricante. 
 Argamassa pré-misturada – componentes doseados e misturados em fábrica, fornecidos 
à obra, onde serão adicionados outros componentes que o fabricante específica ou 
também fornece. 
Argamassa feita em obra (tradicional) – argamassa composta por constituintes “tradicionais” 
(por exemplo: ligantes, agregados e água), doseados e misturados em obra. 
 Argamassa em pasta (fresca) – argamassa doseada, misturada e amassada, pronta a aplicar. 
Argamassa hidráulica – argamassa que contém um ligante mineral hidráulico, que endurece 
com água. 
Argamassa em dispersão – Argamassa de ligante (s) orgânico (s), na forma de polímeros em 
dispersão aquosa, com aditivos orgânicos, agregados minerais e/ou cargas finas. A mistura está 
pronta a aplicar. 
Argamassa de resina reactiva – mistura de resinas sintéticas, cargas finas e/ou agregados 
minerais e aditivos orgânicos que endurecem por reacção química. Os componentes pré-
doseados são embalados prontos a misturar. 
As argamassas pré-misturadas cujos constituintes são doseados e misturados em fábrica (sendo-
lhes adicionados posteriormente outros constituintes especificados e/ou fornecidos pelo 
Argamassas 
 
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fabricante). Argamassas tradicionais (executadas em obra) – compostas por constituintes 
fundamentais (ligantes, agregados, água,..) doseados e misturados em obra. 
CONSTITUIÇÃO DAS ARGAMASSAS 
A argamassa, produto resultante da mistura de um ligante com um agregado e água, pode ser 
definida como todo e qualquer material com propriedades aglutinantes. Às argamassas podem, 
contudo, adicionar-se certos elementos que irão favorecer determinadas características da pasta. 
Neste âmbito, inserimos os adjuvantes ou as pozolanas. 
Os agregados têm uma forte influência no comportamento das argamassas. Há vários factores, 
como sejam, a dureza, a forma dos grãos, a granulometria, a porosidade que afectam o 
comportamento da argamassa. Mas, naturalmente, também a sua origem, o estado de limpeza da 
areia são factores que podem alterar as características da argamassa. Alguns destes factores são 
habitualmente referidos, nos cadernos de encargos, para a selecção de areias. De facto, a areia 
funciona como o esqueleto da argamassa que ganha coesão pela ligação dos seus grãos ao 
ligante, pelo que, a qualidade do agregado é fundamental no comportamento global da pasta. 
Muito embora mantenham, na generalidade, a sua composição química verificou-se que, ao 
longo dos tempos, se podem verificar reacções químicas entre a sílica da areia e o óxido de 
cálcio. 
As pozolanas ou adições são materiais que não têm características de ligantes por si só mas 
combinados com a cal à temperatura normal e na presença da água, formam compostos 
insolúveis estáveis que possuem as propriedades dos ligantes. 
Os adjuvantes são produtos que adicionados aos materiais lhes conferem determinadas 
propriedades e anulam efeitos negativos no seu comportamento. Muitos destes adjuvantes têm 
origem sintética e ainda não é possível conhecer o seu efeito a longo prazo, pelo que, a sua 
utilização deve ser moderada em argamassas. 
 
ARGAMASSA DE ASSENTAMENTO DE ALVENARIA 
A argamassa de assentamento de alvenaria é utilizada para a elevação de paredes e muros de 
tijolos ou blocos. As principais funções das juntas de argamassa na alvenaria são: 
Argamassas 
 
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● Unir as unidades de alvenaria de forma a constituir um elemento monolítico, contribuindo na 
resistência aos esforços laterais; 
● Distribuir uniformemente as cargas actuantes na parede por toda a área resistente dos blocos; 
● Selar as juntas garantindo a estanqueidade da parede à penetração de água das chuvas; 
● Absorver as deformações naturais, como as de origem térmica e as de retracção por secagem 
(origem higroscópica), a que a alvenaria estiver sujeita. 
PROPRIEDADES ESSENCIAIS 
● Trabalhabilidade; 
● Capacidade Aderência; 
● Resistência mecânica 
● Capacidade de absorver deformações. 
TRABALHABILIDADE DA ARGAMASSA 
Tendo trabalhabilidade adequada, a argamassa poderá apresentar contacto mais extenso com a 
base através de um melhor espalhamento. A técnica executiva de aplicação, em função das 
operações de compactação e prensagem contra a base, tende a ampliar a extensão de contacto. A 
trabalhabilidade é resultante da conjunção de diversas outras propriedades, tais como: 
● Consistência: É a maior ou menor facilidade da argamassa deformar-se sob acção de cargas. 
● Plasticidade: É a propriedade pela qual a argamassa tende a conservar-se deformada após a 
retirada das tensões de deformação. 
● Retenção de água e de consistência: É a capacidade de a argamassa fresca manter sua 
trabalhabilidade quando sujeita a solicitações que provocam a perda de água 
● Coesão: Refere-se às forças físicas de atracção existentes entre as partículas sólidas da 
argamassa e as ligações químicas da pasta aglomerante. 
Argamassas 
 
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● Exsudação: É a tendência de separação da água (pasta) da argamassa, de modo que a água 
sobe e os agregados descem pelo efeito da gravidade. Argamassas de consistência fluida 
apresentam maior tendência à exsudação. 
● Densidade de massa: Relação entre a massa e o volume de material. 
● Adesão inicial: União inicial da argamassa no estado fresco ao substrato. 
CONSISTÊNCIA E PLASTICIDADE 
Argamassa seca: A pasta aglomerante somente preenche os vazios entre os agregados, 
deixando-os ainda em contacto. Existe o atrito entre as partículas que resulta em uma massa 
áspera.
Argamassa plástica: Uma fina camada de pasta aglomerante “molha” a superfície dos 
agregados, dando uma boa adesão entre eles com uma estrutura pseudo-sólida. 
Argamassa fluida: As partículas de agregado estão imersas no interior da pasta aglomerante, 
sem coesão interna e com tendência de depositar-se por gravidade (segregação). Os grãos de 
areia não oferecem nenhuma resistência ao deslizamento, mas a argamassa é tão líquida que se 
espalha sobre a base, sem permitir a execução adequada do trabalho. 
CAPACIDADE DE ADERÊNCIA 
Conceitua-se aderência como a propriedade que possibilita à camada de revestimento resistir às 
tensões normais e tangenciais actuantes na interface com a base. 
O mecanismo de aderência se desenvolve principalmente pela ancoragem da pasta aglomerante 
nos poros da base, ou seja, parte da água de amassamento contendo os aglomerantes é 
succionada pelos poros da base onde ocorre o seu endurecimento e por efeito de ancoragem 
mecânica da argamassa nas reentrâncias e saliências macroscópicas da superfície a ser revestida. 
 
 
 
 
Argamassas 
 
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RESISTÊNCIA MECÂNICA 
A resistência mecânica é a capacidade dos revestimentos de suportar esforços das mais diversas 
naturezas, que resultam, em tensões internas de tração, compressão e cisalhamento. 
Esforços de abrasão superficial, cargas de impacto e movimentos de contracção e expansão dos 
revestimentos por efeitos de umidade, são exemplos destas solicitações. Um método usual de 
avaliação da resistência, embora ainda empírico para servir de base para especificações, é o 
tradicional risco com prego ou objecto pontiagudo similar, adoptado em obra para qualificar a 
resistência superficial dos revestimentos. 
CAPACIDADE DE ABSORVER DEFORMAÇÕES 
É a propriedade que o revestimento possui de absorver deformações intrínsecas (do próprio 
revestimento) ou extrínsecas (da base) sem sofrer ruptura, sem apresentar fissuras prejudiciais e 
sem perder aderência. 
Esta capacidade de absorver deformações é governada pela resistência à tração e pelo módulo de 
deformação do revestimento. Um dos principais fenómenos que provocam deformações de 
retracção ocorre tão logo a argamassa é aplicada, devido à perda de água por sucção da base e 
por evaporação para o ambiente. A retracção gera tensões internas de tração. O revestimento 
pode ou não ter capacidade de resistir a essas tensões, o que regula o grau de fissuração nas 
primeiras idades. Uma boa técnica de aplicação permite que se trabalhe uma argamassa com 
menos água, o que certamente diminui a retracção. 
ARGAMASSA DE REVESTIMENTO 
Argamassa de revestimento é utilizada para revestir paredes, muros e tectos, os quais, 
geralmente, recebem acabamentos como pintura, revestimentos cerâmicos, laminados, etc. 
Existem vários tipos de camada a destacar: (Chapisco; Emboço; Reboco; Camada única; 
Revestimento decorativo monocamada.) 
Chapisco: 
Camada de preparo da base, aplicada de forma contínua ou descontínua, com finalidade de 
uniformizar a superfície quanto à absorção e melhorar a aderência do revestimento. 
Argamassas 
 
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Emboço: 
Camada de revestimento executada para cobrir e regularizar a base, propiciando uma superfície 
que permita receber outra camada, de reboco ou de revestimento decorativo (por exemplo, 
cerâmica). 
Reboco: 
Camada de revestimento utilizada para cobrimento do emboço, propiciando uma superfície que 
permita receber o revestimento decorativo (por exemplo, pintura) ou que se constitua no 
acabamento final. 
Camada única: 
Revestimento de um único tipo de argamassa aplicado à base, sobre o qual é aplicada uma 
camada decorativa, como, por exemplo, a pintura. 
REVESTIMENTO DECORATIVO MONOCAMADA 
Trata-se de um revestimento aplicado em uma única camada, que faz, simultaneamente, a função 
de regularização e decorativa, muito utilizado na Europa; 
A argamassa de RDM é um produto industrializado, com composição variável de acordo com o 
fabricante, contendo geralmente: cimento branco, cal hidratada, agregados de várias naturezas, 
pigmentos inorgânicos, fungicidas, além de vários aditivos (plastificante, retentor de água, 
incorporador de ar, etc.). 
PRINCIPAIS FUNÇÕES DE UM REVESTIMENTO DE ARGAMASSA DE PAREDE: 
● Proteger a alvenaria e a estrutura contra a acção do intemperismo, no caso dos revestimentos 
externos; 
● Integrar o sistema de vedação dos edifícios, contribuindo com diversas funções, tais como: 
isolamento térmico (~30%), isolamento acústico (~50%), estanqueidade à água (~70 a 100%), 
segurança ao fogo e resistência ao desgaste e abalos superficiais; 
 
Argamassas 
 
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PROPRIEDADES ESSENCIAIS AO BOM DESEMPENHO DAS ARGAMASSAS DE 
REVESTIMENTO: 
● Trabalhabilidade, especialmente consistência, plasticidade e adesão inicial; 
● Retracção; 
● Aderência; 
● Permeabilidade à água; 
● Resistência mecânica, principalmente a superficial; 
● Capacidade de absorver deformações. 
MATERIAIS CONSTITUINTES DA ARGAMASSA 
Cimento Portland 
O cimento Portland possui propriedade aglomerante desenvolvida pela reacção de seus 
constituintes com a água, sendo assim denominado aglomerante hidráulico. A contribuição do 
cimento nas propriedades das argamassas está voltada sobretudo para a resistência mecânica. 
Além disso, o facto de ser composto por finas partículas contribui para a retenção da água de 
mistura e para a plasticidade. Se, por um lado, quanto maior a quantidade de cimento presente na 
mistura, maior é a retracção, por outro, maior também será a aderência à base. De acordo com 
suas características, os cimentos são classificados em diferentes tipos por normas específicas, 
relacionadas na tabela abaixo: 
Cal Hidratada 
Numa argamassa onde há apenas a presença de cal, sua função principal é funcionar como 
aglomerante da mistura. Neste tipo de argamassa, destacam-se as propriedades de 
trabalhabilidade e a capacidade de absorver deformações. Entretanto, são reduzidas as suas 
propriedades de resistência mecânica e aderência. 
Em argamassas mistas, de cal e cimento, devido a finura da cal há retenção de água em volta de 
suas partículas e consequentemente maior retenção de água na argamassa. Assim, a cal pode 
contribuir para uma melhor hidratação do cimento, além de contribuir significativamente para a 
Argamassas 
 
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trabalhabilidade e capacidade de absorver deformações. Assim, a cal pode contribuir para uma 
melhor hidratação do cimento, além de contribuir significativamente para a trabalhabilidade e 
capacidade de absorver deformações. 
Água 
A água confere continuidade à mistura, permitindo a ocorrência das reacções entre os diversos 
componentes, sobretudo as do cimento. A água, embora seja o recurso directamente utilizado 
pelo pedreiro para regular a consistência da mistura, fazendo a sua adição até a obtenção da 
trabalhabilidade desejada, deve ter o seu teor atendendo ao traço pré-estabelecido, seja para 
argamassa dosada em obra ou na indústria. Considera-se a água potável como a melhor para 
elaboração de produtos à base de cimento Portland. Não devem ser utilizadas águas 
contaminadas ou com excesso de sais solúveis 
Areia 
As areias utilizadas na preparação de argamassas podem ser originárias de: rios; cava; britagem 
(areia de brita,
areia artificial). 
O agregado miúdo ou areia é um constituinte das argamassas de origem mineral, de forma 
particulada, com diâmetros entre 0,06 e 2,0 mm. A granulometria do agregado tem influência nas 
proporções de aglomerantes e água da mistura. Desta forma, quando há deficiências na curva 
granulométrica (isto é, a curva não é contínua) ou excesso e finos, ocorre maior consumo de água 
de amassamento, reduzindo a resistência mecânica e causando maior retracção por secagem na 
argamassa. 
Aditivos 
Os aditivos são compostos adicionados em pequena quantidade à mistura, com a finalidade de 
melhorar uma ou mais propriedades da argamassa no estado fresco e no estado endurecido e sua 
quantidade é expressa em percentagem do aglomerante. Usualmente, através do uso de aditivos, 
procura se diminuir a retracção na secagem (para diminuir fissuração), aumentar o tempo de 
pega e manter a plasticidade (para facilitar a trabalhabilidade), aumentar a retenção de água e por 
fim, aumentar a aderência da argamassa ao substrato. 
Argamassas 
 
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CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES 
Os revestimentos de argamassa, para cumprir adequadamente as suas funções, devem possuir 
características e propriedades que sejam compatíveis com as condições a que estarão expostos, 
com as condições de execução, com a natureza da base, com as especificações de desempenho, e 
com o acabamento final previsto. 
SISTEMAS DE PRODUÇÃO 
Parte importante do processo que leva à decisão de como se vai executar os revestimentos de 
argamassa é de como estas argamassas serão produzidas e transportadas no ambiente da obra. 
Sistemas de produção encontrados: 
• Argamassa preparada na obra 
• Argamassa industrializada em sacos 
• Argamassa preparada em central 
 • Argamassa industrializada em silos 
Argamassa preparada na obra: este é o sistema tradicional. A fabricação de argamassas é 
empírica: definidos os constituintes a serem utilizados e a proporção relativa de cada constituinte 
(traço) na fase de projecto, a fabricação resume-se em misturar mecanicamente os constituintes 
em uma certa sequência e por um dado tempo. É necessário o controle de uniformidade do 
produto, seja através do controle dos materiais constituintes, seja pelo controle da própria 
argamassa. A armazenagem dos materiais deve ser feita de maneira adequada. Há a necessidade 
de se prever áreas de estucagem para as matérias-primas, tais como agregados, cimento e cal. O 
cimento e as cales devem ser sempre armazenados protegidos de intempéries e em local de fácil 
acesso. Os agregados devem ser estocados em baias cujos pisos devem se preferencialmente 
cimentados e separadas em função de cada tipo de material. 
Argamassa industrializada em sacos: essas argamassas compõem-se de agregados com 
granulometria controlada, cimento Portland e aditivos especiais que optimizam as propriedades 
das mesmas, tanto no estado fresco quanto no endurecido. As argamassas ensacadas são 
fabricadas em complexos industriais, onde os agregados miúdos, os aglomerantes e os aditivos 
em pó, são misturados a seco e ensacados. A embalagem pode ser plástica ou de papel kraft, 
Argamassas 
 
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semelhante aos sacos de cal e cimento. No momento da utilização, o preparo da argamassa é 
feito apenas pela mistura com adição de água. 
Argamassa preparada em central: estas argamassas são dosadas em centrais e fornecidas em 
caminhões-betoneira, prontas para a aplicação. Adoptando-se este tipo de argamassa elimina-se a 
necessidade de central de preparo e área de estucagem de materiais na obra. As argamassas 
comentícias apresentam curtos períodos para aplicação, mesmo quando aditivadas. Por isso 
deve-se prever a quantidade adequada de argamassa a receber na obra durante a jornada de 
trabalho. No caso de argamassa apenas de cal, essa previsão não importa muito, pois elas 
permanecem em condições de aplicação por alguns dias. É um sistema que só se justifica quando 
da aplicação de grandes quantidades de argamassa em curto período de tempo. Um exemplo 
onde se aplica esta forma de produção são contra pisos em grandes extensões. 
Argamassa industrializada em silos: as argamassas entregues em silos são produzidas em 
complexos industriais, onde os agregados, aglomerantes e aditivos são misturados a seco e 
armazenados em silos metálicos que são levados por caminhões até as obras. Na obra, os silos 
ficam estocados de forma a facilitar sua substituição e/ou abastecimento. No momento do 
preparo, o sistema dispõe de mecanismos para a adição de água e mistura, produzindo-se a 
argamassa. 
Prazos de carência 
Na programação dos serviços deverão ser obedecidos os seguintes prazos de carência: 
120 Dias: execução da estrutura de concreto armado; execução feita aos três últimos pavimentos 
(60 dias); 
30 Dias: Execução da alvenaria de vedação 
15 Dias: Fixação da alvenaria de vedação com encunhamento (cunhas e argamassa expansiva); 
7 Dias: fixação da alvenaria de vedação sem encunhamento (só com argamassa de 
preenchimento); fixação da alvenaria de vedação do pavimento superior 
72 Horas da execução do chapisco: execução de emboço 
7 Dias da execução do emboço: execução do reboco. 
Argamassas 
 
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TRAÇO 
Existem variados métodos para formular a composição das argamassas. A forma mais precisa 
para definir a composição é a que consiste em indicar o peso de cada componente por metro 
cúbico de argamassa. 
No entanto, este modo de formular a composição é pouco adequado em obra uma vez que requer 
equipamentos e cuidados desajustados do quotidiano do estaleiro. 
Deste modo, na obra, normalmente utilizam-se processos que, embora menos rigorosos, são mais 
expeditos e de mais fácil controlo. Um dos processos expeditos utilizados em amassaduras de 
dimensão razoável pode ser a indicação da quantidade de areia por cada saco de ligante. Todavia, 
o método mais antigo de formular composição, e, porventura, o mais utilizado nos estaleiros é o 
da proporcionalidade entre o ligante e o inerte. 
Este método, provavelmente anterior aos romanos tem a vantagem de poder ser empregue por 
pessoal não especializado e com recurso a equipamento rudimentar, pois apenas requer a 
utilização de um recipiente para medir quantidades das diversas matéria-prima que entram na 
composição. 
Na base desta formulação está o conceito de traço, definido como sendo a relação entre as 
proporções das quantidades de ligante e de areia que entram na composição da argamassa. 
Usualmente, para a sua designação geral adopta-se uma relação do tipo 1 : p, em que p identifica 
a proporção de areia e se toma a parte de ligante igual à unidade. 
Assim, uma argamassa de cal aérea de traço 1 : 3 terá na sua composição uma parte de cal aérea, 
em cada três partes de areia. 
Porém, nas argamassas bastardas a designação deve contemplar também as proporções em que 
os vários ligantes entram na composição, pelo que assumirá a forma 1 : m : n ...: p, em que se 
toma a parte de um dos ligantes igual à unidade, as letras m,n..., indicam as proporções dos 
restantes ligantes e p representa a proporção de areia. 
Então numa argamassa bastarda de cimento e cal, o traço 1 : 1 : 6 designa uma composição 
composta por uma parte de cimento, uma parte de cal e seis partes de areia. 
Em qualquer das situações descritas, como se pode observar, a definição inequívoca da 
composição obriga á explicitação dos ligantes
da argamassa. 
Argamassas 
 
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Por outro lado, apesar desta prática de formulação se referir na generalidade dos casos a 
proporções em volume, ultimamente em determinadas situações, alguns autores adoptam este 
método para definir a composição em peso. 
A medição das quantidades em peso é mais precisa e deve ser utilizada em operações que 
envolvam rigor ou que, pela sua natureza, sejam complexas ou de grande responsabilidade. 
Ao especificar a composição pelo traço é, portanto, conveniente precisar a base da medição 
(volume ou peso) e os ligantes presentes. 
Exemplos: 
• Traço em volume 1 : 1 : 6 (cimento : cal hidráulica: areia) 
• Traço em volume 1 : 3 (cal aérea: areia) 
Proporção dos componentes relativamente ao aglomerante principal, em geral o de maior 
reactividade química e potencial aglomerante. 
Para assentar tijolos 
1:2:9 – Uma lata de cimento, duas de cal e nove de areia (é a medida mais utilizada para se fazer 
massa de alvenaria com cal); 
1:0,5:6 – Uma lata de cimento, meia de cal e seis de areia (esse traço de argamassa é mais 
resistente e mais barato do que o primeiro). 
Massa para assentar tijolo com cimento e areia (sem cal) 
1:6 – Uma lata de cimento para seis de areia; 
1:8 – Uma lata de cimento para oito de areia. 
Massa de cimento e areia para assentar tijolos (com cal) 
1:2:9 – Uma lata de cimento, duas de cal e nove de areia (medida mais usada para fazer massa de 
alvenaria com cal); 
1:0,5:6 – Uma lata de cimento, meia de cal e seis de areia (traço de argamassa mais resistente e 
mais barato que o anterior). 
Traços usados em alvenaria estrutural 
Argamassas 
 
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1:1:6 – Traço de argamassa bastante utilizado na alvenaria estrutural para construções pequenas. 
1:4,5:0,5 – É um traço que oferece maior resistência e tração na alvenaria. 
Argamassas bastardas 
O processo é idêntico ao descrito para as argamassas de um só ligante, tendo presente, que, neste 
caso, o ligante á a soma de dois ligantes diferentes. 
Assim, numa argamassa bastarda de cimento e cal aérea, o traço 1 : 1 : 6 (em volume) 
corresponde ao traço 2 : 6 ou 1 : 3 ( em volume), que indica, respectivamente, as proporções de 
ligante e de areia. Também a transformação do traço em volume para o equivalente em massa se 
opera da mesma forma, com a diferença de que aqui é necessário obter previamente a baridade 
do ligante (mistura de cal com o cimento): baridade do “ligante”∑ 𝑝𝑖 𝑥 𝑏𝑖𝑛𝑖=1 
n – nº de ligantes; 
pi– a proporção do ligante i; 
bi– a baridade do ligante i. 
Com o decorrer dos anos, a cal aérea cedeu lugar à cal hidráulica e ao cimento, de tal modo que 
FARINHA e REIS (1992) propõem os seguintes traços: 
• Alvenarias de pedra – 1: 4 a 5 (cimento, areia); 
• Alvenarias de tijolo – 1: 6 (cimento, areia); 
• Forro de cantaria – 1: 2 (cimento, areia fina); 
• Mosaicos – 1: 6 a 8 (cimento, areia); 
• Azulejos – 1:7 (cal hidráulica, areia) ou 1:2:8 (cal aérea, cimento, areia); 
• Manilhas de grés – 1:3 (cimento, areia). 
Nos pavimentos, exigências de resistência e de durabilidade aconselham a adopção de 
argamassas hidráulicas, esquarteladas, com traços próximos de 1:2 a 4. 
 
 
Argamassas 
 
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Conclusão 
Actualmente, são inúmeras as utilizações das argamassas em obra. Podemos encontrar este 
material no assentamento das alvenarias, mas onde se encontra mais visível é nos revestimentos 
e acabamentos dos edifícios. Nestes últimos cumprem duas funções principais, protecção das 
alvenarias e interiores das habitações e de decoração. 
Os revestimentos têm que ser capazes de aderir ao suporte, resistir bem aos movimentos destes, 
aos seus próprios movimentos internos decorrentes da secagem e processo de endurecimento, 
bem como, às solicitações exteriores, permitir ainda que ocorram as necessárias trocas de vapor 
entre o interior e o exterior dos edifícios e tenham capacidade para expulsar a água infiltrada. Os 
factores mencionados encontram se correlacionados entre si, pelo que, a melhoria de alguns 
aspectos, pode influenciar negativamente outras características. De facto, são necessárias 
escolhas adequadas e dosagens das matérias-primas para contribuir que os requisitos pré-
definidos sejam cumpridos. Mas há factores de grande importância no comportamento das 
argamassas, tais como, a natureza do suporte ou das camadas subjacentes, que influenciam 
directamente no comportamento da argamassa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Argamassas 
 
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BIBLIOGRAFIA 
 ADAM, Jean Pierre- La construction romaine, matériaux er techniques, 2ª edição, Grand 
Manual Picard, Paris, 1989. ALARCÃO, Jorge de- Argamassas na Antiguidade, in «História», 
Nº2, Lisboa, Prójornal, 1978. p.20-24. 
Materiais de Construção. A. P. Ferreira Pinto, Augusto Gomes, Bessa Pinto, 2006 – 
“Argamassas”

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