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Argamassas para contrapiso, assentamento, revestimento Apresentação Atualmente no Brasil, são frequentes os processos construtivos que utilizam paredes de alvenaria revestidas com argamassas (chapisco, emboço e reboco), tanto para vedações internas quanto externas. Estes compostos cumprem a função de proteger essas vedações, bem como as próprias estruturas principais contra a ação de agentes agressivos, evitando, portanto, a sua degradação precoce. Logo, pode-se dizer que as argamassas aumentam a durabilidade e reduzem custos de manutenção das edificações, tornando-se um elemento fundamental na construção civil. Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará sobre as argamassas, que são misturas compostas de materiais da construção civil, como cimento, cal, areia, agregados, água e, eventualmente, aditivos e adições, conhecendo sua forma de classificação de acordo com critérios estabelecidos, bem como suas propriedades e forma de mistura, sempre de acordo com os padrões normativos, evitando o surgimento de manifestações patológicas. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Conceituar e determinar os componentes comuns das argamassas, os aditivos e adições.• Descrever a classificação, o processo de mistura e as propriedades desejadas nas argamassas para seus diferentes usos. • Identificar as normas técnicas, os ensaios e as patologias relacionadas às argamassas.• Desafio O revestimento de paredes com material argamassado deve sempre considerar as condições da superfície do substrato da base na qual será executado o revestimento, principalmente quanto à possibilidade de futuras manifestações patológicas. Considere que você está executando uma residência em um terreno com grande desnível, precisando efetuar o corte do terreno em algumas áreas da construção, de forma que cada pavimento da residência terá pelo menos uma parede em contato direto com o solo de corte: Considerando que o solo pode apresentar umidade constante em diversos períodos, analise e responda os seguintes questionamentos: 1. Qual tipo de manifestação patológica pode se desenvolver nessa situação? 2. Quais providências podem ser tomadas durante a execução do revestimento argamassado que podem diminuir as possibilidades de surgimento dessa manifestação patológica? Infográfico A impermeabilização das estruturas de uma edificação é uma etapa importante da obra, garantindo uma maior vida útil para a construção, a qual pode ser feita, por exemplo, com a utilização de argamassas com aditivos impermeabilizantes, que diminuem a exposição da edificação à agua. Neste Infográfico, você vai ver os principais pontos que devem ser impermeabilizados em uma edificação, desde a sua fundação até os ambientes internos, com a respectiva indicação dos compostos apropriados. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/c3f33e46-15e0-4be8-b3fd-22a148cdbb78/82e63566-684b-4030-b8ba-72c6d69e1406.png Conteúdo do livro As argamassas são obtidas a partir da mistura homogênea de um ou mais aglomerantes, agregado miúdo (normalmente areia) e água, podendo conter ainda algumas adições ou aditivos. Esse material composto é amplamente empregado na construção civil, podendo ser utilizado para o assentamento de alvenarias, a execução de revestimentos e contrapisos ou ainda para o assentamento de revestimentos cerâmicos. No capítulo Argamassas para contrapiso, assentamento e revestimento, da obra Materiais da construção, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer um pouco mais sobre as características e o comportamento desse material. Boa leitura. MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO Hudson Goto Argamassas para contrapiso, assentamento e revestimento Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Conceituar e determinar os componentes comuns das argamassas, os aditivos e as adições. � Descrever a classificação, o processo de mistura e as propriedades desejadas nas argamassas para seus diferentes usos. � Identificar as normas técnicas, os ensaios e as patologias relacionadas às argamassas. Introdução As argamassas são misturas homogêneas de agregados miúdos, aglo- merantes inorgânicos e água, podendo eventualmente conter aditivos ou adições, com propriedades de aderência e endurecimento, dosadas na obra ou por meio de processos industriais. As formas de classificação, mistura e aplicação devem seguir alguns critérios preestabelecidos, ou melhor, os padrões normativos, para evitar o surgimento de manifestações patológicas precoces. Atualmente no Brasil, são frequentes os processos construtivos que utilizam paredes de alvenaria revestidas e acabadas com argamassas (chapisco, emboço e reboco), tanto para vedações internas quanto exter- nas, porém aplicadas também no assentamento de tijolos, rejuntamento e contrapiso. Como revestimento, cumprem a função de proteger as vedações e as próprias estruturas principais contra a ação de agentes agressivos do meio externo, ou seja, as argamassas aumentam a dura- bilidade e reduzem os custos de manutenção das edificações, o que as tornam um componente fundamental da construção civil. Assim, compreender as características dos materiais que compõem as argamassas, bem como o papel que cada um deles desempenha e como influenciam nas propriedades finais das misturas, é importante para a especificação dos melhores produtos. Conceitos gerais, aditivos e adições De modo geral, a mistura de um aglomerante (por exemplo, o cimento ou a cal) com água resulta na formação da pasta. Quando se adiciona um material inerte à pasta, um agregado miúdo, a areia, tem-se, então, a argamassa. Às argamassas, pode-se ainda acrescentar outros materiais, como as adições e os aditivos. Assim, argamassas podem ser definidas como materiais de construção com propriedades aderentes e de endurecimento, obtidas a partir da mistura homogênea de um ou mais aglomerantes, agregado miúdo (areia) e água, podendo conter ainda aditivos e adições minerais. O cimento Portland contribui para a resistência mecânica das argamassas, a retenção da água da mistura e a plasticidade, em virtude das finas partículas que o compõem. Quanto à sua proporção, pode-se dizer que, quanto maior a quantidade de cimento presente na mistura, maior será a retração da argamassa, mas contribuindo para a melhoria da aderência à base. A cal hidratada tem a função de aglomerante quando adotada como único material ligante da mistura, melhorando as propriedades de trabalhabilidade e a capacidade de absorver deformações, reduzindo, contudo, as propriedades de resistência e aderência. No caso das argamassas mistas de cal e cimento, a finura da cal proporciona a retenção de água em volta de suas partículas, resultando na maior retenção de água na argamassa. Logo, a cal hidratada pode contribuir para uma hidratação mais eficiente do cimento, bem como para a trabalhabilidade e a capacidade de absorver deformações. A areia utilizada nas argamassas deve ter origem em rios, cavas ou pro- cessos de britagem. Têm origem mineral, de forma particulada, com diâmetro entre 0,06 e 2,0 mm. A proporção de areia na mistura influencia também nas quantidades de aglomerantes e água. Por isso, quando de uma distribuição granulométrica deficiente, com descontinuidades, ou quando de excesso de finos, o consumo de água de amassamento pode aumentar, reduzindo, consequentemente, a resistência mecânica, provocando maior retração por secagem. No Quadro 1, são apresentadas algumas características das areias que influenciam nas propriedades finais das argamassas (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND, 2002). Argamassas para contrapiso, assentamento e revestimento2 Fonte: Adaptado de Associação Brasileira de Cimento Portland (2002, p. 14/6CON). Propriedade Quanto mais finoQuanto maior a descontinuidade da distribuição granulométrica Quanto maior o teor de grãos angulosos Trabalhabilidade Melhor Pior Pior Retenção de água Melhor - Melhor Retração por secagem Aumenta Aumenta — Porosidade — Aumenta — Aderência Pior Pior Melhor Resistência mecânica — Pior — Impermeabilidade Pior Pior — Quadro 1. Influência das características das areias nas propriedades das argamassas A água confere a continuidade da mistura, possibilitando as reações entre os diversos componentes, principalmente as de hidratação do cimento. O teor da água, mesmo que normalmente dosada pelo próprio aplicador da mistura, como o pedreiro, deve atender ao traço dosado, seja para argamassas misturadas em obra, seja na indústria. É consenso que a água potável é a melhor opção para a mistura de argamassas à base de cimento Portland, devendo-se evitar águas contaminadas ou com excesso de sais solúveis. Segundo Fiorito (2009), algumas características físicas desses componentes são: � Cimento — tipo Portland, com massa específica absoluta de cerca de 3,07 kg/dm3 e massa específica aparente de 1,50 kg/dm3. Em alguns casos, pode-se obter ainda o valor de 1,20 kg/dm3. � Cal hidratada — massa específica absoluta ou real de 1,80 kg/dm3 e massa específica aparente de 0,58 kg/dm3. � Areia — massa específica real de 2,65 kg/dm3 e aparente para areia seca de 1,45 kg/dm3. 3Argamassas para contrapiso, assentamento e revestimento Adicionados em pequenas quantidades à mistura, os aditivos são utilizados nas argamassas com o objetivo de melhorar uma ou mais propriedades, no estado fresco e no endurecido, sendo sua quantidade expressa em termos de porcentagem de aglomerante (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1995). As aplicações mais usuais consistem em diminuir a re- tração por secagem e consequente fissuração, aumentar o tempo de pega para manter a plasticidade, facilitando a trabalhabilidade da mistura, aumentar a retenção de água e aumentar a aderência da argamassa à superfície do substrato, de acordo com o Quadro 2 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND, 2002). Fonte: Adaptado de Associação Brasileira de Cimento Portland (2002, p. 15/7CON). Tipos de aditivos Aplicação Redutores de água (plastificantes) Melhoram a trabalhabilidade da argamassa sem alterar a quantidade de água da mistura Retentores de água Reduzem a evaporação e a exsudação da água da argamassa fresca, conferindo capacidade de retenção de água provocada pela sucção em bases absorventes Incorporadores de ar Formam microbolhas de ar estáveis, distribuídas de maneira homogênea na argamassa, melhorando a trabalhabilidade e a permeabilidade da massa, reduzindo o consumo de água Retardadores de pega Retardam a hidratação do cimento, aumentando o tempo de utilização em obra Aumentadores de aderência Proporcionam a aderência química ao substrato Hidrofugantes Reduzem a absorção de água da argamassa por capilaridade, porém sem tornar a massa impermeável, possibilitando a passagem de vapor d’água Quadro 2. Tipos de aditivos disponíveis e suas aplicações Argamassas para contrapiso, assentamento e revestimento4 Para tirar mais dúvidas sobre os aditivos, você pode acessar a reportagem publicada na Revista Tèchne no link ou no código a seguir. https://goo.gl/dwdxCN Segundo a NBR 13529 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013a), as adições são materiais inorgânicos naturais ou indus- triais, finamente divididos, adicionados às argamassas para modificar suas propriedades, cuja quantidade é levada em consideração no proporcionamento. Normalmente, são utilizadas em substituição ao cimento Portland. De acordo com a norma descrita, pode-se citar as seguintes adições: � Entulho reciclado — material obtido por moagem de argamassas endurecidas, blocos cerâmicos, blocos de concreto ou tijolos, com dimensão máxima característica de 2,4 mm. � Filito cerâmico — rocha constituída por quartzo, caulinita e mica moscovita finamente dividida ou sericita, de modo geral friável, com baixo resíduo em peneira de 0,075 mm de abertura. � Pó calcário — material constituído essencialmente de carbonato de cálcio e magnésio. � Saibro — designação geológica de solos provenientes de granitos e gnaisses, com minerais parcialmente decompostos, sendo arenosos ou siltosos, com baixo teor de argila, e de cor variada. � Solo fino — solo sedimentar com minerais já completamente decompos- tos, que não guarda o aspecto da rocha matriz, sendo em geral argiloso, quando residual, e de granulometria mais variada, quando transportado. � Solo fino beneficiado — solo fino que, retirado da jazida, é submetido pelo menos aos processos de secagem parcial ou total, trituração de torrões e acondicionamento em sacos fechados, com massa definida. 5Argamassas para contrapiso, assentamento e revestimento Casarek (2007) afirma que algumas adições, como saibro, filito e pós de pedra, de calcário e silicoso, podem ser empregadas em substituição à cal hidratada, proporcionando maior plasticidade da massa; além disso, como não são processados, conferem um custo mais reduzido. Classificação, processos de mistura e propriedades Para cumprir adequadamente suas funções, as argamassas devem apresentar características e propriedades compatíveis com as condições a que estarão expostas, bem como com as condições de sua execução ou mistura, passando por uma avaliação das condições da base, dos requisitos mínimos de desem- penho e do acabamento final planejado. Conforme Casarek (2007), podem ser classificadas da seguinte maneira: � natureza dos aglomerantes — aérea ou hidráulica; � tipo de aglomerante — base de cal, cimento, cal e cimento, gesso ou cal e gesso; � número de aglomerantes — simples ou misto; � densidade de massa da argamassa — leve, normal ou pesada; � consistência da argamassa — seca, plástica ou fluida; � plasticidade da argamassa — pobre ou magra, média ou cheia, rica ou gorda; � forma de preparo ou fornecimento — preparada em obra, mistura semipronta, industrializada ou dosada em central. Sobre sua plasticidade, Fiorito (2009) afirma que pode ser feita conside- rando o nível de ocupação de vazios proporcionado pela areia das argamassas, sugerindo os detalhamentos descritos no Quadro 3. Argamassas para contrapiso, assentamento e revestimento6 Fonte: Adaptado de Fiorito (2009, p. 35). Argamassa Traços de referência Cimento:areia Cal hidratada:areia Cimento:cal hidratada:areia Rica Vpasta > Vvazios 1:2 1:1,5 1:3:7 Cheia Vpasta = Vvazios 1:2,5 1:2 1:3:8 Pobre Vpasta < Vvazios 1:3 1:2,5 1:3:9 Quadro 3. Classificação das argamassas quanto à sua plasticidade Ainda, as argamassas podem ser classificadas quanto à sua função, con- forme apresentado no Quadro 4 (CASAREK, 2007). Fonte: Adaptado de Casarek (2007, p. 887). Função Tipos Construção de alvenarias Argamassa de assentamento (elevação) Argamassa de fixação/encunhamento Revestimento de paredes e tetos Argamassa de chapisco Argamassa de emboço Argamassa de reboco Argamassa de camada única Argamassa decorativa monocamada Revestimento de pisos Argamassa de contrapiso Argamassa de alta resistência para pisos Revestimento cerâmico Argamassa colante Argamassa de rejuntamento Recuperação de estruturas Argamassa de reparo Quadro 4. Funções e tipos de argamassas 7Argamassas para contrapiso, assentamento e revestimento Quanto às propriedades dos revestimentos em argamassa, pode-se citar a capacidade de aderência, a resistência mecânica, a capacidade de absorção de deformações, a estanqueidade, as propriedades da superfície e a durabilidade (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND, 2002). A capacidade de aderência proporciona condições à camada de revesti- mento de resistir às tensões normais e tangenciais que atuam na interface com a base do substrato, desenvolvida principalmente (Figura 1): � pela ancoragem da pasta de aglomerante no interior dos poros da base do substrato, onde parteda água de amassamento contendo o aglome- rante é succionada pelos poros da base, com posterior endurecimento; � por efeito de ancoragem mecânica da própria mistura da argamassa nas reentrâncias e saliências macroscópicas da superfície revestida. Figura 1. Sistema de adesão entre argamassa e base do substrato. Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland (2002, p. 16/8CON). Para uma aderência desenvolvida adequadamente, a camada de argamassa deverá ter a maior extensão efetiva possível de contato com a base do substrato, o que dependerá da trabalhabilidade da argamassa, da natureza e da caracterís- tica da base e das condições de limpeza da superfície de aplicação. Atingindo uma trabalhabilidade adequada, a argamassa formará um contato mais extenso com a base, proporcionado pelo melhor espalhamento. A própria técnica de aplicação, de acordo com as operações de compactação e prensagem contra a base, é capaz de ampliar a extensão desse contato. A rugosidade superficial e a Argamassas para contrapiso, assentamento e revestimento8 capacidade de absorção da base são influenciadas diretamente pelo diâmetro, a natureza e a distribuição do tamanho dos poros, que podem ampliar ou não a extensão de aderência e ancoragem do revestimento (Figura 2). Figura 2. Formas inadequadas de aderência: a) baixa porosidade do substrato; b) capilares sem força de sucção; c) existência de macroporos no substrato e d) excesso de microporos no substrato. Fonte: Adaptado de Associação Brasileira de Cimento Portland (2002, p. 17/9CON). a) b) c) d) A limpeza da superfície também compreende outro fator que influencia na capacidade de aderência do substrato, podendo comprometer a extensão de aderência pela existência de partículas soltas ou de grãos de areia, poeira, fungos, concentração de sais na superfície (como as eflorescências), camadas superficiais de desmoldantes ou graxas, capazes de funcionar como barreiras físicas para a ancoragem do revestimento na base. Já a resistência mecânica é definida como a capacidade dos revestimentos em suportar esforços de diversas naturezas, que promovem tensões internas de tração, compressão e cisalhamento. Como exemplos desses tipos de tensões, pode-se citar os esforços de abrasão superficial, as cargas de impacto e os movimentos de contração e expansão dos revestimentos causados pelos efeitos da variação da umidade. Um método bastante usual e rápido para avaliar a resistência, mesmo que ainda empírico, consiste no tradicional risco com prego ou outro objeto pontiagudo similar, utilizado em obra para avaliar a resistência superficial dos revestimentos argamassados executados. A capacidade de absorção de deformações refere-se à propriedade de absorver deformações intrínsecas (do próprio revestimento) ou extrínsecas (da base), sem que haja ruptura da massa, formação de fissuras ou perda de aderência. Basicamente, essa propriedade está diretamente relacionada à resistência à tração e ao módulo de deformação do revestimento. A retração, uma das principais deformações intrínsecas das argamassas, é causada sobretudo pela perda de água por sucção da base e por evaporação, tão logo se aplica a argamassa. Como a retração promove tensões internas de tração, o revestimento pode ou não resistir a elas, o que determina o grau de 9Argamassas para contrapiso, assentamento e revestimento fissuração nas primeiras idades, o qual, por sua vez, dependerá de parâmetros como o teor e a natureza dos aglomerantes e agregados, a capacidade de ab- sorção de água da base, as condições ambientais e a capacidade de retenção de água, além das técnicas de execução. Visando à compatibilização dos materiais, o teor de aglomerantes deve ser adequado, bem como sua natureza apresentar baixa a média reatividade, resultando em argamassas com resistência à tração não muito elevadas, o que possibilita uma maior capacidade de deformação (Figura 3). Figura 3. Influência do teor de cimento nas argamassas: a) alto teor: formação de fissuras de retração na superfície; b) baixo teor: vazios/falhas na interface agregado/pasta. Fonte: Adaptado de Associação Brasileira de Cimento Portland (2002, p. 19/11CON). alto teor de cimento baixo teor de cimento a) b) Já a natureza e o teor dos agregados devem ter granulometria contínua, com a finalidade de reduzir o volume de vazios entre si, diminuindo a quan- tidade de pasta necessária para o preenchimento e minimizando o potencial de retração. Adicionalmente, o teor de finos deve ser adequado, pois o seu excesso aumenta o consumo de água de amassamento, levando a uma maior retração por secagem do revestimento. Adicionalmente, a capacidade de absorção e retenção de água na base, além das condições ambientais, compreendem fatores capazes de regular a perda de água de amassamento durante o endurecimento e o desenvolvimento inicial da resistência à tração. Quanto mais lentamente a argamassa perder água, melhor será a resistência mecânica do revestimento. Compostas pelas etapas de grau de compactação do revestimento, sarra- feamento e desempeno, as técnicas utilizadas também podem determinar o teor de umidade remanescente no revestimento, pois executar o sarrafeamento e o desempeno em momento inadequado pode resultar em excesso de água, prejudicando o revestimento e a sua aderência ao substrato. Referente à estanqueidade, trata-se de uma propriedade relacionada à absorção capilar da estrutura porosa e, eventualmente, fissurada da camada de argamassa no seu estado endurecido. Importante, pois confere proteção Argamassas para contrapiso, assentamento e revestimento10 à base contra as intempéries, diversos fatores podem influenciá-la, como as proporções e a natureza dos materiais constituintes da mistura, a técnica de execução, a espessura da camada, a natureza da base e a quantidade e o tipo de fissuras existentes. Contudo, a permeabilidade ao vapor d’água compreende uma propriedade benéfica, pois possibilita a secagem de eventuais umidades acidentais ou infiltrações, evitando, ainda, riscos de umidade por condensação interna em regiões de clima muito frio. Já a propriedade da superfície do revestimento é representada pela ru- gosidade e porosidade, importantes por estarem relacionadas diretamente às funções estéticas e de compatibilização do revestimento de argamassa com o sistema de pintura ou outro revestimento decorativo, influenciando, também, na estanqueidade, na resistência mecânica e na durabilidade do revestimento. A rugosidade superficial pode variar de lisa a áspera, sendo resultado direto do tipo de agregado, sua granulometria, seu teor e a técnica de execução do revestimento. Ainda deve haver suficientes compatibilidade química e rugosidade superficial do revestimento para a aplicação do posterior acabamento final. Em virtude das condições de exposição do revestimento, em áreas externas recomendam-se texturas mais rugosas, que dissimulam melhor os defeitos do próprio revestimento. Porém, em regiões de maior índice de poluição atmosférica, deve-se dar preferência a revestimentos com acabamentos lisos, que dificultam a fixação de poeiras e micro-organismos, conservando as características estéticas da fachada de modo mais eficiente. Quando o revestimento for executado em múltiplas camadas, deve-se adotar para as camadas internas uma rugosidade áspera, proporcionando uma melhor ancoragem das camadas subsequentes. A durabilidade, ou a capacidade de manter o desempenho de suas funções ao longo do tempo, é uma propriedade complexa, que depende de procedimen- tos adequados desde o projeto até o seu uso final. Na etapa de projeto, devem ser especificados os materiais de maneira a compatibilizar o revestimento com as condições a que estará exposto durante a sua vida útil. A etapa de execução representa um fator determinante, devendo obedecer às melhores técnicas e efetuar o controle de produção. A etapa de uso deve estar de acordo com o programa de manutenção periódico. Outro fatorinterferente refere-se à movimentação de origem térmica, higroscópica ou imposta por forças externas, capaz de causar fissuração, desagregação e descolamento dos revestimentos. A espessura do revestimento, se excessiva, também intensifica a mo- vimentação higroscópica nas primeiras idades, resultando em fissuras de retração e comprometendo a capacidade de aderência e impermeabilidade do revestimento. A cultura e a proliferação de micro-organismos podem 11Argamassas para contrapiso, assentamento e revestimento provocar manchas escuras em áreas permanentemente úmidas. Os fungos e líquens produzem ácidos orgânicos que reagem e destroem progressivamente os aglomerantes da argamassa endurecida. Atualmente, as argamassas podem ser produzidas tanto no canteiro de obras quanto na indústria, ou ainda, ser um misto entre ambos, podendo-se citar, então, as argamassas preparadas em obra, as industrializadas em sacos, as preparadas em central e, em grandes obras, as industrializadas em silos (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND, 2002). Considerada o sistema mais tradicional, a argamassa preparada em obra tem base empírica. Uma vez definidos o traço na fase de projeto e os materiais a serem utilizados, a fabricação resume-se a misturá-los manual (Figura 4) ou mecanicamente (Figura 5) em certa sequência e por um dado tempo. Nesse caso, torna-se necessário prever áreas de estocagem para as matérias-primas, como os agregados, o cimento e a cal. Figura 4. Processo de mistura manual da argamassa em obra: 1) colocar a areia, formando uma camada de 15 cm de altura; 2) colocar o cimento e/ou a cal; 3) mexer até formar uma mistura uniforme, deixando um buraco no meio; 4) adicionar água aos poucos, evitando seu escoamento para fora da mistura. Fonte: Adaptado de Meyer ([2010?], p. 3). 1) 2) 3) 4) Figura 5. Processo de mistura mecânica (com betoneira) da argamassa, em obra: 1) colocar areia na betoneira; 2) adicionar metade da água; 3) colocar o cimento e/ou a cal; 4) adicionar o restante da água. Fonte: Meyer ([2010?], p. 4). 1) 2) 3) 4) Argamassas para contrapiso, assentamento e revestimento12 Uma alternativa prática consiste nas argamassas industrializadas em sa- cos, compostas de agregados com granulometria controlada, cimento Portland e aditivos especiais que otimizam suas propriedades finais, seja no estado fresco, seja no estado endurecido. São fabricadas em complexos industriais, nos quais os agregados miúdos, os aglomerantes e os aditivos em pó são misturados a seco e ensacados em embalagens plásticas ou de papel kraft. No momento da utilização, são preparadas apenas pela mistura com a água. Em virtude do processo industrial e controlado, as argamassas ensacadas apresentam grande uniformidade de dosagem, podendo-se repetir um traço com um grau de confiança satisfatório. Outra opção, ainda, são as argamassas preparadas em central, dosadas e fornecidas em caminhões-betoneira, prontas para a aplicação, eliminando a necessidade da central de preparo e da área de estocagem de materiais na obra. As argamassas cimentícias apresentam curtos períodos para aplicação, mesmo quando aditivadas. Por isso, deve-se prever a quantidade adequada de argamassa a receber na obra durante a jornada de trabalho. No caso de argamassa apenas de cal, essa previsão não importa muito, pois permanece em condições de aplicação por alguns dias. Mais frequentes em grandes obras, as argamassas industrializadas em silos são produzidas em complexos industriais, nos quais os agregados, aglo- merantes e aditivos são misturados a seco e armazenados em silos metálicos levados por caminhões. Na obra, os silos ficam estocados de modo a facilitar sua substituição e/ou abastecimento. No momento do preparo, o sistema dispõe de mecanismos para a adição de água e mistura, produzindo-se a argamassa. Resumidamente, a tomada de decisão quanto ao processo de mistura deve considerar a redução das áreas de estocagem, a redução de perdas na etapa de transporte, a agilidade no preparo da argamassa, a redução de custo para a atividade e o atendimento dos prazos necessários. Manifestações patológicas, normas técnicas e ensaios Quando as argamassas não são executadas apropriadamente, pela falta de compatibilidade entre seus materiais ou entre a mistura e a base do substrato, sem o estudo preliminar das condições necessárias, ou, ainda, pela falta de manutenção, algumas manifestações patológicas podem surgir imediatamente 13Argamassas para contrapiso, assentamento e revestimento após a aplicação ou durante a sua vida útil. Entre elas, Cincotto (1988) e Bauer (2008) apontam que as principais são os descolamentos, as vesículas, as eflo- rescências, as fissuras, as manchas decorrentes da umidade e da contaminação atmosférica e a corrosão mecânica e química por substâncias agressivas. Os descolamentos se dão pela separação de uma ou mais camadas dos revestimentos argamassados, podendo compreender áreas restritas ou amplas. Podem se manifestar, por exemplo, em placas, com pulverulência ou empo- lamento (BAUER, 2008). Ainda segundo o autor, no caso das argamassas de cal, os principais causadores desse problema consistem no uso de produtos não hidratados, na hidratação incompleta da cal extinta (em obra), na má qualidade da cal e no preparo incorreto da pasta de cal. No caso de argamassas mistas, o excesso de cimento normalmente é o principal fator causador dos descolamentos. No descolamento em placas, estas se apresentam endurecidas ou quebradi- ças, em ambos os casos formando som cavo ao serem percutidas. Normalmente, ocorrem na ligação entre o emboço e a base. Segundo Cincotto (1988), pode ser causado por argamassa muito rica e/ou aplicada em camada muito espessa (e > 2 cm), superfície da base do substrato muito lisa e/ou impregnada com substância impermeabilizante ou hidrófuga e falta de chapisco. Bauer (2008) também afirma que as tensões que provocam essa manifestação podem ter origem nas grandes variações de temperatura, resultando em tensões de ci- salhamento na interface argamassa-base. No descolamento com pulverulência, o sinal mais comum compreende a desagregação com posterior esfarelamento da argamassa quando pressionada manualmente. As principais causas são excesso de materiais pulverulentos e/ ou torrões de argila no agregado, o traço pobre em aglomerantes ou com cal em excesso (BAUER, 2008). O descolamento com empolamento se caracteriza pela formação de bo- lhas que aumentam progressivamente, descolando o reboco da superfície do emboço. As causas mais prováveis são infiltração da umidade e existência de cal parcialmente hidratada, que reagem posteriormente provocando aumento de volume e expansão (Figura 6) (CINCOTTO, 1988). Argamassas para contrapiso, assentamento e revestimento14 Figura 6. Descolamento por empolamento da argamassa de revestimento, sob efeito da umidade sobre o reboco. Fonte: Cincotto (1988, p. 552). As vesículas são materiais dispersos na argamassa que se manifestam poste- riormente com variação volumétrica, cujas causas principais estão relacionadas à presença de pedras de cal parcialmente extintas, matéria orgânica e torrões de argila na areia ou outras impurezas, como piritas e torrões ferruginosos (BAUER, 2008). De modo mais prático, Cincotto (1988) comenta que, quando o interior das vesículas apresenta cor branca, sugere-se a ocorrência de hidra- tação retardada de óxido de cálcio da cal; se tiver cor preta, pode indicar pirita oxidada ou matéria orgânica na areia; e, se vermelha-acastanhada, sugerir concreções ferruginosas na areia. As eflorescências podem ser definidas como depósitos salinos, principal- mente alcalinos e alcalinos terrosos, formados sobre superfícies de alvenaria ou revestimentos, como resultado da migração de sais solúveis nos materiais ou componentes da alvenaria. Caracterizam-se por manchas de umidade e acúmulo de pó branco sobre a superfície, o que altera a sua aparência (CIN- COTTO, 1988). Talmanifestação patológica está relacionada às propriedades de absorção e permeabilidade das argamassas. Pelos vazios da mistura, pode haver fluxo de água por capilaridade ou por pressão, introduzindo substâncias agressivas presentes no substrato, na rede capilar, ou dissolver e transportar sais solúveis que constam no próprio material. 15Argamassas para contrapiso, assentamento e revestimento Consideradas uma manifestação patológica bastante frequente, as fissuras geralmente estão relacionadas a fatores como a própria execução do revesti- mento argamassado, a formação de solicitações higrotérmicas e, principal- mente, a retração hidráulica. Esses casos são tidos como principais quando não há evidências de movimentação ou fissuração da base da estrutura, seja em concreto, seja em alvenaria (BAUER, 2008). Cincotto (1988) também aponta que o revestimento pode apresentar fissuras resultantes das reações expansivas da argamassa por hidratação tardia do óxido de magnésio da cal ou por ataque de sulfatos. De forma geral, argamassas de base cimentícia podem apresentar três formas de retração que causam fissuras (THOMAZ, 1989): � retração química — reação química entre o cimento e a água, com formação de água quimicamente combinada, que gera uma contração de cerca de 25% de seu volume original, resultando em grandes forças interiores de coesão; � retração de secagem — inerente à quantidade excedente de água de amassamento, que permanece livre em seu interior e, ao evaporar, provoca forças capilares equivalentes a uma compressão isotrópica da massa; � retração por carbonatação — refere-se à cal hidratada adicionada à argamassa ou liberada a partir das reações de hidratação do cimento, que reage com o gás carbônico do ar, formando o carbonato de cálcio, reduzindo o seu volume. As fissuras mapeadas (Figura 7b) têm forma variada e distribuem-se por toda a superfície do revestimento, podendo ser causadas pela retração da argamassa pelo consumo elevado de cimento, o alto teor de finos e o consumo elevado de água de amassamento (THOMAZ, 1989). Na execução de reves- timento em fachadas, as condições climáticas podem ter influência, pois a aplicação em dias muito quentes ou secos é capaz de provocar a desidratação inicial da argamassa, causando esse tipo de fissura. Outra possibilidade são as fissuras horizontais (Figura 7a), provocadas pela expansão da argamassa por hidratação retardada do óxido de magnésio da cal ou da expansão gerada pelo ataque de sulfatos ou, ainda, por argilo-minerais expansivos no agregado. Como a expansão da argamassa de revestimento se dá preferencialmente no sentido vertical, as fissuras são formadas no sentido horizontal, podendo resultar no descolamento por placas (CINCOTTO, 1988). Argamassas para contrapiso, assentamento e revestimento16 Figura 7. Fissuras em argamassas: a) horizontais, por expansão da argamassa de assenta- mento; b) mapeadas, provocadas pelo ataque por sulfatos. Fonte: Thomaz (1989, p. 23). a) b) As manchas de umidade, incluindo ainda mofos e bolores, estão relacio- nadas aos problemas de umidade que incidem nos componentes construtivos das edificações, nem sempre associadas a uma única causa, sendo, portanto, um conjunto de fatores. As manchas formadas por contaminação atmosférica resultam do pó, da fuligem e de outras partículas contaminantes existentes em suspensão na atmosfera, que podem recobrir os revestimentos das edificações, promovendo manchas superficiais. As partículas podem se aderir desde o apoio sobre a microplataforma, que pode ser limpa simplesmente pela ação do vento, até a intensa aglutinação impossibilitando sua eliminação, a não ser por limpeza mecânica (BAUER, 2008). Em alguns casos, verifica-se a corrosão química por substâncias agres- sivas, que pode ser classificada em dois grupos: salinas, incorporadas aos materiais pela água absorvida por capilaridade; e gasosas, dissolvidas na água da chuva ou na forma de gases por difusão (BAUER, 2008). Pode-se relacionar as principais Normas Brasileiras, aplicáveis à produção de revestimentos de argamassas, elaboradas por dois comitês da ABNT: � NBR 7200:1998 — Execução de revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas: Procedimento. � NBR 7215:1996 — Cimento Portland: Determinação da resistência à compressão. � NBR 8490:1984 — Argamassas endurecidas para alvenaria estrutural: retração por secagem: Método de ensaio. � NBR 13276:2016 — Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos: Preparo da mistura e determinação do índice de consistência. 17Argamassas para contrapiso, assentamento e revestimento � NBR 13277:2005 — Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos: Determinação da retenção de água: Método de ensaio. � NBR 13278:2005 — Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos: Determinação da densidade de massa e do teor de ar incorporado: Método de ensaio. � NBR 13279:2005 — Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos: Determinação da resistência à compressão: Método de ensaio. � NBR 13280:2005 — Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos: Determinação da densidade de massa aparente no estado endurecido: Método de ensaio. � NBR 13281:2001 — Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos: Requisitos. � NBR 13528:2010 — Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas – Determinação da resistência de aderência à tração. � NBR 13529:2013 — Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas: Terminologia. � NBR 13530:1995 — Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas: Classificação. � NBR 13749:2013 — Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas: Especificação. � NBR 15839:2010 — Argamassa de assentamento e revestimento de paredes e tetos: Caracterização reológica pelo método squeeze-flow. As normas referentes às características gerais das argamassas são descritas a seguir. E, posteriormente, apresentam-se as normas referentes à execução dos ensaios. A NBR 7200:1998 fixa procedimentos para a execução de revestimentos de paredes e tetos, estabelecendo requisitos para as seguintes etapas (ASSO- CIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1998): � preparo e aplicação de diversos tipos de argamassas inorgânicas; � preparo da base de revestimento; � acondicionamento de argamassas; � cuidados na aplicação. Argamassas para contrapiso, assentamento e revestimento18 A NBR 13281:2001 especifica os requisitos para argamassas utilizadas em assentamento e revestimento de paredes e tetos, apresentando os requisitos limites para resistência mecânica e características reológicas, estabelecendo, ainda, critérios para inspeção, amostragem, aceitação, rejeição, entre outros (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2001). A NBR 13529:2013, Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas, define os termos relativos a revestimentos de paredes e tetos em argamassas inorgânicas à base de cimento, cal ou ambos, e a materiais e instrumentos auxiliares de aplicação (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013a). A NBR 13530:1995 classifica os revestimentos de paredes e tetos executa- dos em argamassas inorgânicas, misturadas em canteiro, dosadas em centrais, preparadas no próprio local da obra ou fora dela, ou em argamassas industria- lizadas (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1995). A NBR 13749:2013 fixa as condições exigíveis para o recebimento de revestimento de argamassas inorgânicas aplicadas sobre paredes e tetos de edificações, aplicando-se ao revestimento de elementos constituídos por con- creto e alvenaria. Essa norma estabelece a espessura (e) para revestimentos argamassados em ambientes externos e internos, conforme apresentado no Quadro 5 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013b). Fonte: Adaptado de Associação Brasileira de Normas Técnicas (2013b, p. 2). Revestimento Espessura (mm) Parede interna 5 ≤ e ≤20 Parede externa 20 ≤ e ≤ 30 Tetos interno e externo e ≤ 20 Quadro 5. Espessuras admissíveis de revestimentos internos e externos 19Argamassas para contrapiso, assentamento e revestimento Quanto aos ensaios normatizados pela ABNT, pode-se relacionar os des- critos a seguir. A retração das argamassas é determinada pelo método estabelecido pela NBR 8490:1984, efetuado em corpos-de-prova prismáticos de (25 × 25 × 285) mm, em que se mede a retração livre da argamassa (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1984). A NBR 13276:2016 prescreve o método para a determinação do índice de consistência da argamassa a ser utilizada na realização de ensaios necessários à caracterização do material (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2016). A NBR 13277:2005 avalia a propriedade de retenção de água das argamas- sas pelo método estabelecido, que consiste na medida da massa de água retida pela argamassa após a sucção realizada por meio de uma bomba de vácuo à baixa tensão, em um funil de filtragem (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2005a). Já a NBR 13278:2005 estabelece critérios para a determinação da massa específica das argamassas no estado fresco pelo método que representa a relação entre a massa e o volume do material, normalmente expressa em g/ cm3 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2005b). A NBR 13279:2005 estabelece o método para determinar a resistência a tração na flexão e a resistência à compressão de argamassas para assentamento e revestimento de paredes e tetos, no estado endurecido (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2005c). A NBR 13280:2005 estabelece o método para determinação da densi- dade de massa aparente de argamassas para assentamento e revestimento de paredes e tetos, no estado endurecido (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2005d). Nesse ensaio o volume (v) do corpo-de-prova, em centímetros cúbicos, é calculado a partir da largura (l), da altura (h) e do comprimento (c) com a equação: v = l ∙ h ∙ c Enquanto a densidade de massa utiliza a equação: ρmáx. = · 1.000 m v Argamassas para contrapiso, assentamento e revestimento20 Figura 8. Tipos de ruptura no ensaio de aderência à tração de revestimentos argamassados. Fonte: Carasek (2007, p. 916). Pastilha Ruptura na interface argamassa-substrato Cola Argamassa Substrato A C D B E Ruptura da argamassa Ruptura no substrato Ruptura na interface cola-argamassa Ruptura na interface cola-pastilha Sobre os resultados do ensaio, Carasek, Cascudo e Scartezini (2001) afirmam que a análise da forma de ruptura compreende o resultado mais importante. A ruptura é denominada tipo coesiva quando ocorre no interior da argamassa ou no substrato (tipos B e C). Nesse caso, os valores são menos preocupantes, exceto quando são muito baixos. A ruptura é chamada do tipo adesiva (tipo A) quando se dá na interface entre a argamassa e a base do subs- trato. Quando a ruptura acontece na camada superficial da argamassa (tipo D), indica que se trata da camada mais fraca do revestimento. Nesse caso, quando os resultados são baixos, indica uma resistência inicial inadequada, ocorrendo pulverulência. Já quando a ruptura se dá entre a pastilha e a cola (tipo E), pode-se dizer que houve falha na colagem, devendo-se desprezar o resultado. Outro ensaio é estabelecido pela NBR 15839:2010, Argamassa de assen- tamento e revestimento de paredes e tetos — caracterização reológica pelo método squeeze-flow, que se baseia na medida do esforço necessário para a compressão uniaxial de uma amostra cilíndrica de argamassa posicionada entre duas placas paralelas, quando esse esforço é aplicado perpendicularmente por um equipamento universal de ensaio (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2010b). O ensaio tem a capacidade de detectar pe- quenas alterações nas características reológicas dos materiais, como tensão de escoamento e viscosidade, proporcionando a simulação de diversas situações reais de aplicação das argamassas. 21Argamassas para contrapiso, assentamento e revestimento Para avaliar a consistência e a plasticidade das argamassas, a NBR 7215:1996 estabelece um ensaio denominado avaliação do índice de consistência pelo espalhamento do tronco de cone na mesa, também conhecido como flow table (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1996). ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. Manual de revestimentos de arga- massa. [s.l.]: Comunidade da Construção, 2002. 104 p. Disponível em: <http://www. comunidadedaconstrucao.com.br/upload/ativos/279/anexo/ativosmanu.pdf>. Acesso em: 18 nov. 2018. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7200: execução de revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas: procedimento. Rio de Janeiro, 1998. 13 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7215: cimento Portland: deter- minação da resistência à compressão. Rio de Janeiro, 1996. 8 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8490: argamassas endurecidas para alvenaria estrutural: retração por secagem: método de ensaio. Rio de Janeiro, 1984. 7 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13276: argamassa para assen- tamento e revestimento de paredes e tetos: preparo da mistura e determinação do índice de consistência. Rio de Janeiro, 2016. 2 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13277: argamassa para assen- tamento e revestimento de paredes e tetos: determinação da retenção de água. Rio de Janeiro, 2005a. 3 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13278: argamassa para assen- tamento e revestimento de paredes e tetos: determinação da densidade de massa e do teor de ar incorporado. Rio de Janeiro, 2005b. 4 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13279: argamassa para assen- tamento e revestimento de paredes e tetos: determinação da resistência à tração na flexão e à compressão. Rio de Janeiro, 2005c. 9 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13280: argamassa para assen- tamento e revestimento de paredes e tetos: determinação da densidade de massa aparente no estado endurecido. Rio de Janeiro, 2005d. 2 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13281: argamassa para assenta- mento e revestimento de paredes e tetos: requisitos. Rio de Janeiro, 2001. 7 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13528: revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas: determinação da resistência de aderência à tração. Rio de Janeiro, 2010a. 11 p. Argamassas para contrapiso, assentamento e revestimento22 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13529: revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas: terminologia. Rio de Janeiro, 2013a. 13 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13530: revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas: classificação. Rio de Janeiro, 1995. 2 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13749: revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas: especificação. Rio de Janeiro, 2013b. 8 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15839: argamassa de assen- tamento e revestimento de paredes e tetos: caracterização reológica pelo método squeeze-flow. Rio de Janeiro, 2010b. 6 p. BAUER, L. A. F. Materiais de construção. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008. v. 2. 538 p. CARASEK, H. Argamassas. In: ISAIA, G. C. (Ed.). Materiais de construção civil e princípios de ciências e engenharia de materiais. São Paulo: IBRACON, 2007. v. 2. p. 863-904. CARASEK, H.; CASCUDO, O.; SCARTEZINI, L. M. Importância dos materiais na aderên- cia dos revestimentos de argamassa. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DE ARGAMASSAS. 4., 2001, Brasília. Anais... Brasilia: Universidade de Brasília, 2001. p. 43-67. 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Além disso, outra grande vantagem é a possibilidade de quantificar o material necessário antes de sua aplicação, não necessitando executá-lo por camadas. Nesta Dica do Professor, você vai conhecer melhor esse produto, assim como suas características e aplicabilidade. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/155d45147049745a86a8f61d384d04b1 Exercícios 1) Em determinadas situações, as argamassas devem ser dosadas de forma a garantir um padrão mínimo de trabalhabilidade, compatível com o processo de execução especificado. Uma das formas de obter essa propriedade é por meio da utilização dos aditivos. De acordo com as propriedades de cada aditivo, assinale alternativa correta, a qual apresenta os aditivos que podem ser utilizados nesse caso. A) Aumentadores de aderência ou redutores de água. B) Retentores de água ou hidrofugantes. C) Redutores de água ou hidrofugantes. D) Incorporadores de ar ou retardadores de pega. E) Redutores de água ou incorporadores de ar. 2) As manchas de umidade podem contribuir para a formação de mofos e bolores nos revestimentos argamassados, tanto internos quanto externos. Sobre uma possível forma de prevenção dessa manifestação patológica, assinale a alternativa correta. A) Pode-se utilizar aditivos hidrofugantes na argamassa, diminuindo a absorção capilar e aumentando o acesso do gás carbônico ao interior dos poros. B) Pode-se utilizar aditivos plastificantes na argamassa, aumentando a absorção capilar e restringindo o acesso do gás carbônico ao interior dos poros. C) Pode-se utilizar aditivos hidrofugantes na argamassa, diminuindo a absorção capilar e aumentando a sua estanqueidade à água. D) Pode-se utilizar aditivos plastificantes na argamassa, aumentando a absorção capilar e diminuindo a sua estanqueidade à água. E) Pode-se utilizar aditivos hidrofugantes na argamassa, aumentando a absorção capilar e restringindo o acesso do gás carbônico ao interior dos poros. 3) A aderência é uma propriedade importante das argamassas de revestimento, conferindo capacidade ao material de manter-se fixo ao substrato no qual foi aplicado, evitando manifestações patológicas posteriores. Sobre essa propriedade, assinale a alternativa correta. A) A aderência é maior em substratos com macroporos e excesso de microporos para sucção capilar da água de amassamento, que evitam os descolamentos por eflorescências. B) A aderência é maior em substratos porosos e com boa sucção capilar da água de amassamento, que evitam a formação das vesículas. C) A aderência é maior em substratos lisos e com boa sucção capilar da água de amassamento, que evitam as eflorescências. D) A aderência é maior em substratos porosos e com boa sucção capilar da água de amassamento, que evitam os descolamentos em placas. E) A aderência é maior em substratos lisos e com excesso de micro e macroporos, que evitam os descolamentos em placas. 4) A retração por secagem é caracterizada pelo excesso de água de amassamento que permanece livre no interior da mistura que, ao evaporar, pode provocar forças capilares equivalentes a uma compressão por igual em toda a massa. Sobre as formas de evitar essa manifestação patológica, assinale a alternativa correta. A) Utilizar areias com distribuição granulométrica contínua e poucos finos, aumentando a relação água/aglomerante. B) Utilizar areias com distribuição granulométrica contínua e poucos finos, evitando o aumento da relação água/aglomerante. C) Utilizar areias com distribuição granulométrica irregular e muitos finos, evitando o aumento da relação água/aglomerante. D) Utilizar areias com distribuição granulométrica contínua e muitos finos, diminuindo a relação água/aglomerante. E) Utilizar areias com distribuição granulométrica irregular e poucos finos, diminuindo a relação água/aglomerante. 5) Um ensaio muito utilizado para verificar as propriedades das argamassas de revestimento é o ensaio de resistência de aderência à tração, estabelecido pela NBR 13528/2010. Sobre os resultados que podem ser obtidos com esse ensaio, assinale a alternativa correta. A) Caso a ruptura seja do tipo D, deve-se evitar a aplicação de revestimentos superficiais em placas cerâmicas, podendo resultar em posterior desprendimento. B) Caso a ruptura seja do tipo E, deve-se evitar a aplicação de revestimentos superficiais em placas cerâmicas, podendo resultar em posterior desprendimento. C) Caso a ruptura seja do tipo D, deve-se evitar a aplicação de revestimentos superficiais em placas cerâmicas, podendo resultar na formação posterior de fissuras mapeadas. D) Caso a ruptura seja do tipo C, deve-se evitar a aplicação de revestimentos superficiais como as pinturas, podendo resultar em posterior desprendimento. E) Caso a ruptura seja do tipo B, deve-se evitar a aplicação de revestimentos superficiais como as pinturas, podendo resultar na formação de vesículas. Na prática O revestimento cerâmico de fachadas de edificações deve ser executado com as melhores técnicas disponíveis, pois será o cartão de visitas do futuro empreendimento. Aliado à qualidade final, pode- se buscar ainda técnicas construtivas, as quais podem otimizar a produtividade, reduzindo o prazo de entrega. Neste Na Prática, você vai ver uma dessas técnicas: a utilização de argamassas para assentamento e revestimento simultâneo de pastilhas. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/66e56ae3-78d6-498f-b63b-d08e7dfc36b1/b0f11a0c-15a6-4dd9-b166-38b023e49f25.png Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Proporcionalmente de argamassas para reboco de recuperação Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Manifestações patológicas em fachadas com revestimentos argamassados Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Efeito do ar incorporado em argamassas de revestimento Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/4750/000459515.pdf?sequence=1&isAllowed=y https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/89871/240187.pdf?sequence=1&isAllowed=yhttp://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:DTzvg8lrE8wJ:seer.upf.br/index.php/ciatec/article/download/8363/114114672/+&cd=5&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
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