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Relatório de Biogás e Biometano do Mercosul 2017

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2017
INFORME DE BIOGÁS Y BIOMETANO 
DEL MERCOSUR
Grupo Ad Hoc de Biocombustibles del Mercosur - GAHB
BIOGAS AND BIOMETHANE REPORT
IN MERCOSUR
Mercosur Ad Hoc Group on Biofuels - GAHB
relatório DE 
BIOGÁS e BIOMETANO 
Do MERCOSUl
Grupo Ad Hoc de Biocombustíveis do Mercosul - GAHB
relatório de 
biogás e biometano
do mercosul
2017
Grupo Ad Hoc de Biocombustíveis do Mercosul - GAHB
Para referência a este documento:
Relatório de Biogás e Biometano do Mercosul / GAHB - Grupo Ad Hoc de Biocombustíveis do 
Mercosul - Vol. 1, n. 1 (2017) CIBiogás: Foz do Iguaçu, 2017.
ISSN 2526-9534
INFORME DE BIOGÁS Y BIOMETANO 
DEL MERCOSUR
Grupo Ad Hoc de Biocombustibles del Mercosur - GAHB
BIOGAS AND BIOMETHANE REPORT
IN MERCOSUR
Mercosur Ad Hoc Group on Biofuels - GAHB
CRÉDITOS
Argentina
Coordenação Nacional
Miguel Almada (Ministério da Agroindústria da Nação)
Produção de conteúdos
Agustina Branzini
Hugo Zilocchi
Brasil
Coordenação Nacional
Rodrigo Augusto Rodrigues (Casa Civil)
Renato Domith Godinho (Ministério de Relações Exteriores)
 
Produção de conteúdos
Leidiane Ferronato Mariani
Felipe Souza Marques
Natali Nunes dos Reis da Silva
Rodrigo Regis de Almeida Galvão 
Rafael Hernando de Aguiar González
Paraguai
Coordenação nacional
Juan Cabral (Ministério da Industria e Comércio)
Produção de conteúdos
Andrea Fernandez
Gustavo Collar
Carlos Servín
Uruguai
Coordenação nacional
Wilson Sierra (Ministério da Industria, Energia e Mineração)
Produção de conteúdo
Verónica Perna
Florencia Benzano
Víctor Emmer
María José González
Wilson Sierra
Coordenação Geral 
Rodrigo Regis de Almeida Galvão (CIBiogás)
Marcelo Alves de Sousa (CIBiogás)
Produção e Diagramação
Rafael Gomes Cardoso (CIBiogás)
Bruno Terao (CIBiogás)
Centro Internacional de Energias Renováveis-Biogás
www.cibiogas.org | cibiogas@cibiogas.org
Apoio: Parceiros:
ÍNDICE
apresentação
o GAHB
o BIOGÁS
argentina
Prefácio
O país
Participação das energias renováveis
Biogás na argentina
Potencial de produção de biogás
Produção real de biogás
Aplicações do biogás
Mecanismos de incentivo e investimento para biogás
Casos de sucesso
brasil
Prefácio I
Prefácio II
o país
biogás no brasil
potencial de produção de biogás
produção atual de biogás
aplicações do biogás
mecanismos de incentivo e INVESTIMENTO PARA BIOGÁS
CASOS DE SUCESSO
 
paraguaI
Prefácio
O país
Biogás no Paraguai
Mecanismos de incentivo e investimento para biogás
APLICAÇÕES DO BIOGÁS
Casos de sucesso
uruguaI
PREFÁCIO
O país
Biogás no Uruguai
Potencial de Produção de biogás
Produção real de biogás
Aplicações do biogás
Mecanismos de incentivo e investimento para biogás
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Casos de sucesso
Comentários FInais
06 
Apresentação
O biogás é uma fonte de energia renovável que vem despertando interesse do 
setor energético mundial por seus benefícios ambientais, econômicos e 
sociais. No entanto, diversos atores desse setor indicam a falta de informações 
como uma barreira ao desenvolvimento do mercado do biogás e do 
biometano. Assim, esse relatório tem como objetivo divulgar dados sobre o 
setor de biogás e de biometano dos países que compõe o Grupo Ad Hoc de 
Biocombustíveis do MERCOSUL (GAHB).
Os dados e informações dos países foram repassados pelos pontos focais do 
GAHB. O CIBiogás é responsável pelas informações referentes ao Brasil.
CONDOMÍNIO AJURICABA
Marechal Cândido Rondon (PR)
07
o GAHB
O Grupo Ad Hoc de Biocombustíveis do MERCOSUL (GAHB) foi criado em 2007 por decisão do 
Conselho do Mercado Comum (Dec. 049/2007, Ata 03/2007, vigente desde o 17/12/2007), com 
objetivo de desenvolver critérios e instrumentos para implementação da cooperação regional em 
biocombustíveis. Na ocasião, também foi aprovado o Plano de Ação do MERCOSUL para Cooperação 
em Matéria de Bicombustíveis". O GAHB está subordinado ao Grupo Mercado Comum (GMC). 
Os países-membros do MERCOSUL vêm conferindo relevo à bioenergia em suas agendas externas. A 
harmonização de normas e padrões técnicos, tema que ocupou espaço prioritário na agenda do 
Grupo, visa a estimular a produção e o uso de biocombustíveis em âmbito regional e contribuir com 
o objetivo de torná-los um produto comoditizado. 
Na XIV Reunião do GAHB, realizada em Montevidéu, nos dias 14 e 15 de junho de 2016, as delegações 
de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai acordaram a realização de trabalho de sistematização sobre 
o estado da arte dos desenvolvimentos relativos ao biogás em cada país. Coube ao Centro 
Internacional de Energias Renováveis - Biogás (CIBiogás), presente na reunião, auxiliar na 
publicação desta primeira edição do Relatório do Grupo Ad Hoc de Biocombustíveis do MERCOSUL 
(GAHB) sobre Biogás e Biometano.
08
O BIOGÁS
No âmbito do planejamento energético mundial fala-se cada vez mais em eficiência energética no 
consumo, redução de emissões de carbono e, principalmente, em diversificação e inserção de 
fontes alternativas na matriz energética.
Dentre as fontes de energia alternativas disponíveis está o biogás, gás proveniente da biodigestão 
de matéria orgânica, como resíduos e efluentes industriais, urbanos e rurais. Esse gás tem cerca de 
60% de metano em sua composição que, em virtude do elevado poder calorífico, permite a sua 
utilização na geração de energia térmica e elétrica. Além disso, submetendo o biogás a um processo 
de separação ou refino é possível obter biometano e gás carbônico. O biometano é considerado 
similar ao gás natural e, assim, pode ser utilizado para os mesmos fins. 
Além dos benefícios do uso energético do biogás, seu processo de produção possibilita o tratamento 
de efluentes e resíduos para reduzir seu potencial poluidor e a produção do digestato, efluente do 
processo que tem propriedades fertilizantes do solo. Ademais, muitas vezes o biogás já é produzido 
naturalmente no tratamento de efluentes ou em aterros sanitários, sendo emitido para a atmosfera 
sem ter sido queimado (em queimadores ou em motogeradores). Essas emissões estão relacionadas 
à mudança climática, já que o metano contido no biogás é um dos principais gases do efeito estufa, 
21 vezes mais nocivo que o dióxido de carbono (CO2). 
Outras vantagens do uso energético do biogás dizem respeito ao desenvolvimento de um mercado 
em torno dessa fonte de energia com incentivo à criação de empregos e geração de renda. Os 
benefícios com a redução de custos produtivos ou aumento de receitas das indústrias, propriedades 
rurais, estações de tratamento de esgoto e aterros sanitários também devem ser destacados como 
uma grande vantagem do biogás e do biometano.
argentina
09
10
PREFÁCIO
A República Argentina enfrenta o grande desafio de ampliar a participação das energias renováveis 
em de seu consumo enérgico, aproveitando seu enorme potencial proporcionado principalmente 
por sua alta diversidade de condições agroecológicas. Do ponto de vista agroindustrial, a 
contribuição da biomassa derivada das atividades agrícolas, pecuárias, florestais, assim como de 
suas indústrias associadas, para seu aproveitamento energético, é uma oportunidade para superar 
esse desafio. Especificamente, a valorização dos resíduos frigoríficos, os efluentes derivados da 
produção de leite e dos sistemas estabulados bovinos, o estrume e chorume suínos e o esterco de 
aves são recursos ideais para gerar bioenergia a partir do biogás.
A digestão anaeróbica é uma tecnologia que permite gerar energia distribuída, o que melhora a 
eficácia do sistema. Além de oferecer potência firme e de base e contribuir para a redução das 
emissões de gases de efeito estufa, permite agregar valor em origem a matérias primas, gerar 
empregolocal, e favorece o desenvolvimento de áreas rurais.
 
A República Argentina aposta na geração de valor agregado em origem e em uma maior oferta de 
energias limpas renováveis, com redução das emissões de carbono. Assim, o desenvolvimento da 
tecnologia de digestão anaeróbica em nosso território é fundamental para continuar alavancando a 
incorporação das energias renováveis em nossa matriz energética. 
Mariano Lechardoy
Subsecretário de Bioindustria do 
Ministério de Agroindústria da Nação
O PAÍS
A República Argentina conta com uma superfície total de 2.780.400 km2 e possui 11.968 km de 
fronteira, dos quais 4.989 km são costeiros. Por sua vez, ocupa o 8º lugar no mundo em termos de 
dimensão territorial. Trata-se do segundo maior país da América do Sul (depois do Brasil); tem uma 
localização estratégica em relação aos canais marítimos entre o Atlântico Sul e Pacífico Sul (Estreito 
de Magalhães, Canal de Beagle, Passagem de Drake); apresenta diversas paisagens geofísicas que 
vão dos climas tropicais, no Norte, à tundra, no extremo sul; O Monte Aconcágua é a montanha mais 
alta do Hemisfério Ocidental, com 6.960 m (localizado na esquina noroeste da província de 
Mendoza, ponto mais alto da América do Sul), enquanto que a Laguna del Carbón (Lagoa do Carvão) 
é o ponto mais baixo no Hemisfério Ocidental. O clima é principalmente temperado; árido no 
Sudeste; subantártico no Sudoeste. Seu território está composto por ricas planícies na região dos 
pampas, localizada na metade norte, planos a ondulados platôs na Patagônia, ao Sul, e acidentado 
relevo na Cordilheira dos Andes, ao longo da fronteira ocidental.
 
No que diz respeito a seus recursos naturais, conta com solos férteis na planície dos pampas, com 
alta capacidade produtiva. Cabe destacar que do total de sua superfície cultivada, 23.600 km2 são 
cultivados com irrigação. Dispõe de riqueza mineral baseada em chumbo, zinco, estanho, cobre, 
minério de ferro, magnésio, petróleo e urânio. 
Com uma população de 43.886.748 habitantes, é o 33º país mais habitado do mundo, sendo que um 
terço de sua população vive em Buenos Aires. Os centros de maior concentração populacional se 
encontram nas regiões do norte e centro do país. No Sul, a Patagônia continua sendo escassamente 
povoada. 
Politicamente seu território está dividido em 23 províncias: Buenos Aires, Catamarca, Chaco, 
Chubut, Cidade Autônoma de Buenos Aires (Capital), Córdoba, Corrientes, Entre Ríos, Formosa, 
Jujuy, La Pampa, La Rioja, Mendoza, Misiones, Neuquén, Rio Negro, Salta, San Juan, San Luis, Santa 
Cruz, Santa Fe, Santiago del Estero, Tierra del Fuego, - Antártida, Ilhas Malvinas e Ilhas do Atlântico 
Sul e Tucumán.
Seu PIB é de 550 bilhões de dólares (2016), dos quais 11,4% provém da atividade agropecuária, 
30,2% da atividade industrial e 58,4% do setor de serviços. Seu PIB por habitante é de US$ 12.260.
As principais atividades agropecuárias são o cultivo da soja, milho, trigo, girassol, amendoim, limão, 
uva, tabaco, chá e as atividades pecuárias leiteiras, de criação e invernada. 
Dentre as principais indústrias estão o processamento de alimentos, veículos, bens de consumo 
duradouro, têxteis, produtos químicos e petroquímicos, metalurgia e aço.
No que diz respeito a seu comércio exterior, as exportações alcançaram 57 bilhões de dólares (2016), 
destacando-se entre os principais produtos a soja e derivados, petróleo e gás, veículos, milho e 
trigo. Os principais países de destino são o Brasil (17%), a China (8,6%)e os Estados Unidos (5,9%) 
(dados de 2015). As importações em 2016 foram de 55,6 bilhões, principalmente nos ramos de 
maquinaria, veículos de motor, petróleo e gás natural, produtos químicos orgânicos e plásticos, 
provenientes do Brasil (22,4%), Estados Unidos (16,3%), China (15,5%) e Alemanha (5,1%) (dados de 
2015).
 
11
argentina
PARTICIPAÇÃO NAS ENERGIAS RENOVÁVEIS
A matriz energética argentina se divide n a seguinte forma: 87,3% de geração a partir de 
combustíveis fósseis; 9,4% a partir de energias renováveis e 3,3% a partir de energia nuclear.
No que diz respeito à matriz elétrica, aproximadamente 60% depende da geração com base em 
hidrocarbonetos. As energias renováveis representam um valor próximo a 2% na geração de energia 
elétrica. 
Este cenário revela a necessidade de ampliar a participação das energias renováveis na matriz 
energética. Entre elas, a bioenergia ou energia derivada de biomassa, que consiste na obtenção de 
energia química (gás metano, biodiesel ou bioetanol, etc.) a partir de resíduos animais ou vegetais, 
principalmente, utilizadas como fonte de energia elétrica ou como combustível. 
A República Argentina tem um grande potencial como produtor de dita matéria prima para sua 
utilização como fonte energética, gerando benefícios para o setor energético, agropecuário e 
florestal, assim como para a sociedade em seu conjunto. 
12
argentina
matriz energética argentina
leNHa
51,4%
4,0%
3,3%
0,8%
1,1%
1,1%
3,0%
0,5%
34,9%
gÁs natural
hidrÁulica
nuclear
bagaÇO
carVÃO mineral
ÓLEOS
oUTRAS primÁrias
petróleo
matriz elétrica argentina | 2015
33%
28%
14%
14%
5%
4%
2%
hidráulica
ciclos combinados
turbina a gÁs
turbo vapor
nuclear
motor A diesel
renovÁVEIS fO
n
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Biogás NA argentina
O desenvolvimento do biogás na República Argentina teve início nos anos 80, quando se instalou o 
debate da tecnologia; em 1993 se instalou um biodigestor na escola rural de Los Cerrillos, que 
alimenta as fornalhas da cozinha do refeitório escolar. Em 1995, outro biodigestor foi instalado em 
Alto Verde, permitindo a preparação da comida de 400 crianças por dia, economizando recursos no 
consumo de gás engarrafado. Nesse mesmo ano, outro biodigestor, instalado em Monte Vera, 
começou a utilizar, pela primeira vez, a fração orgânica dos resíduos urbanos coletados de forma 
seletiva pelos vizinhos, utilizando o biogás para a granja de exploração avícola, o que permitiu 
diminuir o gasto de consumo de gás engarrafado. 
Desde então mais de vinte instalações demonstrativas foram implantadas em creches, asilos, 
centros comunitários e refeitórios escolares nas províncias de Santa Fé, Buenos Aires, Córdoba e San 
Juan. 
Em 199, em Governador Crespo, foi concluída a montagem da primeira planta do país para 
tratamento de resíduos sólidos urbanos mediante um biodigestor de 150 m3 com produção de 
biogás para uma população de 10 mil habitantes. 
Em princípios dos anos 2000, a tecnologia recebeu outro estímulo: em outubro de 2002, na 
localidade de Emilia, um povoado de aproximadamente mil habitantes situado 85 quilômetros ao 
norte da cidade de Santa Fe, na província homônima, a Universidade Nacional do Litoral 
desenvolveu um biodigestor para transformar resíduos orgânicos gerados pela população. 
Em 2006, consolidou-se a ideia de utilizar o biogás como uma contribuição mais ao esquema 
energético. Em 2008, a empresa Citrusvil inaugurou a primeira planta de biogás da Argentina, com o 
objetivo de tratar todos os efluentes derivados do processamento industrial de limões que a 
empresa desenvolve e gerar parte do gás requerido em seus processos produtivos. 
A Argentina se destaca por ter um sólido setor agropecuário e agroindustrial, por sua produção de 
grãos, carnes, laticínios, alimentos, etc. Ditas atividades geram uma grande quantidade e variedade 
de resíduos e subprodutos agropecuários. Em tal sentido, a Argentina conta com um grande 
potencial para a produção e obtenção de biogás com seu consequente aproveitamento elétrico ou 
térmico. 
A fim de consolidar o fomento para o desenvolvimento dos biocombustíveis no país, em 2006 foi 
sancionada a Lei Nacional Nº 26.093, “Regime de Regulação e Promoção para a Produção e Uso 
Sustentáveis de Biocombustíveis” pelo termo de 15 anos,na qual se inclui o biogás dentro dos 
biocombustíveis que se deseja fomentar no território da Nação Argentina (Artigo 5).
 
POTENCIAL DE PRODUÇÃO DE BIOGÁS
O potencial de biogás que a Argentina apresenta é significativo se considerarmos as produções 
agropecuárias intensivas, o setor agroindustrial e o setor urbano. Especificamente, se forem 
considerados os setores pecuários, é possível intensificar bacias produtivas ao longo do território. 
No que diz respeito aos estabelecimentos com curral de engorda, atualmente a Argentina conta com 
um total de 2.796 confinamentos de diversos tamanhos, localizados em diferentes zonas do país, os
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argentina
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Casos de sucesso
Comentários FInais
quais mostram um potencial concentrado principalmente nas províncias de Buenos Aires, Santa Fe 
e Córdoba (Figura 3.1 (a)). 
O desenvolvimento da atividade suína se localiza principalmente na Bacia do Rio Salado, que faz 
parte do sistema hidrográfico da Bacia do Rio da Prata, e engloba uma área de 186.000 km2, mais da 
metade da superfície da província de Buenos Aires. A Bacia do Salado se caracteriza por ter 
condições agroecológicas propícias para a criação de porcos e produção de cereais e oleaginosas, 
que são os principais insumos da atividade suína. Embora a produção suína esteja 
majoritariamente concentrada na Pampa Úmida, encontra-se dispersa em todo o território 
nacional, o que indica uma tendência de aparição de novos bolsões produtivos em regiões onde a 
atividade tem crescido significativamente, especificamente nas províncias de San Luis e La Pampa 
(Figura 3.1 (b)).
A produção de leite mostra toda sua potencialidade na Região dos Pampas (superfície de 
aproximadamente 500.000 km2), onde se concentram as principais bacias leiteiras e quase a 
totalidade das fazendas leiteiras e industrias do setor. Apesar de também haver produção de 
laticínios fora da Região dos Pampas, também se identificaram produções de laticínios, quase 80% 
da produção se concentra nas províncias de Santa Fe, Buenos Aires e Córdoba (Figura 3.1 (c)).
PRODUÇÃO REAL DE BIOGÁS
No país existe evidência da utilização da biodigestão anaeróbica há mais de 20 anos. No entanto, a 
tecnologia do biogás não alcançou um grau de maturidade equivalente à sua potencialidade no 
país, principalmente pelos recursos de biomassa (virgens ou subproduto) disponíveis no território. 
Cabe esclarecer que além da alta disponibilidade de recursos, a tecnologia vai adquirindo maior 
relevância com o incremento da necessidade energética tanto no âmbito industrial quanto 
residencial e do desenvolvimento e aplicação das energias renováveis.
14
argentina
Figura 3.1: Distribuição territorial nacional de estabelecimentos de curral de engorda, de 
exploração de suínos e leiteiros, em função dos seus tamanhos. a) Curral de engorda. b) 
Explorações de suínos. c) Leiteiros. Fonte PROBIOMASA, elaborado com dados do SENASA. 
Segundo um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Tecnologia Industrial (INTI/FAO, 2016), na 
República Argentina existem aproximadamente 105 plantas de biodigestão de diferentes tamanhos, 
grau de tecnologia, usos e aplicações (Figura 4.1).
Figura 4.1: Figura 4.1: Distribuição por província de plantas de digestão anaeróbicas detectadas 
no território argentino. FOnte INTI/FAO, 2016
Se considerarmos a distribuição das 62 plantas identificadas de acordo com a propriedade, 53,1% 
pertencem ao setor privado; depois vem o setor público, com 37,5%; as cooperativas e ONGs somam 
em conjunto 4,7% do total. 
Os substratos mais utilizados para a alimentação dos biodigestores instalados na República 
Argentina se classificam em quatro grandes grupos: resíduos agrícolas, resíduos da atividade 
pecuária, resíduos industriais e resíduos urbanos (Modelo 1).
 
Como podemos observar, os mais utilizados são os resíduos procedentes da indústria, seguidos em 
ordem de importância pelos resíduos sólidos urbanos e pelos resíduos provenientes da
15
argentina
modelo 1
categoria da planta
BIOMASSA VIRGEM 1 1%
resÍduo urbano 17 28%
resÍduo indÚstria 24 38%
resÍduo PECUÁRIA 16 27%
resÍduo agricultura 4 6%
total 62 100%
QUANTIDADE de plantas
18
c
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7 8
5
1
5 5
28
4
10
4
2 2 23 1
Aplicações do biogás
Na Argentina, de acordo com um levantamento realizado no último ano, a maior produção das plantas 
está destinada ao tratamento de resíduos, em contraposição com 4% das plantas de biogás que foram 
implementadas para cobrir uma demanda energética (Tabela 2).
atividade pecuária. Cabe destacar que os resíduos agrícolas são os menos utilizados para a 
produção de biogás na Argentina. 
Dentro de cada uma das categorias de substratos, foram identificadas diferentes matérias primas 
para alimentar os biodigestores (Tabela 1).
Tabela 1: Substratos utilizados na Argentina para alimentar biodigestores. Fonte INTI/FAO, 2016
Tabela 2: Objetivo do total de plantas identificadas. Fonte INTI/FAO, 2016
16
argentina
resÍduos urbanos
forsu
SEDIMENTO DE ESGOTO
EFLUENTES DE ESGOTO
resÍduos agrícolas
DESCARTES DE MOENDA
MILHO DE ENSILAGEM
RESÍDUOS HORTIFRUTÍCOLAS
resÍduos industriaIs
EFLUENTE CITRÍCOLA
EFLUENTE DE CERVEJARIA
EFLUENTE DE FRIGORÍFICO
residuos DA ATIVIDADE PECUÁRIA
EFLUENTES AVÍCOLAS
ESTRUME BOVINO
ESTRUME SUÍNO
EFLUENTES INDÚSTRIA DO PAPEL
EFLUENTES INDÚSTRIA LÁCTEA
EFLUENTES PRODUÇÃO DE FERMENTOS
EFLUENTES PRODUÇÃO DE ERVA-MATE
glicerina
RESÍDUOS PRODUÇÃO DE MANDIOCA
SORO PRODUÇÃO DE QUEIJO
VINHAÇA
DESCARTES DE MOENDA
EFLUENTES DE FAZENDAS LEITEIRAS (DE BOVINOS)
MISTURA DE ESTRUME
objetivo da planta
educativo
NECESSIDADE energética
oUTRO
presSÃO pública
tratamento
participaÇÃO
28%
4%
12%
4%
52%
Ao analisar a utilização do biogás gerado nas plantas, constatou-se que uma elevada porcentagem 
das plantas identificadas não emprega o biogás como fonte energética para seus processos 
produtivos (Modelo 2). Por outro lado, 44,3% do biogás que se aproveita é utilizado com fins 
térmicos e somente 12% restante se destina à geração de energia elétrica. 
MECANISMOS DE INCENTIVO E INVESTIMENTOS PARA 
BIOGÁS 
Políticas e fontes de investimento
LEI N° 26.093 (2006) – Regime de Regulação, Promoção e Uso de Biocombustíveis (Regulamentada 
pelo Decreto 109/07).
LEI N° 26.190 (2006) – Regime de Fomento Nacional para Uso de Fontes Renováveis de Energia 
Destinada à Geração Elétrica. Dita Lei visa cumprir com 8% do consumo de fontes renováveis em 10 
anos e trata-se de uma normativa que busca criar incentivos para a geração elétrica a partir de 
fontes renováveis de energia. 
LEI N° 27.191 (2016) – Nova Lei de Fontes Renováveis de Energia na Geração Elétrica – Regime 
Nacional de Fomento 2016 – 2025. 
Por meio da mencionada lei – e seu correspondente Decreto Regulamentar 531/2016 – pretende-se 
instrumentar uma política de Estado tendente à diversificação da matriz energética nacional, à 
expansão da potência instalada em prazos curtos, à redução de custos de geração de energia, à 
previsibilidade de preços a médio e longo prazos, e à contribuição para a mitigação das mudanças 
climáticas. 
Esta nova lei estabelece que em 2017 o país deverá contar com 8% de sua geração elétrica a partir de 
eletricidade gerada pelo vento, pelo sol, pela biomassa e por pequenas centrais hidrelétricas,entre 
outras fontes. A norma pretende também que em 2025 essa porcentagem suba a 20%.
 
17
argentina
modelo 2
APLICAÇÃO DO BIOGÁS
energia elétrica + térmica 5
energia elétrica rt + térmica 2 3,3%
8,2%
SEM USO 26 42,6%
térmica 27 44,3%
27%elétrica rt 1
total 62 100%
QUANTIDADE DE PLANTAS
1,6%
18
argentina
AÇÕES DA INICIATIVA PRIVADA, DA SOCIEDADE CIVIL E DE PESQUISA, 
DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO
PROBIOMASA – Projeto para a Promoção da Energia derivada de biomassa, que visa a incrementar 
a produção de energia derivada de biomassa nos níveis local, provincial e nacional para assegurar à 
sociedade um crescente abastecimento de energia renovável, limpa, confiável e competitiva 
enquanto são abertas novas oportunidades para o desenvolvimento do setor agropecuário, 
florestal e agroindustrial do país.
O projeto consta de três componentes: 
• Fortalecimento Institucional, mediante o qual se formam recursos humanos e se estabelece a 
infraestrutura necessária para alavancar o uso sustentável da biomassa com fins de produção de 
energia;
• Estratégias Bioenergéticas, componente orientado a desenvolver estratégias provinciais para o 
estabelecimento de empreendimentos mediante uma incubadora de projetos bioenergéticos;
• Sensibilização e Comunicação, focada na realização de campanhas de comunicação, 
sensibilização, extensão e disseminação de informações para os tomadores de decisão políticos, 
empresariais, de associações civis e públicas em geral, para o fortalecimento da política 
bioenergética nacional.
Casos DE SUCESSO
 
Bioeléctrica é uma associação de produtores regionais que adotou tecnologia alemã para oferecer 
soluções sustentáveis no território argentino. Sua primeira planta foi construída em Río Cuarto, 
sendo esta a planta modelo para logo ser replicada em outras localidades produtivas do país. 
O principal produto é a energia elétrica, gerada a partir do biogás como combustível, obtido a partir 
da digestão anaeróbica de milho de silagem com dejetos pecuários. Os subprodutos obtidos são o 
biofertilizante e a energia térmica em forma de água. A energia elétrica (1 MW de potência) pode ser 
lançada à rede de distribuição de energia elétrica ou consumida por uma indústria vizinha. A energia 
térmica gerada é utilizada em parte para o aquecimento do processo de geração de biogás, 
enquanto que o excedente pode ser vendido a uma indústria vizinha.A energia está disponível em 
forma de água quente a aproximadamente 90 graus centígrados. O biofertilizante é utilizado para 
fertilizar as plantações e é armazenado no biodigestor secundário e/ou lagoas até o momento de ser 
aplicado.
Fonte: www.bioelectrica.com
Bioeléctrica
ACA - Yanquetruz
YANQUETRUZ é uma exploração suína 
localizada na zona rural da província de San 
Luis. A exploração conta com 48 hectares, os 
quais estão divididos em uma área de Gestação 
e Maternidade e outra que completa a engorda.
 
A área do projeto é uma zona rural onde 
predominam as instalações agropecuárias, que 
conta com serviços de água potável de rede e 
disponibilidade restrita de energia elétrica. Por 
isso, o aproveitamento dos resíduos de origem 
animal está destinado a produção de 
eletricidade e de energia térmica para o 
estabelecimento. 
O projeto de produção de biogás foi 
desenvolvido por uma cooperativa de 
produtores que decidiram utilizar estrume de 
1.500 porcos e 50 toneladas de milho para 
produzir energia com plantas de biogeração na 
exploração suína Yanquetruz, de San Luis, 
considerada como uma planta modelo em 
escala internacional. A planta tem uma potência 
instalada de 1,5 MW e gera energia de forma 
distribuída. A planta produz 8.000 megawatts de 
emergia anuais – com capacidade de exportar à 
rede – energia térmica para aquecer o 
estabelecimento e, por sua vez, obtém do 
efluente e da forragem fertilizante para ser 
distribuído em 1.500 hectares.
La Micaela – Carlos Tejedor
La Micaela é um estabelecimento pecuário 
localizado em Carlos Tejedor, província de 
Buenos Aires, que produz energia elétrica a 
partir de estrume animal, abastecendo 
aproximadamente 200 famílias dessa localidade 
de aproximadamente 800 pessoas das 5.000 que 
residem no município de Carlos Tejedor. O 
estabelecimento é um confinamento com 
capacidade instalada para 500 cabeças 
simultâneas, motivo pelo qual a planta de 
biogás foi desenhada para utilizar as 13,5 
toneladas de dejetos mais a urina dos animais 
de engorda. Para obter uma coleta eficiente do 
estrume animal, foi desenhada e construída 
uma plataforma de concreto para o piso dos 
currais. 
A planta de biogás gera 800 metros cúbicos 
diários de biogás. O biogás gerado alimenta um 
motor de cogeração elétrica de 70 KWh de 
potência instalada e a energia elétrica gerada é 
vendida à cooperativa elétrica local. 
O campo tem 258 hectares, mas somente 120 
hectares estão destinados à produção agrícola, 
de milho e sorgo, que a fazenda consome. O 
digestato, coproduto do processo, é aplicado no 
campo agrícola, gerando um incremento no 
rendimento dos plantios. 
FOnte: www.tecnoredconsultores.com.ar/yanque FONte: www.biogas-argentina.com/trabajos/
establecimiento-la-micaela
19
argentina
brasil
21
22
PREFÁCIO I
Hidrelétrica que detém o recorde mundial de produção anual de energia elétrica, a Itaipu Binacional 
pôde confirmar com estudos e experimentos práticos a viabilidade técnica e econômica da 
produção de biogás no Oeste do Paraná. Grande geradora de divisas para o país, a região concentra 
intensas atividades agropecuárias. É nelas que se originam dejetos e resíduos em grande escala 
que, sem o devido tratamento, tornam-se um grave problema ambiental. Daí a importância do 
trabalho no qual a Itaipu tem participação pioneira. 
A poluição de nascentes, córregos e rios - e o consequente assoreamento do reservatório de Itaipu, 
a longo prazo - pode ser amenizada com o aproveitamento desses dejetos e resíduos para produzir 
biogás. Já numa primeira fase, o biogás se transforma em eletricidade e energia térmica para as 
propriedades agrícolas e serve de combustível para os veículos dos produtores. 
Portanto, a partir dos bons resultados iniciais, foi criado o Centro Internacional de Energias 
Renováveis-Biogás – CIBiogás, com sede no Parque Tecnológico Itaipu – PTI, nas premissas da Usina 
de Itaipu. Hoje, o CIBiogás conta com a parceria de 20 instituições, entre as quais a Itaipu Binacional, 
o PTI, cooperativas, empresas do setor elétrico e de gás e duas agências das Nações Unidas. 
O CIBiogás conta com 11 unidades de produção de biogás, implantadas ou monitoradas pelo 
Centro. As Unidades são um ambiente de estudos e comprovação da viabilidade técnica e 
econômica das aplicações do biogás.
O aproveitamento de dejetos, principalmente de animais pode, ainda, ser uma fonte de renda 
importante para os produtores, em especial os pequenos. Nas palavras de Claudete Volkweiss, 
produtora agrícola do município de Toledo "para a gente, o biogás vale ouro".
Luiz Fernando Leone Vianna
Diretor-Geral Brasileiro da Itaipu Binacional
23
PREFÁCIO II
O Grupo Ad Hoc de Biocombustíveis do Mercosul – GAHB foi formalmente constituído no final de 2007, para 
implementar um Plano de Ação do Mercosul para a Cooperação em Matéria de Biocombustíveis, proposto, 
debatido e elaborado ao longo de 2007.
O referido Plano de Ação, revisto e ampliado, tem sido implementado com êxito. Dentre as atividades 
propostas e implementadas, estão o intercâmbio de experiências entre instituições públicas e privadas com 
competências em investigação, financiamento e extensão rural; a articulação entre as entidades relacionadas 
com o desenvolvimento tecnológico nas cadeias de produção de biocombustíveis do Mercosul; o impulso às 
oportunidades de pesquisas conjuntas e intercâmbio depesquisadores e a capacitação industrial na 
produção industrial de biocombustíveis; o levantamento dos marcos regulatórios vigentes nos Estados Partes 
do Mercosul e o intercâmbio de informações técnicas do impacto do uso de biocombustíveis em fontes móveis 
e estacionárias.
Elaborado por uma competente equipe coordenada pelo Centro Internacional de Energias 
Renováveis-Biogás, o Informe de Biogás e Biometano do Mercosul representa uma síntese de todas as 
atividades mencionadas no Plano de Ação, focadas no biogás, conjugando o estado da arte da produção e 
consumo dessa fonte renovável na Argentina, no Brasil, no Paraguai e no Uruguai. O biogás, assim como os 
biocombustíveis líquidos, é um potencial indutor de desenvolvimento sustentável, com vantagens 
competitivas e comparativas para todos os países que integram o Mercosul.
Rodrigo Augusto Rodrigues
Gerente de Projeto da Subchefia de Análise e 
Acompanhamento de Políticas Governamentais da 
Casa Civil da Presidência da República
Coordenador Nacional, pelo Brasil, no GAHB
o país
O Brasil tem uma área de 8,5 milhões km2 e 204 milhões de habitantes em 2015, aproximadamente. 
O Produto Interno Bruto do país em 2015 foi de R$ 5,9 trilhões. Em relação ao setor energético, o 
Brasil se destaca pela grande participação de fontes renováveis em sua matriz, destacando-se a 
hidroeletricidade, a biomassa e a eólica.
biogás no brasil
Em novembro de 1979, com base em um relatório técnico da Organização das Nações Unidas para a 
Alimentação e a Agricultura (FAO), o primeiro biodigestor modelo chinês foi instalado na Granja do 
Torto em Brasília motivado pela crise resultante do segundo choque de preços do petróleo. Entre as 
medidas adotadas pelo governo para reduzir a dependência deste insumo destacava-se um amplo 
programa de investimento voltado para substituição e conservação de derivados de petróleo 
(Programa de Mobilização Energética - PME, iniciado em 1980). 
Entre 1980-1984, foram utilizadas diversas formas de estímulo à instalação de biodigestores. Assim 
foram concedidos estímulos materiais, seja através de financiamentos ou mesmo de doações dos 
recursos necessários à instalação. 
Em 1984, mesmo que ainda inexistissem dados precisos quanto ao número de biodigestores no 
país, o Instituto Paranaense de Assistência Técnica de Extensão Rural (EMATER) estimou que havia 
3.000 biodigestores instalados, principalmente do modelo Indiano, utilizados para biodigestão de 
dejetos de bovinos. Contudo, a adoção de uma nova tecnologia, por mais simples que seja, trouxe 
consigo, invariavelmente, muitas dificuldades. 
Problemas operacionais levaram muitos agricultores a abandonar, anos depois, a tecnologia. Na 
época, as canaletas extratoras de dejetos eram instaladas na parte externa dos galpões e os 
telhados projetavam o escoamento das águas das chuvas em cima das canaletas, na pretensão de 
obter uma descarga com essas águas. Conectados a elas, os biodigestores recebiam água fria e 
limpa, quando deveriam ser carregados com águas quentes e sujas dos dejetos. Não havia cuidado 
com os desperdícios das águas de manejo e inclusive o conceito do conforto térmico obtido por 
grandes quantidades de água utilizadas. Estas ocorrências aconteceram mesmo após a desativação 
dos biodigestores, porque também estouravam esterqueiras por volumes de água não considerados 
em seus dimensionamentos e só foram sanadas após a adoção de práticas poupadoras orientadas 
pela Embrapa Suínos e Aves – Concórdia. Além dos aspectos do manejo de águas, também foi 
decisiva para a justificativa dos biodigestores a queda dos preços do petróleo, ao qual a aplicação 
do biogás em energia térmica estava atrelada.
A segunda fase na história do biogás se deu vinte anos depois, na década de 90, quando o mundo 
despertou para os impactos das emissões de Gases do Efeito Estufa, a partir da Rio 92, quando a 
ONU, através do então criado IPCC – Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, aceitou 
com metodologias específicas, a queima do biogás como medida mitigadora de emissões. Nesta 
época, várias instituições surgiram no mercado brasileiro “comprando” créditos antecipados e via 
de regra os trocando por biodigestores, como os potenciais produtores principalmente de suínos, 
que por sua vez, encontravam nesta questionável transação financeira uma saída para resolver seus 
problemas ambientais. Mais controverso ainda foi o conceito de que para obter créditos de carbono 
 
24
BRASIL
por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) bastava queimar o biogás gerado. Com a 
crise europeia, os países compradores saíram do mercado e o preço pago pela redução equivalente 
literalmente despencou, até chegar a patamares que inviabilizaram os contratos.
Em ambos os casos o biogás apareceu e acumulou indicadores negativos, para em seguida, 
carregado de passivos e dúvidas, desaparecer. Nenhuma instituição brasileira, seja pública ou 
privada, se interessou em manter o biogás como uma fonte de energia inerente aos processos 
produtivos, cuja renda poderia sustentar verdadeiramente os investimentos na infraestrutura da 
biodigestão.
Nos últimos anos, o uso de biodigestores para a produção de biogás voltou a ser discutida no Brasil, 
no embalo de projetos de visionários que acreditavam no potencial dessa fonte energética na busca 
pela sustentabilidade e de empresas que buscavam melhorias ambientais. Paralelo a isso, o setor de 
biogás na Europa, principalmente Alemanha, passou por um rápido desenvolvimento motivado 
pelas leis de incentivo e subsídios à geração de energias renováveis.
Assim, o retorno do tema biogás e o grande potencial de produção do Brasil atraiu a atenção de 
instituições de governo, de empresas brasileiras e internacionais e centros de pesquisa e 
desenvolvimento. Isso gerou várias iniciativas desde 2008 no sentido de desenvolver e consolidar 
essa fonte de energia e de inseri-la definitivamente na matriz energética nacional.
Destaca-se o papel de liderança da hidrelétrica Itaipu Binacional nessa retomada do setor de biogás 
no Brasil. A empresa tem diversos projetos de pesquisa e desenvolvimento na área de biogás em 
parceria com o Centro Internacional de Energias Renováveis-Biogás (CIBiogás), uma instituição 
científica, tecnológica e de inovação criada com seu apoio. O Centro é formado por 17 instituições 
que desenvolvem e/ou apoiam projetos relacionados às energias renováveis. Sua estrutura conta 
com um laboratório de biogás, no Parque Tecnológico Itaipu (PTI), em Foz do Iguaçu, e com 11 
unidades de produção de biogás no Brasil. Sua missão é promover o desenvolvimento sustentável 
da cadeia do biogás e outras energias renováveis.
potencial de produção de biogás
O potencial técnico atual para os resíduos agrícolas é de cerca de 14,3 milhões de m3/dia de 
biometano combustível e de 3.478 MW de capacidade elétrica instalada (EPE, 2014b). Para os 
resíduos sólidos urbanos, o potencial técnico atual é de 4,2 milhões m3/dia de biometano 
combustível e capacidade elétrica instalada de 868 MW, EPE (2014c). Isso totaliza um potencial 
técnico de 18,5 milhões de m3/dia de biometano combustível e 4.346 MW de capacidade instalada 
para a geração de energia elétrica. Destaca-se que esses valores desconsideram o potencial do 
esgoto sanitário e os resíduos industrias, como da indústria sucroenergética. 
Como forma de comparação, o mercado de gás natural no país é de 38 milhões m3/dia (EPE (2014b), 
o que mostra que a oferta desse gás poderia ser ampliada em 50% com a produção de biogás. Esses 
estudos indicam um potencial significativo de produção e uso energético do biogás, destacando-se 
as regiões agrícolas do país. Na Figura 1 é apresentado um mapa do Brasil com o potencial 
disponível de biogás dos resíduos agrícolas, onde é possível observar o potencial considerável no 
interior do país.
25
BRASIL
Figura 1. Mapa dopotencial disponível de biogás de resíduos pecuários. Fonte: EPE (2014)
Figura 2. Projeção da penetração do biogás como fonte para geração de energia elétrica até 
2050, em capacidade instalada (MW). Fonte: EPE (2014a)
Outro estudo da EPE que aborda o potencial do biogás para o setor energético brasileiro é Nota 
Técnica 13/2014 - Demanda de Energia 2050 (EPE, 2014a). Nele é considerado o potencial de 
produção de biogás total do país e não apenas resíduos agrícolas e urbanos e, além disso, é 
calculado o potencial econômico, que é menor que o técnico por considerar as dificuldades para 
viabilização econômica da fonte de energia. Outro ponto interessante do estudo é a previsão do 
potencial de produção e de inserção do biogás até 2050 na matriz energética brasileira.
No caso da geração de energia elétrica a partir do biogás, as projeções indicam que a capacidade 
instalada das usinas termelétricas será de 2.850 MW em um cenário base e poderá se converter em 
5.188 MW em um cenário de “Novas Políticas”, ou seja, com maiores incentivos. Essa capacidade 
convertida em biometano seria, em 2050, equivalente a 15,25 milhões de m3/dia para o cenário base 
e de 28,39 m3/dia de biometano no cenário “Novas Políticas”. As curvas de projeção de inserção do 
biogás na geração de energia elétrica podem ser observadas na Figura 2 e Figura 3, inclusive com a 
curva de potencial teórico total de biometano.
26
BRASIL
Figura 3. Projeção da penetração do biogás como fonte para energia elétrica até 2050, em 
biometano equivalente versus potencial teórico. Fonte: EPE (2014a)
Figura 4. Projeção da penetração do biogás para a produção de biometano combustível até 2050 
versus potencial teórico. Fonte: EPE (2014a)
Em relação ao biogás para a produção de biometano combustível, a perspectiva é que, no cenário 
base, a inserção em 2030 seja de 4% (5,78 milhões m3/dia dos 140,81 milhões m3/dia de potencial 
teórico) e, em 2050, de aproximadamente 17% (36 milhões m3/dia dos 217,52 milhões m3/dia de 
potencial teórico). Analisando o cenário “Novas Políticas” espera-se que a inserção do biometano 
combustível seja de quase o dobro em 2050, demonstrando a importância de políticas públicas para 
incentivo a essa fonte de energia. Na Figura 4 pode ser observada a curva da projeção da inserção do 
biometano combustível até 2050 no Brasil, versus o potencial teórico total de biometano.
Já a Associação Brasileira de Biogás e Biometano (ABiogás) considera que o potencial nacional é de 
cerca de 20 bilhões de metros cúbicos ao ano nos setores sucroalcooleiro e na produção de 
alimentos. No setor de saneamento básico, resíduos sólidos e esgotos domésticos é de três bilhões 
de metros cúbicos ao ano.
27
BRASIL
Figura 5. Localização das unidades conforme situação.
Tabela 1. Quantidade de unidades e produção de biogás para energia por categoria no Brasil 
(valores de 2015)
Produção atual de biogás
Segundo dados do Cadastro Nacional do Biogás, mantido pelo CIBiogás - Centro Internacional de 
Energias Renováveis – Biogás, em 2015 existiam 127 unidades no Brasil que produziam energia a 
partir de biogás com uma produção aproximada de 1,6 milhões de m3 de biogás/dia. Além dessas, 
havia 22 unidades em planejamento ou instalação e 10 em reforma, totalizando 153 unidades 
cadastradas. Na Figura 1 é apresentada uma imagem com a distribuição espacial das unidades no 
território brasileiro, sendo que as 153 unidades cadastradas estão localizadas principalmente nas 
regiões sul, sudeste e centro-oeste do país.
Analisando as categorias das unidades da Tabela 1, das unidades em operação, 47% utilizavam 
substratos da agropecuária e 34% substratos da indústria. No entanto, em relação à quantidade de 
biogás produzido para fins energéticos, 43% são provenientes de aterros sanitários, 29% de 
substratos da agropecuária e 22% da indústria.
28
BRASIL
categoria da unidade
estação de tratamento de esgoto
codigestão
agropecuária
indústria
aterro sanitário
quantidade
de unidades
7
8
60
43
9
5%
6%
47%
34%
7%
85.052
13.905
469.038
368.206
705.190
5%
1%
29%
22%
43%
total 127 1.641,391
produçaõ de 
biogás (m³/dia)
Tabela 2. Aplicação do biogás no Brasil (valores de 2015)*
*Considera-se que todo o biogás produzido na planta é utilizado na principal aplicação do biogás 
da unidade, apesar de haver casos em que o uso é diversificado.
16
No Brasil há três plantas que tem como principal aplicação do biogás a produção de biometano 
(Tabela 2), porém há quatro plantas com unidades de refino (upgrading) de biometano, sendo três 
localizadas na região sul e 1 na região sudeste (Tabela 3). Duas dessas plantas tem postos de 
abastecimento de veículos a biometano, uma aproveita na geração de energia elétrica e outro para 
geração de calor.
Estima-se que haja 99 veículos convertidos para uso do biometano como combustível no país, sendo 
59 na região de Foz do Iguaçu/PR e 40 na região de Montenegro/RS. 
A planta “Granja Haacke” tem a produção de biogás e refino de biometano em Santa Helena/PR e o 
posto de abastecimento de biometano na Itaipu Binacional em Foz do Iguaçu/PR, com cerca de 120 
km de distância entre as duas cidades. Assim, Itaipu Binacional tem 57 veículos aptos para receber 
biometano. São 49 Sienas Tetrafuel, que já vêm da fábrica com o kit para gás veicular, e dez 
adaptados em oficina certificada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis 
(ANP), sete caminhonetes Mitsubishi L200 Triton flex e três Chevrolet Cobalt flex.
A planta do Consórcio Verde Brasil tem um posto de abastecimento de biometano para os veículos 
da frota da empresa e dos parceiros. São 40 veículos sendo: 4 Kombi para transporte de pessoal; 1 
Kombi para transporte de carga; 5 veículos leves do projeto; e 30 veículos leves dos sócios 
agricultores e terceiros.
APLICAÇÕES DO BIOGÁS
Em relação à principal aplicação energética do biogás nas unidades em operação no Brasil, das 127 
unidades, 49% aplicam o biogás na geração de energia térmica e 44% na geração de energia elétrica. 
Porém, a maior parte do biogás produzido para energia é utilizado na geração de energia elétrica ou 
cerca de 65%, e cerca de 31% é aplicado na geração de energia térmica. Esses dados podem ser 
observados na Tabela 2.
29
BRASIL
aplicação do biogás
ENERGIA ELÉTRICA
ENERGIA TÉRMICA
eNERGIA MECÂNICA
BIOMETANO
TOTAL
quantidade
de unidades
56
62
6
3
-
44%
49%
5%
2%
-
1.075.626
513.507
45.377
6.880
1.641.391
65,5%
31,3%
2,8%
0,4%
-
produçaõ de 
biogás (m³/dia)
Tabela 3. Aplicação do biogás no Brasil (valores de 2015)*
unidade
Substrato 
utilizado 
na biodigestão
Granja Haacke
Santa Helena/PR 
Foz do Iguaçu/PR
Condomínio Ajuricaba
Marechal Candido Rondon/PR
Consórcio Verde Brasil
Montenegro/RS
Granja Genética Pomerode
Pomedoro/SC
Codigestão - Efluente da 
avicultura de postura e da 
bovinocultura de leite
Codigestão - Efluente da 
suinocultura e da 
bovinocultura de leite
Codigestão - Efluente da 
avicultura de postura e da 
bovinocultura de leite, 
efluente da indústria de 
celulose e de sucos 
cítricos, e efluentes de 
abatedouros
Codigestão - Efluente da 
suinocultura, resíduos 
orgânicos de restaurantes 
e resíduos da industriali-
zação de arros
aplicação
do 
biometano
Combustível Veicular
Energia Elétrica
Combustível Veicular
Energia Térmica em 
Indústria
> 96,5%
> 96,5%
97%
-
Quantidade 
de metano 
após refino 
CH (%)
Adsorção com 
modulação de 
pressão (PSA)
Lavagem com 
água pressurizada 
(Water Scrubber)
Adsorção com 
modulação de 
pressão (PSA)
Lavagem com água 
pressurizada (Water 
Scrubber)
TECNOLOGIA
DE 
REFINO
42
50
500125
Capacidade 
de planta 
(Nm3 de biogás 
bruto/h)
2013
2009
2012
2014
EM 
OPERAÇÃO
DESDE
MECANISMOS DE INCENTIVO E INVESTIMENTO PARA BIOGÁS
O setor de biogás vem crescendo no Brasil graças a um conjunto de políticas, pesquisas e iniciativas 
ligadas direta ou indiretamente ao setor, que são descritas a seguir. 
Bases políticas e Fontes de f
• Política Nacional de Resíduos Sólidos: prevê a gestão integrada e o gerenciamento 
ambientalmente adequado dos resíduos sólidos e assegura o aproveitamento de biomassa na 
produção de energia.
• Plano Setorial de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de 
uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura: política pública que apresenta o 
detalhamento das ações de mitigação e adaptação às mudanças do clima pela agropecuária.
• Resolução Normativa nº687/2015 que alterou a Resolução Normativa nº 482/2012 da 
Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL: estabelece as condições gerais para o acesso de 
microgeração e minigeração distribuídas aos sistemas de distribuição de energia elétrica e o 
sistema de compensação de energia elétrica.
• Resolução 08/2015 da ANP: que regulamentou o biometano oriundo de produtos e resíduos 
orgânicos agrossilvopastoris destinado ao uso veicular (GNV) e às instalações residenciais e 
comerciais. 
• Programa ABC (Programa Agricultura de Baixo Carbono): Disponibiliza crédito para as ações 
do Plano Agricultura de Baixo Carbono, com uma linha para tratamento de dejetos animais.
30
BRASIL
4
inanciamento
• PRONAF Sustentável: linha de crédito para questões de sustentabilidade ambiental para 
agricultura familiar dentro das linhas do Programa Nacional para Agricultura Familiar – PRONAF. 
• Leilão de energia elétrica A-5: pela primeira vez um projeto de grande escala de biogás ganhou 
um leilão A-5 (deve entrar em operação em 5 anos) de geração de energia promovido pela ANEEL. O 
projeto vencedor é da empresa Raízen com a empresa Biogás Bonfim com uma capacidade 
instalada de 20,8 MW a R$ 251,00/MWh. O substrato que será utilizado será o efluente da industrial 
sucroenergética.
• Chamada pública para compra de biometano pela Sulgás: a concessionária de gás do estado 
do Rio Grande do Sul iniciou o processo de divulgação para uma chamada pública de compra de 
biometano, que ocorrerá em 2017.
• Programa RenovaBio: o Ministério de Minas e Energia (MME) lançou em fevereiro de 2017 uma 
consulta pública para um programa para incentivo da expansão e produção de biocombustíveis no 
Brasil, denominado RenovaBio. O biogás é um dos combustíveis que será incentivado por esse 
programa.
Ações da iniciativa privada e sociedade civil e de Pesquisa, desenvolvimento 
e inovação
• CIBiogás: criado em 2013, é uma instituição de pesquisa, desenvolvimento e inovação que tem 
como objetivo tornar o biogás um produto por meio do desenvolvimento de novos negócios e sua 
efetiva implementação na matriz energética brasileira.
• Associação Brasileira do Biogás e Biometano (ABiogás): fundada em 2013, é composta por 
empresas e instituições públicas e privadas que atuam em diferentes segmentos do biogás. Em 2015 
a ABiogas lançou a proposta de Programa Nacional do Biogás e Biometano, que propõe uma política 
pública específica para o biogás e o biometano e pretende estabelecer condições específicas para 
que os investimentos nessas fontes de energia sejam atrativos para potenciais produtores e 
usuários e que se estabeleçam como fontes de energia seguras, oficialmente inseridas na matriz 
energética, com qualidade e disponibilidade firme. A ABiogás realizou três fóruns para discutir o 
desenvolvimento de biogás no Brasil.
• Projeto Brasil-Alemanha de Fomento ao Aproveitamento Energético de Biogás no Brasil 
PROBIOGAS: O Ministério das Cidades tem desenvolvido ações, com o Governo Alemão, no âmbito 
da GIZ, para o aproveitamento energético de biogás no Brasil.
• Sociedade Brasileira dos Especialistas em Resíduos das Produções Agropecuária e 
Agroindustrial (SBERA): foi criada em 2008 e vem apoiando a pesquisa e a difusão do tema de 
tratamento de resíduos e de biogás e promovendo eventos técnicos científicos internacionais 
importantes para o setor.
• Associação Brasileira de Biogás e Metano (ABBM): foi lançada em 2013 e conta com 
empresários, produtores rurais, professores, pesquisadores e consultores. A busca por uma maior 
representação do biogás e biometano na matriz energética é um dos propósitos da associação. 
31
BRASIL
FOnte: www.CIBIOGAS.ORG/GRANJA_HAACKE
• Chamada 014/2012 - P&D ANEEL: Chamada de projetos de pesquisa e desenvolvimento no tema 
biogás: “Projeto Estratégico: Arranjos Técnicos e Comerciais para Inserção da Geração de Energia 
Elétrica a partir do Biogás oriundo de Resíduos e Efluentes Líquidos na Matriz Energética Brasileira”.
• Rede BiogasFert: ou Projeto “Tecnologias para produção e uso de biogás e fertilizantes a partir do 
tratamento de dejetos animais no âmbito do Plano ABC”, parceria entre EMBRAPA e ITAIPU, reúne 
pesquisadores em biogás e em fertilizantes de diversas universidades e institutos de pesquisa do 
país. 
• Fórum Internacional de biogás: o evento reuniu representantes de 16 países da América Latina, 
quatro ministérios brasileiros e duas agências das Nações Unidas, que apresentaram uma proposta 
de políticas públicas para a América Latina para desenvolver o biogás. O Seminário foi realizado no 
Parque Tecnológico Itaipu, em Foz do Iguaçu (PR), em 2014.
• Destaca-se que há diversas iniciativas de utilização do biogás produzido no processo de 
tratamento de esgoto urbano, como das empresas Sanepar, Copasa, Sabesp, Embasa dentre tantas 
outras. Além disso, há também diversas iniciativas inovadoras de aproveitamento energético do 
biogás de aterros de resíduos sólidos urbanos e de estações de tratamento de efluentes de 
agroindústrias e da pecuária.
CASOS DE SUCESSO
Granja Haacke e Projeto Mobilidade a Biometano
A Granja Haacke está localizada em Santa Helena, oeste do Paraná, e conta com 84 mil galinhas 
poedeiras e 750 bovinos de corte. Desde de 2013, são encaminhados cerca de 100 m3 por dia de 
efluente líquido para um biodigestor, modelo lagoa coberta, que realiza a digestão anaeróbia dos 
resíduos, produzindo diariamente mil m3 de biogás. A unidade aproveita o biogás para produzir 
biometano – biocombustível para automóveis – e para gerar energia elétrica, por meio de um 
motogerador 112 kVA aspirado (sem turbina). A granja também tem um sistema de stand by que 
garante a perenidade de energia elétrica na refrigeração das aves, evitando quedas repentinas e 
consequente morte dos animais. 
32
BRASIL
Consórcio Verde Brasil – Codigestão e biometano
O Consórcio Verde Brasil é formado pela Cooperativa dos Citricultores Ecológicos do Vale do Caí - 
Ecocitrus e pela empresa Naturovos, com apoio da Sulgás. Esse consórcio apresentou, em 2013, sua 
planta de geração de biogás e biometano instalada no município de Montenegro/RS, com 
tecnologias de produção e upgrading nacionais. O substrato é formado por resíduos da indústria de 
sucos cítricos, laticínios e celulose, resíduos de frigoríficos e de avicultura de postura. O sistema de 
biodigestão é composto por biodigestores de modelo lagoa coberta com aquecimento e agitação, e 
produzia, até 2015, cerca de 1200 m3/dia de biometano, com as tecnolgias de upgrading (PSA e 
lavagem com água), para ser utilizado como gás veicular em escala piloto na frota do consórcio. Está 
em processo de negociação a utilização em larga escala em automóveis e indústrias. O excedente é 
utilizado na geração de energia elétrica para consumo interno da planta de compostagem de 
resíduos e produção de biometano.
Planta de biogás Tamboara/Paraná - Geoenergética
No Brasil há um grande potencial de produção de biogás a partir dos efluentes do setor 
sucroenergético,como a vinhaça e a torta de filtro, porém até 2016 havia apenas 4 plantas em 
operação. Assim, a planta de biogás existente no município de Tamboara/Paraná desde 2011 é 
considerada inovadora por comprovar a viabilidade técnica e econômica do uso energético do 
biogás nesse setor. Os 1300 m3/dia de efluentes utilizados na planta, de propriedade da empresa 
Geonérgetica, são provenientes da Usina Coopcana e produziam, em 2015, 4.000 m3/dia de biogás 
para geração de energia elétrica e venda para o mercado livre e capacidade elétrica instalada de 4 
MW. A planta já está em ampliação, sendo que a empresa recebeu financiamento do governo federal 
para pesquisa e desenvolvimento. O biodigestor utilizado é circular em concreto com mistura 
completa.
Fonte: www.consorcioverdebrasil.com.br
28 33
BRASIL
A Granja Haacke participa do projeto de Mobilidade a Biometano, desenvolvido pelo CIBiogás, em 
parceria com a Scania do Brasil, Itaipu Binacional e Fundação PTI, com o objetivo de fomentar a 
mobilidade a biometano, produzido a partir de dejetos de animais e resíduos da agricultura. A 
qualidade do biometano produzido foi testada e aprovada com base na experiência do 
abastecimento de um ônibus Scania Euro 6, que durante 21 dias circulou nas dependências da 
Itaipu. Como resultado desse projeto, foi instalado, na Itaipu Binacional, um posto de 
abastecimento de biometano, que supre parte da sua frota.
Fonte: www.geoenergetica.com.br
34
BRASIL
Amidonaria Navegantes – Biogás para energia termica
A Cooperativa de Produtores Rurais (C.Vale), localizada em Assis Chateaubriand, estado do Paraná, 
processa até 400 toneladas de raiz de mandioca por dia, planta tuberosa típica do Brasil. Produz 
amido modificado, que é destinado ao branqueamento de papel, e amido alimentício para 
panificadoras e indústrias de embutidos (salsichas e mortadelas). No processo industrial são 
gerados entre 570 e 1620 m3/dia de efluentes líquidos, dependendo da época do ano e dos produtos 
em produção, que são direcionados a um biodigestor de modelo lagoa coberta para a fase de 
tratamento anaeróbio, operando desde 2012. Os 20.000 m3/dia de biogás produzidos geram energia 
térmica para a indústria, permitindo uma redução de até 90% na demanda por lenha. Essa indústria 
foi uma das pioneiras no uso do efluente do processamento da mandioca para a produção de biogás 
em larga escala no Brasil e, em 2015, existiam mais 28 indústrias como essa fazendo uso do biogás 
para geração de energia térmica.
Fonte: www.cvale.com.br/amidonarias.html
WWW.cibiogas.org/uds
35
BRASIL
FOnte: www.CIBIOGAS.ORG/UPCIB
Unidade de Produção CIBiogás/ITAIPU
O projeto UPCIBiogás consiste na construção de um complexo industrial para tratamento de 
biomassa (matéria orgânica, que pode ser utilizada na produção de energia e de biofertilizante), 
composta por: parte do esgoto produzido no complexo Itaipu, resíduos orgânicos gerados nos 
restaurantes da Usina e restos de poda de grama. O biogás gerado a partir do tratamento desses 
resíduos, é refinado e o biometano oriundo desse refino, utilizado como biocombustível para 
abastecer parte da frota de veículos da Itaipu Binacional.
Para aproveitar ao máximo esse potencial os biorreatores foram pensados como sistemas com 
tecnologia adequada para alcançar a maior eficiência do processo biológico, além de custos 
adequados para o mercado brasileiro.
Um ponto crítico é a construção de reator com características adequadas para agitação dos 
substratos e aquecimento. A tecnologia disponível atualmente é o concreto armado, com alto custo 
de implantação. Para isso buscou-se uma solução diferente do existente no mercado europeu, onde 
são construídos com concreto armado ou aço, ambos materiais que representam um custo elevado 
para implantação.
Sendo assim, por meio de um processo de inovação, buscou-se a fibra de vidro, mesmo material 
utilizado em embarcações e que se mostrou viável, com um método de produção pré-fabricado e 
um material leve, que não sobrecarrega as fundações. O biorreator foi produzido em placas, que 
foram transportadas até o local da planta, onde foram montadas. Além disso, esse sistema tem o 
fator modularidade, permitindo a remontagem do reator ou adaptações, apenas trocando uma 
placa.
36
BRASIL
Os benefícios são:
- Ampliar os indicadores de sustentabilidade da Itaipu;
- Reduzir a emissão de GEE no consumo de combustíveis da frota da usina;
- Reduzir os custos com combustíveis;
- Aproveitar os resíduos orgânicos gerados nos restaurantes;
- Reduzir o volume de esgoto da Estação de Tratamento (ETE), aumentando sua vida útil;
- Fornecer biofertilizante para manutenção das áreas verdes de Itaipu;
- Possibilitar a replicação da planta industrial em outros lugares e fornecer dados para pesquisas e 
tecnologias para universidades e centros de pesquisa.
A implantação foi realizada pelo CIBiogás e seus fornecedores. O acompanhamento técnico, a 
operação e o monitoramento são realizados pelo CIBiogás.
paraguaI
37
38
PREFÁCIO
O presente material constitui um importante compêndio sobre o estado atual do desenvolvimento do biogás 
no Mercosul, os mecanismos de incentivo, os investimentos realizados, as projeções e os casos de sucesso que 
estão sendo registrados. 
 
Embora o Paraguai conte com grande quantidade de energia elétrica proveniente das hidrelétricas, no tocante 
a combustíveis para o transporte importa-se 90% dos combustíveis líquidos. Da mesma forma, o gás liquefeito 
de petróleo (GLP) utilizado para a cocção de alimentos é totalmente importado. 
A política energética do país tem como objetivos superiores a segurança energética e visa ao 
autoabastecimento e à ampliação da utilização das fontes de energia renováveis de origem nacional, motivo 
pelo qual consideramos que a incorporação de novos combustíveis renováveis como o biogás poderia servir 
inicialmente para a utilização na cocção de alimentos e para mobilidade sustentável a médio prazo. 
Gustavo Collar Benavente
Diretor
Diretoria de Combustiveis Alternativos e Renováveis
Diretoria Geral de Combustíveis
Vice Ministro de Comércio
Ministério de Indústria e Comércio
O PAÍS
O Paraguai possui uma superfície total de 406.752 km2, com uma população de 6.854.536 
(estimativa da DGEEC para o ano 2016). O Produto Interno Bruto estimado pelo BCP para o ano 2016 
foi de US$ 27.982,3 milhões.
A matriz energética do Paraguai se caracteriza por uma elevada oferta de energia primaria de origem 
renovável e local, especificamente a hidrelétrica e a biomassa. Conforme a auditoria energética de 
2015, 68,4% da produção de energia elétrica corresponde a hidroeletricidade e 31,6% a biomassa 
(lenha, carvão vegetal e resíduos vegetais). No entanto, analisando o consumo final, a biomassa 
representa 42,6% da energia consumida no país, 18,4% provém da eletricidade 39% dos 
hidrocarbonetos.
O Paraguai é um país rico em recursos naturais. Sua riqueza hídrica em águas superficiais e 
subterrâneas é uma das maiores do mundo e conta com uma importante possibilidade de 
aproveitamento, o que proporciona uma ampla margem para o investimento nacional e 
estrangeiro. A produção de energia primaria está composta exclusivamente por fontes renováveis, 
(hidroeletricidade e biomassa). Não tem extração de petróleo e a produção de gás natural é de 
caráter local, não representando na atualidade uma contribuição importante para a matriz 
energética nacional.
 
As Centrais Hidrelétricas Binacionais de Itaipu e Yacyreta atendem o 95% do consumo local. Além 
disso, o alto excedente de energia disponível para a exportação o coloca numa posição privilegiada 
para o planejamento do futuro energético por meio de um marco jurídico que facilite e consolide o 
uso eficiente das energias, além da inclusão de outras fontes de geração limpas como uma 
alternativa.
BIOGÁS NO PARAGUAINo Paraguai, traçaram-se vários projetos para implantar o uso de biodigestores para a obtenção de 
biogás. Por motivos pouco claros, ou talvez pela inexistência de incentivos ou geração de 
consciência sobre os benefícios que poderiam se obter com esse sistema, na atualidade nenhum 
dos biodigestores são utilizados.
Outro componente importante no tema da Bioenergia é o Biogás, que em nosso País ainda tem 
pouco desenvolvimento, principalmente, pelo excesso de energia proveniente das hidrelétricas. No 
entanto, utiliza-se o gás liquefeito de petróleo (GLP), que é importado. É preciso destacar que no 
País, está sendo pesquisada a tecnologia adequada para o uso do Biogás proveniente de distintas 
fontes, já que a base da economia nacional é acima de tudo agropecuária, o que faz com que se 
disponha de grande quantidade de resíduos provenientes do setor agrícola e pecuário.
Existem alguns empreendimentos importantes que utilizaram esta tecnologia, porém, na 
atualidade, ditos empreendimentos não estão operando:
A Granja San Bernardo, o Frigorífico BERTIN (San Antonio) e El Farol e Itaipu com a ANDE chegaram 
a um acordo para desenvolver projetos para produzir energia eléctrica alternativa a base de biogás.
39
PARAGUAI
A empresa de frigorífico Bertín S.A. dispõe de um biodigestor cuja capacidade é de 640 m3 de 
biogás/dia. 80% do biogás gerado foi o metano, que se utilizou como combustível de um 
motor-gerador para fornecer energia elétrica a várias indústrias. Foram efetuadas negociações para 
a firma de um acordo entre a ANDE – BERTIN S.A. – ITAIPU BINACIONA. Para que o frigorífico possa 
produzir energia e injetar na rede do sistema elétrico, especificamente no horário de ponta, a 
produção deveria ser de 900 kW/h/dia. No entanto, aparentemente a geração não ocorreu como 
estava planejado. 
Outra produtora de biogás é a granja San Bernardo, que está localizada na região do Alto Paraná. 
Esta granja produz 1000 m3 de biogás/dia, motivo pelo qual poderia gerar 250 kW durante 14 
horas/dia e fornecer energia elétrica para a própria fábrica. Na atualidade produz biogás que é 
liberado à atmosfera.
Projeto em Comunidade de Piribebuy, umas 20 famílias rurais de Paso Hu, por meio da Faculdade de 
Ciências Agrárias e com o financiamento da PNUD, foram beneficiadas com a instalação e 
assistência técnica no uso dos biodigestores. 
O Centro de Criação de Porcos, com a Cooperação da Missão Técnica de Taiwan, tem uma planta de 
biogás com 4 biodigestores com uma projeção anual de 1.040.836 m3 de biogás. No início, 
pretendia-se que esta planta de biogás produzisse energia para a fábrica de alimentos, para o 
matadouro e também calefação para porcos. Na atualidade, em épocas de frio, o biogás é utilizado 
para a calefação do galpão de maternidade. 
Mecanismos de incentivo e investimentos para 
biogás
Programa “Aprimoramento das bases de dados para uma política energética mais 
Sustentável no Paraguai – Construção e Instalação de um biodigestor em famílias rurais em 
Piribebuy”
Promoção do uso de biodigestores que propiciem a conservação dos recursos florestais, a fixação 
de carbono, a proteção e o uso racional dos recursos hídricos, para a sustentabilidade ambiental e 
econômica das unidades de produção agropecuária das famílias de camponeses de Paso Jhú, 
Distrito de Piribebuy, Departamento de Cordillera”; proposto pela Associação de Docentes 
Pesquisadores da Faculdade de Ciências Agrárias da UNA (ADIFCA), entidade sem fins lucrativos 
(Decreto Lei 20.751/98). Para esse projeto foi analisado o potencial de produção de biogás a partir de 
resíduos domésticos e esterco fresco, principalmente bovino, em 20 sítios rurais do município de 
Piribebuy, a cidade homônima, localizada a 87 km de Asunción, será a base da operação. Nessas 
chácaras é comum encontrar pelos menos dois bois e de duas a quatro vacas leiteiras, o que gera 
resíduos orgânicos suficientes para a produção em pequena escala de biogás.
Projeto “Porcino da Missão Técnica Taiwan” - Centro de Criação de Porcos
O projeto destinado ao melhoramento da criação, no âmbito de pequenos produtores, está no 
contexto de um convênio de cooperação da Missão Técnica de Taiwan, com o Ministério da 
Agricultura e Pecuária e a Faculdade de Ciências Veterinárias da Universidade Nacional de Asunção.
40
PARAGUAI
Calcula-se que a granja produz por dia 7.129 kg de esterco, tem a capacidade de criar 1.675 cabeças 
de porco, o que significa que pode produzir 2.602,09 toneladas de esterco, sendo que cada tonelada 
poderá produzir 0,4 m3 de biogás, somando em um ano uma produção total de 1.040.836 m3 de 
biogás.
A Assessoria de Energias Renováveis dependente da Direção Geral da Itaipu Binacional do lado 
Paraguaio é a encarregada de difundir, apoiar e desenvolver projetos de energias renováveis através 
da sensibilização de pessoas por meio de atividades específicas conforme o público alvo, assim 
como instalar unidades demonstrativas de tecnologias geradoras de energia limpa, renovável e 
amigável com o meio ambiente, adaptadas às potencialidades do país tudo isso visando a atingir 
um dos objetivos institucionais que é “defender e valorizar a hidroeletricidade e todas as fontes 
renováveis de energia, em suas diferentes expressões” e assim desenvolver uma consciência 
ecológica sobre a importância das energias renováveis para o desenvolvimento sustentável no país”. 
APLICAÇÕES DO BIOGÁS
Bioenergia
Projeto “Obtenção de energia renovável a partir de efluentes suínos”
Alavancado pela Itaipu Binacional em parceria com a Fundação Parque Tecnológico Itaipu, a 
Administração Nacional de Eletricidade e a empresa Granja San Bernardo S.A., por intermédio de 
uma aliança público-privada que tem aproveitado o gás metano produzido através de um 
biodigestor que decompõe de forma anaeróbica os efluentes provenientes do confinamento de 
porco na GSB.
Dito aproveitamento consiste em utilizar o gás metano para a geração de energia elétrica através de 
um motogerador disponibilizado pela ANDE. O gás é filtrado por meio de uma torre de lavagem que 
o adequa para que o motor tenha una vida útil mais prolongada e os gases de combustão não sejam 
contaminantes para o ambiente, de modo que encerre o princípio de aproveitamento de resíduos e 
geração de energia limpa. Na atualidade estão sendo feitos os últimos ajustes e controle de 
funcionamento para a inauguração do projeto.
Projeto “Obtenção de Energia Renovável a Partir de Resíduos Industriais”
Alavancado pela Itaipu Binacional em parceria com a Fundação Parque Tecnológico Itaipu, a 
Administração Nacional de Eletricidade e a empresa JBS Paraguai S.A., por intermédio de uma 
aliança público-privada que tem aproveitado o gás metano produzido através de um biodigestor 
que descompõe de forma anaeróbica os resíduos industriais provenientes do frigorífico JBS 
Paraguai.
Este aproveitamento consiste em utilizar o gás metano para a geração de energia elétrica através de 
um motogerador disponibilizado pela ANDE. O gás é filtrado por meio de uma torre de lavagem que 
o adequa para que o motor tenha uma vida útil mais prolongada e os gases de combustão não sejam 
contaminantes para o ambiente, de modo que encerre o princípio de aproveitamento de resíduos e 
geração de energia limpa. Na atualidade estão sendo feitos os últimos ajustes e controles de 
funcionamento para a inauguração do projeto.
41
PARAGUAI
Projeto “Biodigestores para Chácaras de Agricultores”
Projeto foi alavancado pela Itaipu Binacional, pela Prefeitura de Juan E. Oleary e pelo Comité de 
Agricultores San Isidro do mesmo município. Este projeto tem como objetivo utilizar uma chácara 
como unidade demonstrativa na utilização de biodigestores anaeróbicos, para a obtenção de 
biogás a partir de resíduos e efluentes de animais da propriedade. Este biogás será utilizado como 
energia térmica para o cozimento de alimentos.O projeto também contemplava a capacitação de 
todos os membros do comitê, a fim de que eles possam reproduzir a experiência em suas chácaras.
Dependendo dos resultados, o projeto poderá ser ampliado, incorporando a interconexão das 
chácaras através de um gasoduto, que interligará os biodigestores para o aprovisionamento do gás 
e sua posterior venda a potenciais usuários, seja como combustível, seja para suprir necessidades 
térmicas dos silos e secadores da área.
CASOS DE SUCESSO
42
PARAGUAi
Granja San Bernardo
Biodigestores instalados no Centro de Criação de Porcos da Faculdade 
de Ciências Veterinárias.
43
PARAGUAi
Produção de Biogás a partir de esterco de porcos - Centro de Criação de 
Porcos Faculdade de Ciências Veterinárias.
URUGUAI 
45
46
PREFÁCIO
As energias renováveis têm se desenvolvido exponencialmente no Uruguai, fato que posiciona o País como 
caso de estudo no contexto internacional. Tal desenvolvimento tem sido possível por meio da aplicação de 
uma política energética liderada pela Direção Nacional de Energia do Ministério de Indústria, Energia e Minera-
ção, política essa desenhada com uma visão de longo prazo, aprovada em 2008 e corroborada por todos os 
partidos políticos em 2010. Entre seus objetivos encontra-se a diversificação da matriz energética, com 
especial ênfase nas energias renováveis, a alavancagem da eficiência energética e o acesso universal e seguro 
à energia para todos os setores sociais. Atualmente já é possível observar os resultados de sua aplicação, 
constituindo, no último ano, a energia a partir de recursos tais com a água, o vento, a biomassa e o sol 97% da 
matriz elétrica e 62% da matriz primária de abastecimento. 
Paralelamente, esforços para a valorização de resíduos, entre outros destinos, transformando-os em energia, 
encontram-se em curso. Exemplo disso é o projeto Biovalor, que faz foco na valorização de resíduos agroindus-
triais mediante alternativas que permitam reduzir emissões, e encontra-se atualmente apoiando o desenvol-
vimento de vários projetos que aplicam diferentes tecnologias, entre elas a produção de biogás. A digestão 
anaeróbica constitui uma alternativa atraente não só para o tratamento de efluentes mas também para a 
geração de energia térmica ou elétrica a partir do biogás gerado e da utilização do digestato como fertilizante. 
A utilização do biogás como recurso energético está, sem dúvida, alinhada com as ações que têm sido realiza-
das pelo Uruguai para a transformação de sua matriz energética, motivo pelo qual está trabalhando para 
apoiar sua produção de forma sustentável. 
Engenheira Agrônoma Olga Otegui
Diretora Nacional de Energia 
Ministério de Indústria, Energia e Mineração
Tabela 1: Uruguai - Resumo de cifras-chave em 2015
O PAÍS
O Uruguai é um dos menores países da América do Sul e sua população é de aproximadamente 3,5 
milhões de habitantes. No contexto regional e internacional mostra um desenvolvimento 
relativamente interessante em matéria de democracia, desenvolvimento humano e equidade, além 
de contar com uma agenda de direitos inclusiva.
Dados tomados do relatório Oportunidades de investimento em Energias Renováveis no Uruguai 
(Uruguai XXI, fevereiro de 2016).
Do ponto de vista energético, o Uruguai carece de reservas comprovadas de gás, petróleo e carvão, 
porém dispõe de abundantes recursos naturais autóctones passíveis de serem utilizados com fins 
energéticos.
Nos últimos dez anos, este pequeno país experimentou uma autêntica revolução energética. Graças 
a uma mudança política ocorrida em 2005, formulou-se a revisão do paradigma vigente até aquele 
momento no setor energético (substituindo a visão da energia como bem de mercado por sua 
identificação como bem estratégico e, consequentemente, objeto de planificação por parte do 
Estado). Em tal contexto, em 2008 foi aprovada uma política energética que continha uma 
perspectiva de longo prazo e que incorporava à clássica abordagem técnico-econômica o ponto de 
vista ambiental, social, ético e cultural do tema energia.
Esta política de governo que contempla o compromisso com a incorporação de fontes renováveis, a 
eficiência energética e a energia como direito, alcança em 2010 o status de Política de Estado ao ser 
acordada com todos os partidos políticos com representação parlamentar.
47
uruGUAI
NOME OFICIAL
LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA
capital
SUPERFÍCIE
POPULAÇÃO (2015)
CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO (2015)
pib per cápita (2015)
moeda
taXa de ANALFABETISMO
ESPERANÇA DE VIDA AO NASCER
forma de GOVERNO
DIVISÃO POLÍTICA
zona horÁria
idioma oFIcial
república oriental DO uruguaI
américa dO suL, limítrofe coM argentina E brasil
montevidÉU
176.215 km² - 95% dO territÓrio É SOLO PRODUTIVO
apto para a exploRAÇÃO agropecuÁria
3,47 MILHÕES
0,4% (anual)
US$ 15.854
peso uruguaIo
0,98
77 aNos
REPÚBLICA DEMOCRÁTICA PRESIDENCIALISTA
19 departamentos
gmt - 03:00
espaNHol
Para sua implementação desenvolveu-se um marco normativo transparente e estável, habilitador 
da radicação de investimentos, recorrendo-se a procedimentos competitivos para a adjudicação de 
contratos de compra-venda de longo prazo de energia com a empresa estatal. 
Um elemento diferenciador é que a transformação energética foi desenvolvida sem o aporte 
específico de subsídios, apostando na sustentabilidade do processo. 
Os resultados não se fizeram esperar e pouco mais de sete anos dos mencionados delineamentos 
estratégicos permitiram:
- Reduzir significativamente os combustíveis fósseis do misto de geração, atingindo em 2015 uma 
participação de fontes renováveis superior a 97% (segundo estimativas preliminares de fins de 
2016).
- Executar um processo mediante o qual o recurso eólico será superior a 37% de participação na 
matriz elétrica, colocando o sistema elétrico na fronteira tecnológica no que se refere à gestão de 
fontes intermitentes.
- Alcançar na matriz primária de abastecimento uma participação de fontes renováveis de 62% no 
fechamento de 2016 (segundo estimativas preliminares).
- Quadriplicar a participação de fontes renováveis com relação à média global (tanto na matriz 
global quanto na elétrica).
- Gerar um marco normativo tendente à promoção do conceito de “prosumer” (produtor 
consumidor).
As figuras 1 e 2 tomadas do Balanço Energético Nacional, processado pela Direção Nacional de 
Energia do Ministério de Indústria Energética e Mineração, correspondentes ao ano 2015 (último ano 
com estatísticas oficiais publicadas) permitem observar o nível de participação dos recursos 
renováveis e sua evolução histórica tanto na Matriz Primária de Abastecimento quanto na Matriz 
Elétrica.
48
uruGUAI
Figura 1: Abastecimento primário por fonte ano 2015 e evolução desde 1990.
Dados tomados do Balanço Energético Nacional 2015, DNE-MIEM
Eletricidade de origem eólica
Eletricidade importada
Gás natural
Petróleo e derivados
Biomassa
Eletricidade de origem hidrelétrica
É nesse contexto que se identifica a necessidade de avançar na geração de condições para a 
incorporação à matriz energética de novas fontes autóctones e renováveis, apostando, entre outros 
recursos, na valorização de resíduos industriais com fins energéticos, recorrendo a diversas 
tecnologias, entre as quais a produção de biogás. 
BIOGÁS NO URUGUAI
A utilização do biogás no Uruguai não é algo recente. Na primeira, e mais especificamente, na 
segunda crise internacional do petróleo, estendeu-se o uso de dita tecnologia como fonte 
alternativa, particularmente visando ao uso térmico no âmbito rural.
Muitos dos empreendimentos desenvolvidos em tal contexto foram interrompidos por dificuldades 
técnicas não previstas inicialmente, já que a ideia predominante no momento da instalação era de 
que se tratava de “um equipamento extremamente

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