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PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG Constitucional Questão 01 A Constituição é um conjunto sistemático e orgânico de normas que visam concretizar os valores que correspondem a cada tipo de estrutura social. Assim sendo, em sentido material, pode-se conceituar um texto constitucional como: a) um ato unilateral do Estado, cuja fonte tem origem na sua estrutura organizacional, no seu sistema e na sua forma de governo. b) um conjunto normativo, que visa regular os poderes do Estado, incluindo sua formação, sua titularidade, seus meios de aquisição e seu exercício. c) um texto produzido exclusivamente por determinadas fontes constitucionais, tendo por base preceitos legais, que lhe são anteriores. d) um conjunto de princípios que expressam concepções decorrentes de valores morais, sociais, culturais e históricos, que asseguram os direitos dos cidadãos e condicionam o exercício do poder. Comentários Letra A: errada. A Constituição não é um ato unilateral do Estado. Ao contrário, ela é fruto do trabalho do Poder Constituinte Originário, cuja titularidade é do povo. Letra B: errada. Essa é uma visão limitada da Constituição em sentido material, uma vez que menciona que apenas seriam materialmente constitucionais as normas que versam sobre a organização dos Poderes. A Constituição em sentido material é o conjunto de normas de conteúdo tipicamente constitucional, ou seja, normas que versam sobre organização do Estado, organização dos poderes e direitos fundamentais. Letra C: errada. A Constituição não tem por base preceitos legais que lhe são anteriores. Ao contrário, o Poder Constituinte Originário (que elabora uma nova Constituição) é incondicionado e juridicamente ilimitado. Letra D: correta. Essa é a melhor definição de Constituição em sentido material, pois menciona que esta dispõe sobre “direitos dos cidadãos” e “exercício do poder”. Trata-se de temas tipicamente constitucionais, que compõem a Constituição material do Estado. O gabarito é a letra D. Questão 02 O “bloco de constitucionalidade” se constitui a partir de a) princípios, normas escritas e não escritas, fundamentos relativos à organização do Estado, direitos sociais e econômicos, direitos humanos 2 PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG reconhecidos em tratados e convenções internacionais dos quais o país seja signatário. b) normas escritas, emendas constitucionais de lastro formal, direitos fundamentais consagrados pela Constituição, de reconhecimento e aplicação internos. c) princípios não escritos, unidade, solidez, valoração de normas constitucionais que podem ser desmembradas para melhor efetivação dos direitos consagrados. d) conteúdo específico das normas constitucionais e infraconstitucionais, estabilidade, dinamicidade, dirigismo, garantismo, além de todas as normas constitucionais de caráter programático. Comentários O “bloco de constitucionalidade” é o conjunto de normas que serve de paradigma para o controle de constitucionalidade. No Brasil, todas as normas constitucionais (escritas ou não escritas) compõem o bloco de constitucionalidade, tenham elas a natureza de princípios ou regras. Além disso, é possível destacar que o art. 5º, § 3º, CF/88, amplia o bloco de constitucionalidade, alcançando também os tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil é parte. Art. 5º (...) § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. O gabarito é a letra A. Questão 03 Quanto à aplicação das normas constitucionais no tempo e no espaço, pode-se considerar que: I. o princípio da recepção é observado no momento da revisão constitucional e da emenda à Constituição, enquanto que a conexão das normas constitucionais com as normas conflitantes ocorre sempre que o conflito entre elas se estabeleça no caso concreto. II. as disposições constitucionais passíveis de desconstitucionalização são aquelas de natureza formal que não dispõem sobre a natureza material, enquanto que na conexão as regras materiais terão sempre de ser mediatizadas pelas regras de conflito. III. a revogação de normas constitucionais ocorre a partir da distinção entre inconstitucionalidade originária e inconstitucionalidade superveniente, 3 PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG devendo ser aplicada tanto em situações advindas da Constituição nova como também daquelas oriundas de uma revisão constitucional. IV. a derrogação do direito anterior se verifica sempre que a nova lei contiver disposições de caráter formal e material que versem sobre assuntos restritos à consagração de direitos e às limitações ao poder de governar. Partindo de tais considerações, é CORRETO afirmar que: a) apenas as afirmativas I e III são verdadeiras. b) apenas as afirmativas II e III são verdadeiras. c) apenas a afirmativa IV é verdadeira. d) as afirmativas I, II, III e IV são falsas Comentários: Na minha visão, essa questão foi mal elaborada. As assertivas ficaram com redação truncada, uma vez que a banca examinadora limitou-se a copiar, fora de contexto, trechos do livro de Direito Constitucional do Prof. Kildare Gonçalves Carvalho. Esses trechos, infelizmente, não estão com uma redação clara. A primeira assertiva está errada. Segundo o Prof. Kildare Carvalho, “o princípio da recepção não ocorre na hipótese de revisão ou emenda à Constituição”. Ou seja, não se pode dizer que uma emenda constitucional seja recepcionada pela Constituição. Uma vez promulgada a emenda constitucional, é ela que irá revogar ou recepcionar as leis a ela anteriores. A segunda assertiva está correta. A desconstitucionalização é o fenômeno por meio do qual as normas da Constituição pretérita são recepcionadas pela nova Constituição com status de normas infraconstitucionais. Segundo o Prof. Kildare, “as disposições constitucionais passíveis de desconstitucionalização são as de natureza formal, sem disporem de natureza material, pois sempre foram disposições de lei ordinária pela sua matéria”. No que diz respeito à aplicação das normas constitucionais no espaço, o que se quer é definir o ordenamento jurídico de qual Estado se aplicará no caso concreto. Para isso, há que se analisar as normas de conflito, que são normas de Direito Internacional Privado responsáveis por definir qual ordenamento jurídico é aplicável a situações com conexão internacional. A terceira assertiva está correta. Ficou péssima a redação do item. A revogação de normas constitucionais se dá pela elaboração de nova Constituição ou em virtude de reforma constitucional (emenda ou revisão). Em outras palavras, pode-se dar pela ação do Poder Constituinte Originário (no primeiro caso) ou do Poder Constituinte Derivado (no segundo). Ao mesmo tempo, uma nova Constituição ou uma reforma constitucional tem o condão de recepcionar/revogar normas infraconstitucionais (conforme a 4 PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG doutrina majoritária) ou criar situação de inconstitucionalidade superveniente (conforme a doutrina minoritária). Vale a pena lembrar que o STF não aceita a tese da inconstitucionalidade superveniente. A quarta assertiva está errada. A derrogação do direito anterior se verifica sempre que for materialmente incompatível com a nova Constituição. O gabarito é a letra B. Questão 04 São fundamentos essenciais da República Federativa do Brasil: a) independência nacional, prevalência dos direitos humanos, autodeterminaçãodos povos, integração econômica e cultural. b) concessão de asilo político, repúdio ao terrorismo e ao racismo, eleições diretas, não intervenção do Estado. c) soberania nacional, cidadania, dignidade da pessoa humana, valores sociais do trabalho, livre iniciativa, pluralismo político. d) liberdade de exercício de qualquer ofício ou profissão, inviolabilidade do sigilo de correspondência e das comunicações telegráficas e telefônicas, liberdade de associação para fins lícitos, direito de propriedade, desde que atendidas suas funções sociais. Comentários Segundo o art. 1º, CF/88, são fundamentos da República Federativa do Brasil: i) soberania; ii) cidadania; iii) dignidade da pessoa humana; iv) valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e; v) pluralismo político. O gabarito é a letra C. Questão 05 Com base no “caput” do art. 5º da Constituição Federal, pode-se indicar como desdobramentos do direito à vida, RESPECTIVAMENTE: a) a liberdade de associação, de reunião, de crença religiosa, de expressão, de pensamento. b) o direito de herança, de propriedade, de sucessão de bens de estrangeiros situados no País. c) o direito do contraditório, da ampla defesa, de petição, do juiz natural. d) o direito à integridade física e moral, a proibição da pena de morte e das penas cruéis, a proibição da venda de órgãos. Comentários São desdobramentos do direito à vida: o direito à integridade física e moral, a proibição da pena de morte e das penas cruéis e a proibição da venda de órgãos. O gabarito é a letra D. 5 PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG Questão 06 O asilo político consiste no acolhimento de estrangeiro por parte de um Estado que não o seu, em virtude de perseguição política por ele sofrida e praticada por seu próprio país ou por terceiro. Assim sendo, é INCORRETO afirmar que a) as causas motivadoras da perseguição, em regra, são por dissidência política, livre manifestação de pensamento ou crimes relacionados com a segurança do Estado. b) o indivíduo não esteja envolvido em casos que configurem delitos praticados no âmbito do direito penal comum. c) o asilo político se constitui como ato de soberania estatal, de competência exclusiva do Congresso Nacional, passível de controle de legalidade pelo Supremo Tribunal Federal. d) a concessão de asilo político não é obrigatória para qualquer Estado, devendo as contingências políticas determinarem, caso a caso, as decisões do governo. Comentários Letra A: correta. O asilo político é cabível quando houver perseguição por dissidência política, livre manifestação do pensamento ou crimes relacionados com a segurança do Estado. Letra B: correta. Se o indivíduo estiver envolvido em casos que configurem crimes comuns, não será cabível a concessão de asilo político. Letra C: errada. A concessão de asilo político é competência do Presidente da República, sendo passível de controle de legalidade pelo STF. Letra D: correta. A concessão de asilo político é ato discricionário, de manifestação da soberania estatal. Assim, não é obrigatória a concessão de asilo político. O gabarito é a letra C. Questão 07 O processo legislativo consiste no conjunto de atos preordenados praticados pelos órgãos pertencentes ao Poder Legislativo, cujos procedimentos obedecem à determinada ordem e limitação. No caso de “Lei Complementar”, tais procedimentos consistem em: I. limitação quanto à forma e à matéria. II. limitação quanto à iniciativa. III. limitação quanto ao quórum para aprovação. IV. limitação quanto às exigências contidas na Constituição. Considerando as afirmativas acima, é VÁLIDO afirmar que: 6 PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG a) apenas a afirmativa I está correta. b) apenas as afirmativas I, II e III estão corretas. c) apenas as afirmativas II e III estão corretas. d) as afirmativas I, II, III e IV estão incorretas. Comentários Essa questão foi anulada por não ter apresentado nenhuma alternativa válida. Mesmo assim, vamos examinar as assertivas. A primeira assertiva está correta. A CF/88 reserva certas matérias especificamente para a lei complementar. A segunda assertiva está errada. Os legitimados para apresentar projeto de lei complementar são os mesmos para apresentar projetos de lei ordinária. A terceira assertiva está correta. A lei ordinária é aprovada por maioria simples, ao passo que a lei complementar é aprovada por maioria absoluta. A quarta assertiva está correta. A CF/88 exige que lei complementar seja aprovada por maioria absoluta. Além disso, irá versar sobre matérias que a CF/88 reserva especificamente para leis complementares. Questão anulada. Questão 08 O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), criado através da EC 45/2004, é presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) que, por sua vez, possui as seguintes atribuições: a) receber e conhecer dos conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre os Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal. b) receber as reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos magistrados e aos serviços judiciários, além de proceder às inspeções e correições em geral. c) receber e conhecer dos conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do Distrito Federal. d) receber e conhecer dos conflitos de competência entre quaisquer tribunais, bom como entre tribunais e juízes a ele não vinculados. Comentários A redação do enunciado ficou péssima, pois não dá pra saber o que o examinador quer que o candidato assinale: uma atribuição do CNJ ou uma atribuição do CNJ. 7 PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG O gabarito apontado pela banca examinadora foi a letra B, que nos traz uma competência do Ministro-Corregedor do CNJ, que é o Ministro do STJ que integra esse órgão. Art. 103-B (...) § 5º O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exercerá a função de Ministro-Corregedor e ficará excluído da distribuição de processos no Tribunal, competindo-lhe, além das atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura, as seguintes: I receber as reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos magistrados e aos serviços judiciários; O gabarito é a letra B. Questão 09 Quanto aos sistemas estabelecidos pela Constituição Federal de 1988, para enfrentar os períodos de crise política nos quais a ordem constitucional se vê ameaçada, estão previstos: a) o estado de defesa, o estado de sítio, a intervenção federal e o uso excepcional das forças armadas. b) a suspensão da Constituição, a lei marcial, o estado de defesa, o estado de sítio e a suspensão do habeas corpus. c) a supressão dos direitos fundamentais, entre eles, a inviolabilidade de domicílio e de correspondência. d) a vedação quanto à impetração do mandado de segurança, do mando de injunção, do habeas corpus e do habeas data. Comentários O sistema constitucional de crises é composto pelos seguintes institutos: estado de defesa, estado de sítio, intervenção federal e uso excepcional das Forças Armadas. O gabarito é a letra A. Questão 10 Segundo José Afonso da Silva, o controle de constitucionalidade tem por objetivo estabelecer, tecnicamente, a supremacia da Constituição frente ao ordenamento jurídico do Estado. Para tanto, no Brasil, foi adotada a seguinte forma de controle: a) político, no qual a verificação de inconstitucionalidade é entregue a órgãos determinados, de natureza política. 8 PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG b) jurisdicional, no qual prevalece a faculdade quea Constituição outorga ao Poder Judiciário de declarar a inconstitucionalidade de lei ou atos do Poder Público. c) misto, no qual certas categorias de lei são submetidas ao controle político e outras ao controle jurisdicional. d) concentrado, no qual o Supremo Tribunal Federal, no papel de Corte Constitucional, declara ou não a inconstitucionalidade de uma lei. Comentários Essa questão foi muito mal elaborada pelo examinador. A banca examinadora considerou o gabarito como sendo a letra C, ou seja, assumiu que no Brasil adota-se o controle de constitucionalidade misto. No entanto, a doutrina entende que adota-se no Brasil o controle jurisdicional (e não o controle misto!). No controle misto, certas leis são submetidas ao controle político e outras ao controle jurisdicional. Isso não acontece no Brasil. No Brasil, existem alguns controles políticos, como o veto jurídico do Presidente a um projeto de lei. No entanto, o sistema é jurisdicional. Assim, entendo que o gabarito deveria ser a letra B. Administrativo Questão 11 Sobre os poderes e funções do Estado, analise as seguintes afirmativas: I. É possível que uma função típica atribuída a qualquer dos poderes de Estado seja convertida em atípica, e vice versa, por força de lei. II. Há exclusividade no exercício de cada função pelos Poderes de Estado. III. As linhas definidoras da competência têm caráter legal e apolítico. Marque a alternativa correta. a) as afirmativas I, II e III estão incorretas. b) apenas as afirmativas II e III estão incorretas. c) apenas as afirmativas I e III estão incorretas. d) apenas as afirmativas I e II estão incorretas. Comentário I) CERTA. As funções típicas dos Poderes do Estado são conferidas pela Constituição, a qual estabelece a tripartição clássica entre Executivo, Legislativo e Judiciário, assim como mecanismos de freios e contrapesos entre esses poderes, de modo a evitar arbitrariedades. Dessa forma, a rigor, não é possível que uma lei, norma infraconstitucional, modifique essa estrutura dada pela 9 PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG Constituição. Entretanto, segundo o autor José dos Santos Carvalho Filho, “pode suceder que determinada função se enquadre, em certo momento, como típica e o direito positivo venha a convertê-la em atípica, e vice-versa”. Como exemplo, dentre outros, o autor cita o instituto do divórcio consensual, que antes era processado e finalizado pelo Judiciário, ainda que inexistisse litígio entre os interessados (ou seja, era uma função jurisdicional atípica) e que, com a edição da Lei 11.441/2007, passou a ser realizado por simples escritura pública em Ofícios de Notas (função administrativa típica). II) ERRADA. Não há exclusividade no exercício de cada função pelos Poderes do Estado. Cada Poder possui uma função típica, a qual exerce com preponderância, e funções atípicas, próprias de outros Poderes, mas que ele exerce de forma subsidiária. Por exemplo, o Poder Judiciário, cuja função típica é a jurisdicional, também exerce, de maneira atípica, a função administrativa, ao fazer licitações e promover concursos públicos, por exemplo. Lembrando que a função administrativa é típica do Poder Executivo. III) ERRADA. A competência possui sim caráter político, pois é definida pelas leis elaboradas pelos representantes da sociedade. Gabarito: alternativa “b” Questão 12 No tocante à Federação, assinale a alternativa CORRETA: a) A descentralização política autoriza a participação direta dos Estados nos planos nacionais. b) A partir da CF de 1988, os municípios podem editar formalmente suas constituições locais. c) A autonomia, no sentido técnico-político, pode ser resumida, especificamente, na capacidade de auto-organização assegurada a cada ente da federação para organização própria e dos seus serviços. d) O regime federativo exige a descentralização política. Comentários a) ERRADA. Em razão da descentralização política, os Estados são responsáveis pelo planejamento e execução de políticas regionais. b) ERRADA. Os Municípios não editam constituições, e sim Leis Orgânicas. c) ERRADA. A alternativa define a autonomia “administrativa”, e não a autonomia “política” que, em suma, seria a capacidade para editar leis. d) CERTA. A federação se caracteriza pela existência de diferentes níveis federativos com autonomia política (ex: União, Estados e Municípios). Gabarito: alternativa “d” Questão 13 10 PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG Em relação à interação do direito administrativo, com os demais ramos de direito, analise as afirmativas a seguir: I. O direito administrativo é que dá mobilidade ao direito constitucional. II. O direito administrativo tem vínculo com o direito processual civil e penal. III. As normas de arrecadação de tributos podem ser tidas como de direito administrativo. IV. A teoria civilista dos atos e negócios jurídicos têm aplicação supletiva aos atos e contratos administrativos. Marque a alternativa correta . a) apenas as afirmativas I, II e III estão corretas. b) apenas as afirmativas II e IV estão corretas. c) apenas as afirmativas I e II estão corretas. d) as afirmativas I, II, III e IV estão corretas. Comentários I) CERTA. Embora sejam interligados, Direito Administrativo e Direito Constitucional constituem ramos autônomos do Direito, ou seja, o Direito Constitucional possui mobilidade (se modifica, atualiza) independentemente do Direito Administrativo. Não obstante, segundo a doutrina de José dos Santos Carvalho Filho "A relação de maior intimidade do Direito Administrativo é com o Direito Constitucional. E não poderia ser de outra maneira. É o Direito Constitucional que alinhava as bases e os parâmetros do Direito Administrativo; este é, na verdade, o lado dinâmico daquele". Com base nesta afirmação do autor, a banca considerou o item correto. II) CERTA. O Direito Administrativo possui sim vínculo com o direito processual civil e penal. No primeiro caso, podemos citar como exemplo os processos regidos pelo direito processual civil envolvendo entidades administrativas de direito privado, como as empresas públicas e sociedades de economia mista. No segundo caso, temos como exemplo as normas penais relativas a crimes contra a Administração Pública ou as normas penais presentes na Lei 8.666/93 (Lei de Licitações e Contratos). III) CERTA. A rigor, as normas sobre arrecadação de tributos são de Direito Tributário, e não de Direito Administrativo. Contudo, como envolvem a atuação da Administração Pública, podem também ser incluídas no ramo do Direito Administrativo, embora isso não seja nada usual. IV) CERTA. Embora o Direito Administrativo possua uma teoria própria aplicável aos atos e contratos administrativos, o Direito Civil possui aplicação supletiva (subsidiária). Gabarito: alternativa ”d” 11 PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG Questão 14 Dentre as assertivas abaixo, é CORRETO afirmar que a) o Estado é pessoa jurídica e a expressão de sua vontade pode ser entendida como a decisão do membro de cúpula de cada Poder Pertinente, ou seja, do agente político. b) os agentes públicos são mandatários do Estado. c) o órgão público, ainda que desprovido de personalidade jurídica, pode atuar em Juízo, na defesa dos seus interesses, em caráter excepcional, desde que exista expressa previsão legal. d) a vontade do órgão de representação plúrima ou colegiado deve emanar da unanimidade ou da maioria das vontades dos agentes que o integram, mesmo em se tratando de ato de rotina administrativa. Comentários a) ERRADA. A expressão da vontade do Estado pode se manifestar por intermédio de qualquer agente público (servidorespúblicos, empregados públicos, temporários etc.), e não apenas pelos agentes políticos. b) ERRADA. A chamada teoria do mandato dizia que os agentes eram mandatários do Estado. Tal teoria, contudo, não vingou porque não explicava como o Estado, que não tem vontade própria, poderia outorgar o mandato. Atualmente, a teoria que explica a relação do Estado com seus agentes é a teoria do órgão, pela qual se presume que a pessoa jurídica manifesta sua vontade por meio dos órgãos que a compõem, sendo eles mesmos, os órgãos, compostos de agentes. Desse modo, quando os agentes agem, é como se o próprio Estado o fizesse. c) CERTA. A doutrina e a jurisprudência reconhecem que determinados órgãos públicos possuem capacidade postulatória, isto é, capacidade para figurar em juízo na defesa de suas competências. Exemplos de órgãos com capacidade postulatória são as Câmaras Municipais e o Tribunal de Contas da União. d) ERRADA. Os atos de rotina administrativa dos órgãos colegiados podem ser praticados de forma monocrática por seu Presidente. Gabarito: alternativa “c” Questão 15 No que se refere aos Poderes Administrativos, assinale a alternativa INCORRETA: a) O ato administrativo submete-se ao controle judicial por força do princípio da moralidade. b) O poder regulamentar típico permite complementar a lei e é de caráter derivado. 12 PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG c) Auto-executoriedade e coercibilidade são atributos do poder de polícia. d) Os atos de polícia que avultam o princípio da proporcionalidade revelam- se ilegais, sendo, portanto, passíveis de anulação pelo Poder Judiciário. Comentários a) ERRADA. O ato administrativo submete-se ao controle judicial por força do princípio da legalidade. b) CERTA. O poder regulamentar permite que o chefe do Executivo edite decretos com a finalidade de dar fiel execução às leis. Ele possui caráter derivado pois deve ser exercido nos limites da lei, não podendo inovar o ordenamento jurídico. c) CERTA. Os atributos do poder de polícia são: discricionariedade, autoexecutoriedade e coercibilidade (ou imperatividade). d) CERTA. Os atos praticados no exercício do poder de polícia devem respeitar o princípio da proporcionalidade. Por exemplo, um agente de trânsito não pode aplicar uma multa em valor desproporcional à gravidade da falta cometida pelo motorista infrator. Caso o princípio da proporcionalidade não seja observado, configura-se a prática de ato ilegal, passível, portanto, de anulação pelo Poder Judiciário. Gabarito: alternativa “a” Questão 16 Sobre a extinção dos atos administrativos, é INCORRETO afirmar que a) a anulação promovida pela própria Administração decorre do exercício de sua prerrogativa de autotutela. b) a revogação é forma de extinção do ato administrativo válido, de caráter vinculado ou discricionário. c) a validade ou não do ato de revogação é passível de exame pelo Poder Judiciário. d) incabível a revogação dos atos cujos efeitos produzidos já restaram consolidados. Comentários a) CERTA. A autotutela permite à Administração anular seus atos ilegais e revogar seus atos inoportunos e inconvenientes. b) ERRADA. A revogação só incide sobre atos discricionários, e não sobre vinculados. c) CERTA. O ato de revogação, em si, é um ato discricionário. Não obstante, é passível sim de ser objeto de exame de legalidade por parte do Judiciário. 13 PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG d) CERTA. Alguns atos não são passíveis de revogação, dentre eles, os atos com efeitos consumados. Por exemplo, não é possível revogar uma licença discricionária concedida a servidor que já tenha sido gozada pelo beneficiário. Gabarito: alternativa “b” Questão 17 Sobre a Responsabilidade Civil do Estado é correto afirmar, exceto: a) As pessoas jurídicas de direito público respondem pelos danos que seus agentes, no exercício de suas funções, causarem a terceiros. b) Cabível ao Estado ajuizar ação de regresso em face do agente causador do dano, desde que tenha agido dolosamente, mostrando-se inviável à pretensão se a conduta foi meramente culposa. c) O princípio da repartição dos encargos também constitui fundamento da responsabilidade objetiva do Estado. d) As pessoas jurídicas de direito privado que prestam serviços delegados serão responsáveis pelos atos seus ou de seus prepostos, desde que haja vínculo jurídico de direito público entre o Estado e o delegatário. Comentários a) CERTA, em conformidade com o art. 37, §6º da Constituição Federal, que consagra em nosso ordenamento jurídico a teoria do risco administrativo – responsabilidade objetiva do Estado. b) ERRADA. A ação de regresso prospera tanto diante de dolo como de culpa do agente. c) CERTA. De fato, princípio que fundamenta a responsabilidade objetiva do Estado é o da igualdade ou da repartição de encargos. Segundo ensina Maria Sylvia Di Pietro, a responsabilidade civil objetiva do Estado possui fundamento na chamada teoria do risco. Essa doutrina baseia-se no princípio da igualdade de todos perante os encargos sociais e encontra raízes no artigo 13 da Declaração dos Direitos do Homem, de 1789, segundo o qual “para a manutenção da força pública e para as despesas de administração é indispensável uma contribuição comum que deve ser dividida entre os cidadãos de acordo com as suas possibilidades”. O princípio significa que, assim como os benefícios decorrentes da atuação estatal repartem-se por todos, também os prejuízos sofridos por alguns membros da sociedade devem ser repartidos. Quando uma pessoa sofre um ônus maior do que o suportado pelas demais, rompe-se o equilíbrio que necessariamente deve haver entre os encargos sociais; para restabelecer esse equilíbrio, o Estado deve indenizar o prejudicado, utilizando recursos do erário. d) CERTA. Nos termos do art. 37, §6º da CF, as entidades privadas que prestam serviços públicos respondem objetivamente pelos danos que seus agentes causarem a terceiros. Tal preceito vale inclusive para as empresas privadas que 14 PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG firmam contratos de concessão de serviço público com o Estado (ex: administradoras de aeroportos). Lembrando que os contratos de concessão são contratos administrativos, sujeitos ao regime de direito público. Gabarito: alternativa “b” Questão 18 No tocante aos agentes públicos, é incorreto afirmar que a) para ser agente público, é mister o vínculo com o Estado, mesmo que não efetivo, mas perene, mediante contrato bilateral e remuneração. b) os agentes de fato podem ser necessários ou putativos. c) os agentes putativos desempenham atividade administrativa, mas não têm investidura no cargo. d) os agentes necessários apenas se assemelham, mas não são agentes de direito. Comentários a) ERRADA. Existem agentes públicos que não possuem vínculo perene e remunerado com o Estado, a exemplo dos agentes honoríficos (ex: mesários em eleições e jurados). b) CERTA. Os agentes de fato podem ser classificados em necessários e putativos. Os necessários exercem a função em razão de situações excepcionais, como, por exemplo, alguém que preste auxílio durante calamidades públicas, atuando como se fosse um “bombeiro militar”. Já os putativos são os que têm aparência de agente público, sem o ser de direito. É o caso de um servidor sem curso superior que pratica inúmeros atos de administração em cargo que possui como requisito para investidura o curso superior. c) CERTA, conforme comentado acima. d) CERTA, conforme comentado acima. Gabarito: alternativa “a” Questão 19 Sobre a organização da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais, é corretoafirmar que a) tem a incumbência exclusiva para exercício das funções de polícia judiciária neste Estado. b) não tem atribuição de polícia de preservação da ordem e segurança pública. c) é órgão autônomo do Poder Público, subordinada diretamente ao Governador do Estado. 15 PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG d) a proteção à incolumidade das pessoas não está inserida em suas atribuições legais. Comentários a) ERRADA. Além da Polícia Civil, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar também exercem a função de polícia judiciária no âmbito do Estado de Minas Gerais (Constituição Estadual, art. 142, III). b) ERRADA. Segundo o art. 136 da Constituição do Estado de Minas Gerais, a segurança pública, dever do Estado e direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar. c) CERTA. Conforme o art. 137 da Constituição do Estado de Minas Gerais, “a Polícia Civil, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar se subordinam ao Governador do Estado”. d) ERRADA, conforme comentário à alternativa “b”. Gabarito: alternativa “c” Questão 20 Sobre o funcionamento organizacional da Polícia Civil é correto afirmar que constituem unidades de atividades finalísticas de funções estratégicas, exceto: a) À Corregedoria-Geral de Polícia Civil. b) À Academia de Polícia Civil. c) O Departamento de Trânsito. d) À Superintendência-Geral de Polícia Civil. Comentários O art. 17 Lei Complementar 129/2013 (Lei Orgânica PCMG) enumera os órgãos da PCMG, dentre os quais não se encontra a Superintendência-Geral. Gabarito: alternativa “d” Civil Questão 21 Considerando-se às obrigações de dar coisa certa, é INCORRETO afirmar que a) se a coisa perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente condição suspensiva, fica resolvida a obrigação, suportando o proprietário o prejuízo. 16 PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG b) se a coisa se perder, por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos. c) se a coisa se deteriorar, sem culpa do devedor, poderáá o credor, a seu critério, resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu. d) se a coisa se deteriorar, por culpa do devedor, poderáá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, sem no entanto, tem direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização por perdas e danos. Comentários A alternativa A está correta, já que a art. 234 (“Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes”) não estabelece claramente quem suportará a perda. Nada obstante, por aplicação do art. 1.226 (“Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com a tradição”), a propriedade da coisa certa, antes da tradição, pertence ao devedor, pelo que será ele a suportar a perda; por isso, mediante interpretação sistemática, perde a coisa, no caso, o proprietário. A alternativa B está correta, conforme a segunda parte do art. 234: “se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.”. A alternativa C está correta, de acordo com o art. 235: “Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu”. A alternativa D está incorreta, segundo o gabarito oficial, na dicção do art. 236: “Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos”. Porém, a esquisita parte “sem no entanto”, a torna incorreta, já que se pode interpretar que houve um erro de digitação e a questão poderia ser lida tanto como “tem no entanto, direito a reclamar” quanto como “sem no entanto, ter direito a reclamar”... Questão 22 As seguintes afirmativas concernentes às obrigações solidárias estão corretas, EXCETO: a) a solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes. b) a obrigação solidária pode ser pura ou simples para um dos cocredores ou codevedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro. 17 PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG c) o julgamento contrário a um dos credores solidário não atinge os demais; o julgamento favorável aproveita-lhes, a menos que se funde em exceção pessoal ao corredor que o obteve. d) o credor que tiver remitido a dívida não responderá aos outros pela parte que lhes caiba. Comentários A alternativa A está correta, na literalidade do art. 265: “A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes”. A alternativa B está correta, na dicção do a art. 266: “A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro”. A alternativa C está correta, sendo essa a literal disposição do art. 274, antes de sua alteração pelo CPC/2015. Contudo, mesmo com a nova redação (“O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles”) ela se mantém correta. A alternativa D está incorreta, conforme o art. 272: “O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba”. Questão 23 As seguintes afirmativas concernentes às cláusulas especiais à compra e venda, previstas no Código Civil de 2002, estão corretas, EXCETO: a) a retrovenda é a cláusula pela qual o vendedor se reserva o direito de readquirir a coisa do comprador, no prazo máximo de 3 anos, restituindo- lhe o preço mais as despesas, sendo que esta cláusula sóá tem valor se o objeto do contrato for imóvel. b) a preempção ou preferência é a cláusula pela qual o comprador se compromete a oferecer a coisa ao vendedor, se algum dia se decidir a vendê-lá. Podem as partes fixar prazo máximo de 180 dias para bens móveis e 2 anos para bens imóveis. c) a venda sujeita à prova entende-se realizada sob condição suspensiva, ainda que a coisa lhe tenha sido entregue; e não se reputará perfeita, enquanto o adquirente não manifestar seu agrado. d) reserva de domínio é a cláusula que garante ao vendedor a propriedade de coisa móvel jáá entregue ao comprador até o pagamento total do preço, a forma da cláusula seráá sempre escrita. Comentários 18 PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG A alternativa A está correta, de acordo com o art. 505: “O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias”. A alternativa B está correta, pela conjugação do art. 513 (“A preempção, ou preferência, impõe ao comprador a obrigação de oferecer ao vendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em pagamento, para que este use de seu direito de prelação na compra, tanto por tanto”) com seu parágrafo único (“O prazo para exercer o direito de preferência não poderá exceder a cento e oitenta dias, se a coisa for móvel, ou a dois anos, se imóvel”). A alternativa C está incorreta, tendo o enunciado mistura da venda sujeita a provacom a venda a contento (“Art. 509. A venda feita a contento do comprador entende-se realizada sob condição suspensiva, ainda que a coisa lhe tenha sido entregue; e não se reputará perfeita, enquanto o adquirente não manifestar seu agrado”). A alternativa D está correta, cumulando-se o enunciado nos arts. 521 (“Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si a propriedade, até que o preço esteja integralmente pago”) e 522 (“A cláusula de reserva de domínio será estipulada por escrito e depende de registro no domicílio do comprador para valer contra terceiros”). Questão 24 A lei 12.424, de 16 de junho de 2011, inseriu no Código Civil, em seu artigo 1.240-A e seu parágrafo 1o, uma nova modalidade de usucapião em nosso ordenamento jurídico, o usucapião familiar. Sobre esta modalidade de usucapião, é INCORRETO afirmar que a) permite que um dos ex-cônjuges ou até mesmo ex-companheiros, oponha contra o outro o direito de usucapir a parte que não lhe pertence, possibilitando neste caso o usucapião entre condôminos. b) tem como requisito o exercícios de posse direta por 2 anos ininterruptos, sem oposição e com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m2 ou rural de até 50 hectares. c) a parte que propõe a ação de usucapião não pode ser proprietária de outro imóvel urbano ou rural, sendo que o direito de usucapir nesta modalidade não seráá reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. d) tem como o requisito o abandono do lar por um dos co-proprietários. Comentários A alternativa A está correta, pela previsão do art. 1.240-A: “Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que 19 PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural”. Trata-se de hipótese excepcional de permissão de usucapião de bens que fazem parte do acervo comum, em condomínio, portanto. A alternativa B está incorreta, já que a disposição legal se limita a imóveis urbanos, não se aplicando aos rurais. A alternativa C está correta, na conjugação do caput do art. 1.240-A, supracitado, com seu §1º: “O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez”. A alternativa D está correta, dada a dicção do art. 1.240-A, anteriormente transcrito. Questão 25 Considerando-se as formas de aquisição da propriedade do imóvel, é CORRETO afirmar que a) a aquisição da propriedade por invenção ou descoberta somente seráá efetivada depois de decorrido o prazo de 60 dias da divulgação da notícia pela imprensa e não se manifestando quem comprove a propriedade sobre a coisa. b) a aquisição por usucapião de bens móveis poderáá ocorrer nas modalidade ordinárias, com 3 anos de posse, e extraordinária, com 5 anos de posse, sendo que somente nesta última modalidade seráá permitido ao possuidor acrescentar à sua posse a dos seus antecessores. c) o constituo possessório e a tradição “brevi manu” são formas de aquisição por tradição ficta, sendo que no constituto o proprietário de um bem aliena a coisa a outrem, mas continua como possuidor direto, enquanto que na tradição “brevi manu” ocorre justamente o contrário. d) a Confusão, a comissão e a adjunc ̧ão são modos originários de aquisição da propriedade mobiliária e, assim como na especificação, não produzem espécies novas. Comentários Essa questão foi anulada, já que todas as assertivas estão incorretas. A alternativa A está incorreta, já que a descoberta não é meio de aquisição da propriedade, como se pode ver pelo art. 1.237: “Decorridos sessenta dias da divulgação da notícia pela imprensa, ou do edital, não se apresentando quem comprove a propriedade sobre a coisa, será esta vendida em hasta pública e, deduzidas do preço as despesas, mais a recompensa do descobridor, pertencerá o remanescente ao Município em cuja circunscrição se deparou o objeto perdido”. A alternativa B está incorreta, pois o art. 1.262 (“Aplica-se à usucapião das coisas móveis o disposto nos arts. 1.243 e 1.244”), que menciona o art. 1.243 20 PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG (“O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores (art. 1.207), contanto que todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com justo título e de boa-fé”), não se limita à usucapião mobiliária extraordinária, mas também abrange a modalidade ordinária. A alternativa C está incorreta, porque o constituto possessório é forma de perda da propriedade por meio da tradição ficta, na qual o possuidor em nome próprio se torna possuidor em nome alheio ao alienar a coisa, ainda que na posse se conserve. A alternativa D está incorreta, já que pode ou não haver criação de espécies novas, a depender do caso, como deixa claro o art. 1.274: ”Se da união de matérias de natureza diversa se formar espécie nova, à confusão, comissão ou adjunção aplicam-se as normas dos arts. 1.272 e 1.273”. Questão 26 As seguintes afirmativas concernentes aos Direitos Reais de Garantia estão corretas, EXCETO: a) podem ser apontadas como características de penhor, da anticrese e da hipoteca: o poder de sequela, o direito de preferência, a excussão e a divisibilidade da garantia. b) na constituição do penhor, anticrese ou hipoteca é expressamente vedada à imposição de cláusula comissória no bojo do contrato. c) os contratos de penhor, anticrese ou hipoteca declaração sob pena de não terem eficácia o valor do crédito, sua estimulação, ou estimação, ou valor máximo; o prazo fixado para pagamento; a taxa de juros, se houver; e o bem dado em garantia com suas especificações. d) salvo cláusula expressa, o terceiro que prestar garantia real por dívida alheia não fica obrigado a substituí-la, ou reforc ̧á-la, quando, sem culpa sua, se perca, deteriore, ou desvalorize. Comentários A alternativa A está incorreta, pois as garantias reais são indivisíveis, como se extrai do art. 1.421: “O pagamento de uma ou mais prestações da dívida não importa exoneração correspondente da garantia, ainda que esta compreenda vários bens, salvo disposição expressa no título ou na quitação”. A alternativa B está correta, como determina o art. 1.428: “É nula a cláusula que autoriza o credor pignoratício, anticrético ou hipotecário a ficar com o objeto da garantia, se a dívida não for paga no vencimento”. A alternativa C está correta, na previsão exaustiva do art. 1.424: “Os contratos de penhor, anticrese ou hipoteca declararão, sob pena de não terem eficácia: I - o valor do crédito, sua estimação, ou valor máximo; 21 PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG II - o prazo fixado para pagamento; III - a taxa dos juros, se houver; IV - o bem dado em garantia com as suas especificações”. A alternativa D está correta, na expressa previsão do art. 1.427: “Salvo cláusula expressa, o terceiro que presta garantia real por dívida alheia não fica obrigado a substituí-la, ou reforçá-la, quando, sem culpa sua, se perca, deteriore, ou desvalorize”. Questão 27 São características da obrigação alimentar: a) direito personalíssimo, invariabilidade e reciprocidade. b) alternatividade das prestações, irrenunciabilidade e repetibilidade. c) alternatividade das prestações, variabilidade e transmissibilidade sucessória sui generis da prestação. d) divisibilidade, imprescritibilidade e intransmissibilidade sucessória sui generis da prestação. Comentários Aalternativa A está incorreta, já que a obrigação alimentar é, por suas características, variável, como evidencia o art. 1.699: “Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo”. A alternativa B está incorreta, não se permitindo a repetição de obrigação alimentar regularmente quitada. A alternativa C está correta, segundo o entendimento aplicável ao caso. A alternatividade se extrai do art. 1.701 (“A pessoa obrigada a suprir alimentos poderá pensionar o alimentando, ou dar-lhe hospedagem e sustento, sem prejuízo do dever de prestar o necessário à sua educação, quando menor”) e a transmissibilidade do art. 1.700 (“A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor, na forma do art. 1.694”). A alternativa D está incorreta, como dito na assertiva anterior, já que se transmite a obrigação alimentar, na forma do art. 1.694. Questão 28 Considerando-se os aspectos gerais do casamento, é INCORRETO afirmar que a) o casamento tem como característica ser um ato personalíssimo, solene, de união permanente, regido por normas de ordem pública e dissolúvel. 22 PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG b) o casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, sem que se tenha que alegar alguma causa ou mesmo sem mais prazo algum. c) o casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas pela legislação vigente, teráá efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, submetendo-se aos mesmos requisitos exigidos para o casamento civil, contudo, na hipótese de uma das partes falecer, antes do casamento religioso ser reconhecido, não se pode mais requer os efeitos civis. d) as causas suspensivas do casamento visam a resguardar interesse público e, portanto, podem ser opostos por qualquer pessoa capaz até o momento da celebração do casamento. Comentários A alternativa A está correta, apresentando a assertiva várias das características do casamento. A alternativa B está correta, já que desde a EC 66/2010 é desnecessário aguardar qualquer prazo para a requisição do divórcio, não sendo necessária motivação há tempos. A alternativa C está correta, porque, sendo o casamento ato personalíssimo, o falecimento do nubente antes da requisição de sua eficacização civil impede a atribuição de efeito civil. Nada obstante, não se veda o reconhecimento de eventual união estável e, em casos-limite, a posse de estado de casado. A alternativa D está incorreta, como se vê pelo art. 1.524: “As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser argüidas pelos parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consangüíneos ou afins, e pelos colaterais em segundo grau, sejam também consangüíneos ou afins”. Questão 29 As seguintes afirmativas concernentes ao Direito de Sucessão estão corretas, EXCETO: a) aberta a sucessão, ou seja, com a morte, a posse e a propriedade dos bens do falecido são imediatamente transmitidas aos herdeiros legítimos e testamentários, com exceção do legatário que somente assume a posse com a partilha. b) não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, contudo, quem renuncia à herança, não está impedido de aceitar o legado. c) a cessão dos direitos hereditários pode ser total ou parcial, gratuita ou onerosa, cabendo sempre aos co-herdeiros o exercício do direito de preferência na cota hereditária do cedente. d) na sucessão testamentaria, diferentemente da sucessão legitima, não existe a previsão para o direito de representação, todavia, poderáá o 23 PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG testador consignar cláusula de substituição com o intuito de estabelecer os efeitos da representação. Comentários A alternativa A está correta, como fica visível pela conjugação do caput do art. 1.923 (“Desde a abertura da sucessão, pertence ao legatário a coisa certa, existente no acervo, salvo se o legado estiver sob condição suspensiva”) com seu § 1º (“Não se defere de imediato a posse da coisa, nem nela pode o legatário entrar por autoridade própria”). A alternativa B está correta, na sistematização do caput do art. 1.808 (“Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a termo”) com seu § 1º (“O herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los, renunciando a herança; ou, aceitando-a, repudiá-los”). A alternativa C está incorreta, já que o exercício da preferência se condiciona a duas exigências, ou seja, não cabe “sempre”: cessão onerosa (se for gratuita, descabe a preferência) e exercício em consonância com a proposta do terceiro (se o coerdeiro não realizar a preferência “tanto por tanto”, não a tem). A alternativa D está correta, como se extrai do art. 1.947: “O testador pode substituir outra pessoa ao herdeiro ou ao legatário nomeado, para o caso de um ou outro não querer ou não poder aceitar a herança ou o legado, presumindo-se que a substituição foi determinada para as duas alternativas, ainda que o testador só a uma se refira”. Questão 30 Moisés, falecido em 2010, era casado com Yara, sob regime da comunhão parcial de bens. Durante o casamento, os cônjuges não adquiriram bens. O casal teve 2 filhos, Ênio e Laylla. Ênio teve 3 filhos (A, B e C) e faleceu em 2005. Laylla teve 2 filhos (D e E) e renunciou a herança de seu pai Moises. O patrimônio deixado por Moises foi totalmente adquirido antes do casamento. Assinale a alternativa que indica de forma CORRETA como deverá ser distribuída a herança deixada por Moisés: a) 1/3 para cada um dos 3 filhos de Ênio de forma igualitária. b) 1/5 para cada um dos netos do falecido de forma igualitária. c) 1/4 para Yara, por concorrência e o restante distribuído de forma igualitária entre os 5 netos do falecido. d) 1/6 para cada um dos netos do falecido de forma igualitária e 1/6 para Yara, por concorrência. Comentários Essa questão é recheada de “cascas de banana” e exige cuidado extremo. Uma das questões mais difíceis que eu já em direito sucessório, por conta das possibilidades de o examinando esquecer um único detalhe e acabar a questão 24 PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG toda. A situação em si é simples e a resolução, fácil, mas exige paciência, cuidado e boa memória! A alternativa A está incorreta, porque os filhos de Laylla também herdam, por força do art. 1.811: “Ninguém pode suceder, representando herdeiro renunciante. Se, porém, ele for o único legítimo da sua classe, ou se todos os outros da mesma classe renunciarem a herança, poderão os filhos vir à sucessão, por direito próprio, e por cabeça”. Ou seja, pela regra do art. 1.810 (“Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos outros herdeiros da mesma classe e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da subsequente”) eles não herdariam, mas como Ênio é pré-morto, ela se tornou a única herdeira da classe, pelo que seus filhos voltam a herdar, agora por cabeça e não mais por estirpe. A alternativa B está incorreta, porque Yara é também herdeira quanto aos bens particulares do falecido, por aplicação do Enunciado 270 do CJF e da jurisprudência do STJ, que, ao interpretarem o art. 1.829, inc. I, reconhecem ao cônjuge supérstite, se casados no regime da comunhão parcial de bens, e o falecido possuísse bens particulares, hipótese em que a concorrência se restringe a tais bens, devendo os bens comuns (meação) ser partilhados exclusivamente entre os descendentes. Assim, Yara terá direito aos bens particulares do falecido. A alternativa C está correta, já que, como dito acima, Yara herda, na forma do art. 1.829, inc. I. Por isso,por aplicação do art. 1.832 (“Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer”), ela tem direito a ¼ da herança, sendo que os outros ¾ serão divididos entre os netos, por força do art. 1.811, supracitado. A alternativa D está incorreta, pelo que já se disse nas alternativas anteriores. Direito Penal Questão 31 Em relação às Teorias do Delito, assinale a alternativa INCORRETA: a) A antinormatividade, de acordo com Zaffaroni, consiste em se averiguar a proibição através da indagação do alcance proibitivo da norma, não considerada de forma isolada, e sim conglobada na ordem normativa. b) A culpa imprópria está presente na discriminante putativa, nela, o agente dá causa dolosa ao resultado, mas responde como se tivesse praticado crime culposo, em razão de erro evitável pelas circunstâncias. c) No dolo direto, o agente quer efetivamente produzir o resultado, ao praticar a conduta típica, e no dolo indireto, o agente não busca com sua conduta resultado certo e determinado, subdividindo-se em dolo alternativo e eventual. 25 PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG d) De acordo com a teoria objetiva-formal, há tentativa, quando o agente, de modo inequívoco, exterioriza sua conduta no sentido de praticar a infração penal. Comentários a) CORRETA: Item correto, pois isto traduz a ideia de tipicidade conglobante, de Zaffaroni, que analisa a tipicidade não apenas como subsunção do fato à norma, mas também como fato contrário ao direito, ou seja, será típica a conduta que for antinormativa, considerando-se de forma ampla, ou seja, aquela conduta que, ao mesmo tempo em que é prevista como crime, não seja permitida ou fomentada por outras áreas do Direito. b) CORRETA: Item correto, pois esta é a culpa imprópria, que acontece, por exemplo, na hipótese de descriminante putativa por erro evitável, na forma do art. 20, §1º do CP. c) CORRETA: Item correto, pois no dolo direto o agente quer alcançar o resultado, enquanto no dolo direto o agente não pretende obter específico resultado criminoso. d) ERRADA: Item errado, pois na teoria objetivo-formal, relativa à tentativa, o início da execução se dá quando o agente dá início à prática da conduta descrita no núcleo do tipo. Portanto, a ALTERNATIVA INCORRETA É A LETRA D. Questão 32 Com relação ao erro de tipo e ao erro de proibição, assinale a alternativa INCORRETA: a) O erro de tipo permissível inescusável é aquele que recai sobre situação de fato, excluindo a culpabilidade dolosa, mas permitindo a punição do agente a título de culpa. b) De acordo com a teoria extremada da culpabilidade, todo e qualquer erro que recaia sobre uma causa de justificação é erro sobre a ilicitude do fato. c) O erro, sobre a causa do resultado, afasta o dolo ou a culpa, tendo em vista que recai sobre elemento essencial do fato. d) O erro de proibição mandamental é aquele que recai sobre uma norma impositiva e, se inevitável, isenta o agente de pena. Comentários a) CORRETA: Item correto, pois se trata da hipótese de descriminante putativa por erro de fato (erro de tipo permissivo), em que o agente não responde a título doloso, mas pode responder a título culposo, se o erro é evitável e há previsão legal, na forma do art. 20, §1º do CP. 26 PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG b) CORRETA: Item correto, pois a teoria extremada da culpabilidade não faz distinção entre descriminante putativa por erro de fato e descriminante putativa por erro normativo. c) ERRADA: Item errado, pois o erro sobre o nexo causal é erro de tipo acidental, não afastando nem o dolo nem a culpa. d) CORRETA: Item correto, pois neste caso teremos erro de proibição, que se inevitável, gera a isenção de pena (exclusão da culpabilidade), na forma do art. 21 do CP. Portanto, a ALTERNATIVA INCORRETA É A LETRA C. Questão 33 Com relação à ilicitude e à culpabilidade, assinale a alternativa INCORRETA: a) Para a teoria psicológica, a culpabilidade consiste no vínculo psicológico entre o autor e o fato, podendo ser afastada em virtude de erro ou coação, que suprima o elemento intelectual e o elemento volitivo do dolo. b) De acordo com a teoria psicológico-normativa, a culpabilidade tem como pressuposto a imputabilidade, sendo composta pelo dolo ou culpa e exigibilidade de conduta diversa. c) A prática de fato típico, em razão de obediência à ordem não manifestamente ilegal de superior hierárquico, exclui a ilicitude por estrito cumprimento do dever legal. d) É possível a contraposição de legítimas defesas, agindo um agente em legítima defesa putativa e o outro em legítima defesa real. Comentários a) CORRETA: Item correto, pois para a teoria psicológica a culpabilidade seria a mera relação psíquica do agente com o fato criminoso, restando afastada em situações nas quais não haja dolo ou culpa. b) ERRADA: Item errado, pois a teoria psicológico-normativa também possui como elementos a imputabilidade e o dolo ou a culpa, mas agrega a eles a exigibilidade de conduta diversa, que é a “possibilidade de agir conforme o Direito” e a consciência da ilicitude. c) ERRADA: Item errado, pois neste caso não há exclusão da ilicitude, e sim exclusão da culpabilidade. d) CORRETA: Item correto, pois no caso de um agente agir em legítima defesa putativa, sua conduta será injusta (fato típico e ilícito), que pode ser rechaçado por meio de legítima defesa real. Vê-se, portanto, que há duas alternativas incorretas. Portanto, a QUESTÃO FOI BEM ANULADA. 27 PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG Questão 34 Considerando o Código Penal e as Teorias do Delito é INCORRETA afirmar que: a) Com relação ao tipo doloso, o Código Penal Brasileiro adotou as teorias da vontade e do assentimento e não a da atividade. b) A perda de cargo, função pública ou mandato eletivo é efeito genérico da condenação, não necessitando, dessa forma, ser determinada de forma explícita e fundamentada da sentença penal condenatória. c) A previsibilidade objetiva é elemento integrante do tipo culposo, podendo a previsibilidade subjetiva ser analisada por ocasião da culpabilidade. d) De acordo com a teoria finalista, a ação é o comportamento humano voluntário, dirigido à atividade final lícita ou ilícita. Comentários a) CORRETA: Item correto, pois o CP brasileiro adotou a teoria da vontade em relação ao dolo direto, e a teoria do assentimento em relação ao dolo eventual. b) ERRADA: Item errado, pois tal efeito não é um efeito automático da condenação, devendo ser expressamente declarado na sentença, na forma do art. 92, § único do CP. c) CORRETA: Item correto, pois a previsibilidade subjetiva não é necessária para a caracterização do tipo penal culposo, bastando a previsibilidade objetiva, ou seja, a possibilidade de que uma pessoa de inteligência e prudência medianas preveja o possível resultado danoso. d) CORRETA: Item correto, pois a teoria finalista compreende a ação não como mera exteriorização física, mas como o comportamento humano voluntário dirigido a uma finalidade, que pode ser lícita ou não. Portanto, a ALTERNATIVA INCORRETA É A LETRA B. Questão 35 Com relação às penas e sua aplicação, é CORRETO afirmar que a) conforme a regra geral do Código Penal, o regime inicialmente fechado é cabível sempre que for o réu reincidente em crime doloso. b) para fins de detração penal, o tempo de prisão provisória não se computa no do tratamento ambulatorial, por possuir a medida de segurança prazo indeterminávele natureza jurídica diversa da pena. c) nos crimes que envolvam violência doméstica, a Lei no 11.340/2006 veda a substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos de prestação pecuniária ou o pagamento isolado de multa. 28 PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG d) apesar de não previsto expressamente pela Lei no 9.605/98, a possibilidade de aplicação de pena à pessoa jurídica, condenada por crime ambiental, aplicam- se a elas, subsidiariamente, no que couber, o disposto no art. 44 do Código Penal. Comentários a) ERRADA: Item errado, pois não basta que o agente seja reincidente em crime doloso para que seja fixado o regime inicial fechado, pois é possível, neste caso, a fixação do regime semiaberto, a depender das circunstâncias judiciais e da quantidade de pena aplicada. b) ERRADA: Item errado, pois o tempo de prisão provisória se computa na pena imposta, bem como na medida de segurança, na forma do art. 42 do CP. c) CORRETA: Item correto, pois esta é a exata previsão contida no art. 17 da Lei 11.340/06. d) ERRADA: Item errado, pois há regulamentação específica quanto às penas aplicáveis às pessoas jurídicas por crime ambiental, na forma da Lei 9.605/98. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C. Questão 37 Em relação à aplicação da Lei Penal é CORRETO afirmar que: a) Para aplicação da lei penal no tempo e no espaço, o Código Penal Brasileiro adotou, respectivamente, as teorias do resultado e da ubiquidade. b) De acordo com o art. 10 do Código Penal, na contagem de prazos penais, não se computará o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento. c) Pelo princípio da especialidade, o agente que efetua diversos disparos de arma de fogo para o alto, vindo a causar a morte de dois transeuntes, responde pelos crimes de homicídio consumado, em concurso formal impróprio, já que a norma especial afasta a aplicação da norma geral. d) Com a abolitio criminis procedida pela Lei no 11.106/2005, para o crime de rapto, cessaram todos os efeitos penais advindo de eventuais condenações, permanecendo, conduto, os efeitos civis. Comentários a) ERRADA: Item errado, pois em relação à lei penal no tempo o CP adotou a teoria da atividade, na forma do art. 4º do CP. Em relação à lei penal no espaço o CP adotou a teoria da ubiquidade, na forma do art. 6º do CP. b) ERRADA: Item errado, pois, nos termos do art. 10 do CP, na contagem de prazos penais inclui-se o dia do começo. 29 PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG c) ERRADA: Item errado, pois não há que se falar em concurso formal impróprio, mas concurso material, dada a pluralidade de condutas (diversos disparos). d) ERRADA: Atualmente se entende que não houve abolitio criminis em relação ao crime de rapto violento, e sim continuidade típico-normativo, de forma que esta conduta continua sendo criminalizada, no art. 148, §1º, V do CP. A Banca considerou como correta, mas o STF passou a adotar o entendimento exposto, logo, está atualmente correta. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D (DESATUALIZADA). Questão 39 Com relação aos crimes patrimoniais, é INCORRETO afirmar que a) segundo entendimento consolidado pelo STF, o crime de estelionato, quando na modalidade de fraude no pagamento, por meio de cheque, consuma-se no momento e local em que o banco sacado recusa o seu pagamento. b) o agente que rouba o veículo da vítima e, sem motivação alguma, a coloca no porta malas, abandonando-a em estrada de município vizinho, responde pelos crimes de roubo e sequestro, em concurso material. c) o agente que invade estabelecimento comercial anunciando assalto e acaba por matar o proprietário e um cliente, fugindo em seguida com o dinheiro do caixa e a carteira do cliente, responde por um só crime de latrocínio, crime complexo em que a pluralidade de vítimas serve apenas para fixação da pena. d) agente que, após furtar, em concurso de pessoas, preciosa joia em shopping Center, adquire a quota parte, dos demais meliantes, não responde por crime de receptação, tratando-se de post factum impunível. Comentários a) CORRETA: Item correto, pois se trata do entendimento sumulado do STF (súmula 521 do STF). b) CORRETA: Item correto, pois se o agente não possui nenhuma motivação específica para tal conduta, teremos a ocorrência do crime de sequestro, além do roubo. Só haveria roubo majorado pela restrição da liberdade da vítima se o agente tivesse restringido a liberdade da vítima PARA realizar o roubo, na forma do art. 157, §2º, V do CP. c) ERRADA: Item errado, vez que houve lesão a patrimônios distintos, logo, tivemos dois crimes de latrocínio. d) CORRETA: Item correto, pois o agente que adquire a cota-parte pertencente aos demais comparsas do crime não pratica receptação, conforme entendimento pacífico do STJ. 30 PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG Portanto, a ALTERNATIVA INCORRETA É A LETRA C. Questão 40 Com relação aos crimes abaixo destacados, é CORRETO afirmar que: a) é possível a participação de particular no delito de corrupção passiva, já que as circunstâncias de caráter pessoal elementares ao crime se comunicam. b) o homicídio praticado com dolo eventual afasta a incidência das circunstâncias qualificadoras, uma vez que o agente não quer diretamente o resultado, apenas assume o risco de produzi-lo. c) para a configuração do crime de maus tratos, é necessário submeter a vítima a intenso sofrimento físico ou psíquico, expondo-a a perigo de vida ou de saúde. d) caracteriza-se o crime de injúria, ainda que as imputações ofensivas à honra subjetiva da vítima sejam verdadeiras, cabendo exceção da verdade somente se o ofendido for funcionário público e a ofensa relativa ao exercício de suas funções. Comentários a) CORRETA: Item correto, pois a condição de funcionário público, necessária para a caracterização do tipo, embora seja de caráter pessoal, se comunica aos comparsas, por se tratar de uma elementar do delito, na forma do art. 30 do CP. b) ERRADA: Item errado, pois é possível a aplicação das qualificadoras mesmo no homicídio doloso por dolo eventual. c) ERRADA: Item errado, pois não é necessário, para a caracterização do delito, que haja intenso sofrimento físico ou psíquico, na forma do art. 136 do CP. d) ERRADA: Item errado, pois não cabe exceção da verdade no crime de injúria, cabendo apenas nos crimes de calúnia e difamação, nos termos do art. 138, §3º e art. 139, § único do CP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A. Processo Penal Questão 41 Sobre o tribunal do júri é INCORRETO afirmar: a) Nas comarcas de mais de 100.000 (cem mil) habitantes serão alistados de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) jurados. b) Se o interesse da ordem pública reclamar o juiz poderá, logo após o interrogatório do acusado, determinar o desaforamento do julgamento. 31 PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG c) O serviço de jurado é obrigatório e somente compreenderá maiores de 18 anos. d) Os jurados poderão formular perguntas às testemunhas por intermédio do juiz-presidente. Comentários a) CORRETA: Item correto, nos exatos termos do art. 425 do CPP. b) ERRADA: Item errado, pois o desaforamento só pode ser determinado pelo Tribunal, nos termos do art. 427 do CPP. c) CORRETA: Item correto, nos termos do art. 436 do CPP. d) CORRETA: Item correto, pois os jurados possuem tal faculdade de formular perguntas às testemunhas, sempre através do juiz-presidente (sistema presidencialista), na forma do art. 473, §2º do CPP. Portanto, a ALTERNATIVA INCORRETA É A LETRA B. Questão 42 Não haverá o quebramento da fiança quando: a) Deliberadamente o afiançado praticar ato de obstrução ao andamento do inquérito/processo.b) Descumprir medida cautelar imposta cumulativamente com a fiança. c) Resistir injustificadamente a ordem judicial. d) Deixar de comparecer, por justo motivo, quando regularmente intimado para ato processual. Comentários Dentre as hipóteses apresentadas, todas representam situações em que haverá o quebramento da fiança, na forma do art. 341 do CPP, exceto no caso da letra “D”, pois se ausência se dá POR JUSTO MOTIVO, não há quebramento da fiança, na forma do art. 341, I do CPP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D. Questão 43 Sobre a prisão preventiva é CORRETO a afirmar: a) poderá ser decretada de ofício pelo juiz na fase do inquérito policial. b) poderá ser decretada em crime doloso, quando se tratar de reincidente, independente da pena cominada ao delito. c) nos casos de violência doméstica poderá ser decretada independentemente da imposição anterior de medida protetiva. 32 PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG d) quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa poderá se decretada e mantida mesmo após superada a dúvida. Comentários a) ERRADA: Item errado, pois durante o IP a prisão preventiva não pode ser decretada DE OFÍCIO pelo Juiz (ou seja, sem requerimento de nenhum legitimado), na forma do art. 311 do CPP. b) CORRETA: Item correto, pois neste caso caberá a prisão preventiva, na forma do art. 313, II do CPP. c) ERRADA: Item errado, pois no caso de violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, a preventiva pode ser decretada para garantir a execução das medidas protetivas de urgência, na forma do art. 313, III do CPP. d) ERRADA: Item errado, pois caso a preventiva seja decretada por esta razão, o que é possível, deve o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, exceto se outra hipótese recomendar a manutenção da prisão preventiva, na forma do art. 313, § único do CPP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. Questão 44 Sobre a prova pericial é INCORRETO afirmar: a) O exame de corpo de delito deverá ser assinado por 2 (dois) peritos oficiais, portadores de diploma de curso superior. b) O exame de corpo de delito poderá ser realizado qualquer dia e horário, inclusive aos domingos. c) A autópsia será realizada, em regra, 6 (seis) horas após o óbito. d) Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para a eventualidade de nova perícia. Comentários a) ERRADA: Item errado, pois o exame de corpo de delito deve ser realizado por UM PERITO OFICIAL, na forma do art. 159 do CPP. b) CORRETA: Item correto, nos exatos termos do art. 161 do CPP. c) CORRETA: Item correto, nos exatos termos do art. 162 do CPP. d) CORRETA: Item correto, pois esta é a exata previsão contida no art. 170 do CPP. Portanto, a ALTERNATIVA INCORRETA É A LETRA A. Questão 45 Sobre recursos no processo penal é INCORRETO afirmar: 33 PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG a) O recurso de agravo, previsto no art. 197 da LEP, tem efeito regressivo. b) A apelação no juizado especial tem prazo de 10 dias. c) No juizado especial a parte recorrente pode protestar por apresentar as razões de apelação perante a turma recursal. d) O prazo dos embargos de declaração no juizado especial é de 5 (cinco) dias. Comentários a) CORRETA: Item correto, pois o agravo em execução segue o mesmo rito do RESE, que possui efeito regressivo, na forma do art. 589 do CPP. b) CORRETA: Item correto, pois este é o prazo da apelação nos Juizados, na forma do art. 82, §1º da Lei 9.099/95. c) ERRADA: Item errado, pois não há tal previsão nos Juizados, devendo as razões serem apresentadas junto com a petição de interposição da apelação, na forma do art. 82, §1º da Lei 9.099/95. d) CORRETA: Item correto, nos exatos termos do art. 83, §1º da Lei 9.099/05. Portanto, a ALTERNATIVA INCORRETA É A LETRA C. Questão 46 Sobre o inquérito policial é INCORRETO afirmar: a) Tem valor probante relativo. b) Todas as provas produzidas devem ser repetidas sob contraditório. c) Vícios do inquérito não nulificam subsequente ação penal. d) O investigado pode requerer diligências. Comentários a) CORRETA: Item correto, pois o IP se desenvolve sem as garantias do contraditório pleno e da ampla defesa, motivo pelo qual os elementos ali colhidos possuem valor probante inferior àqueles obtidos sob o contraditório judicial. b) ERRADA: Item errado, pois existem provas que não precisam ser refeitas quando do processo judicial, como é o caso das provas cautelares, antecipadas e não repetíveis, na forma do art. 155 do CPP. c) CORRETA: Item correto, pois o entendimento jurisprudencial é no sentido de que eventuais vícios ocorridos no IP podem gerar a nulidade do ato realizado, mas não contaminam a ação penal. d) CORRETA: Item correto, pois o investigado pode requerer a realização de qualquer diligência, que será realizada, ou não, a critério da autoridade policial, na forma do art. 14 do CPP. 34 PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG Portanto, a ALTERNATIVA INCORRETA É A LETRA B. Questão 47 Sobre a prova no processo penal brasileiro é INCORRETO afirmar: a) A prova sobre o “estado das pessoas” deve observar restrições estabelecidas na lei civil. b) A confissão deve ser cotejada com outros elementos de convicção. c) A narcoanálise constitui método para obtenção de in- formações úteis à moderna investigação policial. d) O juiz pode determinar a realização de prova mesmo antes de iniciada a ação penal. Comentários a) CORRETA: Item correto, pois esta é a exata previsão contida no art. 155, § único do CPP, sendo uma das raras hipóteses de aplicação do sistema da prova tarifada. b) CORRETA: Item correto, pois a confissão não tem valor absoluta, e seu valor probante deve ser aferido caso a caso, cotejando-se a confissão com o restante do arcabouço probatório que consta nos autos, na forma do art. 197 do CPP. c) ERRADA: A narcoanálise consiste em submeter o acusado ou indiciado ao uso de determinada substância entorpecente, a fim de provocar o relaxamento e a inibição, de forma a facilitar a obtenção de informações. Trata-se de prova ilícita. d) CORRETA: Item correto, pois o Juiz pode determinar a produção de provas (de ofício, sem requerimento de ninguém), mesmo antes de iniciada a ação penal, na forma do art. 156, I do CPP. Portanto, a ALTERNATIVA INCORRETA É A LETRA C. Questão 48 Não é condição geral ou especial da ação penal: a) O pedido. b) A legitimidade das partes. c) A entrada do agente no território nacional em caso de extraterritorialidade da lei penal. d) A requisição do Ministro da Justiça. Comentários A legitimidade das partes é condição geral ou genérica da ação penal (correta a letras B). 35 PROVA COMENTADA – DELEGADO PC-MG A entrada do agente no território nacional em caso de extraterritorialidade da lei penal e a requisição do Ministro da Justiça são condições especiais da ação penal, previstas apenas em determinados casos (corretas as letras C e D). O pedido, por sua vez, não é condição da ação. O pedido é pressuposto de EXISTÊNCIA da ação. Sem pedido, não há ação penal. O que é condição da ação (condição para o legítimo exercício do direito de ação) é a POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A. Questão 49 Não poderá ser cumulada com outra medida cautelar a) a monitoração eletrônica. b) a proibição de ausentar-se do País, inclusive mediante entrega do passaporte. c) a fiança. d) a prisão domiciliar. Comentários A prisão domiciliar é uma medida substitutiva da prisão preventiva, nos casos em que a preventiva é necessária, mas
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