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Contitucional (Completo)

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02/03/05
PODER CONSTITUINTE
	É o poder de instituição ou reforma da constituição.
Instituição = criação de uma nova constituição.
Reforma = alteração de uma constituição que já existe.
Ambas são manifestações do poder constituinte.
Deve-se distinguir entre poder constituinte e poderes constituídos. 
Poder constituinte é matéria exclusiva de direito constitucional.
Já poderes constituídos são poderes que instituem ou reformam a legislação. Assim, é matéria não exclusiva de direito constitucional. Ex.: Poder Executivo é estudado pelo direito administrativo; processo penal e civil estudam o Poder Judiciário.
Classificação
(Nélson de Souza Sampaio)
				Originário
									Emenda 
Poder constituinte 			 	Reformador 				Const. Federal
									Revisão
			Derivado 			
									Institucionalizador 
						Decorrente 					Const. Estadual
									Reforma estadual
Poder constituinte originário
	É o poder que cria uma nova constituição.
	Ele possui três grandes características:
Inicialidade
O produto do poder constituinte originário é o início de uma nova ordem jurídica. O produto do poder constituinte originário é o fundamento de validade comum de todas as espécies normativas, aquelas que formam a nova ordem jurídica.
Ilimitação
O produto do poder constituinte originário não está sujeito a restrições do poder positivo anterior. Este não pode impor restrição a ele.
As restrições não são jurídicas, mas poderão ser de ordem ética, moral, religiosa, etc.
Ex.: Uma nova constituição pode instituir o nazismo. Juridicamente ela será válida por não haver restrições. Entretanto, não seria ética. Assim, pode-se dizer que há limitações extrajurídicas.
Incondicionamento
	O produto do poder constituinte originário não está sujeito a formas de manifestação pré-estabelecidas. Elas são livres, embora existam formas mais comuns que outras.
Questões:
	I. Quanto a inicialidade
	1) Qual o efeito do exercício do poder constituinte originário sobre a constituição e a legislação anteriores?
	No que tange à Constituição Federal antiga, a nova gerará ab-rogação total. A CF antiga estará inteiramente revogada.
	O que é desconstitucionalização?
	A teoria da desconstitucionalização não é adotada pelo Brasil. Adotamos a Teoria da ab-rogação. Não se discute se há a desconstitucionalização.
	Esta teoria é austríaca com base em Karl Schimidt. Ele parte de uma distinção de que a norma pode ser formal ou materialmente constitucional.
	As formalmente constitucionais são aquelas previstas no texto da constituição, mesmo que versem sobre matérias que não lhes são próprias. Ex.: art. 242, §1º CF/88.
	As materialmente constitucionais são aquelas que versem sobre matéria constitucional, mesmo não estando em seu texto, isto é, mesmo que não estejam na constituição.
	Ex.: O CC menciona o direto ao nome, que uma garantia/direito fundamental. 
O CPC refere-se à citação. A citação é um instrumento que perfaz o contraditório e permite o exercício da ampla defesa que são garantias constitucionais. 
O CP em seu art. 150, §5º conceitua domicílio, dizendo-o inviolável, o que é garantia constitucional.
O CPP menciona as formalidades da prisão provisória.
O CTN em seu art. 9º menciona as limita coes do poder de tributar que são garantias constitucionais.
	As normas que estão na constituição e versem sobre questões constitucionais são material e formalmente constitucionais.
	A teoria da desconstitucionalização preceitua que surgida constituição nova, deve-se verificar na antiga quais são as normas formalmente constitucionais e quais são as formal e materialmente constitucionais.
	Estas normas formal e materialmente constitucionais, surgida nova constituição estarão revogadas automaticamente. As formalmente constitucionais da constituição antiga permanecem em vigor, mas como normas legais. Elas perdem seu caráter constitucional. 
	Esta é a teoria da desconstitucionalização.
	Karl Schimidt fundamentou o nazismo. Sua teoria voltou a moda com Bush. Há dois pontos que Condollezza sempre se refere: 1) A 1º guerra começou coma teoria schimitdiana chamada de Teoria do espaço vital, ou seja, a Alemanha tinha direito natural de buscar espaço que satisfizesse suas necessidades econômicas = guerra preventiva. 2) Amigos e inimigos do Füherer = ordem política com dois pólos = Bush fala em bem e mal. É a Teoria do Unilateralismo Hegemônico = atacar antes de ser atacado.
	2) Qual o efeito do exercício do poder constituinte originário sobre a legislação anterior? O que ocorre com as leis vigentes com o surgimento de uma nova constituição?
	O efeito poderá ser ou não o da recepção.
	Recepção = ingresso na nova ordem jurídica de normas legais anteriores, com ela compatíveis. Entretanto, terão que ser materialmente compatíveis.
	A recepção só questiona a compatibilidade material, a forma é irrelevante para o caso.
	Assim, se a norma for formalmente incompatível, mas for ela materialmente compatível, ela é recepcionada com a forma que a nova constituição lhe dá.
	Ex.: O CC estabelecia que o homem tinha o prazo de 15 dias para anular o casamento, caso a mulher fosse deflorada. Desde 1946 esta norma não estava mais recepcionada, porque a CF/46 foi a primeira constituição a reconhecer a igualdade entre os sexos. Assim sendo, como a defloração não há como ser aferida biologicamente no homem, esta norma viola a igualdade entre os sexos, desta forma ela é materialmente incompatível com a constituição. Assim, desde 46 esta norma não estava recepcionada.
	3) Qual o efeito da não recepção?
	A norma não recepcionada está revogada. É a posição do STF. Entretanto, o STF pode vir a alterar esta posição. O art. 1º, §1º, I, in fine da Lei 9882/99, dispõe que há controle de constitucionalidade para ato normativo anterior a CF.
	Há Adin sobre o tema. O STF pode declarar tal artigo inconstitucional, o que manterá sua jurisprudência ou muda de posição, considerando-o constitucional, alterando, destarte, sua jurisprudência. Isto porque a norma estaria revogada e caberia controle sobre ela. É a inconstitucionalidade superveniente.
	Hoje o que cabe é a revogação. Este é o efeito da não recepção.
	Observar que recepção ( filtragem constitucional ( mutação constitucional ( Interpretação conforme a constituição.
	Recepção = ingresso na nova ordem jurídica de normas legais anteriores, com ela compatíveis. Entretanto, terão que ser materialmente compatíveis.
	Filtragem constitucional = (citar sempre Paulo Ricardo Schier) – filtragem significa releitura. Ela seria um plus, porque a norma que já foi recepcionada pode ser relida. Ela vai passar por um filtro axiológico constitucional. Há uma releitura sobre valores novos.
	Mutação constitucional = (citar Uadi Lammêgo Bulos) – Utiliza o conceito do Prof. Menault. É ela uma alteração de contexto sem alteração de texto. Assim, é um modo informal de mudança da constituição.
	Ex.: Lei sobre concubinato. Art. 223, § 3º CF disciplina a união estável. Na doutrina e na jurisprudência começa a ser aceita a idéia de união estável sem a co-habitação. O mesmo acontecendo com a união homoerótica. Na filtragem, há norma legal anterior à CF. Na mutação a norma é da constituição. 
	Interpretação conforme a constituição = serve para norma legal posterior à constituição.
	II. Quanto a ilimitação:
	Não há limitação jurídica que possa ser imposta ao poder constituinte originário.
	Questão:
	Os tratados são limitações? Havendo conflito entre a CF e tratados, principalmente os que se referem a direitos humanas, qual preponderará? Qual a posição que a EC nº 45/04 tomou sobre o tema?
	Ex.: O art. 5º, LXVII = “não haverá prisão civil por dívidas, salvo o do responsável por não pagamento de alimentose do depositário infiel.” No Pacto de São José da Costa Rica, em seu art. 7º, VI há a determinação de que só haverá prisão civil em caso de dívida por alimentos. Qual das duas predomina?
	Há duas correntes:
	1ª corrente) Francisco Rezek, Celso Laver.
	No conflito entre ambos quando o tema é direitos humanos, prepondera a constituição.
	Fund.: Art. 49, I e art. 84, VIII CF/88. Os tratados ingressam como decretos no ordenamento jurídico, sendo este inferior hierarquicamente à Constituição. Assim sendo, admite a prisão civil por dívida. Esta é a posição do STF. Entretanto, a 1º Turma já votou contra.
	2ª corrente) Flávia Piovesan, Celso Albuquerque Mello.
	No conflito, preponderará a norma mais benéfica à pessoa humana. Não há preocupação quanto à forma e sim quanto ao conteúdo.
	Fund.: Art. 1º, III CF/88 é o valor fundamental da ordem jurídica, a dignidade da pessoa humana.
	Não há prisão civil, porque o pacto é mais benéfico. Posição do STJ.
	A EC nº 45/04 acrescentou o §3º ao art. 5º, dispondo quês os tratados e convenções serão equivalentes às Emendas Constitucionais. Observar, no entanto, que tratado não pode valer como emenda, porque não há poder constituinte fora do Estado. Além disso, direitos humanos não podem ser emendados por serem cláusulas pétreas. Podem sim, ser ampliados.
	Os tratados preponderarão desde que sejam mais benéficos e aprovados pelo Congresso Nacional. Assim, em relação aos não aprovados ainda resta controvérsia.
	III. Quanto ao incondicionamento:
	O seu produto não está condicionado a formas pré-estabelecidas. Não impede que possa haver formas mais comuns que outras.
	Quais são os modos mais comuns?
Outorga = imposta pelo agente do poder constituinte por declaração unilateral de vontade.
Ex.: CF de 1937 = Getúlio Vargas
Promulgação = há discussão, há democracia. Há a deliberação majoritária de vontades dos agentes do poder constituinte. 
Ex.: CF de 1988.
Constituições brasileiras:
1824 = outorgada.
1881 = formalmente promulgada.
1934 = promulgada.
1937 = outorgada.
1946 = promulgada.
1667/69 = outorgada*
1988 = promulgada.
* Há duas correntes:
	1ª corrente) José Affonso da Silva = outorgada.
	2ª corrente) Manuel Gonçalves = promulgada.
	OBS.: Há o método bonapartista ou cesarista = A constituição é outorgada, mas sujeita a consulta popular sob a forma de plebiscito ou referendo. Esta consulta visa dar legitimidade à constituição. 
	Plebiscito = ocorre anterior à vigência da uma norma.
	Referendo = ocorre posteriormente à vigência da norma. Ex.: constituição atual da Venezuela.
Poder constituinte derivado reformador
	Ele pode ser de emenda ou revisão.
	É o poder de reforma da constituição federal. Sendo reforma, o objeto e federal, a origem.
	Seu objeto é então a alteração de uma constituição de origem federal. Ela pode ser feita por emenda ou revisão.
	Ele tem derivação, limitação e condicionamento. Estas são suas características.
Derivação = o produto do poder constituinte reformador deriva, busca fundamento de validade na Constituição Federal.
Limitação = o produto do poder constituinte reformador está sujeito à restrições, só que são restrições do direito positivo em vigor.
Condicionamento = o produto do poder constituinte reformador está sujeito a formas de manifestação pré-estabelecidas.
Questões polêmicas de cada característica:
	I. Derivação:
	Não encontrando fundamento de validade na constituição federal, pode-se dizer que normas constitucionais são inconstitucionais? Cabe inconstitucionalidade nas normas constitucionais? Havendo-as, em que casos? Assim, existem normas constitucionais inconstitucionais uma vez que o produto vai buscar na CF e não as encontra?
	Há duas hipóteses:
	1ª hipótese) Norma constitucional originária. Segundo o STF, no Brasil, normas constitucionais originárias não podem ser inconstitucionais. 
Fund.: Se ela é produzida pelo poder constituinte originário, que é inicial e ilimitado, o seu produto não poderá ser inválido.
	Canotilho: Isto ocorre porque a constituição está para o direito constitucional, assim como o “era uma vez” está para toda história infantil. 
O que vem antes da CF não pertence ao direito constitucional e sim à filosofia do direito constitucional. Dessa forma, não pode ser inválido. Conclui-se então, que não seguimos a teoria do Prof. Otto Bachof “Normas constitucionais inconstitucionais”. Ele admite que normas originárias sejam in constitucionais, desde que ela atente contra o que ele chama de supra-direito = um direito natural. 
Havendo conflitos entre normas constitucionais originárias, se nenhuma delas não pode ser afastada por ser considerada in constitucionais em razão da posição do STF, a solução se dará por harmonização para que elas possam, sem conjunto, serem aplicadas. Ex.: Art. 61, §1º, II, “d” c.c. art. 128, §5º CF/88 = conflito aberto de normas constitucionais originárias.
Alguns dizem que a solução se dará por ponderação, entretanto, este não é um termo técnico. Ele é critério de solução de conflitos entre princípios e nem toda norma tem estrutura principiológica. Assim, o critério mais amplo é a harmonização.
A LC nº 75/93 (MPU) e Lei 8625/96 Lei orgânica nacional do MP. Esta última prescreve normas nacionais para que os Estados organizem seus MPs. Não há interesse do PGR nesta lei. Assim, optou-se por uma lei ordinária de iniciativa reservada do Presidente da República.
Sendo a LC 75/93, a que organiza o MPU, há interesse do PGR. Optou-se por lei complementar de iniciativa concorrente entre o Presidente da República e o PGR. Aplicação da LC 75/93 e do art. 128, §5º CF/88.
	Lembrar que não há hierarquia entre normas constitucionais. Diogo de Figueiredo – Revista da PGE nº 42.
	Todas as normas constitucionais originárias têm a mesma estatura, uma não pode preponderar sobre outra, já que a fonte é a mesma. Diogo de Figueiredo afirma que não há hierarquia formal entre elas, entretanto pode haver hierarquia axiológica. Ex.: art. 1º, III CF/88 = valor fundamental da norma jurídica = dignidade da pessoa humana. Art. 242, § 2º = Colégio D. Pedro II. Entre estas normas, não há hierarquia formal, mas pode-se afirmar que há uma hierarquia axiológica.
	O que deixa claro a presença desta hierarquia de valor é a argüição de descumprimento de preceito fundamental (art. 102, § 1º CF/88).
	2ª hipótese) Normas constitucionais derivadas.
	Existe a possibilidade de haver normas constitucionais do poder constituinte derivado, serem inconstitucionais.
	1º caso: Norma constitucional federal veiculada por emenda ou revisão que viole limitação do poder de reforma da CF.
	Ex.: art. 60, § 4º (1) c.c. art. 5º, LXVII, “a” (2) CF/88. 
Cláusulas pétreas.
Não haverá prisão civil exceto nos casos de inadimplência no pagamento de alimentos e do depositário infiel.
Direitos e garantias individuais são limitações ao poder de reforma da Constituição. Isto nos reporta ao art. 5º onde a matéria está prevista. Seu inciso LXVII estabelece a vedação de pena de morte, exceto em caso de guerra externa.
Havendo EC prescrevendo pena de morte, fora dos casos de guerra externa, não é possível, somente com nova constituição.
(2) Norma constitucional estadual que viole norma constitucional federal de repetição obrigatória pelos Estados. A obrigação de o Estado repetir norma constitucional = simetria. Ex.: Se existir norma constitucional no Estado do Rio de Janeiro dispondo que homens e mulheres não são iguais perante a lei, é exemplo de norma constitucional inconstitucional. 
OBS.: O STF entende que as garantias constitucionais não se limitam ao artigo 5º. Pode-se acrescer direitos. Entretanto, eles não podem ser abolidos.
	Assim, se tomada como garantia constitucional, a imputabilidade cair para 16 anos, terá que ser considerada inconstitucional,pois se estará abolindo uma garantia constitucional.
	Se o Estado se omite com relação a uma norma de repetição obrigatória, aplica-se a simetria, desde que exista princípio constitucional. 
Alguns autores distinguem entre norma de repetição e norma de limitação. Em ambos os casos encontram-se norma estadual idêntica a federal. A norma estadual tem que ser igual a norma federal, por não haver possibilidade de ser diferente. Ex.: igualdade entre os sexos. Sendo a norma de limitação, no Estado ela poderia ser diferente. Entretanto, como o tema é de igualdade entre os sexos, a norma fica limitada no que tange a este tema.
Sendo de repetição, por simetria, estende-se a norma para o Estado. Sendo de limitação não, haveria lacuna. 
	O critério para se verificar se a norma é de simetria é o equilíbrio federativo. A simetria é a exceção, isto é, quanto mais se usa a simetria menos o Estado é autônomo, ele apenas repete a Constituição Federal.
	Ex. do TJRJ = norma estadual declarada inconstitucional.
	Ex. do STF = EC nº 3/93 em seu art. 2º, § 2º foi declarada inconstitucional pelo STF, perante o art. 150, III, “b” da CF/88.
	A EC nº 3/93 criou o IPMF = CPMF. No art. 2º, § 2º dizia que tal tributo poderia ser cobrado no mesmo exercício financeiro de 1993. O STF declarou inconstitucional em base no Princípio da Anterioridade. Em outras palavras, o STF disse que os princípios tributários são cláusulas pétreas = garantias constitucionais.
	Contribuição previdenciária de inativos é confisco, seja analisado por qualquer ângulo. Há vício formal e material nesta regra. O que o contribuinte pagou durante todo a sua vida, não recebeu nenhum acréscimo por parte do Estado. Em razão disso, seria considerado confisco exigir esta contribuição previdenciária. No que tange a esta, o STF mudou de posição em relação às cláusulas pétreas (EC nº 41 – Adin 3108 e 3107 = direitos adquiridos contra Emenda).
Questões:
	- Reformador (STF)
	
	Ex.: pena de morte sem a ocorrência de guerra externa. 
	Ex1: da EC nº 03/93 que criou o CPMF.
	- Decorrente (TJRJ)
	TJRJ declarou por várias vezes tal norma inconstitucional. Art. 161, IV, “d”, 2 da CERJ perante o art. 102, I, “b” e “c” da CF/88.
	Tal declaração se deu por via incidental. Matéria pertinente a foro especial por prerrogativa de função. Há menção a quatro autoridades estaduais com foro especial, enquanto que seus equivalentes federais não têm foro especial nenhum.
	A CERJ fala em Defensores, Delegados, Procurados do Estado e da ALERJ. Estes têm foro especial no TJRJ. Esta norma está sujeita a simetria? Seria ela constitucional ou não?
	Exemplo prático = Você é Promotor de Justiça da PIP (investiga a polícia) da Barra da Tijuca. Chega ao MP um Inquérito Policial que descreve em tese, a prática de estelionato por parte de um Procurador do Estado. Qual providência que você toma?
	Se a norma em pauta for constitucional, o órgão do MP não teria atribuição. Já se a norma for constitucional, há a atribuição.
	O TJRJ e o STJ sempre entenderam que estas normas que se referem ao foro especial são inconstitucionais. Já o STF atualmente está em sua terceira posição:
	1ª posição do STF = Adin x Constituição do Maranhão = norma constitucional ressalvada a competência do Tribunal do Júri. 
	Crítica: Esta posição permitia desigualdade entre funções análogas, essenciais à Justiça. Ex.: Homicídio praticado por Defensor Público do Estado do Rio de Janeiro em Juiz de Fora. Homicídio praticado por Promotor de Justiça do Estado do Rio de Janeiro em Juiz de Fora. Com base neste entendimento, o Defensor seria julgado pelo Tribunal do Júri de Juiz de Fora e o Promotor pelo TJRJ.
	
	2ª posição do STF: Adin x Const. Do Maranhão.
	A princípio a norma seria válida com exceção dos casos de competência do Tribunal do Júri, excluída a possibilidade do Delegado de Polícia Civil ter foro especial. O fundamente seria a dificuldade de controle externo do MP.
	3ª posição do STF: Adin x Constituição de Goiás = norma inconstitucional.
	Aplica-se a simetria, assim a norma é inconstitucional e ninguém tem foro especial já que os equivalentes federais não têm.	
	Observar que a Súmula 721 do STF está superada por não ser mais o entendimento daquela corte.
	OBS.: Os Defensores Públicos do Estado do Rio de Janeiro ainda tem foro especial depois desta decisão da Adin de Goiás?
	Sim, eles ainda possuem foro especial, porque não foi julgado o mérito da Adin de Goiás dando-lhe efeito vinculante, assim sendo, a norma ainda é válida.
	Quando for julgada a liminar da Adin do RJ 558, a norma ainda será válida.
II. Limitação.
Questões:
	Quais são as limitações existentes ao poder de reforma constitucional?
	Nélson de Souza Sampaio as classifica:
				Temporal
	
	Limitações 		Circunstancial
							Explícita
				Material 
							Implícita
	1) Temporal = Está impedida a reforma da constituição durante um certo intervalo de tempo. Durante este tempo, não poderá haver revisão.
	No Brasil não há limitação temporal. Somente a Constituição de 1824 (Imperial) teve tal limitação.
	O ADCT em seu art. 3º = não limitação temporal. Trata-se de uma forma de reforma e não de emenda. Podia ser reformada por emenda e não por revisão constitucional.
	Art. 60, § 1º CF/88 = a matéria não pode ser objeto de mesma proposta no mesmo ano.
	2) Circunstancial = A reforma constitucional fica impedida durante a ocorrência de uma circunstância extraordinária.
	Art. 60, § 1º CF/88 = Não cabe emenda ou reforma em Estado de defesa, de sítio e intervenção federal.
	Prof. Bilac Pinto = Inefetividade da intervenção federal. Por que a intervenção federal tornou-se inefetiva? O que simboliza a inefetividade?
	Significa que em vários Estados há a causa para a sua decretação, mas ela nunca é colocada em prática. E por quê?
	A causa está no art. 60, § 1º da CF/88 = como ainda necessitamos fazer várias emendas e há cinco em andamento, havendo uma intervenção elas não poderão ocorrer. A causa é não impedir a reforma da constituição.
	Com isso ocorre o que alguns autores chamam de intervenção branca = é aquela não prevista na CF, mas que a prática acaba criando. Ex.: uso das forças armadas. Não há previsão constitucional do uso do exército em patrulhamento urbano. Na intervenção federal, que é um estado de exceção, ela recai sobre a autonomia do Estado. Não se afasta qualquer direito ou garantia.
	3) Material.
	Refere-se a certa matéria. A reforma é impossibilitada em relação a certa matéria. Esta pode ser implícita (decorre do sistema) ou explícita (norma expressa), conforme haja ou não norma expressa.
Explícita = há norma expressa indicando a limitação. Ex.: cláusula pétrea (art. 60, § 4º CF/88)
Implícita = 
1) Titularidade e exercício do poder constituinte não poderão ser alterados (art. 1º, parágrafo único CF/88).
2) Processo de reforma constitucional. Não caberá reforma no art. 60, caput, § 2º, § 3º, § 5º CF/88. Os §§ 1º e 4º referem-se a outros fatores. Seria como se a Emenda alterasse as regras da Emenda. Assim, esta é uma limitação inequívoca.
Questões:
Limitação material explícita ou cláusula pétrea.
A.1) Extensão (art. 60, § 4º, IV da CF/88)
	O art. 60, § 4º, IV da CF/88 trata dos direitos e garantias individuais. Individual é individual (análise literal) ou refere-se a direito fundamental (interpretação extensiva)?
	O Título II da CF/88 é todo pertinente aos direitos fundamentais. Um de seus capítulos é sobre direito individual. Este seria uma espécie de direito fundamental. Todo direito individual é fundamental, mas não o contrário. Dentro dos fundamentais há os coletivos, sociais, etc.
	Na prática, esta questão pode ser formulada da seguinte forma: Proposta EC que abole o salário mínimo, esta proposta seria válida ou não?
	Salário mínimo é direito social.Ele é fundamental, mas não é individual. Se se entende que individual é individual, a proposta é constitucional, porque não feriu direito fundamental individual.
	Se se entende que individual é fundamental, tal proposta seria inconstitucional.
	Há duas correntes sobre o tema:
	1ª corrente) Sílvio Motta. (posição isolada)
	Direito individual é individual. A interpretação é literal. Assim, a proposta seria constitucional.
	2ª corrente) Manoel Gonçalves Ferreira Filho e todos os outros.
	Onde está dito individual, leia-se fundamental. Assim, a interpretação é extensiva para que se possa proteger situações como esta do exemplo. Além disso, haveria interpretação histórica, uma vez que a CF este dispositivo da CF/67.
 	O art. 5º de hoje menciona direito individual, coletivo, etc.
	O STF acolheu o entendimento de que é direito fundamental e não individual (acórdão de 1999 sobre salário gestante que é chamado de direito fundamental, o que nos faz concluir que este engloba todos os direitos sociais).
	Outra interpretação extensiva feita pelo STF trata-se do art. 5º, caput CF/88, que fala em igualdade, etc, entre brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil. Assim, num vôo, Alemão vindo de Frankfurt com destino ao Chile, faz uma escala no Rio de Janeiro e é assaltado no hall do Galeão. Você como Delegado da Polícia Federal no Galeão autua o fato ou não?
	Se se interpretar literalmente a CF não autua, porque ela fale em brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil. Roubo é crime contra a propriedade, se estrangeiro em trânsito não é titular de propriedade não há bem jurídico lesado. Assim, não há crime e nem autuação.
	Desta forma, por extensão o STF inseriu o estrangeiro em trânsito = ele está sob a ordem jurídica brasileira. Assim, a premissa é que o STF reconhece que as cláusulas pétreas atingem a todos os direitos fundamentais.
	A.2) Profundidade (art. 60, § 4º CF)
	Diz este artigo que não será sujeita a deliberação proposta tendente a abolir (...). Pergunta-se: tendente se refere a quê?
	Há duas correntes:
	1ª corrente) Tudo que cause abolição é inconstitucional.
	2ª corrente) Tudo que cause acréscimo é válido.
	Mas e as alterações de pequena intensidade? Há situações em que a reforma não tende a abolir direitos. Estes são os mesmos que antes existiam, mas há modificação da forma do direito ser exercitado. O direito é o mesmo, só se altera sua forma de exercício.
	Na prática seria uma questão de como será válido o salário mínimo estadual?
	Há duas correntes, mas antes disso discute-se se os direitos sociais são protegidos ou não. Sendo protegidos, há duas correntes.
	1ª corrente) Ataliba Nogueira.[
	Não haveria possibilidade de ocorrer alteração de menor intensidade. Assim., ela seria inconstitucional. Só caberia acréscimo. Este tipo de alteração seria tendenciosa a abolir o direito.
	2ª corrente) Nagib Slaib Filho.
	Existe a possibilidade de acréscimo e de mudança de pequena monta. Ele entende que havendo apenas mudança na forma do direito ser exercido não é tendencioso.
	O STF julgou a Adin 3108 x EC 41. Neste julgamento o Supremo colocou que as cláusulas pétreas não seriam totalmente intangíveis. Assim, o Supremo admitia alteração de menor intensidade.
16/03/05
Questões:
	O que significa Teoria da dupla reforma?
	Dupla reforma = dupla revisão.
	É uma forma oblíqua de atentado contra as cláusulas pétreas. Este atentado decorre de duas reformas. A primeira emenda remove a cláusula pétrea e a segunda vem para disciplinar em sentido contrário o que a anterior cláusula pétrea protegia. Isto ocorreu em Portugal. É possível ocorrer no Brasil?
	Ressalva a posição isolada do Prof. Manoel Gonçalves, ela é inconstitucional. Assim, de maneira majoritária está confirmada uma terceira limitação material implícita sobre a enumeração das limitações materiais explícitas para tornar a dupla reforma inconstitucional. Há limitação implícita em relação ao art. 60, § 4º da CF/88.
	É admissível a mudança da forma ou sistema de governo? Seria constitucional uma emenda que dissesse, por exemplo, que está criada a monarquia no Brasil?
	
	Lembrar que já tivemos plebiscito em 1992 onde se escolheu o Presidencialismo republicano. Seria possível a convocação de um segundo plebiscito? Estaria criada uma quarta limitação implícita?
	Há duas correntes:
	1ª corrente) Gustavo Justi Costa e Silva.
	Seria possível a alteração da forma ou sistema de governo. Seria conveniente nova consulta popular para esta alteração, mas ela não é necessária, apenas conveniente. Sua fundamentação é que não há nenhuma limitação material implícita sobre o tema.
	2ª corrente) Fábio Konder Comparato. (majoritária)
	Não há tal possibilidade. Isto se dá com o fundamento de que não há possibilidade do exercente do poder constituinte ter sua vontade preponderando sobre o titular. A vontade do povo já foi explicitada, assim não poderia ser maculada por seus representantes. A matéria estaria preclusa.
	Com esta posição haveria uma quarta limitação material implícita. Esta corrente é majoritária, mas não unânime.
	Existe a possibilidade de convocação de uma segunda revisão constitucional?
	Lembrar que o procedimento de uma revisão é muito mais fácil do que a da emenda. Esta exige quatro turnos, 3/5 dos votos, sessões nas duas casas. A reforma é feita em um turno, sessão unicameral e maioria dos votos. Assim sendo, politicamente, a reforma seria muito mais viável.
	Há duas correntes:
	1ª corrente) Manoel Gonçalves Ferreira Filho.
	É possível a segunda revisão, mas desde que antecedida por emenda convocando a revisão. Isto porque não há limitação explícita quanto à possibilidade de segunda revisão.
	2ª corrente) Josaphat Marinho. (Adin 959 STF) (majoritária)
	Não há tal possibilidade, nem por emenda. Isto se dá porque o art. 3º do ADCT fala em a revisão constitucional, que já foi feita. Assim, a eficácia do dispositivo estaria exaurida desde 1993. 
	Esta seria a quinta limitação material implícita.
	Existe direito adquirido contra reforma constitucional?
	Tema das Adins 3107 e 3108.
	A EC 41 alterou a Previdência em vários pontos. Além de crias a contribuição previdenciária do servidor público inativo, estabeleceu o teto retributivo unificado. Há somente um teto o do Ministro do STF. Quem recebe mais que o teto terá que se adequar a ele. Assim, a EC 41 está limitando o direito adquirido.
	O teto estadual é tripartido. Por simetria federal, será estabelecido o teto por lei de iniciativa do Governador do Estado.
	Há duas correntes quanto a esta possibilidade:
	1ª corrente) José Affonso da Silva, Manoel Gonçalves.
	Não há direito adquirido contra a reforma constitucional. A constituição é produto de poder constituinte originário, assim não há como limitá-la. Já a reforma constitucional é produto do poder constituinte derivado que é limitado. A limitação é do art. 60, § 4º, IV CF/88. Sendo individual, reporta-se ao art. 5º, XXXVI que menciona a garantia individual do ato jurídico perfeito, da coisa julgada e do direito adquirido, que são intangíveis.
2ª corrente) Celso Bastos, Celso Mello, Daniel Sarmento, L. O. Jungsted, Slaib Filho.
	Não há direito adquirido contra nova constituição e nem contra reforma constitucional. O art. 5º, XXXVI diz que o alcance da limitação não é tão extenso assim. A limitação é dirigida ao legislador e não ao constituinte.
Há oito acórdãos do STF com base no disposto na CF/69. Com base na CF/88 não há cordão do STF, já o STJ possui um acórdão após a CF/88.
III. Condicionamento.
 
	São as formas pelas quais o poder constituinte reformador são estabelecidas na CF/88. São elas: Emenda e Revisão.
	Quais são as diferenças práticas e técnicas entre elas?
	Na CF/88 não há artigo nenhum que trate de tais diferenças. A única que teve foi a 1937. Emregra, há duas diferenças: uma material (conteúdo) e a outra formal (procedimento).
	Emenda é pontual. Ela incide sobre matéria certa. Revisão é global, podendo atingir toda a constituição, salvo matérias protegidas. Há também a diferença formal, uma vez que o procedimento de ambas é profundamente diferente. Ver art. 60, § 2ª da CF/88 que versa sobre proposta de Emenda.
	Emenda = bicameral em quatro turnos (dois turnos em cada casa), 3/5 dos votos em cada cãs (conta-se quantos membros existem, multiplica-se por cinco e divide-se por três).
	No ADTC em seu art. 3º = Revisão constitucional = sessão unicameral do Congresso Nacional, em um turno somente e por maioria absoluta (primeiro número inteiro após a metade). Considera-se o número de membros existentes e não os presentes.
CONSTITUIÇÃO
Conceito
	
	Constituição não possui um conceito unívoco e sim equívoco.
1º sentido = SOCIOLÓGICO = “fator real de poder” (Ferdinand Lassalle “A essência da Constituição”).
Constituição 	2º sentido = POLÍTICO = “decisão política fundamental”. (Carl Schmith “Teoria da Constituição”) 
3º sentido = JURÍDICO = “lei fundamental do Estado e da sociedade” (Hans Kelsen).
	No sentido jurídico do conceito de constituição pode haver a distinção entre constituição em sentido formal e em sentido material.
	Constituição formal = conjunto de normas formalmente constitucionais.
	Constituição material = Ela é o somatório das matérias que estão no texto da constituição mais as normas que estão fora da constituição que versem sobre matéria própria dela.
	Esta se apresenta sobre um novo título = bloco de constitucionalidade = é a constituição material aplicada a controle de constitucionalidade. Alcançam normas com substratos constitucionais, mesmo legais.
	Ex.: poderia haver controle de constitucionalidade de uma lei federal que versasse sobre registro público com o CC. (Adin 515)
	OBS.:
	Este conceito não tem nada a ver com a nossa ordem jurídica. Na França, por exemplo, os direitos fundamentais estão no preâmbulo da Constituição. E este, lá, não integra a Constituição, por isso criaram o conceito de bloco de constitucionalidade para ser feito o controle. Na França a Constituição é sintética.
	Além disso, a CF não se exaure em suas regras, certamente haverá um princípio constitucional.
Objeto.
	Define quais são as matérias próprias da constituição.
	Em síntese, ela tem duas matérias próprias:
	1) Divisão do poder político. (Parte orgânica)	
Direitos, garantias e remédios constitucionais.
Isto é a síntese do direito constitucional: Teoria do Estado e Teoria dos direitos fundamentais. (Parte dogmática = dogma de proteção da pessoa humana).
NOTAS:
	A) A divisão do exercício do poder político = O poder político não é dividido na sua essência e sim em seu exercício. Ele é uno e indivisível, assim não se divide sua essência e sim seu exercício.
	A divisão de três poderes não é de Montesquieu. Surgiu inicialmente na doutrina de Locke, mas este colocava o Legislativo acima dos outros poderes. Montesquieu trouxe a novidade de falar em três poderes autônomos e harmônicos entre si. A tripartição dos poderes não é a única forma de divisão do exercício do poder político. Este poderá ser dividido em:
	A.1) Territorial ou em plano vertical = A base da diferença está no direito administrativo que divide entidade e órgão. Entidade é pessoa jurídica. Órgão é despersonalizado, é centro de atribuição, não é pessoa jurídica. 
	Neste plano, o exercício do poder político é dividido entre entidades diferentes. No Brasil seria:
				 União
				 Estados
				 Distrito Federal
				 Municípios
	A.2) Funcional ou em plano horizontal.
	É a divisão do poder político entre órgãos diferentes.
		
	Poder Legislativo Poder Executivo Poder Judiciário
	Assim, confirma-se que há divisão do exercício do poder político. E a tripartição não é a única, até porque em cada órgão há a existência dos três poderes e suas funções.
	B) Direitos, garantias e remédios constitucionais.
	Estas são matérias constitucionais, inclusive os objetivos que o Estado pretende executar para alcançá-lo. Nosso Estado é intervencionista. Assim, alcançam inclusive a intervenção do Estado na ordem econômica. 
Além disso, existe diferença entre garantia e remédio? Além de direito?
Há a diferença e esta é temporal. Ela ocorre em três momentos:
1º momento = a Constituição afirma a existência de um direito.
2º momento = para assegurar o direito, a Constituição estabelece algumas garantias.
3º momento = para tornar efetiva a garantia, há os remédios.
Assim: A todo direito corresponde uma garantia que o assegura e a toda garantia corresponde um remédio que o torna eficaz.
	Ex1: 
	Código Penal: A CF/88 afirma direitos, entre eles o de ir, vir e ficar ou a liberdade ambulatorial ou liberdade de locomoção.
	Para assegurar tal direito, a CF prescreve algumas garantias: só existe a possibilidade de restrição da liberdade, por decisão fundamentada de autoridade competente, salvo flagrante delito e punição militar. Assim, esta é a formalidade da prisão provisória.
	Havendo prisão ilegal caberá habeas corpus, que é o remédio correspondente.
	Ex2:
	Código civil e matéria civil: A CF assegura a propriedade privada. Este é um direito fundamental. Há garantias que asseguram tal direito = só haverá desapropriação se houver interesse público. Ferida esta garantia, caberá o mandado de segurança, que é o remédio correspondente.
						 Direito
	Remédio				 			 Garantia
	José Affonso da Silva = Hoje o centro dos estudos do direito constitucional está partindo da parte orgânica (Estado) para a dogmática (direitos fundamentais).
	Ex.: A CF/88 traz os direitos fundamentais em seu início. Antes era em seu final, o que significava que o Estado garante os direitos fundamentais. Agora, os direitos fundamentais limitam a atuação do Estado.
Elementos.
				Orgânico
			
				Limitativo
	Elementos 		Sócio-ideológico
				Estabilização constitucional
				Formal de aplicabilidade		 	
Orgânico = É a divisão do poder político. Estão no Título III e Título IV da CF/88.
Limitativo = tudo ligado aos direitos, garantias e remédios constitucionais. Esta matéria está concentrada e não exaurida no Título II.
Sócio-ideológico = Finalidades que o Estado pretende alcançar na ordem econômica e social. Também concentrada nos Títulos VII e VIII.
Estabilização constitucional = É todo e qualquer elemento sobre formas de solução de conflitos constitucionais.
4.1) Controle de constitucionalidade = quando este ocorre, a rigor, existe um conflito.
	 4.2) Intervenção federal = aqui há um conflito que não atinge a própria constituição, mas sim um conflito que nela repercute. É conflito entre a União, Estados e Distrito Federal.
Questão:
	Qual a natureza jurídica do preâmbulo e do ADCT?
	Quanto ao preâmbulo há duas correntes:
	1ª corrente) José Affonso da Silva, Tupinambá de Castro.
	O preâmbulo é uma peça de direito, isto é, é a parte da constituição.
	2ª corrente) Alexandre de Morais, Pinto Ferreira.
	Ele não é peça de direito e sim peça de política, assim sendo, ela não integra a constituição.
	OBS.: Há algumas situações que somente o preâmbulo trata.
23/03/05
Classificação das constituições
Quanto à sua origem.
				Outorgada = declaração unilateral de vontade do agente do poder constituinte.
Constituição 
Promulgada = deliberação majoritária de vontade dos agentes do poder constituinte.
Brasil:
1824 = outorgada.
1881 = formalmente promulgada.
1934 = promulgada.
1937 = outorgada.
1946 = promulgada.
1667/69 = outorgada*
1988 = promulgada.
* Há duas correntes:
	1ª corrente) José Affonso da Silva = outorgada.2ª corrente) Manuel Gonçalves = promulgada.
Quanto à sua forma.
				Escrita = É sistematizada em um único documento.
Constituição 
Não escrita = É aquela não sistematizada em um único documento. Decorre do somatório de vários documentos.
				E.: Reino Unido, Nova Zelândia, Israel, Arábia Saudita.
Histórico.
Liberal = É própria do estado liberal, não intervencionista. Não há ordem econômica e social, pois o Estado não intervém neles.
				Ex.: EUA, até os dias de hoje.
Constituição 
Social = É própria do estado social, intervencionista. Há capítulo próprio sobre ordem econômica e social. 
Ex.: México 1937 – é divisor de águas. Depois dela, todas são sócias. Alemanha 1919; Espanha 1930 e Brasil 1934 eram sociais, mas não estão mais em vigor.
	OBS.: Argentina. Sua constituição não é liberal. Ela só tem uma constituição que data de 1850. Entretanto, em 1994 ela foi profundamente reformada, sendo introduzidos capítulos que se referem à ordem econômica e social. Assim, de liberal tornou-se social.
	
Modo de feitura ou elaboração.	
Dogmática = É aquela que adota a idéia preponderante em matéria política no momento de sua feitura.
				Ex.: Brasil em 1988.
Constituição 
Histórica = Acolhe uma série de idéias em matéria política no curso da história. Toda constituição não escrita é histórica.
				Ex.: Reino Unido formada pelos acts.
OBS.: 
	HETERO-CONSTITUIÇÃO = quando um país impõe a sua constituição sobre outro.
	Ex.: Alemanha e Japão no pós-guerra.
	Pode ocorrer também em países que adotam voluntariamente a constituição de outro país.
	Os dois únicos critérios em que existe a possibilidade de combinação entre eles é quanto ao modo de feitura e quanto à forma. Os outros são critérios estanques.
Quanto à estabilidade.
Rígida = É inteiramente indispensável por uma emenda ou reforma constitucional.
				Ex.: Brasil.
Constituição 			Flexível = É inteiramente modificável por processo legislativo ordinário.
Ex.: Código Albertino de 1840 (Itália). A do Reino Unido é rígida, pois é necessário os acts.
Semi-rígida = É em parte rígida e outra parte flexível. Algumas matérias são alteráveis por lei. A própria constituição menciona quais as matérias alteráveis e de que forma poderão sê-las.
	OBS.:
	Maria Helena Diniz e Alexandre de Morais mencionam em suas obras, a existência de uma quarta categoria: super-rígida. Esta categoria é dada pela cláusula pétrea. Rígida é a modificação por emenda ou reforma constitucional, onde for possível. Onde não for possível, não caberá a modificação.
	Falam também que super-rígida seria aquela que não se pode alterar, o que também não é o caso. A idéia de constituição super-rígida viola o próprio conceito de constituição. Seria a imposição de uma ordem jurídica de uma geração sobre a outra. O exemplo que ambos os autores usam já foi revogado: Finlândia (o que prova que não era super-rígida).
Quanto à finalidade.
Sintética = Só versa sobre a matéria propriamente constitucional. Só possui normas materialmente constitucionais.
				Ex.: EUA.
Constituição 
Analítica = Versa além das materialmente constitucionais, como outras formalmente constitucionais.
				Ex.: Brasil.
	Guardadas as devidas proporções e adaptações, a analítica e sintética, em Portugal tem outros nomes. Sua base doutrinária está em J. J.Gomes Canotilho:
Sintética aproxima-se de constituição de garantia.
Analítica aproxima-se de constituição dirigente.
Assim, qual a natureza jurídica da constituição brasileira em vigor?
	Origem = promulgada.
	Forma = Escrita.
	História = Social.
	Elaboração = Dogmática.
	Estabilidade = Rígida.
	Finalidade = analítica, dirigente.
Normas constitucionais
	A partir deste ponto, ao se falar em normas constitucionais se tratará de normas formalmente constitucionais que são aquelas que estão em seu texto, qualquer que seja a matéria.
	Deve-se precisar alguns conceitos:
Vigência.						
	É a existência da norma. Se a norma existe, ela tem vigência. Não se discute se há compatibilidade ou os seus efeitos.
Questão:
	Qual o termo inicial de vigência? Quando um projeto deixa de sê-lo para se tornar lei?
	Há três posições:
	1ª corrente) Caio Mário = no momento de sua promulgação.
	2ª corrente) Maria Helena Diniz = publicação.
	3ª corrente) Outro momento.
					
Iniciativa.
Discussão, deliberação.
Votação.				Processo Legislativo ordinário.
Sanção, veto.			 (Ver art. 6º, § 1º da CF/88.)
Promulgação.
Publicação.
Sob o ponto de vista técnico, ambos estão equivocados. No intervalo de tempo entre a votação e a sanção há a alusão a projeto. Art. 66, § 7º = no intervalo entre a sanção e a promulgação = tal artigo alude a lei. Assim, o projeto se tornaria lei na sanção ou rejeição do veto.
				Votação
				 
				 	Projeto
				Sanção
				 
					Art. 66, § 7º = Lei
				Promulgação
					
	Há um erro no § 5º. É errado naquele local, falar em projeto, na verdade é lei. Se o veto não for mantido já há lei. 
Lembrar que vigência é diferente de obrigatoriedade. A vigência já existe desde a sanção ou rejeição ao veto, mas só se torna obrigatória quando for afirmada “por ficção jurídica” a ciência de terceiros. Assim, só haverá obrigatoriedade com a publicação. Mas a existência é anterior. A norma só se torna cogente com a publicação. Cogente = versar sobre ordem pública, em termos técnicos.
 Entre os constitucionalistas o termo inicial é a sanção. Não há controvérsia.
	2) Validade.
	É a compatibilidade com a norma imediatamente superior. Constitucionalidade e legalidade são sinônimos de validade. Assim como inconstitucionalidade e ilegalidade são sinônimos de invalidade. Isso dependerá de qual norma superior está sendo considerada.
			 Constituição	Norma constitucional
						(in) validade = constitucionalidade, inconstitucionalidade.
										 				 		 Lei Norma legal
				 		(in) validade = legalidade, ilegalidade.
				Decreto Norma legal infra
Questão:
	Qual a diferença prática entre revogação e declaração de inconstitucionalidade?
	Revogação atinge a norma em sua vigência. Norma revogada é norma que deixa de existir. No Brasil refere-se a norma de superior ou igual hierarquia.
	Inconstitucionalidade = invalidade. A norma fica inválida, não produzindo mais efeitos, mas continua existindo. O judiciário nunca poderia revogar uma norma, pois não poderia anular um ato que não é dele. Estaria quebrando a separação de poderes.
	Pode haver a revogação de uma norma que foi considerada inconstitucional?
 
	Sim. Ex.: ontem houve Emenda permitindo a pena de morte. Hoje ela é declara inconstitucional. Amanhã ela pode ser revogada para dar segurança jurídica.
	3) Eficácia.
	É a aptidão para a produção de efeitos jurídicos. Se a norma está apta para produzir efeitos jurídicos ela terá eficácia. Na vacatio legis a norma tem vigência, é válida, mas é ineficaz.
Questão;
	A LICC, e o seu art. 2º em especial continua em vigor? A LC 95/98 derrogou a LIC, especialmente o art. 2º?
	Há duas correntes:
	1ª corrente) J. M. Leoni. (majoritária)
	Não derrogou. Elas se aplicam em conjunto.
	2ª corrente) Guilherme Peña.
	Foi derrogada. Ver art. 8º = cláusula de eficácia expressa. Art. 9º = cláusula de revogação expressa. Com isso estaria abolida a revogação tácita. Ver art. 59, parágrafo único da CF/88 = “lei complementar disporá sobre (...) leis”. Em 1988, a LICC foi recepcionada pela CF como lei complementar. Surgiu, no entanto, a LC 95/98 falando sobre temas específicos.
	A doutrina, no entanto, tende a entender que não houve revogação.
	4) Aplicabilidade/Efetividade.
	Elas não seriam conceitos autônomos e sim qualidades da eficácia. São implícitosa ela. Deve-se sempre atrelar cada um desses conceitos a seu autor.
	Aplicabilidade = José Affonso da Silva = Aptidão da norma para ser aplicada a casos concretos. Eficácia é teórica. Aplicabilidade é concreta, casuística. “Eficácia é ligada a potencialidade. Aplicabilidade é ligada a realizabilidade”.
	Efetividade = Luiz Roberto Barroso = Estava em Kelsen com nome de eficácia jurídica e social. Tem eficácia social a norma que tem aptidão para ser efetivamente aplicada ao meio social.
	Ex.: Há normas que “pegam” e outras que “não pegam”. O CDC pegou, entretanto multa a pedestre não. Isto resolveria situações como a chamada por Damásio de Jesus, de revogação social.
Classificação das normas constitucionais
	1) Doutrina clássica (Manoel Gonçalves Ferreira Filho e Thomas Croley)
Auto-aplicável (self executive) = Sua aplicabilidade não depende da existência de norma legal. Ela basta por si só.
				Ex.: Art. 1º, parágrafo único e art. 2º da CF/88.
Norma constitucional		
Não auto-aplicável (not self executive) = Sua aplicabilidade depende da existência de norma legal. 
				Ex.: art. 134, parágrafo único LC 80/94.
				Assim a constituição não basta por si só.
Ex.: art. 201 da CF/88. Leis nºs 8212/91 e 8213/91 – Seguridade Social. Estas leis deram aplicabilidade ao art. 201. 
Críticas à doutrina clássica:
	- Auto-aplicável = Nem toda norma é totalmente auto-aplicável. E nem não auto-aplicável. Normas legais podem, em certos casos, conter os efeitos de normas constitucionais.
	O Art. 5º, XIII da CF/88 = a norma é facultativa e tem que conter a norma constitucional. “Trabalho, ofício, profissão é livre desde que obedeça a CLT”.
	Art. 93, IX CF/88 = também se contém seus efeitos. O artigo diz que os julgamentos serão públicos, podendo a lei vedar esta publicidade em alguns casos (CPC e CPP).
	Assim, há contenção de eficácia pela norma.
	- Não auto-aplicável = Nem toda norma é totalmente não auto-aplicável. Por mais abstrata que a norma seja, pelo menos dois efeitos ela tem que produzir: revogatório (revoga a norma anterior com sua simples existência) e inibitório (inibe que o legislador prescreva em sentido contrário).
	Em razão destas críticas, a teoria clássica caiu, surgindo uma nova classificação.
	2) Doutrina Moderna. (José Affonso da Silva, Vízio Crisafulli)
				Eficácia plena = sua aplicabilidade não depende de existência de norma legal.
				Ex.: art. 1º, parágrafo único, art. 2º CF/88.
Norma constitucional 		Eficácia contida = é aquela que admite contenção dos efeitos por norma legal.
				Ex.: Art. 5º, XIII e art. 93, IX CF/88.
				Eficácia limitada =
					
					�
Princípio institutivo ou organizatório = conteúdo instituizador ou organização de órgão público. Ex.: art. 134, § 1º CF/88 = Defensoria Pública.
Princípio programático = conteúdo de programa de atuação do governo no futuro. 
Ex.: art. 201 CF/88 – Seguridade social�
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30/03/05
Teoria do desenvolvimento e efetivação das normas constitucionais
(Sérgio Mouro)
	Faz crítica à teoria moderna de José Affonso da Silva. Existem normas constitucionais de eficácia limitada e que não estão reguladas por norma legal. Elas não seriam aplicáveis, segundo a teoria de José Affonso, até que surgisse norma legal para aplicá-las. Entretanto, pode acontecer que estas normas não regulamentadas consubstanciem direitos fundamentais.
	Esta é a crítica, pois aplicando a teoria de José Affonso, o direito fundamental seria negado no caso concreto, e a norma não seria aplicada o que feriria princípios constitucionais, como a dignidade da pessoa humana.
	Para solucionar esta situação, surgiu a teoria do desenvolvimento e efetivação das normas constitucionais. Esta teoria surge em torno do art. 5º, § 1º CF/88 que prescreve que as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. 
	Alguns autores, em razão deste § 1º do art. 5º afirmam que todas as normas em torno de direitos e garantias fundamentais são de eficácia plena. Isto é um equívoco. Há exemplo de eficácia contida no próprio inciso XVI do art. 5º = em relação a trabalho. Há eficácia limitada no art. 5º, XXXII que trata da defesa do consumidor.
	Assim, o art. 5º, § 1º não classifica que todas as normas constitucionais sobre direitos e garantias fundamentais sejam de eficácia plena.
	O § 1º deve ser interpretado da seguinte forma: as normas constitucionais definidoras de direitos fundamentais independentemente da classificação abstrata que tenham, dão ensejo à prestação jurisdicional naquilo que comportarem.
	Assim, as normas que definem direitos fundamentais não terão sua classificação mudada pelo § 1º do art. 5º, mas a jurisdição não pode ser negada, dentro doa limites da norma.
	Ex.: Direito constitucional federal.
	Indivíduo com HIV procurou remédio e não encontrou em nenhum lugar, em nenhum hospital público, seja federal, estadual ou municipal. Cabe ação judicial com o fim de condenar o Estado a distribuir gratuitamente seus medicamentos?
	Se não se aplicar a teoria do desenvolvimento e efetivação (...) a pretensão do indivíduo, fundamentada no art. 196 da CF, não seria possível uma vez por se tratar de normas meramente programáticas, que não foi prescrita, regulamentada por norma legal.
	Não há nenhuma norma prescrevendo a distribuição gratuita de medicação para hipossuficiente econômico. Assim, a pretensão do indivíduo não poderia ser aplicada ao caso concreto.
	Para tentar solucionar tal questão, cabe ação com fundamento no art. 5º, § 1º da CF/88.
	Qual ação é cabível?
	Cabe o MS, mas ele não é muito efetivo no presente caso. Existe o direito líquido e certo e há o ato coator, mas ele não é efetivo, porque a parte vai conseguir apenas obter o medicamento negado naquele dia especificamente, pois o ato coator tem data certa. O Estado, por MS, não poderá ser condenado a prestar reiteradamente o medicamento.
	Cabe mandado de injunção, mas também seria a ação condenatória uma obrigação de fazer com tutela antecipada. Fazer = implementação da saúde pública para aquela pessoa e não somente dar o medicamento. Em razão de ser uma obrigação de fazer, a tutela antecipada deve ser requerida com base no art. 461, § 3º do CPC.
	E quem seria o réu? O União, o Estado ou o município?
	Há lei que disciplina quais são os medicamentos de competência federal, estadual e municipal. Sendo, por exemplo, o medicamento de competência federal, o morador de São João do Meriti proporá ação contra quem? O STF responde com posição consolidada que o art. 196 importa em obrigação solidária, podendo ser a ação proposta isoladamente ou em litisconsórcio passivo facultativo
	Qual seria o critério sobre o quanto a ser pago?
	Com base na doutrina alemã, deve-se aplicar três princípios, três critérios:
Princípio do mínimo existencial;
Reserva do possível;
Vedação do retrocesso.
Este caso concreto aplica os dois primeiros princípios. É um típico exemplo de ponderação entre o mínimo existencial e a reserva do possível. O Estado deve ser custeado a prestar algo que é possível.
Combinando estes dois ângulos por ponderação, haverá o estabelecimento do quantum em que o Estado será condenado.
	Estes princípios só serão encontrados em dois autores: Luiz Roberto Barroso e Ana Paula de Barcellos. Em ambos a ponderação é citada como o mais moderno dos princípios. Entretanto, o que é novo é sua formatação, uma vez que o instituto é antigo. O CC/16 já o possuía no art. 400. O que é novo é o critério de solução da ponderação, os princípios são atuais.
	Ambos dizem que esta ponderação do mínimo existencial é impossível. O próprio tribunal constitucional alemão ponderou. O que não se pondera é a dignidade humana. A ponderação envolve valor.
	Foi citado um terceiro princípio: vedação do retrocesso, que não se aplica ao exemplo citado.
	Tal princípiosó se aplica em um único caso: quando há norma de eficácia limitada meramente programática, ela é abstrata, não prescrevendo nenhum direito. Assim, o direito surge da norma legal, sendo esta o centro do princípio. Vedar o retrocesso é impedir que esta norma legal, que criou o direito, seja revogada por outra norma legal sem ao menos criar uma política substitutiva = faz com que a norma não esteja engessada.
	O direito da segunda norma não pode ser menos relevante, de menor estatura, não pode tutelar de maneira menos benéfica o direito da primeira norma. 
Ex.: É possível a interrupção de prestação de serviço público essencial por falta de pagamento do usuário?
	Art. 5º, XXXII da CF/88 = norma programática. Norma legal = CDC = Lei 8078/90 = art. 22. O art. 5º, XXXII é abstrata, o CDC a regulamentou. No art. 22 CDC há a disposição há a disposição de que quando o serviço público for essencial, deve ser contínuo. Há o direito a continuidade. A Lei 8987/95 em seu art. 6º, § 3º, II diz que não se considera interrupção havendo notificação extrajudicial. Esta lei não distingue se o serviço é essencial ou não.
	Esta norma só se aplica a serviço público não essencial. Se ela se aplicara serviço público essencial, ela seria um retrocesso, o que é vedado. Para a Fazenda restaria duas esferas: o que é serviço público essencial e a alegação que este não é princípio constitucional brasileiro.
	Norma constitucional de efeicácia limitada = art. 226, § 3º CF/88 refere-se à união estável enquanto entidade familiar. Existiam duas leis sobre os companheiros e determinava que a sua sucessão seria igual a dos cônjuges. O CC/02 diz, no entanto, que a sucessão dos companheiros é diferente da dos cônjuges. Assim, se o princípio da vedação do retrocesso existir no Brasil, determinaria que o CC/02 é inconstitucional no que concerne à sucessão dos companheiros. Aliás, os quatro artigos da união estável são inconstitucionais. Tutela meta-individual do direito coletivo.
	Esta teoria pode ser aplicada na prova do MP, mas não na do TJRJ e NUNCA na PGE.
	Ex2: Direito constitucional estadual. Concursando, hipossuficiente econômico, pleiteia isenção no pagamento da taxa de inscrição do concurso público. Há possibilidade de isenção?
	No art. 72 da ADCT da CERJ há prescreve a isenção da taxa para os concursandos do Estado do Rio de Janeiro. É direito abstrato. Norma constitucional de eficácia limitada. Não há lei que estabeleça a isenção no caos em pauta.
	Aqui o MS é mais adequado. O ato coator é o indeferimento do Presidente da Comissão de concurso que indefere a inscrição sem a isenção. A fundamentação é o art. 5º, § 1º CF/88. Basta o MS, porque este dispensa fundamentação probatória.
Controle de Constitucionalidade
	 	
	
				Constituição
								Marcelo Neves
				Lei
CONCEITO: É a verificação da relação imediata de compatibilidade vertical entre norma legal e norma constitucional.
Constituição	
Controle de constitucionalidade
									Relação imediata (art. 59 CF/88)
Lei
			(				 
Decreto 
			 Portaria			Relação mediata
Controle de legalidade					 
Ordem de serviço
							
			
NOTA :
Cappelletti = Há distinção entre constitucionalidade e controle de legalidade.
O controle de constitucionalidade possui ações próprias. O controle de legalidade não tem, a utilização é feita quase sempre por via de mandado de segurança.
Decreto autônomo não é algo que regulamenta a lei. Na verdade, ele busca fundamento de validade na constituição e não na lei. Assim, ele exerce função de lei. Formalmente é decreto, mas materialmente é ato legislativo, cabendo controle sobre ele = controle constitucional. O que não ocorre com o decreto regulamentar.
No Brasil há dois exemplos de decreto autônomo, embora alguns autores o digam impossível. Lei 8,213 = EC nº 20 e EC nº 41 = aposentadoria por tempo de contribuição é previsto como um decreto autônomo.
Elementos do controle de constitucionalidade
Constituição (norma constitucional) = norma em relação a qual ó controle é feito.
	
		 Parâmetro
			Objeto
				Lei (norma legal)
	Parâmetro = existe a possibilidade de controle de constituição revogada?
	Sim. Existe em caso de controle de norma revogada. Controle de inconstitucionalidade incidental. Ele pode ser deflagrado desde a primeira instância, tratando a questão como causa de pedir. A inconstitucionalidade não é colocada como pedido, como na Adin, e sim como causa de pedir.
	Paulo Lúcio Napoleão Nogueira = há um caso de controle em norma constitucional revogada. Controle de constitucionalidade incidental instaurado antes de 5 de outro de 1988, pendente de julgamento até hoje, em grau de recurso.
	Ex.: Lei tributária instituindo tributo no dia 1º de setembro de 1987. Em 1º abril de 88 o contribuinte que havia pagado três prestações entre com ação de repetição de indébito. É controle incidental. A causa de pedir é a inconstitucionalidade da lei.
	O STF julgando hoje um recurso extraordinário terá que verificar a CF/67. Não falta interesse, assim terá que ser julgado como está, porque não há como se alterar o pedido e a causa de pedir pelo Judiciário.
Objeto: Norma legal.
	Qual a distinção entre lei e ato normativo? 
	Lei = ato formalmente legislativo, para efeito de controle ou ato produzido pelo poder legislativo no exercício típico da função legislativa. Ex.: lei ordinária, lei completar.
	Ato normativo = é ato materialmente legislativo. Sua matéria é de lei. É ato produzido pelo Poder Executivo ou Judiciário no exercício atípico da função legislativa. Poder Executivo = MP; Poder Judiciário = Resolução.
NOTA:
	Em relação ao controle principal = se dirige ao Tribunal com causa de pedir. Nele se a norma tiver sofrido revogação intercorrente do objeto, a ação deve ser extinta, por perda do objeto.
Pressuposto do controle de constitucionalidade.
	Para que haja um controle, o que se pressupõe?
	1) Supremacia constitucional = A CF ocupa posição hierarquicamente superior em relação a outras espécies normativas. Ela indica o parâmetro e o objeto. É verticalidade.
	2) Rigidez = Ela é inteiramente modificada somente por processo de reforma constitucional. É pressuposto de reforma constitucional. É pressuposto a rigidez, porque não havendo esta antinomia entre a constituição anterior e lei posterior seria resolvida pela revogação da constituição.
	3) Existência de órgão com competência para o controle de constitucionalidade = tanto de leis quanto de atos normativos.
Questões:
1) Supremacia = 
	Esta supremacia é formal, mas não exclui a possibilidade de supremacia material. A CF tem supremacia formal e material por versar sobre as matérias mais relevantes.
	Para que haja controle de constitucionalidade basta que haja supremacia formal, a material será considerada no mérito. A Lei Orgânica Municipal tem supremacia material e não formal, por isso não cabe controle em relação a ela.
2) Rigidez =
	Existe controle de constitucionalidade de constituição flexível? Há exceção ao pressuposto da rigidez?
	Sim. Desde que o controle se restrinja ao aspecto formal = órgão competente e/ou procedimento adequado.
	Ex.:Há uma constituição flexível que diz = existe IPTU de competência municipal. Amanhã surge lei dizendo que IPTU é de competência do Estado. Esta lei revoga a CF. Não há como dizer que esta lei é inconstitucional, mas se ela editada pela Assembléia e foi pelo outro haverá vício formal, cabendo controle.
3) Existência de órgão (...)
	Kelsen afirmava a necessidade de existir o órgão competente e também procedimento competente. Esta idéia foi acolhida em razão do nosso processo objetivo.
Tipos de inconstitucionalidade
1) Inconstitucionalidade material e formal.
	Inconstitucionalidade é um vício.Se a hipótese for de órgão incompetente e/ou procedimento inadequado trata-se de inconstitucionalidade formal. O vício está na forma. 
	Já a inconstitucionalidade material trata de vício no conteúdo, na declaração prescritiva. Ex.: Homens e mulheres não são iguais perante a lei.
Questão sobre a inconstitucionalidade formal:
	A questão mais controvertida sobre o tema versa sobre a inconstitucionalidade por usurpação de iniciativa reservada. Vício de procedimento.
	Na CF há algumas matérias de iniciativa reservada em seu projeto de lei. Ex.: Art. 61, § 1º = iniciativa reservada do Presidente da República.
	Sobre uma dessas matérias reservadas, em Deputado Federal oferece projeto. Há vício de procedimento desde o início, pois a reserva é do Presidente. Entretanto, sendo aprovado e sancionado pela Presidência, questiona-se: esta sanção convalida a inconstitucionalidade? A sanção convalida o vício? É cabível o controle de inconstitucionalidade ou há a convalidação?
A Súmula nº 5 do STF diz que há o efeito convalidatório. Entretanto, esta súmula está cancelada há mais de 30 anos. O STF entende que mesmo havendo a sanção presidencial, o vício permanece, existindo a inconstitucionalidade, cabendo o controle. A Suprema corte entende que a natureza jurídica do ato inconstitucional é de ato nulo. Ato nulo não se convalida.
Questão sobre inconstitucionalidade material: 
	Seria inconstitucionalidade a violação do princípio da razoabilidade. Ato razoável detém três conceitos. O STF utiliza o conceito alemão.
	Konrad Hesse = Alemão		
	J. J. Gomes Canotilho = Portugal		Razoabilidade
	Gilmar Ferreira Mendes = Brasil 
				Adequação
	Razoabilidade		Necessidade
	 (gênero)
				Proporcionalidade
	Ato razoável seria o ato que se mostra ao mesmo tempo adequado, necessário e proporcional. É considerado o princípio da razoabilidade como princípio constitucional implícito.
	Sempre analisar tendo em vista o meio e o fim. Ex.: O meio usado deve ser adequado ao fim visado, etc.
	1) Adequação = O meio deve ser adequado ao fim.
	Ex.: No carnaval proíbe-se a venda de bebida alcoólica, porque esta aumenta o contágio de doença sexualmente transmissíveis, como ex.: HIV. O fim, ou melhor, o meio não é adequado ao fim visado. Não há adequação entre o meio e o fim.
Necessidade = O meio escolhido tem que ser necessário ao fim visado, sem nenhum excesso.
Ex.: Indústria polui o rio com resíduos químicos. Há uma ação civil pública que em sua inicial demonstra que seria suficiente a instalação de filtros para resolver o problema. Entretanto, o poder público fecha a indústria, desempregado centenas de pais de família. 
O meio utilizado (fechamento) não era necessário para reduzir a poluição (finalidade).
	3) Proporcionalidade = A aplicação prática da proporcionalidade = PONDERAÇÃO. 
	Ex.: Todo monumento público será cercado por cercas elétricas com força suficiente para eletrocutar os pichadores. 
	Para salvaguardar o monumento público, não proporcional ao sacrifício da vida. O meio é irrazoável, por isso, desproporcional.
	Razoabilidade é aplicada em todos os ramos. Hoje está sendo solidificado o entendimento de Diogo de Figueiredo, por exemplo, do cabimento do controle judicial do mérito administrativo, coisa que o STF nunca aceitou. O STJ tem acórdão aceitando-o. Tal controle seria indireto do mérito, sobre os limites do mérito.
	Ex.: O STJ invalidou contrato temporário de serviço de município por haver concurso aberto sem nomeação dos concursandos aprovados = ato irrazoável.
	Lembrar que não é controle sobre conveniência e oportunidade e sim sobre os limites do mérito.
2) Inconstitucionalidade por ação ou por omissão.
	Inconstitucionalidade por ação = decorre de um comportamento comissivo do Estado no campo do processo legislativo. O Estado produziu uma norma que feriu a constituição. 
	Inconstitucionalidade por omissão = decorre de uma conduta omissiva ou negativa do Estado no campo do processo legislativo. O Estado deixa de produzir o que a constituição obrigava.
	Para que haja a inconstitucionalidade por omissão é necessário que se satisfaça a um pressuposto e dois requisitos.
	Lembrar que pressuposto é sempre de fundo, de matéria. Já requisito é sempre de forma.
	O pressuposto material é a norma constitucional de eficácia limitada. Esta é a única norma que obriga o legislador a legislar. Assim sendo, só em normas constitucionais de eficácia limitada poderá haver inconstitucionalidade por omissão.
	São os requisitos formais:
Inércia de qualquer poder do Estado;
Intervalo de tempo razoável.
Ex.: Defensoria Pública = art. 134, § 1º CF/88 – EC 45. Exige lei complementar organizatória da DP. A não criação da Defensoria Pública no Estado de SP, GO e SC é exemplo de inconstitucionalidade por omissão?
	Sim. Existiu inércia do Poder Executivo e Legislativo. A CF obriga a criação de órgão específico. O Legislativo não criou o projeto de lei e o Executivo não sancionou = inércia.
	Considera-se que tenham tido tempo razoável para fazê-lo = 16 anos e ½.
	O STF não declarou expressamente, mas doutrinariamente é exemplo inequívoco de inconstitucionalidade por omissão.
	Ex2:
	Art. 192, § 3º. A EC 40 revogou este art. 192. Em razão disso, este exemplo formalmente deixou de existir, mas ele possui importância histórica.
	Ex3: Art. 37, VII CF/88 = servidor público é titular do direito de greve. Não há lei regulamentando tal direito. Assim, há inconstitucionalidade por omissão.
	OBS.: Medida provisória.
	
	Urgência = não pode ultrapassar 90 dias, isto é, não pode aguardar mais de 90 dias.
	Relevância = interesse público.
NOTAS:
Inércia.
a) Existe a possibilidade de inconstitucionalidade por omissão, através de ação? Existe exceção ao requisito da inércia?
	Sim. É a chamada inconstitucionalidade por omissão relativa. Somente os autores portugueses a mencionam. Há norma que concede certo benefício a uma parcela de uma categoria. A inconstitucionalidade está na concessão do benefício a somente uma categoria.
	Ex.: Defensores públicos = há ativos e inativos. É dado aumento genérico aos ativos apenas. Quanto aos inativos há inconstitucionalidade por omissão relativa.
	b) São admissíveis decisões aditivas?
	Para a igualdade se restabelecer há dois meios: 1) tirar o benefício de quem ganhou; 2) ou dar a quem não recebeu.
	O primeiro caso é de decisão subtrativa e o segundo caso é de decisão aditiva.
	O Judiciário pode dar o benefício a quem não o recebeu ou como Kelsen defendia, o Judiciário só pode ser legislador negativo: tirar o benefício de quem ganhou?
	Há duas correntes sobre o tema em Portugal:
	1ª corrente) J. J. Gomes Canotilho.
	Somente cabe decisão subtrativa por parte do Judiciário. (Kelsen)
	2ª corrente) Jorge Miranda.
	Cabe a decisão aditiva.
	Nosso STF tende a reafirmar a tese de que só poderá ser legislador negativo na linha de Kelsen. Este dogma está ultrapassado e hoje ele só existe no Brasil, dentre os países de direito constitucional moderno.
	Mauro Capelletti = teoria dos “Juízes legisladores”.. Pode-se dizer que na CF há alguns exemplos: art. 144 CF = os tribunais do trabalho podem proferir sentença normativa. O art. 93 da CF dispõe sobre o poder normativo do Juizado da Infância e da Juventude.
	2) Intervalo de tempo razoável.
	Qual a diferença entre inconstitucionalidade por omissão e lacuna técnica?
	A) A inconstitucionalidade por omissão deve aguardar intervalo de tempo razoável. Já a lacuna técnica é automática. Basta que a CF não tivesse prescrito situação de fato possível.
	B) A lacuna técnica é suprimida pelo intérprete. Ele o fará aplicando o art. 4º da LICC = analogia, costumes ou princípios gerais de direito.
	Na inconstitucionalidade por omissão, esta lacuna será suprida por decisão judicial = duas açõescabíveis para suprir esta omissão = mandado de injunção ou ação de inconstitucionalidade por omissão.
2) Inconstitucionalidade das normas constitucionais.
	Verificar estudo do Poder constituinte.
Sistemas de controle de constitucionalidade.
No Direito comparado, são feitas duas análises:
					Político
1) Quanto à natureza do órgão 
						Judicial
							Preventivo
	2) Quanto ao momento de exercício
							Repressivo
	Quanto à natureza, o órgão que efetua o controle é integrante do Poder Judiciário?
	O controle político é feito por órgão não integrante do Poder Judiciário. Ex.: França = Conselho Constitucional Francês.
O controle judicial é feito por órgão integrante do Poder Judiciário em qualquer grau ou instância. Ex.: EUA.
Quanto ao momento de seu exercício, o controle pode estar sendo efetuado antes ou depois da norma adquirir vigência?
Preventivo = é controle feito antes da norma adquirir vigência. Assim, ele se dá em relação a uma proposta de emenda ou projeto de lei.
Repressivo = é feito após a norma ter adquirido vigência. Assim, se dá sobre a Emenda ou lei que já dispõe de vigência.	Assim, se dá sobre a Emenda ou lei que já dispõe de vigência.
	No Brasil, há o sistema misto, eclético ou híbrido, pois admitimos todos os sistemas à luz de duas regras:
a) Controle político é preventivo (art. 66, § 1º CF).
	b) Controle judicial é repressivo (art. 102, I, “a” CF).
	Salienta-se que há uma exceção para cada regra.
a) Controle político repressivo (art. 49, V CF/88 c.c. art. 68, § 2º CF)
	Art. 49, V = sustar atos do legislativo (...) limites de delegação legislativa.
	Art. 68, § 2º = lei delegada em preto = Esta é a lei delegada. Nela existe delegação legislativa que especificam as matérias a serem legisladas.
	Em branco = não há limitação de matérias.
	Em preto = há a limitação das matérias. O que exorbitou a delegação legislativa, terá sustada a sua validade pelo Congresso. Este é o controle político da lei delegada em preto.
	Há critica ao exercício da MP dada por Alexandre Moraes.
	b) Controle judicial preventivo.
	Mandado de segurança impetrado por membro do Congresso Nacional no STF contra proposta de emenda a constituição que viole cláusula pétrea ao argumento de que o impetrante é titular do direito líquido e certo a não se sujeitar a processo legislativo constitucional.
	Norma: art. 60, § 4º CF/88 = fundamenta as cláusulas pétreas = “Não será deliberada qualquer proposta de emenda que viole cláusula pétrea”.
	Sendo hoje apresentada emenda que viole cláusula pétrea, o membro do Congresso tem direito líqüido e certo de não discutir a matéria, fazendo uso do MS com competência do STF com o objetivo de trancar o processo por se mostrar inconstitucional.
	O ato coator seria o oferecimento da proposta que lesa o direito dele.
	Questão:
	MP : Foi apresentada ao Congresso Nacional proposta de emenda à Constituição prescrevendo pena perpétua a crimes hediondos. Deputado Federal o consulta sobre qual mecanismo que poderá usar processualmente.
	Mandado de segurança impetrado pelo próprio Deputado Federal com base no art. 60, § 4º CF/88. Lembrar que a legitimação ativa neste caso é exclusiva do membro do Congresso Nacional = Senador ou Deputado Federal. Há o uso do argumento do direito de não discutir a proposta e quem o faz são membros do CN.
	Isto não é extensivo aos Estados e Municípios, porque a Constituição Estadual não possui cláusula pétrea.
	O impetrado é o Presidente das Mesas.
	Só existe a possibilidade de impetração do MS em caso de cláusula pétrea. O STF também aceitou no caso de projeto de lei que viole cláusula pétrea.
	Projeto de lei que viole Regimento Interno não desafia MS. Há controle sobre suas formas: Adin ou vedação pelo Presidente da Mesa. Assim, afirma-se a existência do devido processo legal legislativo. Da mesma forma que há o devido processo legal administrativo.
Questão:
 Maria reside em casa construída sob terreno municipal irregularmente há 31 anos. Ela foi notificada extrajudicialmente para deixar sua residência em 30 dias, uma vez que a Prefeitura pretendia fazer outras obras sob o terreno.
	Em 15 dias chegam os tratores para derrubar a casa de Maria que vai à Defensoria Pública. Qual a ação cabível? Fazer a inicial.
	Mandado de Segurança.
	Muitos candidatos responderam que era ação possessória, mas em relação a bem público não há posse e sim ocupação. Outros responderam que cabia a usucapião, mas sobre bem público não cabe usucapião. Lembrar que existe a usucapião em bem público e não de bem público (ex.: aforamento = tenho apartamento na Av. Atlântica que terreno de marinha = bem dominical federal. A exerce posse sob um apartamento por 20 anos. Findo este prazo A terá usucapido o direito útil = direito real e não o imóvel). 
	Em relação à questão, cabia MS, porque Maria tinha 30 dias para desocupar o imóvel. A derrubada da mesma em 15 dias viola direito líquido e certo. O ato coator é a derrubada. Houve o ferimento do devido processo legal administrativo. Assim, a retirada de Maria é indefensável, o que é defensável é o modo como este pode ser feito.
Métodos de controle da constitucionalidade.
	Método de controle é a especificação de um tipo de controle próprio. Em regra, são especificações do controle judicial repressivo.
	Direito comparado:
Difuso = qualquer órgão judicial o efetua, seja em qualquer grau ou instância. Ex.: EUA (método americano)
Número de órgãos 
Concentrado = um órgão ou um número certo de órgãos efetua o controle. Ex.: Áustria (método austríaco) = influência de Kelsen.
Via de exceção = nela a constitucionalidade é argüida como causa de pedir. Ex.: ação de repetição de indébito fundamentada em inconstitucionalidade de norma tributária.
Modos de exercício 
Via de ação direta = a inconstitucionalidade é argüida como pedido. Ex.: ação direta de inconstitucionalidade.
	No Brasil, o método também é eclético, híbrido ou misto. Não há exceções, há duas regras que serão usadas em todos os casos.
	Difuso = via de exceção.
	Concentrado = via de ação direta.
	Na via de exceção, quem julga? Qualquer tribunal, no caso do tributo, dependerá do tribunal colocado em caso concreto.
	No concentrado, via ação direta, será julgador o TJRJ e o STF dependendo do tema.
	Não há exceções, entretanto, poderá haver co-existência.
1) Método difuso, por via de ação de exceção.
	Inicialmente, a via de exceção não é termo certo. Isto porque exceção é defesa. Se o autor foi quem argüiu, não pode ser defesa e sendo assim, não pode ser exceção.
	Em razão disso Ada Grinover criou o termo controle incidental = é que surge no curso do processo desafiando decisão interlocutória do juiz e por conseqüência agravo de instrumento. O exemplo da repetição de indébito também destrói este termo.
	O CPC falava em argüição de inconstitucionalidade, mas ele foi reformado e não mais usa este termo. Também não é um termo de todo certo, porque o juiz pode declarar ex officio a inconstitucionalidade, porque a matéria é de ordem pública.
	Quanto ao cabimento da argüição de inconstitucionalidade, ela se restringe em processo de conhecimento, ou pode se dar em qualquer outro, cautelar, executivo etc?
	Cabe qualquer um. No processo de conhecimento, é o exemplo da repetição de indébito. No cautelar também pode. Ex.: arresto. Nas respostas do arrestado, ele pode argüir a inconstitucionalidade da lei que fundamentou o arresto.
	Na execução também. Ex: argüição de inconstitucionalidade da lei que fundamenta a penhora, na ação de pré-executividade. Se dá sempre em questões de ordem pública.
	Cabe na ação civil pública?
	Ela é uma ação coletiva e gera eficácia erga omnes, o que poderia fazer com que ela se confundisse com a Adin.
	Há duas correntes sobre

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