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Aula 1 
Ética: O termo ética deriva de éthos, que significa modo de ser, e, por isto, define-se com frequência a ética como a doutrina dos costumes ou hábitos adquiridos pelo homem. Aristóteles tornou a ética uma disciplina autônoma no 
domínio da filosofia moral. Para ele, o campo ético deveria investigar as características do bem, da perfeição e da felicidade que são atribuídas ao homem, com o fim de ajustá-los à orientação prática da conduta humana. Ele 
considerava que toda “ação humana está orientada para a realização de algum bem, ao qual estão unidos o prazer e a felicidade”. 
Moral: A conceituação de moral, por sua vez, abrange os costumes, ou seja, representa o conjunto das regras de conduta admitidas numa época ou por um grupo de homens. Ela distingue-se do que é investigado no campo ético, na 
medida em que “este último domínio se ocupa de uma moral ligada aos fatos, incorporando valores aceitos pelos homens ao se inter-relacionarem socialmente” (SKLAR: 2008). Seguindo este sentido, a ética pode ser com preendida, como propõe Sánchez Vázquez (2002, 23), de “teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade”.O ato moral, portanto, provocado por um ser humano real e contextualizado historicamente, deve ser 
avaliado sob o código moral que vigora na sociedade daquele que promoveu a ação. 
Ética grega:A reflexão ética autônoma no mundo grego aparece apenas com Sócrates que, combatendo os sofistas, acreditou na estabilidade das leis, dos princípios verdadeiros e universais das normas, conferindo a elas um valor 
intrínseco. A partir dele, o termo ética se afasta tanto do sentido originário de morada quanto de equilíbrio das paixões, tal como Heráclito e Demócrito respectivamente entendiam. Este avanço foi possível sob a elaboração de um método, denominado maiêutica, que levasse os diversos cidadãos a uma vida virtuosa. 
Ética cristã e moderna: A transformação do cristianismo na religião oficial de Roma no século IV trouxe novos sentidos para as doutrinas éticas gregas. O período medieval caracteriza-se por uma profunda fragmentação econômica e política, devido ao surgimento de duas classes que marcam o regime feudal: os senhores feudais, donos absolutos de terras ou feudos, e os camponeses e servos, os quais eram vendidos e comprados com as terras às q uais pertenciam e que não podiam abandonar. Nesse quadro, a religião garante certa unidade social, pois a política depende da Igreja exercendo um forte poder es piritual e centralizando integralm ente a vida intelectual. Sob essas 
circunstâncias, “a moral concreta, efetiva, e a ética – como doutrina moral – estão impregnadas (...) de um conteúdo religioso que encontramos em todas as manifestações da vida medieval” (SÁNCHEZ VÁZQUEZ: 2002,275-276). Nesse período, os pensadores cristãos conceberam uma nova ética que encontra em Deus os princípios da vida moral. A esta nova ética denomina-se teonomia (théos, em grego, significa Deus). Estes pensadores aproveitaram as doutrinas gregas das virtudes e da correspondência do bom ao verdadeiro, agregando-as ao corpo de uma ética cristã, negando, por outro lado, fundamentos éticos naturalistas e hedonistas, incompatíveis com as ideias morais cristãs. Considerando, ainda, que o homem é um peregrino que se prepara para uma vida futura ultraterrena, rejeitaram a busca da felicidade (eudemonia) que caracterizou grande parte do pensamento grego. Ironicamente, no entanto, a ética cristã de igualdade é lançada no momento histórico em que os homens conhecem as maiores desigualdades: a divisão entre escravos e homens livres, ou entre servos e senhores feudais. A história da ética ganha um novo rumo, entre os séculos XIV e XVI (Renascimento) a partir da valorização do homem nas ciências e nas artes. Retomam -se algumas tendências éticas antigas no início da Renascença, demarcando-se o início do que se conhece como ética moderna (séculos XVI-XIX). Este período é marcado pela criação de uma nova sociedade que substitui a ordem feudal 
da Idade Média, sob uma série de mudanças. No plano econômico, há o incremento de forças produtivas em função do desenvolvimento científico, mediante uma perspectiva científica mais prática (Francis Bacon). No plano social, temos o aparecimento de uma nova classe social – a burguesia – inicialmente na França (com a Revolução Francesa, 1789), desenvolvendo-se, no século seguinte, principalmente na Inglaterra. Como consequência, vemos a implantação de um sistema em que o trabalhador, ao trocar sua força de trabalho por um salário, não é dono dos meios de produção; esses passam ao domínio da classe burguesa que, ao vender as mercadorias produzidas pelos trabalhadores, atribui um sobrevalor ao produzido, obtendo uma mais-valia ou lucro: o capitalismo. 
Ética contemporânea e relativismo ético: A Ecologia Social, integrando os estudos do homem e de seus ecossistemas através da compreensão da direta correlação entre natureza e cultura, demonstra que as relações deste com a sociedade passam necessariamente pela sanidade de suas relações não só com os demais membros de sua espécie, como também pelo modo relacional que estabelece consigo próprio e com seu ambiente. O esfacelamento deste conjunto inviabiliza qualquer tentativa de desenvolvimento. Não há desenvolvimento social sem antes a formação de uma ética que baseie os pressupostos fundamentais de uma sociedade e, todo o problema do desenvolvimento, segundo estes autores, reside justamente na ausência desta ética por parte, não apenas dos governos, mas também do próprio modelo de ciência que arbitra o sistema teórico de sustentação das políticas governamentais. 
Aula 2 
Bioética – história 
As bases filosóficas da Bioética começaram a ser mais bem definidas após a Segunda Guerra Mundial, quando o mundo ocidental, chocado com as práticas nazistas executadas pretensamente em nome da ciência, cria um código 
ético para normatizar os estudos e experiências relacionados a seres humanos.O objetivo primordial da Bioética é discutir as questões relativas à vida e a saúde, principalmente as que surgiram a partir de inovações tecnológicas posteriores aos debates éticos tradicionais, sob um enfoque humanista e assim, evitar que estes debates se restrinjam a aspectos puramente tecnicistas, esquecendo-se de que tratamos de aspectos delicados e extremamente complexos. 
A ética industrial decorrente da disseminação de valores capitalistas e da incessante busca por mais desenvolvimento tecnológico, estabeleceu nas sociedades ocidentais uma ideologia chamada de teoria utilitarista, através da qual a vida humana passa a ser concebida como objetivando a maximização da qualidade. Com isso, o debat e ético sobre a 
sacralidade da vida humana começa a perder sentido em detrimento do quanto pode ser feito para que as pessoas em geral vivam mais e melhor.Para solucionar questões éticas práticas, decorrentes de conflitos e controvérsias da 
interação humana e de suas práticas médicas ou científicas, a bioética se fundamenta em uma tríplice atuação: (1) descritiva, voltada para a descrição e análise destes conflitos; (2) normativa, com relação a tais conflitos, no duplo 
sentido de proscrever os comportamentos que podem ser considerados reprováveis e de prescrever aqueles considerados corretos; e (3) protetora, no sentido de amparar, na medida do possível, todos os envolvidos em alguma 
disputa de interesses e valores, priorizando, quando isso for necessário, os mais “fracos” (Schramm, F.R. 2002. Bioética para quê? Revista Camiliana da Saúde, ano 1, vol. 1, n. 2 – jul/dez de 2002 – ISSN 1677-9029, pp. 14-21). 
A Bioética atua de modo a solucionar questões práticas decorrentes de intervenções médicas e científicas sobre o ser humano. Esta atuação se divide em três tipos distintos de procedimentos. São eles: 
Descritivo – Voltado para a descrição e análise dos conflitos produzidos pela interação entre o ser hu mano e as práticas científicas. 
Normativo – Direcionado para a prescrição de procedimentos médicos e científicoscorretos e pela proibição de procedimentos reprováveis eticamente. 
Protetor – Atua de modo a proteger os envolvidos em algum tipo de disputa de interesses e valores, priorizando a defesa da parte mais fraca. 
Para objetivar estas atuações, a Bioética se sustenta em alguns conceitos básicos: 
O princípio do duplo efeito: O principio do duplo efeito foi elaborado para estabelecer as condições pelas quais considera-se ética uma ação boa que promove efeitos negativos. A primeira destas condições se refere ao fato de que a ação em si, não deve ser má. Isto significa dizer que o mal não pode ser meio para produção do bem, assim como um ato mau não pode ser moralmente aceito mesmo que produza benefícios. A segunda condição diz respeito à existência de uma proporcionalidade entre os efeitos colaterais negativos e os benefícios decorrentes da ação. Os benefícios precisam ser maiores do que os malefícios da ação. Um ato no qual os efeitos negativos sejam muito maiores do que o bem que ele possa acarretar não pode ser moralmente aceitável. 
O princípio da totalidade: Este princípio se origina do sistema psicológico da Gestalt que sustenta que “o todo é mais do que a soma de suas partes”. Assim, as partes do corpo não podem ser compreendidas de modo dissociado da 
unidade física. Em outras palavras, isso significa dizer que não podemos dispor das partes de nosso corpo sem analisarmos o que isso irá promover em termos da preservação de nossa saúde geral. A amputação de um órgão ou 
parte do corpo, por exemplo, precisa ser justificada em função de um dano permanente que não possa ser alterado e que implique em prejuízos para a saúde geral do corpo. Ou, em situações de doação a terceiros, o quanto esta 
remoção irá ou não afetar as condições de saúde geral do doador (em termos de proporcionalidade ao bem produzido ao outro). 
Meios ordinários e extraordinários de tratamento: Um procedimento padrão no tratamento de alguma enfermidade se traduz pela aplicação de medicamentos ou processos terapêuticos já amplamente testados, de acesso disponível e 
que possuem eficácia comprovada na produção de resultados. Este tipo de procedimento, chamamos de meios ordinários (comuns). 
Existem, no entanto, situações em que estes procedimentos não logram êxito, nestes casos, é preciso lançar mão de procedimentos que ao contrário dos primeiros, são muitas vezes caros, produzem efeitos colaterais indesejáveis e 
ainda assim, não tem sua eficácia plenamente comprovada. São os chamados meios extraordinários. 
Justiça: Critérios de justiça estão diretamente associados aos aspectos éticos e não poderiam deixar de estar, também, vinculados à Bioética. A justiça é o conceito pelo qual cada um deve receber o que lhe é merecido por direito 
ou pela ação de seus atos. Assim, casos semelhantes devem ser tratados de modo semelhante e casos diferentes tratados de modo diferenciado. Dentre os padrões de aplicação dos critérios de justiça, temos a chamada justiça 
comutativa, que define padrões relativos à equidade nos mais variados tipos de trocas ou relações comerciais como, por exemplo, as formas de determinação de preços e salários. Temos a justiça retributiva que estipula sanções legais 
para a violação das leis e que determina os meios de garantia que o que é devido seja pago ou restituído. Justiça distributiva que regula a partilha de bens e benefícios sociais, garantindo a cada um o que lhe é devido na distribuição 
de um todo. Santidade da vida humana: Como vimos, quando John Finnis se opõe à ética industrial, o objetivo central de sua crítica se localizava na restauração do conceito de sacralidade da vida humana. Não precisamos, necessariamente, considerar esta concepção sob um ângulo religioso, mas é importante percebemos que a vida é o valor maior a ser 
preservado. Desta forma, qualquer intervenção ou interferência produzida sobre ela, precisa obrigatoriamente ser avaliada em termos éticos e morais e deve ter o sentido de sacralidade como paradigma central de suas 
considerações. Muitos autores preferem o uso do termo dignidade da vida humana para se reportar a este sentido (em oposição ao sentido de santidade da vida). Daniel Callahan identificou cinco elementos críticos no conceito de santidade (ou dignidade) da vida humana: Sobrevivência da espécie humana / Preservação das linhas familiares / O direito dos seres humanos terem proteção de seus companheiros / Respeito por escolhas pessoais e autodeterminação, que inclui integridade mental e emocional / Inviolabilidade corporal: Meu corpo, com seus órgãos, sou eu mesmo. 
Aula 3 
Em consequência dos abusos criminosos promovidos por experimentações nazistas no decorrer da Segunda Grande Guerra surgiu a Bioética, uma nova concepção ética voltada de modo mais direto aos aspectos associados à saúde e às pesquisas científicas que envolvessem seres humanos. Uma das consequências impostas aos criminosos nazistas 
ao fim da guerra foi o chamado julgamento de Nuremberg. Mundialmente conhecido, este foi constituído por um tribunal militar internacional que efetuou os julgamentos dos primeiros criminosos de guerra (dentre eles 20 médicos) e 
ocorreu entre 1945 e 1946 na cidade alemã de Nuremberg. Em função deste julgamento, foi elaborado em 1947, o chamado Código de Nuremberg. 
Objetivando eliminar futuros episódios semelhantes aos praticados pelos nazistas, o código de Nuremberg surge como um importante marco na história da ética envolvida em pesquisas médicas. Em síntese, ele determinava que deveria 
haver consentimento prévio e voluntário de todos os sujeitos envolvidos em pesquisas e para garantir que não haveria indução à participação, os sujeitos deveriam receber informações sobre riscos, objetivos e procedimentos 
experimentais. Determinava também que toda pesquisa deveria apresentar a possibilidade de resultados não alcançáveis por outros procedimentos não invasivos e exigia a realização de experimentos anteriores em animais. Esta 
foi a primeira legislação moderna que visou o controle sobre atuações científicas de riscos em seres humanos. 
A Declaração de Helsinque: é considerada o mais atual e importante documento mundial sobre a ética em pesquisas na área da saúde e tem servido como base para quase que a totalidade de todos os procedimentos regulatórios sobre pesquisa biomédica. Este documento foi dividido em três partes principais: 
Princípios Básicos: Nos princípios básicos a declaração procura seguir os princípios gerais da Bioética, ressaltando os aspectos morais envolvidos nos procedimentos e experimentos científicos e na necessária proporcionalidade entre os riscos envolvidos e os benefícios advindos destas pesquisas. 
Pesquisa clínica combinada com o cuidado profissional: Na parte referente à pesquisa clínica combinada com o cuidado profissional, o documento aborda a possibilidade da aplicação de meios extraordinários de tratam ento 
(pesquisas experimentais) desde que previamente consentidos e que a pesquisa traga perspectiva de reversão da patologia do próprio paciente. 
Pesquisa biomética não terapêutica envolvendo seres humanos: No que diz respeito à pesquisa clínica não terapêutica, a declaração de Helsinque obriga o médico pesquisador a se responsabilizar pela saúde do paciente no 
qual os procedimentos experimentais são efetuados e considera que, apesar do necessário consentimento explicito, consciente e plenamente justificado do paciente, a responsabilidade sobre danos ou consequências é sempre do 
médico pesquisador. Podendo ainda o sujeito, objeto da pesquisa, cancelar seu consentimento ou solicitar seu encerramento a qualquer momento. 
Estes princípios tratam da necessidade de serem seguidos critérios científicos aceitos pela comunidade científica internacional e da revisão ética e científica de toda pesquisa envolvendo seres vivos. Em 9 de outubro de 1996 foi criada a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, após discussão entre a 
sociedade civil organizada, comunidade científica, sujeitos de pesquisa e Estado,o Ministério da Saúde elaborou esta resolução em que constam as: Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos. 
Aula 4 
Transplante de órgãos e tecidos: O transplante de órgãos e tecidos implica uma sequência de eventos que, desde a doação até a efetivação do transplante, abarca alguns direitos fundamentais pertinentes ao doador e ao receptor. Estes direitos estão associados ao direito à vida, à formação dos direitos de personalidade, à integridade física e ao direito ao 
corpo, em particular, à liberdade de consciência e ao poder de dispor do próprio corpo. Os chamados direitos fundamentais estão de tal forma relacionados à dignidade e aos direitos essenciais da pessoa que são, inclusive, considerados como cláusulas inatingíveis por diversas constituições democráticas pelo mundo, ou seja, não podem ser alterados por legislações. 
Existem basicamente três fontes de órgãos e tecidos utilizáveis. Este material pode ser coletado de: 
Animais: Neste caso chamamos de xenotransplantes. 
Os xenotransplantes, por enquanto, são apenas uma possibilidade teórica. Muitos estudos vêm sendo realizados no sentido de transplantar órgãos e tecidos entre espécies distintas. 
Seres humanos vivos: São os chamados alotransplantes intervivos. 
O alotransplante intervivos, naturalmente implica na utilização de órgãos e tecidos específicos e na necessidade de respeitar-se ao preceito ético da não maleficência do doador. Isto é, não podemos promover uma doação se a mesma produzir no doador algum tipo de dano ou prejuízo a sua saúde geral. 
Seres humanos mortos: Que chamamos de alotransplantes de doador cadáver. 
O alotransplante de doador cadáver é de fato o mais comumente utilizado para a grande maioria dos casos e a principal questão ética envolvida diz respeito ao critério de morte, na medida em que esta precisa ser atestada para que se promova a remoção do órgão. O Conselho Federal de Medicina, através da Resolução CFM 1480/97, alterou o critério de morte que anteriormente estava vinculado à falência cardiorrespiratória para a morte encefálica, 
possibilitando com isso, grande avanço na viabilidade e efetividade das doações. Assim, neste tipo de doação por cadáver, a questão, hoje, resume-se praticamente à forma de obtenção dos órgãos. 
As formas de obtenção de órgão são comumente distribuídas pelas seguintes modalidades: 
Doação voluntaria: A doação voluntária é aquela realizada através da vontade expressa do doador quando em vida. 
Consentimento presumido: Em 1998, através de medida provisória e em 2001 promulgada pela Lei 10.211/2001(que alterou alguns dos dispositivos da Lei dos transplantes original de 1997) a legislação brasileira (houve ainda a Lei 
11.633 de 2007 que incluiu um artigo na lei original sobre o direito a informação sobre os benefícios da doação de placenta e sangue do cordão umbilical) substitui este critério pelo do consentimento familiar, onde o cônjuge ou parente 
na linha sucessória assume a responsabilidade pela autorização da doação. 
Manifestação compulsória ou abordagem de mercado: A chamada manifestação compulsória defende o conceito e que todo cidadão deve fazer formalmente a opção entre ser ou não um doador e a abordagem de mercado defende a possibilidade de incentivos financeiros à família do doador como forma de estimular as doações voluntárias. 
De modo geral, podemos resumir os aspectos vinculados à questão da doação de órgãos a um conjunto de princípios éticos gerais, nos quais, se vinculam intrinsecamente as questões dos transplantes. São eles: 
O princípio da intangibilidade corporal: que associa de modo absoluto o corpo à identidade pessoal, e assim, estende ao corpo do indivíduo (e às suas partes) os mesmos princípios de dignidade e indisponibilidade por terceiros 
que regem os direitos da pessoa 
O princípio da solidariedade: que considera que o ato de doar órgãos inclui-se na possibilidade que os indivíduos têm de sacrificar sua individualidade em detrimento do bem da comunidade (de outros), desde que estas doações não 
impliquem em comprometimento da vida ou da saúde geral da pessoa. 
O princípio da totalidade: que entende o corpo como uma unidade, sendo cada parte do mesmo avaliada de acordo com o todo. Assim, cada parte (membro, órgão ou função), só pode ser sacrificada em função da unidade do corpo, ou 
seja, desde que isso seja útil para o bem -estar de todo o organismo ou que em caso de doação a terceiros, não comprometa a integridade geral. 
A estes princípios éticos gerais, somam-se ainda aspectos específicos que se traduzem em princípios do biodireito próprios para as situações de transplantes. Dentre eles, destacam-se: 
O princípio da autonomia: pelo qual qualquer coleta de tecidos ou órgãos tem de passar pelo consentimento do doador. 
O princípio da confidencialidade: pelo qual se preserva o direito do indivíduo doador em decidir qual a informação sua que autoriza a veiculação ao receptor e qual quer manter em anonimato. 
O princípio da gratuidade: que estabelece que o órgão ou tecido apenas poderá ser dado e nunca vendido, visto que não se trata de objetos e sim partes da própria individualidade. 
O princípio da não discriminação: em que a seleção dos receptores só pode ser feita mediante critérios médicos. O Ministério da Saúde, através do Sistema Nacional de Transplantes, estabeleceu na Portaria n.º 3.407 de 5 de agosto 
de 1998 o chamado sistema de lista única. Este sistema informatizado integra toda rede de saúde nacional e segue critérios de distribuição específicos para cada tipo de órgão ou tecido, alocando cada receptor em função de sua 
posição na lista de espera pelos critérios próprios do órgão ou tecido ao qual se candidatou. 
Aula 5 
Novas tecnologias: Sempre que a tecnologia avança, seja em que campo for, ela trás consigo outros fatores paralelos à evolução do conhecimento. O mais pragmático destes fatores está no próprio uso destas novas tecnologias. O fato é que novas tecnologias implicam em novas ferramentas que podem alterar hábitos, eliminar ou transformar comportamentos, inaugurar novas possibilidades e uma série infindável de ações que se transformam em função delas. 
Não podemos confundir a tecnologia em si, com o uso que se fará dela. 
Assim tem sido em relação às alternativas de manipulação genética, no desenvolvime nto de técnicas de transplantes e também nos aspectos relacionados à fertilização e reprodução humana. Estes procedimentos levantam não apenas questões éticas individuais, relativas aos direitos da pessoa e ao modo como pretendem se beneficiar destas 
tecnologias, mas também nos incitam às questões relativas à saúde coletiva, na medida em que, em geral, estas tecnologias vêm associadas a novos instrumentos de diagnóstico e tratamento e, por isso, implicam em princípios de 
justiça e alocação de recursos na área de saúde que, normalmente são escassos e caros. 
As questões éticas envolvidas nos procedimentos ligados à reprodução humana abarcam uma série de 
aspectos, mas seu conceito básico é: o objetivo da reprodução é a geração da vida. 
Para a Igreja católica: 
1987: A Igreja Católica possui um extenso documento intitulado “Instrução sobre o respeito à vida humana em suas origens e a dignidade da procriação em resposta a determinadas questões da atualidade” . Neste documento (Donum Vitae) datado de 1987, fica formalmente estabelecido que, pela perspectiva da Igreja, o início da vida humana se dá no momento em que ocorre a fecundação. 
2008: Mais recentemente, em 2008, publica outro documento sobre aspectos de Bioética ligados à dignidade humana onde reforça este entendimento e considera como lícitas as tecnologias de fertilização que auxiliam os casais a 
procriarem desde que estas respeitem a preservação do ato procriativo em si e considera moralmente ilícitas as tecnologias que dissociam a procriação do ato sexual c omo a criogenia ou a fecundação “in vitro”. 
Reprodução assistida: com o nascimento de Louise Brown (que ficou notoriamenteconhecida como o primeiro “bebê de proveta”) na Inglaterra, as técnicas de fertilização “in vitro” chegaram ao conhecimento do grande público e também ganharam mais i nteresse nas pesquisas médicas espec ializadas. O nascimento desta crianç a foi de tal importância para o desenvolvimento cientifico e tecnológico na área da saúde que foi instituído na Inglaterra, em 1981, um comitê de investigação sobre fertilização humana e embriologia (Committee of Inquiry into Human Fertilization and 
Embriology), vinculado ao Ministério da Saúde britânico com o objetivo de desenvolver um relatório sobre as implicações éticas, sociais e legais provenientes da utilização desta nova biotecnologia. 
O resultado deste comitê foi a publicação, três anos após sua instalação, do chamado Relatório Warnock (em referência a Mary Warnock, presidente do comitê). Grande parte dos aspectos da Bioética e do Biodireito atuais é 
pautada no texto deste relatório. A partir da década de 90 as sociedades médicas mundiais passaram a inserir diretrizes éticas relativas às tecnologias de reprodução em suas normatizações. 
Uma série de ramificações temáticas de cunho ético está associada, de modo mais ou menos direto à questão da reprodução as sistida. Exist em aspectos éticos vinculados ao: 
- Consentimento informado. 
- Seleção de sexo da criança. 
- A doação de espermatozoides, óvulos, embriões. 
- A seleção dos embriões com bases na evidência da possibilidade de doenças congênitas.A maternidade substitutiva. 
- A clonagem. 
- A criopreservação de embriões. 
- E muitos outros. 
Ainda que em função de todos os avanços do Biodireito, tenhamos hoje uma legislação bastante rica em relação ao tema, as consequências éticas, legais e mesmo tecnológicas da fertilização in vitro; ainda precisam 
ser bem melhor definidas em muitos aspectos. A questão da doação de gametas, por exemplo: 
A Resolução CFM 1957/10 institui que a doação deve preservar o anonimato entre receptores e doadores. O argumento principal é de que isso evitaria problemas futuros relativos às situações emocionais e legais com 
repercussões no desenvolvimento psicológico da criança. Outra questão associada à reprodução assistida envolve a possibilidade de gestação em casais homossexuais femininos. A legislação autoriza que mulheres utilizem sêmen doado para gestação independente da existência de vínculo familiar formal. Há, no entanto, intenso debate ético neste aspecto, que envolve o co nceito de família, a admissão do casamento entre homossexuais e a equivalência de procedimentos para adoção e fertilização. 
Aborto: No sentido inverso da reprodução como criação da vida, o aborto se associa a ela pelo enfoque conceitual ou ideológico do princípio da vida humana e de quando a interrupção gestacional é simplesmente um procedimento clínico e quando passa a ser um crime contra a vida. Existem condições previstas na legislação brasileira para a autorização 
de abortos legais (estupro e risco de vida materno) e propostas que flexibilizam estas condições estendendo-as à existência de anomalias fetais que implicam na possibilidade de doenças congênitas graves e irreversíveis 
(anencefalia, por exemplo). Os debates éticos a respeito do aborto estão longe de ser encerrados e tanto na esfera jurídica quanto filosófica dificilmente encontraremos consenso em um aspecto que depende tão diretamente de valores morais, religiosos e culturais. Independente de qualquer valor, esta é uma realidade que não pode ser ignorada e que transforma a questão do aborto não apenas em um dos temas mais delicados e polêmicos da Bioética como também, cada vez mais, em uma questão de saúde pública. 
Aula 6 
Morte: A consciência de que a morte é um evento natural e indubitável para os seres vivos, não diminui seu impacto sobre nós e sempre representa uma situação de extrema dificuldade para os profissionais de saúde que lidam com pacientes em condições terminais. 
Eutanásia: A palavra “eutanásia” tem origem grega e representa, literalmente, “boa morte”. É comumente entendida 
como a prática pela qual o médico abrevia a vida de um paciente incurável. Esta tem sido uma das questões da 
bioética e do biodireito mais complexas e discutidas, na medida em que, se a proteção da vida é um princípio básico do 
Estado, também são direitos básicos da pessoa o respeito à autonomia e à vontade próprias. Assim, o fato de alguém 
desejar encerrar com sua dor, antecipando sua morte iminente, ou o desejo de um ente querido em por fim ao 
sofrimento de alguém sem chances de recuperação também não pode ser simplesmente ignorado. 
Para entendermos melhor todas as implicações, éticas, políticas, sociais, morais e religiosas envolvidas, 
precisamos considerar alguns aspectos básicos. A atuação médica está fundamentada em dois pilares: 
A preservação da vida 
O alívio do sofrimento 
 
De modo geral, em condições normais, esses princípios 
se completam, no entanto, em determinadas situações 
específicas podem se tornar antagônicos, um deles 
precisará prevalecer sobre o outro. 
Se, nesses casos, considerarmos que a preservação da vida é o valor maior podemos incorrer na chamada 
“distanásia”. A manutenção artificial da vida possui implicações que vão desde os aspectos psicológicos conflitivos de 
familiares até a discussão política da utilização de recursos de saúde em pacientes incuráveis. 
Naturalmente que, enquanto houver a mais remota possibilidade de reversão do quadro de morte inevitável deve -se 
sustentar a manutenção da vida, mas, em caso contrário, o que a ética determ ina é a priorização do segundo pilar: o 
alívio do sofrimento. 
Bioética: Princípios da Bioética, como a beneficência, a não maleficência, a autonomia e a justiça, seguem uma 
sequência determinada por condições de saúde e tratamento. Ou seja, em uma condiçã o de tratamento normal e 
possibilidade de recuperação plena, evidentemente, o princípio prioritário é o beneficência e o tratamento, mesmo que 
implique em algum sofrimento, objetiva a preservação da vida. Em condições, no entanto, em que a cura não é mais 
uma possibilidade, os objetivos precisam estar direcionados para a não maleficência, isto é, não causar dano ou dor 
desnecessários e sem justificativa. Assim, a autonomia em recusar tratamentos, por exemplo, também precisa ser 
avaliada dentro desta perspectiva hierarquizada das condições de recuperação. Da mesma forma, o princípio da 
Justiça, na medida em que a utilização de recursos de saúde, como sabemos muitas vezes escassos e caros, em 
pacientes sem chances de recuperação por um longo período, implica aspectos sociais e econômicos que, apesar de 
delicados, também precisam ser considerados. 
Tipos de eutanásia: 
“Eutanásia ativa”, onde é produzida uma ação que objetiva provocar deliberadamente a morte sem sofrimento. Com 
uma injeção letal, por exemplo.Apenas três países no mundo (Uruguai, Holanda e Bélgica), atualmente admitem a 
prática legal da eutanásia ativa. Naturalmente que sem a anuência da Igreja. 
Eutanásia passiva” ou “ortotanásia”, se caracteriza pela interrupção de uma terapêutica que atuava na sustentação 
artificial da vida. A principal distinção entre com a eutanásia ativa é que nessa é cometida uma ação (injeção letal, por 
exemplo), enquanto que na eutanásia passiva há uma omissão como a não instalação de um procedimento terapêutico 
ou seu encerramento.A eutanásia passiva e a de duplo efeito tem recebido maior condescendência tanto pela maioria 
das sociedades médicas quanto por correntes religiosas em função do princípio de “morte com dignidade”. 
“Eutanásia de duplo efeito” é quando a morte é promovida indiretamente pelas ações médicas executadas com o 
objetivo de aliviar o sofrimento de um paciente terminal, como, por exemplo, a morfina que administrada para a dor 
pode provocar depressão respiratória e morte. Nestes casos, o objetivo da ação médica não é promover o óbito, mas 
assume-se seu risco em prol da amenização do sofrimento. 
Outro tipo declassificação da eutanásia, diz respeito ao consentimento ou não do paciente ou de seus 
responsáveis legais para o ato. Este tipo de classificação está diretamente associado à questão do 
estabelecimento de responsabilidades sobre o ato. 
Eutanásia voluntaria: Chama-se eutanásia voluntária, quando a morte provocada ocorre em atendimento a uma 
vontade explícita do paciente. A eutanásia voluntária é muito assemelhada ao conceito chamado de “suicídio assistido”. 
A distinção está no fato de que na eutanásia a ação é sempre realizada por outra pessoa, enquanto que no suicídio 
assistido a própria pessoa (mesmo que com auxílio de terceiros) executa a ação que a leva ao óbito. 
Eutanásia não-voluntaria: Chama-se eutanásia involuntária, quando é provocada sem o consentimento do paciente 
quando este se encontra consciente e em condições de escolher e eutanásia não voluntária, quando é provocada sem 
que o paciente tenha manifestado seu desejo pelo fato de se encontrar sem condições de se expressar, normalmente 
em condições de coma ou no caso de recém -nascidos. 
Legislação 
Do ponto de vista legal, é importante frisar que no Brasil, o Conselho Federal de Medicina através do Código de Ética 
Médica (2009) em seu Artigo 41 explicita de modo claro a proibição de: “Abreviar a vida do paciente, ainda que a 
pedido deste ou de seu representante legal.”Parágrafo únic o. Nos casos de doença incurável e terminal, deve o médico 
oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis sem empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou 
obstinadas, levando sempre em consideração a vontade expressa do paciente ou, na sua impossibilidade, a de seu 
representante legal.OBS: Entende-se por ações terapêuticas obstinadas a prática da distanásia. 
Associação Médica Mundial: “Eutanásia, que é o ato de deliberadamente terminar com a vida de um paciente, 
mesmo com a solicitação do próprio paciente ou de seus familiares próximos, é eticamente inadequada. Isto não 
impede o médico de respeitar o desejo do paciente em permitir o curso natural do processo de morte na fase terminal 
de uma doença”. 
Conclusão: Assim, sustenta-se a posição de que a eutanásia ativa é um ato que contraria os princípios éticos e 
deturpa a principal função médica de preservar a vida. A aceitação desta como uma postura médica implicaria 
autorização legal para matar o que dificilmente será aceito pela comunidade médica mundial, dentre outras razões, 
pelo fato de alterar os objetivos dos profissionais de saúde e comprometer, severamente, as relações de confiança 
entre os médicos e seus pacientes. No entanto, garante a legitimidade da suspensão de terapêuticas quando es tas se 
mostrarem inúteis e estiverem apenas prolongando o sofrimento (ortotanásia). 
Aula 7 
Sistemas éticos: Os sistemas éticos devem considerar um delicado equilíbrio entre os direitos pessoais e a justiça 
social. Os direitos individuais incluem a vida, a privacidade, a liberdade e a não-discriminação, entre outros. Todos 
estes direitos devem ser preservados. Contudo, em situações excepcionais como de uma epidemia (doença 
disseminada em larga escala local) ou pandemia (doença disseminada em escala mundial), estes direitos individuais 
podem ser suplantados pelos direitos coletivos. 
Pânico: Um dos primeiros e mais imediatos efeitos sociais em situações epidêmicas é o pânico que acomete a 
população em geral. O desconhecimento sempre nos faz superdimensionar os riscos de uma situação. Este é um 
mecanismo de defesa psicológico normal e o profissional de saúde, principal agente de informação nestas situações, 
precisa compreender esta ansiedade coletiva e atuar de modo a contribuir para a restauração da calma e da o rdem 
pública. A melhor forma de lidar com estas situações e tranquilizar as pessoas é através do esclarecimento das 
dúvidas mais frequentes e divulgação de informações claras, objetivas e em linguagem acessível ao público leigo. Se 
os riscos não forem corretamente dimensionados, certamente as ações de prevenção também não o serão. 
Princípios éticos: Hans Jonas, filósofo alemão contemporâneo (falecido em 1993), fez importantes contribuições à 
Bioética em suas obras. Um de seus livros mais importantes foi “O Princípio da Responsabilidade” de 1979, onde 
expõe a necessidade de que os efeitos de nossas ações precisam ser sempre compatíveis com a permanência da vida 
humano.Este princípio moral básico influenciou uma série de outros aspectos relativos à ética envolvida em pesquisas, 
em normas do direito ambiental e, naturalmente na saúde pública também. Um dos conceitos mais atuais e fortemente 
influenciados pelas ideias de Jonas é o Princípio da Precaução.Outro importante aspecto ético a ser considerado é o 
da alocação de recursos de saúde, que sempre se tornam escassos em relação à demanda em condições epidêmicas. 
Instalações sanitárias, equipamentos, medicamentos, recursos humanos especializados, precisam ter seus critérios de 
distribuição e priorização claramente definidos. 
Os profissionais de saúde acostumados a tomar decisões em suas rotinas, sabem que os aspectos éticos são 
fundamentais no processo decisório. A ética, no entanto, não se baseia em regras estanques, mas na busca pelo bem, 
pelo correto, pelo que é adequado em uma dada circunstânc ia. 
Critérios: 
Dentre estes critérios, José R. Goldim indica a utilização de duas características básicas na classificação da tipologia 
dos recursos a serem utilizados. A primeira destas características se refere ao fato de os recursos serem 
divisíveis ou não. A segunda se refere ao fato de serem homogêneos ou heterogêneos em relação à clientela 
que deles necessita. 
Estas categorias são normalmente analisadas em conjunto. Por exemplo: Medicamentos a serem distribuídos para um 
grupo de pacientes com a mesma patologia é um recurso homogêneo e divisível, na medida em que todos irão dividir o 
estoque do mesmo remédio. Já o estoque de sangue, é um exemplo de recurso que, apesar de ser divisível, pois 
muitos utilizarão o mesmo estoque, é heterogêneo, na medida em que nem todos terão necessidade dos mesmos 
componentes. Os leitos hospitalares são recursos indivisíveis homogêneos, pois apenas um paciente pode usufruir do 
mesmo recurso que todos necessitam por igual e um órgão a ser implantado em um paciente é um recurso indivisível e 
heterogêneo, na medida em que cada órgão atenderá a apenas um paciente e nem todos os pacientes podem se 
beneficiar do mesmo órgão. 
Critérios de priorização: 
Igualdade de Acesso: Este critério, na forma como é proposto por Edmond Cahn, defende que do ponto de vista ético 
se um recurso não pode ser acessível a todos que dele necessitam, então não pode ser ofertado a ninguém. Esta 
perspectiva segue a lógica de que não seria ético salvar a vida de uns em det rimento das vidas de outras pessoas. 
Este critério é denominado como sendo a igualdade de acesso real. Já James Childress, em uma perspectiva diferente 
do mesmo critério, denominada de igualdade de acesso provável, considerar que a igualdade não estaria 
necessariamente na possibilidade de acesso do recurso a todos, mas na forma como as pessoas seriam escolhidas 
para se beneficiar destes recursos. Assim, defende a escolha através de sorteios, filas de espera e outras formas 
aleatórias de definição de beneficiados. (in J.R. Goldim 
Benefício Provável: Fundamentado em dados estatísticos este critério considera a probabilidade que cada indivíduo 
em particular (microalocação) ou um grupo de indivíduos (macroalocação) tem em se beneficiar do recurso que está 
sendo disputado. 
Efetividade: O critério orientado para o futuro, a efetividade prega que os recursos escassos devem ser alocados para 
aqueles pacientes que possam fazer o melhor uso para si (efetividade local) ou para os outros, especialmente a 
sociedade, como, por exemplo, a priorização a agentes de saúde e demais profissionais de serviços essenciais 
(efetividade global).Merecimento: O critério do merecimento é voltado para o passado, para a vida pregressa de cada pessoa que 
necessita o recurso. Segundo este critério, os recursos devem ser alocados prioritariamente para pessoas que já 
demonstraram efetiva contribuição para a sociedade, como uma forma de agradecimento ou demonstração de sua 
importância ao grupo social. 
Necessidade: O critério da necessidade vincula a disponibilização de recursos escassos àqueles que deles mais 
necessitam em uma condição presente. Ou seja, estabelece a prioridade aos que estão em estado de saúde mais 
grave, independente de qualquer análise referente ao custo desta intervenção ou mesmo à efetividade da terapêutica. 
Conclusão: O objetivo principal destes procedimentos é evidenciar justamente a complexidade destas ações, na 
medida em que tentativas de simplificação deste processo decisório, invariavelmente, implicarão em injustiças ou 
favorecimentos ilícitos e antiéticos. 
Aula 8 
Conceituação: Até a primeira metade do século XX, apenas quatro categorias profissionais estavam formalmente 
habilitadas para o exercício de atividades na área de saúde. 
Hoje, o Conselho Nacional de Saúde, através da Resolução 287/98, reconhece 14 diferentes carreiras de nível superior 
neste setor: São elas:Biomedicina, Biologia, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, 
Medicina, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia, Psicologia, Serviço Social e Terapia Ocupacional. 
Tipos de Equipe: A base e o principal fundamento de uma atuação em equipe estão na colaboração de diferentes 
especialidades que apresentam conhecimentos e qualificações distintas. Estas diferenças, no entanto, precis am 
encontrar convergências que possibilitem uma atuação uniforme entre estes profissionais. Identificar a possibilidade 
destas convergências é uma tarefa que se inicia pelo próprio conceito que caracteriza a tipologia da atuação da equipe. 
Existem equipes de diferentes nomenclaturas e que correspondem a diferentes modelos de relação também. As 
principais são as equipes: INTERDISCIPLINAR, MULTIDISCIPLINAR, INTRADISCIPLINAR, TRANSDISCIPLINAR, 
INTRAPROFISSIONAL e INTERPROFISSIONAL. 
INTERDISCIPLINAR: “um grupo de profissionais, com formações diversificadas que atuam de maneira 
interdependente, inter-relacionando em um mesmo ambiente de trabalho, através de comunicação formal e informal”. 
Ou seja, profissionais de diferentes formações que atuam em conjunto. 
MULTIDISCIPLINAR: A equipe multidisciplinar, por sua vez, caracteriza-se por um grupo de profissionais que atua de 
forma independente em um mesmo ambiente de trabalho, utilizando-se de comunicação informal. Portanto, o fato de 
haver diferentes profissionais de saúde atuando no mesmo ambiente, não necessariamente representa que estejam 
partilhando suas tarefas, constatações e responsabilidades com o objetivo de aprimorar o serviço. 
Para que este trabalho em equipe funcione de modo ético e eficaz, três fatores devem ser abordados: 
Capacitação Profissional 
Interface do trabalho dos profissionais 
Autonomia dos profissionais 
Seguindo estes três preceitos, as equipes de 
assistência à saúde, em um enfoque interdisciplinar, 
definem de modo integrado suas noções de papéis, 
normas e valores para que possam funcionar de 
maneira uniforme e colaborativa, de modo que o 
resultado advindo dessa relação possa sempre 
implicar em benefícios para o paciente. 
 
Capacitação Profissional: A capacitação profissional se reporta a uma formação acadêmica de qualidade e de 
abordagem i nterdisciplinar. Os profissionais precisam aprender a trabalhar em equipe. Profissionais de saúde 
formados em modelos não interdisciplinares tendem a ter uma perspectiva isolacionista de sua própria atuação, ou 
seja, atuam sobre o foco de suas especialidades sem perceber as correlações de sintomas com outras especialid ades. 
Interface do trabalho dos profissionais: A interface do trabalho dos profissionais implica no respeito às áreas de 
competências de cada profissional e na percepção da existência de áreas de atuação comuns. 
Autonomia dos profissionais: Como há o respeito às áreas de atuação, este também se estende além das 
competências técnicas ao controle de suas ações. Isto é, em uma equipe de atuação interdisciplinar, não há o 
comando de um profissional sobre a atuação de outro de diferente especialidade. Cada profissional é o responsável 
por sua ação e não há subordinação hierárquica no campo técnico entre os especialistas. 
Obs:**É preciso compreender que a interdisciplinaridade não é igual à transdisciplinaridade. 
 
Aula 9 
Conceituação: Armando Fourniol Filho (in Celeste, R. et al) define paciente especial, em seu livro “Pacientes 
Especiais e a Odontologia” (1998), como: “Todo indivíduo que possui alteração física, intelectual, social ou emocional – 
alteração essa aguda ou crônica, simples ou complexa – e que necessita de educação especial e instruções 
suplementares temporárias ou definitivamente”. Felizmente, tem sido constatada uma diminuição no número de casos
definidos por “atendimentos especiais” ou registrados como PNEs (Portadores de Necessidades Especiais ) em função 
de dois aspectos básicos: 
 
1. O avanço tecnológico da medicina, que tem conseguido, através da descoberta de novos medicamentos e 
tipos de tratamento, reduzir significativamente muitas patologias. Em caso da ausência de um tratamento 
precoce, essas patologias poderiam vir a tornar as pessoas acometidas e, posteriormente, caracterizá -las 
como portadoras de necessidades especiais. 
2. A segunda diz respeito ao próprio estímulo da sociedade em ações de inclusão social, que têm alterado o 
perfil destas pessoas e de seus familiares, fazendo com que não se vejam como pessoas que precisem de 
atendimento diferenciado. Grande parte destas pessoas pode, efetivamente, ser atendida em um ambiente 
ambulatorial e somente alguns distúrbios ou condições especiais podem exigir internações, equipamentos 
especiais ou ainda, em casos mais específicos, a utilização de medicamentos especiais ou mesmo sedação 
em certas deficiências mais profundas. Estas, no entanto, são condições mais raras e especiais. 
 
Naturalmente que, na área da saúde, tornam-se mais preocupantes alguns procedimentos e cuidados 
aplicados a pacientes PNEs. Equipes multidisciplinares de modo geral conhecem melhor as necessidades 
destas pessoas e contam com psicólogos que auxiliam na elaboração de procedimento s, dinâmicas, no 
entendimento dos sentimentos dos pacientes e familiares envolvidos e na compreensão dos aspectos 
psicodinâmicos. O problema principal ainda tem sido a falta de informação e treinamento dos profissionais de 
saúde para lidar com estes pacientes. Há pouca informação técnica nos cursos de graduação e o número de 
profissionais que realiza tratamento especializado a pacientes com necessidades especiais é muito reduzido. 
A odontologia, no Brasil, tem sido uma honrosa exceção, com um incremento grande de cursos de 
especialização e uma série de congressos e trabalhos publicados sobre o atendimento a pacientes especiais. 
De modo geral, os casos mais frequentes de atendimentos especiais se dividem em três grupos: 
Crianças com Necessidades Especiais de Saúde (CRIANES), idosos e pacientes psiquiátricos. 
 
Crianças com necessidades especiais de saúde (Crianes): O termo Crianças com Necessidades 
Especiais de Saúde (Children with Special Health Care Needs), ou CRIANES, surgiu pela primeira vez em 
1998 nos EUA para caracterizar uma clientela específica de hospitais pediátricos que demandavam um tipo 
especial de cuidados, seja de forma temporária ou permanente, e que apresentavam múltiplos diagnósticos 
médicos, implicando em uma permanente dependência dos serviços de saúde em diversas especialidades. 
No Brasil, a população mais carente agrava as estatísticas relativas à CRIANES em função da pobreza que 
aumenta a exposição da criança eda gestante ao adoecimento e a cronicidade de problemas de saúde.São 
considerados quatro padrões específicos de demandas especiais de saúde para esta clientela. São elas: 
 
Crianças com disfunção neuromuscular (requerem reabilitação psicomotora e social); 
 
Crianças dependentes de aparelhagem tecnológica (cateter semi-implantável, bolsas de colostomia, 
ureterostomia, cânula de traqueostomia etc.); 
 
Crianças fármaco-dependentes (antirret rovirais, cardiotônic os, neurolépticos, etc.); 
 
Crianças que dependem de modificações na forma habitual de cuidar, incluindo aquelas que necessitam de 
alterações específicas nas AVDs (Atividades da Vida Diária). 
 
De modo geral, são todas as crianças que dependem, ainda que em casa, de uma atenção complexa e 
contínua. Estes cuidados domiciliares especiais são divididos em duas categorias: 
 
1. O cuidado natural, que se intensifica a níveis muito acima dos necessários às crianças em geral. 
2. O cuidado singular, que se refere aos cuidados próprios, específicos e inerentes à condição particular 
de cada criança com necessidades especiais de saúde. 
 
Idosos: A principal questão ética envolvida no trato com idosos diz respeito ao falso pressuposto de 
que, por estar velho, o indivíduo perde sua condição decisória ou seu direito à preservação da 
privacidade. A própria família, com o argumento de “poupar” o idoso de ansiedades ou aspectos 
negativos, se coloca como intermediária na relação do profissional de saúde com seu paciente. Esta 
intermediação só pode ser aceita mediante a comprovação da incapacidade do idoso em tomar suas 
próprias decisões e atitudes. Existem meios adequados de transmitir diagnósticos ou necessidades que 
minimizam impactos e danos emocionais desnecessários. Os direitos à informação, privacidade e 
confidencialidade do paciente não podem ser quebrados em função de sua idade e sim em casos de 
incapacidade, que o fazem necessitar de terceiros que por ele se responsabilizem. Nestes casos, é 
preciso deixar claro que a fidelidade do profissional de saúde é com o paciente e cabe exclusivamente 
ao profissional decidir que informações são essenciais para que os representantes tomem as decisões 
necessárias e quais informações são desnecessárias e dizem respeito, exclusivamente, à pessoa do 
idoso. O profissional que atende ao idoso deve preservar fundamentalmente o vínculo de confiança com 
seu paciente e este vínculo está baseado na integralidade da sua pessoa. 
definidos por “atendimentos especiais” ou registrados como PNEs (Portadores de Necessidades Especiais ) em função 
de dois aspectos básicos: 
 
1. O avanço tecnológico da medicina, que tem conseguido, através da descoberta de novos medicamentos e 
tipos de tratamento, reduzir significativamente muitas patologias. Em caso da ausência de um tratamento 
precoce, essas patologias poderiam vir a tornar as pessoas acometidas e, posteriormente, caracterizá -las 
como portadoras de necessidades especiais. 
2. A segunda diz respeito ao próprio estímulo da sociedade em ações de inclusão social, que têm alterado o 
perfil destas pessoas e de seus familiares, fazendo com que não se vejam como pessoas que precisem de 
atendimento diferenciado. Grande parte destas pessoas pode, efetivamente, ser atendida em um ambiente 
ambulatorial e somente alguns distúrbios ou condições especiais podem exigir internações, equipamentos 
especiais ou ainda, em casos mais específicos, a utilização de medicamentos especiais ou mesmo sedação 
em certas deficiências mais profundas. Estas, no entanto, são condições mais raras e especiais. 
 
Naturalmente que, na área da saúde, tornam-se mais preocupantes alguns procedimentos e cuidados 
aplicados a pacientes PNEs. Equipes multidisciplinares de modo geral conhecem melhor as necessidades 
destas pessoas e contam com psicólogos que auxiliam na elaboração de procedimento s, dinâmicas, no 
entendimento dos sentimentos dos pacientes e familiares envolvidos e na compreensão dos aspectos 
psicodinâmicos. O problema principal ainda tem sido a falta de informação e treinamento dos profissionais de 
saúde para lidar com estes pacientes. Há pouca informação técnica nos cursos de graduação e o número de 
profissionais que realiza tratamento especializado a pacientes com necessidades especiais é muito reduzido. 
A odontologia, no Brasil, tem sido uma honrosa exceção, com um incremento grande de cursos de 
especialização e uma série de congressos e trabalhos publicados sobre o atendimento a pacientes especiais. 
De modo geral, os casos mais frequentes de atendimentos especiais se dividem em três grupos: 
Crianças com Necessidades Especiais de Saúde (CRIANES), idosos e pacientes psiquiátricos. 
 
Crianças com necessidades especiais de saúde (Crianes): O termo Crianças com Necessidades 
Especiais de Saúde (Children with Special Health Care Needs), ou CRIANES, surgiu pela primeira vez em 
1998 nos EUA para caracterizar uma clientela específica de hospitais pediátricos que demandavam um tipo 
especial de cuidados, seja de forma temporária ou permanente, e que apresentavam múltiplos diagnósticos 
médicos, implicando em uma permanente dependência dos serviços de saúde em diversas especialidades. 
No Brasil, a população mais carente agrava as estatísticas relativas à CRIANES em função da pobreza que 
aumenta a exposição da criança e da gestante ao adoecimento e a cronicidade de problemas de saúde.São 
considerados quatro padrões específicos de demandas especiais de saúde para esta clientela. São elas: 
 
Crianças com disfunção neuromuscular (requerem reabilitação psicomotora e social); 
 
Crianças dependentes de aparelhagem tecnológica (cateter semi-implantável, bolsas de colostomia, 
ureterostomia, cânula de traqueostomia etc.); 
 
Crianças fármaco-dependentes (antirret rovirais, cardiotônic os, neurolépticos, etc.); 
 
Crianças que dependem de modificações na forma habitual de cuidar, incluindo aquelas que necessitam de 
alterações específicas nas AVDs (Atividades da Vida Diária). 
 
De modo geral, são todas as crianças que dependem, ainda que em casa, de uma atenção complexa e 
contínua. Estes cuidados domiciliares especiais são divididos em duas categorias: 
 
1. O cuidado natural, que se intensifica a níveis muito acima dos necessários às crianças em geral. 
2. O cuidado singular, que se refere aos cuidados próprios, específicos e inerentes à condição particular 
de cada criança com necessidades especiais de saúde. 
 
Idosos: A principal questão ética envolvida no trato com idosos diz respeito ao falso pressuposto de 
que, por estar velho, o indivíduo perde sua condição decisória ou seu direito à preservação da 
privacidade. A própria família, com o argumento de “poupar” o idoso de ansiedades ou aspectos 
negativos, se coloca como intermediária na relação do profissional de saúde com seu paciente. Esta 
intermediação só pode ser aceita mediante a comprovação da incapacidade do idoso em tomar suas 
próprias decisões e atitudes. Existem meios adequados de transmitir diagnósticos ou necessidades que 
minimizam impactos e danos emocionais desnecessários. Os direitos à informação, privacidade e 
confidencialidade do paciente não podem ser quebrados em função de sua idade e sim em casos de 
incapacidade, que o fazem necessitar de terceiros que por ele se responsabilizem. Nestes casos, é 
preciso deixar claro que a fidelidade do profissional de saúde é com o paciente e cabe exclusivamente 
ao profissional decidir que informações são essenciais para que os representantes tomem as decisões 
necessárias e quais informações são desnecessárias e dizem respeito, exclusivamente, à pessoa do 
idoso. O profissional que atende ao idoso deve preservar fundamentalmente o vínculo de confiança com 
seu paciente e este vínculo está baseado na integralidade da sua pessoa. 
 
A autonomia decisória e as convicções pessoais devem ser respeitadas ao máximo e, mesmo em 
situaçõesde incapacidade temporária ou definitiva, o idoso tem direito a ver respeitadas as decisões 
tomadas antecipadamente. 
 
Pacientes psiquiátricos: Dentre os diversos aspectos éticos envolvidos no atendimento a pacientes 
psiquiátricos, um tema de especial complexidade diz respeito à internação e tratamentos involuntários e 
sua conflitante prática com os princípios do consentimento informado e da autonomia do paciente. 
Historicamente, a prática de aceitar a internação involuntária de doentes mentais tem relação a dois 
antigos pressupostos: 
 1. Periculosidade destes pacientes. 
2. Cronicidade de seus quadros clínicos. 
 
A possibilidade de levar outros ou a si mesmo a riscos iminentes de ações violentas e a ideia 
equivocada de que as patologias mentais são intratáveis ou permanentes, sendo apenas controladas 
temporariamente pelo uso de medicação, têm justificado este tipo de violência contra a pessoa em 
casos que seriam perfeitamente tratados ambulatorialmente. Ainda que viessem necessitar de 
internação, esta fosse realizada com o consentimento do paciente. Paralelamente à internação 
involuntária, vemos ainda o uso frequente de força física ou aplicação de medicamentos como 
expedientes utilizados na contenção de comportamentos de agressividade ou ansiedade extrema. Na 
maioria das vezes são pessoas que estão tendo seus direitos e dignidade sendo aviltados à sua revelia, 
o que por si só justificaria uma atitude de desespero, ou ainda pacientes internados que vivem em 
condições de ócio e negligência assistencial. Seja qual for o caso, a repressão através de violência 
física ou química poderia ser muito facilmente substituída por profissionais preparados para 
lidar de modo apropriado com estas manifestações de medo e ansiedade. 
 
Aula 10 
 
Humanização do ambiente hospitalar: A valorização da ciência, a partir essencialmente do século 
XVIII, produziu muitas mudanças na vida e na rotina das pessoas,independente destas serem ou não 
diretamente interessadas em ciência. Antes do apogeu positivista da ciência, os hospitais eram locai s 
de exclusão social onde apenas os pobres recorriam (uma vez que os mais abastados traziam os 
médicos e demais cuidados de saúde para o interior de suas residências) e, na maioria das vezes, a 
atenção assistencialista do hospital se direcionava para os cuidados materiais e espirituais, uma vez 
que a cura das doenças não aparecia como alternativa prioritária aos ali internados. A partir do 
desenvolvimento da ciência, esta situação se altera em função do grande interesse experimental na 
análise de patologias e medicamentos. O hospital passa a ser um local de estudo, de aprimoramento de 
meios de diagnóstico e tratamento. Assim, o foco passa a ser a abordagem técnica e científica das 
doenças. Se por um lado esta nova perspectiva faz com que o hospital deixe de ser um local de morte e 
passe a ser visto como uma instituição de recuperação…Por outro, condutas associadas ao conforto 
espiritual ou ao assistencialismo ficaram esquecidas em detrimento da nova abordagem científica. 
Nomes passam a ser substituídos por diagnósticos e a maioria dos profissionais de saúde passa a 
ignorar cuidados básicos de atenção à pessoa do paciente, em detrimento de um profundo rigor na 
percepção do traçado eletrocardiográfico e da pressão venosa. Assim, houve aparentemente uma 
inversão de valores associados aos cuidados em saúde 
 
A abordagem contemporânea de saúde, impregnada de uma perspectiva mais holística, entende que as 
patologias não podem ser interpretadas exclusivamente através dos órgãos nos quais os distúrbios se 
exibem, m as precisam ser analisadas sob uma concepção mais global do ser humano, deixando de 
lado a percepção dualista e compreendendo a pessoa como uma unidade. Assim, por definição, esta 
nova abordagem assume um caráter mais humanístico e a atenção aos componentes subjetivos da 
doença, seus aspectos emocionais, componentes mórbidos, além da fisiopatologia e demais aspectos 
das dimensões sociais e psíquicas passam a ser valorizados. Busca-s e hoje dosar novas tecnologias e 
medicamentos de última geração com o relacionamento entre as pessoas, procurando equilibrar ciência 
e ética através da noção de valores humanos.. 
 
A dificuldade na instalação desta humanização do ambiente hospitalar, no entanto, começa pela própria 
incongruência das circunstâncias. Como em qualquer outra instituição, o hospital convive com objetivos 
financeiros, políticos, pessoais e uma série de situações de vida que frequentemente se conflitam e 
transformam ações em instrumentos de anseios nem sempre éticos ou coletivos. Assim, a humanização 
do atendimento de saúde passa, primordialmente, pela humanização das próprias relações 
institucionais. 
Os profissionais de saúde submetem-se em sua atividade a tensões psicológicas provenientes do 
contato permanente com a dor alheia, tensões relativas ao seu desempenho que pode representar a 
diferença entre a vida e a morte de pessoas, além das pressões que muitos trabalhadores vivenciam, 
independente de suas áreas de atuação, como as condições salariais e de trabalho. Cuidar destes 
profissionais e humanizar suas relações de trabalho é o passo inicial de qualquer processo de atenção. 
 
Outro importante aspecto diz respeito à consciência de que um trabalho bem sucedido depende: 
Tanto da qualidade técnica do profissional. 
Quanto da qualidade interacional entre profissional e paciente.
Há uma profunda melhora no desempenho dos profissionais de saúde quando estes são capazes de 
interpretar aspectos emocionais de seus pacientes.Com isso, conseguem também minimizar 
resistências, otimizar relatos e adesões aos tratamentos.É fundamental que o profissional de saúde 
aprimore seus conhecimentos dos aspectos interpessoais da tarefa assistencial e conheça estratégias 
profissionais de lidar com estas situações. 
 
Violência: Em seu Relatório Mundial sobre Violência e Saúde, um extenso documento publicado em 
Outubro de 2002, define violência como sendo “o uso intencional de força física ou poder, real ou em 
forma de ameaça, contra si próprio, contra o outro, ou contra um grupo ou comunidade, que resulte ou 
tenha probabilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência d e desenvolvimento ou 
privação”.Assim, um ato violento é um comportamento que se opõe à ética, na medida em que nega os 
valores e direitos básicos da pessoa, a “coisifica” e a suprime de sua dignidade e condição de 
igualdade. Desta forma, tendo o profissional de saúde o reconhecimento da dignidade das pessoas, o 
respeito pelo outro e a consciência dos valores e direitos humanos, estará moralmente preparado para 
o enfrentamento destas situações. Em 1982, a ONU (Organização das Nações Unidas) em assembleia 
geral instituiu a Resolução 37/194 que trata de princípios de ética médica aplicáveis à função do 
pessoal de saúde, especialmente aos médicos, na proteção de prisioneiros ou detidos, contra tortura e 
outros tratamentos cruéis. 
 
Nesta Resolução, composta por uma série de princípios que não se limitam às pessoas em condição de 
presos formais, mas se estendem a qualquer indivíduo em condição de privação de sua autonomia de 
liberdade consta, dentre outros de:“uma grave violação da ética médica, bem como uma ofensa aos 
instrumentos internacionais aplicáveis na área da saúde, participar ativa ou passivamente nos atos que 
constituem participação, , cumplicidade, incitamento ou tentativa para cometer tortura ou outros 
tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes”.Deixa claro, assim, a concepção de que presenci ar 
maus-tratos, abusos ou comportamentos degradantes, não os denunciar ou evitar, transforma o 
profissional de saúde em cúmplice de crime contra o outro. 
 
 Vítimas frequentes de abusos e maus tratos: crianças e idosos: As vítimas mais frequentes de abusos e 
maus-tratos são, por sua própria natureza de fragilidade,o idoso e a criança. Estas características promovem exclusão 
social e familiar, favorecendo as mais diversas formas de violência. O estudo mais sistemático da violência contra o 
idoso começa a surgir em meados da década de 70 e, inicialmente, foi caracterizado apenas em situações de danos 
físicos intencionais (lesões corporais) produzidos por outros em pessoas com mais de 65 anos. Posteriormente, o tema 
“abuso” foi estendido também a ações que viessem a provocar danos psicológicos, sociais, financeiros ou que 
demonstrassem situações de negligência, omissão e abandono. 
A legislação brasileira já possui uma série de dispositivos de amparo ao idoso. A Constituição Federal assegura o 
impedimento de qualquer forma de descriminação por idade e garante ao idoso o amparo obrigatório pela família e pelo 
Estado.O Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741/2003, dentre muitas garantias constitucionais, estabelece em seu artigo 19 
que é obrigatória a comunicação, por parte dos profissionais de saúde, nos casos de suspeita ou confirmação de maus 
tratos contra o idoso à autoridade policial e ao Ministério Público, assim como aos conselhos municipal, estadual e 
nacional do idoso. 
Condição semelhante à do idoso vivenciam as crianças, em particular as com menos de quatro anos, casos mais 
frequentes de abuso.Apesar de a violência atingir de modo indiscriminado crianças de todas as idades, sexos, cor da 
pele ou renda familiar, as estatísticas demonstram que crianç as pequenas de famílias de baixa renda, em situação de 
desagregação ou crise, são as mais atingidas. Além de episódios de agressão física, é frequente evidênc ias de 
negligência e abandono. Dentre as crianças de rua, as estatísticas apontam adolescentes do s exo masculino como os 
mais atendidos por traumas e efeitos relacionados a drogas, sempre com elevados índices de evasão hospitalar. 
De modo geral, há a ideia de que a violência urbana é maior do que a doméstica. Estudos recentes, no entanto, 
demonstram que no que se refere à violência infantil este dado não procede. 
ECA: O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), Lei Federal 8.069/1990 em seus artigos 3º e 5º, define a prática 
de maus-tratos como sendo toda ação ou omissão que prejudique o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e 
social, em condições de dignidade e de liberdade. A violência doméstica, por sua vez, é concebida como aquela 
praticada por ato ou omissão dos pais, parentes ou responsáveis, contra a criança ou adolescente que possa vir a 
promover dano físico, sexual ou psicológico à vítima. 
Fisicos: Produzidos por uso de força física, de modo intencional ou acidental, com o objetivo de ferir independente da 
motivação. Este tipo de dano é configurado como delito de lesão corporal, artigo 129 do Código Penal ou homicídio, 
artigo 121. 
Psicológicos: Produzidos por influência ou interferência negativa, capaz de formar no menor sentimentos 
autodestrutivos, deformações de caráter ou morais. Este tipo de dano se configura através de condutas de rejeição, 
hostilidade, frieza, agressões verbais, depreciação, discriminação, exigências incompatíveis com a idade ou condições 
da criança ou adolescente, dentre outros. 
Sexuais: Produzidos por ação de cunho sexual ou erótico, utilizadas para gratificação sexual de adulto ou pessoa de 
mais idade que o menor. Esta prática envolve qualquer tipo de contato em área erógena, abusos verbais, indução à
prostituição, exibição de material pornográfico e quaisquer outras formas de exploração sexual, independente do uso 
ou não de violência física ou coerção. O Código Penal tipifica esse tipo de conduta no capítulo que trata dos crimes 
contra a liberdade sexual (artigos 213 a 216-A) e o Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 244-A, como 
crime de exploração sexual. 
Por negligencia: Produzidos por omissão do responsável que, por ato intencional ou não, deixa de prover 
adequadamente as nec essidades da criança ou adol escente para o seu perfeito desenvolvimento. Cons ideram -se as 
necessidades referentes à alimentação, supervisão emocional e psicológica, proteção e cuidados com saúde, higiene e 
educação. Estes danos podem acarretar perda do pátrio poder e são definidos como abandono pelo Código Penal nos 
artigos 244 e 246, referentes ao abandono material e intelectual e 133, referente a abandono de incapaz. 
 
É importante frisar que, apesar da denúncia de maus-tratos ser antes de tudo um dever cívico de qualquer cidadão 
na defesa dos direitos de seu semelhante, por força de lei alguns profissionais em função de sua atuação social são 
considerados responsáveis específicos por este tipo de notificação. O Artigo 56 do ECA aponta os dirigentes de 
estabelecimentos de ensino fundamental como tendo o dever de informar ao Conselho Tutelar os casos de maus -tratos 
envolvendo seus alunos. O artigo 245 do ECA especifica o médico, o professor de ensino fundamental, pré-escola ou 
creche e o responsável por estabelecimento de atenção à saúde como responsáveis pela denúncia. 
Vale ressaltar que estes profissionais, apesar da incumbência legal em notificar, não precisam investigar os 
responsáveis pelos maus-tratos ou descobrir qualquer motivação, cabendo a eles exclusivamente o ato de comunicar o 
fato à autoridade legal e desenvolver as ações de sua especialidade para o tratamento e re cuperação da vítima.

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