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Trabalho pronto DIREITO E SOCIOLOGIA

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FACULDADE ESUCRI
CURSO DE DIREITO
ANTROPOLOGIA E SOCIOLOGIA JURÍDICA
CRICIÚMA/ 2014
FACULDADE ESUCRI
ANTROPOLOGIA E SOCIOLOGIA JURÍDICA
GUILHERME GERÔNIMO ORIGE
CRICIÚMA
2014
FACULDADE ESUCRI
ANTROPOLOGIA E SOCIOLOGIA JURÍDICA
Trabalho confeccionado por Guilherme Gerônimo Orige, à Faculdade Esucri, como um dos requisitos para a obtenção do título de Bacharel em Direito.
Orientador(a):
Prof(°). MSc NILZO FELISBERTO
CRICIÚMA
2014
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 	 05
2 DIREITO PARA A SOCIOLOGIA JURÍDICA	 06
3. SOCIOLOGIA DO DIREITO E A SOCIOLOGIA NO DIREITO.................... 08
4 MOVIMENTO DE USO ALTERNATIVO DO DIREITO................................... 14
5 DIREITO ALTERNATIVO...................................................................................... 17
6. CONCLUSÃO	 19
 REFERÊNCIAS	 21
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1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho demonstrará a verdadeira face do direito quanto ciência na presença da sociologia que vem a argumentar a forma de aplicação desse direito como norma jurídica, no tocante da interação das pessoas em sociedade gerindo sanções para tanto, controlando conflitos e analisando através de uma visão positivista da observação se a lei que criada para tal princípio em particular é recíproca ou não ao que se aplica, isso tudo posto existentes em todo o país, travada entre sociedade e estado.
Uma guerra de ideias onde os mais prejudicados ou favorecidos são os cidadãos em um ambiente social, que acabam ficando no meio de um fogo cruzado sem saber distinguir muitas vezes o que é certo ou errado em meio a tantas controvérsias.
O papel do estado, no entanto é proteger a sociedade, trazendo paz, harmonia, saúde, educação, entre outros, porém, acabam assumindo seu papel enquanto líderes da comunidade, através de um controle e mobilização, impondo leis e regras, mas não se esquecendo de garantir costumes e garantias individuais através de seu controle soberano, onde muitas vezes só querem proteger sua família. 
Como a expectativa é um melhor entendimento para dar qualidade de vida aos membros de uma sociedade, a sociologia vem não sendo como um entrave para o direito, pois seu objetivo não é a critica do mesmo, mais sim a consonância da inserção da ciência humana com a sociedade, pensando no bem estar comum, fazendo que haja certa harmonia dentro de um ambiente social que se insere os seres humanos como um todo. Com isso o papel do estado se inverte aos olhos da sociedade, muitas vezes não conseguindo resolver os conflitos gerados pela rapidez em que acontece o desenvolvimento histórico no meio social.
2 DIREITO PARA A SOCIOLOGIA JURÍDICA
A sociologia jurídica está ligada diretamente a sociologia sendo uma ramificação visando dar respostas ao meio social, explicando os fenômenos jurídicos que os relacionam.
 Esse ramo da sociologia tem a tendência de interagir direito com a sociologia, pondo processos de juridificação e resolução de conflitos entre os seres humanos enquanto nos grupos sociais. O direito dentro da sociologia é visto como ações desempenhadas em fatos reais pelas pessoas em sociedade como se fosse de costumes, não colocando o direito como sendo normas propriamente expressas. Podemos citar como principais percursores da sociologia enquanto jurídico Max Weber com sua obra economia e sociedade à sociologia do direito, Eugen Erlich em sociologia do direito e Émule Durkheim em A divisão do trabalho e Lições de sociologia, onde ele explica que a divisão do trabalho acaba afastando o relacionamento das pessoas, pois não dá espaço para uma interação entre os funcionários que ali trabalham.
A sociologia jurídica é abordada como um conhecimento das ciências sociais, onde a sociologia e o direito se cruzam em harmonia para ter um bom andamento na vivência social, resolvendo problemas de interesses através de penas elaboradas vindas de ideais que justificam uma justiça dada dentro de um território ocupado por pessoas diferentes, com pensamentos distintos, impondo sanções para tal, para chegar a um senso comum.
A sociologia consiste em estudar o homem em seu meio social, trabalhando com regras morais, de costumes e educacionais baseadas nas ciências que estudam o comportamento dentro de um agrupamento organizadamente para que possam viver em harmonia e não somente favorecer poucos e sim como um todo.
	Dentro da sociologia jurídica tem-se um estudo dirigido para adaptar as relações entre conflitos e normas que necessitam regular as situações que surgem entre os indivíduos inseridos dentro de um contexto social. A Sociologia descreve uma ciência positiva enfatizando as transformações humanas no que tange os fatores, econômicos, culturais, artísticos e religiosos. O Direito vem como uma ciência normativa que impõe um sistema de regras sancionando e equilibrando o convívio social. 
	Na Idade Média Européia, o cristianismo contemplou podemos dizer que as primeiras regras de conduta que deveriam ser seguidas para com os grupos sociais, onde perdurou por muitos anos até que outros pensamentos começaram a surgir a partir do desenvolvimento do mundo moderno.
	Verificando a história, sempre buscaram analisar através de estudos sociológicos as relações dentro da sociedade, seus conflitos e consequências, sendo que o objetivo dessa ciência é entender os fenômenos coletivos e suas relações, com importantes autores renomados e suas teorias.
O que diferencia o homem é que ele é um ser pensante, com fundamentos, que vive em um meio social, o que leva a relacionar mutuamente com outros seres humanos criando a base da sociedade, com isso prontifica a ser um ser social através de um conflito de interesses mútuos, tendo a base familiar como núcleo dessas relações, com isso participa de grupos de bairro, frequenta escola, aprende e ensina, entre outras formas consignadas valorizando o ser humano com o hábito da interação. 
Na família o individuo começa as primeiras bases com as normas da sociedade, que deve seguir de acordo com a moral e com a lei, nunca fugindo dos costumes que o acerca e os princípios de conduta que lhe faz necessário, impondo sempre sanções para qualquer desvio de conduta, não somente através das leis mais por consequência prejuízo com relação à inserção social. E, quando se fala de sanções previstas em lei seja objeto de direito, sendo que precedente a isso a coerção deverá ser repressiva, excludente.
Sabemos hoje que uma pessoa que fica devendo dinheiro à outra não sofrerá sanções previstas em lei através do objeto do direito, porém perante a repressão de um grupo através da condenação pela conduta errada, o mesmo será excluído desse meio, ou até mesmo banido do ambiente lateral em que está inserido. Seguido disto, o homem estará sempre submetido às regras da sociedade ou do Estado soberano que lhe impõe leis para limitar direitos e deveres controlando a sociedade, tendo assim a relação estritamente condicionada entre o grupo social e o Estado que seque em consonância. Diante disto, percebe-se que o homem durante toda a sua vida social irá submeter-se a regras, sejam estas impostas por um grupo social ou pelo Estado. 
Um grupo social se difere uns dos outros pelas regras sociais em um grupo comumente social, onde a moral deve ser respeitada, os costumes devem ser respeitados e as leis devem ser cumpridas através de processos judiciais inseridas em um aparato criminal, implicando em discriminação de um grupo social e aplicando sanções para se ter um controle social.
3. SOCIOLOGIA DO DIREITO E A SOCIOLOGIA NO DIREITO
A sociologia do direito é colocada como um ramo da sociologia que analisa de forma externa o sistema jurídico, sendo que o direito deve ser encarado separadamente das outras ciências para que seja estudada individualmente de outras ciências por assim dizer, tendo uma participação passiva referente ao estudo e suas abordagens do direito cumulativamente.A sociologia jurídica pode dar opiniões plausíveis quanto ao direito, mas não pode estudar de forma crítica o direito, tal fato se concretiza apenas em observações neutralizadas de um fundamento jurídico, resumindo seria um pensamento positivista de ver esse conceito sendo de certa forma imparcial para que não constranja as pessoas quando a convivência na sociedade. O papel aqui do positivismo tem que ser de coadjuvante não podendo tomar iniciativas quanto ao processo de aplicação do direito. No direito a sociologia atende uma perspectiva interna, porém quem defende os positivistas que o estudo não pode ser exclusivamente de um método jurídico tradicional colocando a sociologia jurídica como uma intercessora ativa na elaboração de um estudo dogmático para a aplicação do direito. 
O pensamento positivista afirma que não há uma ciência jurídica autônoma porque o direito ademais dos métodos tradicionais, também emprega ou deve empregar métodos próprios das ciências sociais. A elaboração das leis e na doutrina pelo que se vê não se tem grandes atritos de defesa de pensamento, mas quando se trata na aplicação das normas se torna um pensamento conflitante porque a prática em questão pode mudar o sistema de vida no caso de melhorias com a participação efetiva do direito como também pode prejudicar e bem uma boa relação posta. A questão da elaboração de leis na questão político e não jurídico não se vê tantos problemas, mas quando se trata de praticar as normas é que se têm bastantes conflitos gerando uma grande polêmica. Conflito este ocasionado pelo momento sociológico-jurídico das interpretações dos Juízes e profissionais da área do direito. Quem faz a valorização da lei, suas decisões, estão diretamente correlacionadas com os princípios, sendo que se o direito é uma forma política por que a sociologia de uma forma geral não deve influenciar nas decisões do Juiz antes da aplicação do direito para torná-lo mais justo, porém não tem como criar normas, nem leis sem o tocante sociológico. A aplicação da lei que surge através de atos administrativos através de seus agentes públicos ou judiciais através dos magistrados aplicando a lei ao caso concreto, com vários interpores entre particulares e a administração pública ou mesmo entre a própria administração pública. Os atos administrativos são exercidos quando a lei autoriza, com isso se a lei não é eficaz, portanto injusta, mesmo o aplicador sabendo de tal feito é obrigado a se manter neutro e aplicar a injustiça, podemos citar como exemplo um acidente de trânsito que certo cidadão se joga na frente de um carro e se não houver testemunha e se não for provado ao contrário posteriormente, quem levará a culpa para o fato será o motorista que a atropelou sem ter nenhuma intenção da ação. Quando se elabora leis nesse momento se tem um bom tempo para a discussão e para pensar no que se vai aprovar, porém o aplicador da lei tem esse afazer, somente pegar a coisa pronta e aplicar, ou seja, uma pessoa comum, ou um aglomerado de pessoas comum decidindo o futuro de uma multidão, através de doutrinas enfatizadas por uma pessoa só, que por fim pode estar embasada pelas opiniões políticas e teóricas de que tem podendo ser fora do contexto para a elaboração das leis.
É bem difícil vermos regras em que não constrangia um princípio, assim como, pelo número e qualidade de princípios existentes no nosso ordenamento e doutrina, fica fácil ao magistrado recorrer a qualquer um deles para prolatar sua decisão. 
Apontamos dois grandes pensadores que representaram o entendimento jurídico moderno muito bem entendido que foram Max Weber e Hans Kelsen. 
O Max Weber tinha seu pensamento mais voltado para a sociologia jurídica no âmbito dogmático jurídico, da ciência política e das ciências sociais como um todo, tendo traços bastantes assentados na sociologia do direito e o Hans Kelsen voltava seus estudos para o impacto nas humanidades, porém mais aos olhos do Direito, os pensamentos estão de forma bem presentes e voltadas para um mesmo meio e fim por assim dizer. Contanto, a idéia difundida por esses autores é de que a lei não pode criar efetivamente o direito, visto que tal tarefa é destinada ao órgão competente, que a lei não poderia criar efetivo direito que tal tarefa era destinada ao elemento subjetivo do Direito, o juiz. 
Defendiam os autores que a ciência jurídica dos juristas que somente se atinavam às leis formalmente criadas pelo legislador, reinvindicando a função judicial como a verdadeira fonte de direito. Max Weber, por sua vez, criticou Kantorowicz e Erlich porque ambos tentaram reduzir a Ciência do Direito a uma disciplina sociológica, portanto tendo ambos investido-se de caráter valorativo em suas teorias, tese incompatível com a neutralidade axiológica pregada por Weber, entendia, a ciência jurídica ou dogmática jurídica e a sociologia do direito que não poderiam jamais ser justapostas, de maneira que ambas ocupam lugares distintos, isoladamente consideradas. 
A postura dogmático-jurídica para Weber como ele próprio ensinava lida de forma a regular o sistema de condutas, organizando-as: 
[...] propõe-se a tarefa de investigar o sentido correto de normas cujo conteúdo apresenta-se como uma ordem que pretende ser determinante para o comportamento de um  círculo de pessoas de alguma forma definido, isto é, de investigar as situações efetivas sujeitas a essa ordem e o modo como isso ocorre (WEBER, 1999, v. I, p. 209).
Entendia que na dogmática jurídica uma norma será considerada proibida, permitida, concessiva, explicativa, integrativa dentre outros tipos, de sorte a se imporem como uma ordem àqueles a elas sujeitas. “Para esse fim”, continua Weber, “assim procede: partindo da vigência empírica indubitável daquelas normas, procura classificá-las de modo a encaixá-las em um sistema sem contradição lógica interna. Este sistema é a ‘ordem jurídica’ no sentido jurídico da palavra” (WEBER, 1999, v. I, p. 209).
O direito como sociologia tende a entender o que se passa no comportamento das pessoas, em suas crenças, e observações em uma orientação para uma ordem legítima. Como bem interpreta Julien Freund, assinala que a sociologia jurídica
[...] tem por objeto compreender o comportamento significativo dos membros de um grupamento quanto às leis em vigor e determinar o sentido da crença em sua validade ou na ordem que elas estabeleceram. Procura, pois, apreender até que ponto as regras de direito são observadas, e como os indivíduos orientam de acordo com elas a sua conduta (2000, p. 178).
Preocupa-se Max em denotar o que deve ser do que deve ser na realidade, no comportamento e nas ações, uma coisa é pensar deve ser assim, porém na realidade será que não irá prejudicar alguém com essas ações, causando transtornos injustiças, que é muito lindo na teoria mais e a prática na realidade com os acontecimentos reais como será?. Fica evidente tal consideração quando nos reportamos ao próprio Weber, quando assevera com propriedade:
[...] a ordem jurídica ideal da teoria do direito [leia-se aqui dogmática jurídica] não tem diretamente nada a ver com o cosmos das ações [...] efetivas [objeto da sociologia jurídica], uma vez que ambos se encontram em planos diferentes: a primeira, no plano ideal de vigência pretendida; o segundo, no dos acontecimentos reais (WEBER, 1999, v. I, p. 209)[5].
Neste ponto podemos ver que a sociologia jurídica vem para estudar e dar aplicações, não no sentido de formular leis mais no sentido da realidade, do que se vive em sociedade não em pensamentos e sim na prática vivenciada por todos. Por exemplo, um estelionatário, a fim de se livrar do peso da lei, orienta-se segundo a norma com o fito de escapar a ela. Ele visa aplicar a máxima diligência em não ser descoberto, porque, ao se orientar conforme a norma percebe que aquele comportamento é reprovável e sujeito à sanção. Atente-se aqui para o fato de que a observância ou não observância normativa não é requisito essencial para determinar o que é e o que não é tarefa da sociologiajurídica investigar. Como Weber explica:
O fato de pessoas quaisquer se comportarem de determinada forma porque a consideram prescrita por normas jurídicas é, sem dúvida, um componente essencial da gênese real empírica, e também da perduração, de uma ‘ordem jurídica’ (WEBER, 1999, v. I, p. 210, grifo do autor).
E complementa sua idéia em um outro trecho:
Também é desnecessário [dizer] [...] que todos os que compartilham a convicção do caráter normativo de determinadas condutas vivam sempre de acordo com isso. Isso também nunca ocorre [...]. O “direito” é para nós [segundo a ótica da sociologia jurídica] uma “ordem” com certas garantias específicas daprobabilidade de sua vigência empírica (WEBER, v. I, p. 210, grifo nosso).
Uma ação social na visão de Weber seria a ação de ter um objetivo para ser efetivado, no comércio a ação social é praticada na troca de dinheiro por mercadoria.
	A ação como vistas podem ser passadas, presentes ou esperadas, então partindo disso a ação social seria o indivíduo na sociedade tentando modificar algo, melhorar o que já está pronto e criar uma nova entidade (ex. Ong) para resolver problemas referentes a socidade que poderia ser nesse caso de menores carentes.
	A ação social é diferente do fato social nos seguintes quesitos, primeiro que uma ação social significa uma mudança no meio no sentido de trocas de favores entre os indivíduos, ou seja, eu pratico a ação na sociedade com intuito de organizar ou resolver problemas, em muitos casos com essa ação eu gostaria de me beneficiar, a ação é visível, é material e real, já o fato social seria aquela coisa que aconteceu, seria mais pensando em entender as atitudes, as ações sociais, pela consciência de cada pessoa.
Na produção social as pessoas contraem relações de produção, onde as mesmas correspondem às etapas determinantes do desenvolvimento de suas forças produtivas materiais, formando assim, uma estrutura econômica dando base na forma das estruturas jurídicas e políticas, sendo a essência no papel de cada homem no meio social, assim criam-se formas sociais que determinam o ser de cada um.
	Os fatos sociais na concepção de Durkheim devem ser tratados como coisas, pois estes seriam tudo o que o espírito não pode compreender, ele não afirma portanto que fatos sociais são coisas materiais, sendo assim, nós só podemos entender os fatos sociais através de observação, compreensão e experimentação, definimos apenas de coisas.
	
4 MOVIMENTO DE USO ALTERNATIVO DO DIREITO
O Direito Alternativo é tratado como um movimento estruturado em torno de concepções críticas do Direito, constituída por um grupo de profissionais dos direito como professores universitários, advogados, juízes, membros do Ministério Público e Instituto de Apoio Jurídico Popular. Esse movimento tem o objetivo de questionar a injustiça pela fragilidade das leis e pela ausência do Estado em dar resoluções para problemas sociais, originadas na má formulação do Estado Moderno, que, segundo João Maurício Adeodato, tem as seguintes características: 1- pretensão do monopólio, por parte do Estado, na produção de normas jurídicas (Direito é aquilo que o Estado produz ou tolera seja produzido por outras fontes); 2 - crescente importância das fontes estatais (leis positivadas) em detrimento das fontes expontâneas e extra-estatais do direito; 3 - emancipação da ordem jurídica em relação a outras ordens normativas - positivação do direito. 
No Brasil esse movimento se concretiza pelo fato de ser um país em desenvolvimento, de novas descobertas, novas formas de pensar, e uma economia que afeta diretamente o comportamento social através da má distribuição de renda, uma realidade que se concretiza pelo fato de termos uma nova maneira de agir quanto ao processo de desenvolvimento. 
Em uma reportagem feita no Brasil no ano de 1990 destacou um desses grupos de magistrados gaúchos com questionamentos feitos pelo ordenamento do Direito no que já está consagrado como podemos ver no mais destacado membro do grupo, Amílton Bueno de Carvalho, esclarecendo a atuação em duas frentes de luta cujo conjunto é denominado “Direito Alternativo Lato Sensu”, este engloba:
a) a primeira frente, cujas lutas se desenvolvem no plano do instituído sonegado:
1. Positivismo de combate - luta dentro da legalidade, empenhando-se em dar eficácia concreta aos direitos individuais e sociais já inscritos nos textos legais e que não vêm sendo aplicados em favor das classes populares;
2. Uso alternativo do direito - também luta dentro da legalidade; na sua essência não contraria a dogmática. Busca - por meio da explicação de antinomias jurídicas (contradições existentes no sistema) e de vagueza ou ambiguidade das suas normas (imprecisão significativa, não possuem um sentido claro e unívoco) - uma interpretação que seja mais comprometida com a democracia e com os interesses de classes ou grupos. O instrumento utilizado para tanto é a hermenêutica;
b) a segunda frente compreende as lutas apresentadas como no plano do instituinte negado:
1. Direito alternativo stricto sensu - é também chamado de direito achado nas ruas, direito insurgente, direito emergente, direito paralelo. É constituído pela própria sociedade paralelamente ao direito produzido pelo Estado. Há uma pluralidade de ordenamentos em um mesmo espaço geográfico e temporal (alopoiese), possuindo um deles a aprovação do Estado e os outros não. Esses outros ordenamentos surgem nos casos de lacunas ou injustiças das normas estatais. Este fenômeno é estudado no âmbito da sociologia jurídica.
2. Jusnaturalismo de caminhada - é uma ordem supra-legal, constituída pela própria sociedade nas suas lutas históricas, e não divina ou proveniente da natureza das coisas. Caracteriza-se pela luta em favor da aplicação ampla de alguns direitos básicos, como os direitos à vida e à liberdade, pois estão acima da ordem jurídica positivada e configuram uma conquista histórica da humanidade, que não pode ser questionada e muito menos negada (valor imutável, crença num eterno Direito Natural).
Amílton Bueno Carvalho, com a utilização do termo “Direito Alternativo Lato Sensu”, pois falar em “uso do direito” deixa a entender que o direito faz parte de uma só ciência e que o Direito Alternativo é uma respostas para problemas que pareciam não ter solução. É fato que a dogmática restritiva do Estado Moderno, a partir do começo deste século, tem sido alvo de questionamentos, pois existe um processo histórico que constata a mutação permanente da sociedade. Diante desta constatação e contra a rigidez dos textos legais, surge a Escola do Direito Livre, de Eugen Ehrlich, criticando o monismo Estatal, o positivismo dogmático e tendo como característica “a libertação do intérprete da submissão absoluta às leis. Para não ser arbitrário ao julgar, o juiz precisa ter “um senso próprio de justiça (sua livre convicção), o qual depende do que se tenha por direito vigente e do que se considere verdade - por meio das provas”.
A crise do direito Estatal existe pelo fato de o Estado não captar completamente os problemas de uma sociedade fragmentada e cambiante. As leis buscam inspiração na realidade social. As normas têm um conteúdo fático que se renova constantemente; então o juiz deve vir do fato para a norma, para depois ir da norma ao fato. Diante disso, Kelsen diz que toda interpretação efetuada pelos órgãos aplicadores do Direito é autêntica, é um ato de criação jurídica e não simplesmente de explicação do seu conteúdo intrínseco.
Com esse poder criativo, o juiz adapta a decisão mais justa às leis vigentes, as quais não precisam ser mudadas, bastando, apenas, cumprir as leituras possíveis da norma geral. Cabe aqui uma breve denominação de eqüidade: “conjunto de princípios imutáveis de justiça que induzem o juiz a um critério de moderação e de igualdade, ainda que em detrimento do direito objetivo”, com a finalidade de solucionar, de forma justa, um caso concreto.
Com essa atuação alternativa, o juiz deixa de lado a passividadee a neutralidade, sendo parcial e politicamente participativo, assumindo um compromisso com o contexto sócio-econômico. Assim, defendendo a construção democrática e pacífica de uma sociedade mais justa e igualitária, optando pelos grupos oprimidos, pobres, classes e grupos marginalizados e geralmente expropriados de qualquer Direito. O juiz deve ter uma interpretação comprometida com o bem comum, como pode-se observar no artigo 5° da LICC: “Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”.
5 DIREITO ALTERNATIVO 
Surgido em 1990, o direito alternativo é um movimento de juristas que busca produzir uma nova forma de ver e praticar o direito, a fim de suprir as lacunas, contradições e ambigüidades do Direito Oficial, ou Positivo. Ao contrario do que muitos pensam o direito alternativo não é um movimento contra a lei, onde o magistrado não tem limites para julgar, mas sim um movimento que busca analisar a lei em função do justo, sob a ótica do interesse social e das exigências do bem comum.
Uma definição de direito alternativo seria:
“É o Direito que tem por base a rápida resolução de problemas e/ou conflitos, estabelecendo um rompimento com a legalidade mediante um "parecer" injusto dos fatos, causando uma nova forma de ver, praticar e ler o Direito. Em outras palavras, o Direito Alternativo é uma nova visão do direito, vinculando sua aplicação à justiça, mesmo que para isso seja necessário inobservar a norma jurídica.” Sem ética e justiça não há Direito, é desse premissa que o Direito Alternativo parte, dizendo assim que não deve restringir-se em analisar a letra fria da lei, mas sim dar preeminência, na interpretação da norma, ao justo e á realização da justiça, já que sem ética e justiça não há direito. O direito alternativo não possui ideologias, mas sim pontos teóricos em comum entre seus membros:
Não aceitação do sistema capitalista como modelo econômico.
Combate ao liberalismo burguês como sistema sociopolítico.
Combate amplo à miséria da grande parte da população brasileira e luta por democracia.
Unanimidade crítica ao positivismo jurídico: de neutralidade ou avaloratividade, do formalismo jurídico ou anti-ideológica do Direito, de coerência e completude do ordenamento jurídico, da fonte única do Direito e da Interpretação mecanicista das normas efetuadas através de um método hermenêutico formal/ lógico /técnico/ dedutivo.
Para a atividade prática, o movimento defende:
Positivismo de Combate: é a luta pelo cumprimento de várias leis de conteúdo social.
Uso alternativo do Direito: interpretação social da norma, buscando favorecer as classes sócias menos favorecidas.
Direito Alternativo em sentido estrito: é a visão do Direito sob a ótica do pluralismo jurídico.
Como observamos, o principal objetivo do Direito Alternativo é buscar uma sociedade mais justa, equilibrada e igualitária, que trate o igual como igual, e o desigual como desigual.
Podemos concluir então que o Direito Alternativo busca a construção de uma sociedade mais justa e solidária, indo contra à aplicação puramente esquemática e tecnicista da lei. Pelo olhar desse movimento a lei não deve ser vista como um fim em si mesma, mas sim como um dos meios de que se serve o Direito para alcançar a justiça.
6. CONCLUSÃO
Ao concluir este trabalho podemos perceber a dificuldade a qual os formadores e aplicadores do direito passam para combater os conflitos das interações na sociedade, travando uma guerra diária.
Através deste trabalho podemos perceber que os cidadãos, moradores destas comunidades não entendem e nem se interessam pelo direito enquanto resolução de conflitos em sociedade, culpando o estado pelas faltas correlacionadas à sobrevivência do homem em sociedade, porém não entendem o verdadeiro sinônimo da ciência direito com relação a sua aplicação em sociedade.
Sendo que até o estado e o resto da população brasileira estão começando a mudar o pensamento por políticas públicas, que embora ainda pouco explorada nas melhorias de relação em sociedade, em uma harmonia entre muitas pessoas, poucos conseguem realizar um bom trabalho satisfatório para a concretização desse efeito mudança.
Este trabalho nos traz a realidade como ela é, sem máscaras, para que ao resto da população brasileira, fique por dentro do que aconteceu e acontece em nossas sociedades em meio à politicas que não funcionam, onde para que haja uma consonância do direito e das relações jurídicas em nossa sociedade devem atingir a todos, onde se repense a forma de agir e aplicar as ferramentas sociais em nosso ambiente que vivemos.
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REFERÊNCIAS
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