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Universidade Federal de Juiz de Fora
Faculdade de Serviço Social
Disciplina: Tópicos Especiais em Serviço Social – gênero, raça/etnia e diversidade sexual
Docente: Isabela Costa da Silva
Discente: Gabriela Lourenço de Sá Reis
Com base no texto “Ação afirmativa e a rediscussão do mito da Democracia racial no Brasil”. Autor: Joaze Bernadino e no documentário “Raça humana”, responda as questões: 
No que consiste o “mito da democracia racial”? Como ele se expressa nos depoimentos do documentário?
R: O mito da democracia racial ganhou destaque através da obra Casa Grande & Senzala (1993) de Gilberto Freyre, que viria a moldar a imagem do Brasil. Com um tom otimista em meio à fase colonial brasileira, o mulato ganha sua ascensão. Poderíamos visualizar no mulato o processo de antagonismos, a saber, “a fusão harmoniosa de tradições diversas, ou antes, antagônicas de cultura”.
O mito nasce quando se estabelece uma ordem, livre e minimamente igualitária. Desse modo tanto a Abolição quanto a proclamação da República foram condições essencial para o estabelecimento do mito sem esses acontecimentos não poderia se falar em igualdade entre brancos e negros no Brasil. Outro ponto importante na construção do mito da democracia racial era o diálogo entre abolicionistas brasileiros e norte americano no século XIX, onde se identificava a sociedade brasileira como paradisíaca se comparada à questão racial norte-americana.
O mito da democracia racial se apóia na generalização de casos de ascensão social do mulato, visto como uma saída de emergência, onde se desenvolveu um reconhecimento social do mestiço no Brasil, porém esse reconhecimento ocorria à custa da depreciação dos negros, e quando um negro ganhava destaque, esse fato não enriquecia o grupo social negro, pois eles eram vistos como “negros de alma branca”.
Fazendo um paralelo do texto de Joase Bernadino com o documentário “Raça humana”, podemos perceber que o mito da democracia racial assinalando a mudança de perspectiva e também por levantar questionamentos de suposta harmonia entre negros e brancos como quer a democracia racial. No documentário há uma denuncia sobre as novas formas de segregação racial focalizando as desigualdades sociais entre negros e brancos e procura desnaturalizar o preconceito ao propor caminhos e soluções no interior das instituições assim como no cenário político por meio de implementações de leis. A criação do sistema de cotas é parte de uma política afirmativa com vistas a incluir considerável parcela da população brasileira que historicamente não tiveram a mesma igualdade de oportunidades, pois como se sabe a Lei áurea foi um marco sem força. A partir da revisão radical procura elucidar questionamentos e interpretações sobre o que seja povo brasileiro. 
O que são ações afirmativas e qual seu papel econômico e simbólico, segundo Bernadino?
R: Ações afirmativas são compreendidas como conjunto de políticas públicas e privadas de caráter compulsório, facultativo ou voluntário que alocam recursos em benefício de pessoas pertencentes a grupos discriminados e vitimados pela exclusão sócio-econômica no passado e no presente. São medidas que têm como objetivo combater qualquer tipo de discriminação aumentando a participação de minorias no processo político, no acesso a saúde, educação, emprego, redes de proteção social ou reconhecimento cultural.
Podemos entender como papel econômico alguma das ações afirmativas: incremento da contratação e promoção de membros de grupos discriminados no emprego e na educação por via de cotas, bônus, bolsas de estudos, empréstimos, na política e outros âmbitos entre outros. Podemos também incluir como medidas que englobam tanto a promoção da igualdade material e de direitos básicos de cidadania como também formas de valorização étnica e cultural.
Seu papel simbólico diz respeito a partir do momento em que as ações afirmativas são vistas não só como mecanismos que diminuem as desigualdades sociais, mas como mecanismos capazes de provocar uma transformação na identidade do negro, deslocando da cor preta e parda atribuições de cunho negativo e colocando em seu lugar atributos positivos. Essas transformações na identidade trás a tona as condições para que a população negra brasileira resgata-se sua auto estima, podendo exprimir sua beleza natural sem que precise copiar modos e costumes de outra cor para ser “aceita” na sociedade. 
Qual a contraposição pode estabelecer entre racismo e a racialização positiva?
R: No Brasil temos um conjunto infinito e variado de categorias intermediarias em que o mulato representa a cristalização exemplar. A mistura entre as raças foi usada como um modo de esconder a injustiça social, transferindo para um plano biológico, algo que era, essencialmente, sócio-econômico, o racismo à brasileira consiste exatamente nisto, sua função seria tornar as injustiças algo tolerável.
Para o autor o mito social desenvolveu no Brasil um anti-racismo onde a principal ação consiste na recusa em falar de raça, ou melhor, “desenvolvemos o preconceito de ter preconceito”. As políticas de ação afirmativa são concebidas como um instrumento de racialização das relações sociais no Brasil. Essas ações são meios eficazes de correção do reconhecimento distorcido, do preconceito e da estigmatização, a saber, problemas relacionados não somente à justiça redistributiva, mas a justiça simbólica, onde o certo reconhecimento da diferença desempenha um importante papel.
A adoção de políticas publica racializadas permite pressentir a atribuição de um valor positivo à classificação social negro. A partir daí surge a oportunidade de um auto-reconhecimento positivo em ser negro no Brasil.
Explique o seguinte trecho: “A dificuldade classificativa no Brasil derivada da crença no mito da democracia racial, assim como da popularidade do ideal do branqueamento reside no fato de que a classificação racial no Brasil reconhece socialmente o meio termo, o hibrido (BERNADINO, 2002, p.261)
R: No Brasil o mito da democracia racial se apóia na generalização de casos de ascensão social do mulato, visto como uma saída de emergência, onde se desenvolveu um reconhecimento social do mestiço no Brasil, porém esse reconhecimento ocorria à custa da depreciação dos negros. A classificação racial depende do contexto de sua aplicação, gerando uma discordância entre autoclassificação e alterclassificação dos indivíduos. È verdade que “não só o dinheiro embranquece como, inversamente, a pobreza escurece”. O peso do contexto social tem dado origem a um sistema classificatório multirracial, que se encontra uma dominação de auto reclassificação em torno da categoria branco, pardo, preto, moreno, claro, moreno-claro.