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EDITORES PAULO BAYARDDIAS GONÇALVES JOSÉ RICARDODE FIGUEIREDO VICENTE JOSÉ DE FIGUEIRÊDO FREITAS Biotécnicasaplicadas à reproduçãoanimal Livraria l~~~ VARELAEDITORAE LIVRARIALTOA SÃoPAULO- 2002 Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo Sumário 1. Diagnósticode GestaçãoemBovinos........................................... Jairo PereiraNeves, João FranciscoCoelho Oliveira, Marlon Nadal Maciel 2. Diagnósticode GestaçãoemCaprinos......................................... VicenteJosé de FigueirêdoFreitas,Aurino Alves Simplício 3. Controle do Estro e da Ovulação em Bovinos e Ovinos ................ José Carlos FerrugemMoraes, Carlos José Hoff de Souza, Paulo Bayard Dias Gonçalves 4. Controledo Estroe da OvulaçãoemCaprinos............................. VicenteJosé de FigueirêdoFreitas,EdilsonSoares LopesJúnior 5. InseminaçãoArtificialemCães.................................................... Lúcia Daniel Machado da Silva, Alexandre RodriguesSilva, Ritode Cássio Soares Cardoso 6. InseminaçãoArtificial em Bubalinos ............................................. Otávio Mitio Ohashi 7. Inseminação Artificial em Caprinos " José FerreiroNunes 8. Transferênciae Criopreservaçãode EmbriõesBovinos................... Horst-DieterReichenbach,Marcos AntônioLemosde Oliveira,PauloFernandes de Lima,AntônioSantanados SantosFilho,Joaquim Corrêa de OliveiraAndrade 9. Transferênciade Embriões em Caprinos "................... VicenteJosé de FigueirêdoFreitas,Aurino Alves Simplício 15 25 57 69 97 111 127 179 10. Produçãoin vitrode Embriões 195 Paulo Bayard Dias Gonçalves, José Antônio Visintin,Marcos Antônio Lemosde Oliveira, Marcelo Marcos Montagner, LuísFabiano Santosda Costa Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo 11. Manipulação de Oócitos Inclusosem Folículos Ovarianos Pré-antrais- Moifopa .................................................................. JoséRicardode Figueiredo,Ana PauloRibeiroRodrigues, ChristianiAndradeAmorim 227 12. Marcadores Moleculares em Reprodução Animal.......................... João FranciscoCoelhode Oliveira,LuizErnaniHenkes 261 13. Clonagem Animal por TransferênciaNuclear ................................ Vilceu Bordignon, LawrenceC. Smith 14. Produção de Animais Transgênicos nas Espécies Domésticas: Tecnologia e Aplicações ........ Matthew B. Wheeler, Seong:JunChoi, Gary R. Voelker,Eric M. Walters, Gabriela G. Cezar 281 303 Prefácio Agrandemaioriadepublicações,naárea dereproduçãoanimal,disponíveisnoBrasil égeradaemoutrospaísese,atécertotempo atrás,nãosedispunhadebibliografiadeau- toresbrasileiros.Um dosprimeiroslivros sobrebiotecnologiafoiaobradoDr.Antô- nioMiesFilhoque,editadamaisdeuma vez,temsido,praticamente,umadaspou- casfontesdeconsultanacionalparaestu- danteseprofissionais.No entanto,arefe- ridaobraconcentroumaiorênfasenainse- minaçãoartificial. Coma expansãoda informática,tem ocorridoumaproliferaçãodelivrosquese baseiamemcompilaçõesdeobrasestrangei- ras,semumacontribuiçãomaisconsistente dosautores. O presentelivro,BiotécnicasAplicadas à ReproduçãoAnimal,estádivulgandore- sultadosdepesquisabásicaeaplicada,pro- duzidaporpesquisadoresbrasileirosecola- boraçãodeestrangeirosquemantêmpro- gramasdecooperaçãocientíficacomenti- dadesbrasileiras.O conhecimentonaárea debiotecnologiaexiste(háumgrandenú- merodeartigoscientíficosecomunicações emcongressos),entretantoestádisponível deumamaneiradispersaenãohápublica- çãonacionalqueapresenteessasinforma- çõessistematizadasfacilitandoo acessodo públicoalvo:MédicosVeterináriosqueatuam naárea,alunosdegraduaçãoepós-gradua- çãoeoutrosprofissionaisdaáreacomoBió- logos,Agrônomos,Zootecnistas,Geneticistas, Médicos,etc. Sobopontodevistadecrescimentocien- tífico,apolíticaeducacionaldeumpaísdeve estimularparalelamentepesquisabásicae aplicada.Empaísessubdesenvolvidosouem desenvolvimento,écomumseouvircríticas àspesquisasbásicaseumamaiorvaloriza- çãodapesquisaaplicada.Daí decorreuma dependênciadestespaísesdaquelesmais desenvolvidos. As informaçõesobtidasnas pesquisas básicasqueestãonestaobracolocamo nos- sopaísemnívelqualitativodeigualdadeaos paísesdo primeiromundo.Do mesmomo- do, os resultadosdaspesquisasaplicadas apresentadosnestelivro,permitemumautili- zaçãoimediataemnossomeio,dispensando adaptaçõesquesefazemnecessáriasquando seconsultaautoresestrangeiroscujarealida- deédiferentedabrasileira. É comgrandesatisfaçãoqueredijoopre- fáciodestaobraquevemtrazeraosprofis- VII sionaisbrasileiros,informaçõesatualizadas egeradaspelosautoresdecadacapítuloem seuslaboratórioseambientesdetrabalho. O livroconstadetópicosavançadosem reproduçãoanimal,comumaabrangência deinformaçõesquevãodesdeo diagnósti- codegestaçãoatéclonagememespécies domésticas.Cadacapítuloéescritodeuma maneiradidáticae comreferênciasque permitemaoleitorlocalizarafontedasin- formaçõesdisponíveis.Alémdisso,osau- toresnãoapenasapresentamtópicosos quaisdominam,comorelatamresultados geradosemtrabalhosdepesquisanosquais participaramativamente.Portanto,essa VIII obracontémensinamentosatualizadosede fundamentalimportância,nãoapenaspara profissionaisbrasileiroscomoparausuários deoutrospaíses. Finalmente,aediçãodeumaobradeste porte,unindopesquisadorescapazesdedar brilhoaoconhecimentocientíficonacional, podesercomparadaaoseguintepensamen- todeEdsonPereiraNeves: "...diantedocolar- belocomoumso- nho- admireisobretudo,ofioqueunia aspérolaseseimolavaanônimoparaque todasfossemum..." Prof.CláudioAlvesPimentel Capítulo 1 Diagnósticode GestaçãoemBovinos JairoPereiraNeves,JoãoFranciscoCoelhoOliveira, MarlonNadalMaciel Introdução O diagnósticodegestaçãoéumatécnica quepermitedeterminara existênciaeo pe- ríododegestação.Em bovinos,atravésda palpaçãoretal,essatécnicaéutilizadadesde oiníciodoséculoXX. Posteriormente,apar- tirdadécadadeoitenta,oempregodaultra- sonografiapossibilitouodiagnósticodeges- taçãoemfasesmaisprecoces.A utilização dodiagnósticodegestaçãoemcriatóriosbo- vinos,tantodeleitecomodecorte,constitui- senumaferramentaestratégicano manejo geraldeumapropriedade.O conhecimento daexistênciaou nãodegestaçãopossibilita atomadadedecisõesasquaispodemafetar diretamenteosíndicesdeprodutividadecom reflexoseconômicosimediatos.O diagnósti- coprecoce,porexemplo,comaidentificação defêmeasnãogestantes,seconstituiemuma importanteferramentanaavaliaçãodofuturo dessesanimaisdentrodapropriedade,possi- bilitandoquesejamtomadasprovidênciasno sentidodereduziro períodoparto-concep- çãooudedescartaro animal,minimizando dessaformaasperdaseconômicas.Assim,a utilizaçãorotineiradessatécnicafacilitao manejodosanimaiseevitagastosdesneces- sárioscomalimentação.Permiteaindauma avaliaçãoimediatadaeficiênciadeprogramas deindução,sincronizaçãooutransferênciade embriões.É tambémutilizadanaformulação delaudospericiaise fêmeasqueirãopartici- pardefeiraseexposições. Reconhecimento da Gestação O reconhecimentomaternodagestação emruminantessedáatravésdaaçãodeuma proteína(172aminoácidos)produzidapelas célulastrofoblásticasdoblastocisto,denomi- nadade Interferontau (lNF-t). O INF-t é expressosomenteemruminanteserepresen- ta umadascincofamíliasde interferondo Tipo I, classificadascomo IFN -a, IFN -~, IFN -õ, IFN -O)e IFN -toAnteriormenteà identificaçãodo IFN -t, já haviaindicativos daaçãodeproteínasblastocísticasnoproces- sodereconhecimentodagestaçãoemrumi- nantes.Pesquisasrealizadasaindanadécada desessenta,apontaramparaaocorrênciade inibiçãodaluteóliseapartirdaliberaçãode substânciasblastocísticasantesdomomento da implantação(Moor & Rowson, 1966). Posteriormente,portersidoisoladadascélu- lastrofoblásticas,essasubstânciafoidenomi- nadadetrofoblastinaouproteínatrofoblásti- ca(MartaletaI.,1979).Apósasuapurifica- ção,realizadanaespécieovina(Imalawaetal.,1987),porapresentargrandesemelhança estruturalcom algumasclassesde interfe- rons,passoua serchamadadeINF-"[.Sub- seqüentemente,foicaracterizadanoconcep- tobovino,entreosdias16e24degestação. O IFN -"[bovinoé umaproteínacompeso molecularentre22a24KDa,comdiferentes isoformas,diferenciando-sedo seuanálogo daespécieovinapor algumasalteraçõesna suaestruturabioquímica. O processodeluteóliseapartirdasecre- çãodePGF2anecessitadasecreçãolutealda ocitocina,bemcomodainteraçãodaocitocina circulantecomosseusreceptores,osquaisse localizam,principalmente,nascélulasdoepi- télioendometrial.Os efeitosanti-Iuteolíticos doIFN -"[sãotraduzidosapartirdasuaação inibitóriasobreaexpressãodosgenesqueco- dificamparaos receptoresendometriaisde ocitocinaedeestrógenos,substânciasessas queatuamsobreascélulasdoendométrio,es- timulando-asa produziremPGF2a. Dessa forma,o IFN -"[regulaaproduçãodePGF2a atravésdainibiçãodasuaexpressãonoendo- métrio.O IFN -"[nãoédetectadonacirculação periféricadefêmeasgestantes,sendosuaação localizadaapenasnoútero. Um marcadoaumentona expressãodo genedoIFN-"[ ocorreno15°diadegestação nosbovinos,coincidindocomafasedetran- siçãomorfológicadoblastocisto,quenesse períodopassadaformaesféricaparaaforma filamentosa.Por isso,a produçãode IFN-"[ parecesermaisdependentedodesenvolvi- mentoblastocísticodo quepropriamente do diadegestação.O picodeproduçãodo IFN-"[ ocorreno17°diadegestaçãoeoseu mRNA édetectadonotrofoblastoatéo 25° diadegestaçãonosbovinos.No momento do pico de produção,o seu mRNA está presentenoblastocistoemníveismaiseleva- dosdo quequalqueroutromRNA. Embo- raaexpressãodogenepareçasergenetica- 2 menteprogramadae independentedo am- bienteuterino,considerandoquea suaex- pressãoocorretambéminvitro,esseproces- soélargamenteafetadopelasconcentrações plasmáticasdeprogesterona.A suplementa- çãodeprogesteronano inícioda gestação, auxiliaodesenvolvimentodoblastocisto,au- mentandoosníveisdeIFN-"[noúteroedimi- nuindoosíndicesdeperdagestacionalnesse período(Mann& Lamming,1999).O de- créscimonaexpressãodo IFN -"[ pareceser dependentedo processode implantação, ocorrendodiminuiçãonamedidaquedeter- minadasregiõesdotrofoblastocomeçama estabelecercontatocomo epitéliouterino. Fases Iniciais do Desenvolvimento Gestacional Parafinsdidáticos,agestaçãopodeserdi- vididaemtrêsestádios.O estádioinicialvai desdeafecundaçãoatéo 13°dia;osegundo, denominadoembrionárioseestendedo14° ao45°dia;eoterceiro,denominadofeta!,vai do46°diaatéoparto(Peters& BaTI,1991). Imediatamenteapósafecundaçãoocorreum processodeclivagem,seguidodedivisões mitóticasdandoorigemaozigoto.Essasdi- visõesseprocessamatéo5°ou6°dia,quan- doseformaumamassadecélulasdenomi- nadamórula.O ovidutopropiciacondições ambientaisfavoráveisaodesenvolvimentodo zigotoindependentementedasituaçãohor- mona!,enquantoqueo ambienteuterinoé desfavorávela sobrevivênciadosmesmos quandopresentesprematuramentenoseulú- men.Apósessafase,ocorreaformaçãodo blastocistoqueconsistenumaestruturaesfé- ricadecélulasdenominadasdetrofoblasto. Essaestruturaapresentaumhalocentralde célulasquedarãoorigemaoembrião.Após o 8°dia,ocorrea perdadazonapelúcida, iniciandoo períododealongamentodo blastocisto.O desenvolvimentodascélulas germinativastemoseuinícioapartirdo14° diaecaracterizao iníciodafaseembrioná- ria.Dessas,originam-setrêscordõesdecé- lulasdenominadasdeectoderma,mesoder- maeendoderma.O ectodermairáconstituir estruturascomopele,pêlos,cascos,glân- dulamamária,esistemanervoso.O cora- ção,músculose ossosserãoformadosa partirdomesodermaeosoutrosórgãosin- ternosdoendoderma. No 18°dia,o alantóideexpande-seno cornoipsilateralelogoemseguidanocon- tralateral,seguidodeumaerosãogradualno epitéliodascarúnculaspelascélulasbinuclea- dasdotrofoblasto.Antesdo22°diaocorre umaligaçãoatravésdemicrovilosidadesque setornaprogressivamentemaisíntimaatéo 27°dia.A partirdo32°diadegestaçãoo alantóideiniciasuafIXaçãonocornouterino. Oâmnio,formadodecélulasdomesoderma eectoderma,crescejuntamentecomo em- briãoenvolvendo-ocompletamente.Essaes- truturaestaformadaapartirdo18°dia.As bolsasamnióticaealantoideanasãodensa- mentevascularizadase conectadascomo cordãoumbilical.Nosruminantes,aplacenta é dotipocotiledonária,caracterizando-se pelocontatoapenasemdeterminadasáreas endometriais,denominadasdecarúnculas. Nessespontos,ocorremastrocasgasosasde °2 eCO2,assimcomodenutrientesentre fetoe a mãe.Esseprocessosedenomina placentação,temseuiníciono20°diaecon- solida-seentre40-45diasdegestação. ModificaçõesFisiológicas Observadas na Gestação O estabelecimentodagestaçãoprovoca umasériedealteraçõesnoorganismomater- no,deordemhormonal,anatômicaecom- portamental.Umadelas,quedizrespeitoao comportamentoreprodutivodafêmea,é o nãoretornoouausênciadoestro.Essefato, noentanto,nãoésuficienteparagarantiro diagnóstico,poiso nãoretornopós-serviço poderátambémserresultantedeoutrascau- sas.O idealseriapoderrealizarodiagnóstico antesdoprimeiroestro.No entanto,issoso- menteé possíveldeserrealizado,comboa margemdesegurança,antesdosegundoes- tro.Asmodificaçõesanatômicasqueservem desuporteparaodiagnósticoclínico,dizem respeitoàsalteraçõesevidenciadasnotama- nho, simetria,conteúdoe paredeuterinae sãode graue intensidadevariáveisdepen- dendodo estádiogestacional. O cornogestanteapresentaalteraçãono seutamanhoeposição,ficandoprogressiva- mentemaiorqueonãogestante,gerandouma assimetria.Emvirtudedoaumentoprogressi- vodoúteroobservam-semudançasnasuapo- siçãoemrelaçãoàscavidadespélvicaeabdo- minal,comvariaçõesindividuais,dependendo do portedo animal.Geralmenteatéaos60 diasoúterogestantepermanecenacavidade pélvica.A partirdostrêsmeses,situa-senuma posiçãodetransiçãopélvico-abdominaleaos cinco/seismeses,localiza-seàdireita,ventral- menteno abdômen.A partirdossetemeses, ocorreumaexpansão,inicialmentetransversal e fmalmentecrânio-dorsal. Umadasprimeirasevidênciasclínicasde gestaçãoéapresençadavesículaamniótica, constituídapelofluídoeconcepto.Essaes- truturapodeserpalpadaapartirdos28dias degestação.Nessafase,apresentaformaes- férica,diâmetrode1cmeconsistênciatúrgi- da.Permaneceparcialmentelivre,flutuando no líquido alantoideano,sendofreqüente- menteencontradanoápicedocornogestan- te.Aumentaprogressivamentedetamanho comoavançodagestação,porémoseureco- nhecimentoapós65 diasé dificultadopela reduçãodasuaturgidezemaiorvolumede líquidoalantoideano.A palpaçãodavesícula amnióticadeveserfeitaporprofissionalha- bilitado,considerandoosriscosdelesãodo conceptoeconseqüenteperdagestacional. 3 Umacaracterísticamarcanteedeimpor- tânciafundamentalparao diagnósticode gestaçãoéoefeitodeparededupla.É detec- tadoatravésdodeslizamentodaparedeuteri- nasobreamembranaalantoideanaepercebi- doàpalpação,emalgumasvacas,já aos35 dias.Essesinaltorna-semaisevidenteapós os40diasdegestação.O crescenteacúmulo defluídosgestacionaisacompanhadospela distensãoereduçãodaespessuradaparede uterina,proporcionaaotoqueoefeitodeflu- tuaçãoobservadoa partirdos45 dias. Oscotilédonesdaplacentafetalcomsuas vilosidadespenetramnascriptasdascarúncu- Iasuterinasconstituindoosplacentônios,dis- postosemftleirasdorsaisemnúmerode75a 120,os quaissãodetectadosjá a partirdos 75diasdegestação.Apresentamumavariação detamanhodetalmaneiraqueosmaioressi- tuam-semedialmenteeosmenoresnasextre- midadescervicaleapicaldocornogestante. O fetopodeserpercebidoapós65dias, quandoavesículaamnióticareduzsuaturgi- dez,atéosquatromesesdegestação.No pe- ríodoseguinte,quandoocorreodeslocamen- to docornográvidonosentidoventral,sua detecçãoficadificultadaou inviáveI.A partir dos6meses,devidoaoseucrescimentoeex- pansãodorso-craneal,haverámaiorfacilida- deparasuadetecção.A crescentedemanda desangue,comoconseqüênciadocursoges- tacional,provocaumaumentodo diâmetro daartériauterinamédiaapartirdos90dias, provocandoum frêmitoarterial.Essesinal correspondeao pulsoarterialaumentado, maisfacilmentedetectadoquandoseprovocaumaobstruçãoparcialdaartéria.É impor- tantedestacarqueapósumaborto,partoou determinadascondiçõespatológicasestaevi- dênciapoderáaindaestarpresente.O corpo lúteogravídicopresentedurantetodaages- taçãonãodiferedo cíclico,localizando-se geralmenteno ovárioipsilateralao corno gestante. 4 Perfil de Hormônios e Proteínas Ligadas à Gestação O períodoinicialdagestaçãoémarcado poreventosqueprolongamoperíodofuncio- naldocorpolúteoapartirdainibiçãodome- canismodeluteólise,conformedescritoante- riormente.Esseprocessoéresponsávelpela manutençãodosníveisadequadosdeproges- teronanecessáriosparaqueocorraaconti- nuidadedo desenvolvimentoembrionário. Diversosestudosevidenciamarelaçãoentre baixasconcentraçõesdeprogesteronaeper- dasgestacionais,assimcomodescrevemo aumentonosíndicesdegestaçãoedesenvol- vimentoembrionárioapósasuplementação comprogesterona(GarretetaI., 1988,Ne- phewetal.,1991,Mann& Lamming,1999). Os bovinossãocorpolúteodependente, significandoquenecessitamdaproduçãolu- tealparaa manutençãodos níveisde pro- gesteronadurantetodoo períodogestacio- nal,emboraessatambémsejaproduzidapela placenta.As concentraçõesdeprogesterona detectadasno leiteenoplasmadevacasnos primeirosdiasdegestaçãosãosemelhantes aquelasobservadasnasfêmeasnãogestantes queseencontramnafasedediestro.Assim, suautilizaçãoparadiagnósticodegestação élimitadaaperíodosbemespecíficos,sendo em conseqüênciadependentede registros criteriososdadatado serviço. Os níveisdeestrógenos,estronaeestra- diol-17B,começamaaumentarnasegunda metadeda gestação,atingindoo seuápice próximoaoparto.Assimsendo,suautiliza- çãonãoéadequadaparadiagnósticodeges- tação.O hormôniolactogênicoplacentário bovino(bPL) éumaproteínasecretadapelas célulasbinucleadasepossíveldeserdetecta- danacirculaçãomaternaapartirdo26°dia degestação.Asconcentraçõesmaternasdes- se hormônioaumentamprogressivamente duranteoperíodogestacional,atingindoní- veisem tornode 1 a 2 ng/rnlpróximoao parto.A proteínaespecíficadagestaçãoB (PSPB)é umaglicoproteínaespecíficada placentacompesomolecularentre47.000 e53.000daltons.Osseusníveisperiféricos podemserdetectadosjáapartirdo24°dia degestaçãonosbovinos(Sasseretal.,1986), osquaisapresentamumaelevaçãogradual atéo parto.As glicoproteínasassociadasà gestação(PAG)sãopertencentesàsuperfa- míliadasproteasesaspárticas,no entanto, sãoconsideradasenzimaticamenteinativas. Nosbovinos,o seuperfilcaracteriza-sepor umaumentogradativodoprimeiroaooitavo mêsdegestação,apresentandoumarápida elevaçãoapósesseperíodo. Métodos de Diagnóstico Paipoçãoretal A adequadacontensãodafêmeaéumim- portantefatoraserconsideradoparaodiag- nósticodegestação.A fêmeadevesercontida emestação,detalformaquesejamevitados movimentosbruscosou mesmoquedasque venhamprovocarlesõesouferimentos,tanto nosanimaisexaminadosquantonoexamina- dor.Alémdisso,paraa realizaçãodo exame depalpaçãoreta!deformasegura,éindispen- sávelqueomédico-veterináriotambémtenha algunscuidadoscomrelaçãoaoseumaterial detrabalho,devendoutilizarsempreluvases- peciaisdeboaqualidadebemcomolubrifican- teadequado.O diagnósticodegestaçãopor palpaçãoretaléummétodoseguro,quenão ofereceriscoparaaintegridadedavacaetam- poucoparaaviabilidadedofetoquandorea- lizadaporprofissionalhabilitado.Antesdoiní- ciodoexamepropriamentedito,éaconselhá- velefetuarumainspeçãodavulva,seusarre- doreseglândulamamáriaoquepoderáservir desubsídioparao diagnósticofinal. O diagnósticodegestaçãoembovinosé realizadolevando-seemconsideraçãodeter- minadascaracterísticasdocontrolereproduti- vo, seindividualou derebanho.O controle individualérealizadoemcriaçõesintensivas, degadodeleiteouplantéisdegadodecorte, enessescasoshágeralmenteinformaçõesso- bredatasdeserviçoeprincipalmenteinteresse acentuadoemumdiagnósticoprecoce.Quan- dosetratadeumcontrolederebanho,típico decriaçõesextensivasdegadodecorte,sub- metidosamontanaturalou inseminaçãoar- tificial,odiagnósticoérealizadoemperíodos estratégicos,contribuindopararacionalização domanejo.Essemétodoéconsideradoomais práticoeprecisoparaodiagnósticodegesta- çãoemfêmeasbovinas,desdequerealizado após45-50diaspós-serviço,dependendoda capacidadedoexaminador.Umavacasomen- tedeveráserconsideradagestantesepelome- nosumdossinaisindicativosdegestaçãofor detectadoereconhecido.O estádiodagesta- çãopodeserestimadocombasenascaracte- rísticasuterinase fetais,commaiorprecisão emsuaprimeirametade. Cabedestacarquealgumasevidênciasdes- critas no item "ModificaçõesFisiológicas ObservadasnaGestação",quandoconsidera- dasisoladamente,nãoservemcomoparâme- troparao diagnósticodegestação.Determi- nadassituaçõesfisiológicas,comoporexem- ploafasedepuerpérioprecoceoumesmodis- túrbiosreprodutivostaiscomopiometra,mu- mificaçãooumaceraçãofetal,proporcionam tambémum aumentodetamanhouterino. Outrascaracterísticassãopeculiareseexclu- sivasdagestação,razãopelaqualéindispen- sávelfundamentarodiagnósticoconsideran- do,pelomenosumdosseguintessinaisposi- tivosparagestação(Zemjanis,1970):.Vesículaamniótica.Efeitodeparededupla.Placentônios.Feto É importantesalientarqueprofissionais menosexperientesdevemprocurarfunda- mentarodiagnósticoporpelomenosdoisou 5 maisdessessinaiscaracterísticos,tendoassim maiorsegurança.A detecçãodessessinaisvai dependertambémdafasegestacional.Deve- setambémdestacarquenenhumanimaldeve serconsideradonão-gestanteamenosqueo examinadorprovoqueumaretraçãouterina, pelacérvice,esecertifiquedequenãohási- naisindicativosdegestação. A utilizaçãodefasesgestacionaispropos- tasoriginalmentepor Grunert& Berchtold (1988);Grunert(1993),apresentadasnata- bela1.1proporcionammaiorfacilidadeese- gurança,nãosó parao estabelecimentodo diagnósticodegestação,comotambémpara estimativadoperíodoemqueelaseencontra. É importanteressaltarqueessesdadosser- vemapenascomoparâmetroparao exami- nador.Devemserconsideradasvariaçõesin- dividuaisenãoexistemlimitesrígidosentre asfases. ~ Eficiênciado Métodode PalpaçãoRetal O diagnósticodegestaçãopor palpação retaléconsideradoummétodoeficienteese- guro,cujaacuidadeaproxima-sede 100%, 6 desdequerealizadoporprofissionaltreinado (Youngquist,1997).Errosdediagnósticopo- democorrerdevidoa repleçãovesical,con- teúdouterinonãofisiológico,pós-partopre- Tabelo1.1. Principoiscoractensticosqueservemdesuporteparaodiagnósticodegestaçãoeestimativodopenadogestocionolembovinos. FASE PERíODO POSIÇÃO TAMANHOFETO CARAaERíSTICAS (meses) DOUTERO (cm) Semsinais I Pélvico I semsinaisevidentes evidentes Pequenobolso 1-11 Pélvico 3-9 iJssimetriadoscornosuterinos; (31'0060'dia) -vesículaamniótico; -efeitodeporededuplo; -IIutuaçãa; -carpalúteaipsilateral. Grandebolso 1-111 Pélvico/ 10-14 iJssimetriapronunciadodoscornosuterinos; (61'0090') Abdominal -IIutuaçãa; -efeitodeparededuplo; -fetopossíveldeserpalpado; Balão III-IV Pélvico/ 15o20 -grandebalão; (91'001200) Abdominal -IIutuação; -plocentãnios; -feto; -frémitoarterial. Descido IV-VI Abdominal -cérvicedistendido; (121'001800) Ventral -plocentãnios; -difícilpaipoçãodofeto. Final VII-IX Abdominal -palpoçãodofeto; (181'280') Ascendente -placentônios; -frémitoarterial. coce,projeçõesdeporçõesdo rúmenno sentidodorsoventralouconfusãodevidoà palpaçãodeováriosporplacentônios.A in- cidênciadeperdasgestacionaisprincipal- mentenoprimeiroterçogestacionalémaior quenasoutrasfases,eessefatodeveserde conhecimentodoproprietário.O partopo- denãoocorrerporerrodediagnósticoou porperda/mortepré-natal.Oserrosdedia- gnósticoocorremporfalhasnainterpreta- çãodosexamesrealizadosoudevidoacon- diçõespatológicaspeculiares,no entanto, nessesúltimos,ossinaispositivosdegesta- çãonãoestãopresentes.Ascondiçõespato- lógicasmaiscomunssãopiometra,hidro- metra,doençasdasnovilhasbrancas,linfo- mauterino,mortefetal,mumificaçãoema- ceraçãofetaletumoresovarianos.A discus- sãodetalhadadessaspatologias,noentanto, fogemaoescopodestecapítulo. Ultra-sonografia... PrincípiosBásicosda Ultra-sonografia A ultra-sonografiaouecografiaéummé- tododediagnósticoparaexploraçãodees- truturas,atravésdaemissãodeultra-some captaçãodeecos.Constitui-seemumatécni- cacomplementaraoexameclínicoeéutiliza- daparaavaliaçãodetecidosmolesemtodas asespécies.É umatécnicanãoinvasivaenão provocamodificaçõesbiológicas,tantoaos pacientescomoao operador.A ultra-sono- grafiapermitea avaliaçãodo tamanho,da forma,dalocalizaçãoedaconsistênciadeór- gãosemfuncionamentoouo monitoramen- todesuasfunções.Possibilitaaindaoregistro de imagensparaserutilizadoematestados oulaudosclínicos.Umadaslimitaçõesdaul- tra-sonografiaincluianaturezanãoespecífi- cademuitasalteraçõesobservadas,oqueim- pede,muitasvezes,umdiagnósticoprecisoe imediato.Paraobtençãodeimagensprecisas, hánecessidadedeumaperfeitainteraçãoen- treohomem,amáquinaeopaciente.A apli- caçãodessatécnicaapartirdadécadade80 constituiu-seemumdospassosmaisimpor- tantesparao estudoe entendimentodos eventosfisiológicosqueocorremnocicloes- traIegestaçãoemdiversasespécies.Permite aindamaiorprecisãoesegurançaparaodiag- nóstico,prognósticoeterapêuticaproporcio- nandoumamaioreficiênciareprodutiva,prin- cipalmenteemexploraçõesintensivas.Infeliz- mentesuautilizaçãoéaindarestritaconside- randoo elevadocustodeaquisiçãoemanu- tençãodoequipamentoemrelaçãoaoretorno econômicocoma prestaçãodeserviços. O soméumaondamecânicacaracteriza- daporcompressãoerarefação,dentrodeum meio,audívelpelohomem(8-20KHz) oupel- o cãoaté50KHz. Umaondasonorapossui comprimento,freqüênciaevelocidade.O com- primentoéo númerodeciclosqueelasper- corrememumdadoperíododetempo,medi- doemciclosporsegundoouHertz.O ultra- somé caracterizadopor umaondasonora comfreqüênciamuitasvezessuperioràque épercebidapeloouvidohumano,medidaem MHz. A velocidadedosomvariaconformea texturadasáreasaseremexaminadasmassão muitopróximas,namaioriadostecidosmo- les,comexceçãodoar,ossosepulmões.Para a ultra-sonografiadiagnóstica,os aparelhos sãoprogramadosparaumavelocidadecons- tantede1540m/seg.(Griffith,1980). Ondasultra-sônicassãoemitidasauma velocidadeconstanteatéencontraremumasu- perfícierefletora.Nessasuperfície,umape- quenaporçãodo somé refletidae captada pelotransdutor.O transdutorpossuicristais quetêmpropriedadespiezelétricas,comoa datransformaçãodeumtipodeenergiaem outro,comoporexemplo,mecânicaemelé- trica.O aparelhoconverteessatransforma- çãoempontosdeluzemumatelaconversora devarredura.A amplitudedopontonatela éproporcionalàdistânciapercorrida.Assim, temosreconstruídaumaimagemdostecidos 7 eórgãosatingidospeloultra-som.As ondas sonorassãoatenuadasàmedidaquepercor- remosórgãosdoanimalexaminado.Asprin- cipaiscausasdeatenuaçãosãoabsorção,re- flexãoeespalhamento.Porçõesdeondaso- norapoderiamserresponsáveispor danos biológicossofridospelotecidoexaminado. No entanto,aintensidadedaondaétãobaixa queaquantidadeabsorvidadecaloréínfima. Alémdisso,aposiçãodotransdutorémuda- daconstantementeeo tempodeexamenão ésuficienteparaocasionardanosaostecidos. Quandoosomatingeumainterface,que éalinhaformadaentretecidosdediferentes impedânciasacústicas,umaporçãoseráre- fletidacommaiorintensidadeeaamplitude doecoretomadoserádeterminadapeladife- rençaabsolutanaimpedânciaacústicadeum tecidocomparadoaoutro.Quantomaisse- melhantesforemas impedânciasacústicas entreostecidostantomenorseráoeco.Esse ecoretomaráaotransdutorondeserátrans- formadoemimpulsoselétricosefinalmente emimagens.A elasticidadedostecidostam- bémcontribuiparasuaecogenicidade.Os gaseseosossosagemcomobarreirasàson- dassonoras.Paraserpossívelexaminarum localcircundadoporgásouestruturasósseas hánecessidadedeseutilizarumajanelaacús- tica,ousejaummeioquenãoimpeçaapas- sagemdo eco (Nyland& Matoon, 1995). Atualmente,utiliza-seo sistemaemtempo realquepermiteaobservaçãodemovimento naimagem,representadapelavariaçãodetons naescalacinza. Diversosplanospodemserobservados mediantemudançadaposiçãodotransdutor. Deacordocomanaturezaecapacidadeem absorvere refletirosfeixesdeultra-somos tecidossãocaracterizadosnaimagemgerada dentrodeumaescalaquevaidesdeo preto atéobrancocomváriostonsintermediários decinza.Existeumaterminologiaprópriapa- rainterpretaressasimagensquesãoanecói- 8 co,ecóico,hipoecóico,hiperecóico,isoecóico e interfaces.Anecóicosignificaausênciade ecos,transmissãocompletadesomaparecen- donatelaemcorpreta,ecóicaouecogênico apresençadeecosouacapacidadederefletir asondassonorasemmaioroumenorintensi- dadeaparecendonateladiversostonsdecin- za.Hiperecóicorepresentaestruturasbrilhan- tes, altamentereflexivaspredominandoo brancoehipoecóico,ecosesparsos,reflexão intermediária.Aspectoisoecóicoétraduzido por estruturascoma mesmaecotexturaou ecogenicidade.Osartefatossãoestruturasque aparecemnaimagemporinteraçõesecográ- ficas,errostécnicos,interferênciasouruídos eletrônicoscomo,porexemplo,sombraacús- tica,reverberaçãoereforçoposterior,cujoco- nhecimentoevitaráfalsasinterpretações. Osequipamentosdeultra-sonografiasão fundamentalmenteconstituídosporumcon- sole,quepossuiumafontedeenergiaeserve pararecebimento,amplificaçãoeconversão de sinaisemimagens;por um tecladoalfa numéricoe outro de funções;transdutor, constituídoporcristaisdequartzoturmalina, zirconatodechumboetitanatodebárioco- nectadosao consoleatravésde um caboe impressoraouvídeoparadocumentaçãode imagens.PararevisãoverFritsch& Gerwing (1996)e Nyland& Matton(1995). ~ Condiçõespara DiagnósticoEcográfico de Gestação Pararealizaçãododiagnósticoecográfico degestação,afêmeadeveficarcontidadetal maneiraqueofereçasegurançatantoparao examinadorcomoparao equipamento.O equipamentodeultra-sonografiadeveráficar posicionadoemplanoelevado,permitindofá- cilvisualizaçãodatelaemambientedepouca luminosidade,protegidodechuvae poeira. Ostransdutores,parausoretal,possuemge- ralmenteumafreqüênciade5-7,5MHz ede- verãoserrecobertoscomplásticodescartá- '-- vel.A utilizaçãodegelentreo transdutore essaproteçãopermitiráumaimagemdeme- lhorqualidade. .,. Técnicade Ultra-sonografia O diagnósticogestacionaI,porultra-sono- grafia,navaca,podeproporcionaroganhode tempocorrespondenteaodeum cicloestral emrelaçãoao queé utilizadopor palpação retal(Chaffauxetal.,1988;Neves,1991;San- tos,1993;Santos& Neves,1994).Alémdis- so,permitequeo desenvolvimentoembrio- náriosejamonitorado,comtotalinocuidade parao fetoeparaagestante(Kastelicetal., 1991;Kãhn,1990;Toteyeta!,1991).A vesí- culaembrionáriapodeserdetectadaentreos 17-19diasapósoserviçoecaracteriza-sepor umaáreanãoecogênicaeesféricanolúmen uterino,geralmenteipsi-Iateralaocorpolúteo, próximoà junçãoúterotubárica.O embrião poderáserdetectadoapartirdo23°diapós- serviço,caracterizando-secomoumaestru- turade ecogenicidademédiano interiorda vesículaembrionária,queéanecóica.A tabe- la 1.2ea figura1.1(Santos,1993)servem desubsídioparaodiagnósticoeestimativado A B c D E Figura 1.1. Imagensecográficasda gestaçãonavaca.As setasindicamembriãoaos 18 (AIe 24 dias(S),membrana amnióticano 31° dia (CI membrosanteriorese posterioresno 33° dia (DIe colunavertebralno 41 ° dia (E). 9 períododagestação.O primeiroórgãoaser identificadoéo coraçãocaracterizadocomo umaestruturaora nãoecogênica,ora com poucaecogenicidade.A freqüênciacardíaca é de 184a 188batimentospor minuto.O âmniopoderáservisualizadodos25 aos30 diasdegestação(Curranetal., 1986ab;Fis- soreetal.,1986;Toteyetal.,1991).Osmem- brossãodetectáveisaos 32 dias;a coluna vertebralaos40 diaseosmovimentosfetais sãopercebíveisaos45dias.Do dia23ao50 avesículaembrionáriacresceemdiâmetrona razãode 1,38mm/diae o embriãoaumenta seucomprimentoem1,15mm/dia,confor- me Santos& Neves,1994.O diagnóstico realizadoantesdo 22°diadegestaçãoatra- vésdapresençadefluídosuterinosnãoése- guroconsiderandoquea detecçãodo con- ceptonemsempreéviável.Issodependetam- bémdaresoluçãodoequipamento,freqüên- ciado transdutore habilidadedo examina- dor,podendosertambémmascaradopela presençadefluídosuterinosfisiológicos.Por- tanto,o períodomaisconvenienteeseguroé apartirdos25diaspós-serviço.Umaprática recentequetemsidoutilizadaemvacaslei- teirase receptorasdeembriõesé a determi- naçãodo sexofetal.Fundamenta-senaob- servaçãodotubérculogenital,escrotoeglân- Tabelo1.2. Característicosgestacianaisqueservemde parômetroparo diagnósticonosfasesiniciaisde gestaçãoatravésdo ultra- sonogrofia. CARAaERíSTICASGESTAClONAIS DIASPÓS-SERVIÇO- 13-19 20-24 24-27 30-32 28-34 40 42-50 51-55 33-38 60 Vesículo embrionário Embrião BoIimentos cardíacos Âmnio Membros Coluna vertebral Movimentos fetois Costelas Plocentônios junto 00 embrião Plocentôniosem todo o útero 10 dulamamáriaapartirdos50diasdegestação (Curranetal.,1989). Eficiênciado Métodode Diagnóstico Ecográficode Gestação A eficiênciadodiagnósticoecográficode gestaçãodependedoequipamento,habilida- dedoexaminadoreperíodogestacional.Exa- mesrealizadosantesdos25diasestãomais susceptíveisaerros(50%)emrelaçãoaosreali- zadosposteriormente,quandoo embriãoe osbatimentoscardíacospossibilitamumdiag- nóstico mais consistente(Kastelic et aI., 1989).A localizaçãopélvicadosórgãosge- nitaispermiteumdiagnósticomaisseguroem relaçãoaanimaiscujosgenitaislocalizam-se noabdômen.Assim,operíodomaisindicado paraarealizaçãododiagnósticoporultra-so- nografiavaidodia25atéquandofor possí- velumaavaliaçãosegurapor palpaçãoretal. A crescenteutilizaçãodaultra-sonografia temproporcionadoumsaltodequalidadena assistênciaveterináriaemalgumasregiõesdo Paísnoâmbitodareproduçãoanimal.As fa- lhas na concepçãoe morte embrionária precocepodemterseusefeitosminimizados medianteumamaiorprecisãoerapidezdiag- nóstica.Novasbiotecnologiascomoindução esincronizaçãodoestro,transferênciaepro- duçãodeembriõesin vitrotêmsidootimi- zados.Considerandoaindaqueamédiados índicesreprodutivosbrasileiros,mesmocom todosos avançostecnológicos,apresentem poucossinaisdeprogresso,asutilizaçõesde técnicasdediagnósticomaisprecisaspodem contribuirsubstancialmenteparaa reversão dessequadro.Paraisso,asinstituiçõesdeen- sino,cooperativas,núcleosdecriadores,pro- fissionaisliberaise entidadesafinsdevem avaliaropotencialincrementoquepoderáser geradonaprodutividadecomaadoçãodes- satecnologia. DosagemHormonal .. Progesterona A progesteronaésecretadapelocorpolú- teonodecorrerdagestação.Nasvacasnão gestantesocorreumaquedabruscaemtor- nodo 17°diadociclo.Portanto,adetermi- naçãodosteoresdeprogesteronano soroe leiteentreosdias21a24,pós-serviço,per- miteavaliaraexistênciaounãodeumafun- çãolúteaindicativadegestação.Testesdera- dioimunoensaioeELISA têmsidoutilizados comercialmenteparaaplicaçãoemdiagnós- ticoprecocedegestaçãonosbovinos.Vacas gestantesapresentamníveisdeprogestero- nasemelhantesaodeumavacanafaselútea. Aocontrário,seaconcentraçãodeprogeste- ronanosdias21a24forbaixasignificaráque avacanãoestágestando. A eficiênciadométodoéestimadaem75 a85%paradetecçãodegestaçãoede 100% paradetecçãodasnãogestantes.Resultados falso-positivosocorremdevidoa errosde identificaçãodeamostras,variaçõesindivi- duaisna duraçãodo ciclo,anormalidades ovarianas(cistos)ouuterinasemorteembrio- nária.Naverdade,adeterminaçãodaproges- teronanesseperíodoindicaunicamenteapre- sençaounãodocorpolúteooquepodeestar ounãoassociadocomumagestação.Consi- derandoabaixaeficiênciadométodoeocusto relativamentealto,emrelaçãoaosdemais,a dosagemdeprogesteronanãosetornouum procedimentousualemnossomeio. .. Estrógenos O sulfatodeestrona,produzidopelapla- centadasvacasemconcentraçõessuficien- tesparaumdiagnósticodegestação,ocorre apartirdos100diasdegestação.Em com- paraçãocom outrosmétodosexistentes,a determinaçãodeestrógenosdeixadeseruma opçãoviável,considerandoo períodogesta- cionalemquepoderáserutilizado. ... HormôniolactogênioPlacentárioBovino Em virtudedasuadetecçãosomenteser possívelapartirdo 110°degestaçãonagran- demaioriadasvacas,oseuusonãoéindica- doparaodiagnósticodegestaçãonaespécie bovina. ... Proteínaespecífica da gestaçãoB A mensuraçãodasconcentraçõesdaPSPB, atravésderadioimunoensaio,podeserutili- zadaparaodiagnósticodegestaçãoapartir do28°degestaçãoembovinos.O riscode erronodiagnósticoédenomáximo10%. ... Proteínasassociadas à gestação (PAGj A utilizaçãoda dosagemde PAG como métododediagnósticodegestaçãoembovi- nosérecomendada,somente,apósos34dias degestação(Zolietal.,1992).Alémdosaltos índicesdeprecisãodatécnica,descritosentre 87 e98%,a PAG conserva-seemníveisde- tectáveispor até10diasapósa colheitade sangue,mesmoemtemperaturaambiente elevada(SkinneretaI.,1996).Considerando asvantagensdeprecocidadeeprecisõesdo métodoexistemperspectivasdeumaefetiva utilizaçãodestatécnicano futuro. Considerações Finais É indiscutívelaimportânciadodiagnósti- codegestaçãoemqualquertipodeexplora- çãobovina.O métodomaisutilizadoemun- dialmenteconsagradoéapalpaçãoretalpela suapraticidade,eficiênciaebaixocusto.Em fêmeasdemaiorvalorcomercial,principal- mentevacasdeleiteou plantéisdecorte,é crescentea utilizaçãoda ultra-sonografia. Issosedeveapossibilidadedeumdiagnosti- comaisprecoce,precisoepassíveldeserdo- cumentado.Assim,pode-seotimizara efi- ciênciareprodutivaatravésdenovoserviço diminuindodessaforma o intervaloentre 11 partos.A baixaeficiência,custorelativamen- teelevadoepoucapraticidadedasdosagens hormonaisfazemdessaopçãoamenosutili- zadaemnossomeio.Deve-sedestacarquea determinaçãodePAGpelasuaprecisãoepe- ríododedeterminaçãoconstitui-senumapos- sibilidadedediagnóstico.Suautilizaçãoco- mercialvaidependerfundamentalmentedo custoeagilidadepararetornododiagnóstico. ReferênciasBibliográficas CHAFFAUX,ST.,BIANCHI,P.,BHAT,P.,etaI. 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Curvadeprogesteronaplasmáticaemumacabracíclicae,emseguida,gestante(AdaptadodeChemineau etal.1991). 15 14 12 10 ]' 8bb 5 6 ,::l., 4 2 O 1 3 t Estro daçãocomeçaa implantar-seno 149diado cicloquandoavesículacoriônicaestádesen- volvidasuficientementeparaentraremcon- tatoestreitocomo epitéliouterino.No mo- mentodaimplantação(entreo 149eo 17Qdia pós-estro),oembriãodesenvolve,juntamen- tecomo útero,umaplacentadotipocotile- donária.Todasastrocasserãofeitasatravés dessaplacenta,naqualafixaçãoembrionária ocorreemumnúmerorestritoderegiõesar- redondadasou ovais,ondeumacamadade vilosidadessaido cório fetale agregam-se emumasaliênciadamucosauterinadeno- minadacarúncula(OeriveauxetaI., 1988). Do ladomaterno,o corpolúteocontinuaa secretarprogesteronaatéo parto.Na cabra, adestruiçãoquímicaoufísicadocorpolúteo, emqualquermomentodagestação,provo- cao aborto. A duraçãodagestaçãoemcaprinosestá entre144e 152dias(lshwar,1995).No en- tanto,emcabrasnativasdoNordestedoBra- sil (Moxotó,Canindé,MarotaeRepartida), umaduraçãode137diaséconsideradanor- mal.A duraçãodagestaçãoétambémgeral- menteligadaaonúmerodefetos,poisasfê- measgestantesdeváriosfetostêmumadura- çãomaiscurtaqueaquelascomum único feto.A duraçãodagestaçãoétambémdeter- minadapelopesodosfetos,ondecabrasges- tantesdefetosmaispesadostêmumagesta- çãomaiscurta(Martal& Charlier,1985). Introdução Emregimedemanejoextensivo,onde machosefêmeassãoexploradosjuntosdu- rantetodoociclodeprodução,arealização dodiagnósticoprecocedegestaçãoapresen- tapoucasvantagensparaosistemadeprodu- ção,desdequesetrabalhecommatrizese reprodutoresdefertilidadecomprovada.Ge- ralmente,nessetipodemanejo,o custode manutençãodealgumascabrasnãogestan- tesé substancialmentemenorqueo preço 16 dosexamesdegestaçãoemtodoo rebanho. Poroutrolado,odiagnósticoprecocedeges- taçãoemcaprinos,comoemoutrasespécies domésticas,tornou-seumanecessidadeem regimesdemanejosemi-intensivoeintensivo dentrodesistemasdeexploraçãoprodutivos. A práticadorepassemedianteousoderufião e o nãoretornoao estronãosãométodos eficazesdediagnósticodegestação,servindo apenascomoelementosauxiliares.Ainda,em caprinos,nãoépossívelprocederapalpação dosistemagenitalatravésdoretoobjetivando odiagnósticodegestação,aexemplodoque éfeitonaéguaenavaca.Emadição,condi- çõespatológicasdoúteroedosováriossão causasdeanestronacabra,dificultando,des- taforma,umdiagnósticodegestaçãobasea- do nonãoretornoaoestro.A incapacidade deproceder-seodiagnósticoprecocedeges- taçãonacabrapoderesultaremperdaseco- nômicassignificativas,querem sistemade produçãodeleitequerdecarne,devidoao aumentono intervaloentrepartos(Freitas & Simplício,1999). Váriosmétodosparadiagnósticoprecoce degestaçãoemcaprinostêmsidodescritos; todavia,a grandemaioriadelesdependede mão-de-obraqualificadaedousodeequipa- mentossofisticadose,porconseqüência,de elevadocusto.Comoexemplosdestesméto- dos,pode-secitar:biópsiavaginal,radiogra- fia,laparotomia,laparoscopia,dosagemhor- monal,métodosultra-sônicos,determinação do antígenoespecíficodagestaçãoeoutros métodosquenão podemserconsiderados precoces,comoporexemploapalpaçãoab- dominal.A escolhado métododependerá, dentreoutrosfatores,dadisponibilidadede laboratório,equipamentose mão-de-obra qualificada,idadeprováveldagestação,custo operacionaleeficáciadesejada.Nestecapítu- lo, sãodescritosos métodosdediagnóstico degestaçãodisponíveisemaisfreqüentemente usadosnaespéciecaprina. MétodosUltra-sônicos O ultra-somérefletidodetecidosmóveis, emsuavesmudançasdefreqüência,o queo qualificacomoum instrumentoimportante paraexamesdetecidospelasuasegurançapa- raooperadoreo paciente(Bishop,1966). Emadição,técnicasultra-sônicastêmsido usadasparaexaminarestruturassub-superfi- ciaisemtecidosvivospelousodescan-Ae doefeitoDoppler. A gestaçãonacabrapodeserdiagnostica- daporumdostrêsmétodosultra-sonográfi- cosaseguirenumerados:oscan-A(amplitu- dedoeco-tempo),oefeitoDoppler(registro demovimentos)eoscan-B(temporeal).To- doselespodemserusadosemcondiçõesde campo.A precisãododiagnóstico,o tempo despendidoparaa realizaçãodo examee a acurácianadeterminaçãodonúmerodefe- tosesuaidadevariamentreastrêstécnicas edependemdasensibilidadedoequipamento usado,alémdaqualificaçãoeexperiênciado profissional.Entretanto,independentedo métodoa serusadodeve-seatentarparaos seguintespontos: A .procedera jejumhídricoe alimentar de,pelomenos,12horas;.o examecutâneodeveserpriorizado a menosqueum diagnósticoprecoce sejaessencial;.odiagnósticotransabdominal,feitoen- treo252eo 352diapós-cobriçãoou in- seminaçãoartificial,propiciaboaacu- ráciadesdequeconduzidocomtrans- dutorde5MHz ecomacabraempo- siçãodeestação. ~ TécnicaUltra-sônica- $can-A O princípiodoultra-som,considerandoa amplitudedoecox tempo,ébaseadonade- tecçãodafaixafluidapresentenoútero.A uni- dadescan-Aemiteondasultra-sônicasapartir deumtransdutormanualcolocadoexterna- mentecontraapeledoabdômeneemdireção aoútero(Figura2.2).Asondasultra-sônicas sãorefletidasentreosdiferentestecidospara o transdutoreconvertidasemenergiaelétrica naformadesinaisaudíveisouvisuais.A uni- dadeésensívelaumaprofundidadede 10a 20cm.Umsinalsonoroouluminosoéemiti- Figura2.2. Locale ângulo de aplicaçâo domódulotransreceptordo aparelho, em vista póstero-anterior(AI e lateral direita (8) 17 dopelaunidadequandoumafaixadeestru- turafluidaé registrada.O ultra-somscan-A éconsideradoummétododegestaçãosatis- fatórioemcaprinoscom idadefetalentre 50 a 120diasconformedescritopor Wani (1981).Contudo,Haibel (1990)descreve umaacuráciade,nomínimo,95%quandoo diagnósticoé feitoentre60 e80 diasapósa cobriçãoou inseminaçãoartificial.É impor- tanteconsiderarqueabexigaurináriarepleta, ahidrometraeapiometrapodemlevararesul- tadosfalsospositivos.Poroutrolado,resulta- do falsonegativopodeocorrerno inícioou finaldagestação,devidoàreduzidaquantida- dedefluidouterinoemrelaçãoaovolumede tecidofeta!.A viabilidadefetale o número defetosnãosãodetectáveisporessemétodo. Ressalta-sequeatécnicapodesermuitoútil emáreasondeaeletricidadenãoédisponível. ~ EfeitoDoppler O princípioenvolvidono efeitoDoppler paraaconfirmaçãodiagnósticadegestação éo registrodemovimentoscomoumindica- dor dagestaçãotaiscomo:a pulsaçãosan- guínea,obatimentocardíacoeosmovimen- tosfetais.A técnicafoipelaprimeiravezusa- daporCallahanetaI. (1964)paradiagnósti- codegestaçãonaespéciehumana. Doppler Cutâneo Semelhantementeaoscan-Ao transdutor deveserposicionadono flancodireito,cra- nialmentee ligeiramenteao ladodo úbere, comacabraemposiçãodeestação.Ospelos daáreadevemser,preferencialmente,retira- dosobjetivandofavorecerummelhorconta- to.Agentesdeligação,taiscomogelparaul- tra-somouóleovegetal,devemseraplicados no transdutorparaeliminarespaçosvazios entreapeleeapartecorrespondenteàcabe- çadotransdutor.A acuráciadatécnicaéde, aproximadamente,100%duranteasegunda metadedagestação(Ishwar,1995).Contudo, 18 essatécnicaapresentaumaeficiênciamuito baixaduranteo primeiroterçodagestação (Lindahl,1969). Doppler Retal A técnicaDopplerretalésuperioràcutâ- neanodiagnósticodegestação,poisaviabi- lidadefetalpodeseravaliada.Entretanto,a acuráciado diagnósticodiferencialentrea gestação,simplesemúltipla,nãoéelevada. Poroutrolado,atécnicaDopplerretalpode serutilizadamaisprecocementeparaodiag- nósticode gestaçãoquandocomparadaà técnicadeultra-somscan-A(lshwar,1995). ~ TécnicaUltra-sônica- Scan-B Atérecentementenãoexistiaumatécnica quepermitissedeterminarsatisfatoriamente o númerodefetosnaespéciecaprina.O ul- tra-somscan-BfoidesenvolvidonaAustrália eofereceacurácia,rapidez,segurançaepra- ticidadeparadiagnosticara gestaçãoe de- terminaro númerodefetos.O métodopro- duzumaimagembidimensionalemóveldo útero,fluidosfetais,feto,batimentocardíaco fetaledosplacentomas,aqualpodeserfoto- grafada.O examepodeserrealizadosoba luz solarousobumaluz tênuepermitindouma visibilidadeótima(lshwar,1995).A cabra deveestaremposiçãode estaçãoe a parte correspondenteàcabeçadotransdutoréco- locadacontraa pele,apósa tricotomiana regiãoinguinalcruzandooabdômencranial- mente.A melhoracuráciaéalcançadaquan- doo exameéfeitoentre40e 75diasapósa cobriçãoouinseminaçãoartificial.Nestepe- ríodo,o úterogestante,queseencontraem distensão,ocupaprincipalmenteo ladodirei- todoabdômen.O método,quandousadopor viatrans-abdominal,permiteumaboaacu- ráciaapartirdo 50Qdiaapósa cobriçãoou inseminaçãoartificial.No entanto,Haibel (1990)demonstrouqueodiagnósticodeges- taçãoépossívelentreo 25Qeo 30Qdiaapós a cobriçãoou inseminaçãoartificial,desde queseuseaviatransreta1.Paratanto,o reto deveseresvaziadoreduzindo-sea possibi- lidadedasfezesenvolveremotransdutordifi- cultando,por conseguinte,o contatodeste comaparededo retoe levandoa obtenção deumaimagemdemáqualidade.Otransdu- tor deveserlubrificadoe colocadono reto mediantemovimentosdelicadoserotativos. O fetoeoseubatimentocardíacosão,geral- mente,perceptíveisapartirdo25Qdiadeges- tação.A viabilidadefetalpodeseravaliada peloregistrodosmovimentosebatimentos cardíacosfetais.Os placentomaspodemser visualizadosapartirdo26Qdiadagestação. A possibilidadee a acuráciada determi- naçãodonúmerodefetoscomousodaultra- sonografiaemtemporealéumavantagemso- breasdemaistécnicasultra-sônicas.O perío- domaisseguroparacontagemdosfetoséen- tre45e 90 diasdegestação,umavezquea partirdos90diasosfetosestarãomuitode- senvolvidosparaseremdiferenciadosumdos outros(Dawsonetal.,1994).Umaoutravan- tagemdoultra-somemtemporealéqueesse permitediferenciarcom segurançaa gesta- çãodahidrometra,dapiometraedamumifi- caçãofeta!(Haibel,1990).Nosdoisprimeiros casos,osplacentomasestãoausenteseoútero aparecedistendidocomumfluidoecogênico nahidrometra(Figura2.3),alémdeumflui- do cinza-esbranquiçadonapiometra.A mu- mificaçãofetalé caracterizadapelaausência defluidoeapresençadeumaimagemdensa, hiperecogênica.A idadefetalpodeserdeter- minadaentre40e 100diasdegestaçãopela mensuraçãodalarguradacabeça,oquetorna a técnicavaliosanaprediçãodoprovávelpe- ríododopartoquandoadatadacobriçãoou inseminaçãoartificialnãoéconhecida(Daw- sonetaI., 1994). A ultra-sonografiaemtemporealparao diagnósticodegestaçãona espéciecaprina podeserfácilerapidamentedominada,per- mitindoque um profissionalqualificadoe comboaexperiênciaobtenhaumaacurácia nodiagnósticodaordemde90%a 100%.O diagnósticofalsopositivoé raroe podeser devidoà morteembrionáriaprecocecom absorçãofetal,abortonãoobservadoouerro no registrodabexigacomosefosseo útero (Bruckell,1988).O diagnósticofalsonegati- Figura 2.3. Imagensde gestação(A)e hidrometra(8)obtidasatravésdo métodode ultra-somscan-8. 19
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