Buscar

Biotécnicas aplicadas a reprodução animal 1ª edição

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

EDITORES
PAULO BAYARDDIAS GONÇALVES
JOSÉ RICARDODE FIGUEIREDO
VICENTE JOSÉ DE FIGUEIRÊDO FREITAS
Biotécnicasaplicadas
à reproduçãoanimal
Livraria
l~~~
VARELAEDITORAE LIVRARIALTOA
SÃoPAULO- 2002
Capítulo
Capítulo
Capítulo
Capítulo
Capítulo
Capítulo
Capítulo
Capítulo
Capítulo
Capítulo
Sumário
1. Diagnósticode GestaçãoemBovinos...........................................
Jairo PereiraNeves, João FranciscoCoelho Oliveira, Marlon Nadal Maciel
2. Diagnósticode GestaçãoemCaprinos.........................................
VicenteJosé de FigueirêdoFreitas,Aurino Alves Simplício
3. Controle do Estro e da Ovulação em Bovinos e Ovinos ................
José Carlos FerrugemMoraes, Carlos José Hoff de Souza,
Paulo Bayard Dias Gonçalves
4. Controledo Estroe da OvulaçãoemCaprinos.............................
VicenteJosé de FigueirêdoFreitas,EdilsonSoares LopesJúnior
5. InseminaçãoArtificialemCães....................................................
Lúcia Daniel Machado da Silva, Alexandre RodriguesSilva,
Ritode Cássio Soares Cardoso
6. InseminaçãoArtificial em Bubalinos .............................................
Otávio Mitio Ohashi
7. Inseminação Artificial em Caprinos "
José FerreiroNunes
8. Transferênciae Criopreservaçãode EmbriõesBovinos...................
Horst-DieterReichenbach,Marcos AntônioLemosde Oliveira,PauloFernandes
de Lima,AntônioSantanados SantosFilho,Joaquim Corrêa de OliveiraAndrade
9. Transferênciade Embriões em Caprinos "...................
VicenteJosé de FigueirêdoFreitas,Aurino Alves Simplício
15
25
57
69
97
111
127
179
10. Produçãoin vitrode Embriões 195
Paulo Bayard Dias Gonçalves, José Antônio Visintin,Marcos Antônio Lemosde
Oliveira, Marcelo Marcos Montagner, LuísFabiano Santosda Costa
Capítulo
Capítulo
Capítulo
Capítulo
11. Manipulação de Oócitos Inclusosem Folículos Ovarianos
Pré-antrais- Moifopa ..................................................................
JoséRicardode Figueiredo,Ana PauloRibeiroRodrigues,
ChristianiAndradeAmorim
227
12. Marcadores Moleculares em Reprodução Animal..........................
João FranciscoCoelhode Oliveira,LuizErnaniHenkes
261
13. Clonagem Animal por TransferênciaNuclear ................................
Vilceu Bordignon, LawrenceC. Smith
14. Produção de Animais Transgênicos nas Espécies Domésticas:
Tecnologia e Aplicações ........
Matthew B. Wheeler, Seong:JunChoi, Gary R. Voelker,Eric M. Walters,
Gabriela G. Cezar
281
303
Prefácio
Agrandemaioriadepublicações,naárea
dereproduçãoanimal,disponíveisnoBrasil
égeradaemoutrospaísese,atécertotempo
atrás,nãosedispunhadebibliografiadeau-
toresbrasileiros.Um dosprimeiroslivros
sobrebiotecnologiafoiaobradoDr.Antô-
nioMiesFilhoque,editadamaisdeuma
vez,temsido,praticamente,umadaspou-
casfontesdeconsultanacionalparaestu-
danteseprofissionais.No entanto,arefe-
ridaobraconcentroumaiorênfasenainse-
minaçãoartificial.
Coma expansãoda informática,tem
ocorridoumaproliferaçãodelivrosquese
baseiamemcompilaçõesdeobrasestrangei-
ras,semumacontribuiçãomaisconsistente
dosautores.
O presentelivro,BiotécnicasAplicadas
à ReproduçãoAnimal,estádivulgandore-
sultadosdepesquisabásicaeaplicada,pro-
duzidaporpesquisadoresbrasileirosecola-
boraçãodeestrangeirosquemantêmpro-
gramasdecooperaçãocientíficacomenti-
dadesbrasileiras.O conhecimentonaárea
debiotecnologiaexiste(háumgrandenú-
merodeartigoscientíficosecomunicações
emcongressos),entretantoestádisponível
deumamaneiradispersaenãohápublica-
çãonacionalqueapresenteessasinforma-
çõessistematizadasfacilitandoo acessodo
públicoalvo:MédicosVeterináriosqueatuam
naárea,alunosdegraduaçãoepós-gradua-
çãoeoutrosprofissionaisdaáreacomoBió-
logos,Agrônomos,Zootecnistas,Geneticistas,
Médicos,etc.
Sobopontodevistadecrescimentocien-
tífico,apolíticaeducacionaldeumpaísdeve
estimularparalelamentepesquisabásicae
aplicada.Empaísessubdesenvolvidosouem
desenvolvimento,écomumseouvircríticas
àspesquisasbásicaseumamaiorvaloriza-
çãodapesquisaaplicada.Daí decorreuma
dependênciadestespaísesdaquelesmais
desenvolvidos.
As informaçõesobtidasnas pesquisas
básicasqueestãonestaobracolocamo nos-
sopaísemnívelqualitativodeigualdadeaos
paísesdo primeiromundo.Do mesmomo-
do, os resultadosdaspesquisasaplicadas
apresentadosnestelivro,permitemumautili-
zaçãoimediataemnossomeio,dispensando
adaptaçõesquesefazemnecessáriasquando
seconsultaautoresestrangeiroscujarealida-
deédiferentedabrasileira.
É comgrandesatisfaçãoqueredijoopre-
fáciodestaobraquevemtrazeraosprofis-
VII
sionaisbrasileiros,informaçõesatualizadas
egeradaspelosautoresdecadacapítuloem
seuslaboratórioseambientesdetrabalho.
O livroconstadetópicosavançadosem
reproduçãoanimal,comumaabrangência
deinformaçõesquevãodesdeo diagnósti-
codegestaçãoatéclonagememespécies
domésticas.Cadacapítuloéescritodeuma
maneiradidáticae comreferênciasque
permitemaoleitorlocalizarafontedasin-
formaçõesdisponíveis.Alémdisso,osau-
toresnãoapenasapresentamtópicosos
quaisdominam,comorelatamresultados
geradosemtrabalhosdepesquisanosquais
participaramativamente.Portanto,essa
VIII
obracontémensinamentosatualizadosede
fundamentalimportância,nãoapenaspara
profissionaisbrasileiroscomoparausuários
deoutrospaíses.
Finalmente,aediçãodeumaobradeste
porte,unindopesquisadorescapazesdedar
brilhoaoconhecimentocientíficonacional,
podesercomparadaaoseguintepensamen-
todeEdsonPereiraNeves:
"...diantedocolar- belocomoumso-
nho- admireisobretudo,ofioqueunia
aspérolaseseimolavaanônimoparaque
todasfossemum..."
Prof.CláudioAlvesPimentel
Capítulo 1
Diagnósticode GestaçãoemBovinos
JairoPereiraNeves,JoãoFranciscoCoelhoOliveira,
MarlonNadalMaciel
Introdução
O diagnósticodegestaçãoéumatécnica
quepermitedeterminara existênciaeo pe-
ríododegestação.Em bovinos,atravésda
palpaçãoretal,essatécnicaéutilizadadesde
oiníciodoséculoXX. Posteriormente,apar-
tirdadécadadeoitenta,oempregodaultra-
sonografiapossibilitouodiagnósticodeges-
taçãoemfasesmaisprecoces.A utilização
dodiagnósticodegestaçãoemcriatóriosbo-
vinos,tantodeleitecomodecorte,constitui-
senumaferramentaestratégicano manejo
geraldeumapropriedade.O conhecimento
daexistênciaou nãodegestaçãopossibilita
atomadadedecisõesasquaispodemafetar
diretamenteosíndicesdeprodutividadecom
reflexoseconômicosimediatos.O diagnósti-
coprecoce,porexemplo,comaidentificação
defêmeasnãogestantes,seconstituiemuma
importanteferramentanaavaliaçãodofuturo
dessesanimaisdentrodapropriedade,possi-
bilitandoquesejamtomadasprovidênciasno
sentidodereduziro períodoparto-concep-
çãooudedescartaro animal,minimizando
dessaformaasperdaseconômicas.Assim,a
utilizaçãorotineiradessatécnicafacilitao
manejodosanimaiseevitagastosdesneces-
sárioscomalimentação.Permiteaindauma
avaliaçãoimediatadaeficiênciadeprogramas
deindução,sincronizaçãooutransferênciade
embriões.É tambémutilizadanaformulação
delaudospericiaise fêmeasqueirãopartici-
pardefeiraseexposições.
Reconhecimento da Gestação
O reconhecimentomaternodagestação
emruminantessedáatravésdaaçãodeuma
proteína(172aminoácidos)produzidapelas
célulastrofoblásticasdoblastocisto,denomi-
nadade Interferontau (lNF-t). O INF-t é
expressosomenteemruminanteserepresen-
ta umadascincofamíliasde interferondo
Tipo I, classificadascomo IFN -a, IFN -~,
IFN -õ, IFN -O)e IFN -toAnteriormenteà
identificaçãodo IFN -t, já haviaindicativos
daaçãodeproteínasblastocísticasnoproces-
sodereconhecimentodagestaçãoemrumi-
nantes.Pesquisasrealizadasaindanadécada
desessenta,apontaramparaaocorrênciade
inibiçãodaluteóliseapartirdaliberaçãode
substânciasblastocísticasantesdomomento
da implantação(Moor & Rowson, 1966).
Posteriormente,portersidoisoladadascélu-
lastrofoblásticas,essasubstânciafoidenomi-
nadadetrofoblastinaouproteínatrofoblásti-
ca(MartaletaI.,1979).Apósasuapurifica-
ção,realizadanaespécieovina(Imalawaetal.,1987),porapresentargrandesemelhança
estruturalcom algumasclassesde interfe-
rons,passoua serchamadadeINF-"[.Sub-
seqüentemente,foicaracterizadanoconcep-
tobovino,entreosdias16e24degestação.
O IFN -"[bovinoé umaproteínacompeso
molecularentre22a24KDa,comdiferentes
isoformas,diferenciando-sedo seuanálogo
daespécieovinapor algumasalteraçõesna
suaestruturabioquímica.
O processodeluteóliseapartirdasecre-
çãodePGF2anecessitadasecreçãolutealda
ocitocina,bemcomodainteraçãodaocitocina
circulantecomosseusreceptores,osquaisse
localizam,principalmente,nascélulasdoepi-
télioendometrial.Os efeitosanti-Iuteolíticos
doIFN -"[sãotraduzidosapartirdasuaação
inibitóriasobreaexpressãodosgenesqueco-
dificamparaos receptoresendometriaisde
ocitocinaedeestrógenos,substânciasessas
queatuamsobreascélulasdoendométrio,es-
timulando-asa produziremPGF2a. Dessa
forma,o IFN -"[regulaaproduçãodePGF2a
atravésdainibiçãodasuaexpressãonoendo-
métrio.O IFN -"[nãoédetectadonacirculação
periféricadefêmeasgestantes,sendosuaação
localizadaapenasnoútero.
Um marcadoaumentona expressãodo
genedoIFN-"[ ocorreno15°diadegestação
nosbovinos,coincidindocomafasedetran-
siçãomorfológicadoblastocisto,quenesse
períodopassadaformaesféricaparaaforma
filamentosa.Por isso,a produçãode IFN-"[
parecesermaisdependentedodesenvolvi-
mentoblastocísticodo quepropriamente
do diadegestação.O picodeproduçãodo
IFN-"[ ocorreno17°diadegestaçãoeoseu
mRNA édetectadonotrofoblastoatéo 25°
diadegestaçãonosbovinos.No momento
do pico de produção,o seu mRNA está
presentenoblastocistoemníveismaiseleva-
dosdo quequalqueroutromRNA. Embo-
raaexpressãodogenepareçasergenetica-
2
menteprogramadae independentedo am-
bienteuterino,considerandoquea suaex-
pressãoocorretambéminvitro,esseproces-
soélargamenteafetadopelasconcentrações
plasmáticasdeprogesterona.A suplementa-
çãodeprogesteronano inícioda gestação,
auxiliaodesenvolvimentodoblastocisto,au-
mentandoosníveisdeIFN-"[noúteroedimi-
nuindoosíndicesdeperdagestacionalnesse
período(Mann& Lamming,1999).O de-
créscimonaexpressãodo IFN -"[ pareceser
dependentedo processode implantação,
ocorrendodiminuiçãonamedidaquedeter-
minadasregiõesdotrofoblastocomeçama
estabelecercontatocomo epitéliouterino.
Fases Iniciais do Desenvolvimento
Gestacional
Parafinsdidáticos,agestaçãopodeserdi-
vididaemtrêsestádios.O estádioinicialvai
desdeafecundaçãoatéo 13°dia;osegundo,
denominadoembrionárioseestendedo14°
ao45°dia;eoterceiro,denominadofeta!,vai
do46°diaatéoparto(Peters& BaTI,1991).
Imediatamenteapósafecundaçãoocorreum
processodeclivagem,seguidodedivisões
mitóticasdandoorigemaozigoto.Essasdi-
visõesseprocessamatéo5°ou6°dia,quan-
doseformaumamassadecélulasdenomi-
nadamórula.O ovidutopropiciacondições
ambientaisfavoráveisaodesenvolvimentodo
zigotoindependentementedasituaçãohor-
mona!,enquantoqueo ambienteuterinoé
desfavorávela sobrevivênciadosmesmos
quandopresentesprematuramentenoseulú-
men.Apósessafase,ocorreaformaçãodo
blastocistoqueconsistenumaestruturaesfé-
ricadecélulasdenominadasdetrofoblasto.
Essaestruturaapresentaumhalocentralde
célulasquedarãoorigemaoembrião.Após
o 8°dia,ocorrea perdadazonapelúcida,
iniciandoo períododealongamentodo
blastocisto.O desenvolvimentodascélulas
germinativastemoseuinícioapartirdo14°
diaecaracterizao iníciodafaseembrioná-
ria.Dessas,originam-setrêscordõesdecé-
lulasdenominadasdeectoderma,mesoder-
maeendoderma.O ectodermairáconstituir
estruturascomopele,pêlos,cascos,glân-
dulamamária,esistemanervoso.O cora-
ção,músculose ossosserãoformadosa
partirdomesodermaeosoutrosórgãosin-
ternosdoendoderma.
No 18°dia,o alantóideexpande-seno
cornoipsilateralelogoemseguidanocon-
tralateral,seguidodeumaerosãogradualno
epitéliodascarúnculaspelascélulasbinuclea-
dasdotrofoblasto.Antesdo22°diaocorre
umaligaçãoatravésdemicrovilosidadesque
setornaprogressivamentemaisíntimaatéo
27°dia.A partirdo32°diadegestaçãoo
alantóideiniciasuafIXaçãonocornouterino.
Oâmnio,formadodecélulasdomesoderma
eectoderma,crescejuntamentecomo em-
briãoenvolvendo-ocompletamente.Essaes-
truturaestaformadaapartirdo18°dia.As
bolsasamnióticaealantoideanasãodensa-
mentevascularizadase conectadascomo
cordãoumbilical.Nosruminantes,aplacenta
é dotipocotiledonária,caracterizando-se
pelocontatoapenasemdeterminadasáreas
endometriais,denominadasdecarúnculas.
Nessespontos,ocorremastrocasgasosasde
°2 eCO2,assimcomodenutrientesentre
fetoe a mãe.Esseprocessosedenomina
placentação,temseuiníciono20°diaecon-
solida-seentre40-45diasdegestação.
ModificaçõesFisiológicas
Observadas na Gestação
O estabelecimentodagestaçãoprovoca
umasériedealteraçõesnoorganismomater-
no,deordemhormonal,anatômicaecom-
portamental.Umadelas,quedizrespeitoao
comportamentoreprodutivodafêmea,é o
nãoretornoouausênciadoestro.Essefato,
noentanto,nãoésuficienteparagarantiro
diagnóstico,poiso nãoretornopós-serviço
poderátambémserresultantedeoutrascau-
sas.O idealseriapoderrealizarodiagnóstico
antesdoprimeiroestro.No entanto,issoso-
menteé possíveldeserrealizado,comboa
margemdesegurança,antesdosegundoes-
tro.Asmodificaçõesanatômicasqueservem
desuporteparaodiagnósticoclínico,dizem
respeitoàsalteraçõesevidenciadasnotama-
nho, simetria,conteúdoe paredeuterinae
sãode graue intensidadevariáveisdepen-
dendodo estádiogestacional.
O cornogestanteapresentaalteraçãono
seutamanhoeposição,ficandoprogressiva-
mentemaiorqueonãogestante,gerandouma
assimetria.Emvirtudedoaumentoprogressi-
vodoúteroobservam-semudançasnasuapo-
siçãoemrelaçãoàscavidadespélvicaeabdo-
minal,comvariaçõesindividuais,dependendo
do portedo animal.Geralmenteatéaos60
diasoúterogestantepermanecenacavidade
pélvica.A partirdostrêsmeses,situa-senuma
posiçãodetransiçãopélvico-abdominaleaos
cinco/seismeses,localiza-seàdireita,ventral-
menteno abdômen.A partirdossetemeses,
ocorreumaexpansão,inicialmentetransversal
e fmalmentecrânio-dorsal.
Umadasprimeirasevidênciasclínicasde
gestaçãoéapresençadavesículaamniótica,
constituídapelofluídoeconcepto.Essaes-
truturapodeserpalpadaapartirdos28dias
degestação.Nessafase,apresentaformaes-
férica,diâmetrode1cmeconsistênciatúrgi-
da.Permaneceparcialmentelivre,flutuando
no líquido alantoideano,sendofreqüente-
menteencontradanoápicedocornogestan-
te.Aumentaprogressivamentedetamanho
comoavançodagestação,porémoseureco-
nhecimentoapós65 diasé dificultadopela
reduçãodasuaturgidezemaiorvolumede
líquidoalantoideano.A palpaçãodavesícula
amnióticadeveserfeitaporprofissionalha-
bilitado,considerandoosriscosdelesãodo
conceptoeconseqüenteperdagestacional.
3
Umacaracterísticamarcanteedeimpor-
tânciafundamentalparao diagnósticode
gestaçãoéoefeitodeparededupla.É detec-
tadoatravésdodeslizamentodaparedeuteri-
nasobreamembranaalantoideanaepercebi-
doàpalpação,emalgumasvacas,já aos35
dias.Essesinaltorna-semaisevidenteapós
os40diasdegestação.O crescenteacúmulo
defluídosgestacionaisacompanhadospela
distensãoereduçãodaespessuradaparede
uterina,proporcionaaotoqueoefeitodeflu-
tuaçãoobservadoa partirdos45 dias.
Oscotilédonesdaplacentafetalcomsuas
vilosidadespenetramnascriptasdascarúncu-
Iasuterinasconstituindoosplacentônios,dis-
postosemftleirasdorsaisemnúmerode75a
120,os quaissãodetectadosjá a partirdos
75diasdegestação.Apresentamumavariação
detamanhodetalmaneiraqueosmaioressi-
tuam-semedialmenteeosmenoresnasextre-
midadescervicaleapicaldocornogestante.
O fetopodeserpercebidoapós65dias,
quandoavesículaamnióticareduzsuaturgi-
dez,atéosquatromesesdegestação.No pe-
ríodoseguinte,quandoocorreodeslocamen-
to docornográvidonosentidoventral,sua
detecçãoficadificultadaou inviáveI.A partir
dos6meses,devidoaoseucrescimentoeex-
pansãodorso-craneal,haverámaiorfacilida-
deparasuadetecção.A crescentedemanda
desangue,comoconseqüênciadocursoges-
tacional,provocaumaumentodo diâmetro
daartériauterinamédiaapartirdos90dias,
provocandoum frêmitoarterial.Essesinal
correspondeao pulsoarterialaumentado,
maisfacilmentedetectadoquandoseprovocaumaobstruçãoparcialdaartéria.É impor-
tantedestacarqueapósumaborto,partoou
determinadascondiçõespatológicasestaevi-
dênciapoderáaindaestarpresente.O corpo
lúteogravídicopresentedurantetodaages-
taçãonãodiferedo cíclico,localizando-se
geralmenteno ovárioipsilateralao corno
gestante.
4
Perfil de Hormônios e Proteínas
Ligadas à Gestação
O períodoinicialdagestaçãoémarcado
poreventosqueprolongamoperíodofuncio-
naldocorpolúteoapartirdainibiçãodome-
canismodeluteólise,conformedescritoante-
riormente.Esseprocessoéresponsávelpela
manutençãodosníveisadequadosdeproges-
teronanecessáriosparaqueocorraaconti-
nuidadedo desenvolvimentoembrionário.
Diversosestudosevidenciamarelaçãoentre
baixasconcentraçõesdeprogesteronaeper-
dasgestacionais,assimcomodescrevemo
aumentonosíndicesdegestaçãoedesenvol-
vimentoembrionárioapósasuplementação
comprogesterona(GarretetaI., 1988,Ne-
phewetal.,1991,Mann& Lamming,1999).
Os bovinossãocorpolúteodependente,
significandoquenecessitamdaproduçãolu-
tealparaa manutençãodos níveisde pro-
gesteronadurantetodoo períodogestacio-
nal,emboraessatambémsejaproduzidapela
placenta.As concentraçõesdeprogesterona
detectadasno leiteenoplasmadevacasnos
primeirosdiasdegestaçãosãosemelhantes
aquelasobservadasnasfêmeasnãogestantes
queseencontramnafasedediestro.Assim,
suautilizaçãoparadiagnósticodegestação
élimitadaaperíodosbemespecíficos,sendo
em conseqüênciadependentede registros
criteriososdadatado serviço.
Os níveisdeestrógenos,estronaeestra-
diol-17B,começamaaumentarnasegunda
metadeda gestação,atingindoo seuápice
próximoaoparto.Assimsendo,suautiliza-
çãonãoéadequadaparadiagnósticodeges-
tação.O hormôniolactogênicoplacentário
bovino(bPL) éumaproteínasecretadapelas
célulasbinucleadasepossíveldeserdetecta-
danacirculaçãomaternaapartirdo26°dia
degestação.Asconcentraçõesmaternasdes-
se hormônioaumentamprogressivamente
duranteoperíodogestacional,atingindoní-
veisem tornode 1 a 2 ng/rnlpróximoao
parto.A proteínaespecíficadagestaçãoB
(PSPB)é umaglicoproteínaespecíficada
placentacompesomolecularentre47.000
e53.000daltons.Osseusníveisperiféricos
podemserdetectadosjáapartirdo24°dia
degestaçãonosbovinos(Sasseretal.,1986),
osquaisapresentamumaelevaçãogradual
atéo parto.As glicoproteínasassociadasà
gestação(PAG)sãopertencentesàsuperfa-
míliadasproteasesaspárticas,no entanto,
sãoconsideradasenzimaticamenteinativas.
Nosbovinos,o seuperfilcaracteriza-sepor
umaumentogradativodoprimeiroaooitavo
mêsdegestação,apresentandoumarápida
elevaçãoapósesseperíodo.
Métodos de Diagnóstico
Paipoçãoretal
A adequadacontensãodafêmeaéumim-
portantefatoraserconsideradoparaodiag-
nósticodegestação.A fêmeadevesercontida
emestação,detalformaquesejamevitados
movimentosbruscosou mesmoquedasque
venhamprovocarlesõesouferimentos,tanto
nosanimaisexaminadosquantonoexamina-
dor.Alémdisso,paraa realizaçãodo exame
depalpaçãoreta!deformasegura,éindispen-
sávelqueomédico-veterináriotambémtenha
algunscuidadoscomrelaçãoaoseumaterial
detrabalho,devendoutilizarsempreluvases-
peciaisdeboaqualidadebemcomolubrifican-
teadequado.O diagnósticodegestaçãopor
palpaçãoretaléummétodoseguro,quenão
ofereceriscoparaaintegridadedavacaetam-
poucoparaaviabilidadedofetoquandorea-
lizadaporprofissionalhabilitado.Antesdoiní-
ciodoexamepropriamentedito,éaconselhá-
velefetuarumainspeçãodavulva,seusarre-
doreseglândulamamáriaoquepoderáservir
desubsídioparao diagnósticofinal.
O diagnósticodegestaçãoembovinosé
realizadolevando-seemconsideraçãodeter-
minadascaracterísticasdocontrolereproduti-
vo, seindividualou derebanho.O controle
individualérealizadoemcriaçõesintensivas,
degadodeleiteouplantéisdegadodecorte,
enessescasoshágeralmenteinformaçõesso-
bredatasdeserviçoeprincipalmenteinteresse
acentuadoemumdiagnósticoprecoce.Quan-
dosetratadeumcontrolederebanho,típico
decriaçõesextensivasdegadodecorte,sub-
metidosamontanaturalou inseminaçãoar-
tificial,odiagnósticoérealizadoemperíodos
estratégicos,contribuindopararacionalização
domanejo.Essemétodoéconsideradoomais
práticoeprecisoparaodiagnósticodegesta-
çãoemfêmeasbovinas,desdequerealizado
após45-50diaspós-serviço,dependendoda
capacidadedoexaminador.Umavacasomen-
tedeveráserconsideradagestantesepelome-
nosumdossinaisindicativosdegestaçãofor
detectadoereconhecido.O estádiodagesta-
çãopodeserestimadocombasenascaracte-
rísticasuterinase fetais,commaiorprecisão
emsuaprimeirametade.
Cabedestacarquealgumasevidênciasdes-
critas no item "ModificaçõesFisiológicas
ObservadasnaGestação",quandoconsidera-
dasisoladamente,nãoservemcomoparâme-
troparao diagnósticodegestação.Determi-
nadassituaçõesfisiológicas,comoporexem-
ploafasedepuerpérioprecoceoumesmodis-
túrbiosreprodutivostaiscomopiometra,mu-
mificaçãooumaceraçãofetal,proporcionam
tambémum aumentodetamanhouterino.
Outrascaracterísticassãopeculiareseexclu-
sivasdagestação,razãopelaqualéindispen-
sávelfundamentarodiagnósticoconsideran-
do,pelomenosumdosseguintessinaisposi-
tivosparagestação(Zemjanis,1970):.Vesículaamniótica.Efeitodeparededupla.Placentônios.Feto
É importantesalientarqueprofissionais
menosexperientesdevemprocurarfunda-
mentarodiagnósticoporpelomenosdoisou
5
maisdessessinaiscaracterísticos,tendoassim
maiorsegurança.A detecçãodessessinaisvai
dependertambémdafasegestacional.Deve-
setambémdestacarquenenhumanimaldeve
serconsideradonão-gestanteamenosqueo
examinadorprovoqueumaretraçãouterina,
pelacérvice,esecertifiquedequenãohási-
naisindicativosdegestação.
A utilizaçãodefasesgestacionaispropos-
tasoriginalmentepor Grunert& Berchtold
(1988);Grunert(1993),apresentadasnata-
bela1.1proporcionammaiorfacilidadeese-
gurança,nãosó parao estabelecimentodo
diagnósticodegestação,comotambémpara
estimativadoperíodoemqueelaseencontra.
É importanteressaltarqueessesdadosser-
vemapenascomoparâmetroparao exami-
nador.Devemserconsideradasvariaçõesin-
dividuaisenãoexistemlimitesrígidosentre
asfases.
~ Eficiênciado Métodode PalpaçãoRetal
O diagnósticodegestaçãopor palpação
retaléconsideradoummétodoeficienteese-
guro,cujaacuidadeaproxima-sede 100%,
6
desdequerealizadoporprofissionaltreinado
(Youngquist,1997).Errosdediagnósticopo-
democorrerdevidoa repleçãovesical,con-
teúdouterinonãofisiológico,pós-partopre-
Tabelo1.1. Principoiscoractensticosqueservemdesuporteparaodiagnósticodegestaçãoeestimativodopenadogestocionolembovinos.
FASE PERíODO POSIÇÃO TAMANHOFETO CARAaERíSTICAS
(meses) DOUTERO (cm)
Semsinais I Pélvico I semsinaisevidentes
evidentes
Pequenobolso 1-11 Pélvico 3-9 iJssimetriadoscornosuterinos;
(31'0060'dia) -vesículaamniótico;
-efeitodeporededuplo;
-IIutuaçãa;
-carpalúteaipsilateral.
Grandebolso 1-111 Pélvico/ 10-14 iJssimetriapronunciadodoscornosuterinos;
(61'0090') Abdominal -IIutuaçãa;
-efeitodeparededuplo;
-fetopossíveldeserpalpado;
Balão III-IV Pélvico/ 15o20 -grandebalão;
(91'001200) Abdominal -IIutuação;
-plocentãnios;
-feto;
-frémitoarterial.
Descido IV-VI Abdominal -cérvicedistendido;
(121'001800) Ventral -plocentãnios;
-difícilpaipoçãodofeto.
Final VII-IX Abdominal -palpoçãodofeto;
(181'280') Ascendente -placentônios;
-frémitoarterial.
coce,projeçõesdeporçõesdo rúmenno
sentidodorsoventralouconfusãodevidoà
palpaçãodeováriosporplacentônios.A in-
cidênciadeperdasgestacionaisprincipal-
mentenoprimeiroterçogestacionalémaior
quenasoutrasfases,eessefatodeveserde
conhecimentodoproprietário.O partopo-
denãoocorrerporerrodediagnósticoou
porperda/mortepré-natal.Oserrosdedia-
gnósticoocorremporfalhasnainterpreta-
çãodosexamesrealizadosoudevidoacon-
diçõespatológicaspeculiares,no entanto,
nessesúltimos,ossinaispositivosdegesta-
çãonãoestãopresentes.Ascondiçõespato-
lógicasmaiscomunssãopiometra,hidro-
metra,doençasdasnovilhasbrancas,linfo-
mauterino,mortefetal,mumificaçãoema-
ceraçãofetaletumoresovarianos.A discus-
sãodetalhadadessaspatologias,noentanto,
fogemaoescopodestecapítulo.
Ultra-sonografia... PrincípiosBásicosda Ultra-sonografia
A ultra-sonografiaouecografiaéummé-
tododediagnósticoparaexploraçãodees-
truturas,atravésdaemissãodeultra-some
captaçãodeecos.Constitui-seemumatécni-
cacomplementaraoexameclínicoeéutiliza-
daparaavaliaçãodetecidosmolesemtodas
asespécies.É umatécnicanãoinvasivaenão
provocamodificaçõesbiológicas,tantoaos
pacientescomoao operador.A ultra-sono-
grafiapermitea avaliaçãodo tamanho,da
forma,dalocalizaçãoedaconsistênciadeór-
gãosemfuncionamentoouo monitoramen-
todesuasfunções.Possibilitaaindaoregistro
de imagensparaserutilizadoematestados
oulaudosclínicos.Umadaslimitaçõesdaul-
tra-sonografiaincluianaturezanãoespecífi-
cademuitasalteraçõesobservadas,oqueim-
pede,muitasvezes,umdiagnósticoprecisoe
imediato.Paraobtençãodeimagensprecisas,
hánecessidadedeumaperfeitainteraçãoen-
treohomem,amáquinaeopaciente.A apli-
caçãodessatécnicaapartirdadécadade80
constituiu-seemumdospassosmaisimpor-
tantesparao estudoe entendimentodos
eventosfisiológicosqueocorremnocicloes-
traIegestaçãoemdiversasespécies.Permite
aindamaiorprecisãoesegurançaparaodiag-
nóstico,prognósticoeterapêuticaproporcio-
nandoumamaioreficiênciareprodutiva,prin-
cipalmenteemexploraçõesintensivas.Infeliz-
mentesuautilizaçãoéaindarestritaconside-
randoo elevadocustodeaquisiçãoemanu-
tençãodoequipamentoemrelaçãoaoretorno
econômicocoma prestaçãodeserviços.
O soméumaondamecânicacaracteriza-
daporcompressãoerarefação,dentrodeum
meio,audívelpelohomem(8-20KHz) oupel-
o cãoaté50KHz. Umaondasonorapossui
comprimento,freqüênciaevelocidade.O com-
primentoéo númerodeciclosqueelasper-
corrememumdadoperíododetempo,medi-
doemciclosporsegundoouHertz.O ultra-
somé caracterizadopor umaondasonora
comfreqüênciamuitasvezessuperioràque
épercebidapeloouvidohumano,medidaem
MHz. A velocidadedosomvariaconformea
texturadasáreasaseremexaminadasmassão
muitopróximas,namaioriadostecidosmo-
les,comexceçãodoar,ossosepulmões.Para
a ultra-sonografiadiagnóstica,os aparelhos
sãoprogramadosparaumavelocidadecons-
tantede1540m/seg.(Griffith,1980).
Ondasultra-sônicassãoemitidasauma
velocidadeconstanteatéencontraremumasu-
perfícierefletora.Nessasuperfície,umape-
quenaporçãodo somé refletidae captada
pelotransdutor.O transdutorpossuicristais
quetêmpropriedadespiezelétricas,comoa
datransformaçãodeumtipodeenergiaem
outro,comoporexemplo,mecânicaemelé-
trica.O aparelhoconverteessatransforma-
çãoempontosdeluzemumatelaconversora
devarredura.A amplitudedopontonatela
éproporcionalàdistânciapercorrida.Assim,
temosreconstruídaumaimagemdostecidos
7
eórgãosatingidospeloultra-som.As ondas
sonorassãoatenuadasàmedidaquepercor-
remosórgãosdoanimalexaminado.Asprin-
cipaiscausasdeatenuaçãosãoabsorção,re-
flexãoeespalhamento.Porçõesdeondaso-
norapoderiamserresponsáveispor danos
biológicossofridospelotecidoexaminado.
No entanto,aintensidadedaondaétãobaixa
queaquantidadeabsorvidadecaloréínfima.
Alémdisso,aposiçãodotransdutorémuda-
daconstantementeeo tempodeexamenão
ésuficienteparaocasionardanosaostecidos.
Quandoosomatingeumainterface,que
éalinhaformadaentretecidosdediferentes
impedânciasacústicas,umaporçãoseráre-
fletidacommaiorintensidadeeaamplitude
doecoretomadoserádeterminadapeladife-
rençaabsolutanaimpedânciaacústicadeum
tecidocomparadoaoutro.Quantomaisse-
melhantesforemas impedânciasacústicas
entreostecidostantomenorseráoeco.Esse
ecoretomaráaotransdutorondeserátrans-
formadoemimpulsoselétricosefinalmente
emimagens.A elasticidadedostecidostam-
bémcontribuiparasuaecogenicidade.Os
gaseseosossosagemcomobarreirasàson-
dassonoras.Paraserpossívelexaminarum
localcircundadoporgásouestruturasósseas
hánecessidadedeseutilizarumajanelaacús-
tica,ousejaummeioquenãoimpeçaapas-
sagemdo eco (Nyland& Matoon, 1995).
Atualmente,utiliza-seo sistemaemtempo
realquepermiteaobservaçãodemovimento
naimagem,representadapelavariaçãodetons
naescalacinza.
Diversosplanospodemserobservados
mediantemudançadaposiçãodotransdutor.
Deacordocomanaturezaecapacidadeem
absorvere refletirosfeixesdeultra-somos
tecidossãocaracterizadosnaimagemgerada
dentrodeumaescalaquevaidesdeo preto
atéobrancocomváriostonsintermediários
decinza.Existeumaterminologiaprópriapa-
rainterpretaressasimagensquesãoanecói-
8
co,ecóico,hipoecóico,hiperecóico,isoecóico
e interfaces.Anecóicosignificaausênciade
ecos,transmissãocompletadesomaparecen-
donatelaemcorpreta,ecóicaouecogênico
apresençadeecosouacapacidadederefletir
asondassonorasemmaioroumenorintensi-
dadeaparecendonateladiversostonsdecin-
za.Hiperecóicorepresentaestruturasbrilhan-
tes, altamentereflexivaspredominandoo
brancoehipoecóico,ecosesparsos,reflexão
intermediária.Aspectoisoecóicoétraduzido
por estruturascoma mesmaecotexturaou
ecogenicidade.Osartefatossãoestruturasque
aparecemnaimagemporinteraçõesecográ-
ficas,errostécnicos,interferênciasouruídos
eletrônicoscomo,porexemplo,sombraacús-
tica,reverberaçãoereforçoposterior,cujoco-
nhecimentoevitaráfalsasinterpretações.
Osequipamentosdeultra-sonografiasão
fundamentalmenteconstituídosporumcon-
sole,quepossuiumafontedeenergiaeserve
pararecebimento,amplificaçãoeconversão
de sinaisemimagens;por um tecladoalfa
numéricoe outro de funções;transdutor,
constituídoporcristaisdequartzoturmalina,
zirconatodechumboetitanatodebárioco-
nectadosao consoleatravésde um caboe
impressoraouvídeoparadocumentaçãode
imagens.PararevisãoverFritsch& Gerwing
(1996)e Nyland& Matton(1995).
~ Condiçõespara DiagnósticoEcográfico
de Gestação
Pararealizaçãododiagnósticoecográfico
degestação,afêmeadeveficarcontidadetal
maneiraqueofereçasegurançatantoparao
examinadorcomoparao equipamento.O
equipamentodeultra-sonografiadeveráficar
posicionadoemplanoelevado,permitindofá-
cilvisualizaçãodatelaemambientedepouca
luminosidade,protegidodechuvae poeira.
Ostransdutores,parausoretal,possuemge-
ralmenteumafreqüênciade5-7,5MHz ede-
verãoserrecobertoscomplásticodescartá-
'--
vel.A utilizaçãodegelentreo transdutore
essaproteçãopermitiráumaimagemdeme-
lhorqualidade.
.,. Técnicade Ultra-sonografia
O diagnósticogestacionaI,porultra-sono-
grafia,navaca,podeproporcionaroganhode
tempocorrespondenteaodeum cicloestral
emrelaçãoao queé utilizadopor palpação
retal(Chaffauxetal.,1988;Neves,1991;San-
tos,1993;Santos& Neves,1994).Alémdis-
so,permitequeo desenvolvimentoembrio-
náriosejamonitorado,comtotalinocuidade
parao fetoeparaagestante(Kastelicetal.,
1991;Kãhn,1990;Toteyeta!,1991).A vesí-
culaembrionáriapodeserdetectadaentreos
17-19diasapósoserviçoecaracteriza-sepor
umaáreanãoecogênicaeesféricanolúmen
uterino,geralmenteipsi-Iateralaocorpolúteo,
próximoà junçãoúterotubárica.O embrião
poderáserdetectadoapartirdo23°diapós-
serviço,caracterizando-secomoumaestru-
turade ecogenicidademédiano interiorda
vesículaembrionária,queéanecóica.A tabe-
la 1.2ea figura1.1(Santos,1993)servem
desubsídioparaodiagnósticoeestimativado
A B
c D E
Figura 1.1. Imagensecográficasda gestaçãonavaca.As setasindicamembriãoaos 18 (AIe 24 dias(S),membrana
amnióticano 31° dia (CI membrosanteriorese posterioresno 33° dia (DIe colunavertebralno 41 ° dia (E).
9
períododagestação.O primeiroórgãoaser
identificadoéo coraçãocaracterizadocomo
umaestruturaora nãoecogênica,ora com
poucaecogenicidade.A freqüênciacardíaca
é de 184a 188batimentospor minuto.O
âmniopoderáservisualizadodos25 aos30
diasdegestação(Curranetal., 1986ab;Fis-
soreetal.,1986;Toteyetal.,1991).Osmem-
brossãodetectáveisaos 32 dias;a coluna
vertebralaos40 diaseosmovimentosfetais
sãopercebíveisaos45dias.Do dia23ao50
avesículaembrionáriacresceemdiâmetrona
razãode 1,38mm/diae o embriãoaumenta
seucomprimentoem1,15mm/dia,confor-
me Santos& Neves,1994.O diagnóstico
realizadoantesdo 22°diadegestaçãoatra-
vésdapresençadefluídosuterinosnãoése-
guroconsiderandoquea detecçãodo con-
ceptonemsempreéviável.Issodependetam-
bémdaresoluçãodoequipamento,freqüên-
ciado transdutore habilidadedo examina-
dor,podendosertambémmascaradopela
presençadefluídosuterinosfisiológicos.Por-
tanto,o períodomaisconvenienteeseguroé
apartirdos25diaspós-serviço.Umaprática
recentequetemsidoutilizadaemvacaslei-
teirase receptorasdeembriõesé a determi-
naçãodo sexofetal.Fundamenta-senaob-
servaçãodotubérculogenital,escrotoeglân-
Tabelo1.2. Característicosgestacianaisqueservemde parômetroparo
diagnósticonosfasesiniciaisde gestaçãoatravésdo ultra-
sonogrofia.
CARAaERíSTICASGESTAClONAIS DIASPÓS-SERVIÇO-
13-19
20-24
24-27
30-32
28-34
40
42-50
51-55
33-38
60
Vesículo embrionário
Embrião
BoIimentos cardíacos
Âmnio
Membros
Coluna vertebral
Movimentos fetois
Costelas
Plocentônios junto 00 embrião
Plocentôniosem todo o útero
10
dulamamáriaapartirdos50diasdegestação
(Curranetal.,1989).
Eficiênciado Métodode Diagnóstico
Ecográficode Gestação
A eficiênciadodiagnósticoecográficode
gestaçãodependedoequipamento,habilida-
dedoexaminadoreperíodogestacional.Exa-
mesrealizadosantesdos25diasestãomais
susceptíveisaerros(50%)emrelaçãoaosreali-
zadosposteriormente,quandoo embriãoe
osbatimentoscardíacospossibilitamumdiag-
nóstico mais consistente(Kastelic et aI.,
1989).A localizaçãopélvicadosórgãosge-
nitaispermiteumdiagnósticomaisseguroem
relaçãoaanimaiscujosgenitaislocalizam-se
noabdômen.Assim,operíodomaisindicado
paraarealizaçãododiagnósticoporultra-so-
nografiavaidodia25atéquandofor possí-
velumaavaliaçãosegurapor palpaçãoretal.
A crescenteutilizaçãodaultra-sonografia
temproporcionadoumsaltodequalidadena
assistênciaveterináriaemalgumasregiõesdo
Paísnoâmbitodareproduçãoanimal.As fa-
lhas na concepçãoe morte embrionária
precocepodemterseusefeitosminimizados
medianteumamaiorprecisãoerapidezdiag-
nóstica.Novasbiotecnologiascomoindução
esincronizaçãodoestro,transferênciaepro-
duçãodeembriõesin vitrotêmsidootimi-
zados.Considerandoaindaqueamédiados
índicesreprodutivosbrasileiros,mesmocom
todosos avançostecnológicos,apresentem
poucossinaisdeprogresso,asutilizaçõesde
técnicasdediagnósticomaisprecisaspodem
contribuirsubstancialmenteparaa reversão
dessequadro.Paraisso,asinstituiçõesdeen-
sino,cooperativas,núcleosdecriadores,pro-
fissionaisliberaise entidadesafinsdevem
avaliaropotencialincrementoquepoderáser
geradonaprodutividadecomaadoçãodes-
satecnologia.
DosagemHormonal
.. Progesterona
A progesteronaésecretadapelocorpolú-
teonodecorrerdagestação.Nasvacasnão
gestantesocorreumaquedabruscaemtor-
nodo 17°diadociclo.Portanto,adetermi-
naçãodosteoresdeprogesteronano soroe
leiteentreosdias21a24,pós-serviço,per-
miteavaliaraexistênciaounãodeumafun-
çãolúteaindicativadegestação.Testesdera-
dioimunoensaioeELISA têmsidoutilizados
comercialmenteparaaplicaçãoemdiagnós-
ticoprecocedegestaçãonosbovinos.Vacas
gestantesapresentamníveisdeprogestero-
nasemelhantesaodeumavacanafaselútea.
Aocontrário,seaconcentraçãodeprogeste-
ronanosdias21a24forbaixasignificaráque
avacanãoestágestando.
A eficiênciadométodoéestimadaem75
a85%paradetecçãodegestaçãoede 100%
paradetecçãodasnãogestantes.Resultados
falso-positivosocorremdevidoa errosde
identificaçãodeamostras,variaçõesindivi-
duaisna duraçãodo ciclo,anormalidades
ovarianas(cistos)ouuterinasemorteembrio-
nária.Naverdade,adeterminaçãodaproges-
teronanesseperíodoindicaunicamenteapre-
sençaounãodocorpolúteooquepodeestar
ounãoassociadocomumagestação.Consi-
derandoabaixaeficiênciadométodoeocusto
relativamentealto,emrelaçãoaosdemais,a
dosagemdeprogesteronanãosetornouum
procedimentousualemnossomeio.
.. Estrógenos
O sulfatodeestrona,produzidopelapla-
centadasvacasemconcentraçõessuficien-
tesparaumdiagnósticodegestação,ocorre
apartirdos100diasdegestação.Em com-
paraçãocom outrosmétodosexistentes,a
determinaçãodeestrógenosdeixadeseruma
opçãoviável,considerandoo períodogesta-
cionalemquepoderáserutilizado.
... HormôniolactogênioPlacentárioBovino
Em virtudedasuadetecçãosomenteser
possívelapartirdo 110°degestaçãonagran-
demaioriadasvacas,oseuusonãoéindica-
doparaodiagnósticodegestaçãonaespécie
bovina.
... Proteínaespecífica da gestaçãoB
A mensuraçãodasconcentraçõesdaPSPB,
atravésderadioimunoensaio,podeserutili-
zadaparaodiagnósticodegestaçãoapartir
do28°degestaçãoembovinos.O riscode
erronodiagnósticoédenomáximo10%.
... Proteínasassociadas à gestação (PAGj
A utilizaçãoda dosagemde PAG como
métododediagnósticodegestaçãoembovi-
nosérecomendada,somente,apósos34dias
degestação(Zolietal.,1992).Alémdosaltos
índicesdeprecisãodatécnica,descritosentre
87 e98%,a PAG conserva-seemníveisde-
tectáveispor até10diasapósa colheitade
sangue,mesmoemtemperaturaambiente
elevada(SkinneretaI.,1996).Considerando
asvantagensdeprecocidadeeprecisõesdo
métodoexistemperspectivasdeumaefetiva
utilizaçãodestatécnicano futuro.
Considerações Finais
É indiscutívelaimportânciadodiagnósti-
codegestaçãoemqualquertipodeexplora-
çãobovina.O métodomaisutilizadoemun-
dialmenteconsagradoéapalpaçãoretalpela
suapraticidade,eficiênciaebaixocusto.Em
fêmeasdemaiorvalorcomercial,principal-
mentevacasdeleiteou plantéisdecorte,é
crescentea utilizaçãoda ultra-sonografia.
Issosedeveapossibilidadedeumdiagnosti-
comaisprecoce,precisoepassíveldeserdo-
cumentado.Assim,pode-seotimizara efi-
ciênciareprodutivaatravésdenovoserviço
diminuindodessaforma o intervaloentre
11
partos.A baixaeficiência,custorelativamen-
teelevadoepoucapraticidadedasdosagens
hormonaisfazemdessaopçãoamenosutili-
zadaemnossomeio.Deve-sedestacarquea
determinaçãodePAGpelasuaprecisãoepe-
ríododedeterminaçãoconstitui-senumapos-
sibilidadedediagnóstico.Suautilizaçãoco-
mercialvaidependerfundamentalmentedo
custoeagilidadepararetornododiagnóstico.
ReferênciasBibliográficas
CHAFFAUX,ST.,BIANCHI,P.,BHAT,P.,etaI.
I..:échographieentempsréelparvaietrans-
retale-Intérêtpolirlediagnosticdegestation
chezIavache.ReeMédVét,v.I64,p.lO1-
108,1988.
CURRAN,S.,PIERSON,RA, GINTHER,O.J.
Ultrasonographicappearanceof lhebovine
conceptusfromdays10to20.J A VetMed
Assoe,v.189,p.1289-1294,1986a.
CURRAN,S.,PIERSON,RA, GINTHER,O.J.
Ultrasonographicappearanceof lhebovine
conceptusfromdays20to60.J A VetMed
Assoe,v.189,p.1295-1302,1986b.
CURRAN,S.KASTELIC,J.P.,GINTHER, O.J.
Determiningsexoflhebovinefetusbyultra-
sonicassessementof lherelativelocationof
lhegenitaltubercle.ReprodSei,v.19,p.217-
227,1989.
FISSORE,R A, EDMONDSON,A J., PAS-
CHEN,RL etaiTheuseofultrasonography
forlhestudyoflhebovinereproductivetract,
11.Non-pregnantandpathologicalconditions
oftheuterus.AnimReprodSei,v.2,p.167-
177,1986.
FRITSCH,R, GERWING,M. Fundamentosfí-
sicosy técnicosdeIaecografia.IR: Fritsch,
R,Gerwing,M. Ecografiadeperrosygatos.
Zaragoza(Espanha):EditoraAcribia,S.A.,
1996.p.3-34.
GARRET,J.E.,GEISERT,RD., ZAVY,M.T.,et
aI.Evidenceformaternalregulationofearly
concertosgrowthanddevelopmentin beef
caule.J ReprodFert,v.84,p.437-446,1988.
GRIFFITH,C.R Basicphysics.IR:SABBACHA,
RE. Diagnostieultrasoundappliedtoobste-
12
triesandgyneeology.Harper& Row,1980,
capo1,p. l-tO.
GRUNERT,E. BERCHTOLD, M. Infertilidad
enIavaca.HemisferioSurS.A.,1a edição,
475p.,1988.
GRUNERT,E.SistemaGenitalFeminino.IR:Ro-
senberger,G. ExameClínicodosBovinos.
Rio deJaneiro:GuanabaraKoogan,1993.
p.269-314.
lMAKAWA,K.ANTHONY, RY.,KAZEMI,M.,
etaI.Inteferon-likesequenceofovinetropho-
blastprotejosecretedbyembryonictrophec-
toderm.Nature,v.330,p.377-379,1987.
KÃHN, W Sonographicimagingof lhebovine
uterusfetos.Theriogenology,v.33,p.385-
396,1990.
KASTELIC,J.P.,CURRAN,S.,GINTHER, O.J.
Accuracyof ultrasonographyforpregnancy
diagnosisondaystOto22inheifers.Therio-
genology,v.31,p.313-820,1989.
KASTELIC,J.P.,BERGFELD,DR, GINTHER,
O.J.Ultrasonicdetectionoflheconcertosand
caracterizationofintrauterinefluidondays10
to22inheifers.Theriogenology,v.35,p.569-
581,1991.
MANN, G.E.,LAMMING, G.E. Theinfluence
of progesteroneduringearlypregnancyin
caule.ReprodDomestieAnim,v.34,p.269-274,1999.
MARTAL,J.,LACROIX,M.C.,LOUDES,C.,et
aI. Trophoblastinanantiluteolyticprotejo
presentinearlypregnancyinsheep.J Reprod
Fert,v.56,p.63-73,1979.
MOOR, RM., ROWSON,LE.A. Thecorpus
luteumof lhesheep:effectoflheremovalof
embryoson lutealfunction.J Endoe,v.34,
p.497-502,1966.
NEPHEW,K.P.,MCCLUREK.E.,OTT,T.,etaI.
Relationshipbetweenvariationin conceptus
developmentanddifferencesinestrouscycle
durationinewes.Biol Reprod,v.44,p.536-
539,1991.
NEVES,J.P.Diagnósticodegestaçãoporultraso-
nografm.CiênciaRural,v.21,p.457-465,1991.
NYLAND,T.G.,MATOON,J.S.Veterinarydiag-
nostieultrasound.WB.SaundersCompany,
1995.357p.
PETERS,AR, BALL,P.J.H.Reproduccióndei
ganadovacuno.Zaraboza(Espanha):Edito-
raAcribia,S.A.1991.222p.
SANTOS,I.W Diagnósticoginecológicobovi-
no.SantaMaria-RS:ProgramadePós-Gra-
duaçãoemMedicinaVeterinária,Universida-
deFederaldeSantaMaria.1993.59p.Dis-
sertação(MestradoemMedicinaVeterinária).
SANTOS, I.W, NEVES, J.P. Diagnósticode
gestaçãonavacapelaultra-sonografia.Ciên-
ciaRural,v.24,p.365-369.1994.
SASSER,RG., RUDER,C.A.,IVANI, KA, et
aI.Detectionof pregnancybyradioimmu-
noassayof anovelPregnancy-SpecificPro-
teininserumofcowsandaprof11eofserum
concentrationsduringgestation.BiolReprod,
v.5,p.936-942,1986.
SKINNER,J.G.,GRAY,D.,GEBBIE,EE.,etaI.
Fieldevaluationofpregnancydiagnosisusing
bovinepregnancy-associatedglycoprotein
(bPAG).CattlPract,v.4,p.281-284,1996.
YOUNGQUlST,RS. PregnancyDiagnosis.In:
Youngquist,RS. Currenttherapyin large
animalTheriogenology.Philadelphia:WB.
SaundersCompany,1997.p.295-303.
TOTEY, S.M.,SINGH, G.,TANEJA,M.,etaI.
Ultrasonographyfordetectionosearlypreg-
nancyfolowingembryotransferinunknown
breedofBosindicuscows.Theriogenology,
v.35,p.487,497,1991.
ZEMJANIS, R Diagnosticandtherapeutic
techniquesin animalreproduction.Balti-
more:2aedição.TheWilliams& Wi1kirts
Company,1970,242p.
ZOLI, A.P. Isolement,purificationetcarac-
térisationd'uneprotéineplacentaireas-
sociéeàIagestationchezlesbovines.Liege
- Bélgica.166p.TesedeDoutoradoemMedi-
dnaVeterinária.UniversidadedeLiege,1992.
13
Capítulo2
Diagnósticode GestaçãoemCaprinos
VicenteJoséde FigueirêdoFreitas,Auríno Alves Simplício
Bases Fisiológicas
Quandoocorreumcicloestralnormalna
cabra,esseégeralmenteassociadoaumaou
maisovulaçõesqueocorrem30 a 36 horas
apósoiníciodoestro.O corpolúteoformado
apósaluteinizaçãodofolículoovulatóriose-
cretaumaelevadaquantidadedeprogestero-
naqueseráresponsávelpelamanutençãoda
posteriorgestação,casoocorraafecundação
(Figura2.1).O embriãoresultantedafecun-
Ciclo
Gestação
5 7 9 1113151719212325272931 3335373941
Dns
Figura2.1. Curvadeprogesteronaplasmáticaemumacabracíclicae,emseguida,gestante(AdaptadodeChemineau
etal.1991).
15
14
12
10
]' 8bb
5
6
,::l.,
4
2
O
1 3
t
Estro
daçãocomeçaa implantar-seno 149diado
cicloquandoavesículacoriônicaestádesen-
volvidasuficientementeparaentraremcon-
tatoestreitocomo epitéliouterino.No mo-
mentodaimplantação(entreo 149eo 17Qdia
pós-estro),oembriãodesenvolve,juntamen-
tecomo útero,umaplacentadotipocotile-
donária.Todasastrocasserãofeitasatravés
dessaplacenta,naqualafixaçãoembrionária
ocorreemumnúmerorestritoderegiõesar-
redondadasou ovais,ondeumacamadade
vilosidadessaido cório fetale agregam-se
emumasaliênciadamucosauterinadeno-
minadacarúncula(OeriveauxetaI., 1988).
Do ladomaterno,o corpolúteocontinuaa
secretarprogesteronaatéo parto.Na cabra,
adestruiçãoquímicaoufísicadocorpolúteo,
emqualquermomentodagestação,provo-
cao aborto.
A duraçãodagestaçãoemcaprinosestá
entre144e 152dias(lshwar,1995).No en-
tanto,emcabrasnativasdoNordestedoBra-
sil (Moxotó,Canindé,MarotaeRepartida),
umaduraçãode137diaséconsideradanor-
mal.A duraçãodagestaçãoétambémgeral-
menteligadaaonúmerodefetos,poisasfê-
measgestantesdeváriosfetostêmumadura-
çãomaiscurtaqueaquelascomum único
feto.A duraçãodagestaçãoétambémdeter-
minadapelopesodosfetos,ondecabrasges-
tantesdefetosmaispesadostêmumagesta-
çãomaiscurta(Martal& Charlier,1985).
Introdução
Emregimedemanejoextensivo,onde
machosefêmeassãoexploradosjuntosdu-
rantetodoociclodeprodução,arealização
dodiagnósticoprecocedegestaçãoapresen-
tapoucasvantagensparaosistemadeprodu-
ção,desdequesetrabalhecommatrizese
reprodutoresdefertilidadecomprovada.Ge-
ralmente,nessetipodemanejo,o custode
manutençãodealgumascabrasnãogestan-
tesé substancialmentemenorqueo preço
16
dosexamesdegestaçãoemtodoo rebanho.
Poroutrolado,odiagnósticoprecocedeges-
taçãoemcaprinos,comoemoutrasespécies
domésticas,tornou-seumanecessidadeem
regimesdemanejosemi-intensivoeintensivo
dentrodesistemasdeexploraçãoprodutivos.
A práticadorepassemedianteousoderufião
e o nãoretornoao estronãosãométodos
eficazesdediagnósticodegestação,servindo
apenascomoelementosauxiliares.Ainda,em
caprinos,nãoépossívelprocederapalpação
dosistemagenitalatravésdoretoobjetivando
odiagnósticodegestação,aexemplodoque
éfeitonaéguaenavaca.Emadição,condi-
çõespatológicasdoúteroedosováriossão
causasdeanestronacabra,dificultando,des-
taforma,umdiagnósticodegestaçãobasea-
do nonãoretornoaoestro.A incapacidade
deproceder-seodiagnósticoprecocedeges-
taçãonacabrapoderesultaremperdaseco-
nômicassignificativas,querem sistemade
produçãodeleitequerdecarne,devidoao
aumentono intervaloentrepartos(Freitas
& Simplício,1999).
Váriosmétodosparadiagnósticoprecoce
degestaçãoemcaprinostêmsidodescritos;
todavia,a grandemaioriadelesdependede
mão-de-obraqualificadaedousodeequipa-
mentossofisticadose,porconseqüência,de
elevadocusto.Comoexemplosdestesméto-
dos,pode-secitar:biópsiavaginal,radiogra-
fia,laparotomia,laparoscopia,dosagemhor-
monal,métodosultra-sônicos,determinação
do antígenoespecíficodagestaçãoeoutros
métodosquenão podemserconsiderados
precoces,comoporexemploapalpaçãoab-
dominal.A escolhado métododependerá,
dentreoutrosfatores,dadisponibilidadede
laboratório,equipamentose mão-de-obra
qualificada,idadeprováveldagestação,custo
operacionaleeficáciadesejada.Nestecapítu-
lo, sãodescritosos métodosdediagnóstico
degestaçãodisponíveisemaisfreqüentemente
usadosnaespéciecaprina.
MétodosUltra-sônicos
O ultra-somérefletidodetecidosmóveis,
emsuavesmudançasdefreqüência,o queo
qualificacomoum instrumentoimportante
paraexamesdetecidospelasuasegurançapa-
raooperadoreo paciente(Bishop,1966).
Emadição,técnicasultra-sônicastêmsido
usadasparaexaminarestruturassub-superfi-
ciaisemtecidosvivospelousodescan-Ae
doefeitoDoppler.
A gestaçãonacabrapodeserdiagnostica-
daporumdostrêsmétodosultra-sonográfi-
cosaseguirenumerados:oscan-A(amplitu-
dedoeco-tempo),oefeitoDoppler(registro
demovimentos)eoscan-B(temporeal).To-
doselespodemserusadosemcondiçõesde
campo.A precisãododiagnóstico,o tempo
despendidoparaa realizaçãodo examee a
acurácianadeterminaçãodonúmerodefe-
tosesuaidadevariamentreastrêstécnicas
edependemdasensibilidadedoequipamento
usado,alémdaqualificaçãoeexperiênciado
profissional.Entretanto,independentedo
métodoa serusadodeve-seatentarparaos
seguintespontos:
A
.procedera jejumhídricoe alimentar
de,pelomenos,12horas;.o examecutâneodeveserpriorizado
a menosqueum diagnósticoprecoce
sejaessencial;.odiagnósticotransabdominal,feitoen-
treo252eo 352diapós-cobriçãoou in-
seminaçãoartificial,propiciaboaacu-
ráciadesdequeconduzidocomtrans-
dutorde5MHz ecomacabraempo-
siçãodeestação.
~ TécnicaUltra-sônica- $can-A
O princípiodoultra-som,considerandoa
amplitudedoecox tempo,ébaseadonade-
tecçãodafaixafluidapresentenoútero.A uni-
dadescan-Aemiteondasultra-sônicasapartir
deumtransdutormanualcolocadoexterna-
mentecontraapeledoabdômeneemdireção
aoútero(Figura2.2).Asondasultra-sônicas
sãorefletidasentreosdiferentestecidospara
o transdutoreconvertidasemenergiaelétrica
naformadesinaisaudíveisouvisuais.A uni-
dadeésensívelaumaprofundidadede 10a
20cm.Umsinalsonoroouluminosoéemiti-
Figura2.2. Locale ângulo de aplicaçâo domódulotransreceptordo aparelho, em vista póstero-anterior(AI e lateral
direita (8)
17
dopelaunidadequandoumafaixadeestru-
turafluidaé registrada.O ultra-somscan-A
éconsideradoummétododegestaçãosatis-
fatórioemcaprinoscom idadefetalentre
50 a 120diasconformedescritopor Wani
(1981).Contudo,Haibel (1990)descreve
umaacuráciade,nomínimo,95%quandoo
diagnósticoé feitoentre60 e80 diasapósa
cobriçãoou inseminaçãoartificial.É impor-
tanteconsiderarqueabexigaurináriarepleta,
ahidrometraeapiometrapodemlevararesul-
tadosfalsospositivos.Poroutrolado,resulta-
do falsonegativopodeocorrerno inícioou
finaldagestação,devidoàreduzidaquantida-
dedefluidouterinoemrelaçãoaovolumede
tecidofeta!.A viabilidadefetale o número
defetosnãosãodetectáveisporessemétodo.
Ressalta-sequeatécnicapodesermuitoútil
emáreasondeaeletricidadenãoédisponível.
~ EfeitoDoppler
O princípioenvolvidono efeitoDoppler
paraaconfirmaçãodiagnósticadegestação
éo registrodemovimentoscomoumindica-
dor dagestaçãotaiscomo:a pulsaçãosan-
guínea,obatimentocardíacoeosmovimen-
tosfetais.A técnicafoipelaprimeiravezusa-
daporCallahanetaI. (1964)paradiagnósti-
codegestaçãonaespéciehumana.
Doppler Cutâneo
Semelhantementeaoscan-Ao transdutor
deveserposicionadono flancodireito,cra-
nialmentee ligeiramenteao ladodo úbere,
comacabraemposiçãodeestação.Ospelos
daáreadevemser,preferencialmente,retira-
dosobjetivandofavorecerummelhorconta-
to.Agentesdeligação,taiscomogelparaul-
tra-somouóleovegetal,devemseraplicados
no transdutorparaeliminarespaçosvazios
entreapeleeapartecorrespondenteàcabe-
çadotransdutor.A acuráciadatécnicaéde,
aproximadamente,100%duranteasegunda
metadedagestação(Ishwar,1995).Contudo,
18
essatécnicaapresentaumaeficiênciamuito
baixaduranteo primeiroterçodagestação
(Lindahl,1969).
Doppler Retal
A técnicaDopplerretalésuperioràcutâ-
neanodiagnósticodegestação,poisaviabi-
lidadefetalpodeseravaliada.Entretanto,a
acuráciado diagnósticodiferencialentrea
gestação,simplesemúltipla,nãoéelevada.
Poroutrolado,atécnicaDopplerretalpode
serutilizadamaisprecocementeparaodiag-
nósticode gestaçãoquandocomparadaà
técnicadeultra-somscan-A(lshwar,1995).
~ TécnicaUltra-sônica- Scan-B
Atérecentementenãoexistiaumatécnica
quepermitissedeterminarsatisfatoriamente
o númerodefetosnaespéciecaprina.O ul-
tra-somscan-BfoidesenvolvidonaAustrália
eofereceacurácia,rapidez,segurançaepra-
ticidadeparadiagnosticara gestaçãoe de-
terminaro númerodefetos.O métodopro-
duzumaimagembidimensionalemóveldo
útero,fluidosfetais,feto,batimentocardíaco
fetaledosplacentomas,aqualpodeserfoto-
grafada.O examepodeserrealizadosoba luz
solarousobumaluz tênuepermitindouma
visibilidadeótima(lshwar,1995).A cabra
deveestaremposiçãode estaçãoe a parte
correspondenteàcabeçadotransdutoréco-
locadacontraa pele,apósa tricotomiana
regiãoinguinalcruzandooabdômencranial-
mente.A melhoracuráciaéalcançadaquan-
doo exameéfeitoentre40e 75diasapósa
cobriçãoouinseminaçãoartificial.Nestepe-
ríodo,o úterogestante,queseencontraem
distensão,ocupaprincipalmenteo ladodirei-
todoabdômen.O método,quandousadopor
viatrans-abdominal,permiteumaboaacu-
ráciaapartirdo 50Qdiaapósa cobriçãoou
inseminaçãoartificial.No entanto,Haibel
(1990)demonstrouqueodiagnósticodeges-
taçãoépossívelentreo 25Qeo 30Qdiaapós
a cobriçãoou inseminaçãoartificial,desde
queseuseaviatransreta1.Paratanto,o reto
deveseresvaziadoreduzindo-sea possibi-
lidadedasfezesenvolveremotransdutordifi-
cultando,por conseguinte,o contatodeste
comaparededo retoe levandoa obtenção
deumaimagemdemáqualidade.Otransdu-
tor deveserlubrificadoe colocadono reto
mediantemovimentosdelicadoserotativos.
O fetoeoseubatimentocardíacosão,geral-
mente,perceptíveisapartirdo25Qdiadeges-
tação.A viabilidadefetalpodeseravaliada
peloregistrodosmovimentosebatimentos
cardíacosfetais.Os placentomaspodemser
visualizadosapartirdo26Qdiadagestação.
A possibilidadee a acuráciada determi-
naçãodonúmerodefetoscomousodaultra-
sonografiaemtemporealéumavantagemso-
breasdemaistécnicasultra-sônicas.O perío-
domaisseguroparacontagemdosfetoséen-
tre45e 90 diasdegestação,umavezquea
partirdos90diasosfetosestarãomuitode-
senvolvidosparaseremdiferenciadosumdos
outros(Dawsonetal.,1994).Umaoutravan-
tagemdoultra-somemtemporealéqueesse
permitediferenciarcom segurançaa gesta-
çãodahidrometra,dapiometraedamumifi-
caçãofeta!(Haibel,1990).Nosdoisprimeiros
casos,osplacentomasestãoausenteseoútero
aparecedistendidocomumfluidoecogênico
nahidrometra(Figura2.3),alémdeumflui-
do cinza-esbranquiçadonapiometra.A mu-
mificaçãofetalé caracterizadapelaausência
defluidoeapresençadeumaimagemdensa,
hiperecogênica.A idadefetalpodeserdeter-
minadaentre40e 100diasdegestaçãopela
mensuraçãodalarguradacabeça,oquetorna
a técnicavaliosanaprediçãodoprovávelpe-
ríododopartoquandoadatadacobriçãoou
inseminaçãoartificialnãoéconhecida(Daw-
sonetaI., 1994).
A ultra-sonografiaemtemporealparao
diagnósticodegestaçãona espéciecaprina
podeserfácilerapidamentedominada,per-
mitindoque um profissionalqualificadoe
comboaexperiênciaobtenhaumaacurácia
nodiagnósticodaordemde90%a 100%.O
diagnósticofalsopositivoé raroe podeser
devidoà morteembrionáriaprecocecom
absorçãofetal,abortonãoobservadoouerro
no registrodabexigacomosefosseo útero
(Bruckell,1988).O diagnósticofalsonegati-
Figura 2.3. Imagensde gestação(A)e hidrometra(8)obtidasatravésdo métodode ultra-somscan-8.
19

Continue navegando