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Estrutura laboratorial e o biomédico na reprodução assistida Prof. Caio Luis Vieira Werneck Descrição Laboratório de reprodução assistida: estrutura, legislação, mercado de trabalho, habilitação e atribuição do biomédico. Propósito A compreensão do funcionamento de uma profissão com interação multidisciplinar e a visão do propósito e das possibilidades na reprodução assistida são importantes para estimular o lado crítico, interativo e empático do aluno, potencializando o profissional. Objetivos Módulo 1 A clínica e a legislação em reprodução humana assistida Descrever a estrutura, a legislação e o mercado de trabalho em reprodução assistida. Módulo 2 O papel do biomédico na embriologia e na reprodução assistida Descrever a atuação do biomédico na reprodução assistida. Você já teve a oportunidade de entrar em um laboratório de reprodução assistida? Tem ideia de sua estrutura, áreas necessárias, equipamentos utilizados ou profissionais envolvidos na mágica de gerar uma vida fora do corpo humano? Sabe o que deve e o que não deve ser praticado na área? Muito além da tecnologia, da organização, dos protocolos e da metodologia, a reprodução assistida é uma área em que o cuidado, o carinho e o acolhimento ao casal são de suma importância. Trabalhar com reprodução é intervir no momento mais íntimo de um casal. Ninguém geraria seus filhos em um laboratório por opção. Nossos pacientes só existem por uma necessidade da saúde básica, portanto sempre será dever do profissional biomédico atender com ética e respeito. Mas, acima disso, a humanização faz toda a diferença. Empatia pelo casal, pelos embriões e pelas células trabalhadas é essencial. A partir de agora, vamos conhecer um pouco mais sobre a estrutura laboratorial, as legislações e o importante papel do biomédico na reprodução assistida. Vamos juntos? Orientação sobre unidade de medida Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por questões de tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e Introdução 1 - A clínica e a legislação em reprodução humana assistida Ao �nal deste módulo, você será capaz de descrever a estrutura, a legislação e o mercado de trabalho em reprodução assistida. Estrutura de uma clínica de reprodução assistida Em uma clínica de reprodução assistida, temos um objetivo em comum com o paciente: o projeto de uma família. Ao se trabalhar o conceito de projeto de uma família, é automático embutir nos profissionais, pacientes e estudantes que uma clínica não se preza a apenas “fazer bebês”. Talvez, como objetivo final, sim, sempre teremos a concepção de uma nova vida saudável, porém, dentro do conceito mais amplo do planejamento familiar, os tratamentos de reprodução assistida (TRA) desempenham função muito importante na preservação da fertilidade e do potencial reprodutivo do indivíduo ou do casal. demais materiais escritos por você devem seguir o padrão internacional de separação dos números e das unidades. Para tal objetivo ser cumprido com êxito, uma clínica possui uma equipe multidisciplinar composta por: equipe de higiene, recepção, administração, financeiro, marketing, psicologia, enfermagem, farmacêuticos, médicos e embriologistas. A perfeita sincronia entre os diversos setores que a compõem é indispensável para que o trabalho possa fluir de forma eficiente. Além de recepção, consultórios, leitos de recuperação, salas administrativas, estoque, antecâmaras, lavatórios cirúrgicos e outras estruturas de suporte, uma clínica necessita de um centro cirúrgico, de uma criogenia e de um laboratório de fertilização in vitro. Tudo seguindo as normativas da RDC nº 23, de 27 de maio de 2011. Vamos agora conhecer pelo que cada um desses locais é responsável: Centro cirúrgico Para realizar a coleta dos óvulos, é necessário um centro cirúrgico. Ela é feita por meio de uma microcirurgia, por via vaginal, na qual uma agulha transfixa a parede da vagina até que atinja os ovários. É um procedimento de ultrassom guiado em que é possível visualizarmos os folículos ovarianos previamente estimulados e aspirar seu conteúdo, provavelmente, com a captura de um óvulo por folículo. Apesar de simples, é um procedimento que demanda sedação da paciente e recuperação em leito aos cuidados de equipe de enfermagem. O centro cirúrgico é necessariamente dotado de mesa cirúrgica ginecológica, foco, carrinho de parada e materiais cirúrgicos em geral. Como outros procedimentos podem acontecer no mesmo centro cirúrgico, ele pode ser mais bem equipado com, por exemplo, microscópio cirúrgico, muito utilizado para biópsia testicular masculina. Lembrando que procedimentos cirúrgicos só podem ser realizados por médicos especialistas. Criogenia A sala de criogenia é uma estrutura à parte do laboratório. Tanques de nitrogênio não podem ser armazenados dentro do laboratório de fertilização in vitro. A criogenia necessita ser dotada de exaustão, próxima ao piso, uma vez que o nitrogênio gasoso é mais denso que o ar ambiente. Tanques de nitrogênio para criopreservação. Quando falamos em criogenia e no contato do profissional da área com o gás nitrogênio, é importante respondermos a uma pergunta: O nitrogênio é um gás tóxico? O nitrogênio não é um gás tóxico, estando presente em aproximadamente 78% do ar que respiramos diariamente, porém o risco de quebra de um tanque e de perda de grandes volumes de nitrogênio líquido para o ambiente é potencialmente fatal. Isso ocorre pois, à temperatura ambiente, o nitrogênio líquido se vaporiza para o estado gasoso. Qualquer elemento químico em estado gasoso ocupa um volume muito superior ao ocupado em estado líquido. Com esse aumento de volume — e de pressão, consequentemente —, boa parte do oxigênio do ambiente pode ser expulsa. O profissional que estiver nessa sala pode sofrer hipóxia, pela falta de oxigênio, mas nunca sofrerá intoxicação pelo nitrogênio. À temperatura ambiente, o nitrogênio líquido passa para o estado gasoso. Note na imagem a “nuvem” branca. Laboratório de fertilização in vitro Esse é o local onde o profissional biomédico exerce a maior parte da sua função. O laboratório é uma sala limpa, e isso indica que diversas estruturas são necessárias, como barreiras de ar (air lock), sistema de ventilação e exaustão próprio com séries de filtros (mantas biológicas, filtros de poeira fina, filtros de carvão ativado e filtros absolutos), paredes com revestimento epóxi e cantos arredondados e pisos sem frestas. Em relação aos equipamentos, os utilizados para a parte da andrologia são: cabine de segurança biológica, centrífuga e microscópio óptico. Esses são os básicos, mas equipamentos como incubadora, banho seco e banho-maria podem ser utilizados, a depender da rotina laboratorial. Os equipamentos mais utilizados para a parte da embriologia são: cabine de fluxo laminar com aquecimento, estereoscópio (lupa), microscópio invertido com micromanipulador acoplado e incubadora. Esses são os básicos, mas equipamentos, como laser, incubadora vertical e aquecedor de tubo podem ser utilizados, a depender da rotina laboratorial. Microscópio invertido com micromanipulador acoplado. Saiba mais Nas clínicas de reprodução assistida, temos ainda uma sala destinada ao estoque de materiais e uma sala de acondicionamento, segregação e descarte de materiais, chamada de expurgo. Estrutura de uma clínica de fertilização in vitro na prática Neste vídeo, conheça os diferentes espaços da clínica de fertilização in vitro, as atividades desenvolvidas em cada um, os padrões de segurança necessários e as atribuições do biomédico naquele espaço. Qualidade ambiental Segundo a RDC vigente para laboratórios de reprodução assistida (RDC nº 23, de 27 de maio de 2011), a qualidade ambiental deve ser controlada pelo menos duas vezes ao ano. Esse controle consiste em análises microbiológicaspara fungos e bactérias das áreas limpas, análise da contagem de partículas presentes no ar ambiente do laboratório, dos fluxos laminares e das cabines de segurança biológica, limpeza dos ductos do ar-condicionado, medida do número de trocas do volume do ar ambiental por hora e a vazão da exaustão do ar da criogenia. A assepsia do laboratório é de suma importância para evitar que microrganismos cresçam no meio de cultivo e inviabilizem o cultivo embrionário. Todas essas análises precisam ser documentadas em relatórios que devem ser impressos e armazenados por período mínimo de um ano e atualizados a cada seis meses para a inspeção anual da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), sob pena de infração, penalidade e, em casos mais graves, fechamento da clínica. Importante sempre lembrar que, para alcançar a qualidade ambiental máxima, diversas medidas e posturas podem ser adotadas, como: não utilizar perfumes ou produtos que exalem cheiro quando se está no laboratório; escovar corretamente as mãos antes de entrar no laboratório; utilizar corretamente equipamentos de proteção individual (EPIs), como máscara, touca, jaleco, luvas e propés em tempo integral e, principalmente, durante o manuseio de amostras; e não aglomerar dentro do laboratório (visitas não são bem-vindas). A utilização de EPIs é essencial para a rotina do laboratório de reprodução assistida. Saiba mais Perfumes são produtos que liberam os compostos orgânicos voláteis que são conhecidos por serem prejudiciais ao desenvolvimento embrionário. Os filtros de ar dos laboratórios são equipados com camadas de carvão ativado justamente para evitar a presença desses compostos no ar laboratorial. Ética na reprodução humana assistida A ética na reprodução humana assistida é um tema que deve ser sempre debatido e conversado. Diversas possibilidades surgem ao longo de um tratamento e, atualmente, poucas regulamentações existem. Sendo assim, a moral e a ética do profissional ainda são decisivas na hora de seguir com um trabalho pautado em boas práticas médicas. O processo de reprodução assistida é pautado pela confiança entre profissional e paciente baseada em comportamento ético. A seguir, levantamos alguns pontos éticos com os quais sempre nos deparamos ao longo da jornada de embriologistas, mas é importante ressaltar que não há defesa ou acusação aqui. Apenas trataremos do cenário ético atual da reprodução assistida no Brasil. Idade para tratamento Atualmente, mulheres de até 50 anos podem utilizar as técnicas de reprodução assistida sem nenhum entrave ético. Acima dos 50 anos, é possível que mulheres utilizem as técnicas de reprodução assistida, porém só com o aval do Conselho Regional de Medicina, que certamente solicitará algumas avaliações psicológicas para essa paciente. Por outro lado, homens de qualquer idade podem se submeter aos tratamentos de reprodução assistida, independentemente da sua idade. Seleção de sexo do embrião Sempre foi proibida a escolha de sexo do embrião no Brasil. Essa seleção somente é possível quando há doenças hereditárias relacionadas ao sexo, como a hemofilia, o daltonismo ou a distrofia muscular. Casais sorodiscordantes É possível, atualmente, com as ferramentas que os tratamentos de reprodução assistida proporcionam, fazer com que um casal soro discordante tenha uma gestação sem risco de transmissão da doença para o outro parceiro. Casais homoafetivos A reprodução assistida permite que casais homoafetivos tenham a possibilidade de constituir famílias com o material genético de pelo menos um dos dois pais. O que permite essa possibilidade é o fato de que, atualmente, uma criança pode ser registrada com dois pais ou duas mães, desde que comprovado junto ao cartório que o bebê é fruto de um tratamento de reprodução assistida, com o laudo e a declaração que a clínica fornece. Reprodução post mortem Um tema muito delicado e, ainda, sem jurisprudência definida. Fato é que, se o material biológico do ente falecido foi congelado em vida e todos os consentimentos expressos de sua parte estavam assinados, a vontade explicitada em vida vai prevalecer. Se o ente falecido optou pelo descarte da amostra em caso de morte, ela será descartada. Se o ente falecido optou por deixar sob a responsabilidade de alguém, esse alguém pode dar o destino que bem entender à amostra, seja utilizá-la, seja descartá-la. Doação de gametas e embriões A doação, no Brasil, é permitida, desde que de forma anônima e sem compensação financeira. Para a doação de gametas femininos, é necessário apenas que a mulher tenha mais de 18 anos e menos de 35 anos. Para a doação de gametas masculinos, basta que o homem tenha mais de 18 anos e qualidade seminal normal. Exames para o rastreio de ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) e o exame de cariótipo são obrigatórios. Ao casal ou paciente receptor — de embriões ou gametas — são reportadas as características fenotípicas do doador ou doadores, bem como o tipo sanguíneo e a idade. Redução embrionária Prática ilegal no Brasil. Em alguns países, objetivando a maior chance de gestação durante a transferência embrionária, são transferidos diversos embriões. Após o resultado da gestação, em um momento em que a visualização do saco gestacional e o batimento cardíaco fetal (BCF) estão em evidência, é permitida a retirada de alguns dos embriões implantados para que o restante da gestação ocorra com somente um ou dois embriões. Útero de substituição É permitido, desde que algum parentesco de primeiro ou segundo grau seja comprovado. Na falta de parentesco de sangue, a legislação permite, após parecer psicológico, que o parentesco afetivo seja utilizado (relação de amizade, carinho e afeto). É proibido qualquer tipo de compensação financeira pelo procedimento. Pesquisa com embriões humanos Para realizar pesquisas com embriões humanos, o pesquisador deve sempre submeter seu trabalho ao CONEP (Comitê Nacional de Ética em Pesquisa). Embriões excedentes Até maio de 2021, não havia regulamentação que limitasse o número de embriões produzidos por meio das técnicas de reprodução assistida. Tudo era permitido. Porém, a resolução do CFM nº 2.294, de 27 de maio de 2021, trouxe luz à essa questão: o número total de embriões gerados em laboratório não pode ser maior que 8 (oito). Caso sejam coletados mais de oito óvulos, o casal progenitor pode decidir pelo congelamento ou descarte dos óvulos excedentes. Descarte de embriões Até maio de 2021, embriões criopreservados por período superior a três anos podiam ser descartados se assim o casal progenitor desejasse. Porém, após a resolução do CFM nº 2.294, de 27 de maio de 2021, o descarte só pode ser efetuado, independentemente do prazo, mediante autorização judicial. Mercado de trabalho na área de reprodução assistida Atualmente, o Brasil é o país que mais realiza a fertilização in vitro, inseminação artificial e transferência embrionária na América Latina. Durante 25 anos, o Brasil foi responsável pelo nascimento de 83 mil bebês provenientes dos tratamentos de reprodução assistida (SBRP, 2019). Além disso, a busca pelas técnicas de reprodução assistida aumentou em 18% nos últimos anos, principalmente entre as mulheres após 35 anos, fato relacionado com o destaque da mulher na sociedade e a entrada delas no mercado de trabalho, adiando o sonho de engravidar. A busca de maturidade, de estabilidade financeira, a escolha do parceiro certo, entre outros motivos que levam as mulheres a terem cada vez mais uma gravidez tardia podem vir acompanhados de uma baixa reserva ovariana e da qualidade dos óvulos, aumentando a procura pelos tratamentos de reprodução assistida (FERTILITY, 2019). O crescente mercado abre portas para profissionais altamente qualificados, especializados e atualizados. É importante relatar que as técnicas de reprodução assistida são de alto custo, por conta de sua tecnologia, sendo necessária uma mão deobra qualificada para oferecer serviços de qualidade. Como mencionado, a equipe em um laboratório de reprodução assistida é multidisciplinar e, nos bastidores, destacam-se os profissionais que trabalham nos laboratórios com manipulação dos gametas, embriões e congelamento, pois eles apresentam importantes atribuições para o sucesso do tratamento. Por exemplo, a manipulação errada de um gameta ou a seleção de espermatozoides viáveis podem levar a insucesso no tratamento. Dentro desse contexto, destaca-se o profissional biomédico, que pela formação profissional pode atuar e se especializar nessa área. Mas como é o mercado de trabalho para os graduandos e graduados em Biomedicina? Os alunos que querem trabalhar na reprodução assistida frequentemente recebem a informação de que “o mercado de trabalho da reprodução assistida é muito fechado”. Mas o que isso significa? Resposta A realidade é que há poucas vagas no mercado de reprodução assistida. Podemos citar, por exemplo, que em todo o estado do Rio de Janeiro existem apenas sete grandes clínicas de reprodução assistida. Esses laboratórios possuem, em média, cinco embriologistas em atuação. Isso dá uma média de 35 embriologistas em atividade em todo o estado. Ao ver esses dados, você deve estar pensando que isso é muito pouco, e é verdade. Mas isso não significa que não há vagas. A rotatividade existe: pessoas se mudam, clínicas crescem e precisam de mais embriologistas, enfim, o mercado não fica parado! Vagas surgem e bons profissionais, com o perfil procurado, nunca ficam sem emprego. A persistência é importante para abrir portas, mas é bom ter em mente o real motivo pelo qual se deseja trabalhar na área. É importante entender o que a profissão significa e, se isso tocar seu íntimo, dedique-se e siga em busca da carreira. Lembre-se, principalmente, de que a reprodução humana necessita de pessoas humanas e empáticas. Lidar com o momento mais íntimo de um casal não é fácil, pois todos gostariam que a reprodução ocorresse de forma natural; e, no caso de um insucesso no tratamento, é exigido do profissional um apelo emocional e empático muito grande. Trabalhamos com as sementes da vida, carregamos os sonhos dos casais em nossas mãos! Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. MÓDULO 1 Vem que eu te explico! Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 “Qualidade, qualidade, qualidade… nunca essa palavra foi tão disseminada. Aliás, nos últimos tempos, tem havido uma reorganização dos conceitos de qualidade porque na verdade a qualidade sempre foi procurada pelos consumidores, exigida pelas autoridades e desejada pelos produtores. No início da construção do que entendemos como civilização, a qualidade estava presente na ausência de arestas das rodas de charretes e nos procedimentos corretos de estocagem de vinhos em barris de carvalho. O que ocorreu foi que, com a criação da ISO em 1947 e com a modernização da indústria associada à globalização, deu-se uma importância à qualidade de produtos e serviços, que antes existia de forma desorganizada e regional.” (Texto extraído de Procedimento Operacional Padrão, por Renato Lima Duarte) O que precisa ser mensurado em um laboratório de reprodução assistida para que a qualidade ambiental seja garantida? A Concentração dos níveis de gás carbônico ambiental. B Análises químicas para metais pesados. C Concentração dos níveis de nitrogênio presente no ar das cabines de segurança biológica. D Análises microbiológicas para fungos e bactérias. E Concentração de radioisótopos presentes no meio de cultivo. Parabéns! A alternativa D está correta. As análises microbiológicas para fungos e bactérias nos informam que o trabalho tem sido feito da maneira correta, sem contaminações. A assepsia do laboratório é de suma importância para evitar que microrganismos cresçam no meio de cultivo e inviabilizem o cultivo embrionário. Questão 2 A nova resolução do CFM nº 2.294, de 27 de maio de 2021, limitou a 8 (oito) o número máximo de embriões a serem produzidos dentro de laboratório de reprodução assistida. Nessas condições, qual alternativa a seguir seria plausível, ética e legal, caso a paciente coletasse o total de nove óvulos: A Congelamento ou descarte dos óvulos excedentes somente com autorização judicial. B Descarte de todos os óvulos e nova tentativa em próximo ciclo de indução. C Fertilização de todos os óvulos e descarte dos embriões excedentes a oito formados. D Congelamento ou descarte dos óvulos excedentes a critério exclusivamente do casal. E Fertilização de todos os óvulos e descarte dos embriões excedentes a nove formados com autorização judicial. 2 - O papel do biomédico na embriologia e na reprodução assistida Ao �nal deste módulo, você será capaz de descrever a atuação do biomédico na reprodução assistida. Habilitação do biomédico na reprodução assistida Antes de começarmos a discorrer sobre o papel do biomédico, é importante salientar o que esse profissional precisa fazer até estar, de fato, regulamentado para atuar na área. Para atuar em laboratórios de reprodução humana, o biomédico necessita estar habilitado para tal, conforme Resolução nº 78, de 29 de abril de 2002. A resolução dispõe que o biomédico poderá atuar desde que comprovada a realização de estágio com duração igual ou superior a 500 (quinhentas) horas em instituições oficiais ou particulares reconhecidas pelo órgão competente do Ministério da Educação ou em laboratórios conveniados com Parabéns! A alternativa D está correta. Tanto o congelamento quanto o descarte de gametas femininos não passam por critérios éticos, uma vez que são consideradas apenas células “normais” do nosso corpo. Biologicamente, a cada ciclo menstrual um óvulo não fertilizado naturalmente é perdido e outras dezenas sofrem atresia para o desenvolvimento do folículo dominante. instituições de nível superior ou em cursos de especialização ou pós- graduação reconhecidos pelo MEC. Mesmo com essa informação em mente, buscar a habilitação correta pode parecer um processo um tanto confuso. Isso porque a mesma Resolução relata mais de 30 possibilidades de habilitação para o profissional biomédico, e algumas delas podem gerar confusões, como reprodução humana e análises clínicas ou mesmo fisiologia, fisiologia geral e fisiologia humana. Não há resposta correta. Atualmente, no Brasil, existem profissionais com todas essas habilitações trabalhando dentro de laboratórios de reprodução assistida. Além disso, não são apenas biomédicos que atuam dentro desses laboratórios. Temos casos de biólogos, enfermeiros, médicos, veterinários, farmacêuticos e biotecnólogos exercendo a reprodução assistida. Ou seja, não há apenas uma graduação ou habilitação correta, mas sim algumas possibilidades plausíveis. O importante é que, uma vez habilitado, o biomédico pode atuar dentro da reprodução assistida. O ramo profissional a ser seguido (embriologia ou andrologia) é uma questão de adaptação, oportunidades, afinidade pela rotina e até mesmo de habilidade manual. Os embriologistas precisam de habilidade manual para, por exemplo, manipular ovócitos e espermatozoides no microscópio invertido com manipulador. Quanto às características necessárias para ser um bom profissional, é sempre importante ressaltar o objetivo pelo qual trabalhamos: auxiliar casais no sonho da maternidade/paternidade. Com isso em mente, podemos avaliar que qualquer erro dentro do laboratório pode ser fatal e levar um filho a ser gerado com gametas trocados ou em barriga errada. Logo, a atenção, o compromisso, a responsabilidade e o foco são características extremamente necessárias aos biomédicos que querem Qual dessas habilitações seria a mais correta a ser seguida? seguir nessa profissão. Habilidades manuais e práticas podem ser moldadas a partir do treino, mas foco,compromisso, atenção e responsabilidade são inerentes a qualquer profissional. Além disso, a atenção às aulas de embriologia, o conhecimento do desenvolvimento embrionário, a familiarização com termos técnicos pertencentes à área da reprodução assistida, o desenvolvimento da língua inglesa, a busca por cursos e a presença em congressos são ótimos meios para que as portas comecem a se abrir. Por último, a dedicação do profissional é sempre muito bem-vista. Na reprodução, não há dias em que não abrimos o laboratório. O cultivo embrionário dura seis dias e, sendo assim, se tivermos um paciente na segunda-feira, o caso desse paciente só será finalizado, dentro do laboratório, no domingo. Logo, todo dia é dia de trabalho. Lógico que escalas e revezamentos são montados, mas, em relação a serviços, o biomédico tem demanda todos os dias! Atuação do biomédico na reprodução assistida Atuação do biomédico no laboratório de andrologia É no laboratório de andrologia que se trabalha com os gametas masculinos, os espermatozoides. Antigamente, era comum considerar o laboratório de andrologia como o primeiro passo do biomédico na sua carreira dentro da reprodução assistida. Nos últimos anos, porém, essa ideia tem se modificado e a profissão de andrologista tem se fortalecido cada vez mais não como um estágio inicial da carreira, mas como uma ramificação possível do profissional biomédico dentro do laboratório de reprodução assistida. Mas, voltando para a atuação do biomédico propriamente dita, ela está presente em diversos momentos, conforme demonstramos a seguir: Avaliação seminal (espermograma) A avaliação seminal é a principal ferramenta para se avaliar o fator masculino de infertilidade. No espermograma é realizada a aferição dos parâmetros macroscópicos, químicos e microscópicos da amostra seminal. Vamos agora conhecer um pouco sobre o espermograma, mas fique tranquilo, pois em outro momento será possível entender melhor as análises, os parâmetros e os padrões de referência, além de compreender as indicações e os principais achados desse exame. A seguir estão listadas algumas das análises que o biomédico pode realizar durante o espermograma: Tempo de liquefação O sêmen é um líquido que, ao ser ejaculado, apresenta-se grumoso, com diversos pontos de coagulação (essa coagulação se dá, principalmente, pela presença das proteínas secretadas pelas vesículas seminais — semenogelina, fibronectina e lactoferrina). É esperado que a liquefação desses grumos aconteça de forma espontânea. Cor O sêmen deve se apresentar na cor branca opalescente. Variações da cor ou da sua opacidade podem indicar alterações. Por exemplo, a coloração amarelada pode indicar presença de leucócitos, evidenciando possíveis processos i fl tó i d él l it li i d inflamatórios ou presença de células epiteliais, acusando processos descamativos ou obstrutivos. Volume O volume seminal normal é superior a 1,5mL. pH O valor de pH normal do sêmen é igual ou superior a 7,2. Concentração seminal É um dos parâmetros mais utilizados na investigação da infertilidade masculina. A concentração normal é superior a 15 milhões de espermatozoides por mililitro ejaculado. Motilidade Os espermatozoides são classificados, de acordo com sua motilidade, em: Móveis progressivos (apresentam deslocamento rápido e direcional). Móveis não progressivos (não apresentam deslocamento significativo — “movimento in situ”). Imóveis (não possuem movimento aparente algum). Número total de espermatozoides É a contagem global de espermatozoides da amostra. M f l i Esquema ilustrando algumas alterações que o biomédico pode achar no espermograma. Performando testes seminais À parte da avaliação seminal com o objetivo de rastreio e diagnóstico, alguns testes seminais podem ser realizados com o intuito de se entender melhor a funcionalidade dos espermatozoides presentes no ejaculado. São eles: O processamento seminal consiste exatamente em fazer o processo de capacitação espermática no ambiente in vitro, ou seja, no laboratório. Morfologia Avalia a morfologia dos espermatozoides. Essa avaliação é feita a partir de lâminas de esfregaço seminal com coloração específica para espermatozoides. Celularidade Algumas células não pertencentes à linhagem espermática podem estar presentes no sêmen, porém sempre em concentração inferior a 1 milhão por mililitro. Processamento seminal Sobrevivência espermática É um teste em que os espermatozoides são deixados, após a capacitação, em meio de cultivo por 24 horas. O normal é que pelo menos 58% deles permaneçam com o batimento flagelar evidenciado após esse período. O teste da vitalidade é realizado por meio da penetração de corantes nos espermatozoides. A vitalidade é um teste com aplicabilidade específica — por exemplo, quando não se vê motilidade nenhuma na amostra avaliada para verificar a viabilidade dos espermatozoides. Para amostras com astenozoospermia absoluta (existem espermatozoides, porém eles não se movem), é possível tentar realizar a ativação da motilidade espermática com o uso da pentoxifilina, que é um composto que age de forma excitatória, estimulando o batimento flagelar do espermatozoide. Astenozoospermia absoluta Defeitos na motilidade do espermatozoide. Trata-se de um exame à parte. Serve para definir o percentual de espermatozoides que possuem seu material genético livre de fragmentações para o diagnóstico da infertilidade masculina. O normal é que a amostra apresente pelo menos 70% dos espermatozoides com material genético livre de fragmentações. Os espermatozoides podem ser criopreservados para seu uso posterior. A adição de crioprotetores à amostra seminal com o Vitalidade Ativação Fragmentação do DNA espermático Congelamento seminal intuito de preservação da fertilidade é uma técnica bem difundida e com resultados consistentes. Em diversos momentos e por diversos motivos, a criopreservação seminal mostra papel fundamental: quando realizada antes de procedimentos esterilizantes; quando realizada antes de oncotratamentos; para pacientes que necessitam viajar ou trabalhar no dia do tratamento; para preservar materiais de difícil obtenção, como os das biópsias testiculares; e pelos mais variados motivos pessoais. Criopreservados Congelados a temperaturas muito baixas. Por diversas razões, fisiológicas ou não, os espermatozoides podem não estar presentes no ejaculado. Quando isso ocorre, é possível buscar os espermatozoides por meio de microcirurgias nos epidídimos ou nos testículos. A indicação do procedimento, o local da captura e a técnica de obtenção ficam a critério do médico urologista. Porém, quando o material entra no laboratório para pesquisa de espermatozoides e análise, o trabalho de encontrar raros espermatozoides no meio de todo tecido cirúrgico é completamente do andrologista/embriologista. Atuação do biomédico no laboratório de embriologia O embriologista é um profissional altamente treinado. O treinamento completo pode durar de dois a cinco anos, em média. Técnicas mais complexas e precisas compõem a rotina desse profissional. Lidar com óvulos e embriões exige técnicas refinadas e atenção a todo e qualquer momento. Conhecimentos na embriologia geral também são de suma importância, não pela prática do dia a dia — que acaba sendo uma rotina protocolar —, mas sim pelo fato de que, ao se entender a fisiologia do desenvolvimento embrionário, melhores escolhas podem Captura em material de biópsia testicular ser feitas, como o melhor estágio de evolução para se realizar uma transferência, uma biópsia ou um congelamento embrionário. Esse conhecimento e essas decisões podem elevar o grau de individualização do desenvolvimento embrionário para cada paciente e melhorar os resultados finais. É bom ter sempre em mente que, mesmo que uma atitude ajude apenas um único casal de forma específica, isso significa uma família a mais que realizou o sonho da maternidade/paternidade.Comentário Números e estatísticas não significam nada em reprodução humana. O sonho de um único casal é motivo suficiente para lutarmos por um resultado de sucesso sem medir esforços. Ajudar uma família a ser feliz não tem preço! Os trabalhos do laboratório de embriologia se iniciam sempre no dia anterior. Ovócitos e embriões são os representantes mais frágeis e delicados do laboratório. Placas de cultivo, meios de cultivo e lavagem, enfim, tudo deve estar sempre aquecido a 37°C e devidamente gaseificado com CO2 (dióxido de carbono) para manutenção do pH do meio de cultivo. A regra é: ovócitos e embriões devem estar sempre dentro das incubadoras. A exceção é retirá-los de forma rápida e precisa para os procedimentos estritamente necessários. Mas quais seriam os procedimentos estritamente necessários? Antes de conhecê-los, é importante mencionar que aqui abordaremos de forma rápida as atribuições do biomédico embriologista. Em outro momento, você visitará as técnicas de maneira mais aprofundada. Preparado? Vamos lá! Punção folicular Na punção, o médico irá inserir uma agulha via vaginal (e ultrassom guiada) até atingir a parede dos ovários e penetrar em cada um dos folículos ovarianos que foram previamente estimulados por aproximadamente 10 dias. É um procedimento cirúrgico simples. Com isso, é possível aspirar todo o conteúdo dos folículos e encaminhar esse líquido folicular para o laboratório. Ilustração do processo de punção folicular. Ao chegar no laboratório, o líquido é disposto em placas e começa a busca pelos óvulos — em meio a todo sangue, células e restos ovulares. Isso exige técnica e percepção. Tudo dentro de um laboratório é pensado para que os óvulos não sofram nessa transição do in vivo para o in vitro. A temperatura das superfícies e do meio de cultivo, o tipo de meio de cultivo utilizado, os gases presentes, o manuseio e a esterilidade dos materiais, enfim, tudo objetiva a manutenção da melhor qualidade e estabilidade ambiental possível. Com o auxílio de um estereoscópio, os embriologistas começam a buscar pelos óvulos. Nesse momento os óvulos estão acompanhados de diversas células aderidas ao seu entorno — as células do cumulus oophorus. Com uma pipeta pasteur, cuidadosamente os separamos do líquido folicular e os limpamos do líquido folicular residual, para depois guardá- los em uma placa com meio de cultivo limpo, aquecido e estabilizado. Após finalizar a coleta de todos os óvulos, eles são transferidos para a incubadora. Na incubadora, os controles são absolutos e instantâneos e servem para mimetizar o ambiente in vivo, proporcionando temperatura, osmolaridade, gases e pH adequados. É na incubadora que os óvulos e embriões passam pelo cultivo in vitro. Incubadora para cultivo embrionário. Atenção! Óvulos e embriões só saem da incubadora nos momentos necessários! Não abrimos a incubadora só para ver como os óvulos ou embriões estão. Tudo deve ser cronometrado e ocorrer sempre no tempo certo e de acordo com a devida necessidade. Denudação Os óvulos são coletados com as células do cumulus oophorus aderidas a eles. Para podermos trabalhar e enxergar os óvulos com clareza, precisamos retirar essas células. A esse processo damos o nome de denudação. Ele pode ocorrer em duas etapas: química e mecânica. Denudação química A etapa química é similar ao que ocorre in vivo. Na cabeça dos espermatozoides encontramos a enzima hialuronidase. Na denudação química, passamos os óvulos por essa mesma enzima (porém sintética), que age retirando a maior parte das células do cumulus oophorus. Após concluir essa etapa, as poucas células aderidas restantes só podem ser retiradas com a denudação mecânica. Denudação mecânica A etapa mecânica consiste em passar esses óvulos por um filamento (micropipeta) extremamente fino. O calibre é de aproximadamente 140 micrômetros (μm). E por que esse calibre? Porque esse tamanho é bem próximo ao diâmetro dos óvulos. Logo, os óvulos entram nesse capilar tão justos que as células ao seu redor vão sendo retiradas de forma mecânica ao entrar em atrito com a parede do capilar. Micrômetros Um micrômetro é igual a um décimo do milímetro e equivale, por curiosidade, à espessura de um fio de cabelo. Depois de realizadas essas duas etapas, visualizamos com toda a clareza o óvulo. Após isso, finalmente, podemos avaliar sua maturidade. Classi�cação ovocitária Primeiro, devemos avaliar a morfologia ovocitária. Os óvulos são células redondas e estão envoltos por uma fina membrana glicoproteica chamada zona pelúcida. O espaço entre a membrana celular do óvulo e a zona pelúcida é chamado de espaço perivitelíneo. Os óvulos podem ser captados em três momentos distintos da sua maturidade morfológica: Vesícula germinativa (VG) Denotada pela presença da vesícula germinativa (núcleo celular) aparente. Em termos genéticos, o óvulo está na prófase I da divisão meiótica. Para os tratamentos de reprodução assistida, os óvulos VGs não têm aplicação. São extremamente imaturos e não há como aproveitá-los no tratamento. Não há chance de sucesso com eles e, por isso, são sempre descartados. Metáfase I (MI) Denotada pela ausência da vesícula germinativa e pela não extrusão do corpúsculo polar. Em termos genéticos, os óvulos estão na metáfase I da divisão meiótica. Os óvulos em MI têm chance (reduzida) de sua fertilização ocorrer com sucesso — algo em torno de 20% a 30%. Metáfase II (MII) Apresenta corpúsculo polar aparente. Em termos genéticos, o óvulo está na metáfase II da divisão meiótica. Os óvulos em MII são maduros e têm bom potencial de fertilizar e seguir adiante. Eles fertilizam em taxas que variam em torno de 70% a 90%, a depender do fator de infertilidade do casal — ou seja, o motivo de o casal não estar conseguindo engravidar. FIV (fertilização in vitro) convencional Este é o método de fertilização in vitro mais próximo ao natural possível. Nele, colocamos os espermatozoides em uma placa junto com os óvulos e guardamos dentro da incubadora para que o encontro dos gametas ocorra de forma espontânea. Logo, assim como naturalmente ocorreria, os espermatozoides necessitam nadar até os óvulos, fertilizando-os de forma natural e ativa, porém, in vitro. Ilustração de fertilização in vitro convencional. ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide) Ilustração de fertilização com ICSI. Este é o método de fertilização mais comentado e, no Brasil, também o mais praticado. À ICSI pertence a imagem clássica da reprodução assistida em que um óvulo é segurado por uma micropipeta e um espermatozoide dentro de uma microagulha é injetado dentro de seu ooplasma. Veri�cação da fertilização Ocorre quando observamos se o encontro do óvulo com o espermatozoide (seja por FIV convencional ou por ICSI) aconteceu com sucesso. Isso pode ser aferido com o decorrer de aproximadamente 20 horas do processo de fertilização. A ideia nesse ponto é verificar alguns sinais que o agora chamado zigoto (nome que define embrião com apenas uma célula) nos evidencia. Zigoto humano com os dois pronúcleos isolados. Os sinais mais marcantes são os chamados pronúcleos masculino e feminino. São os primeiros núcleos visíveis que o zigoto apresenta, um do pai e o outro da mãe. Somado a outro sinal, a duplicação do corpúsculo polar denota que a fertilização teve sucesso. Cultivo celular Depois de verificarmos a fertilização, os embriões que tiveram sucesso começam seu desenvolvimento. Ao longo dos anos, embriologistas estudaram a evolução adequada do embrião durante os dias iniciais que seguem sua formação. Sabemos como o embrião deve estar em cada um dos dias subsequentes à fertilização para podermos dizer sobre a qualidade embrionária e as chances desse embrião de se tornar um “bebê em casa”. Processo de desenvolvimento embrionário nos primeiros dias. Nesse momento, cada laboratório escolhe em seus protocolos quais serão os dias de verificar e avaliar os embriões. Existemlaboratórios que avaliam os embriões todos os dias. Existem laboratórios que só avaliam caso seja necessário realizar algum procedimento, como, por exemplo, transferências, congelamentos, trocas de meio etc. Não há correto e incorreto aqui. Transferência embrionária Independentemente do dia escolhido para a transferência embrionária, é nessa etapa que fazemos o encontro da progenitora com o futuro bebê. Nesse momento o embrião deixa o ambiente in vitro e retorna ao ambiente in vivo. Biópsia embrionária É por meio da biópsia que temos a possibilidade de realizar o teste genético do embrião. As possibilidades de leitura dessa técnica vão desde doenças hereditárias que podem acometer um único gene específico até a leitura cromossomal embrionária completa em busca de possíveis aneuploidias. Saiba mais A genética está de mãos dadas com a reprodução humana. A evolução de uma auxiliou a evolução da outra em um ciclo sinérgico muito positivo que se estabeleceu. Mesmo realizando a biópsia, não compete ao biomédico embriologista realizar as análises genéticas (MEDICINA S/A, 2021). Atualmente, cerca de 50% dos tratamentos em reprodução assistida realizam a biópsia. Esse é um mercado em expansão que necessita de mão de obra especializada, e o biomédico pode sim atuar nessa área. Vitri�cação A técnica de criopreservação consiste em preservar por meio do frio extremo (-196 graus Celsius — temperatura do nitrogênio em seu estado líquido) o material biológico, conservando sua viabilidade. Congelamento ovocitário Em 2012, a criopreservação de óvulos deixou de ser considerada uma técnica experimental, sendo realizada por meio de vitrificação. Desde então, vem se difundindo e sendo requisitada mais e mais. A preservação da fertilidade feminina é um dos temas mais amplos e atualmente discutidos no âmbito da reprodução assistida, uma vez que o relógio biológico das mulheres é muito rígido e curto. Saiba mais O consenso científico é de que a idade máxima para se preservar a fertilidade feminina com bom potencial de resultado é 35 anos (frisando que, quanto mais jovem for a mulher, maior será a qualidade e o número dos óvulos criopreservados). Congelamento embrionário São muitos os fatores que culminam no congelamento embrionário: excesso de embriões formados, impossibilidade de se transferir a fresco, adiamento da maternidade/paternidade e diversos e variados motivos pessoais. O congelamento embrionário é realizado por meio da vitrificação e é uma técnica muito bem estabelecida e com resultados muito consolidados. É seguro que seja realizado sem prejudicar a viabilidade do embrião. Aquecimento Todas as células que foram vitrificadas (sejam óvulos ou embriões) podem ser aquecidas para retomar seu metabolismo celular e suas funções fisiológicas. A técnica de aquecimento envolve o movimento contrário dos crioprotetores. Se na vitrificação o movimento era de adição de agentes crioprotetores, no aquecimento o movimento é de retirada desses agentes. Taxas de indicadores de performance Como estimar as taxas de sucesso da reprodução assistida? E quais variáveis influenciam essas taxas de sucesso? Neste vídeo, o especialista fala sobre os indicadores de performance que servem para demonstrar as taxas de sucesso da reprodução assistida. Atribuições e responsabilidades do biomédico no laboratório de reprodução assistida O trabalho do biomédico dentro do laboratório de reprodução assistida (como embriologista ou andrologista) é repleto de técnicas e trabalhos em bancada no melhor estilo “mão na massa”. Mas o outro lado dessa rotina é igualmente importante, e é aí que surge a pergunta: Podemos atuar somente como embriologistas ou como andrologistas? Resposta A resposta é sim e não. A rigor, sim, temos essas duas vertentes de atuação, mas há casos em que biomédicos são contratados para trabalhar com uma demanda específica — como levantamento de dados, pesquisa, manutenção geral do laboratório ou outras demandas laboratoriais quaisquer. Esse trabalho além da bancada começa no preparo do laboratório. Esse preparo inclui entender e efetuar as devidas medições das condições ambientais e das microcondições do cultivo, sejam elas dos gametas ou dos embriões. Condições mensuráveis Algumas condições mensuráveis são importantes para a qualidade ambiental, como a temperatura ambiente, a umidade relativa do ar, a temperatura das superfícies e o nível dos tanques de nitrogênio líquido. A temperatura do laboratório de embriologia deve ser controlada a fim de evitar a proliferação de microrganismos e proteger as amostras. A temperatura ambiente de um laboratório não deve ser inferior a 23°C e nem superior a 30°C. Essa margem garante tanto o conforto térmico de quem trabalha quanto o menor índice de proliferação de microrganismos como fungos e bactérias. A umidade relativa do ar deve permanecer entre 30% e 70%. Mantê-la acima da margem inferior garante a umidade relativa satisfatória para o ar que respiramos, sem afetar a saúde do profissional, assim como mantê-la abaixo da margem superior ajuda a prevenir a proliferação de microrganismos como fungos e bactérias. A temperatura das superfícies (incluem-se aqui aquecedores de tubos, banho-maria, banho seco e afins) deve ser sempre verificada e mantida no ideal de trabalho — geralmente, 37°C. Isso é importante para minimizar oscilações que possam interferir no cultivo embrionário quando, por alguma necessidade, o embrião tem que sair da incubadora para ser manipulado. Considera-se essa importância, uma vez que variações na temperatura podem gerar oscilações na capacidade de dissolução dos gases no meio de cultivo e, com isso, gerar oscilações de pH que podem ser fatais aos gametas e embriões. O nível dos tanques de nitrogênio, utilizados para armazenar todo o material criopreservado em uma clínica, deve ser sempre checado e mantido acima dos níveis críticos com boa margem de segurança. Um tanque de criogenia pode comportar, em média, mais de 200 amostras. Se, por falta de verificação, um tanque perder todo o seu nitrogênio, todos esses gametas ou embriões serão perdidos. Isso é inconcebível dentro da reprodução assistida! As incubadoras podem ser consideradas, sem exagero, o coração do laboratório, por causa de sua importância. A menor variação em suas condições pode acabar com o cultivo embrionário e levar à falha os casos que estiverem em cultivo. Tudo dentro da incubadora é controlado e essas condições devem ser medidas e mantidas diariamente. Há condições mensuráveis que influenciam diretamente o microambiente de cultivo interno das incubadoras, como temperatura, concentração de gases (CO2, O2 e N2), umidade (presente ou ausente) e pH. Concentração de gases Os gases de cultivo são de suma importância: o CO2 mantém o pH ideal, o O2 em baixas concentrações (próximo a 5%) evita a oxidação dos componentes do meio de cultivo, o N2 é o gás que, ao ser injetado no microambiente da incubadora, consegue expulsar o O2 para manter a hipóxia do cultivo embrionário. Umidade Quanto à umidade, ela é um fator relativo. Existem incubadoras que trabalham de forma seca e existem incubadoras que trabalham de forma úmida. O importante é que a incubadora seca não pode nunca ter água, e a incubadora úmida não pode nunca ter seu aporte hídrico findado. Caso contrário, as condições não se manterão dentro do ideal. pH Quanto ao pH, o importante é aferi-lo sempre, pelo menos, ao se trocar o lote do meio de cultivo com o qual se trabalha. Caso o pH não esteja dentro do ideal, do fisiológico, tanto os gametas quanto os embriões podem sofrer perdas das capacidades fisiológicas, com o ambiente demasiadamente acidificado ou alcalinizado. Condições não mensuráveis Outras condições ditas não mensuráveis são igualmente importantes, como a manutenção e limpeza dos equipamentos, das superfícies, do chão e das paredes e a troca do lixo. A limpeza dos equipamentos deve ser feitade forma programada, e existem diferentes níveis para fazê-las. Há processos de limpeza diários, mais simples, rápidos e focados em pontos específicos. Assim como existem processos de limpeza semanais ou mensais que demandam dedicação temporal importante, por se aprofundarem mais nos equipamentos ou no ambiente e, muitas vezes, exigir o desmonte de peças ou o arraste de equipamentos. O mesmo ocorre com a manutenção dos aparelhos, que pode seguir um esquema muito similar, com ajustes simples que podem ser feitos de forma diária. Porém a manutenção feita por equipe especializada com a devida calibração de ajuste dos equipamentos (e não mais só sua calibração) deve ser realizada, no mínimo, anualmente. Além disso, o mesmo pode ocorrer com os resíduos sólidos em saúde. Os resíduos produzidos por procedimentos em laboratório de reprodução assistida se enquadram, segundo a RDC nº 222, de 28 de março de 2018, nos grupos: No Grupo A, estão os resíduos infectantes e subgrupo A1, devendo todo ele ser acondicionado em saco branco leitoso com o símbolo de risco infectante. Esse resíduo deve ser retirado diariamente e transportado em recipiente rígido, impermeável, resistente à punctura, ruptura e vazamento, com tampa provida de controle de fechamento e identificado para deposição final. Grupo A O acondicionamento e o descarte dos resíduos do grupo A devem ser feitos em recipiente com o símbolo de infectante. No grupo B, enquadram-se os resíduos químicos. As substâncias que apresentam peculiaridade devem ser segregadas em embalagens individuais, sinalizadas por meio de símbolo e frase de risco associados à periculosidade do resíduo químico, e devem ser submetidas a tratamento antes da disposição final ambientalmente adequada. Acondicionamento dos resíduos do grupo B. No grupo E estão os materiais perfurocortantes, que devem ser descartados em recipientes identificados, rígidos, providos com tampa e resistentes à punctura, ruptura e vazamento. Grupo B Grupo E Caso dentro do laboratório seja feita a separação de resíduos recicláveis (papel e plástico) — pertencentes, segundo a mesma RDC, ao Grupo D —, não há necessidade de eles serem retirados diariamente. Os resíduos do grupo D, quando destinados à reciclagem, devem ter o símbolo indicativo no seu local de acondicionamento. Comentário Não temos resíduos do grupo C, pois nesse tipo de laboratório não é utilizado material radioativo. Quais seriam as origens dos resíduos? Os resíduos do subgrupo A1 são provenientes de restos de punções foliculares, de amostras seminais, de meios de cultivo, enfim, de fluidos orgânicos ou de qualquer material que entre em contato com eles e que, por isso, acabam sendo tratados como produtos de risco infectante. Os resíduos do grupo E são quaisquer materiais perfurocortantes utilizados durante a rotina, como, por exemplo, agulhas. Os resíduos do grupo B são os restos de cortantes empregados. Já os resíduos do grupo D compreendem papel, plástico e outras texturas provenientes de embalagens de produtos, caixas de materiais, frascos e as mais variadas fontes. Além desse trabalho de controle e, principalmente, da manutenção das condições ambientais e microambientais, o trabalho do biomédico passa por outras duas vertentes extremamente importantes: o contato com o paciente e a elaboração e liberação de laudos. Grupo D O contato com o paciente pode ocorrer em diversos momentos, a depender da rotina de trabalho da clínica em que o biomédico se encontra. Esse contato pode ser feito antes do início do tratamento para esclarecer as dúvidas dos pacientes que não conseguem encontrar informações acessíveis ao público leigo sobre o assunto; para informar sobre a evolução laboratorial dos embriões; para informar sobre a qualidade dos embriões a serem transferidos; para informar sobre o resultado de um descongelamento ou de uma biópsia embrionária; ou para qualquer outra coisa, quando a demanda existir. Comentário Por isso, a qualidade que um biomédico que trabalha com reprodução humana mais deve exercitar é a empatia. A reprodução é o momento mais íntimo de um casal, e entrar nesse meio requer muito cuidado, muito acolhimento e muita empatia pela história de cada casal. Já em relação à liberação de laudos, responsabilidade é a palavra de ordem. Um laudo laboratorial, mesmo que simples, como o espermograma, pode ter um impacto gigante na conduta que o médico seguirá e no tratamento ao qual o casal terá que se submeter. E, ainda falando de responsabilidade: um laudo de um tratamento ou de uma análise genética equivocada pode influenciar a transferência ou o descarte do embrião errado. Esse erro é inconcebível dentro da reprodução assistida! Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. MÓDULO 2 Vem que eu te explico! Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Qual das alternativas a seguir cita duas atividades competentes ao profissional biomédico no exercício de sua função como andrologista ou embriologista? A Realização de exames de gravidez e análise seminal. B Realização do cultivo embrionário e de hemogramas. C Realização da curva glicêmica e de análise seminal. D Realização de análise seminal e cultivo embrionário. E Realização do cultivo embrionário e testes genéticos. Parabéns! A alternativa D está correta. A análise seminal é um papel clássico do biomédico exercendo a função de andrologista, e o cultivo embrionário é a função clássica do biomédico exercendo a função de embriologista. Na reprodução assistida, o biomédico não realiza exames de sangue, como curva glicêmica, hemograma e teste de gravidez, e não realiza exames genéticos; apenas faz a coleta de material de biópsia para análise genética. Questão 2 Diversas funções extras são atribuídas ao biomédico para que a funcionalidade do laboratório seja garantida e para que, de forma geral, o trabalho seja entregue com total qualidade. Qual das opções a seguir Considerações �nais Ao longo deste conteúdo, passamos por diversos pontos do destaca as atividades necessárias para que essa qualidade no cultivo embrionário seja atingida? A Aferição dos níveis de CO2 das incubadoras e contagem de radioisótopos ambientais. B Aferição da umidade relativa do ar ambiental e contagem de radioisótopos ambientais. C Verificação da temperatura das superfícies e aferição da pressão atmosférica ambiental. D Aferição do pH dos meios de cultivo e contagem de radioisótopos ambientais. E Aferição do pH dos meios de cultivo e verificação das temperaturas das superfícies. Parabéns! A alternativa E está correta. O pH e a temperatura são imprescindíveis para o cultivo embrionário. O pH ideal é próximo ao pH fisiológico do nosso organismo (geralmente, 7.3). Já a temperatura ideal também é sempre a fisiológica, sendo 37°C a mais próxima do ideal e estável. Níveis de umidade são essenciais para a manutenção da qualidade do ar para trabalhar e para impedir o crescimento microbiano. A pressão atmosférica ambiental e a contagem de radioisótopos ambientais não são condições mensuráveis em um laboratório de reprodução assistida. funcionamento de um laboratório de reprodução assistida. Vimos sua complexa estrutura e entendemos sua dinâmica. A conclusão final a que chegamos é: os detalhes importam. Talvez a característica mais importante do olhar do biomédico que atua na área seja sempre esse foco nos detalhes. Eles importam no desfecho de um caso (quando temos que olhar atentamente a qualidade do cultivo embrionário, por exemplo), e esses detalhes podem ser simples de se perceber. Uma simples avaliação de temperatura, de umidade, de concentração de gases ou de pH pode nos mostrar algum detalhe que está prejudicando o bom funcionamento do laboratório. Porém, é importante não esquecer que o detalhe está presente e é igualmente importante no fator humanoque acolhe o paciente. O respeito ao paciente, a forma humana de tratar, o entender do porquê de se fazer isso ou aquilo… embriologistas não são máquinas, são seres humanos, e devem agir sempre como tal. A empatia com o paciente cria um vínculo muito importante. Além disso, embriologistas são seres pensantes, não apenas máquinas que pipetam e injetam, transferem e congelam embriões. Lembre-se sempre: o tratamento de reprodução ocorre quase que de maneira virtual. O paciente precisa acreditar no que estamos realizando. Por atuarmos em nível microscópico, ninguém consegue ter certeza do nosso trabalho — exceto nós mesmos. Sendo assim, a ética está sempre acima de tudo. Logo, o foco no detalhe do trabalho executado garante que erros graves, como troca de amostras, nunca aconteçam. Além disso, o laboratório é o coração de uma clínica e deve ser respeitado como tal. A qualidade final do resultado de um tratamento está intimamente relacionada com o bom funcionamento do laboratório. Podcast Antes de finalizarmos, o especialista Caio Werneck conversa com a especialista Vanessa Amil sobre a carreira do biomédico na reprodução assistida, falando sobre os prós, contras e desafios dos biomédicos embriologistas. Referências ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. 12º Relatório do Sistema Nacional de Produção de Embriões SisEmbrio. Consultado na internet em: 17 nov. 2021. CAETANO, J. P. J. et al. Medicina Reprodutiva – SBRH. São Paulo: Segmento Farma, 2018. DONAIDO, N. F. et al. Reprodução Assistida e Genética – SBRH. São Paulo: Segmento Farma, 2021. DUARTE, R. L. Procedimento Operacional Padrão: A Importância de se Padronizar Tarefas nas BPLC. Consultado na internet em: 17 nov. 2021. MATOS, F. Brasil lidera ranking da América Latina em reprodução assistida, aponta levantamento. Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida. SBRA. 2019. Consultado na internet em: 17 nov. 2021. MEDICINA S/A. Investimento em genética expande mercado de reprodução assistida. Consultado na internet em: 17 nov. 2021. MOORE, K. L.; PERSAUD, T. V. N.; TORCHIA, M. G. Embriologia Clínica. 11. ed. Guanabara Koogan. 2020. NAZARI, S. et al. Maturation capacity, morphology and morphometric assessment of human immature oocytes after vitrification and in-vitro maturation. Iranian Journal of Reproductive Medicine, v. 9, n. 3, p. 209- 216, 2011. Explore + Para aprofundar seus conhecimentos sobre o conteúdo: Leia o texto Lixo Laboratorial, de Caio Werneck e Maria Cecília Cardoso, disponível no site da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), que fala mais sobre resíduos sólidos na reprodução assistida. Acesse o site da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), na seção do Comitê de Embriologia, em que você encontra diferentes materiais sobre a legislação e novidades em reprodução humana assistida. Vale a pena visitar! Acesse a Resolução do CFM nº 2.294, de 27 de maio de 2021, para saber mais sobre as questões éticas da reprodução assistida. Baixar conteúdo javascript:CriaPDF() Introdução à Reprodução Humana Assistida Profª. Ana Clara Coelho Esteves Descrição A história da Reprodução Humana Assistida (RHA) e as noções de Gametogênese, anatomia e fisiologia dos sistemas reprodutores feminino e masculino, assim como os principais conceitos e as técnicas realizadas na Reprodução Assistida. Propósito Compreender o histórico da Reprodução Assistida e seus principais conceitos, relembrando a anatomia e fisiologia dos sistemas reprodutores feminino e masculino e os principais eventos da reprodução humana, como base para a expansão do conhecimento no universo da RHA. Objetivos Módulo 1 Histórico e técnicas de Reprodução Assistida Reconhecer a história e os principais conceitos de Reprodução Assistida. Módulo 2 A �siologia da reprodução humana Descrever o sistema reprodutor feminino e masculino e a fisiologia da reprodução. A dificuldade em se ter um filho é uma condição que afeta não só casais que não conseguem engravidar naturalmente, mas também pacientes que têm sua fertilidade ameaçada - quando não destruída - por tratamentos médicos (radio e quimioterapia), mulheres que não possuem parceiro e desejam ser mães independentes, e casais homoafetivos. As técnicas de Reprodução Assistida surgiram com o objetivo de contornar o impeditivo em questão e ajudar essas pessoas, dando a elas uma possibilidade adicional de completar ou aumentar suas famílias. Cada vez mais individualizados, os tratamentos de Reprodução Assistida objetivam ampliar a gama de pacientes a serem atendidos, com a esperança de que as tecnologias auxiliares que surgem e se aperfeiçoam continuamente possam prover as ferramentas necessárias para problemas ainda sem solução, mas que em um futuro próximo poderão ser resolvidos, trazendo alegria a um número ainda maior de pessoas. Para entender o papel das técnicas de Reprodução Assistida, é necessário entender também o que acontece na forma natural e fisiológica da reprodução, para saber os problemas que podem surgir e como contorná-los. Assim, vamos seguir a evolução dos conhecimentos iniciando como se segue a evolução de um embrião. Prontos? Vamos lá! AVISO: orientações sobre unidades de medida. Introdução Orientações sobre unidades de medida Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por questões de tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais escritos por você devem seguir o padrão internacional de separação dos números e das unidades. 1 - Histórico e técnicas de Reprodução Assistida Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a história e os principais conceitos de Reprodução Assistida. Introdução à Reprodução Assistida A Reprodução Assistida consiste no conjunto de técnicas de manipulação laboratorial de gametas em alguma fase do processo, com o objetivo de auxiliar na gestação, quando essa não pode ser alcançada de forma natural, ou seja, quando o casal ou paciente apresenta algum fator de infertilidade. Gametas São as células germinativas femininas e masculinas - oócitos e espermatozoides, respectivamente - resultantes do processo de divisão meiótica que, juntas, dão origem ao embrião. Mas o que é infertilidade? A infertilidade é a impossibilidade de alcançar uma gestação após 12 meses de relações sexuais regulares e sem uso de contraceptivo. Esse período pode variar de acordo, principalmente, com a idade da mulher, que é o fator mais sensível ao tempo quando falamos em Reprodução Assistida. A infertilidade pode ser: Primária Quando não se alcança nenhuma gravidez Secundária Quando não se consegue alcançar uma gravidez após uma primeira concepção bem-sucedida. Concepção Pode ser entendida como sinônimo de gravidez, ou seja, a geração de um bebê. Desse modo, as técnicas de Reprodução Humana Assistida (RHA) podem ajudar casais com algum fator de infertilidade, mulheres que desejam engravidar de forma independente (sem parceiro) e casais homoafetivos, bem como oferecem a possibilidade de preservação de fertilidade para pacientes oncológicos, por exemplo. Técnicas de Reprodução Assistida As técnicas empregadas na Reprodução Assistida podem ser de baixa ou alta complexidade, e permitem contornar os fatores (sociais, anatômicos, endócrinos, indicações médicas, entre outros) que, de algum modo, interferem no sucesso da gestação – seja ela de planejamento imediato seja apenas de um desejo futuro. As técnicas de baixa complexidade não requerem manipulação de oócitos e pré-embriões em um laboratório e são, em geral, mais acessíveis, como veremos a seguir: Calendário indicando o período fértil. Coito programado O crescimento dos folículos ovarianos da paciente é acompanhado por ultrassonografia e a relação sexual é programada para o período ovulatório. Esquema ilustrativo de umainseminação artificial, com catéter posicionado no interior do útero. Inseminação intrauterina O sêmen passa por capacitação laboratorial e a amostra resultante é inseminada no útero da mulher. Já as técnicas de alta complexidade requerem que os oócitos sejam manipulados e fertilizados em laboratório, para que possa haver a transferência de um pré-embrião de volta ao útero posteriormente. Elas se resumem em fertilização in vitro (FIV), que pode ser convencional ou por injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI), brevemente descritas a seguir: FIV convencional Simula o que ocorreria naturalmente na trompa uterina e consiste em colocar oócitos em uma gota de meio de cultivo com espermatozoides, que, por sua vez, vão fecundar os oócitos sem maiores interferências. FIV com ICSI É mais invasiva, uma vez que os espermatozoides são selecionados pelo embriologista sob visualização microscópica, para depois serem injetados nos oócitos (um espermatozoide por oócito) por meio da utilização de microagulhas. Atenção A fertilização in vitro é considerada um procedimento de alta complexidade por exigir equipamentos mais especializados, além de manipulação dos oócitos em laboratório, para sua realização. Inseminação intrauterina X FIV convencional X FIV com ICSI Neste vídeo, a biomédica Beatriz Campos, faz uma comparação entre a inseminação intrauterina, FIV convencional e FIV com ICSI, abordando a indicação e as diferenças metodológicas. Ah! fique tranquilo, alguns termos empregados no vídeo vocês irão conhecer quando começarem a explorar mais o mundo da reprodução humana assistida! História da Reprodução Assistida É verdade que, quando pensamos em Reprodução Assistida, pensamos em fertilização in vitro, no famoso “bebê de proveta”, exatamente por este ter sido um procedimento de maior complexidade que trilhou um longo caminho até permitir que diversos fatores de infertilidade fossem driblados com a geração de um bebê em laboratório. Assim, é principalmente em torno dele que gira a nossa história, mas vamos caminhar pelos passos dados até o sucesso da técnica ser alcançado. Curiosidade Os primórdios do saber científico dentro da Reprodução Assistida registram a primeira inseminação artificial canina em 1779, feita por um italiano, e a primeira intrauterina em humanos, no final do século XVIII, realizada por um médico inglês. A inseminação perdeu espaço com o advento da fertilização in vitro, mas hoje vem conquistando novamente seu lugar no tratamento de casais inférteis. Desde quando a pesquisa animal ainda estava ajudando a fundamentar a prática, os oócitos e pré-embriões eram recuperados por meio de lavagem das trompas e cavidade uterinas - procedimento realizado em alguns animais até o dias atuais. Esquema 3D ilustrando o procedimento de aspiração folicular. Entretanto, cientistas começaram a perceber, entre a década de 1960 e início da 1970, que essa técnica impedia a recuperação dos oócitos nas pacientes com trompas uterinas danificadas ou bloqueadas, fazendo-se necessária uma forma de acesso direto para captação dos oócitos. Assim, a laparoscopia se mostrou eficiente e se tornou a técnica de escolha para coleta de oócitos maduros na época. Hoje, os oócitos são coletados por aspiração folicular com acesso transvaginal e punção ovariana. Laparoscopia É uma técnica de cirurgia minimamente invasiva. Normalmente, consiste em um ou dois pequenos cortes para inserção de uma microcâmera que permite a visualização do interior da cavidade peritoneal e, desse modo, guia os procedimentos cirúrgicos realizados naquele local. Como não existiam cursos de aperfeiçoamento específicos para laboratório, as técnicas eram adquiridas por aprendizagem na prática. Os procedimentos laboratoriais eram realizados por profissionais com experiência em embriologia experimental e biologia veterinária. Os laboratórios de fertilização in vitro, que hoje possuem padrões de filtragem de ar, temperatura e umidade ideais exigidos pelos órgãos reguladores para seu funcionamento, no início, eram frequentemente improvisados em salas de cirurgia pré-existentes, nas quais não era incomum se deparar com profissionais fumando e se alimentando entre os procedimentos. A Reprodução Assistida teve contribuição de muitas áreas de atuação. Os equipamentos hoje utilizados nos laboratórios foram baseados e adaptados de antecedentes que outrora desempenhavam outras funções. Exemplo O primeiro microscópio invertido foi desenvolvido em 1850 e o primeiro micromanipulador para microcirurgias em células foi inventado em 1912, ambos nos Estados Unidos da América. As primeiras incubadoras datam do Egito Antigo, quando eram usadas para chocar ovos; no século XIX, foram substituídas por redomas aquecidas de vidro que, na década de 1960, foram substituídas por incubadoras de dióxido de carbono e, nos anos 1970, por incubadoras de jaqueta aquecida. O primeiro laboratório especialmente dedicado e elaborado para a realização de fertilização in vitro foi construído em Cambridgeshire, no Reino Unido, em 1980, pelos pioneiros Robert Edwards e Patrick Steptoe, diretor científico e médico, respectivamente, e Jean Purdy, enfermeira que frequentemente tem seu papel omitido, mas com função primordial no trabalho junto a Edwards e Steptoe, atuando principalmente no controle de qualidade do laboratório. O planejamento desse local veio depois de centenas de tentativas de fertilização que resultaram em dois nascimentos de bebês vivos. Ao mesmo tempo, várias outras clínicas eram construídas em outros locais do mundo, como Austrália, Estados Unidos, Índia, Áustria, França, Holanda, Suécia e Espanha. Em 1985, esse novo campo de atuação emergente estava sendo referido como Tecnologia da Reprodução Assistida. Patrick Steptoe. O nascimento de Louise Brown foi noticiado em diversos jornais, como mostra a imagem. Ainda em um laboratório um tanto quanto improvisado, Patrick Steptoe e Robert Edwards conseguiram sucesso na técnica de FIV e relataram o nascimento do primeiro “bebê de proveta”. Louise Brown nasceu saudável, de parto cesárea, em 25 de julho de 1978 – e é por isso que comemoramos o dia do embriologista nessa data! Naquela época, a possibilidade de sucesso de um tratamento de Reprodução Assistida não passava de 5%, enquanto hoje podemos ver taxas de implantação girando em torno de 50%. Isso certamente se deve ao aprimoramento do ambiente em que todo o tratamento se passa. Desde o nascimento desses primeiros bebês, equipamentos e técnicas utilizados no laboratório de FIV sofreram drásticas evoluções. As incubadoras, que antes eram basicamente redomas de vidro, hoje são detalhadamente adaptadas ao cultivo embrionário, podendo inclusive possuir câmeras em seu interior para monitorar o desenvolvimento dos pré-embriões (incubadoras time-lapse). Os meios de cultivo passaram de composições simples com soluções salinas e plasma sanguíneo a complexos meios otimizados, de modo a oferecerem exatamente os nutrientes que o pré-embrião precisa; os profissionais estão cada vez mais especializados; as técnicas de biópsia e análise genética embrionária são cada vez mais precisas e abrangentes, e assim por diante. Incubadora usada para gerar o primeiro bebê de proveta (modelo “redoma de vidro”). No Brasil, celebramos em 07 de outubro de 1984 – apenas seis anos após o primeiro bebê de proveta do mundo – o nascimento de Anna Paula Caldeira, primeiro bebê brasileiro resultante de FIV (e estima-se que tenha sido o 700º de todo o mundo), pelas mãos do pioneiro Milton Nakamura. Nilson Donadio, também pioneiro na área, reivindica que, meses antes do nascimento de Anna Paula, ele próprio teria obtido o nascimento de um bebê por meio de fertilização in vitro, mas foi mantido em sigilo por questões éticas. Assim, a prioridade histórica fica com Nakamura, por ter sido o responsável pela divulgação midiática do evento. O primeiro bebê de proveta noBrasil Foto de uma ICSI prestes a acontecer. A agulha maior segura o oócito e a menor injeta um único espermatozoide em seu citoplasma. Com o passar do tempo, foi sendo notado um obstáculo para o sucesso da FIV convencional: o fator de infertilidade de origem masculina. Assim, em 1992, foi desenvolvida pelo italiano Gianpiero Palermo a ICSI, grande avanço posterior ao advento da fertilização in vitro. A técnica consiste na injeção de um único espermatozoide no citoplasma de cada oócito, possibilitando a paternidade biológica mesmo quando a quantidade de espermatozoides disponíveis é pequena ou quando não estão disponíveis no ejaculado – ou seja, nos casos em que são recuperados cirurgicamente do testículo ou epidídimo. A procura por tratamentos de reprodução assistida vem crescendo não só no Brasil, mas também em todo o mundo. Na América Latina, o Brasil lidera o ranking dos países que mais realizaram técnicas de Reprodução Assistida, com 83 mil bebês brasileiros nascidos a partir dessas técnicas em 25 anos. Apesar de a maioria das clínicas ser particular, tratamentos gratuitos são oferecidos em algumas seletas instituições, como o Hospital Pérola Byington, em São Paulo. Saiba mais Nesses locais onde os tratamentos são livres de custo, costumam ser realizadas as técnicas de baixa complexidade, ou FIV com estimulação mais branda, que resulta na formação de uma quantidade menor de oócitos e, consequentemente, pré-embriões. Conceitos importantes na Reprodução Assistida Para entrarmos no universo da Reprodução Humana Assistida mais detalhadamente, faz-se necessário recordar alguns conceitos relevantes. Você certamente já ouviu falar nos tipos de divisão celular importantes para a geração de células germinativas, formação de um novo indivíduo, crescimento, renovação e diferenciação celular. Provavelmente também lembra que uma dessas divisões é reducional – reduz o número de cromossomos na célula – e a outra não. Vamos relembrar a diferença entre elas e seus resultados? Processo de mitose. Mitose É o processo de multiplicação celular em que uma célula-mãe duplica seu conteúdo e depois divide-se, dando origem a duas células-filhas com o mesmo conteúdo celular original. É por meio desse processo que o zigoto se divide em duas células, que continuam se multiplicando até formar o pré-embrião, o embrião, o feto, o bebê e o indivíduo adulto. O ser humano realiza mitose desde seu primeiro estágio celular diploide até o momento de sua morte. Processo de meiose. Meiose É o processo de divisão celular que resulta em células com a metade do número de cromossomos da célula original (célula- mãe), como é o caso da formação das células germinativas ou gametas (oócitos e espermatozoides) dos organismos de reprodução sexuada. Assim, as células-mãe são diploides, enquanto as células originadas do processo meiótico são haploides. Vale lembrar que haploidia é a característica de células que possuem apenas um conjunto de cromossomos, como os gametas humanos (oócitos e espermatozoides). A designação mais comum para os organismos haploides é “n”. A fusão de dois núcleos celulares com conteúdo haploide (n) resulta em uma célula com núcleo diploide (2n), ou seja, contendo dois conjuntos de cromossomos – como acontece na união do espermatozoide (n) com o oócito (n), formando o zigoto (2n), que dará origem ao pré-embrião, por meio da mitose. Diploidia é a característica de células que possuem seus cromossomos organizados em pares homólogos, chamados de cromossomos homólogos, ou seja, são os cromossomos herdados do pai e da mãe que compõem um mesmo par e possuem informações genéticas correspondentes, bem como estrutura e tamanho semelhantes. Seres humanos são organismos diploides. Cromossomos São estruturas compostas de cadeias de DNA (ácido desoxirribonucleico) que carregam a informação genética do indivíduo. Podem ser somáticos (autossomos) ou sexuais. Saiba mais Células diploides, caso se unissem, formariam um indivíduo tetraploide (com 4 conjuntos de cromossomos). Por essa razão, é necessária a formação de células haploides (gametas) para a fertilização. O resultado dessa união é o ser humano apresentando dois conjuntos de 23 cromossomos (23 pares) em suas células (exceto células germinativas), sendo 22 pares de cromossomos somáticos (ou autossomos) e 1 par de cromossomos sexuais. Mas qual a diferença entre cromossomos somáticos e cromossomos sexuais? Chamamos de cromossomos somáticos aqueles que não são ligados às características sexuais dos indivíduos. O ser humano possui 44 (22 pares) autossomos. Já os cromossomos sexuais são aqueles que determinam as características ligadas ao sexo do indivíduo. Nos seres humanos, mulheres carregam duas cópias do cromossomo X, razão pela qual o cariótipo feminino normal é descrito como 46,XX, significando 46 cromossomos no total, sendo os sexuais XX. Já os homens com cariótipo normal são descritos como 46,XY, ou seja, além dos autossomos, carregam uma cópia do cromossomo X e uma do cromossomo Y, podendo passar qualquer uma das duas à sua prole. Por essa razão, é dito que o homem é quem determina o sexo da criança, uma vez que a contribuição materna só pode ser um cromossomo X. Desse modo, se a criança herdar um cromossomo Y do pai, terá o cariótipo masculino; se herdar o cromossomo X, esse se juntará ao cromossomo X herdado da mãe e resultará em um cariótipo feminino. Ilustração do cariótipo humano normal, evidenciando a diferença entre os cromossomos sexuais. Como nós sabemos, os gametas são as células germinativas resultantes do processo de divisão meiótica (haploides) que, juntas, dão origem ao pré-embrião (diploides). Esquema ilustrativo das células germinativas e do produto de sua união, com respectivos materiais genéticos. E o que definimos como um embrião? Existe uma divergência de opiniões quanto à adequabilidade do termo “embrião”, de forma que alguns profissionais preferem utilizar o termo “pré-embrião” para designar o produto da união dos gametas durante os primeiros 14-16 dias de desenvolvimento, e “embrião" para o período que se segue, até a oitava semana de gestação, quando o produto da concepção passa, então, a ser chamado de “feto”. Sendo assim, no que se refere à Reprodução Humana Assistida, estaríamos trabalhando com pré-embriões em laboratório. No entanto, para fins didáticos, podem ser encontrados ambos os termos “pré-embrião” e “embrião”. Mas daremos aqui preferência ao termo “pré-embrião”. Saiba mais O período máximo de cultivo laboratorial é de 14 dias (como estabelecido pela última Resolução nº 2.294/2021 do Conselho Federal de Medicina), ainda que na prática terapêutica não seja visto o cultivo posterior ao sétimo dia de desenvolvimento embrionário. Para a formação do pré-embrião, é necessária a fecundação, que acontece quando o espermatozoide consegue penetrar o oócito. Mas antes de falar da fecundação propriamente dita, vamos relembrar o que são os espermatozoides e os oócitos. Espermatozoides Apresenta três partes em sua estrutura: cabeça, peça intermediária e cauda. A cabeça de um espermatozoide morfologicamente normal apresenta aspecto oval e achatado, e abriga o núcleo celular contendo as informações genéticas do pai biológico (conjunto de cromossomos n); também ali está presente uma estrutura conhecida como acrossomo, responsável por abrigar as enzimas necessárias para que o espermatozoide consiga fecundar o oócito. Na peça, estão localizadas as mitocôndrias, que geram a energia necessária ao movimento dos espermatozoides. A cauda, também chamada de flagelo, é responsável pela movimentação espermática. Estrutura do espermatozoide. Oócitos Carrega o conjunto de cromossomos (n) contendo as características genéticas da mãe biológica. Seu citoplasma (também chamado ooplasma) é cercado por uma camada glicoproteica, chamada zona pelúcida, com um pequeno espaço entre eles, chamado espaço perivitelínico, onde se
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