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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Registro: 2011.0000217889 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 9104923- 17.2006.8.26.0000, da Comarca de Ribeirão Preto, em que é apelante RENATO DA SILVA CARNEIRO ME sendo apelado GREENLEAF DISTRIBUIDORA LTDA. ACORDAM, em 28ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores MELLO PINTO (Presidente sem voto), JÚLIO VIDAL E CESAR LACERDA. São Paulo, 4 de outubro de 2011. Celso Pimentel RELATOR Assinatura Eletrônica PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Apelação nº 9104923-17.2006.8.26.0000 - C.t 2811e 2 Voto nº 21.679 Apelação nº 9104923-17.2006.8.26.0000 3ª. Vara Cível de Ribeirão Preto Apelante: Renato da Silva Carneiro Me. Apelado: Greenleaf Distribuidora Ltda. 28ª Câmara da Seção de Direito Privado 1. Exceto pelo que dispõe Lei 12.441, de 11 de julho de 2011, que, em vigor a partir de 12 de janeiro de 2012, criou a empresa individual de responsabilidade limitada, a EIRELI, o microempresário de hoje, como a firma ou o comerciante individual do passado, é pessoa física, não pessoa jurídica nem empresa, que não tem personalidade autônoma ou distinta daquele que lhe dá o nome no exercício da atividade comercial ou de prestação de serviço. 2. Ausente prova, ônus do autor, do ilícito imputado à ré, a recusa à anuência ao cancelamento de protesto de título quitado, mantém-se, por fundamentação diversa, o decreto de improcedência da demanda por indenização moral. Autor de demanda por indenização moral apela da respeitável sentença de improcedência. Insiste na pretensão e no prejuízo experimentado pela omissão da ré, que deixou de providenciar por além de dois anos a baixa do protesto de título, apesar de quitado. Busca a inversão do resultado. Veio preparo. É o relatório. 1. Exceto pelo que dispõe Lei 12.441, de 11 de PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Apelação nº 9104923-17.2006.8.26.0000 - C.t 2811e 3 julho de 2011, que, em vigor a partir de 12 de janeiro de 2012, ao criar a empresa individual de responsabilidade limitada, a EIRELI, deu nova redação aos artigos 44, VI, e 1.003 e acrescentou o art. 980-A ao Código Civil de 2002, o microempresário de hoje, como a firma ou o comerciante individual do passado, é pessoa física, não pessoa jurídica, que não tem personalidade autônoma ou distinta daquele que lhe dá o nome no exercício da atividade comercial ou de prestação de serviço. A propósito, precedente da Colenda 12ª Câmara do extinto Segundo Tribunal de Alçada Civil de São Paulo, relatado pelo eminente Juiz PALMA BISSON,1 tratando da microempresa e reportando-se a outros arestos, lembra que "como é de curial sabença, o comerciante individual, também conhecido como empresário individual ou firma individual, não é pessoa jurídica, mas sim, pessoa física que exerce o comércio (idem, AI 475.190, 5ª C., rel. J. PEREIRA CALÇAS, j. 20.11.96). Diz-se, por isso mesmo, que 'não há duplicidade de personalidade jurídica do empresário individual' (idem, Ap. c/ Rev. 568.953-00/9, 6ª C., rel. J. LINO MACHADO, j. 16.5.2000) e que 'não se confunde firma individual com sociedade' (idem, Ap. c/ Rev. 601.780-00/0, 10ª C., rel. J. NESTOR DUARTE, j. 17.4.2001)". “A equiparação a que alude o Decreto nº 3.000/99 não tem o condão de convolar a pessoa natural em pessoa jurídica e funciona somente para efeito de imposto de renda”, definiu a Colenda 29ª Câmara da Seção de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, complementando que o “empresário individual, que 1 Cf., Ap. 613.386-00/0, j. 30.11.2001. PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Apelação nº 9104923-17.2006.8.26.0000 - C.t 2811e 4 explora empresa individual, denominada por leigos como firma individual, é pessoa física e não jurídica. A pessoa jurídica decorre de um contrato ou ato constitutivo celebrado, no mínimo, por duas pessoas físicas ou jurídicas e adquire personalidade jurídica com o arquivamento de seu ato constitutivo no registro que lhe é peculiar”.2 Esta Câmara também já se pronunciou em idêntico sentido e em mais de uma ocasião.3 Fixados os conceitos, assenta-se que o autor é microempresário e pessoa física, não é empresa nem pessoa jurídica, afastando-se equívocos que se reiteraram desde a inicial. 2. Embora o autor não o tenha demonstrado, o protesto é incontroverso, tanto que, meses além de dois anos do pagamento (fl. 16), a ré expediu carta anuindo ao cancelamento (fl. 18). Do que não há prova, ônus dele (CPC, art. 333, I), é de que ele pleiteara à ré e de que ela se recusara ao reconhecimento da quitação e à anuência ao cancelamento do protesto. Nem da remessa de fax, a que não se presta documento exibido (fl. 16), há prova. Então, segundo a verdade formal dos autos e qualquer que seja a verdade real, a manutenção do protesto por tanto tempo resulta de opção do autor, que chega a argumentar com lapso 2 Cf. AI 950.764-0-0, rel. Des. PEREIRA CALÇAS, j. 20.9.2006. 3 Cf., entre tantos outros, Ap. 1.029.965-0/6, j. 20.3.2007; AI 0524261-26.2010.8.26.0000, j. 15.2.2011, ambos deste relator. PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Apelação nº 9104923-17.2006.8.26.0000 - C.t 2811e 5 prescricional. Em consequência, não há ilícito imputável à ré, que, portanto, não se obriga a indenizar. 3. Daí que, por fundamentação diversa, mantém-se a conclusão da respeitável sentença, negando-se provimento ao apelo. Celso Pimentel relator
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