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Artigo Científico - ADMINISTRAÇÃO - O estudo da viabilidade econômica de uma empresa em Cascavel

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I CINGEN- Conferência Internacional em Gestão de Negócios 2015
Cascavel, PR, Brasil, 16 a 18 de novembro de 2015
UNIOESTE-Universidade Estadual do Oeste do Paraná
CCSA-Centro de Ciências Sociais Aplicadas
Análise das Decisões de Investimentos em uma empresa no Oeste do Paraná
Michel Ferlin Feuser (UNIOESTE) michel_f_f@hotmail.com
Marcelo Roger Meneghatti (UNIOESTE) frmeneghatti@hotmail.com
Alexandre Amorim (UNIOESTE) alexandreamorim777@gmail.com
Ricardo Luan Giansante (UNIOESTE) ricardogiansante@gmail.com
Resumo 
O objetivo deste estudo é demonstrar o processo de tomada de decisão de investimento, utilizado na empresa Casa do Artesão, do setor artesanal de produção de artigos em mdf em Cascavel, Paraná. Trata-se de uma abordagem acerca dos critérios de avaliação de necessidade de investimento, análise de riscos, incorporação de novas tecnologias e avaliação do desempenho do investimento. Esta pesquisa apresenta o comportamento da empresa em estudo mediante a crescente demanda de seus produtos por parte do mercado consumidor. Os resultados demonstram a necessidade da reação rápida, porém planejada, frente à oportunidade de um aumento do lucro líquido da empresa com a injeção de capital para potencializar a capacidade produtiva que surge com a alta do consumo. Ao mesmo tempo verificaram-se os problemas enfrentados pela Casa do Artesão no processo de implantação das novas tecnologias, que ainda impacta o processo de decisão de investimento com a necessidade de uma correta transição tecnológica junto aos colaboradores. No aporte de novas tecnologias, há preocupações com a qualidade, produtividade e competitividade de seus produtos no mercado em que atua. Desta forma, realizou-se um levantamento de dados in loco com o proprietário da empresa, prezando pela assertividade da informação apensada, obtendo como resultados a verificação de sucesso em sua decisão de investimento, dado a crescente demanda por seus produtos. Entretanto, correu-se um risco inicial muito grande, arriscando-se todo o patrimônio líquido. Por outro lado, hoje planeja-se a próxima decisão de investimento da empresa.
Palavras-chave: Investimento. Capacidade produtiva. Artesanato.
Área Temática: Decisão de Investimento.
1	Introdução
A tomada de decisão de investimento nas empresas relaciona-se com suas necessidades cotidianas, suas finanças e o ambiente de incerteza. Este tipo de decisão implica investir dinheiro, tempo e energia em um projeto cujo resultado, por mais que possa ser avaliado e estimado, é desconhecido.
Nas microempresas a realidade da decisão de investimento geralmente está atrelada à necessidade de financiamento, o qual suplementará o setor financeiro, sustentando o aporte que será realizado. O gestor então toma suas decisões num ambiente de constantes mudanças, desfrutando de métodos de análise para avaliar os projetos, que, em meio às incertezas, envolvem uma maior relação custo-benefício e podem significar o fracasso ou o sucesso da organização. Segundo Fábio Frezatti et al (2012, pág. 3),
decisões de investimentos são estruturadoras dos ativos de uma organização, sendo o conjunto de elementos gerador de benefícios futuros aos agentes envolvidos. Sabemos que decisões que visam a alcançar benefícios em longo prazo, carecem de análises que considerem ponderadamente o risco inerente à decisão, a necessidade de financiamento também a longo prazo, a possível exigência de processo decisório integrado na visão de longo prazo, o envolvimento de níveis hierárquicos distintos no processo decisório e a vida útil dos ativos. Assim, tais decisões integram o processo de planejamento empresarial, tanto no âmbito estratégico quanto orçamentário.
Ou seja, por meio das decisões de investimento, visa-se um benefício futuro à organização, e, tratando-se do longo prazo, o planejamento é categórico e terminante tanto com vistas à estratégia empresarial, quanto nas etapas orçamentárias da avaliação ao desembolso. A integração destes fatores administrativos garante aos agentes envolvidos maior coerência quanto à avaliação dos dados levantados e maior infalibilidade quanto à decisão tomada.
Neste relato técnico, a necessidade de tomada de decisão de investimento ocorreu na empresa Casa do Artesão. Empresa pertencente ao setor industrial que viu sua produção incialmente singular, artesanal e equilibrada crescer pelo aumento da carteira de clientes. Segundo a DELBRA (Delegação da União Europeia no Brasil), a dificuldade do setor artesanal consiste em manter a qualidade da produção e, ao mesmo tempo, obter condições para desenvolver o empreendedorismo e competir no mercado.
Verificar-se-á ao longo do relato técnico a presença marcante do empreendedorismo como variável para a decisão de investimento, e os resultados ora positivos ora negativos que ele proporcionou aos sócios do negócio.
O intuito desse relato é analisar quais os fatores importantes na análise da decisão de investimento da empresa investigada, objetivando compreender o trajeto percorrido por essa com base em suas decisões de expansão que culminaram no aumento expressivo de sua receita.
2	Fundamentação Teórica
2.1 Investimento
Um investimento, para qualquer empresa, é um desembolso feito visando gerar um fluxo de caixa de benefícios futuros, usualmente superior a um ano (SANTOS, 2006). Para Gitman (2004), os investimentos de longo prazo representam gastos substanciais de fundos que comprometem uma empresa com determinada linha de ação. O processo de realização deste chamado “gasto operacional” compreende cinco etapas distintas:
Geração de propostas. As propostas são feitas em todos os níveis da organização e revistas pelo financeiro.
Revisão e análise. Compreende a revisão e análise formal para verificar a adequação de propostas e sua viabilidade econômica.
Tomada de decisão. Compreende o gasto de capital com base em limites de valor monetário.
Implantação. Após a aprovação, os gastos são realizados e os projetos implantados.
Acompanhamento. Os resultados são acompanhados, os custos e os benefícios efetivos são comparados aos que eram esperados e realizam-se intervenções quando necessário (GITMAN, pág. 303).
Atualmente, em função da própria dinâmica do negócio organizacional, as técnicas de análise de investimento estão sendo usadas, tanto para investimentos de porte, associados a longos horizontes de planejamento, como também para operações de curto prazo. A decisão de fazer investimento de capital é parte de um processo que envolve a geração e avaliação das diversas alternativas que atendam às especificações técnicas do investimento (SANTOS, 2006).
Para outros autores, como Casarotto (1985), os investimentos precisam ser analisados de acordo com critérios financeiros, os quais mostrarão os efeitos do projeto na situação financeira da empresa. Desta forma, verifica-se que o investimento carrega em si duas propriedades: a necessidade e a análise. Ele não é realizado se não houver oportunidade ou necessidade pautada no estudo econômico e requer uma análise formal, a fim de verificar sua viabilidade e adequação.
2.2 Análise de investimentos
Parte primordial do processo de investimento é sua análise. Para Pedrazzi (2009) a análise de investimentos de capital é uma técnica econômico-financeira que serve para mensurar a viabilidade de projetos nos mais diversos setores da economia. É a partir dela que os gestores, os investidores e as instituições de crédito terão subsídios para tomar a decisão de investir e/ou fornecer crédito. 
A análise de investimentos não se limita apenas a grandes projetos, é utilizada também para verificar a viabilidade de pequenos e médios empreendimentos. São decisões tomadas com o objetivo de ampliar as atividades da empresa, a fim de expandir sua produção de bens ou serviços e consequentemente aumentar seus lucros (PEDRAZZI, 2009).
Para se determinar a implantação de um projeto de investimento, deve-se primeiramente conhecer os métodos para sua avaliação, que levem em consideração o efeito do risco sobreo valor do projeto (PEDRAZZI, 2009). Os métodos mais difundidos pelos autores da área financeira para essa avaliação são: Valor Presente Liquido (VPL), Taxa Interna de Retorno (TIR), Período de Payback descontado, Fluxo de Caixa e Retorno Contábil Médio, que serão analisados posteriormente.
2.2.1. Fluxos de Caixa
Gitman (2004) ressalta o cuidado que se deve ter com projetos de investimento envolvendo gastos substanciais de fundos que comprometem a empresa. Portanto, propõe a técnica do orçamento de capital como um meio de avaliação e seleção de investimentos compatíveis com a maximização da riqueza do proprietário da empresa.
Desta forma, segundo Gitman (2004) avalia-se os fluxos de caixa obtendo aqueles de natureza convencional, ou seja, que após uma saída de caixa por conta de um gasto, ocorram somente entradas subsequentes, e não outras saídas intercaladas com as entradas como no fluxo de caixa de natureza não convencional. Saídas intercaladas com entradas prejudicam a avaliação do projeto.
2.2.2. A visão global da empresa
Casarotto (1985) propõe que a matemática financeira é uma ferramenta ideal para a análise de juros, relações de equivalência, amortização de dívidas e correções monetárias. Somada a ela tem-se a engenharia econômica, por meio da qual surgem os métodos determinísticos de análise de investimento, as análises das múltiplas alternativas e condições de risco e incerteza, que culminarão no processo de tomada de decisão.
Casarotto (1985) propõe ainda que além dos fatores conversíveis em dinheiro, podem existir repercussões que não sejam ponderáveis, tais como manter um certo nível de emprego ou conseguir a boa vontade de um cliente ou fornecedor. Logo, a decisão da implantação de um projeto deve, pois, considerar:
Critérios econômicos: rentabilidade do investimento;
Critérios financeiros: disponibilidade dos recursos;
Critérios imponderáveis: fatores não conversíveis em dinheiro.
Percebe-se que a análise econômico-financeira pode não ser suficiente para a tomada de decisão que abrange a visão global da empresa. Cabe nesse ponto em particular, segundo Casarotto (1985) agir através de regras de decisão explícitas ou intuitivas.
2.2.3. Técnicas de orçamento de capital
Após as estimativas e análises de fluxo de caixa, as empresas podem utilizar técnicas para julgar a aceitabilidade do projeto de investimento, ou classificar uma série de projetos. As técnicas de orçamento de capital mais citadas pelos autores são o Payback, Valor Presente Líquido (VPL) e a Taxa Interna de Retorno (TIR).
Segundo Leandro Borges, do blog http://www.blog.luz.vc, o payback é um dos indicadores utilizados na análise de retorno de projetos que indica o tempo necessário para o lucro acumulado gerado igualar o investimento inicial. Ou seja, ele é demonstrado em unidades de tempo: dias, meses, anos.
Para Gitman (2004), o payback é amplamente utilizado por empresas de grande porte para avaliar projetos pequenos, e por empresas de pequeno porte para avaliar a maioria de seus projetos. Esse fato decorre de sua simplicidade de cálculo e de sua natureza intuitiva. Quanto menor o prazo de recuperação do investimento, menor a exposição da empresa ao risco.
Quanto ao Valor Presente Líquido (VPL), Gitman (2004) afirma que se trata de uma técnica sofisticada de orçamento de capital, por considerar o valor do dinheiro no tempo, ao contrário do payback. Isso significa que ele considera o montante de retorno periódico como variável na seleção do projeto.
Na mesma linha de raciocínio, Gitman (2004) aborda a Taxa Interna de Retorno (TIR), expondo que talvez seja a mais utilizada técnica sofisticada de orçamento de capital. Entretanto, seu cálculo manual é muito mais difícil que o do VPL. Trata-se da taxa de desconto que iguala o VPL de uma oportunidade de investimento a $0 (entradas de caixa se igualam ao investimento inicial). Retornando então um valor anual correspondente ao que a empresa obteria se concretizasse o projeto e recebesse as entradas de caixa previstas.
Percebe-se que os passos para a análise de um projeto compreendem uma pesquisa de alternativas para concretizar a estratégia que se deseja tomar na empresa, seja no âmbito da produtividade por meio de maquinários e tecnologia, seja com ampliações e reformas da estrutura física da empresa ou processos alternativos. Logo, transformam-se tais alternativas em informações quantitativas, mensurando o impacto do projeto na empresa ao longo do tempo. Por fim, selecionam-se os melhores projetos por meio das técnicas de orçamento de capital.
2.3 Risco
Existe segundo Gitman (2004) várias especificidades para os riscos numa empresa. Há aqueles que se dirigem apenas à empresa, outros aos acionistas, e assim por diante. No que tange o investimento, o autor afirma que
a possibilidade de que a empresa não seja capaz de saldar suas obrigações financeiras ou cobrir seus custos de operação são determinados pela estabilidade de receitas da empresa, pela estrutura dos custos operacionais, previsibilidade dos fluxos de caixa e suas obrigações financeiras com encargos fixos (GITMAN, pág. 364).
Para tanto, é necessário um gerenciamento de risco, definido por Longenecker (1997) como o conjunto de esforços empreendidos com a finalidade de preservar os ativos e a capacidade de gerar lucros da empresa. Sabe-se, porém que o gerenciamento de riscos tem um significado mais amplo que abrange tanto os riscos seguráveis como os não seguráveis, visando diminuir todos os tipos de risco.
Ao realizar investimentos, todos os tomadores de decisão devem em primeiro lugar ter em mente que estarão submetidos ao fator risco. Dessa maneira, precisam identificá-los e buscar técnicas de controle para minimizar os seus efeitos (PEDRAZZI et al, 2009).
3	Método do relato
	A elaboração deste relato técnico demandou informações para análise, as quais foram levantadas in loco, com o proprietário. Obtiveram-se informações acerca do volume médio de vendas e a quantidade média de peças produzidas pela empresa durante os períodos que tangenciaram os momentos de maior investimento.
Os dados levantados foram avaliados de forma analítica, ao observar-se principalmente o histórico empresarial fornecido pelo proprietário. Sabe-se da importante relevância da utilização das ferramentas de orçamento de capital para a análise do investimento, entretanto, este relato limitou-se a analisar as informações com um viés teórico.
4	Contexto da situação – problema e intervenção realizada
	A Casa do Artesão é uma empresa familiar, representada pelo sócio-diretor Juelcio, fundada para suprir a necessidade de ocupação e renda. Por se tratar de uma empresa que não visava inicialmente o crescimento exponencial, pois as entradas de capital eram suficientes para garantir a estabilidade desejada pelo sr. Juelcio, não houve investimento em capital de giro ou formação bruta de capital fixo.
	Os pedidos eram recebidos semanalmente, e aconteciam de forma constante, sem oscilações que pudessem sobrecarregar a firma. A produção ocorria de forma simples, com poucos maquinários, montagem e colagem das peças de forma manual por dois funcionários, sem divisão clara de tarefas e nenhum departamento.
	Contando somente com a divulgação boca a boca, em dois anos um novo tipo de cliente bateu-lhe à porta: decoradores de festas em geral. Este cliente efetuava seus pedidos com prazos curtíssimos, por conta da sobrecarga de trabalho com a organização completa das festas. Logo, a encomenda dos artigos em mdf era para muitos a menor das preocupações, sendo realizada com menos de dois dias de prazo, quando o padrão para o restante dos pedidos era de dez dias em média.
	A produção da Casa do Artesão precisou crescer em pessoal e maquinários, necessários para cumprir com a data da entrega dos pedidos. Neste momento, com as próprias economias geradas pela empresa, houve a primeira decisão de investimento: uma máquina CNC Router. Era a tecnologia de ponta daquele ano, efetuando cortes automaticamente na madeira de forma quase perfeita,suprindo a demanda específica dos decoradores de festa, que procuravam na maioria das vezes por produtos vazados e recortados para aumentar a qualidade de suas decorações. O preço da CNC Router em 2005, época em que foi comprada equivalia ao patrimônio social da empresa.
Os sócios, visando o aumento da produtividade reuniram-se e decidiam, sem efetuar contas ou análise de risco alguma, por puro instinto, investir no maquinário. Os resultados foram muito positivos conforme as informações médias fornecidas pela empresa:
Tabela 1 – Variação de produção antes e após a compra da máquina Router
Fonte: Casa do Artesão.
	No mês seguinte à compra do maquinário, além do preço unitário das peças aumentarem dada a complexidade dos modelos agora produzidos, a produção mais que dobrou. O retorno havia sido muito maior do que o esperado pelos sócios e a tomada de decisão inicialmente necessária, porém impulsiva e sem nenhuma análise, arriscando o patrimônio líquido investido até então, retornou um resultado muito gratificante.
	Novos horizontes se abriram para a Casa do Artesão. Ela gerava renda suficiente para a criação de um fundo financeiro. Novos investimentos foram feitos na estrutura física da empresa, todos ocorrendo mediante a necessidade, sem nenhuma antecipação ao mercado. Segundo o sr. Juelcio, quando a mudança se tornava necessária, juntavam esforços e faziam acontecer.
	No ano de 2012, verificando que a pequena oficina nos fundos de casa tornara-se pequena para comportar a quantidade de funcionários e maquinários que lá estava, e sabendo que havia uma quantidade monetária guardada no fundo financeiro da empresa, construíram um amplo barracão no lote, aproveitando a antiga área de trabalho como depósito para a matéria prima. O fundo financeiro zerou, entretanto, nenhum dinheiro das contas bancárias da pessoa jurídica fora utilizado na construção. Também nenhum dinheiro de pessoa física, como costumava acontecer antes do fundo financeiro.
	Antes do fim de 2012 surge outra necessidade de investimento. A terceira até então citada. Vendedores de uma empresa de tecnologia agendaram uma visita à Casa do Artesão oferecendo a novidade em corte automático do segmento: as máquinas Laser; que cortavam a uma velocidade quatro vezes superior à CNC Router, requerendo menos manutenção, e oferecendo um produto final com corte perfeito, sem as micro falhas que a CNC Router deixava no material.
	O processo de tomada de decisão desta vez utilizou somente a técnica de Payback para a análise de retorno do investimento. Verificando um prazo breve, dada a produtividade elevadíssima da máquina em relação a tudo o que os sócios conheciam até o momento, financiaram o capital para a aquisição do equipamento. Mais tarde perceberam que era necessária uma pessoa somente para operar a antiga CNC Router e a nova Laser. Também perceberam que a quantidade de matéria-prima demandada subira bastante, bem como os impostos das vendas. As informações fornecidas pela empresa foram as seguintes:
Tabela 2 – Variação de produção antes e após a compra da primeira máquina Laser
Fonte: Casa do Artesão.
	Esta tomada de decisão trouxe a curto prazo uma série de implicações negativas para a saúde da empresa. Em primeiro lugar, como vemos na tabela não houve variação no preço de venda das peças. Isso porque a novidade trazia um pequeno problema relatado pelos clientes, que são as partes queimadas que ficam na peça, atrapalhando a pintura e acabamento da madeira. Este fator gerou insegurança no sr. Juelcio que preferiu manter o preço estável como forma de equilibrar o ponto negativo. Em segundo lugar, as peças produzidas mensalmente não variaram acima de 200 unidades. Isso porque a demanda do setor havia chegado ao limite. As 1450 unidades mensais eram o limite de demanda da empresa naquele ano. Não havia divulgação nem promoção da marca. E em terceiro lugar, o fundo financeiro estava zerado, o que forçou a empresa a utilizar também do seu lucro líquido para pagar as prestações do financiamento. Sem a variação exponencial da produção, com um financiamento considerável em aberto a empresa estagnou-se até que a última parcela do financiamento fosse paga. Um dos poucos pontos positivos a curto prazo foi a melhoria da qualidade do corte do material.
	A Casa do Artesão enquadrou-se somente em 2014 como empresa de pequeno porte. Naquele ano, contrataram mais um funcionário no departamento de vendas. Este ficou responsável por movimentar as redes sociais da empresa. Em pouco tempo a demanda voltou a crescer a ponto de surgir a necessidade para mais uma máquina Laser. Esta foi a quarta grande decisão de investimento da empresa, pautada sempre na demanda dos clientes. Desta vez, os sócios preferiram aguardar alguns meses, reduzindo seus pro-labores a fim de abastecer o fundo financeiro. Negociaram com o fornecedor para evitar o financiamento no banco e efetuaram assim, em 2015 a compra da segunda máquina Laser. As informações fornecidas pela empresa são as seguintes:
Tabela 3 – Variação de produção antes e após a compra da segunda máquina Laser
Fonte: Casa do Artesão.
	Aproximadamente 90% de todo o corte automático foi transferido para as máquinas Laser. Com isso, a ociosidade de produção pôde ser completada com uma maior produção de estoques, diminuindo a quantidade de pedidos. Por fim, o sr. Juelcio pediu que o departamento financeiro reajustasse os preços com base no IPC, causando um pequeno aumento médio no preço das peças.
Hoje a produção está estabilizada pelos equipamentos adquiridos. Entretanto, há uma projeção dos sócios para a compra de uma terceira máquina Laser até a metade de 2016. A demanda continua crescente e as decisões de investimento, por vezes baseadas numa análise de curto prazo, resultaram no longo prazo de forma positiva.
5	Apresentação e análise das contribuições	
Mediante as informações apresentadas pelos sócios da empresa Casa do Artesão, analisa-se em primeiro lugar o alto risco das decisões de investimento efetuadas pela empresa. Analisa-se também que o investimento ocorreu principalmente na estrutura da indústria e na produtividade, implantando novos maquinários. Verifica-se que a base para a tomada de decisão foi o aumento da demanda, e até o limite máximo de produção sob as condições empresarias existentes, extraiu-se dos crescentes pedidos o montante para realizar os projetos de investimento desejados.
O montante de produção médio cresceu com a compra de maquinários automatizados de duzentas unidades mensais produzidas em 2003 para duas mil duzentas e cinquenta unidades mensais produzidas em 2015, sob o cenário de alto risco nas decisões.
As últimas variações de preço, conforme as informações médias fornecidas pelo sr. Juelcio, ocorreram por simples questão de ajuste inflacionário. O custo fixo variou pouquíssimo segundo ele, então, a parcela de aumento cobre bem a oscilação dos custos variáveis e fixos.
Como citado anteriormente, com base na crescente demanda, os sócios planejam a compra de mais uma máquina para a metade de 2016 e poupam um montante mensal no fundo financeiro para tal projeto. Existem ideias de ampliação da estrutura física da empresa, mas a produção ficou cada vez mais compacta com a inserção das máquinas de corte automático, sendo suficiente a construção que fora realizada depois da compra da CNC Router.
Percebe-se que ao longo da consolidação da Casa do Artesão, muitas dificuldades típicas de microempresas foram enfrentadas. Entre elas, a não utilização de métodos de avaliação de investimento, a falta de capacitação do pessoal, a falta de informações. Estas dificuldades típicas levaram a empresa a tomar decisões de investimento sem perspectiva de longo prazo. Isso somado ao empreendedorismo dos sócios aumentou consideravelmente o grau de risco de tais decisões bem como a expectativa de rentabilidade.
É fato que todas as peças se encaixaram ao longo do tempo. A compra precipitada da primeira máquina laser a longo prazo se mostrou eficiente, ocasionando mais tarde a compra da segundamáquina. E pelo fato decisivo de investimento inicial na CNC Router, todo o restante ocorreu. O empreendedorismo dos sócios influenciou também de forma positiva na decisão de investimento. 
6	Considerações finais
Depois de analisar as contribuições desse relato técnico, considera-se necessário estabelecer de forma clara que um dos fatores determinantes para o sucesso das decisões de investimento da empresa desse estudo é a crescente demanda pelos artesanatos produzidos. Esses artesanatos são pintados, decorados e revendidos, gerando renda para os artesãos. De fato percebe-se que este é um setor em ascensão, com baixa concorrência segundo os estudos dos sócios da empresa.
Outro fator determinante para o sucesso das decisões de investimento foi o desenvolvimento do setor decorativo de festas de aniversário. A Casa do Artesão fornecia um material mais leve, mais barato que a madeira pura, e num prazo adaptado à necessidade dos decoradores, atraindo vários clientes desse setor.
Considera-se que muito embora os empresários não estejam explorando ao máximo as técnicas de análise de investimentos oferecidas pela teoria financeira, as empresas estão buscando cada vez mais novas tecnologias, adaptando-se ao ambiente de acordo com suas necessidades para serem competitivas, sempre oportunizando o crescimento e o desenvolvimento de seu negócio no mercado em que atuam.
Referências
BIEGER, M. Análise de decisão de investimentos: Um estudo de caso em indústrias do setor metal mecânico de médio porte da região da grande Santa Rosa do Rio Grande do Sul. Disponível em: <http://www.convibra.com.br/upload/paper/ adm/adm_1271.pdf>. Acesso em: 17/09/2015.
CASAROTTO, F. N. Análise de investimentos: matemática financeira Engenharia Econômica e tomada de decisão. Florianópolis: Editora da UFSC, 1985.
DELBRA – Delegação da União Européia no Brasil. Construção de Empreendedorismo para o Setor de Artesanato no Brasil. Disponível em: < http://sectordialogues.org/pt-br/acao-apoiada/construcao-de-empreendedorismo-para-o-setor-de-artesanato-no-brasil>. Acesso em: 17/09/2015.
FERREIRA, F. A.; TANOHIRA, G. J.; SPIER, M. S.; GARCIA, E. Investimentos – análise das decisões de investimento sob uma visão gerencial e contábil. Disponível em: <http://www.unioeste.br/ campi/cascavel/ccsa/VIISeminario/contabilidade/artigo21.pdf>. Acesso em: 17/09/2015.
FREZATTI, F.; BIDO, S. D.; CAPUANO, P. A.; BARROSO, G. F. M.; MACHADO, C. J. M. Decisões de investimento em ativos de longo prazo nas empresas brasileiras: Qual a aderência ao modelo teórico?. Disponível em: <http://www.scielo.br /scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-65552012000100002>. Acesso em: 17/09/2015.
GITMAN, L. J. Princípios da Administração financeira, 10ª edição. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2004.
LONGENECKER, J. G. Administração de pequenas empresas. São Paulo: Makron Books, 1997.
PEDRAZZI, R. D.; VIEIRA, S. O processo de tomada de decisão de investimentos de capital nas micro, pequenas e médias empresas: Um estudo de caso do setor metalúrgico de Londrina-PR. Disponível em: <http://www.facesi.edu.br/facesiemrevista/downloads/ numero1/artigo03.pdf>. Acesso em: 17/09/2015.
SANTOS. José Odálio dos. Avaliação de empresas. São Paulo: Saraiva, 2006.
SECURATO, José Roberto. Decisões financeiras em condições de risco. São Paulo: Atlas, 1996.

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