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1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO COORDENADORIA DE DESENVOLVIMENTO ACADÊMICO Português Instrumental para o Direito – 1218B-04 T. 169 e 489 MANUAL Professora: ANA MÁRCIA MARTINS DA SILVA 2015/2 2 PLANO DE DISCIPLINA 2 EMENTA Estudo da estrutura do texto, do parágrafo e da frase. Análise, produção e reescrita de textos, considerando os seguintes tópicos: norma culta e variação linguística, correção e adequação linguística em diferentes situações de uso profissional, regras de funcionamento da escrita. 3 OBJETIVOS Propiciar situações que permitam ao aluno a caracterização de textos a partir de sua funcionalidade. Desenvolver competências de leitura e produção de textos a partir do estudo de aspectos fundamentais que constituem os diferentes tipos textuais. Oportunizar situações para que o aluno possa rever e criticar o seu próprio trabalho, exercitando atividades de análise, crítica e reelaboração. 4 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 1. Prática de leitura e de produção de textos de diversos tipos. 2. Noções fundamentais sobre estrutura e conteúdo. 3. Fatores de textualidade: coesão, coerência, clareza, informatividade, intertextualidade, conhecimento de mundo partilhado e adequação. 3. Revisão e reescrita orientada dos textos produzidos. 4. Linguagem jurídica 5. Revisão gramatical 5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Prática de leitura, produção, revisão e reescrita de textos, com ênfase no emprego adequado da língua portuguesa culta padrão. Resolução de exercícios gramaticais ao estilo da prova de proficiência e das de concursos para a área jurídica. 6 RECURSOS Textos teóricos. Textos de diferentes tipos e gêneros. Exercícios variados, inclusive utilizando os objetos de aprendizagem do LAPREN. 7 PROCEDIMENTOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO A nota do G1 será a soma das notas de duas provas e das produções textuais realizadas ao longo do semestre. (P1 + P2 + Produções textuais/ 2)/3 8 CRONOGRAMA 04/8 Apresentação da disciplina, do cronograma e dos critérios de avaliação. A acentuação gráfica a partir do Acordo Ortográfico de 1990 11/8 Noção de texto – Tipos de textos - Descrição, narração e dissertação / Produção Textual I 18/8 Polifonia e modalização na narrativa do texto jurídico / Atividade Prática I 25/8 Variações linguísticas: aspectos linguísticos e comunicativos; linguagem jurídica. Releitura e 1ª Reescrita da Produção Textual I 01/9 Organização das informações de forma clara e coesa: princípios gerais de redação. Análise de peça jurídica / Atividade Prática II 08/9 Textualidade, coesão e coerência / Atividade Prática III 15/9 PROVA 1 22/9 Narrativa simples e produção de relatório: características / Atividade Prática IV 29/9 Qualidade estilística da frase 2ª reescrita da PT I (a partir da correção da Profª.) 06/10 Estrutura do período simples e pontuação / Atividade Prática V 20/10 Estrutura do período composto e pontuação / Atividade Prática VI 27/10 Regência e crase / Atividade Prática VII 03/11 Problemas de construção Produção Textual II – redação de uma peça jurídica 10/11 Correção de exercícios: problemas de construção. Releitura e 1ª Reescrita da Produção Textual II 17/11 2ª reescrita da PT II (a partir da correção da Professora) 24/11 PROVA 2 01/12 Reserva técnica – Destinada à recuperação de Prova perdida por ausência justificada Devolução da PROVA 2 08/12 G2 Observações: Este cronograma tem caráter provisório. Qualquer alteração que venha ocorrer será informada ao aluno com antecedência. O desenvolvimento do conteúdo em aula pressupõe a leitura antecipada dos textos teóricos indicados. 9 BIBLIOGRAFIA 9.1 BIBLIOGRAFIA BÁSICA KÖCHE, V. S.; BOFF, O. M. B.; PAVANI, C. F. Prática textual. 6.ed. Petrópolis: Vozes, 2009. SARMENTO, Leila Lauar. Gramática em textos. 2.ed. São Paulo: Moderna, 2009. XAVIER, Ronaldo Caldeira. Português no Direito. Rio de janeiro: Forense, 2000. 9.2 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR AMBRÓSIO, Márcia. O uso do portfólio no ensino superior. Petrópolis, RJ : Vozes, 2013. BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna, 2001. CUNHA, Celso & CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 5. ed. Rio de Janeiro: Lexicon, 2008. FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristóvão. Prática de textos para estudantes universitários. Petrópolis: Vozes, 1992. GARCIA, Othon. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2002. KÖCHE, V. S.; BOFF, O. M. B.; MARINELLO, A. F. Leitura e produção textual. Petrópolis: Vozes, 2010. 3 SUMÁRIO AULA 01 Apresentação da disciplina, do cronograma e dos critérios de avaliação. A acentuação gráfica a partir do Acordo Ortográfico de 1990 04 AULA 02 Noção de texto – Tipos de textos - Descrição, narração e dissertação / Produção Textual I 04 AULA 03 Polifonia e modalização na narrativa do texto jurídico / Atividade Prática I 05 AULA 04 Variações linguísticas: aspectos linguísticos e comunicativos; linguagem jurídica. / Releitura e 1ª Reescrita da Produção Textual I 07 AULA 05 Organização das informações de forma clara e coesa: princípios gerais de redação. Análise de peça jurídica / Atividade Prática II 08 AULA 06 Textualidade, coesão e coerência / Atividade Prática III 12 AULA 07 Prova 1 14 AULA 08 Narrativa simples e produção de relatório: características / Atividade Prática IV 14 AULA 09 Qualidade estilística da frase / 2ª reescrita da PT I (a partir da correção da Prof.ª) 15 AULA 10 Estrutura do período simples e pontuação / Atividade Prática V 17 AULA 11 Estrutura do período composto e pontuação / Atividade Prática VI 18 AULA 12 Regência e crase / Atividade Prática VII 19 AULA 13 Problemas de construção / Produção Textual II – redação de peça jurídica 22 AULA 14 Correção de exercícios. / Releitura e 1ª Reescrita da Produção Textual II 23 AULA 15 2ª reescrita da PT II (a partir da correção da Prof.ª) 23 Referências 24 Anexo 25 4 AULA 01 CONTRATO DIDÁTICO Para o bom funcionamento de nossa disciplina, algumas combinações são necessárias. 1. Os alunos deverão manter-se sempre informados sobre o cronograma da disciplina e atualizados sobre os conteúdos desenvolvidos em aula. 2. Não serão respondidos e-mails sobre avaliações. Todo e qualquer contato deverá ser pessoal com a professora. 3. As provas e as produções textuais só serão resolvidas em aula. A ausência nas datas previstas para sua realização deverá ser justificada à secretaria do curso ou à professora por meio de atestado (médico ou de trabalho) ou comprovante de participação em evento da faculdade do aluno. 4. A recuperação de prova OU de produção textual perdida será feita na aula denominada “Reserva Técnica”, no final do semestre, antes da G2. O aluno somente poderá recuperar UMA das avaliações perdidas. 5. As datas finais de entrega de tarefas não serão prorrogadas, a menos que haja um impedimento institucional. 6. As atividades práticas a serem entregues fazem parte da aula dada e não são recuperáveis. 7. A nota das atividades práticas funcionará como nota de substituição de P1 ou de P2 desde que as questões propostas sejam devidamente respondidas no período estipulado. 8. A nota de G1 levará em conta as provas e as produções textuais. 9. O aluno deverá fazer-se presente em, pelo menos, 75% dos períodos desta disciplina, pois não serão abonadas faltas, a menos que haja autorização expressada secretaria do curso. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO 1. Duas provas, valendo 10,0 cada uma. 2. Duas produções textuais, valendo 10,0 cada uma. 3. O cálculo de G1 terá, então, a seguinte fórmula: (P1 + P2 + Média das produções textuais)/3 = G1 AULA 02 NOÇÃO DE TEXTO – TIPOS DE TEXTO Definição de tipo e gênero textual É impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum gênero, assim como é impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum texto. Esta visão segue a noção de língua como atividade social, histórica e cognitiva; privilegia a natureza funcional e interativa. A língua é tida como uma forma de ação social e histórica, que, ao dizer, também constitui a realidade sem, contudo, cair num subjetivismo ou idealismo ingênuo. Neste contexto os gêneros textuais se constituem como ações sociodiscursivas para agir sobre o mundo e dizer o mundo, constituindo-o de algum modo. Texto é uma entidade concreta realizada materialmente e corporificada em algum gênero textual. Discurso é aquilo que um texto produz ao se manifestar em alguma instância discursiva. O discurso se realiza nos textos. Domínio Discursivo É uma esfera ou instância de produção discursiva ou de atividade humana. Não são textos nem discursos, mas propiciam o surgimento de discursos bastante específicos: discurso jurídico, discurso jornalístico, discurso religioso, discurso político, etc. TIPOS TEXTUAIS São uma espécie de sequência teoricamente definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas). 1. Narração Verbo de mudança no passado, um circunstancial de tempo e lugar. Enunciado indicativo de ação. Ex.: Os passageiros aterrissaram em Nova York no meio da noite. 2. Argumentação Uma forma verbal com o verbo ser no presente e um complemento. Enunciado de qualidade. Ex.: A obsessão com a durabilidade nas Artes não é permanente. 3. Exposição (a) sintética pelo processo de composição: um sujeito e um predicado (no presente) e um complemento com um grupo nominal. Enunciado de identificação de fenômenos. Ex.: Uma parte do cérebro é o córtex; (b) analítica pelo processo de decomposição: um sujeito, um verbo da família do verbo ter (ou verbos como contém, consiste, compreende) e um complemento que estabelece com o sujeito uma relação parte-todo. Enunciado de ligação de fenômenos. Ex.: O cérebro tem dez milhões de neurônios. 4. Descrição Estrutura simples com um verbo estático no presente ou imperfeito, um complemento e uma indicação circunstancial de lugar. Ex.: Sobre a mesa havia milhares de vidros. 5. Injunção Um verbo no imperativo. Enunciados incitadores à ação. Podem assumir configuração mais longe, em que o imperativo é substituído por “deve”. Ex.: Pare! Seja razoável. São constructos teóricos por propriedades linguísticas intrínsecas e constituem-se em sequências linguísticas ou enunciados no interior dos gêneros; não são textos empíricos. GÊNEROS TEXTUAIS São realizações linguísticas concretas definidas por propriedades sociocomunicativas, constituindo-se em textos empiricamente realizados cumprindo funções em situações comunicativas. Abrangem um conjunto aberto e praticamente ilimitado de designações concretas determinadas pelo canal, estilo, conteúdo, composição e função. Exemplos de gêneros: telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, aula expositiva, reunião de condomínio, horóscopo, receita culinária, lista de compras, cardápio, instruções de uso, outdoor, resenha, inquérito policial, conferência, bate-papo virtual, etc. Os gêneros são, em última análise, o reflexo das estruturas sociais recorrentes e típicas de cada cultura. Adaptado de: MARCUSCHI, Luiz Antonio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola, 2008. 5 APLICAÇÃO NO DIREITO O profissional do Direito precisa dominar os tipos textuais para poder reconhecê-los adequadamente e utilizá-los nas mais variadas peças jurídicas com as quais deverá trabalhar. É comum que elas apresentem mais de uma estrutura em sua organização, como se pode ver no esquema a seguir. Extraído de: Interpretação e produção de textos aplicadas ao Direito. Curso de Direito — Coletânea de Exercícios. Curso de Direito da Universidade Estácio de Sá. Narrativa simples e narrativa valorada no discurso jurídico Na narração de uma peça processual, constam os fatos importantes do caso concreto, já que, para o reconhecimento de um direito, parte-se do fato gerador do conflito. Essa narração, no entanto, poderá ser parcial ou imparcial: no primeiro caso, envolverá aspectos subjetivos, oriundos da percepção do profissional do Direito, o que a caracterizará como narrativa valorada; no segundo, apenas aspectos objetivos, baseados nas evidências, o que a caracterizará como narrativa simples. A estruturação da narrativa simples é a que demanda mais esforços do produtor do texto, porque a tendência nos discursos é a presença de adjetivação constante, o que, em tese, aumenta seu poder de persuasão. EXERCÍCIO ANALISE A PETIÇÃO A SEGUIR A PARTIR DOS ITENS ABAIXO. 1. Identifique os tipos de texto presentes (descrição, narração, exposição, argumentação, injunção) na petição. 2. Transcreva três frases em que haja presença de valoração. 3. Corrija os trechos destacados em negrito e devidamente identificados com as letras do alfabeto. a) ______________________________________________________________________ b) ______________________________________________________________________ c) ______________________________________________________________________ d) _____________________________________________________________________ EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ....ª VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA DE ................................................. (qualificação), portador da Cédula de Identidade/RG nº ...., residente e domiciliado na Rua .... nº ...., por meio de seus procuradores infra firmados, com escritório na Rua .... nº ...., vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE com fundamento no art. 282 do Código de Processo Civil cumulado com a Lei nº 8.560/92, contra .... (qualificação), com endereço comercial na Rua .... nº ...., ou Rua .... nº ...., em ...., Estado do ...., pelas razões de fato e fundamentos de direito que passa a expor: A mãe do requerente, moça simples, de poucas posses, trabalhou no Hospital .... desde o ano de .... até .... (carteira de trabalho em anexo). Porém, em meados de .... de ...., internou-se, no referido hospital, o senhor ...., pai do investigado. A partir de tal fato, .... (o investigado) e seu irmão ...., tornaram-se presenças constantes no local. Desde então, (a) os encontros que se davam nos corredores do hospital, de (b) forma meramente casuais, tornaram-se frequentes e propositais. O investigado e seu irmão começaram a abordar .... e sua amiga ...., respectivamente. (c) As moças de origem humilde, deixaram-se envolver pelos rapazes ricos que as cortejavam. Então, os encontros começaram a acontecer na casa de um amigo em comum, no Edifício ...., e até mesmo na residência do investigado, um apartamento localizado em cima da loja ...., quando da ausência de sua mulher. O namoro, que durou vários meses, tornou-se sério e consequentemente íntimo, sendo que à época deste coincide com a da concepção do autor. Durante o romance a mãe do requerente teve uma conduta de total fidelidade para com seu companheiro. Entretanto, quando soube da gravidez, o investigado terminou o relacionamento, abruptamente, sem dar qualquer satisfação. Após o rompimento a mãe do Requerente se viu totalmente desamparada, com a responsabilidade de criar o filho sozinha. Dedicando-se exclusivamente para tal, a mãe do Requerente não veio a secasar devido ao trauma causado pelo abandono. Deve-se ressaltar que a paternidade do Autor nunca foi escondida do investigado. Porém, a mãe do Requerente apenas não procurou os direitos de seu filho antes por ser (d) humilde e, porque teve medo de represálias, uma vez que fora ameaçada em todas as oportunidades que reivindicou a paternidade do investigado. PRODUÇÃO TEXTUAL I - Tarefa a ser entregue em aula - AULA 03 Polifonia e Modalização narrativa do texto jurídico. O discurso jurídico é dotado de polifonia. Ou seja, além da voz narradora, outros elementos estão presentes como vozes. É o caso das partes, testemunhas, autoridade. Para introduzi-los no discurso, pode-se usar a referência direta ou indireta, por meio de citações e paráfrases. 6 As paráfrases e citações constituem um recurso frequente nos textos jurídicos. Para introduzi-las, utilizam-se os verbos dicendi: dizer, afirmar, declarar, etc. Dessa forma, garantimos neutralidade ao discurso, deixando a carga interpretativa para a voz introduzida. Entretanto, se utilizarmos verbos como “destacar”, “garantir”, “asseverar”, “ponderar”, introduzimos uma informação extraperceptível via interpretação. Assim se constrói a modalização/modulação do discurso. Vale destacar que o discurso direto atribui veracidade ao que foi enunciado, enquanto o indireto possibilita ao narrador carregar o enunciado de marcas expressivas (modalizações) que melhor atendam às suas intenções. Observe: (1) João Pedro disse: “Não vou lhe avisar outra vez.” João Pedro disse que não ia lhe avisar outra vez. João Pedro advertiu que não ia lhe avisar outra vez. (2) Marcos garantiu que não tinha sido ele. Marcos disse que não tinha sido ele. Marcos alegou que não tinha sido ele. (3) João Carlos da Silva escapou. João Carlos se safou. Janjão escafedeu-se. (4) O candidato ganhou as eleições por uma diferença de 45% dos votos. O candidato arrasou nas eleições por uma diferença de 45% dos votos. O candidato deu um banho nas eleições por uma diferença de 45% dos votos. Modalidade do discurso A polaridade e a modalidade são recursos interpessoais da linguagem. A polaridade ocorre em respostas a perguntas do tipo sim/não. A modalidade, por sua vez, pode ocorrer como probabilidade, usualidade, obrigação e prontidão. A probabilidade e a usualidade servem a proposições (declarações e perguntas). É o caso propriamente dito de modalização. A obrigação e a prontidão, por sua vez, servem a propostas (ofertas e comandos). É o caso da modulação. Valores da modalidade: Sempre com base na polaridade, a modalidade pode trazer um grau alto, médio ou baixo de julgamento. – Grau alto: “certamente”, “sempre”; – Grau médio: “provável”, “usualmente”; – Grau baixo: “possível”, “às vezes”. A função interpessoal também ocorre por meio do metadiscurso. O metadiscurso consiste em “comentários” do locutor que permeiam seu discurso. O metadiscurso pode ser analisado por meio de seus índices (tarefa da interpretação). Índices do metadiscurso: Marcadores ilocucionais: – “afirmo”, “prometo”, “discuto”, “por exemplo”... Narradores: – “O diretor informou que...” Salientadores: – “mais necessário”, “mais importante”... Enfatizadores: – “sem dúvida”, “é óbvio”, “é lógico”... Marcadores de validade: – “pode”, “deve”, “talvez”... Marcadores de atitude: – “infelizmente”, “é incrível que”, “curiosamente”... Comentadores: – “talvez você queira...”, “meus amigos” e todas as formas de vocativo, “vocês poderão”... Adaptado de: TEIXEIRA, Leonardo. Português Jurídico. 3. ed. Fund. Getúlio Vargas: Direito Rio, 2010. Disponível em: http://academico.direito- rio.fgv.br/ccmw/images/a/ae/Portugu%C3%AAs_Jur%C3%ADdico.pdf. Acesso em: 19 fev. 2014. ATIVIDADE PRÁTICA I Relato 23 ( Assédio Moral no Trabalho e CIPA) Sou Márcio*, tenho pouco mais de 40 anos e estou aqui para contar a vocês a minha história. (...) Fui metalúrgico há alguns anos atrás, mas em 2009, devido à crise econômica de 2008, mudei para o setor alimentício e iniciei minhas atividades no interior de Minas Gerais. Fui contratado como encarregado de fábrica, no 3º. Turno, onde tinha cerca de 50 pessoas subordinadas a mim, com inteira responsabilidade em segurança, metas e produtividade. Sempre fui um líder tido como carismático dedicado à Empresa e a atender as necessidades da equipe. Em outubro de 2010, com muita resistência da Empresa, fui eleito como o mais votado para representar os trabalhadores na CIPA. Desde então minha vida se tornou um inferno. Dias após a contagem dos votos fui afastado das minhas atividades de encarregado e passei a ser um “suporte” para a produção. Minhas atribuições passaram a ser buscar vassouras e outros produtos no Almoxarifado. A empresa fez de tudo para me obrigar a pedir demissão. Trocas de horário, negação do vale transporte, cancelamento de férias – dias antes – sem qualquer motivo, impedimento de acesso às atas de reuniões da CIPA, e outros. Felizmente, pude contar com a solidariedade de um colega, antigo subordinado, que, indignado, gravou o que me estava acontecendo. Guardei e-mails, documentos e fotos que, hoje, comprovam minhas denúncias. Neste período, ao buscar produtos químicos para o operador da caldeira, por falta de treinamento, tive as duas pernas queimadas por produto corrosivo. A Empresa não me encaminhou ao médico do trabalho, fez de tudo para abafar o ocorrido e me afastar definitivamente do contato com os trabalhadores. Para dar continuidade ao meu isolamento colocaram-me em um quartinho fechado, com uma pequena janela para exercer as atividades de entrega de material. Fui mantido nesse ambiente insalubre por quase um ano, sem água potável e exposto a muitos produtos de risco, inclusive Peróxido, que é um explosivo. 7 Diante de todo o isolamento e constrangimento sofridos, minha saúde mental foi muitíssimo afetada e passei a desejar o suicídio - em duas ocasiões tive forte desejo de me jogar à frente de um carro. No dia 01/11/2011, quase sem memória, fui levado a um psiquiatra que constatou o meu transtorno (F41.9) – alguns dias após estava buscando ajuda de um psicólogo. Neste mesmo dia passei também por outro médico que constatou as queimaduras químicas em minhas pernas. Estas, ocorridas há oito meses, quando a empresa me mantinha trabalhando em ambiente fechado. Na época das queimaduras, a empresa não abriu uma CAT, assim como também se recusava a abrir uma CAT por ansiedade e depressão decorrentes do ambiente de trabalho. Mas os meus médicos abriram e o INSS reconheceu com benefício B91 (Auxílio doença acidentário, que é um benefício dado em consequência de afastamento do trabalho por motivo de acidente do trabalho, do qual resulte incapacidade temporária para o trabalhador em consequência das sequelas causadas pelo evento infortunístico, sendo que o valor do benefício corresponde a 100% do salário e deve ser pago enquanto o segurado se encontrar incapacitado para o trabalho). Mesmo afastado e em tratamento, o RH da empresa me convocou e fui ameaçado tremendamente, com intimidações e calúnias, o que causou grande piora ao meu estado de saúde, necessitando de duplicação das dosagens de medicação, fazendo, inclusive, com que o período de afastamento fosse estendido. (Graças a Deus todo o diálogo foi gravado, o que comprova a minha denúncia). O INSS me deu alta após seis meses de licença por saúde mental iniciada em 01/11/2011. Após 16 dias de retorno da licença pelo INSS a empresa me encaminhou ao médico do trabalho (da empresa) pela primeira vez. Este, por sua vez, atestou que eu não tinha condições de voltar ao trabalho e me devolveu ao INSS com diagnósticos diferente do que havia sido concedido pelo INSS quando do afastamentopor seis meses. Então, fui encaminhado para casa pela empresa para aguardar até que eles agendassem esta nova perícia. Depois de 22 dias em casa me ligaram informando a data da perícia. Em resumo, estou há meses sem salário, sem qualquer ajuda por parte da Empresa, ainda sofrendo de depressão, e com as pernas sequeladas pelas queimaduras. Há, inclusive, um pedido de aposentadoria por invalidez na Justiça Federal. O único suporte que recebo hoje é do Sindicato da Alimentação de São José dos Campos, ao qual aproveito o momento para agradecer, na pessoa do seu diretor, Sr. Júlio. E claro que não posso deixar de agradecer a Deus, e aos meus irmãos da Igreja Batista, que têm me dado suporte espiritualmente e em vários momentos me suprindo em alimentos e ajuda financeira. Sou o testemunho vivo de quem foi assediado e perseguido por fazer parte da CIPA e por promover segurança no trabalho. Hoje estou com um processo trabalhista na 2ª. Vara de Pouso Alegre, no aguardo por audiência. Já enviei carta à Comissão de Direitos Humanos e formalizei denúncia aberta ao Ministério Público do Trabalho para que TODOS possam ter acesso ao processo. Não há um dia sequer em que tudo que vivi e sofri não passe como um filme em minha cabeça. Tudo ainda é muito difícil, e não há em mim alegria alguma enquanto escrevo, já que continuo fazendo uso, contínuo, de calmantes e antidepressivos. Quero que este caso venha a público para que outros assediados não se calem, e para que outros colegas se solidarizem, com seus colegas, quando presenciarem alguma situação de assédio, que gravem e documentem o ocorrido, para que maus empregadores sejam punidos e para que pessoas como eu, não percam a alegria e a dignidade – que o trabalho honrado é capaz de proporcionar. Porque esta prática nefasta pode matar ou invalidar o ser humano, para o resto da vida. Adaptado de: http://www.assediados.com/2012/09/relato-23-assedio-moral-no-trabalho-e.html. Acesso em: 01 jun. 2013. *(Nome fictício) FAÇA A NARRAÇÃO SIMPLES DOS FATOS, COM BASE NO RELATO ACIMA. LEMBRE-SE DE QUE VOCÊ DEVE EVITAR A MODALIZAÇÃO, POIS ELA TRARÁ VALORAÇÃO A SUA NARRATIVA. AULA 04 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA, MODALIDADES DE LINGUAGEM E PRODUÇÃO DO TEXTO ESCRITO. a) As línguas não são unas. b) O uso de uma dada variante linguística confere identidade ao falante porque o inclui num grupo social bem específico. c) Há um julgamento social sobre as variantes (certo/errado, feia/bonita). d) Há maior evidência de variação na pronúncia e no vocabulário. e) São quatro os tipos de variação: 1) as regionais, chamadas de diatópicas; 2) as identificadoras de grupos sociais, chamadas de diastráticas; 3) as marcadas pelas situações de comunicação, chamadas de diafásicas; e 4) as provocadas pelo tempo, chamadas de diacrônicas. f) Fala e escrita são duas modalidades distintas. FALA ESCRITA a) Situação de interlocução a) Situação de não interlocução – referências necessárias. b) Alternância de papéis de falante e de ouvinte. b) Sem alternância de papéis. c) Planejamento e execução concomitantes c) Sem marcas de planejamento e de execução (texto pronto) d) Períodos curtos e mais simples. d) Períodos longos e complexos, especialmente orações subordinadas. e) Turnos (intervenção de cada falante) e tópicos (assuntos de que se fala) – unidades de sentido. e) Parágrafos, capítulos, etc. – unidades de sentido. f) Envolvimento do interlocutor no texto do outro. f) Não envolvimento do interlocutor. 8 g) É preciso compreender o fenômeno da variação e entender que escrita e fala são duas modalidades diferentes da linguagem, para daí tirar duas conclusões a respeito da produção dos textos escritos: 1) a menos que o texto escrito queira simular a fala, não deve aparecer nele nenhuma característica do texto falado: frases truncadas, marcas da presença de um interlocutor, sinais do planejamento e da elaboração, etc.; 2) os textos científicos, técnicos, jornalísticos só admitem a chamada norma culta; outros textos, para marcar a identidade do narrador ou de personagens, permitem o uso de outras variantes, desde que elas sejam adequadas à identidade que se quer construir (não se pode fazer um baiano falar como um gaúcho). Adaptado de: SAVIOLI, Francisco e FIORIN, José Luiz. Manual do Candidato – Português. 2. ed. Brasília: FUNAG, 2001. LINGUAGEM JURÍDICA • É linguagem. – Conjunto de signos e enunciados (frases e textos) que o Direito emprega. • É jurídica. – Linguagem da norma, da decisão, da convenção, das declarações, das negociações, das relações, do ensino. A existência da linguagem jurídica é atestada por uma reação social e confirmada por observação linguística: 1. Não é compreendida imediatamente por um não jurista 2. Alguns termos têm pertinência jurídica exclusiva (“obstáculo linguístico”) • Linguagem de grupo – Normalmente é falada por um grupo (legislador, juiz e profissionais do direito) – Linguagem da comunidade jurídica • Linguagem popular – Seu uso não é exclusivamente interno – destina-se a todos os sujeitos ao Direito; é popular quanto à destinação – Princípio da não ignorância: exige clareza. – É popular, em tese, quanto à criação. • Todos têm direito de participar de sua criação • Linguagem técnica – Tem precisão terminológica. – É instrumental. – A tecnicidade exclui da linguagem jurídica a comunicação natural. • Linguagem tradicional – É um legado da tradição, da história. – Há menos perdas, pois menos termos caem em desuso e, por isso, em relação à língua cotidiana, alguns surgem como arcaísmos. – Apesar do tradicionalismo, a linguagem jurídica não é fixa, evolui (normalmente por força da lei). • Linguagem plural – Assume uma pluralidade de funções. – É instrumento de elaboração das leis, dos julgamentos, da ciência do Direito, dos contratos. – Acompanha o direito em todos seus canais de comunicação e realização. Existem vários níveis da linguagem jurídica: Legislativo, Judiciário, Administrativo, Doutrinário. Além disso, é utilizada em processos de comunicação mais abertos (juristas – leigos) e mais fechados (juristas - juristas) VOCABULÁRIO JURÍDICO (Veja Anexo, p. 26) • É o conjunto de palavras utilizadas pela Linguagem Jurídica – Palavras do nível culto + palavras próprias RELEITURA E 1ª REESCRITA DA PRODUÇÃO TEXTUAL I ROTEIRO PARA ANÁLISE DE SEU TEXTO VERIFIQUE 1. se suas frases são completas, ou seja, se elas têm SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTOS. Ex. [(Nós)] [Tínhamos [um grande apreço pela professora]] 1 Suj. 2 Verbo 3 Complemento 2. se a grafia das palavras está correta. Ex. engressar ou ingressar? / a dois anos ou há dois anos? 3. se os parágrafos apresentam apenas uma ideia desenvolvida, se o texto for dissertativo-argumentativo. (Se apresentam mais de uma, você deve separá-los.), OU se os fatos estão adequadamente narrados – encadeados e claros. 4. se o texto comunica o que você quer dizer. (Tente reduzi-lo a uma frase ou duas; assim, saberá se comunicou, ou não, o que você queria.) REESCREVA SEU TEXTO, FAZENDO OS AJUSTES NECESSÁRIOS, E ENTREGUE AS DUAS VERSÕES À PROFESSORA. AULA 05 ORGANIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES DE FORMA CLARA E COESA Princípios gerais de redação 1. Verdade A boa redação deve necessariamente respeitar a verdade. Falar a verdade e, mais ainda, registrá-la por escrito é um dever ético, um ato de cidadania e de respeito aos direitos humanos, indispensável na convivência social. Por isso, o texto escrito deve expressar conceitos que julgamos verdadeiros. A mentira, o subterfúgio, o propósito de enganar não podem fazer parte do nosso código de conduta. Quem escreve deve ater-se a fatos e realidades,não podendo perder-se em fantasias, opiniões pessoais ou divagações. [...] Quando se trata de textos jurídicos, é imposição legal que os fatos devem ser expostos em juízo conforme a verdade; não podem ser formuladas pretensões, nem alegada defesa, destituídas de fundamento (artigo 14 do Código de Processo Civil); a lei pune o litigante de má-fé, ou seja, aquele que alterar a verdade dos fatos (art. 17, II do mesmo 9 Código). Então, o primeiro dever do bom redator é procurar alcançar a verdade naquilo que escreve, evitando todo desvio de argumentação, sofismas ou imprecisões, que esvaziam o bom texto. 2. Clareza O segundo princípio da boa redação é a clareza. Expressar o pensamento sem obscuridade é uma arte, que exige muito exercício, até que o redator se acostume a escrever de forma simples, com frases curtas e objetivas, de fácil compreensão para o leitor. Certa vez um juiz escreveu na sentença: “Relativamente aos depoimentos das testemunhas arroladas pelo requerido, são cheias de evasivas, exceção feita à ex-companheira, a qual afirma a existência de um imóvel que foi vendido e o valor rateado entre ambos, o mesmo ocorrendo com um veículo entre ambos adquirido, anotando mais que haviam adotado um filho durante a vida em comum, sendo que o requerido não pagava pensão para a criança porque o pai, ao falecimento, deixou o mesmo como seu beneficiário, sendo que o réu vem pagando um plano de saúde” É difícil entender todas essas informações, misturadas numa única frase, que trata ao mesmo tempo de testemunhas, ex-companheira, imóvel, veículo, filho adotado, pensão, falecimento e (ufa!) um plano de saúde. Aí está um bom exercício de redação: reescrever esse texto, tornando-o legível e compreensível. Ou, alternativamente, podem tentar aclarar este conceito, expresso por um acadêmico: “Direito, a meu ver, é o fenômeno social e só existe, pois a sociedade necessita do mesmo. Sem sociedade não se teria direito, pois o mesmo não vive sem a mesma”. [...] 3. Coerência Uma boa redação deve ser coerente. A palavra “coerência” (do latim “co-haerentia”, ligação, harmonia) indica a conexão ou nexo entre os fatos, ou as ideias; lógica. Ou seja: é necessário ter um discurso lógico, se possível calcado no modelo do silogismo, pelo qual, postas duas premissas, segue-se uma conclusão. O importante é não se contradizer: uma vez adotada uma tese, ou escolhido um ponto de vista, cumpre desenvolver o raciocínio pertinente até o fim, usando argumentos bem encadeados. [...] Vale lembrar que o Código de Processo Civil considera inepta a petição inicial, entre outras hipóteses, quando “da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão”, ou quando “contiver pedidos incompatíveis entre si” (incisos II e IV do parágrafo único, do art. 295). Daí a responsabilidade do advogado ao redigir a inicial, sem dúvida a peça mais importante do processo. E a própria escolha do tipo de ação a ser ajuizada é tarefa das mais árduas, que exige o máximo de cuidados técnicos, bom senso e diligência. O mesmo ocorre com o juiz, que deverá observar os requisitos essenciais da sentença (art. 458 do CPC), o que às vezes envolve questões muito complexas, nas quais a lógica e a clareza da expressão disputam, ao lado da verdade, a primazia da boa redação. 4. Concisão A palavra CONCISÃO, do latim concisione, indica o ato de cortar, de partir em pedaços; conciso significa cortado, curto, limitado. [...] Escrever de forma concisa, ou escrever com concisão, quer dizer ser objetivo, direto, não repetir ideias ou palavras, não alongar o texto desnecessariamente. [...] Nosso Código de Processo Civil é severo no policiamento da linguagem, reiterando preceitos tendentes a evitar os abusos - art. 282 (requisitos da petição inicial) - art. 302 ("na contestação, cabe ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na petição inicial") e assim por diante. Não seria necessário que a lei fizesse tais observações, se todos - advogados, promotores, juízes - cuidassem de escrever de forma concisa, apenas o necessário. A citação de autores, obras jurídicas, textos legais deve limitar-se ao essencial; inútil transcrever matéria estranha, precedentes de jurisprudência repetidos, que nem sempre se aplicam com pertinência ao caso. [...] Enfim, aqui fica uma sábia lição do jesuíta espanhol Baltasar Gracián, da obra "A arte da prudência", escrita em 1647: "A brevidade é agradável e lisonjeira, além de dar mais resultado. Ganha em cortesia o que perde pela concisão. As coisas boas, se breves, são duplamente boas. Todos sabem que o homem prolixo raramente é inteligente. Diga brevemente e terá bem dito". 5. Correção A correção constitui o quinto princípio da boa redação. É preciso escrever em linguagem correta, que observe as regras gramaticais básicas; caso contrário, o leitor, se tiver razoável conhecimento do idioma, logo perceberá a insegurança do redator e não confiará no texto que está lendo. Se o leitor não confia em quem escreve, fica incompleta a comunicação emissor-receptor e ambos perdem tempo. A experiência indica que primeiro se deve escrever, compor um texto, em torno do qual se irá trabalhar. Não importam eventuais erros, porventura cometidos na primeira redação. Importa sim é colocar as ideias no papel, para que se possa visualizar o conjunto de palavras. Daí vem a segunda etapa: ler o que está escrito e começar a corrigir. A correção quase sempre inclui uma série de cortes: riscam-se (deletam-se) palavras inúteis, “enxuga-se” o texto, suprimindo tudo o que for dispensável. Se for o caso, é melhor reescrever – começar nova redação, se a primeira se apresenta imperfeita, a tal ponto que parece estar inteiramente errada (“não era isso que eu pretendia dizer...”). Feita essa primeira correção, não custa ir ao dicionário para esclarecer algumas dúvidas. Ao dicionário, ou à gramática, ou ainda aos manuais de redação, que sempre devemos ter à mão. Assim, aos poucos, o texto vai se aperfeiçoando e ficará “no ponto” que consideramos satisfatório. Sempre que possível, vale a pena guardar a redação por um dia, deixar que descanse uma noite – no dia seguinte, parece que as dúvidas se desfazem, as ideias estão mais claras. A leitura do texto nos indicará, então, o caminho definitivo: eis a nossa redação concluída, sem pressa, sem afobação e, acima de tudo, correta, o que é motivo de satisfação para nós e, queira Deus, para o nosso leitor... Embora hoje em dia haja certa tolerância com o uso da linguagem incorreta, o bom redator não se permite usar expressões inadequadas, tais como “sendo que”, “através” (em lugar de “por meio de”), “o mesmo” (usado como pronome pessoal, em lugar de “ele”), “inclusive”, “com certeza” etc. [...] 10 6. Precisão [...] Em primeiro lugar, é necessário planejar o texto a ser escrito. Um breve resumo, um esquema, anotações, um rascunho – qualquer coisa deve anteceder a redação, que há de seguir um roteiro, pelo qual se definirão as dimensões do trabalho. [...] Em segundo lugar, a precisão importa no uso de substantivos e verbos, em lugar de adjetivos, advérbios e outras expressões vagas e vazias. Não se devem usar expressões como “um grave acidente aéreo, no qual morreram todos os ocupantes do avião” (todo acidente aéreo é grave); “um incêndio pavoroso destruiu totalmente a favela” (o fato em si dispensa o comentário “pavoroso”; o advérbio “totalmente” é dispensável, pois “destruiu a favela” já indica sua destruição total); “a vítima foi despojada de todos os seus haveres” (o adjetivo “todos” é dispensável); “o recurso é completamente intempestivo” (se o recurso está fora de prazo, é intempestivo; se está no prazo, é tempestivo – não existe “completamente intempestivo”). A precisão da linguagem jurídica também envolve o uso adequado das expressõespróprias da lei, que devem ser adotadas na redação, de preferência a sinônimos ou palavras estranhas ao vocabulário técnico (p.ex. parâmetro, em lugar de critério, princípio etc.; referencial, diferencial e outras palavras inadequadas à linguagem jurídica). E não há mal em repetir palavras de uso específico (ex. hipoteca, penhora, usucapião), como aliás determina a lei: “expressar a ideia, quando repetida no texto, por meio das mesmas palavras, evitando o emprego de sinonímia com propósito meramente estilístico” (Lei Complementar nº 95, de 26 de fevereiro de 1998) (ver “Redação de atos normativos”, neste volume). 7. Simplicidade A palavra “simples” (do latim simplice, simples, só, isolado, sem dobras, ao contrário do complicado, que significa dobrado, enrugado, enrolado) indica exatamente o que é natural, não artificial, não composto. Escrever com simplicidade é uma das coisas mais difíceis que existem, pois a tendência natural dos que se consideram eruditos parece levá-los a complicar um pouco o texto, usar palavras difíceis, citações excessivas, como se isso significasse valorizar o que escrevem. Puro engano: os melhores redatores sabem escrever bem simples. Acontece que o ato de escrever envolve a própria personalidade humana, como disse Dale Carnegie: “Use a linguagem que quiseres que nunca poderás dizer senão aquilo que és”. Daí a dificuldade da redação de um texto limpo, claro, simples e direto: a vaidade e o desejo de mostrar-se culto levam à busca da redação sofisticada, assim como pessoas que se julgam feias se vestem às vezes de roupas mais vistosas para disfarçar suas supostas imperfeições físicas... [...] 8. Conhecimento [...] Na verdade, para escrever bem, é necessário conhecer o assunto, pesquisá-lo, elaborar um esquema a ser desenvolvido e, só então, redigir o texto. A precipitação dos estudantes nas provas escolares é bem conhecida: diante de questões que ignoram, passam a “chutar” as respostas, ou ficam divagando, enrolando, escrevendo com letra bem miudinha ou difícil de ler, na tentativa de “enganar” o professor. Pode ser que esse “método” às vezes dê certo (a cola é a mais tradicional forma da esperteza estudantil), mas sabemos que tais experiências, ou demonstrações de imaturidade, não asseguram um futuro feliz: para saber escrever e ter o que escrever é preciso estudo, leitura, reflexão e prática de redigir. Outro ponto: o redator precisa de versatilidade para substituir aquilo que ele ignora. Por exemplo: quando há dúvida sobre o emprego de uma palavra ou de uma expressão, o caminho mais curto e mais certo é mudar o texto, substituindo a palavra ou a expressão por outra que o redator conheça melhor. Assim, se vou escrever “haja vista os exemplos citados”, mas fico em dúvida se está certa a expressão (no caso, está!), é melhor mudar para “em vista dos exemplos citados”. Não se perca tempo com a dúvida: é melhor substituir logo e seguir com a redação. Outro exemplo (infinito pessoal): “Fazia os alunos copiar as perguntas” (será melhor “fazia os alunos copiarem as perguntas”?) – escreva- se “fazia que os alunos copiassem as perguntas”. E assim por diante. É claro que, quando há tempo disponível, não custa buscar a solução da dúvida, recorrendo à gramática, ao dicionário etc. Mas, em geral, é mais fácil e mais prático substituir palavras e expressões em dúvida, do que usá-las incorretamente, com prejuízo da boa redação. 9. Dignidade A boa redação é elegante. Escrever com elegância significa escrever com escolha, com gosto, com distinção (em latim, elegantia vem de eligere, eleger, escolher). A linguagem elegante é elevada, trata os temas com dignidade, usa palavras selecionadas. Na redação jurídica, acadêmica ou formal, não se deve empregar gíria, gracejos, modismos, lugares-comuns; nesses casos, é preciso que o texto obedeça aos rigores da linguagem culta, sem exagero de preciosismos, mas sem o abuso da vulgaridade e do popular. Uma piada, uma “gracinha” mal colocada, às vezes uma simples vulgaridade baixa o nível da redação e faz o leitor perder a concentração; a partir daí, é difícil retomar o discurso e manter a atenção e o interesse pelo texto. Os modismos veiculados pela televisão (“super legal”, “hiper feliz”, “lindo de morrer”, “com certeza”) devem ser banidos: não fazem parte do nosso vocabulário. [...] Por fim, é necessário evitar o óbvio. Uma vez, um aluno escreveu: “A sociedade se compõe de homens e mulheres que lutam pela vida, nascem, crescem e morrem”. E outro: “Vigência significa que a lei deve estar em vigência”. Outro: “É preciso o nosso povo votar nas pessoas que são capazes de mudar ou pelo menos tentar mudar o retrato da realidade do Brasil, onde sobrevalece (?) miséria, fome, desemprego, educação, saúde etc”. Por fim, mais este: “Como podemos ver, o problema da violência é bastante genérico e está longe de ser resolvido”. Banalidades, considerações óbvias e inúteis, sem conteúdo, que nada dizem e nada significam. 10. Criatividade Escrever com amor é o melhor meio de escrever bem. Quem gosta do que faz realiza seu trabalho com prazer e realiza-o bem; os preguiçosos, os descontentes chocam-se contra as palavras, nelas não encontram nem doçura nem dureza, sofrem quando precisam escrever e, quando escrevem, fazem os outros sofrerem na leitura de textos pesados, vazios, que causam tédio. [...] 11 O estudante de direito em geral se defronta com leituras áridas, de juristas às vezes excessivamente técnicos, que não se permitem a liberdade de escrever com o sentimento, porque vivem algemados à lógica e à razão. Em compensação, muitos autores escrevem com simplicidade e clareza, o que não impede que adotem as boas lições dos clássicos e saibam redigir com elegância e fino lavor literário. Cabe ao estudioso escolher o autor que mais de perto lhe fale à sensibilidade; uma vez feita a escolha certa, o estudo se torna muito mais proveitoso e interessante. Escrever é criar: criar é um ato de amor. O bom estudante é sempre um estudioso; o bom profissional (advogado, magistrado, professor), dedica-se à leitura, à pesquisa e ao esforço de renovação de ideias e conceitos, o que se reflete na redação de textos, nos quais se descortinam novos pedaços de infinito. Adaptado de: GERMANO, Alexandre Moreira. Técnica de redação forense. 2006. Disponível em: http://www.tjsp.jus.br/Download/pdf/TecnicaRedacaoForense.pdf. Acesso em: 18 fev. 2014. ATIVIDADE PRÁTICA II 1. Analise a linguagem utilizada nas duas peças jurídicas a seguir para verificar sua clareza e coesão. Para isso, leve em consideração a cronologia dos fatos, a organização das informações e a linguagem técnica empregada pelos autores. 2. Elabore um parágrafo (de 10 a 15 linhas) em que você estabeleça semelhanças e diferenças entre as duas peças. PEÇA I EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA DE CAMPINA GRANDE-PB PAULO CAVALCANTE SILVA, brasileiro, viúvo, motorista, portador da Carteira de Identidade nº .................- PB e inscrito no CPF sob o n°......................., residente e domiciliado na Rua ........., n. ...., bairro ...., nesta cidade, por sua advogada que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua........................................., nº ......., centro, nesta cidade, onde receberá intimações, vem, perante este Juízo, propor AÇÃO DE INTERDIÇÃO contra ANA PAULA SOUZA SILVA, brasileira, solteira, do lar, portadora da Carteira de Identidade nº ................ e do CPF ................, residente e domiciliada no endereço supracitado, pelos motivos que a seguir expõe. A interditanda, que é filha do autor e tem atualmente 30 anos de idade (Certidão de Nascimento anexa), sofre de retardamento mental, observado desde a infância (atestado médico anexo). Apesar de ter feito tratamento médico, nunca apresentouqualquer melhora neste quadro de retardamento, de forma que não é alfabetizada, não sabe andar sozinha pela cidade, não consegue efetuar compras, faz uso de medicamento para dormir, enfim, vive em casa com sua família e não tem qualquer atividade social; em seu dia a dia, apenas consegue realizar pequenas tarefas domésticas que não dependam de raciocínio. Devido a esta enfermidade, a interditanda é absolutamente incapaz de exercer os atos da vida civil, razão por que vive sob os cuidados do autor, ressaltando-se que a referida enfermidade se agravou desde a morte de sua mãe, ocorrida há três anos. Por oportuno, é necessário acrescentar que ela não possui rendas nem bens. No entanto, tendo em vista sua maioridade civil da interditanda, o interditante necessita da declaração judicial de sua incapacidade, a fim de poder continuar cuidando de seus interesses. Ante o exposto, com fundamento no artigo 1.767 e ss. do Código Civil, requer: a) os benefícios da justiça gratuita, com fundamento na Lei 1.060/50, uma vez que o interditante não tem condições financeiras de pagar as custas processuais sem prejuízo de seus alimentos e dos de sua família, conforme declaração anexa; b) a intimação do representante do Ministério Público para que acompanhe o feito até seu final; c) a citação da interditanda no endereço supracitado, para comparecer à audiência que será designada por este Juízo a fim de ser interrogada e para, se quiser, oferecer resposta no prazo legal, sob pena de sujeitar-se aos efeitos da revelia. d) que seja decretada a interdição de ANA PAULA SOUZA SILVA, nomeando-se como seu curador o autor, Sr. Paulo Cavalcante Silva, e expedindo-se o edital e mandado referidos no art. 1.184, do Código de Processo Civil. Provará o que for necessário por todos os meios de prova permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos, laudo médico, depoimento das partes e oitiva de testemunhas, que comparecerão à audiência independentemente de intimação e cujo rol será apresentado no prazo legal. Dá à causa o valor de R$ 510,00 (quinhentos e dez reais), para efeitos fiscais. Termos em que pede deferimento. Campina Grande, .... de ............... de 2010 Disponível em: https://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:4ooaHkBdP24J:direito20112.files.wordpress.com/2012/03/a-narrac3a7c3a3o-dos-fatos.docx+&hl=pt- BR&pid=bl&srcid=ADGEESiiPRrFelPHPbkXr8QaB3XY6BZ4iTfwLG54Rc7KEHZ7ULgTd91ewhRr57mwypd47Tn89wMV3arBkBo7sDC1SWUGW70hZkX7Hc7803F6TS6 qY4uVHRcujo6naIiT5B2NlCUuDG47&sig=AHIEtbR6elF6Hgd1SiUF_4uv4bD1THmicw. Acesso em: 18 mar. 2013. PEÇA II AÇÃO DE INDENIZAÇÃO CONTRA VENDEDOR DE IMÓVEL QUE NÃO LHE PERTENCIA O réu consubstanciou contrato de compromisso de compra e venda de um bem, cuja propriedade não lhe pertencia. Foi previsto arras, cumpridas pelo promissário comprador. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA …. ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE …. ………………………………, pessoa jurídica de direito privado, com sede na comarca de …., na Rua …. nº …., inscrita regularmente no CRECI sob nº …. e no CGC/MF sob nº …., por intermédio de seus procuradores judiciais infra-assinados (cfr. procuração em anexo, doc. ….), inscritos na OAB/…., sob nº …., respectivamente, com escritório profissional na comarca de …., na Rua …. nº …., onde recebem intimações, vem respeitosamente perante V. Exa, propor a presente AÇÃO ORDINÁRIA DE INDENIZAÇÃO CUMULADA COM PERDAS E DANOS com fundamento no art. 159 do Código Civil e art. 282 seguintes do Código de Processo Civil, dentre outras disposições legais aplicáveis à espécie, contra ………………………………………. (qualificação), portador do CPF/MF sob nº …., residente e domiciliado na Rua …. nº …., o que faz pelas seguintes razões de fato de direito a seguir expostas: I - O requerido compareceu, em …. de …. passado na sede da ora requerente, apresentando-se como proprietário do imóvel representado por uma casa, sita a Rua …. nº …. 12 Na qualidade de proprietário do imóvel já mencionado, celebrou com a requerida um “Contrato de Intermediação com Opção de Venda”, conforme prova o doc. …. em anexo. Por força da cláusula 2º deste contrato, o requerido outorgou à autora opção exclusiva para a venda do imóvel, pelo prazo de 90 dias, que findou em …. de …. passado. A intermediária, cumprindo fielmente as suas atribuições, selecionou dentre os pretendentes compradores que agenciou o Sr. …. (qualificação), residente na comarca de …. Em …. passado, a intermediária e o Sr. …., celebraram o contrato, formalizando no “Recibo de Sinal de Negócio e Princípio de Pagamento”. Houve, então, aproximação das partes e obtenção da vontade, por escrito. II- Acontece que, foi dar início às atividades para providenciar a documentação, a ora intermediária verificou que o contratante não era o proprietário do imóvel. Com efeito, conforme faz prova o doc. …., em anexo, verificou que o imóvel estava registrado em nome do Sr. …. (qualificação). E verificou também que o proprietário vendeu o imóvel, dentro do prazo de vigência do contrato com opção exclusiva de venda, aos Srs. …. Desta forma, a intermediária foi aludida pelo requerido, que se fez passar por proprietário do imóvel, sem o ser; além disso, o imóvel foi vendido sem o conhecimento da intermediária, a outra pessoa, durante a vigência do contrato. III - É indiscutível que o requerido causou grandes danos à ora requerente, e está obrigado a indenizá-lo, por força do que dispõe o art. 159 do Código Civil: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano”. Ora, a autora, através de seus funcionários, despendeu de tempo e dinheiro para alienar o imóvel. Além disso, como teve êxito, obteve um comprador, e com ele foi celebrado um contrato. A indenização deve ser equivalente ao montante das arras a que tem direito a autora, e também às despesas gastas com os funcionários, anúncios e material de expediente. IV - Estando esgotados todos os meios amigáveis e seus salários para o recebimento da importância que lhe é devida a autora vê-se compelida a ingressar com a presente medida judicial. Isto Posto, requer a V. Exa., que se digne mandar contar o requerido …., no endereço mencionado, para no prazo legal contestara presente ação, sob pena de revelia, e afinal seja a ação julgada procedente, para condenar o réu ao pagamento da indenização devida, cujo valor será apurado em liquidação de sentença, na forma do disposto no art. 606 do Código de Processo Civil acrescido o quantum apurado de juros de mora, custas processuais, honorários advocatícios, estes fixados em ….% (….) sobre o valor da condenação. Indica-se como meio de produção de provas, o depoimento pessoal do réu, sob pena de confesso, inquirição de testemunhas, cujo rol será apresentado oportunamente, e juntada de documentos novos. Estima-se à causa o valor de R$ …. (….). Nestes termos, Pede deferimento. Disponível em: http://peticao.wordpress.com/page/4/. Acesso em : 18 mar. 2013. AULA 06 TEXTUALIDADE, COESÃO E COERÊNCIA 1. COESÃO Para organizar o “tecido” do texto, é preciso estabelecer relações entre as suas frases. A essa relação chamamos coesão textual e aos elementos que usamos para estabelecê-la, recursos de coesão textual. Observe, no trecho a seguir, o problema causado pelo mau emprego de um recurso de coesão. ERRADO Não pôde levar o julgamento até o fim posto que estava tendo um enfarte. CORRETO Não pôde levar o julgamento até o fim porque (já que, uma vez que) estava tendo um enfarte. MARCADORES DE COESÃO Há dois tipos principais de mecanismos de coesão: (1) retomada ou antecipação de palavras, expressões ou frases e (2) encadeamento de segmentos. (1) COESÃO POR RETOMADA OU ANTECIPAÇÃO a) Retomada ou antecipação por meio de uma palavra gramatical(pronomes, verbos, advérbios) Os termos que servem para retomar são chamados anafóricos; os que servem para antecipar, anunciar outros são chamados catafóricos. b) Retomada por palavra lexical (substantivo, adjetivo, advérbio) Uma palavra pode ser retomada quer por uma repetição 1 , quer por uma substituição por sinônimo, hiperônimo, hipônimo ou antonomásia (substituição de um nome próprio por um nome comum e vice-versa). Adaptado de: SAVIOLI, Francisco e FIORIN, José Luiz. Manual do Candidato – Português. 2. ed. Brasília: FUNAG, 2001. (2) COESÃO POR ENCADEAMENTO DE SEGMENTOS TEXTUAIS – AS RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO E DE SUBORDINAÇÃO Num período composto, normalmente estruturado, as orações se interligam mediante dois processos sintáticos universais: a coordenação e a subordinação. Na coordenação (também dita parataxe), que é um paralelismo de funções ou valores sintáticos idênticos, as orações se dizem da mesma natureza (ou categoria) e função, devem ter a mesma estrutura sintático-gramatical (estrutura interna) e se interligam por meio de conectivos chamados conjunções coordenativas. É, em essência, um processo de encadeamento de ideias. Adaptado de: GARCIA, Othon. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2002. 1 É preciso evitar a repetição que não pretender um efeito de intensificação; pode-se usar, em lugar dela, a elipse. 13 A seguir, você encontrará uma lista das conjunções coordenativas mais comuns. (a) aditivas - e, nem, mas também, mas ainda, senão também, como também, bem como. (b) adversativas - mas, porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto, senão, ao passo que, não obstante, apesar disso, em todo caso. (c) alternativas - ou, ou...ou, ora...ora, já...já, quer...quer, etc. (d) conclusivas- logo, portanto, por conseguinte, pois (posposto ao verbo), por isso. (e) explicativas - que, porque, porquanto, pois (anteposto ao verbo). Na subordinação (também chamada hipotaxe), não há paralelismo mas desigualdade de funções e valores sintáticos. É um processo de hierarquização, em que o enlace entre as orações é muito mais estreito do que na coordenação. Nesta, as orações se dizem sintática, mas nem sempre semanticamente independentes; naquela, as orações são sempre dependentes de outra, que quanto ao sentido quer quanto ao travamento sintático. Nenhuma oração subordinada subsiste por si mesma, isto é, sem o apoio de sua principal (eu também pode ser outra subordinada) ou da principal do período, da qual, por sua vez, todas as demais dependem. Adaptado de: GARCIA, Othon. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2002. A seguir, você encontrará uma lista das conjunções subordinativas mais comuns. (a) causais - porque, que, pois, como, porquanto, visto que, já que, uma vez que, etc. (b) comparativas - como, (tal) qual, tal e qual, assim como, (tal) como, (tão ou tanto) como, (mais ou menos) que ou do que, (tanto) quanto, que nem, feito, etc. (c) concessivas - embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, por mais que, por muito que, se bem que, em que(pese), etc. (d) condicionais - se, caso, contanto que, desde que, salvo se, a não ser que, etc. (e) conformativas - como, conforme, segundo, consoante. (f) consecutivas - que (precedidos dos termos intensivos tal, tanto, tão, tamanho), de modo que, de forma que, etc. (g) finais - para que, a fim de que, que (=para que) - (h) proporcionais - à proporção que, à medida que, quanto mais, quanto menos, etc. (i) temporais - quando, enquanto, logo que, mal(=logo que), sempre que, assim que, desde que, depois de que, até que, etc. (j) integrantes - que, se Na relação acima, as conjunções de (a) a (i) introduzem as orações subordinadas adverbiais, e a de (i), as orações subordinadas substantivas. No entanto, não apenas elas têm função subordinativa, também os pronomes relativos exercem-na, introduzindo as orações subordinadas adjetivas. A adequada utilização dos pronomes relativos é essencial para a construção de uma frase coerente e coesa. É o que você verá a seguir. (a) QUE Substitui um termo da oração anterior. É antecedido por preposição se o nome ou verbo a que se associa a exigir. Exemplos a. Contou a novidade que todos já conheciam. Termo substituído – a novidade b. Comprou o carro de que gostara. Termo substituído – o carro c. Chegaram os livros com que vou terminar o trabalho. Termo substituído – os livros (b) O QUAL Usa-se, preferencialmente, depois de preposições com mais de uma sílaba. Substitui o que para evitar ambigüidade. É antecedido por preposição se o nome ou verbo a que se associa a exigir. Exemplos a. A testemunha falou a verdade ao juiz perante o qual depôs. Termo substituído – o juiz b. O guia da turma, o qual se atrasou, era novo na empresa. Termo substituído – o guia c. A ponte através da qual passaríamos está interditada. Termo substituído – a ponte (c) QUEM Usa-se como referência a pessoas. Substitui aquele que e, de preferência, concorda com o verbo na terceira pessoa do singular. É antecedido por preposição se o nome ou verbo a que se associa a exigir. Exemplos a. João foi quem me defendeu. Termo substituído – aquele que = João b. Foi embora Júlia, por quem todos se apaixonaram. Termo substituído – aquela que = Júlia c. Não conheci o atleta a quem te referiste. Termo substituído – aquele que = o atleta (d) ONDE Usa-se com referência a lugar. Substitui em que, no(a) qual, ou simplesmente “que” ou “qual” quando já houver outra preposição que o anteceda. Exemplos a. Está é a casa onde moro. Termo substituído – a casa b. A loja por onde passo todos os dias hoje está fechada. Termo substituído – a loja c. O país de onde ele veio é muito frio. Termo substituído – o país (e) CUJO Indica posse. Substitui substantivo ou pronome precedido da preposição de. É antecedido por preposição exigida pelo verbo ou nome que o segue. Exemplos a. Recordava-se apenas dos escritores de cujos livros havia gostado. Expressão substituída – (livros) dos escritores b. Visitava sempre as primas em cuja casa passara a infância. Expressão substituída – (casa) das primas c. Encontrou a amiga com cujas ideias nunca concordava. Expressão substituída – (ideias) da amiga 2. COERÊNCIA Coerência, segundo KOCH e TRAVAGLIA (1997), “é algo que se estabelece na interação, na interlocução, numa situação comunicativa entre dois usuários. Ela é o que faz com que o texto faça sentido para os usuários, devendo ser vista, pois, como um princípio de interpretabilidade do texto”. 14 De que precisa um texto para ser coerente? Repetição As palavras-chave devem ser retomadas, ao longo do texto, através do uso de recursos de coesão. Progressão A argumentação tem de ser dinâmica e progressiva, evitando, assim, a circularidade no texto. Não-contradição Deve-se evitar o emprego de palavras e/ou expressões que possam contradizer as ideias desenvolvidas. Para isso, é preciso saber exatamente o que se quer dizer e quais as palavras adequadas para fazê-lo. Relação Tudo o que se escreve no texto precisa estar diretamente relacionado ao tema, sob pena de funcionar apenas como preenchimento de linhas. ATIVIDADE PRÁTICA III AULA 07PROVA I AS CÓPIAS SERÃO ENTREGUES EM AULA. AULA 08 Narrativa simples e produção de relatório: características. O relatório é um tipo de narrativa em que os fatos importantes de uma situação de conflito devem ser cronologicamente organizados, sem interpretá-los (ausência de valoração); apenas informá-los na lide ou demanda processual. Segundo De Plácido (2006, p. 1192), relatório “designa a exposição ou a narração, escrita ou verbal, acerca de um fato ou de vários fatos, com a discriminação de todos os seus aspectos ou elementos”. Relatório jurídico (narrativa imparcial) Destaca-se que, exceto pela última característica, todas as narrativas jurídicas devem obedecer a essas orientações, sejam elas valoradas ou não. Adaptado de: Interpretação e produção de textos aplicadas ao Direito. Curso de Direito — Coletânea de Exercícios. Curso de Direito da Universidade Estácio de Sá. ATIVIDADE PRÁTICA IV Leia atentamente o caso concreto em estudo e prepare seu plano de redação, visando à produção do relatório jurídico, atendendo às características já apresentadas. CASO CONCRETO – PRODUÇÃO DE RELATÓRIO Texto I Médica assassina só matava pacientes do SUS, pacientes de convênios ela fazia de tudo para salvar. Médica acusada de praticar eutanásia é indiciada por homicídio qualificado. A médica Virgínia Soares, que coordenava a UTI do Hospital Evangélico, em Curitiba (PR), foi indiciada, na quarta-feira (20), por homicídio qualificado. Ela é suspeita de comandar um esquema de eutanásia na UTI do hospital, onde foi detida, na terça-feira (19), por policiais do Núcleo de Repressão de Crimes Contra a Saúde (Nucrisa). A médica Chefe da UTI do Hospital Evangélico, no Paraná, é suspeita de comandar um esquema de eutanásia em pacientes do SUS. “Se era particular, ela tentava salvar”, diz funcionário. A polícia investigava Virgínia havia um ano, mas admite que vai analisar as mortes na unidade dos últimos sete anos. A médica atua no hospital desde 1988 e chefiava a UTI desde 2006. A delegada Paula Brisola afirmou que a médica provavelmente não agiu sozinha. “Outros funcionários também estão sendo ouvidos e sob investigação”, disse. A denúncia que culminou com a prisão de Virgínia teve início no ano passado, conforme a queixa de uma pessoa que conhecia o trâmite na UTI. “A pessoa entrou em contato com a Ouvidoria, que nos repassou a denúncia e iniciamos a investigação.” 15 Uma profissional que atuava com Virgínia na UTI, e preferiu não se identificar, disse que era hábito da médica tratar com desdém alguns pacientes. “Quase todo dia havia uma parada cardíaca e ela gritava “Spp” (sigla utilizada em UTIs que significa “se parar, parou!”), então, as enfermeiras saíam fora e deixavam o paciente. Isso quando era SUS; se era particular ou convênio aí tentavam salvar”, disse. Embora a investigação ocorra sob sigilo, a Rede Globo, divulgou trechos do depoimento da médica à polícia. Nele, Virgínia afirma que foi mal interpretada por falas como “Quero desentulhar a UTI que está me dando coceira”, ditas numa gravação cuja origem não foi informada pela polícia. Já um enfermeiro que trabalhou com Virgínia entre 2004 e 2006 disse que viu a médica desligar aparelhos. O advogado da médica, Elias Mattar Assad, criticou a condução da investigação. “Pelo que está se delineando, agora, de homicídio qualificado, não vai se ter um defunto ou um laudo por outra causa de morte que não seja a que não está no laudo. Não há como provar outra coisa.” As informações são do jornal O Estado de S.Paulo. Disponível em: http://www.folharondoniense.com.br/crime/medica-assassina-so-matava-pacientes-do-sus-pacientes-de- convenios-ela-fazia-de-tudo-para-salvar. Acesso em 22 abr. 2013. Texto II MP/PR denuncia Doutora Morte e mais sete funcionários do Evangélico; seis por homicídio Seis funcionários do Hospital Evangélico de Curitiba foram denunciados pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) pelos crimes de homicídio duplamente qualificado (uso de recurso que impede a defesa da vítima e motivo torpe) e formação de quadrilha. Outros dois foram denunciados por formação de quadrilha, o que totaliza oito pessoas denunciadas. Os nomes dos envolvidos foram divulgados pelo MP, em coletiva de imprensa, na tarde desta segunda-feira (11). Quatro médicos e duas enfermeiras são acusados de adotar procedimentos para antecipar mortes em uma das Unidades de Terapia Intensiva (UTI) do hospital. São eles: Virgínia Helena Soares de Souza, Maria Israela Cortez Boccato, Edison Anselmo da Silva Júnior e Anderson de Freitas e as enfermeiras Patrícia Cristina de Goveia Ribeiro e Lais da Rosa Groff. As duas pessoas denunciadas por formação de quadrilha são a fisioterapeuta Carmencita Emília Minozzo e o enfermeiro Claudinei Machado Nunes. Em relação à denúncia por formação de quadrilha, a conclusão do MP é que o grupo atuou desta forma de janeiro de 2006 a 19 de fevereiro de 2013. O próximo passo agora é na Justiça, onde será decidido se a denúncia feita pelo MP-PR será ou não acatada. Inquérito da Polícia Civil O inquérito da Polícia Civil sobre as mortes ocorridas na UTI do Hospital Evangélico entre 2011 e 2012 concluiu que houve formação de quadrilha e homicídio qualificado, crimes que teriam sido cometidos por seis pessoas – além das cinco que ainda estão presas, outra médica foi indiciada. Disponível em: http://www.folharondoniense.com.br/noticias/mppr-denuncia-doutora-morte-e-mais-sete-funcionarios-do- evangelico-seis-por-homicidio. Acesso em 22 abr. 2013. __________________________________________________________________________________________ AULA 09 QUALIDADE ESTILÍSTICA DA FRASE – ITENS A SEREM CONSIDERADOS PARA A BOA QUALIDADE DAS FRASES DO TEXTO. Uma boa argumentação pode ser prejudicada por uma frase mal construída. Abaixo estão algumas “impropriedades” que costumam aparecer em textos que escrevemos. 1. USO INADEQUADO DE 1.1 que Referimo-nos à Mata Atlântica, que está sendo desmatada por aqueles que não querem que os advirtamos de que a nossa floresta precisa ser preservada. Evite a repetição, como na frase acima, deste nexo; você pode, por exemplo, usar orações reduzidas para não cometer tal erro. 1.2 onde Os argumentos onde você baseia sua tese são falhos. “Onde” só deve ser utilizado como substituição de lugar. Use “em que” ou “na(o) (s) qual (is)” para evitar a inadequação. Ah! Eles servem também para retomar “lugar”. 1.3 adjetivos A terrível crise por que passamos deixa-nos desanimados. Não use adjetivos desnecessários; eles só desqualificam sua frase. 1.4 etc. Os professores de hoje em dia usam muito a informática, os elementos da natureza, os recursos da sala de aula, etc. Se os elementos da enumeração não pertencem à mesma categoria, o “etc.” não será compreendido pelo leitor. 2. LUGARES-COMUNS E MODISMOS A seguir, alguns exemplos que são muito usados. 2.1 frases do tipo a) agradar a gregos e troianos b) arrebentar a boca do balão c) botar pra quebrar d) chover no molhado e) deitar e rolar f) deixar o barco correr solto g) dizer cobras e lagartos h) estar com a bola toda i) ficar literalmente arrasado j) passar em brancas nuvens k) ser a tábua de salvação l) segurar com unhas e dentes m) ter um lugar ao sol n) a festa foi show o) virar uma bola de neve p) a mulher é o sexo frágil q) o homem é a força 2.2 palavras e/ou expressões do tipo a) atualmente b) nos dias de hoje 16 c) desde o início da civilização d) desde os primórdios da humanidade e) hoje em dia f) desde que o mundo é mundo g) a nível de (mesmo o correto “em nível de”) h) a gente 2.3 modismos, invenções, como a) curtir b)galera c) apoiamento d) chocante e) gratificante f) tipo assim g) tipo h) de repente (significando “quem sabe”, “talvez”) i) acho que 3. REPETIÇÕES O livro foi-me dado por meu pai, mas era um livro de que eu não gostava. Mas que fazer com o livro, se era o preferido de meu pai? Não podia desagradar a meu pai e o livro estava lá a minha espera. 4. PLEONASMOS A seguir estão colocados aqueles pleonasmos que você faz sem se dar conta de que está se repetindo. a) a cada dia que passa = a cada dia b) continua ainda = continua c) elo de ligação = elo d) encarar de frente = encarar destemidamente e) enfrentar de frente = enfrentar f) há doze anos atrás = há doze anos g) juntamente com = com h) monopólio exclusivo – monopólio i) subir para cima j) sair para fora k) descer para baixo l) entrar para dentro 5. A IMPROPRIEDADE VOCABULAR Na tentativa de fazer bonito, o autor acaba utilizando vocábulos inadequados ao contexto. Veja, a seguir, a utilização correta de alguns deles. 5.1 dentre Dentre os livros da mesa, escolheu o mais grosso. Significa “do meio de”. 5.2 todo Todo o país é miserável. Significa “o país inteiro”. Todo país tem pessoas pobres. Significa “qualquer país”. Todos os que vivem sob as pontes são excluídos da sociedade. No plural, utiliza-se sempre com “os” ou “as”. 5.3 junto a Ele é nosso representante junto à Reitoria. Significa “adido a”/”ligado a”. MAS “ Expliquei-me junto à Reitoria.” está incorreto. 5.4 à medida que / na medida em que A mata vai morrendo à medida que a vão desmatando. Significa “à proporção que”. Na medida em que todos temos condições, devemo-nos habilitar ao cargo. Significa “porque”. 5.5 possuir / ter Eu possuo um automóvel Corsa. “Possuir” serve apenas para bens materiais. tenho Tenho sentimentos contraditórios em relação a ele. O verbo “ter” é utilizado com substantivos concretos e/ou abstratos. 5.6 senão / se não Guarda teu dinheiro, senão teu futuro será de pobreza. Significa “do contrário”. A casa teria caído, se não a tivéssemos escorado com madeiras. É o nexo condicional mais o advérbio de negação, por isso são separados. Ele foi ríspido, se não (foi) mal-educado. Se o verbo estiver subentendido, também será usado o nexo condicional mais o advérbio de negação. 5.7 sequer / se quer Não fez sequer um gesto para impedi-lo de suicidar-se. Significa “qualquer”. Se quer participar da corrida, você deve sair já. É o nexo condicional mais o verbo “querer” na terceira pessoa do singular, por isso são separados. 5.8 ao invés de / em vez de Ao invés de subir, desceu as escadas e perdeu-se dos amigos. Significa “o contrário de”. Em vez de churrasco, comemos um saboroso carreteiro de charque. Significa “no lugar de”. 5.9 acerca de / a cerca de / há cerca de Falávamos acerca da crise econômica. Significa “sobre”, “ a respeito de”. A fazenda fica a cerca de uns doze quilômetros daqui. Significa “à distância de”. Há cerca de dez anos, mudamo-nos para lá. Significa “tempo passado”; equivale a “faz”. 5.10 há / a Há muito tempo desejo visitar Portugal. Indica “tempo passado”. Faz 17 Daqui a alguns anos, talvez consiga viajar até lá. Indica “tempo futuro”. 5.11 mal / mau Ela mal havia saído e começou a chover. É um nexo que indica tempo; equivale a “nem bem”. O apresentador é mal pago. É um advérbio, contrário de “bem”. Ela tinha um mau pressentimento. É um adjetivo, contrário de “bom”. 5.12 Por que / por que / por quê/ porquê Demoramos porque estava chovendo muito. Equivale a “pois” e indica causa ou explicação. O caminho por que viemos era lamacento. É preposição mais pronome relativo; equivale a “pelo (a) qual”. Por que vieram por ele? Equivale à expressão “a razão /o motivo pela(o) qual” Não sabemos por quê. Equivale à expressão “a razão /o motivo pela(o) qual” O porquê disso talvez esteja no fato de que era o mais curto. É substantivo e equivale a “motivo/razão”. __________________________________________________________________________________________ 3ª REESCRITA DA PT I (A PARTIR DA CORREÇÃO DA PROFESSORA) Para reescrever seu texto, utilize-se das convenções de correção a seguir. LEGENDAS ADOTADAS NA CORREÇÃO DE REDAÇÕES \\ Eliminar a palavra. Corrigir a palavra. √ Inserir palavra. Elaborar parágrafo com mais de uma frase, ou juntar parágrafos. Separar as frases com ponto final ou acrescentar nexo que estabeleça a correta relação entre elas. Retirar o ponto e acrescentar vírgula, se for o caso. Retirar a vírgula. Acrescentar vírgula. ? Tornar o trecho e/ou a palavra claros. Passar o pronome para depois do verbo. Passar o pronome para antes do verbo. ║ Fazer novo parágrafo. | Deixar margem de parágrafo. ▬▬ Eliminar repetição. AULA 10 ESTRUTURA DO PERÍODO SIMPLES E PONTUAÇÃO Para empregar a pontuação correta em uma frase, não adianta decorar regras, pois o que define o emprego, ou não, de um determinado sinal de pontuação é a estrutura sintática da frase. Observe as estruturas a seguir. Ordem direta da frase [Sujeito] [Verbo + Complementos + Adj. Adverbial] Veja como se desdobra essa estrutura a partir da regência de cada verbo. De acordo com MORENO & GUEDES (1986), a frase simples tem seis padrões básicos, os quais estarão sempre por trás de qualquer período que construamos, mesmo que seja composto. PADRÃO I - (Sujeito) + Verbo Intransitivo + (Adjunto Adverbial) O gato dormia profundamente sobre o sofá. PADRÃO II - (Sujeito) + Verbo Transitivo Direto + OD + (Adjunto Adverbial) O cão mordeu a orelha do gato sorrateiramente. PADRÃO III - (Sujeito) + Verbo Transitivo Indireto + OI + (Adjunto Adverbial) Vestibulando estressado fala em vestibular a cada minuto. PADRÃO IV - (Sujeito) + Verbo Transitivo Direto e Indireto + OD + OI + (Adjunto Adverbial) Professor de cursinho oferece fórmulas milagrosas aos alunos todos os anos. PADRÃO V - (Sujeito) + Verbo Intransitivo + Complemento Adverbial + (Adjunto Adverbial) Alguns estudantes do interior moram em Porto Alegre durante a realização do curso pré-vestibular. PADRÃO VI - Sujeito + Verbo de Ligação + Predicativo + (Adjunto Adverbial) Os alunos mais nervosos ficam doentes na hora da prova. ATENÇÃO! Mesmo estando em ordem indireta, as frases manterão o padrão a que pertencem. A ventania fez muitos estragos na plantação. - Ordem Direta - P II Na plantação fez muitos estragos a ventania. - Ordem Indireta - PII 18 Pois bem, é importante que você saiba que, nos padrões básicos, não haverá vírgula entre os termos da oração, a menos que estejam deslocados (Apenas o adjunto adverbial poderá ser isolado por vírgula quando deslocado.) ou que haja entre eles um elemento intercalado (Aposto, Vocativo, Expressão explicativa ou retificativa, Adjunto Adverbial). EXERCÍCIOS A - IDENTIFIQUE OS PADRÕES DAS FRASES ABAIXO. 1. Aquela garota é um avião. 2. Os esquimós vivem no gelo. 3. O plano visa a reformas na economia. 4. A serpente engoliu o pequeno animal em instantes. 5. O chefe de secção gritou muito na reunião. 6. Todos partiram. 7. Faltam algumas peças do quebra-cabeças. 8. Incorreu no mesmo erro outra vez. 9. A concessionária vendeu
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