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Contratos Administrativos

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Roteiro – Direito Administrativo II - 2017
Faculdade de Direito – Universidade Santa Cecília
Prof. Décio Gimenez
Contratos administrativos
Importante: o texto abaixo constitui um breve roteiro, com anotações relevantes para orientar a iniciação ao estudo do tema. O roteiro não tem a pretensão de ser completo ou definitivo, de modo que sua leitura não dispensa o exame da bibliografia básica indicada no programa.
1) Ideia geral de contrato
Nas sociedades contemporâneas, especialmente do mundo ocidental, a realização de contratos é uma atividade corriqueira e contínua, uma vez que esse instituto é a principal fonte das obrigações, ou seja, um importante instrumento de vinculação intersubjetiva. Num sentido amplo, o contrato pode ser conceituado como um acordo de vontades, livremente pactuado, que regula juridicamente interesses entre pessoas, fixando obrigações e direitos recíprocos.
No âmbito privado, o regime jurídico dos contratos é regido por alguns princípios basilares, quais sejam:
Autonomia da vontade – caracterizado pela liberdade que as pessoas possuem de contratar e de estabelecer as respectivas condições de contratação; evidentemente, essa autonomia não é exercitada na sua plenitude em uma sociedade de relações massificadas, sendo que inúmeras vezes nos deparamos com instrumentos contratuais cujas condições foram fixadas por uma das partes e que contam com a mera aderência da outra (“contratos de adesão”).
Consensualidade – o nascimento do vínculo pressupõe um encontro de vontades, ou seja, há necessidade de convergência (acordo) entre as vontades das partes;
	Obrigatoriedade da convenção (pacta sunt servanda) – a mola-mestra dos contratos consiste na ideia de que as pessoas devem observar fielmente aquilo que foi por elas pactuado. Assim, salvo quando houver ofensa à lei e aos princípios gerais do direito, o pactuado deve ser observado;
	Relatividade dos contratos – salvo quando a lei estabelecer de modo diverso, os efeitos dos contratos vinculam apenas as próprias partes (lex inter partes);
Boa-fé objetiva – as partes têm o dever de realizar comportamentos leais tanto na formação do contrato como na sua execução;
Função social dos contratos – a técnica contratual é essencial ao funcionamento da sociedade contemporânea, ou seja, essencial para a produção e circulação da riqueza no mundo capitalista, de modo que a liberdade de contratar e de executar deve ser interpretada em consonância com a respectiva função social do contrato.
Embora típico do direito privado, uma vez que a autonomia da vontade constitui o centro de gravidade desse regime jurídico, o contrato também é utilizado como fonte de obrigações entre particulares e Administração Pública.
Na origem, esses vínculos correspondiam a contratos privados realizados pelo Estado. Todavia, com a ampliação do emprego desse instrumento pela Administração, foi necessário promover adaptações no regime jurídico aplicável, a fim de preservar o interesse (público) custodiado pela Administração, durante a execução dessas avenças. Essas adaptações foram desenvolvidas, em grande parte, por decisões administrativas e judiciais em casos concretos, as quais foram posteriormente sistematizadas pela doutrina e, por fim, acolhidas pelo legislador.
2) Contratos administrativos
A ideia de contrato administrativo e os seus contornos nem sempre foram tranquilos na doutrina. Podemos mencionar três correntes que expressam as principais posições sobre os contratos administrativos:
1ª Posição – há quem tenha sustentado a inexistência de contratos na Administração – segundo essa corrente, os chamados contratos administrativos seriam, na verdade, atos administrativos; faltaria a esses vínculos a necessária posição de igualdade (jurídica) entre as partes, em razão da supremacia do interesse público, que enfraquece os princípios da autonomia da vontade e da força obrigatória das convenções. Nessa medida, apontam que a formação desses vínculos não é livre, pois depende de prévia licitação (e observância do princípio da legalidade) e, durante a execução, o vínculo estaria sujeito à mutabilidade unilateral de suas cláusulas (regulamentares);
2ª Posição - todo contrato (ato bilateral) da Administração é um contrato administrativo - todos os ajustes teriam interferência do regime jurídico-administrativo (em razão da posição de supremacia).
3ª Posição (amplamente majoritária na doutrina brasileira e acolhida pela legislação atual) – Nem todo vínculo contratual da Administração possui o mesmo regime jurídico, embora todos estejam permeados, ao menos em parte, pelo regime jurídico público:
Alguns contratos (“contratos administrativos”) estariam submetidos a um regime jurídico predominantemente público (contratos administrativos propriamente ditos). Nestes contratos, estariam presentes cláusulas especiais (extraordinárias), exorbitantes das regras de direito comum (poder de alteração unilateral do contrato, rescisão unilateral antes do termo final; poder de fiscalizar, de aplicar penalidades etc), necessárias para a tutela do interesse público.
Ao largo desses contratos, haveria outros (“contratos da Administração”), em que o ente público comparece despido das suas prerrogativas ou, ao menos, sem possuí-las na integralidade. Nestes contratos, aplicam-se predominantemente as regras de direito privado.
No direito brasileiro, a terceira posição tem sido apontada como a mais adequada para descrever o regime jurídico dos vínculos contratuais da Administração.
De um lado, a Administração não possui liberdade para escolher discricionariamente com quem irá contratar e deve observar um conjunto de requisitos (sujeições), tais como forma escrita (art. 60), prévia disponibilidade de recursos (art. 57), publicidade etc. De outro lado, a legislação prescreve a presença de prerrogativas administrativas (presença de cláusulas exorbitantes, art. 58, da Lei nº 8.666/93) nas relações contratuais com o particular.
Assim, embora todo contrato da administração encontre-se submetido a sujeições (ex. formalização, prévia licitação; existência de créditos orçamentários), as prerrogativas são implícitas nos contratos administrativos de direito público e dependem de expressa previsão legal e/ou contratual nos contratos de direito privado (“contratos da Administração”).
Partindo dessa posição, podemos separar os contratos firmados pela Administração em dois grandes grupos:
Contratos da Administração - submetidos a regime predominantemente privado (Código Civil, ex. compra e venda; doação; seguro; locação etc) com as derrogações das normas de direito público (art. 62, § 3º da Lei nº 8.666/93: aplica-se o disposto nos artigos 55 e 58 a 61, todos da Lei nº 8.666/93, no que couber, aos contratos de seguro, de financiamento, de locação em que o Poder Público seja locatário, e aos demais cujo conteúdo seja regido, predominantemente, por norma de direito privado);
Contratos administrativos - regidos pelo direito público, que podem ser divididos em:
Contratos tipicamente administrativos – contratos que não existem no direito privado e são inteiramente regidos pelo direito público (ex. concessão de serviço público; concessão de uso de bem público);
Contratos administrativos adaptados do direito privado - possuem paralelo no direito privado, mas são regidos pelo direito publico e apenas supletivamente pelo direito privado (ex. empreitada; prestação de serviços, fornecimento etc).
A maior parte dos contratos administrativos pode ser classificada como consensual (acordo de vontades), formal (escrito), solene (submetido a requisitos especiais), oneroso (remunerado), comutativo (equivalência de prestações entre as partes) e intuitu personae (deve ser executado pelo próprio contratado).
Para sua formalização, em regra, a Administração deve realizar prévia licitação (art. 37, XXI, CF). Por meio dela, a Administração estabelece unilateralmente as condições de contratação (Edital) e o particular, posteriormente, apresenta sua proposta (especificao objeto ofertado e o preço correspondente), que vão delimitar o aspecto econômico-financeiro da contratação.
As cláusulas exorbitantes como típicas dos contratos administrativos. 
Nesta medida, o que caracteriza os contratos administrativos é a presença de um conjunto de prerrogativas (competências administrativas) que a Administração Pública mantém na relação com o particular e que são inexistentes na relação entre pessoas privadas.
Que prerrogativas são essas e de onde elas provêm?
Essas prerrogativas são construções doutrinárias e jurisprudenciais (que ulteriormente foram acolhidas pelo legislador) que objetivam preservar o interesse público durante a execução contratual, demarcando a posição privilegiada que a Administração encontra-se na relação com o particular.
Nos contratos regidos pelo direito público são prerrogativas implícitas que, em razão da natureza do vínculo, podem ser exercitadas independentemente de previsão contratual, por se tratarem de competências administrativas. Todavia, algumas prerrogativas devem ter seus contornos previstos no Edital (previsão de multa, exigência de garantia, p. ex.).
Vejamos algumas prerrogativas reconhecidas pelo legislador:
Possibilidade de exigência de garantia para formalização do contrato – art. 56, L. 8666/93 (caução em dinheiro ou títulos da dívida pública; seguro-garantia ou fiança bancária);
Prerrogativa de alteração unilateral do objeto do contrato (art. 58, I e 65, I, L. 8666/93) – há requisitos legais – (ex. limites quantitativos para acréscimos ou supressões) e necessidade de manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato, se houver desequilíbrio da relação encargos x vantagens, nas condições em que inicialmente pactuada;
Prerrogativa de acompanhar e fiscalizar a execução dos contratos (art. 67) e de formalizar o recebimento do contrato (art. 73);
Prerrogativa de rescindir unilateralmente o contrato (por inadimplemento do contrato, com ou sem culpa do contratado; por razões de interesse público; ou caso fortuito ou força maior) – art. 78 e 79, I da L. 8666/93;
Prerrogativa de aplicação de penalidades – sanções de natureza administrativa (advertência, multa, suspensão temporária de participar de licitações e contratar com a administração e declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com Administração Pública) – art. 87 da L. 8666/93;
Possibilidade de anular o contrato em razão de vícios anteriores à contratação - decorrência do poder de autotutela (art. 59 – L. 8666/93)
Possibilidade de retomar o objeto contratual e tomar medidas dotadas de autoexecutoriedade – (art. 80) – na hipótese de rescisão unilateral do contrato
Restrições ao uso da exceção de inadimplemento contratual (art. 477, CC) por parte do contratado – para garantia da continuidade do serviço público.
Para compreensão do regime jurídico dos vínculos contratuais da Administração, podemos observar as especificidades de sua formalização, das características diferenciais da execução e, por fim, das hipóteses de extinção.
3) Formalização do contrato administrativo (particularidades)
Forma Escrita Obrigatória: a regra é que os contratos administrativos tenham a forma escrita – art. 60 da Lei nº 8666/93
Contrato verbal – é ineficaz, salvo para pequenas compras de pronto pagamento de valor não superior a 5% do limite estabelecido no art. 23, inciso II, alínea "a" desta Lei, feitas em regime de adiantamento – R$ 4.000,00 (Art. 60 – §º único).
Obrigatoriedade de instrumento contratual – por termo registrado na unidade administrativa ou escritura pública
Porém, a lei prevê a possibilidade de utilização de instrumentos simplificados (art. 62) para contratações de valor até o limite máximo previsto para a realização de licitação na modalidade convite e para compras de bens para pronta entrega (nota de empenho de despesa, a autorização de compra ou ordem de execução de serviço).
Cláusulas contratuais obrigatórias – Correspondem às que definem o essencial para a escorreita execução contratual. O art. 55 da Lei nº 8666/93 contém um rol de matérias que devem ser previstas nos contratos administrativos:
Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabeleçam:
I - o objeto e seus elementos característicos;
II - o regime de execução ou a forma de fornecimento;
III - o preço e as condições de pagamento, os critérios, data-base e periodicidade do reajustamento de preços, os critérios de atualização monetária entre a data do adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento;
IV - os prazos de início de etapas de execução, de conclusão, de entrega, de observação e de recebimento definitivo, conforme o caso;
V - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da classificação funcional programática e da categoria econômica;
VI - as garantias oferecidas para assegurar sua plena execução, quando exigidas;
VII - os direitos e as responsabilidades das partes, as penalidades cabíveis e os valores das multas;
VIII - os casos de rescisão;
IX - o reconhecimento dos direitos da Administração, em caso de rescisão administrativa prevista no art. 77 desta Lei;
X - as condições de importação, a data e a taxa de câmbio para conversão, quando for o caso;
XI - a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a dispensou ou a inexigiu, ao convite e à proposta do licitante vencedor;
XII - a legislação aplicável à execução do contrato e especialmente aos casos omissos;
XIII - a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação.
§ 1º (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 2o Nos contratos celebrados pela Administração Pública com pessoas físicas ou jurídicas, inclusive aquelas domiciliadas no estrangeiro, deverá constar necessariamente cláusula que declare competente o foro da sede da Administração para dirimir qualquer questão contratual, salvo o disposto no § 6o do art. 32 desta Lei.
§ 3o No ato da liquidação da despesa, os serviços de contabilidade comunicarão, aos órgãos incumbidos da arrecadação e fiscalização de tributos da União, Estado ou Município, as características e os valores pagos, segundo o disposto no art. 63 da Lei no 4.320, de 17 de março de 1964.
Publicidade obrigatória – necessidade de dar conhecimento à coletividade da existência e conteúdo dos contratos administrativos: 
Obrigatoriedade de publicação do resumo dos contratos e de seus aditamentos, como condição de eficácia (art. 61, § único, da Lei nº 8.666/93);
Possibilidade de qualquer interessado obter cópia de contrato firmado pela Administração (art. 63)
Proibição de inserção de cláusulas de confidencialidade (art. 63, L 6666/93)
Duração dos contratos compatível com a vigência e com os limites dos respectivos créditos orçamentários (art. 57, da Lei nº 8.666/93)
Nenhum contrato pode ter início sem cobertura orçamentária. Além disso, nenhum contrato pode ser firmado por prazo indeterminado;
Exceções ao princípio da adstringência ao orçamento:
Projetos previstos no Plano Plurianual;
Contratos de duração continuada - Podem ser prorrogados por iguais e sucessivos períodos contratuais, desde que:
seja mais vantajoso para a Administração;
haja autorização da autoridade competente para firmar o contrato;
até o limite de 60 meses; excepcionalmente, a esse prazo (60 meses), poderão ser acrescidos mais doze meses, desde que com autorização superior (art. 57, § 4º);
Aluguel de equipamentos e utilização de programas de informática, por até 48 meses após o início da vigência dos contratos.
Exigência de garantia para formalização de contrato para obras, serviços e compras (art. 56, L. 8666/93)
Valor de até 5% do valor do contrato – que pode ser elevado para 10%, nas contratações de grande vulto e alta complexidade técnica e riscos financeiros consideráveis;
Deve ser prevista no Edital;
A garantia pode ser:Caução (reserva de numerário), que pode ser em dinheiro ou títulos da dívida pública;
seguro-garantia (performance bond) – garantia oferecida por companhia seguradora;
fiança bancária – garantia fidejussória emitida por instituição financeira.
4) Execução do contrato (aspectos relevantes)
Vinculação das partes ao contrato - O contrato deve ser cumprido nos termos em que pactuado; Administração e particular possuem direitos e obrigações consoante fixado no contrato (art. 66);
Contratado é obrigado a reparar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir, às suas expensas, no total ou em parte, o objeto do contrato em que se verificarem vícios, defeitos ou incorreções resultantes da execução ou de materiais empregados (art. 69).
A administração pode rejeitar o objeto do contrato – art. 76
Em regra, o contrato deve ser executado pelo próprio contratado (em razão da natureza intuitu personae) – vale lembrar que os requisitos para contratação são avaliados na fase de habilitação (regularidade jurídica, fiscal e trabalhista; capacidade técnica e econômica);
Subcontratação (art. 72) – depende de anuência da Administração Pública e só pode ser realizada nos limites previstos.
Restrições ao uso da exceção de inadimplemento contratual (exceptio non adimpleti contractus)
A exceção de inadimplemento contratual é uma cláusula tipicamente privada que retira do inadimplente o direito de exigir o cumprimento da obrigação da outra parte (art. 476, CC - Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir do outro que execute as suas); 
No âmbito dos contratos administrativos, a utilização dessa cláusula pelo particular encontra limitações, em razão do princípio da continuidade do serviço público; em regra, o particular deve cumprir suas obrigações contratuais, ainda que a Administração esteja inadimplente.
O art. 78, XIV, da Lei nº 8.666/93 – autoriza o contratado a suspender a execução do contrato (ou solicitar sua rescisão) em face de atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos devidos pela Administração decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou parcelas destes, já recebidos ou executados, salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra.
Fiscalização – é uma prerrogativa do poder público (poder-dever) de acompanhar e orientar a execução do contrato, a fim de prevenir e determinar a correção de inadequações na execução (art. 67):
Administração deve designar um representante;
Permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição
Contratado deverá manter preposto (art. 68), aceito pela Administração, no local da obra ou serviço, para representá-lo na execução do contrato;
Ocorrências devem ser anotadas em registro próprio – a partir das quais, seguem-se as determinações do que for necessário à regularização das faltas ou defeitos observados ou de representação à autoridade competente.
Responsabilidade pessoal e direta do contratado pelos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais assumidos para a execução (art. 71, Lei nº 8.666/93).
Em regra, a Administração Pública não pode ser acionada por tais débitos na hipótese de inadimplência do contratado, nem a existência de dívida obsta a fruição do objeto.
Exceção: encargos previdenciários resultantes da execução do contrato. Em relação a estes, a legislação prevê responsabilidade solidária da Administração Pública (art. 31 da Lei nº 8.212/91 e art. 71, § 2º da Lei 8.666/93)
Em relação às dívidas trabalhistas, houve grande polêmica sobre a interpretação a ser dada ao artigo 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93, que afasta a responsabilidade da Administração Pública. Ocorre que a Justiça Trabalhista, a fim de evitar que o trabalhador tenha seus direitos não satisfeitos, tem sido muito cautelosa na aplicação desse dispositivo, em relação aos contratos de prestação de serviços com fornecimento de mão-de-obra. Vejamos a evolução da jurisprudência: 
Inicialmente, o Enunciado 331 do Tribunal Superior do Trabalho fixou o seguinte entendimento: “O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços, quanto àquelas obrigações, inclusive quanto aos órgãos da administração direta, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista, desde que hajam participado da relação processual e constem também do título executivo judicial (art. 71 da Lei nº 8.666, de 21.06.1993)”. Na prática, estava fixada a responsabilidade da Administração pelas obrigações trabalhistas inadimplidas, independentemente de comprovação de culpa.
Por conta dessas posições da Justiça Trabalhista, foi ajuizada a Ação Declaratória de Constitucionalidade nº 16 (autor: Governo do DF): no julgamento da ação, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou constitucional o artigo 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93, a fim de afastar a transferência automática dos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais na hipótese de inadimplência do contratado (art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93);
Em face da interpretação do STF, houve revisão do Enunciado 331 do TST, a fim de especificar que “os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente, [...], caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada”. Deste modo, a responsabilidade subsidiária da administração por encargos trabalhistas passou a ser dependente de demonstração de que o ente público concorreu, ao menos culposamente, para o inadimplemento das obrigações trabalhistas.
Aplicação de sanções de natureza administrativa (art. 87)
Devem observar o devido processo legal (procedimento administrativo), assegurado ao contratado o direito ao exercício do contraditório e da ampla defesa;
Penalidades previstas na Lei nº 8.666/93
Advertência
Multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou no contrato:
A ser descontada da garantia contratual ou dos créditos que possuir o contratado;
Pode ser cumulada com as demais sanções; 
Suspensão temporária de participar de licitações e contratar com a administração, por prazo não superior a 2 anos;
Declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração Pública enquanto perdurarem os motivos determinantes da punição ou até que seja promovida a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade, que será concedida sempre que o contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos resultantes e depois de decorrido o prazo da sanção aplicada suspensão temporária;
Competência exclusiva de Ministro de Estado ou Secretário Estadual ou Municipal;
As penas podem ser cumuladas com a rescisão contratual
Recebimento do contrato – após a execução do contrato (total ou parcial), a Administração deve documentar o recebimento do objeto do contrato, o que não exonera o contratante por eventuais vícios eventualmente existentes (art. 73):
O recebimento será:
Provisório – com a entrega do objeto do contrato ou em até 15 dias
Definitivo – em até 90 dias após a entrega
5) Alteração dos contratos: a prerrogativa de alteração unilateral
Um aspecto da execução contratual que merece análise em separado é o da possibilidade de alteração do contrato, em razão da sua importância e da existência de limitações legais.
No âmbito privado, as alterações contratuais podem ser realizadas livremente, desde que por acordo entre as partes (consenso).
No âmbito dos contratos administrativos, a alteração do contrato deve estar em consonância com os contornos legais, sendo que a Administração pode, em determinadas situações, realizá-lo unilateralmente.Deve-se frisar, desde logo, que a possibilidade de alteração unilateral abrange exclusivamente as chamadas cláusulas regulamentares do serviço e o objeto do contrato (art. 58, I e 65, I, Lei 8666/93). Assim, embora seja permitido à administração alterar unilateralmente o contrato, a “equação econômico-financeira do contrato não pode ser alterada sem a concordância do contratado” (art. 58, § 1º, Lei nº 8.666/93).
Além disso, as alterações contratuais não podem desnaturar o objeto do contrato. Assim, ainda que haja alteração, a sua essência deve ser preservada, pena de burla ao princípio da obrigatoriedade de licitação.
O poder de alteração unilateral do contrato pela Administração foi reconhecido como decorrência da indisponibilidade do interesse público, uma vez que os interesses da coletividade não poderiam ser prejudicados pela força imutável dos contratos. Trata-se, pois, de uma competência para adequar a prestação a cargo do contratado à atualidade da necessidade pública.
Segundo a Lei nº 8.666/93, é admissível que a Administração unilateralmente promova:
a alteração quantitativa do contrato – neste caso, o contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem:
nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato,
no caso de reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinqüenta por cento) para os seus acréscimos.
a alteração qualitativa do contrato:
quando houver necessidade de modificação do projeto ou das especificações, para melhor adequação técnica aos seus objetivos;
em razão de fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém de conseqüências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado
Nestes casos, contratado é obrigado a aceitar alterações substanciais do contrato. Evidentemente, as alterações qualitativas não podem desnaturar o objeto do contrato, como salientado acima.
As alterações consensuais quantitativas são permitidas, desde que observado o limite máximo para os acréscimos, não havendo, porém, limites para as supressões consensuais. Alterações qualitativas são cabíveis nas mesmas hipóteses em que cabível a alteração unilateral.
Discute-se na doutrina se os limites previstos para as alterações quantitativas (art. 65, § 1º) aplicam-se também às alterações qualitativas. A maioria da doutrina entende que não, por entender que o dispositivo aplica-se exclusivamente às alterações quantitativas. Todavia, o Tribunal de Contas da União (TCU) fixou o entendimento de que os limites aplicam-se para todas as alterações unilaterais, ou seja, fixou que não há limites apenas quando a alteração qualitativa for pactuada pelas partes, observadas sempre, evidentemente, as hipóteses que a autorizam.
6) Manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato (permanência da equação)
Outro aspecto relevante da execução contratual é a necessidade de manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato (permanência da relação entre encargos e vantagens) durante sua execução.
Isso significa, de um lado, que, embora as cláusulas regulamentares (referentes à execução) e o objeto do contrato possam ser alterados unilateralmente, a equação econômico-financeira do contrato deve ser preservada. Ou seja, toda vez que a Administração alterar ou impactar, quantitativamente ou qualitativamente, o contrato, a lei determina que seu equilíbrio econômico-financeiro seja recomposto, de modo a que seja preservada a equação originária.
Por outro lado, toda vez que o contrato sofrer o impacto de situações extraordinárias (imprevisíveis ou previsíveis, mas de efeitos imprevistos) que ocorram durante a execução, também deverá ser revisto, para recomposição do equilíbrio.
Nesta medida, pode-se afirmar que um dos direitos mais importantes do contratante, na relação com a Administração Pública, é o da estabilidade da equação econômico-financeira. O princípio básico é o da manutenção do equilíbrio econômico-financeiro, que protege de forma excepcional as expectativas de lucro daquele que contrata com a Administração. Trata-se de uma determinação legal, que prescreve o restabelecimento da relação pactuada sempre que ocorrerem alterações ocorridas durante a execução do contrato, em virtude de:
alteração unilateral do contrato (art. 65, I, art. 58, § 2º);
comportamento da Administração que incida diretamente sobre o contrato e torna impossível ou mais onerosa a sua execução (“fato da Administração”) – fatos retardadores ou impeditivos da execução do ajustado no tempo e modo avençados (art. 65, II, d);
ato de autoridade não diretamente relacionado ao contrato (“fato do príncipe”) art. 65, II, d e § 5º - p. ex. quaisquer tributos ou encargos legais criados, alterados ou extintos, bem como a superveniência de disposições legais, quando ocorridas após a data da apresentação da proposta, de comprovada repercussão nos preços contratados.
circunstâncias externas imprevisíveis, inevitáveis e excepcionais que ocasionem grande desequilíbrio – “teoria da imprevisão” – art. 65, II, d – “fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém de consequências incalculáveis”
caso fortuito ou força maior, desde que não inviabilizem a execução contratual (art. 65, II, d)
7) Extinção do contrato
Normalmente, o contrato extingue-se naturalmente, pelo cumprimento do seu objeto ou pelo adimplemento do termo. Neste caso, a Administração Pública deve receber o objeto do contrato, provisória e definitivamente. 
Todavia, a legislação (art. 79, da Lei nº 8.666/93) autoriza a extinção provocada pelo interesse das partes: a) por iniciativa unilateral da Administração (inciso I); b) por acordo entre as partes (inciso II); ou por decisão judicial (inciso III).
A legislação vigente prevê que a rescisão pode ocorrer:
em face de fatos imputáveis ao contratado – incisos I a XI do art. 78 – estas irregularidades podem ensejar a extinção unilateral
Inexecução total ou parcial do contrato (art. 77, art. 78, incisos I, II, III, IV, V)
Descumprimento das determinações do agente fiscalizador (78, inciso VII)
Subcontratação (78, inciso VI)
Cometimento reiterado de faltas (78, inciso VIII)
Insolvência (78, inciso IX)
Perda das condições e qualificações exigidas para a habilitação (art. 55, XIII).
em razão de vício (nulidade) – extinção pode ser administrativa ou judicial – art. 59 da Lei nº 8666/93;
em razão de fatos imputáveis à Administração, praticados durante a execução contratual (art. 78, incisos XIII a XVI da LL) - podem levar a extinção judicial, inclusive, se houver recusa do poder público;
Por uma situação não imputável às partes (causa de extinção unilateral):
A ocorrência de caso fortuito ou de força maior, regularmente comprovada, desde que impeditiva da execução do contrato (art. 78, XVII, Lei nº 8.666/93).
Em face de alteração do interesse público (art. 78, inciso XII, da Lei nº 8.666/93) – razões de conveniência e oportunidade administrativas.
Efeitos decorrentes da rescisão
Evidentemente, os efeitos da extinção do contrato vão dependem de quem tenha dado causa à sua rescisão.
No caso dos contratos administrativos, podemos separar os efeitos da extinção do contrato em dois grandes grupos, conforme o contratado tenha ou não dado causa à rescisão:
Rescisão sem culpa do contratado (hipóteses previstas no art. 78, incisos XII a XVII) – nos casos em que o fato causador da rescisão não for imputável ao contratado, este faz jus à (art. 79, § 2º): 
Indenização integral pelos prejuízos regularmente comprovados que houver sofrido (com limitações no caso de anulação e caso fortuito/força maior);
Liberação ou devolução de garantia;
pagamento pela execução do contrato até a data da rescisão;
pagamento do custo da desmobilização;
Rescisão com culpa do contratado
Contratado não terá direito à indenização, mas apenas o direito a receber os pagamentos devidos pela execução do contrato até a data da rescisão;
Contratado tem o dever de indenizara Administração pelos prejuízos que causou;
Execução da garantia contratual, para ressarcimento dos prejuízos e das multas devidos;
Retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limite dos prejuízos causados à Administração.
Utilização temporária do local, instalações, equipamentos, material e pessoal empregados na execução do contrato, quando necessários à sua continuidade (art. 80).
Com a rescisão do contrato, a Administração assume imediatamente o seu objeto, no estado e local em que se encontrar.

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