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RECURSO ADMINISTRATIVO

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RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. OMISSÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ALEGADA OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE E DA SEPARAÇÃO DOS PODERES. INOCORRÊNCIA. SÚMULA Nº 636 DO STF. INVIABILIDADE DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. 
1. A jurisprudência da Corte pacificou o entendimento segundo o qual não cabe recurso extraordinário por ofensa ao princípio da legalidade, se houver necessidade de rever a interpretação dada a normas infraconstitucionais. Incidência da Súmula n. 636 do Supremo Tribunal Federal, verbis: não cabe recurso extraordinário por contrariedade ao princípio constitucional da legalidade, quando a sua verificação pressuponha rever a interpretação dada a normas infraconstitucionais pela decisão recorrida.
2. In casu, o acórdão assentou (fls. 154):
“MANDADO DE SEGURANÇA ORIGINÁRIO - SERVIDOR PÚBLICO - PROCESSO ADMINISTRATIVO DE APOSENTADORIA - OMISSÃO DA ADMINISTRAÇÃO EM SE PRONUNCIAR POR MAIS DE 3 ANOS - DEMORA INJUSTIFICADA - OFENSA AOS ARTIGOS 5º, LXXVIII DA CF E 46 A 48 DA LEI ESTADUAL Nº 14.184/02 - SEGURANÇA CONCEDIDA. Demonstrado que o processo administrativo de aposentadoria iniciado há mais de 3 anos permanece sem conclusão, em afronta à garantia constitucional da razoável duração do processo, bem como aos princípios da eficiência e razoabilidade, concede-se a segurança para compelir o impetrado a se pronunciar sobre a questão em prazo fixado pela Lei Estadual nº 14184/02, que dispõe sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Estadual, sob pena de multa.”
3. O Supremo Tribunal Federal entende que a apreciação, pelo Poder Judiciário, de atos administrativos tidos por ilegais ou abusivos não ofende o Princípio da Separação dos Poderes. Precedentes: AI nº 463.646/AgR, Primeira Turma, Relator o Ministro Ayres Britto, DJ de 27/05/2005; AI nº 777.502/AgR, Segunda Turma, Relatora a Ministra Ellen Gracie, DJe de 25/10/2010; MS nº 23.452, Plenário, da relatoria do Ministro Celso de Mello, DJ de 12/05/2000.
4. Recurso extraordinário a que se nega seguimento.
Decisão: Cuida-se de recurso extraordinário interposto pelo ESTADO DE MINAS GERAIS, com fulcro no art. 102, III, “a”, da Constituição Federal de 1988, em face de v. acórdão prolatado pelo , assim ementado (fl. 154):
“MANDADO DE SEGURANÇA ORIGINÁRIO - SERVIDOR PÚBLICO - PROCESSO ADMINISTRATIVO DE APOSENTADORIA - OMISSÃO DA ADMINISTRAÇÃO EM SE PRONUNCIAR POR MAIS DE 3 ANOS - DEMORA INJUSTIFICADA - OFENSA AOS ARTIGOS 5º, LXXVIII DA CF E 46 A 48 DA LEI ESTADUAL Nº 14.184/02 - SEGURANÇA CONCEDIDA. Demonstrado que o processo administrativo de aposentadoria iniciado há mais de 3 anos permanece sem conclusão, em afronta à garantia constitucional da razoável duração do processo, bem como aos princípios da eficiência e razoabilidade, concede-se a segurança para compelir o impetrado a se pronunciar sobre a questão em prazo fixado pela Lei Estadual nº 14184/02, que dispõe sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Estadual, sob pena de multa.”
O autor, ora recorrido, servidor público estadual no cargo de Agente de Polícia, alega que foi acometido de doença grave. Informa que desde 2003 vinha obtendo licenças médicas porque incapacitado para o trabalho. Em 2005, a junta médica da própria Polícia Civil do Estado de Minas Gerais concluiu que o servidor deveria ser aposentado por invalidez, momento em que foi afastado preliminarmente à aposentadoria. 
Passados mais de quatro anos, não houve manifestação da administração pública em relação ao ato de aposentação, motivo pelo qual impetrou mandado de segurança contra o ato omissivo da Secretária de Estado de Planejamento e Gestão, alegando a abusividade por parte da autoridade impetrada.
O Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais concedeu à ordem sob o fundamento da demora injustificada no pronunciamento da Administração, em afronta aos princípios da garantia constitucional da razoável duração do processo, bem como da eficiência e razoabilidade, consoante ementa transcrita acima. 
Opostos embargos de declaração, restaram rejeitados (fls. 178/181).
Em suas razões recursais, o Estado de Minas Gerais aponta violação aos artigos 2º e 37, caput, da Constituição Federal, sustentando, em síntese, que apesar de o sistema de “freios e contrapesos” previsto na Constituição ser flexível, neste caso concreto não há possibilidade da ingerência do Judiciário, pois trata-se de julgamento de mérito de ato administrativo, competência exclusiva do Poder Executivo (fl. 217).
Foram apresentadas contrarrazões ao recurso extraordinário (fls. 248/264).
É o relatório. DECIDO. 
O recurso não merece prosperar. 
Está pacificado o entendimento segundo o qual não cabe recurso extraordinário por ofensa ao princípio da legalidade, se houver necessidade de rever a interpretação dada a normas infraconstitucionais. Incidência da Súmula n. 636 do Supremo Tribunal Federal, verbis: não cabe recurso extraordinário por contrariedade ao princípio constitucional da legalidade, quando a sua verificação pressuponha rever a interpretação dada a normas infraconstitucionais pela decisão recorrida.
Relativamente ao verbete sumular, traz-se a lume o comentário do ilustre professor Roberto Rosas, in Direito Sumular, 12ª edição, Editora Malheiros, verbis: 
“O Recurso Extraordinário é cabível por contrariedade a dispositivo constitucional, de forma direta. Se a invocação do princípio da legalidade (CF – art. 5º, II) demanda exame da lei ordinária para justificar esse princípio, então, não há matéria a ser examinada no recurso extraordinário.” 
Quanto à alegada violação ao Princípio da Independência dos Poderes, melhor sorte não assiste ao recorrente. 
In casu, o Tribunal a quo não discutiu mérito de ato administrativo como tentou demonstrar as razões do apelo extremo. Determinou, tão somente, a manifestação da Administração referente ao processo administrativo de aposentadoria. Colhe-se do voto que orientou o acórdão recorrido (fls. 158/159):
“Considerando que o mandado de segurança foi impetrado com o objetivo de que a impetrada se pronuncie quanto à concessão ou não da aposentadoria, e diante do fato de o processo administrativo se arrastar por quase 4 anos, de rigor a concessão da ordem, com fixação do prazo de 90 (noventa) dias, nos moldes do artigo 47 supracitado, sem possibilidade de prorrogação haja vista a demora na solução e o possível agravamento do estado de saúde do impetrante constatado na perícia médica.”
Ademais, o Supremo Tribunal Federal entende que a apreciação, pelo Poder Judiciário, de atos administrativos tidos por ilegais ou abusivos não ofende o Princípio da Separação dos Poderes. No mesmo sentido, confira-se:
“CONTROLE JURISDICIONAL DOS ATOS ADMINISTRATIVOS, QUANDO ILEGAIS OU ABUSIVOS. POSSIBILIDADE. Não viola o princípio da separação dos Poderes a anulação de ato administrativo que fere a garantia constitucional do contraditório e da ampla defesa. Precedentes: REs 259.335-AgR, Relator o Min. Maurício Corrêa; e 170.782, Relator o Min. Moreira Alves. Agravo desprovido.” (AI nº 463.646/AgR, Primeira Turma, Relator o Ministro Ayres Britto, DJ de 27/05/2005).
“ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. ART. 557 DO CPC. APLICABILIDADE. ALEGADA OFENSA AO ART. 2º DA CF. ATO ADMINISTRATIVO DISCRICIONÁRIO. ILEGALIDADE. CONTROLE JUDICIAL. POSSIBILIDADE. APRECIAÇÃO DE FATOS E PROVAS. SÚMULA STF 279. 1. Matéria pacificada nesta Corte possibilita ao relator julgá-la monocraticamente, nos termos do art. 557 do Código de Processo Civil e da jurisprudência iterativa do Supremo Tribunal Federal. 2. A apreciação pelo Poder Judiciário do ato administrativo discricionário tido por ilegal e abusivo não ofende o Princípio da Separação dos Poderes. Precedentes. 3. É incabível o Recurso Extraordinário nos casos em que se impõe o reexame do quadro fático-probatório para apreciar a apontada ofensa à Constituição Federal. Incidência da Súmula STF 279. 4. Agravo regimental improvido.” (AI nº 777.502/AgR, Segunda Turma,Relatora a Ministra Ellen Gracie, DJe de 25/10/2010).
“Educação. Calendário rotativo. - A única questão constitucional prequestionada foi a da alegada ofensa ao princípio da separação de Poderes. - Inexistência dessa violação, porquanto, no caso, o Poder Judiciário, por ter considerado o ato da Administração como ilegal e abusivo, fundamentando essa conclusão, se limitou a situar-se no terreno de sua competência. Recurso extraordinário não conhecido.” (RE nº 170.782, Relator o Ministro Moreira Alves, DJ de 02/06/200).
Ainda a respeito do tema, transcrevo, na parte que interessa, importante lição retirada quando do julgamento do MS nº 23.452, Plenário, da relatoria do Ministro Celso de Mello, DJ de 12/05/2000, in verbis:
“(…)
A essência do postulado da divisão funcional do poder, além de derivar da necessidade de conter os excessos dos órgãos que compõem o aparelho de Estado, representa o princípio conservador das liberdades do cidadão e constitui o meio mais adequado para tornar efetivos e reais os direitos e garantias proclamados pela Constituição. Esse princípio, que tem assento no art. 2º da Carta Política, não pode constituir e nem qualificar-se como um inaceitável manto protetor de comportamentos abusivos e arbitrários, por parte de qualquer agente do Poder Público ou de qualquer instituição estatal. - O Poder Judiciário, quando intervém para assegurar as franquias constitucionais e para garantir a integridade e a supremacia da Constituição, desempenha, de maneira plenamente legítima, as atribuições que lhe conferiu a própria Carta da República. O regular exercício da função jurisdicional, por isso mesmo, desde que pautado pelo respeito à Constituição, não transgride o princípio da separação de poderes. (...)”
Ex positis, NEGO SEGUIMENTO ao recurso extraordinário, com fundamento no artigo 21, § 1º, do RISTF.
Publique-se.
Brasília, 13 de março de 2012.
Ministro Luiz Fux
Relator
Documento assinado digitalmente

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