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JUSTIÇA DO TRABALHO 3ª REGIÃO BIÊNIO 2008/2009 Desembargador Paulo Roberto Sifuentes Costa Presidente Desembargador Caio Luiz de Almeida Vieira de Melo Vice-Presidente Judicial Desembargadora Maria Lúcia Cardoso de Magalhães Vice-Presidente Administrativo Desembargador Eduardo Augusto Lobato Corregedor VICE-PRESIDÊNCIA ADMINISTRATIVA Desembargadora Maria Lúcia Cardoso de Magalhães Assessora Jurídica Deila Barbosa de Araújo Lucas Assistentes Cláudia Márcia Saldanha Elza Franco de Almeida Lemos Lucilene Magalhães Penha de Carvalho Guimarães Marta Alves Dias Patrícia Calábria Silveira Diretor Judiciário Eliel Negromonte Filho Assessor de Precatórios José Ariceu Pereira Juizo Auxiliar de Conciliação de Precatórios Juíza Érica Aparecida Pires Bessa Marco Antonio Rosa - Diretor EQUIPE DE ELABORAÇÃO Assessora Jurídica – Deila Barbosa de Araújo Lucas Cláudia Márcia Saldanha Lucilene Magalhães Penha de Carvalho Guimarães Marta Alves Dias Patrícia Calábria Silveira COLABORAÇÃO ESPECIAL Juíza Érica Aparecida Pires Bessa APRESENTAÇÃO O Tribunal Regional do Trabalho da Terceira Região por sua Vice-Presidência Administrativa, tendo em vista a competência delegada (Portarias 01 e 88, ambas do ano de 2008) edita o presente Manual de Procedimentos da Execução contra a Fazenda Pública. E, em face de que um dos princípios regentes da Administração Pública, consoante expressamente disposto na Resolução nº. 79 de 09.06.2009 do CNJ, é a publicidade, e que tal princípio compreende a transparência e acessibilidade às informações, incentivando a mesma Resolução, o fornecimento dos dados sobre o funcionamento da Justiça, em caráter educativo ou didático-pedagógico, com linguagem simples e acessível, o presente Manual de Procedimentos da Execução contra a Fazenda Pública foi formulado com o escopo de orientar às partes interessadas e aos servidores da Justiça do Trabalho da 3ª. Região quanto à prática dos atos concernentes aos Precatórios e às Requisições de Pequeno Valor, nas órbitas Municipal, Estadual e Federal, de forma a facilitar e acelerar a tramitação de tais instrumentos. A apresentação simplificada facilita a consulta rápida de conceitos doutrinários, fluxogramas e modelos, bem como a pesquisa da doutrina, e às normas legais ajustáveis a cada ato processual da execução, levando à racionalização das rotinas internas das secretarias das Varas do Trabalho da 3ª. Região, de forma a alcançar a celeridade e a garantia a todos da razoável duração do processo, tudo em observância ao direito constitucional ínsito no art. 5º, LXXVIII. Esperamos, pois, que este Manual de Procedimentos seja de real utilidade a todos que labutam no Judiciário Trabalhista. Maria Lúcia Cardoso de Magalhães Desembargadora Vice-Presidente Administrativo do TRT 3ª Região Este Manual encontra-se disponível para consulta no site www.trt3.jus.br SUMÁRIO 1 EXECUÇÃO TRABALHISTA: CONCEITO E OBJETO ........................................................................11 2 LEGITIMAÇÃO PARA PROMOVER A EXECUÇÃO ............................................................................12 2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS DE EXECUÇÃO ..............................................................................12 3 ESTRUTURA ORGÂNICA E LEGAL DA EXECUÇÃO TRABALHISTA - FASES ................................13 3.1 QUANTIFICAÇÃO OU LIQUIDAÇÃO .............................................................................................13 3.1.1 FLUXOGRAMA DA LIQUIDAÇÃO POR SIMPLES CÁLCULO .................................................14 3.2 CONSTRIÇÃO................................................................................................................................15 3.2.2 FLUXOGRAMA DA FASE DE CONSTRIÇÃO..........................................................................15 3.3 EXPROPRIAÇÃO - ATOS DE ALIENAÇÃO ...................................................................................15 3.3.1 FLUXOGRAMA DA FASE DE EXPROPRIAÇÃO ......................................................................16 4 EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA ....................................................................................17 4.1 DIFERENÇA ENTRE A EXECUÇAO TRABALHISTA E A EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA ...................................................................................................................................17 4.2 PRECATÓRIO JUDICIAL: CONCEITO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA .............................................18 4.2.1 FLUXOGRAMA DA EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA PRECATÓRIO REGULAR ..........................................................................................................................20 4.3 PROCEDIMENTOS NA EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA .........................................21 4.3.1 PROCEDIMENTOS ADOTADOS PELO TRIBUNAL EGIONAL DO TRABALHO DA 3ª REGIÃO ...........................................................................................................................................21 4.3.1.1 Procedimentos Executados Pela Assessoria De Precatórios ..............................................23 4.4 FLUXOGRAMA DA EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA – PANORAMA GERAL SINTÉTICO ..............................................................................................................24 4.5 EXECUÇÃO DE CRÉDITOS DE PEQUENO VALOR CONTRA A FAZENDA PÚBLICA - RPV’S ...................................................................................................................25 4.5.1 PROCEDIMENTOS DAS REQUISIÇÕES DE PEQUENO VALOR .........................................28 4.5.2 FLUXOGRAMAS DAS REQUISIÇÕES DE PEQUENO VALOR ................................................28 4.5.2.1 Fluxograma da União Federal Administração Direta e Indireta. .............................................28 4.5.2.2 Fluxogramas das Requisições de Pequeno Valor dos Correios – ECT ................................29 4.5.2.3 Fluxograma das Requisições de Pequeno Valor contra o Estado de Minas Gerais Administração Direta e Indireta. .................................................................................................................30 4.5.2.4 Fluxograma das Requisições de Pequeno Valor dos Municípios Administração Direta e Indireta ..................................................................................................................31 4.6 INADIMPLEMENTO DA DÍVIDA DE PEQUENO VALOR NO PRAZO LEGAL ...............................32 5 INSTRUMENTOS DO CREDOR DA FAZENDA PÚBLICA NA HIPÓTESE DE INADIMPLEMENTO DOS PRECATÓRIOS ..............................................................................................32 5.1 SEQUESTRO ..................................................................................................................................33 5.1.1 PRETERIMENTO DO DIREITO DE PRECEDÊNCIA ................................................................33 5.2 INTERVENÇÃO ................................................................................................................................34 6 JUÍZO AUXILIAR DE CONCILIAÇÃO DE PRECATÓRIOS .................................................................36 7 CONCLUSÃO .......................................................................................................................................39 8 ÍNDICE GERAL DA LEGISLAÇÃO E VERBETES JURISPRUDENCIAIS APLICÁVEIS AOS PRECATÓRIOS E REQUISIÇÕES DE PEQUENO VALOR .....................................................................41 9 LEGISLAÇÃO E VERBETES JURISPRUDENCIAIS APLICÁVEIS AOS PRECATÓRIOS E REQUISIÇÕES DE PEQUENO VALOR ...................................................................................................4310 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................99 11 EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA NA JUSTIÇA DO TRABALHO - 3ª REGIÃO PRECATÓRIOS REQUISIÇÃO DE PEQUENO VALOR NOÇÕES BÁSICAS 1 EXECUÇÃO TRABALHISTA: CONCEITO E OBJETO Antes de se adentrar ao estudo da Execução contra a Fazenda Pública se faz necessário um breve relato dos conceitos relativos ao próprio processo de execução. Os processos judiciais se originam da necessidade de resolução dos conflitos que são inerentes à vida social. O Estado na sua função jurídica decide o conflito entre as partes litigantes declarando a certeza do direito, mediante prolação de sentença ou acórdão. A prestação jurisdicional se dá por diversos procedimentos, notadamente por três categorias de ações, quais sejam: conhecimento, execução e também as cautelares, que têm sido hoje interpretadas ampliativamente, incluindo-se, por exemplo, as mandamentais. Conforme preleciona Araken de Assis (2007, p. 71) no processo de conhecimento o órgão jurisdicional atua “conhecendo” a lei e o conflito, a fim de proferir o juízo. O objetivo principal desta espécie de processo consiste em outorgar certeza às partes. Doutrina antiga reduzia o processo cautelar em mero capítulo da execução. Hoje, os autores consideram o processo cautelar como classe autônoma. De acordo com Manoel Antônio Teixeira Filho (2009, p. 1872,1873) conquanto o processo cautelar tenha como escopo nuclear a preventividade, ele se faz dotado, em muitos casos, de atos característicos dos processos de cognição (o proferimento da sentença v.g.) e de execução (apreensão e depósito de bens do devedor). Essa presença de atos próprios da cognição e da execução não lhe retira a marcante autonomia e especificidade quanto aos fins. Não se imagine que haja um processo cautelar de conhecimento e um processo cautelar de execução, porquanto isso implicaria negar a estrutura unitária desse processo. (...) O processo cautelar integra o elenco das denominadas tutelas de urgência, destinadas ao pronto atendimento de direitos colocados em situação de periclitância, por ato de outrem. No procedimento de execução em geral se torna efetivo o cumprimento da decisão, visando atingir o resultado prático da sentença, ou seja, forçar o réu ao cumprimento da norma legal declarada no processo de conhecimento, ou do título executivo. Segundo Candido Rangel Dinamarco, a certeza é um objetivo da cognição e um ponto de partida na execução, devendo ser destacado também o conceito proposto por Manoel Antônio Teixeira Filho para quem a execução forçada no processo do trabalho é a atividade jurisdicional do Estado, de índole essencialmente coercitiva, desenvolvida por órgão competente, de ofício, ou mediante iniciativa do interessado, com o objetivo de compelir o devedor ao cumprimento da obrigação contida na sentença condenatória transitada em julgado, acordo judicial inadimplido ou em título extrajudicial, previsto em lei. ( g.n., 2009, p. 1845) Vale, a propósito, destacar precioso conceito de Execução Processual formulado 12 também por Giuseppe Chiovenda (1998, p.346) para quem a execução processual é a atuação prática, da parte dos órgãos jurisdicionais, de uma vontade concreta da lei que garante a alguém um bem da vida e que resulta de uma verificação, constituindo a execução o complexo dos atos coordenados a esse objetivo. Ensina ainda, Chiovenda, que há execução no processo toda vez que órgãos jurisdicionais agem contra um particular obrigado, a fim de obter para o vencedor um bem que lhe é devido, ou a fim de atuar uma sanção aplicada em conseqüência do inadimplemento, utilizando as medidas que a lei permite para pôr em prática os meios a fim de obter que o credor logre o bem a que tem direito. Esses meios executivos podem dividir-se em meios de coação e de sub- rogação. Dizem-se meios de coação os com que os órgãos jurisdicionais tendem a fazer conseguir para o credor o bem a que tem direto com a participação do obrigado, e, pois, se destinam a influir sobre a vontade do obrigado para que se determine a prestar o que deve. Tais são as multas, o arresto pessoal e os seqüestros com função coercitiva. Os meios de sub-rogação dizem-se aqueles com que os órgãos jurisdicionais objetivam, por sua conta, fazer conseguir para o credor o bem a que tem direito independentemente de participação e, portanto, da vontade do obrigado. Tais a apreensão direta das coisas determinadas a que o credor tenha direito; a apreensão das coisas móveis ou imóveis do devedor para convertê-las em dinheiro com o fim de satisfazer os créditos; a realização direta da atividade devida pelo devedor, se fungível; o emprego da força para impedir que o devedor realize uma atividade em contraste com a obrigação de não fazer. Deve-se ressaltar que nosso ordenamento jurídico também permite, ao lado da execução forçada, a execução de título extrajudicial. Sendo esta execução a coerção do Estado, com dispensa de atividade cognitiva, visto que o título já traz em si a certificação do direito, que é à vontade das partes, sujeitos da relação jurídica 2 LEGITIMAÇÃO PARA PROMOVER A EXECUÇÃO O artigo 878 da Consolidação das Leis do Trabalho legitima: a) as partes b) o órgão do Ministério Público do Trabalho c) o juiz competente ex officio A tentativa de conciliação não é obrigatória na fase de execução. Mas, não há impedimento legal para que seja realizada. 2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS DE EXECUÇÃO Segundo Araken de Assis (2007, p.91) os atos de execução podem ser classificados da seguinte forma: a)”atos de apreensão”, ou de constrição (Verstrickung), de que são exemplos nítidos a primeira etapa da penhora ( art. 475-j, caput, c/c art. 652, § 1º, e art. 664 do CPC) e a do desapossamento (art. 625), que têm por fito tanto coisas, móveis e imóveis – v.g.,o explicitamente disposto no art. 625-, quanto, o desapossamento, pessoas (art. 839 do CPC); b)”atos de transformação”, exemplificados na tormentosa atividade prática da execução do facere fungível (art. 633 do CPC), às vezes de extraordinária complexidade: a prestação que toca ao empreiteiro de lavor, como a construção de uma casa, apresenta proporções inauditas e variações tão intrincadas quanto múltiplas; 13 c)”atos de custódia”, como o depósito da coisa penhorada (art. 664 do CPC) e prisão do executado (art. 733, § 1º CPC.); d)”atos de dação”, a exemplo da entrega do dinheiro produzido pela expropriação (art. 708, I,do CPC) e da imissão na posse (art. 625); e)”atos de transferência”, em que direitos são, compulsoriamente, transladados da esfera jurídica do executado, como ocorre na arrematação (art. 693 do CPC) e, f)”atos de pressão”, servindo de exemplo conspícuo a cominação da pena pecuniária (arts. 287, 461, parágrafos 5º. e 6º., c/c 645, 621, parágrafo único,e 644 do CPC) e da prisão (art.733, caput) ao executado, constrangendo sua vontade. A teor do disposto no art. 598 Código de Processo Civil, aplicam-se subsidiariamente à execução as disposições que regem o processo de conhecimento. 3 ESTRUTURA ORGÂNICA E LEGAL DA EXECUÇÃO TRABALHISTA - FASES Consoante Manoel Antonio Teixeira Filho (2009, p. 1874) “vista pelo ângulo de sua estrutura orgânica, a execução trabalhista baseada em título judicial apresenta-se lógica, pois integrada por três fases distintas e sequentes, subordinadas ao objetivo comum de realizar concretamente o preceito sancionatório contido no título exeqüendo; são elas as de: a) quantificação; b) constrição; e c) expropriação”: 3.1 QUANTIFICAÇÃO OU LIQUIDAÇÃO É a fase em que se confere liquidez à quantia objeto da condenação. É a parte da estrutura orgânica da execução onde vai ser fixado o montante da obrigação imposta. Asnormas legais aplicáveis à liquidação da sentença estão no art. 879 da CLT e disposições do CPC, aplicadas subsidiariamente (art. 475-A e seguintes), com as devidas adaptações ao processo do trabalho. Nos termos do art. 879 da CLT a liquidação pode dar-se por: a) simples cálculos: exige-se meras contas aritméticas (CPC, art. 475-B e CLT, art. 879, parágrafo 1º.B); b) por artigos: requer produção de prova para quantificação dos elementos que estão fora dos autos (CPC, art. 475-E); c) por arbitramento: os elementos ou dados estão dentro dos autos, mas há exigência de um levantamento técnico de mensuração ou avaliação aproximada (CPC, art. 475-C e 475-D). 14 3.1.1 FLUXOGRAMA DA LIQUIDAÇÃO POR SIMPLES CÁLCULO LIQUIDAÇÃO POR SIMPLES CÁLCULO 15 3.2 CONSTRIÇÃO Feita a conta e tornado líquido o título judicial, será o devedor citado a satisfazer a obrigação, no prazo de 48 horas (CLT, art. 880), sob pena de penhora dos bens, tantos quantos bastem ao pagamento da importância da condenação, acrescida de custas e juros de mora, segundo dicção do art. 883 da CLT. Portanto, o devedor sofre uma constrição no seu patrimônio para saldar a obrigação contida no título executivo. As regras aplicáveis à constrição são as constantes dos art. 880 a 883 da CLT. O devedor pode opor embargos à execução (art. 884 CLT), depois de garantida a execução. 3.2.2 FLUXOGRAMA DA FASE DE CONSTRIÇÃO 3.3 EXPROPRIAÇÃO - ATOS DE ALIENAÇÃO Mantida a penhora, os bens penhorados e avaliados serão submetidos à praça ou leilão para serem expropriados do patrimônio do devedor (art. 647 CPC), por meio de procedimento de: a) Arrematação - venda efetuada em hasta pública a quem oferecer maior preço (CPC art. 690, CLT art. 888). b) Adjudicação - ato que consubstancia a aquisição de bens do devedor pelo próprio credor, servindo-se do privilégio que lhe assegura a legislação trabalhista (CPC art. 685-A, CLT, art. 888 § 1º). c) Remição - devedor resgata o patrimônio que garante a execução oferecendo pagamento total da obrigação (CPC art. 651). 16 3.3.1 FLUXOGRAMA DA FASE DE EXPROPRIAÇÃO 17 4 EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA Fazenda Pública – Definição: Segundo Plácido e Silva (2008, p. 604) “Fazenda Pública é sempre tomada, em amplo sentido, significando toda soma de interesse de ordem patrimonial da União, dos Estados Federados ou do Município, pois que, sem distinção, todas se compreendem na expressão”. A Fazenda Pública compreende o erário, em todos os níveis, tanto da administração direta como indireta, designa bens, riquezas ou interesses de ordem financeira pertencente à União, Estados e Municípios. 4.1 DIFERENÇA ENTRE A EXECUÇÃO TRABALHISTA E A EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA Preleciona José Augusto Rodrigues Pinto (1998 p. 210, g.n.) que a execução contra a Fazenda Pública distingue-se da execução trabalhista em geral, no que diz respeito aos atos de constrição e de alienação na estrutura processual. A razão determinante da distinção reside na impossibilidade jurídica absoluta que sempre se admitiu haver de garantir-se o cumprimento da coisa julgada pelas pessoas jurídicas de Direito Público, através da constrição sobre seu patrimônio, que não é de seu domínio absoluto. Assim a principal causa do procedimento diferenciado, previsto constitucionalmente, para a execução contra a Fazenda Pública, além da presunção de solvência da Administração, repousa no regime especial dos bens do domínio público, que, por princípio de lei, torna inviável imediata e incondicionalmente a constrição de tais bens. Neste sentido, o texto expresso de lei contido no artigo 100 do Código Civil: “os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar”. Não há, pois, na execução contra a Fazenda Pública, as fases de constrição e expropriação, uma vez que os bens públicos, a teor do disposto no citado artigo 100 do Código Civil e artigo 183, parágrafo 3º e artigo 191, parágrafo único da Constituição da República, são inalienáveis, só perdendo esta condição na forma e nos casos previstos em lei. Portanto, não se submetendo à expropriação por execução forçada, os bens públicos são impenhoráveis, já que a finalidade da constrição seria a alienação em Juízo para pagamento da execução. Destarte, a Constituição Federal em seu artigo 100 não permite a penhora dos bens públicos no caso de pagamentos devidos pela Fazenda Pública Federal, Estadual e Municipal, em virtude de sentença judiciária, impondo o pagamento do crédito apurado a favor do autor, pela ordem cronológica de apresentação de precatórios, estes que são, na verdade, solicitação ao órgão público, por meio do Presidente do Tribunal, de valores necessários ao atendimento do crédito, e/ou se for o caso, por meio das requisições de pagamento de pequeno valor (RPVs). A apresentação dos precatórios tem como escopo o respeito à autoridade da coisa julgada, cumprindo o princípio da independência dos poderes e o princípio da impessoalidade às verbas públicas e aos créditos dos exeqüentes, assegurando ainda, a igualdade de tratamento, na obediência à ordem cronológica de apresentação dos precatórios. As RPVs por sua vez, objetivam atender as obrigações de pequena monta, baseando-se nos princípios da celeridade e efetividade. 18 4.2 PRECATÓRIO JUDICIAL: CONCEITO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA O precatório é uma forma de pagamento, na execução por quantia certa contra a Fazenda Pública, disciplinada pelo artigo 730, do Código de Processo Civil. É o instrumento para fazer cumprir o mandamento constitucional previsto no art. 100 da CR/88. Constitui, por assim dizer, na execução forçada de decisão judicial transitada em julgado. À semelhança das demais execuções, o objeto da condenação imposta ao ente público é submetido à prévia liquidação e após ter seu quantum debeatur apurado e homologado, ao revés do que de praxe ocorre, a execução contra a fazenda pública implica na expedição de Ofício Precatório pelo Juiz de Origem, destinado ao Presidente do Tribunal, a quem caberá, por seu turno, expedir o Ofício Requisitório, determinando ao poder público que, mediante previsão na lei orçamentária anual, proceda ao pagamento do valor da dívida fixada na sentença. Assim, o ofício encaminhado pelo Juiz da execução ao Presidente do Tribunal é o ofício precatório, mas aquele que será enviado pelo Presidente do Tribunal à Fazenda Pública é denominado ofício requisitório, porquanto ato de império que contém uma determinação judicial, cujo descumprimento pode acarretar penalização, com seqüestro ou intervenção. Os ensinamentos de José Augusto Delgado asseguram que nas ordenações Manuelinas e Filipinas, a execução contra a Fazenda Pública se processava da mesma forma como contra qualquer pessoa, inclusive com penhora. Contudo, havia uma restrição à penhora, eis que não constituíam objeto de penhora os cavalos, as armas, os livros, os vestidos de seus corpos e as camas dos fidalgos, dos cavalheiros, dos desembargadores, de vez que outros bens não tinham. A execução recairia nos cavalos, nos vestidos e nas coisas sobreditas, que não lhes fossem necessárias, quando inexistissem outros bens móveis de raiz. A proibição da penhora de bens da Fazenda Pública ocorreu em 10 de abril de 1851, quando o Directório do Juízo Fiscal e Contencioso dos Feitos da Fazenda Pública editou instrução, instituindo, no artigo 14, a impenhorabilidade dos bens da Fazenda Nacional. Depois, os Avisos da Fazenda de 1863 e de 1865, de números 120 e 395, respectivamente, prescreveram a impenhorabilidade dos bens provinciais e municipais. A partir de então nenhum bem público, independentemente de pertencer à União, Estados e Municípios, poderia ser penhorado (SILVA, Américo Luís Martins da, 1998, p. 36).Até 1934, a existência do precatório restringia-se ao âmbito infraconstitucional. Em 16 de julho do referido ano, o precatório conquistou o status constitucional através da Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil. Entretanto, o texto constitucional dedicava-se, somente, às dívidas da Fazenda Federal. Os Estados e Municípios tinham liberdade de regulamentar o modo pelo qual realizariam o pagamento referente a dívidas sobrevindas de sentenças judiciais. Tal afirmação encontrava respaldo no artigo 182, deste diploma legal, in verbis: Art. 182 – Os pagamentos devidos pela Fazenda federal, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão na ordem de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, sendo vedada a designação de caso ou pessoas nas verbas legais. Parágrafo único – Estes créditos serão consignados pelo Poder Executivo ao Poder Judiciário, recolhendo-se as importâncias ao cofre dos depósitos públicos. Cabe ao Presidente da Corte Suprema expedir as ordens de pagamento, dentro das forças do depósito, e, a requerimento do credor que alegar preterição na sua precedência, autorizar o seqüestro da quantia necessária para o satisfazer, depois de ouvido o Procurador Geral da República. 19 O artigo 95 da Constituição de 1937 concedeu tratamento idêntico ao precatório, apresentando, unicamente, como novidade a imprescindibilidade de inserir, no orçamento, a quantia suficiente para a satisfação dos credores da Fazenda Nacional, cujos créditos fossem originários de condenações judiciais. O Código de Processo Civil de 1939, ao elencar os bens impenhoráveis, inicia pelos inalienáveis. Assim dispunha este diploma legal: “Art. 942. Não poderão absolutamente ser penhorados: I – os bens inalienáveis por força de lei”. Dentre estes bens, estão insertos os de natureza pública, nos termos do artigo 66, do Código Civil Brasileiro de 1916. O mencionado código de processo, ao disciplinar a execução contra a Fazenda Pública em seu artigo 918, § único, a fez de norma idêntica à Constituição de 1937. Todavia, houve a inclusão dos Estados, ainda não se inserindo os Municípios. O CPC de 1939 alterou o sistema então vigente para incluir no precatório as administrações diretas Estaduais, modificação autorizada pela Constituição então vigente que delegou à legislação infra-constitucional a regulamentação do procedimento para as execuções em face das Fazendas Estaduais. Porém, como esclarece Américo Luís Martins da Silva (1998, p. 57) as autarquias e as outras entidades públicas da Administração indireta não se submetiam ao precatório. Este era aplicado, apenas, à Administração direta. A Constituição de 1946 estendeu o alcance do precatório judicial às Fazendas municipais e ampliou a atribuição de expedir o precatório aos Presidentes do Tribunal Regional de Recurso e do Tribunal de Justiça, subordinando a prerrogativa ao caso concreto. Só com a Constituição de 1967 e a Emenda Constitucional de 1969, se criou a obrigatoriedade da inserção do orçamento de verba para pagamento dos precatórios exibidos até primeiro de julho do ano da elaboração da proposta orçamentária. O descumprimento do comando constitucional ensejaria crime de responsabilidade. Também, transmitiu-se ao Presidente do Tribunal, que prolatou a decisão exeqüenda, a competência para a expedição do precatório. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, denominada Constituição cidadã, assegurou tratamento privilegiado aos créditos de natureza alimentícia, bem como instituiu a ordem cronológica de apresentação para os pagamentos e a atualização monetária dos valores até o dia primeiro de julho no exercício anterior ao pagamento. Por outro lado, não se pode deixar de frisar o pensamento de Leonardo Greco (2006, p. 87-107) no sentido de que o artigo 730, do Código de Processo Civil, não foi revogado pela Lei 11.232/2005, tendo em vista a impossibilidade de instituição de penhora sobre os bens da Fazenda Pública. Logo, a execução por quantia certa contra a Fazenda Pública continuará a se desenvolver através de processo autônomo. A obrigatoriedade de cumprimento das decisões oriundas do Poder Judiciário, notadamente nas hipóteses em que a condenação judicial tem por destinatário o Poder Público, muito mais do que simples incumbência de ordem processual, representa uma incontestável obrigação institucional, sem deixar de subtrair o aparelho do Estado, sob pena de grave comprometimento dos princípios consagrados no texto da Constituição da República. 20 4.2.1 FLUXOGRAMA DA EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA - PRECATÓRIO REGULAR 21 4.3 PROCEDIMENTOS NA EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA A execução contra a Fazenda Pública possui também duas fases: liquidação da sentença e satisfação da dívida mediante precatório ou requisição de pequeno valor-RPV . Depois de homologados os cálculos, a Fazenda Pública é citada para opor embargos, na forma do art. 730 do CPC. Se a Fazenda Pública não apresentar os respectivos embargos, segue-se a satisfação do crédito reconhecido mediante o pagamento via sistema de precatório-requisitório e/ou requisição de pequeno valor, para as obrigações assim definidas como tal pela Constituição (artigo 87 do ADCT) e legislação (Lei 10259/01, por exemplo) Isto porque, como os créditos são considerados individualmente, nas ações plúrimas podem ser executados concomitantemente créditos de pequeno valor e outros que excedam o limite estipulado, desafiando, assim em um mesmo processo a instauração tanto do procedimento de precatório, como de RPV. Importante frisar, aqui, a necessidade da intimação da União, representada pela Procuradoria Geral da Fazenda – Órgão de Arrecadação, para se manifestar sobre as contribuições sociais, nos termos do artigo 879 § 3º da CLT, com redação dada pela Lei 11.457/2007, tão logo a conta seja liquidada, antes mesmo da citação do devedor público, sob pena de nulidade do procedimento. A inobservância deste procedimento acarreta a devolução do precatório ou da requisição de pequeno valor ao juízo de origem, para regularização, atrasando o pagamento ao credor. 4.3.1 PROCEDIMENTOS ADOTADOS PELO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 3ª REGIÃO No Egrégio Terceiro Regional, em observação à Instrução Normativa 32/2007 do Colendo TST, foi publicada a OS 01/2008 pela Vice-Presidente-Administrativa com o estabelecimento das normas de procedimento relativas à expedição de precatórios e requisições de pequeno valor. A competência na Terceira Região para atuar nos processos de precatórios e requisições de pequeno valor, atualmente, é da Vice-Presidência Administrativa, por delegação da Presidência, realizada pela Portaria nº 01 de 02 de janeiro de 2008, artigo 2º, incisos I, II, III. O recurso cabível contra as decisões do Vice-Presidente Administrativo proferidas nos autos dos Precatórios e das Requisições de Pequeno Valor é o Agravo Regimental, nos termos dos artigos, 135, 21, V, f e 166, I do Regimento Interno da Casa. Pode-se, resumidamente, dar a noção do fluxo do sistema de precatórios e RPVs na forma como funciona neste Regional: 22 PRESIDENTE VICE-PRESIDENTE ADMINISTRATIVO ORGANOGRAMA DA ASSESSORIA DE PRECATÓRIOS 23 4.3.1.1 Procedimentos Executados Pela Assessoria De Precatórios 24 4.4 FLUXOGRAMA DA EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA – PANORAMA GERAL SINTÉTICO 25 4.5 EXECUÇÃO DE CRÉDITOS DE PEQUENO VALOR CONTRA A FAZENDA PÚBLICA - RPV’S A Constituição da República de 1988, em sua redação original, preceituava em seu art. 100 que os débitos da Fazenda Pública seriam pagos somente por meio de precatórios. Era uma regra que não comportava qualquer exceção. Todavia, a legislação infraconstitucional foi sendo modificada e os juizadosespeciais, calcados principalmente no princípio da celeridade foram implementados. Percebeu- se, então, que o regime dos precatórios, com seu dilatado tempo para pagamento, não atenderia ao objetivo desse “microssistema”. Surgiu, então, a Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998, que instituiu o parágrafo 3° no mencionado artigo 100 dispensando o precatório para o pagamento das obrigações definidas em lei como de pequena monta. A partir daí, a Fazenda Pública passa a deter dois regimes para pagamentos de seus débitos: os precatórios e as requisições de pequeno valor ou, simplesmente, RPVs. Contudo, a alteração constitucional não atingiu seu escopo, pois não fixou o que seriam as obrigações de pequeno valor. Tampouco estabeleceu de quem seria a competência para regulamentar o novo dispositivo constitucional. A fim de suprimir uma dessas lacunas, foi promulgada a Emenda Constitucional nº 30, de 19 de setembro de 2000, que inseriu no artigo 100 da Carta Magna o parágrafo 5º, segundo o qual para o fim previsto no precedente parágrafo 3º, a lei poderia fixar diferentes valores, segundo a capacidade de cada ente federativo. Contudo, apenas a União Federal, por meio da Lei 10.259, de 12 de julho de 2001, especificamente em seu artigo 17, parágrafo 1º, regulamentou o novo dispositivo fixando em 60 (sessenta) salários mínimos as obrigações de pequena monta. Cabe destacar que, no âmbito da Justiça do Trabalho, a fim de dirimir qualquer dúvida sobre a aplicação do mencionado artigo de Lei, o Tribunal Superior do Trabalho editou a Resolução n. 5, de 23.05.2002, recomendando aos Tribunais Regionais do Trabalho que “considerem como de pequeno valor os pagamentos devidos pela união, suas autarquias e fundações públicas federais, cujo valor não ultrapasse sessenta salários mínimos até que seja aprovada medida legislativa que regulamente a matéria”. Entretanto, as demais unidades federativas não se manifestaram, o que impossibilitava a concretização dessa forma simplificada de pagamento nas demais esferas. Isso porque, os créditos de pequeno valor não foram especificados. Assim, a Emenda Constitucional, uma vez mais se viu frustrada em seus objetivos. Somente com o advento da Emenda Constitucional nº 37, de 12 de junho 2002, o regime das RPVs foi dotado de plena eficácia. Esta emenda acrescentou o parágrafo 4º ao art. 100 da Constituição e os art. 86 e 87 ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, este último, in verbis: Art. 87. Para efeito do que dispõem o § 3º do art. 100 da Constituição Federal e o art. 78 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias serão considerados de pequeno valor, até que se dê a publicação oficial das respectivas leis definidoras pelos entes da Federação, observado o disposto no § 4º do art. 100 da Constituição Federal, os débitos ou obrigações consignados em precatório judiciário, que tenham valor igual ou inferior a: I - quarenta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Estados e do Distrito Federal; II - trinta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Municípios. Como se depreende, diante das novas disposições constitucionais, ficou superada a definição de pequeno valor no tocante aos Estados e Municípios da Federação. 26 Importante frisar que estes valores não constituem tetos absolutos. Ou seja, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão fixar valores maiores ou menores do que aqueles estabelecidos no mencionado dispositivo constitucional, bastando para tanto a edição de lei própria que fixe o teto para a emissão da RPV. Este é o posicionamento do Supremo Tribunal Federal sobre a matéria, conforme firmado no julgamento da ADI 2.868/PI: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI 5.250/2002 DO ESTADO DO PIAUÍ. PRECATÓRIOS. OBRIGAÇÕES DE PEQUENO VALOR. CF, ART. 100, § 3º, ADCT, ART. 87. Possibilidade de fixação, pelos estados-membros, de valor referencial inferior ao do art. 87 do ADCT, com a redação dada pela Emenda Constitucional 37/2002. Ação direta julgada improcedente.. No âmbito da Justiça do Trabalho o Colendo TST ao editar a Instrução Normativa n. 32, de 19.12.2007, uniformizou os procedimentos para expedição de Precatórios e Requisições de Pequeno Valor, estabelecendo em seu artigo 3º, verbis: Art. 3º Reputa-se de pequeno valor o crédito cuja importância atualizada, por beneficiário, seja igual ou inferior a: I – 60 (sessenta) salários mínimos, se a devedora for a Fazenda Pública Federal; II – 40 (quarenta) salários mínimos, ou o valor estipulado pela legislação local, se as devedoras forem as Fazendas Públicas Estadual e Distrital; e III – 30 (trinta) salários mínimos, ou o valor estipulado pela legislação local, se a devedora for a Fazenda Pública Municipal. Registro, por oportuno, que o Estado de Minas Gerais editou a Lei n. 15.683, de 21.07.2005, e o Decreto n. 44.136, de 25.10.2005, estabelecendo para as obrigações de pequeno valor o limite de R$11.000,00 por credor. Da mesma forma, vários Municípios do Estado de Minas Gerais promulgaram leis municipais, estabelecendo os limites das obrigações de pequeno valor. A título meramente ilustrativo cita-se como exemplos as cidades mineiras de Belo Horizonte (Lei n.9532/2007); Aimorés (Lei n. 1856/2006); Mariana (Lei n.1690/2002); Candeias (Lei n.1308/2003); Guaxupé (Lei n.1549/2002); Itaverava (Lei n.469/2003); Ituiutaba (Lei n. 3756/2005); Januária (Lei n.2095/2006); Pará de Minas ( Lei n.4212/2003) e várias outras. Daí, no mesmo sentido a redação do caput do artigo 45 da Ordem de Serviço n. 01/2008, disciplinando a matéria: Art. 45. Reputam-se de pequeno valor os débitos que perfaçam montante igual ou inferior a: I – 60 (sessenta) salários-mínimos líqüidos por credor, se devedora a União, suas autarquias e fundações, bem como a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT; II – R$ 11.000,00 (onze mil reais) por credor, se devedor o Estado de Minas Gerais, suas autarquias e fundações, conforme Lei nº 15.683 de 21.07.2005 e Decreto nº 44.136 de 25.10.2005. III – 30 (trinta) salários-mínimos líqüidos por credor, se devedora a Fazenda Pública Municipal, exceto se houver lei local estabelecendo outro limite. Vale lembrar que este E. Tribunal, atento às alterações introduzidas pelas Emendas Constitucionais, bem como à necessidade de instaurar procedimentos para alcançar o objetivo das reformas inseridas pela Lei Maior, qual seja, saldar a dívida pública de maneira mais célere, aprovou em sessão plenária na data de 29.11.2001, a Resolução Administrativa n. 149/01. Esta disciplinou no âmbito jurisdicional da Justiça do Trabalho da Terceira Região, a realização de conciliação e seqüestro nas execuções constantes 27 dos precatórios expedidos contra a fazenda pública municipal, no limite de até 60 salários mínimos por credor. Isso ocorreu pela aplicação analógica do teto fixado para as execuções de pequeno valor federais (Lei 10259/01 e Resolução 05 do C. TST), uma vez que, conforme mencionado, a reforma constitucional ainda não o tinha feito e tampouco os entes federativos. Promulgada a Emenda Constitucional n. 37/2002, estabelecendo os limites para as execuções de pequeno valor, esta Corte editou, em: 13.09.2002, a Resolução Administrativa n.136/02 alterando a RA n. 149/01, reduzindo de sessenta para trinta salários mínimos, o limite previsto quanto aos débitos em precatórios dos municípios mineiros, em face dos termos do artigo 87, inciso II, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. O textualmente disciplinado, ali, autorizou ainda, o Juízo Auxiliar de Conciliação de Precatórios, criado pela Resolução Administrativa nº 79/2000, a inserir em pauta, para tentativa de acordo e conseqüente pagamento, todos os precatórios expedidos contra o Estado de Minas Gerais, inclusive suas autarquias e fundações, desde que se referissema execução trabalhista de importância inferior a quarenta salários mínimos, limite este então vigente para as obrigações de pequeno valor estaduais, com total preferência e precedência aos precatórios de valor superior. Na esfera federal, tendo em vista as mencionadas alterações constitucionais, a Lei n º 10.266/2001, de 24.07.2001, LDO de 2002, dispôs em seu art. 23, parágrafo 8º, pela primeira vez, sobre a previsão do pagamento das requisições de pequeno valor, traçando as diretrizes básicas para seu adimplemento, nos seguintes termos: § 8º As requisições dos créditos de pequeno valor, de qualquer natureza, nos termos do § 3º do art. 100 da Constituição, como previsto no art. 7º, XI, serão feitas pelo juiz da execução diretamente ao Tribunal competente, que, para a efetivação do pagamento, organizará as requisições em ordem cronológica contendo os valores discriminados por beneficiário e natureza alimentícia e não-alimentícia” A partir daí o Col. TST editou a aludida Resolução nº 5 fixando em sessenta salários por credor o limite para as execuções de pequena monta, implementando no ano de 2002 os primeiros repasses de crédito para quitação das execuções cujos valores se enquadrassem no referido limite. Por outro lado, este Regional, por meio do ofício circular nº 39, datado de 05.12.2002, traçou diretrizes para a requisição de pequeno valor no âmbito das três esferas. A novidade foi o procedimento relativo à Fazenda pública municipal, uma vez que a competência para cobrança foi atribuída ao próprio Juízo da execução, por aplicação analógica do artigo 17 da Lei nº 10.259/01. Mas as inovações constitucionais trazidas pela Emenda Constitucional nº 37/2002 foram ainda maiores. O parágrafo único do já mencionado art. 87 do ADCT faculta à parte credora a renúncia do crédito excedente ao limite do pequeno valor, para que assim possa receber sem a formalidade do precatório, de forma mais célere, especificando a IN nº 32/2007 do C. TST em seu art. 4º, parágrafo 2º, que: § 2º. Na hipótese de crédito de valor aproximado ao de pequeno valor legalmente previsto, o Presidente do Tribunal ou o Juízo Auxiliar de Conciliação de Precatórios consultará o credor quanto ao interesse em renunciar parcialmente ao crédito de modo a afastar a necessidade de expedição do precatório” Contudo, importante destacar que, a simplificação para a expedição da ordem de pagamento e dispensa da expedição de precatório não implicam, de modo algum, a supressão da citação e da oportunidade de oposição de embargos pela Fazenda Pública executada, atos necessários num processo de execução que devem regularmente ser implementados. 28 4.5.1 PROCEDIMENTOS DAS REQUISIÇÕES DE PEQUENO VALOR A requisição do pagamento, propriamente dita, nas execuções de pequeno valor, para se concretizarem nas diferentes esferas da Fazenda Pública desafiam, ao final, procedimentos diferentes. Ou seja, ainda que no curso da execução o procedimento seja o mesmo, a competência para requisitar o pagamento e a maneira pela qual ele é implementado difere para Municípios, Estado e União. Neste estudo, especificamente, interessa como a matéria encontra-se regulada no âmbito deste Regional e as diretrizes traçadas pelo c. Tribunal Superior do Trabalho, o que se passa a demonstrar por meio dos fluxogramas seguintes: 4.5.2 FLUXOGRAMAS DAS REQUISIÇÕES DE PEQUENO VALOR 4.5.2.1 Fluxograma da União Federal Administração Direta e Indireta. 29 4.5.2.2 Fluxogramas das Requisições de Pequeno Valor dos Correios – ECT Devolução dos autos à origem para pagamento ao credor. 30 4.5.2.3 Fluxograma das Requisições de Pequeno Valor contra o Estado de Minas Gerais Administração Direta e Indireta. 31 4.5.2.4 Fluxograma das Requisições de Pequeno Valor dos Municípios Administração Direta e Indireta Nota: As requisições de pequeno valor municipais são processadas e quitadas pela própria Vara de origem 32 4.6 INADIMPLEMENTO DA DÍVIDA DE PEQUENO VALOR NO PRAZO LEGAL A hipótese de seqüestro de dinheiro público em virtude do não pagamento da dívida de pequeno valor no prazo legal está prevista na Lei n. 10.259/01, que dispõe, em seu artigo 17, que o pagamento da dívida de pequeno valor será efetuado pela Administração Pública no prazo de sessenta dias, contados da entrega da requisição, estabelecendo no § 2º do dispositivo mencionado, que “desatendida a requisição judicial, o Juiz determinará o seqüestro do numerário suficiente ao cumprimento da decisão”. Nesse sentido a Orientação Jurisprudencial n. 1 do Tribunal Pleno do TST, publicado em dezembro/03: “Precatório. Crédito trabalhista.Pequeno valor. Emenda Constitucional n. 37/02. Há dispensa da expedição de precatório na forma do art. 100, § 3º, da CF1988, quando a execução contra a Fazenda Pública não exceder os valores definidos provisoriamente, pela Emenda Constitucional n. 37/02, como obrigações de pequeno valor, inexistindo ilegalidade, sob esse prisma, na determinação de seqüestro da quantia devida pelo ente público”. Ao contrário do previsto para a hipótese de preterimento do direito de precedência, o seqüestro em foco independe de requerimento do credor, devendo ser determinado de ofício pelo juiz da execução, ou seja, sequer há participação do Tribunal nessa medida. O procedimento referente ao seqüestro na hipótese de não-pagamento da dívida de pequeno valor no prazo legal encontra-se previsto nos artigos 44 a 54 da OS 01/2008 da VPAdm. 5 INSTRUMENTOS DO CREDOR DA FAZENDA PÚBLICA NA HIPÓTESE DE INADIMPLEMENTO DOS PRECATÓRIOS. Existem dois mecanismos paralelos que auxiliam o adimplemento da obrigação, no caso de execução contra a Fazenda Pública: o “seqüestro” da quantia necessária à satisfação do crédito, na hipótese de infração à ordem cronológica das requisições, (art.100, § 2º, da Constituição) e a “intervenção” no Estado-membro, no Distrito Federal e, no plano estadual, no Município, na hipótese de suspensão do “pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior” (art. 34, V, a, da CF/1988). O Supremo Tribunal Federal, em esclarecedor julgado, resumiu as vantagens da fórmula constitucional: A exigência constitucional pertinente a expedição de precatório com a conseqüente obrigação imposta ao Estado de estrita observância da ordem cronológica de apresentação desse instrumento de requisição judicial de pagamento - tem por finalidade (a) assegurar a igualdade entre os credores e proclamar a inafastabilidade do dever estatal de solver os débitos judicialmente reconhecidos (b) impedir favorecimentos pessoais indevidos e (c) frustrar tratamentos discriminatórios, evitando injustas perseguições ditadas por razões de caráter político-administrativo(1ª. T. do STF, RE 132.031, 15.09.95, Rel. Min. Celso de Mello,DJU 19.04.96, p. 12220). 33 Somente na hipótese de requisições consideradas de pequeno valor na forma da lei, não se expedirá o precatório. A respeito de tal matéria e em face da ambígua redação do caput do art. 100 da CF/88, onde se ressaltou que “à exceção dos créditos de natureza alimentícia...”, a jurisprudência se firmou defendendo a existência de duas classes de precatório: alimentares e comuns. Deve ser ressaltado, por oportuno, que cada ente público estadual ou municipal fixa por lei o limite do pequeno valor. A propósito da necessidade de expedição de precatórios, em razão de sua natureza, o STJ consagrou pela Súmula 144 o seguinte entendimento: “Os créditos de natureza alimentícia gozam de preferência, desvinculados os precatórios da ordem cronológica dos créditos de natureza diversa”. O Excelso STF por sua vez, pontificou pela Súmula 655 que: “A exceção prevista no art. 100 caput da Constituição em favor dos créditos de natureza alimentícia, não dispensa aexpedição de precatório, limitando-se a isentá-la da observância da ordem cronológica dos precatórios decorrentes de condenação de outra natureza”. Desta forma, como já dito, apenas as requisições de pagamento de dívidas de pequeno valor, alimentares ou não, escapam da subordinação à execução mediante precatório, consoante estipulou o parágrafo 3º do art. 100 da CF. 5.1 SEQUESTRO Para a satisfação da execução contra a Fazenda Pública são previstas duas hipóteses de seqüestro de dinheiro: uma geral, no caso de preterimento do direito de precedência do credor, e outra específica, no caso de não-pagamento da dívida de pequeno valor no prazo legal. 5.1.1 PRETERIMENTO DO DIREITO DE PRECEDÊNCIA Na esfera da execução da Fazenda Pública, como preceituado no art. 100 da Constituição da República, o seqüestro equivale a uma medida administrativa de competência de presidente de tribunal, a requerimento do credor, objetivando restabelecer a ordem cronológica no pagamento dos débitos judiciais nas ações em que é devedora. Possui legitimidade para pleitear essa medida assecuratória o credor preterido, ainda que não seja o primeiro na ordem de recebimento. Esse seqüestro não pode ser efetuado por iniciativa do juiz, uma vez que depende do requerimento do credor, que só poderá formulá-lo quando haja “preterimento do seu direito de precedência”. O Excelso Supremo Tribunal Federal firmou entendimento, com efeito vinculante, de que o seqüestro somente é possível em caso de preterição, a ele não se equiparando a não- inclusão no orçamento ou não-pagamento da dívida no prazo legalmente estabelecido. Assim, o Tribunal Pleno do Col. TST editou, em 09/12/2003, a Orientação Jurisprudencial n. 03 que preceitua: “PRECATÓRIO. SEQÜESTRO. EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 30/00. PRETERIÇÃO. ADIN 1662-8. ART. 100, § 2º, DA CF/1988. O seqüestro de verbas públicas para satisfação de precatórios trabalhistas só é admitido na hipótese de preterição do direito de precedência do credor, a ela não se equiparando as situações de não inclusão da despesa no orçamento ou de não-pagamento do precatório até o final do exercício, quando incluído no orçamento”. Nessa mesma linha, a Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho, fez constar na Consolidação dos Provimentos o textualmente disciplinado no artigo 99 que assim dispõe: 34 “Os Tribunais Regionais do Trabalho devem se abster de autorizar o seqüestro da quantia necessária à satisfação do crédito, quando não houver a inclusão no orçamento das verbas relativas a precatórios, e quando houver pagamento a menor, sem a devida atualização, ou fora do prazo legal”. O procedimento referente ao seqüestro encontra-se previsto nos artigos 37 a 40 da OS 01/2008 da VPAdm, a saber: A Vice-Presidência Administrativa, desde que requerido pela parte interessada e depois de ouvido o Ministério Público do Trabalho, determinará o seqüestro de verba do devedor, exclusivamente na hipótese de preterição do direito de precedência do credor. Parágrafo único. Não se configura preterição as situações de não-inclusão da despesa no orçamento do devedor ou de não-pagamento até o final do exercício, quando incluído o débito no orçamento. A única hipótese a autorizar o seqüestro de verbas para pagamento da dívida, na Justiça do Trabalho, no caso, os precatórios, é a quebra da ordem cronológica de apresentação, consoante expresso no art. 14 da Instrução Normativa 32/2007 do Col. TST. Tal entendimento se fixou com a decisão do STF na ADin no. 1662, afastando as possibilidades de seqüestro nos casos de não pagamento do precatório no prazo legal; não inclusão no orçamento; ou pagamento a menor sem a devida atualização. Dessa forma, o STF criou uma situação paradoxal, em que os créditos trabalhistas, de evidente natureza alimentar, não podem ser satisfeitos através do seqüestro de dinheiro público nas hipóteses de vencimento do prazo legal para quitação da dívida ou de não- inclusão do valor correspondente no orçamento da entidade pública devedora, como ocorre com outros créditos, supostamente menos privilegiados. Neste sentido a Instrução Normativa n. 32/2007 do Col. TST no referido artigo 14: “O presidente do Tribunal, exclusivamente na hipótese de preterição do direito de precedência do credor, fica autorizado a proceder ao seqüestro da verba do devedor, desde que requerido pelo exeqüente e depois de ouvido o Ministério Público”. 5.2 INTERVENÇÃO A intervenção, palavra de origem latina, tem como acepção comum “a ingerência de uma pessoa em negócios de outrem” e no âmbito do Direito Público Interno decorre do não- pagamento de dívida consolidada e implica na intromissão, autorizada constitucionalmente, do governo central na administração dos Estados e destes nos respectivos Municípios. Esclareça-se, aqui, que ainda que não haja previsão de intervenção na União, cabe ao Congresso Nacional o dever de fiscalizar os atos do Poder Executivo, como disposto no inciso X do artigo 49 da Lei Maior. Nessa linha de idéias, tem-se que o ato da intervenção decorre do exercício da soberania da União no restabelecimento do equilíbrio administrativo e político na “subunidade federativa” (PLÁCIDO E SILVA, 2008 p. 446), tendo em vista a ordem pública, na forma consagrada nos artigos 34, inciso VI, e 35, inciso IV, da Constituição da República, como se vê: artigo 34 - A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: (...) VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial (...) 35 artigo 35 - O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Território Federal, exceto quando: (...) IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial..” Saliente-se, assim, que a requisição de intervenção é a única alternativa do credor- exeqüente, quando não preenchidos os pressupostos legais do seqüestro, na busca do recebimento das parcelas discriminadas no título executivo oriundo de sua reclamação trabalhista. Desse modo, a partir da inadimplência da Fazenda Pública, quer pela não-inclusão da dívida em exame no orçamento, quer pela não-liberação do valor devido, o prejudicado poderá requerer a intervenção no ente público que incorreu na falta. Ressalte-se que além das normas constitucionais anteriormente mencionadas, o disposto nos art. 19 a 22 da Lei 8038/90 orienta a forma procedimental para a interposição desse pleito perante o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça. Na seara trabalhista, a Instrução Normativa n. 32/2007 do Col. TST, de 19/12/2007, em consonância com o preceituado no Título XXIX da Consolidação dos Provimentos da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho, estabeleceu os seguintes procedimentos a serem observados em relação ao pedido de intervenção, veja-se: (...) Artigo 22. O Presidente do Tribunal deverá fundamentar a decisão relativa ao encaminhamento do pedido de intervenção, justificando a necessidade da adoção da medida excepcional. Artigo 23. O pedido de intervenção deverá ser instruído, obrigatoriamente, com as seguintes peças: a) petição do credor, dirigida ao Presidente do Tribunal Regional do Trabalho, requerendo o encaminhamento do pedido de intervenção ao Supremo Tribunal Federal ou ao Tribunal de Justiça, conforme o caso; b) impugnação do ente público ao pedido, se houver; c) manifestação do Ministério Público do Trabalho da Região; d) decisão fundamentada do Presidente do Tribunal Regional do Trabalho relativa à admissibilidade do encaminhamento do pedido de intervenção; e e) ofício requisitório que permita a verificação da data de expedição do precatório e o ano de sua inclusão no orçamento. Parágrafo único. O pedido de intervenção em Estado-membroserá encaminhado ao Supremo Tribunal Federal por intermédio da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho, enquanto o pedido de intervenção em município será enviado diretamente pelo Presidente do Tribunal Regional do Trabalho ao Tribunal de Justiça do respectivo Estado. Neste Regional, tais procedimentos foram inseridos na Ordem de Serviço n. 01/2008, consoante disposto em seus artigos 41 a 43, em face do descumprimento da decisão judicial. 6 JUÍZO AUXILIAR DE CONCILIAÇÃO DE PRECATÓRIOS No final da década de 90, no âmbito do TRT da 3ª Região, a situação da dívida pública inscrita nos precatórios estava cada vez mais preocupante. O número dos precatórios pendentes de pagamento crescia a cada ano. Os mecanismos legais para obrigar a Fazenda Pública ao pagamento se mostravam extremamente limitados. 36 Acresça-se a esse quadro a controvérsia instaurada entre credores e poder público acerca dos valores consolidados dos débitos, mormente na fazenda pública estadual, então a maior devedora dos precatórios, além, é claro, da crescente insatisfação dos exeqüentes com a demora pelo pagamento, flagrante contra-senso com a natureza alimentar do crédito trabalhista. O panorama da dívida pública era grave e punha em cheque o próprio poder judiciário trabalhista que se via impotente ante o descumprimento reiterado de suas decisões pelo poder público. Os jurisdicionados clamavam por uma solução efetiva que conseguisse fazer com que o crédito a que tinham direito fosse satisfeito. Cabia ao judiciário encontrá-la balizando-se, pelos princípios da legalidade e moralidade. Pois bem. Foi com este panorama que no dia 16 de março do ano de 2000, o Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, aprovou a Resolução Administrativa 79/00, proposta pelo então Vice-Presidente da Casa, Exmo. Desembargador Antônio Miranda de Mendonça, instaurando em vanguarda o Juízo Auxiliar de Conciliação de Precatórios. No dia 8 de maio de 2000 mesmo ano, foi realizada a primeira audiência do Juízo de Precatórios, iniciando Minas Gerais de forma pioneira no país uma das mais bem sucedidas experiências desta Justiça Especializada de todos os tempos. O sucesso da medida foi tão grande que serviu de modelo para futuras implantações do mesmo gênero em outros regionais sendo elogiada e recomendada não só pelo Tribunal Superior do Trabalho, como também pelo próprio CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Os números estatísticos não deixam qualquer dúvida. Entre União, Estado e Municípios na época da criação do Juízo Auxiliar existiam aproximadamente mais de 8.000 precatórios pendentes. Contudo, o problema da dívida federal já vinha sendo solucionado pela chamada descentralização dos recursos públicos com constantes inovações trazidas pelas Leis de Diretrizes Orçamentárias (LDO), bem como a de Orçamento Anual (LOA), que a partir de 1998 passou a determinar que os recursos financeiros para saldar os débitos judiciais federais, fossem eles provenientes da Administração Direta ou Indireta, seriam descentralizados aos Tribunais Regionais de origem, pondo fim à inadimplência das autarquias e fundações. A grande questão concentrava-se nas outras duas esferas, sobretudo a estadual que na época da criação do juízo auxiliar, como já mencionado, era a maior devedora. Existiam, somente em desfavor do Estado de Minas Gerais, 4236 precatórios pendentes de pagamento. Após, aproximadamente, 5 anos e meio de iniciados os trabalhos, precisamente em 30 de novembro de 2005, foi realizada a audiência do precatório 4000. No período de 2000 a 2006 foram quitados pelo Estado de Minas Gerais, 4173 precatórios, atingindo o montante de R$218.667.587,27, contemplando 12 mil e 500 exequentes. Em igual período, foram pagos 1822 precatórios municipais, somando o valor de R$102.364.549,85, beneficiando 2.995 exequentes. Hodiernamente inexistem precatórios estaduais em atraso, sendo os números igualmente bastante expressivos. Todavia o foco mudou e os trabalhos vêm sendo desenvolvidos para a resolução da dívida pública municipal, na atualidade, detentora da maior dívida. Não há como negar que a iniciativa inédita da Justiça do Trabalho mineira consolidou-se em todo o país como um modelo de agilidade e eficiência na solução dos débitos públicos judiciais. Com a adoção de medidas simples, renovadoras e criativas as dívidas trabalhistas do Estado de Minas Gerais e de vários Municípios mineiros foram quitadas com segurança e transparência entre as partes envolvidas, tendo sempre em mira a ética, os princípios da moralidade e da legalidade e o respeito à cidadania dos credores. 37 O sucesso do Juízo Auxiliar foi tamanho que criado em um primeiro momento para atender apenas ao Poder Público estendeu sua atuação junto a alguns entes de direito privado, com inequívoca repercussão social. À guisa de ilustração, citamos a reunião das execuções trabalhistas em face da Santa Casa de Misericórdia, maior hospital filantrópico do Estado, que com grave dificuldade financeira, não conseguia manter em dia suas obrigações com o pessoal da ativa, e tampouco saldar a dívida decorrente das decisões judiciais. A reunião das execuções permitiu a uniformidade de procedimento e a efetiva garantia do Juízo para efetivo cumprimento das decisões judiciais, através de depósitos mensais e bens dados em garantia conforme Termo de Compromisso firmado pelos seus administradores. Assim criou-se o Juízo Auxiliar de Execuções da Santa Casa, e, posteriormente, do Hospital Dom Bosco, do Clube Atlético Mineiro e da extinta CUCO. A conciliação sempre foi um dos princípios mais peculiares desta Justiça Especializada, sendo sempre uma constante na rotina do Judiciário Trabalhista desde sua implantação há mais de 60 anos. O Juízo Auxiliar nada mais é que o aperfeiçoamento desta prática. Pautado não só pelo princípio da conciliação, mas também pelos princípios da celeridade e da instrumentalidade o juízo auxiliar têm seus rituais marcados pela simplicidade. O Juiz conciliador designado pelo Presidente do TRT-3ª Região inclui em pauta os precatórios, em ordem cronológica estabelecida pelos ofícios requisitórios, intima os interessados – o credor do precatório assistido por seu advogado, quando existente e o representante (procurador) do Estado ou Município - sempre em rigorosa observância à ordem cronológica estabelecida pelos ofícios requisitórios, e busca a construção de um acordo ou a viabilização do pagamento integral em patamares estabelecidos pelas partes. Naquele juízo, dá-se, ainda, o controle da legalidade da transação firmada antes da homologação. Importante frisar que para o credor que não aceita a conciliação permanecerá na ordem cronológica como credor, impedindo que qualquer outro precatório conciliado seja passado à sua frente. Não sofrerá, portanto, prejuízo, embora a via conciliatória muitas vezes permita o pagamento mais célere e a pronta resolução do conflito. No âmbito do Juízo Auxiliar, os entes públicos que possuam precatórios pendentes de pagamento são intimados a comparecer em Juízo, previamente intimados com lista dos créditos trabalhistas não pagos, valor de face e ordem cronológica. Verificando não haver quebra na ordem cronológica, caso que implicaria em seqüestro de valores, conforme já exposto, o Juízo Auxiliar inicia tratativas visando o pagamento dos precatórios. O ente público formula e apresenta a sua proposta em Juízo, às vezes mediante pagamento único, outras quitando-se um precatório de cada vez e em conformidade com os valores apurados. Frequentemente o pagamento é feito através de depósitos mensais em valores previamente avençados ou estabelecidos, a serem efetuados pelo Estado ou Municípios, ou bloqueados junto ao Fundo de Participação do Município por ordem do Juízo Auxiliar, a serem revertidos para o pagamento dos precatórios. A proposta é lavradaem Termo de Compromisso e trasladada para os precatórios, a fim de atribuir publicidade, dando-se vista aos exeqüentes. Muitas vezes o ente público opta por autorizar o mero bloqueio de valores mensais junto ao Fundo de Participação dos Municípios, abstendo-se de proceder, ele mesmo, os depósitos mensais. Atingido determinado aporte financeiro para quitação dos precatórios, a estrutura do Juízo Auxiliar desloca-se à sede da Vara de Origem e efetua o pagamento aos credores, demonstrando o seu caráter itinerante. Neste ano de 2009 a grande maioria de municípios executados foram intimados a comparecer no Juízo Auxiliar ou na sede da Vara de Origem visando a revisão dos valores dos depósitos mensais. 38 A medida possibilitará pagamento mais célere dos créditos trabalhistas. Desde 2008 encontram-se no site do TRT da 3ª. Região os dados de todos os precatórios em ordem cronológica, possibilitando aos advogados, partes e interessados consulta rápida e eficaz. A publicidade decorrente dessa iniciativa permite, ainda, ampla fiscalização por parte dos próprios credores quanto à ordem cronológica e dos entes públicos quanto aos pagamentos em trâmite no Juízo Auxiliar. A conciliação promove a paz social e traz vantagens não só para as partes envolvidas no litígio, mas também para o próprio Poder Judiciário, que resolve de forma eficaz e célere as demandas instauradas impedindo que se avolumem nos tribunais. O exeqüente não corre mais o risco de esperar anos pelo pagamento do crédito proveniente de um precatório, recebe-o imediatamente após a conciliação. Em contrapartida a fazenda pública encerra definitivamente não só a execução, mas aquele processo, sobretudo evitando ultrapassar o prazo legal para pagamento e, a partir daí, pagar juros que poderiam ser decotados se observado o orçamento em que o precatório foi inserido. Deve ser ressaltado, por oportuno, que às vezes a conciliação dos precatórios ocorre apenas quanto ao parcelamento dos valores, quitando-se integralmente o crédito. Outras vezes, as partes conciliam-se reduzindo a quantia para viabilizar a quitação, até mesmo pelo porte do ente público. Contudo, em qualquer hipótese em que a conciliação ocorra são observados os aspectos legais, notadamente para que o crédito trabalhista não seja precarizado. 39 7 CONCLUSÃO O presente Manual de Execução contra a Fazenda Pública visa orientar os servidores, advogados, jurisdicionados e todos aqueles que têm interesse em conhecer os meandros dos procedimentos previstos na legislação e na jurisprudência aplicáveis a este tipo de execução no Processo do Trabalho. Em virtude das prerrogativas instituídas pelo legislador, a Fazenda Pública é tratada de forma diferenciada quando em Juízo e tal tratamento se justifica exclusivamente com o objetivo de preservar o interesse coletivo que ela representa, ou seja, para garantir a supremacia do interesse público sobre o particular. A Instrução Normativa nº 32/2007 do C. TST uniformizou as normas a serem observadas para a execução contra a Fazenda Pública e no TRT da 3ª Região foi publicada a OS 01/2008 com o estabelecimento dos procedimentos relativos à expedição de precatórios e requisições de pequeno valor bem como dos instrumentos necessários para a satisfação da execução, ou seja, o seqüestro e a intervenção. Ademais, para agilizar a execução contra a Fazenda Pública já foi implementada, neste Regional, via internet, ampla publicidade das listas de ordem cronológica de apresentação dos precatórios, a fim de possibilitar a fiscalização pelos interessados já que a transparência é uma das metas da atual Administração. Finalmente, o Juízo Auxiliar de Conciliação de Precatórios no TRT da 3ª Região, criado pela Resolução Administrativa n. 79/2000, vem realizando um trabalho exemplar, conferindo maior celeridade à execução contra a Fazenda Pública e dando maior efetividade e credibilidade à Justiça do Trabalho cuja missão é dar maior dignidade ao trabalhador e valor ao seu trabalho. 41 8 - ÍNDICE GERAL DA LEGISLAÇÃO E VERBETES JURISPRUDENCIAIS APLICÁVEIS AOS PRECATÓRIOS E REQUISIÇÕES DE PEQUENO VALOR CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 (Art.100) ...................43 ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS (Arts. 86 a 87) ....................44 LEI Nº 11.768, DE 14 DE AGOSTO DE 2008 – (LDO-2009 Arts.26 a 31).................................45 CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL (CPC- Arts.730 a 731) ...........................................................48 LEI Nº 9.494, DE 10 DE DEZEMBRO DE 1997 (Arts.1ºD a 1ºF) ...............................................49 CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO (CLT- Arts.878 a 908) .......................................50 LEI 11.457, DE 16 DE MARÇO DE 2007 (Art.16).......................................................................57 LEI Nº 10.259, DE 12 DE JULHO DE 2001 (Art.17) ...................................................................58 INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 32/2007 (TST) ...........................................................................59 RESOLUÇÃO Nº 05, DE 23 DE MAIO DE 2002 (CSJT) ...........................................................62 REGIMENTO INTERNO DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 3ª REGIÃO (Art.122 a 135) ................................................................................................63 RESOLUÇÃO ADMINISTRATIVA Nº 79/2000 (TRT 3ª REGIÃO) .............................................66 RESOLUÇÃO ADMINISTRATIVA Nº 149/2001(TRT 3ª REGIÃO) ...........................................67 RESOLUÇÃO ADMINISTRATIVA Nº 136/2002 (TRT 3ª REGIÃO) ..........................................69 OFÍCIO CIRCULAR Nº 39, DE 05 DE DEZEMBRO DE 2002 (TRT 3ª REGIÃO) ....................70 RESOLUÇÃO Nº 02, DE 11 DE OUTUBRO DE 2005(TRT 3ª REGIÃO) ................................71 RESOLUÇÃO GP/GCR/DGJ Nº 02/2005 ..................................................................................72 RESOLUÇÃO ADMINISTRATIVA Nº 36/2008 (TRT 3ª REGIÃO) ............................................76 RESOLUÇÃO Nº 01, DE 03 DE ABRIL DE 2008 .....................................................................76 ORDEM DE SERVIÇO Nº 01, DE 14 DE OUTUBRO DE 2008 (TRT 3ª REGIÃO) ..................82 SÚMULAS E ORIENTAÇÕES JURISPRUDENCIAIS ACERCA DE PRECATÓRIO ...............94 SÚMULAS DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF) ........................................................94 SÚMULAS DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ) ..................................................94 SÚMULA DA ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO (AGU) ..........................................................94 ORIENTAÇÕES JURISPRUDENCIAIS DO PLENO DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO (TST) ..............................................................................................................95 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................97 43 9 - LEGISLAÇÃO E VERBETES JURISPRUDENCIAIS APLICÁVEIS AOS PRECATÓRIOS E REQUISIÇÕES DE PEQUENO VALOR CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 (...) Art. 100. À exceção dos créditos de natureza alimentícia, os pagamentos devidos pela Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim. § 1º - É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos constantes de precatórios judiciários, apresentados até 1º de julho, data em que terão atualizados seus valores, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte. § 2º - As dotaçõesorçamentárias e os créditos abertos serão consignados ao Poder Judiciário, recolhendo-se as importâncias respectivas à repartição competente, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exeqüenda determinar o pagamento, segundo as possibilidades do depósito, e autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente para o caso de preterimento de seu direito de precedência, o seqüestro da quantia necessária à satisfação do débito. § 1º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários, apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 30, de 2000) § 1º-A Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou invalidez, fundadas na responsabilidade civil, em virtude de sentença transitada em julgado.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 30, de 2000) § 2º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exeqüenda determinar o pagamento segundo as possibilidades do depósito, e autorizar, a requerimento do credor, e exclusivamente para o caso de preterimento de seu direito de precedência, o seqüestro da quantia necessária à satisfação do débito.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 30, de 2000) § 3° O disposto no caput deste artigo, relativamente à expedição de precatórios, não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em lei como de pequeno valor que a Fazenda Federal, Estadual ou Municipal deva fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) § 3º O disposto no caput deste artigo, relativamente à expedição de precatórios, não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em lei como de pequeno valor que a Fazenda Federal, Estadual, Distrital ou Municipal deva fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 30, de 2000) § 4º São vedados a expedição de precatório complementar ou suplementar de valor pago, bem como fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução, a fim de que seu pagamento não se faça, em parte, na forma estabelecida no § 3º deste artigo e, em parte, mediante expedição de precatório. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002) § 5º A lei poderá fixar valores distintos para o fim previsto no § 3º deste artigo, segundo as diferentes capacidades das entidades de direito público. (Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 30, de 2000 e Renumerado pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002) § 6º O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a liquidação regular de precatório incorrerá em crime de responsabilidade. (Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 30, de 2000 e Renumerado pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)(...) 44 TÍTULO X ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS (...) Art. 86. Serão pagos conforme disposto no art. 100 da Constituição Federal, não se lhes aplicando a regra de parcelamento estabelecida no caput do art. 78 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, os débitos da Fazenda Federal, Estadual, Distrital ou Municipal oriundos de sentenças transitadas em julgado, que preencham, cumulativamente, as seguintes condições: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002) I - ter sido objeto de emissão de precatórios judiciários; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002) II - ter sido definidos como de pequeno valor pela lei de que trata o § 3º do art. 100 da Constituição Federal ou pelo art. 87 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002) III - estar, total ou parcialmente, pendentes de pagamento na data da publicação desta Emenda Constitucional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002) § 1º Os débitos a que se refere o caput deste artigo, ou os respectivos saldos, serão pagos na ordem cronológica de apresentação dos respectivos precatórios, com precedência sobre os de maior valor. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002) § 2º Os débitos a que se refere o caput deste artigo, se ainda não tiverem sido objeto de pagamento parcial, nos termos do art. 78 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, poderão ser pagos em duas parcelas anuais, se assim dispuser a lei.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002) § 3º Observada a ordem cronológica de sua apresentação, os débitos de natureza alimentícia previstos neste artigo terão precedência para pagamento sobre todos os demais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002) Art. 87. Para efeito do que dispõem o § 3º do art. 100 da Constituição Federal e o art. 78 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias serão considerados de pequeno valor, até que se dê a publicação oficial das respectivas leis definidoras pelos entes da Federação, observado o disposto no § 4º do art. 100 da Constituição Federal, os débitos ou obrigações consignados em precatório judiciário, que tenham valor igual ou inferior a: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002) I - quarenta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Estados e do Distrito Federal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002) II - trinta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Municípios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002) Parágrafo único. Se o valor da execução ultrapassar o estabelecido neste artigo, o pagamento far-se-á, sempre, por meio de precatório, sendo facultada à parte exeqüente a renúncia ao crédito do valor excedente, para que possa optar pelo pagamento do saldo sem o precatório, da forma prevista no § 3º do art. 100. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)(...) 45 LEI Nº 11.768, DE 14 DE AGOSTO DE 2008 – LDO-2009 Dispõe sobre as diretrizes para a elaboração e execução da Lei Orçamentária de 2009 e dá outras providências. (...) Seção II Das Disposições sobre Débitos Judiciais Art. 26. A Lei Orçamentária de 2009 somente incluirá dotações para o pagamento de precatórios cujos processos contenham certidão de trânsito em julgado da decisão exeqüenda e pelo menos um dos seguintes documentos: I - certidão de trânsito em julgado dos embargos à execução; II - certidão de que não tenham sido opostos embargos ou qualquer impugnação aos respectivos cálculos. Art. 27. A inclusão de dotações na Lei Orçamentária de 2009, destinadas ao pagamento de precatórios parcelados, tendo em vista o disposto no art. 78 do ADCT, far-se-á de acordo com os seguintes critérios: I - serão objeto de parcelamento créditos superiores a 60 (sessenta) salários mínimos, na forma dos incisos seguintes; II - as parcelas serão iguais, anuais, sucessivas e não poderão ser inferiores ao valor referido no inciso I deste artigo, excetuando-se o resíduo, se houver; III - os créditos individualizados por beneficiário serão parcelados em até 10 (dez) vezes, observada a situação prevista no inciso II deste artigo; IV - os créditos individualizados por beneficiário originários de desapropriação de imóvel residencial do credor, desde que comprovadamente único à época da imissão na posse, serão divididos em 2 (duas) parcelas; V - será incluída a parcela a ser paga em 2009, referente aos precatórios parcelados a partir do exercício de 2001; VI - os juros legais, à taxa de 6% a.a. (seis por cento ao ano), serão acrescidos aos precatórios objeto de parcelamento,
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