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A VIOLÊNCIA CONTRA A CRIANÇA E ADOLESCENTE

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A VIOLÊNCIA CONTRA A CRIANÇA E ADOLESCENTE – TRABALHO INFANTIL NO ESTADO DO MARANHÃO
RESUMO
Este trabalho apresenta dados, e situações relatadas com base em pesquisa de campo, da dura realidade sofrida pelas crianças e adolescentes no Estado do Maranhão. A exploração do trabalho infantil é bastante comum em países subdesenvolvidos e também em países emergentes. No Brasil, principalmente nas regiões mais pobres, este trabalho é bastante comum. Segundo a Convenção n° 182 da OIT, de 1999, que se aplica neste caso a todos os menores de 18 anos, e classificou como formas mais obscuras do trabalho infantil, o trabalho escravo, venda e tráfico de menores, a prostituição e a pornografia de menores. No Brasil, aplicam-se inúmeras formas de trabalho infantil, dentre as quais comumente encontramos o trabalho em canaviais, funilarias, metalurgias, carvoarias, olarias ou em atividades agrícolas.
Palavras-chave: Trabalho infantil, Exploração, Crianças, Adolescentes, OIT.
ABSTRACT
This paper presents data, and situations reported based on field research, of the harsh reality suffered by children and adolescents in the State of Maranhão. The exploitation of child labor is quite common in underdeveloped countries and also in emerging countries. In Brazil, especially in the poorest regions, this work is quite common. According to ILO Convention No. 182 of 1999, which applies in this case to all minors under the age of 18, and classified as more obscure forms of child labor, slave labor, sale and trafficking of minors, prostitution and pornography Of minors. In Brazil, many forms of child labor are applied, among which we commonly find work in cane fields, funeral homes, metallurgy, charcoal, pottery or agricultural activities.
INTRODUÇÃO -
A violência esteve sempre presente na história da humanidade e tem tantas faces quanto possam ser os modos de interações entre os homens. Uma breve introdução nos estudos da violência logo deixa a impressão de se caminhar num terreno de complexidades e controversas. As análises dos eventos violentos se referem a conflitos de autoridade, a lutas pelo poder e a vontade de domínio, de posse e aniquilamento do outro e de seus bens. Suas manifestações são aprovadas ou desaprovadas, lícitas ou ilícitas segundo normas sociais mantidas por usos e costumes ou por aparatos legais da sociedade (Minayo, 2006, p.13) e o caráter mutante, ao sabor das épocas, locais e circunstâncias pode ser observado por um olhar mais atento. As análises carregam as cores de seu tempo, e mal iniciado o século XXI, rodeado de avanços tecnológicos, os estudos sobre violência inquietam-nos. Mais ainda se pensarmos que o século passado, segundo Hobsbawn (1995, p.22) foi o mais assassino de que se tem registro, “pelo volume único das catástrofes humanas que produziu, desde as maiores fomes da história até o genocídio sistemático”. Esse autor apresenta-nos uma fotografia do século passado marcado por fortes contradições e situações extremas e é nesta trilha da história humana que, ao caminhar, deparando-nos com alguns atos humanos, temos presente a sensação inquietante de uma percepção que não fecha que tenta buscar sentido, mas que concretamente só nos faz encontrarmo-nos com nossas próprias limitações e que nos forçam ao exercício da humildade. Os atos de violência fazem isso, as produções científicas sobre o tema nos esclarecem cada vez mais, os controles sob a égide dos direitos humanos se refinam, e mesmo assim todos os dias a barbárie se manifesta. Inquietante, pois, a ideia deste novo século percorrer a mesma trajetória. [1]
De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/IBGE 2013), mais de 208 mil crianças e adolescentes maranhenses de 5 a 17 anos de idade estão em situação de trabalho. Esse número corresponde a 10,9% da população dessa faixa etária. Apenas o Piauí supera o Maranhão, com 11,3% dessa população ocupada.  Em todo o país, cerca de 3,2 milhões de crianças e adolescentes trabalham – o que equivale a 7,54% da população de 5 a 17 anos. Entre as regiões do Brasil, o sul ocupa o primeiro lugar com 9,5% de ocupação. Norte vem em segundo (8,19%) e nordeste em terceiro (8,11%). [2].
Não obstante, a violência contra a criança e o adolescente, vem ganhando uma maior proporção nos últimos tempos, e ainda é uma triste realidade, no qual há inúmeras dificuldades para ser resolvida. Conselhos Tutelares, Unicef, Órgãos de Assistência Social, Ministério Público e ONG’s de todo o Brasil, tem se empenhado de forma veemente contra esse crime, que segundo as próprias vítimas, deixam estigmas a serem carregados para a vida toda. Eis que surge uma indagação em nossa mente, o que seria necessário para sanar o problema da violência infantil? O Estado tem sido eficiente quanto ao combate contra a violência infantil, exploração e trabalho?
REFERENCIAL TEÓRICO
Este artigo se fundamenta como base teórica da legislação, jurisprudência e doutrina. Algo próprio dos estudos no campo do nosso curso de Direito. Assim, pudemos nos basear no Estatuto da Criança e do Adolescente sancionado em 1990, da Constituição Federal vigente em nosso país, e também das leis de assistência social já sancionadas. Estas que funcionam como pilar dos direitos fundamentais dos adolescentes e crianças de nosso País.
Apesar de pouco serem usados como referências, os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, que revelam as estatísticas oriundas do Pnade, são de caráter importante para criar-se uma noção do problema, bem como de alguns escritores e/ou órgãos públicos, que apresentam em seus dados e que apresentam nocividade à saúde mental e física de adolescentes e crianças, bem como de prejuízos futuros em sua maioridade.
Também essenciais para informação referente à dura realidade do trabalho infantil, são os dados, artigos, monografias, e notícias publicadas na internet, no qual possuem como fontes a Unicef, e outras instituições.
Além do mais, noções advindas da pesquisa de campo, bem como da importância dos programas sociais que funcionam em nosso estado, remetem dados de grande importância e úteis para compreender a dimensão deste problema, e também todas as informações que para nós foram disponibilizadas e que possuem caráter de crédito. Estão enfatizadas: Os documentos dos Conselhos Tutelares, Secretaria Municipal de Assistência Social, Programa de Erradicação do Trabalho Infantil- PETI, Centro de Referência da Assistência Social, dentre outros, são de grande essência para este artigo.
METODOLOGIA
A metodologia usada em nosso trabalho consistiu na realização de pesquisas bibliográficas, documentos e material de imprensa publicados sobre o assunto, tendo como foco a situação do Estado do Maranhão. Também na realização de visitas às instituições públicas e de assistência, e dados, e também em entrevistas realizadas nestes locais com psicólogos, conselheiros tutelares, assistentes sociais, coordenadores de programas, bem como dos funcionários em geral. A realização dessa pesquisa bibliográfica permitiu uma visão melhor de todo o problema, permitindo a cada um de nós uma melhor informação e posicionamento a respeito. Também verificamos a legislação destinada ao tema, bem como estudos e dados já realizados. As pesquisas de campo foram de extrema importância, pois possibilitou a cada um de nós a quebra do senso comum, e instigou-nos ao confronto de opiniões e atitudes diante desse vasto problema, bem como um olhar mais humano e social em vista ao problema que se faz presente em nossa realidade.
RESULTADOS
Foi verificado na pesquisa as consequência e também causas em longo prazo, do trabalho infantil, bem como da exploração das vítimas. Assim como também uma maior abrangência de ambientes em que se submetem nossas crianças diariamente, a fim de colaborar no sustento de suas famílias. Foi possível ainda detectar a ineficiência das políticas sociais promovidas pelo Estado, bem como da falta de suporte às instituições de assistência social, e também da acomodaçãoda justiça ao investigar os casos e da população ao ser conivente com a dura realidade.
A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E O ESTATUTO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE
A Constituição Federal traz em seu artigo 6º os direitos sociais, tais como o direito à educação, saúde, trabalho, segurança, seguridade social, proteção à maternidade e a infância, e também assistência aos que se encontram em situação de desamparo. Nesse sentido, o artigo 227 dispõe: É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (BRASIL, 2008). [3]
 Em 1990, o Presidente Fernando Collor sancionou o Estatuto da Criança e do Adolescente, através da Lei nº 8069 de 13 de julho de 1990, trazendo um conjunto de normas disciplinadoras dos direitos fundamentais destes, destinando-se a implantação do sistema de garantias. Nesse sentido, em relação ao trabalho, a Constituição Federal de 1988 estabeleceu a proibição do trabalho noturno, perigoso e insalubre antes dos dezoito anos e também estabeleceu o limite de idade mínima para o trabalho em dezesseis anos, ressalvando a possibilidade de aprendizagem à partir dos doze anos. No Estatuto da Criança e do Adolescente, há ainda a proibição do trabalho penoso, daquele realizado em locais prejudiciais à formação e ao desenvolvimento físico, psíquico, moral e social do adolescente em horários e locais que não permitam a frequência à escola aos adolescentes menores de dezoito anos (art. 67, I, III, IV) (BRASIL, 1990). [4] Dessa maneira, a partir de 1988, surge a responsabilidade da família, sociedade e Estado em lutar pelos direitos das crianças e adolescentes, considerando-os sujeitos de direitos em fase de desenvolvimento. Assim, o Estado assume a responsabilidade em assegurar e efetivar os direitos fundamentais, não devendo mais atuar como antes, com repressão e força, mas com políticas públicas de atendimento, promoção, proteção e justiça. Em 1994, o Brasil então começaria a viver uma experiência singular para a prevenção e erradicação do trabalho precoce com a criação do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil, uma vez que: se constatava que no Brasil havia uma importante lacuna: carecíamos de uma instância que tivesse por objetivo a articulação de diferentes setores da sociedade que tinham estratégias, movimentos comuns, evitando, assim, a duplicação de forças, o que poderia inclusive dividir o esforço de erradicar o trabalho infantil. (PASSETTI, 1999, p. 270). Com a percepção da extrema gravidade do trabalho infantil, o Governo brasileiro Amicus Curiae V.5, N.5 (2008), 2011 8 instituiu, mediante participação de vários Ministérios, o Grupo Executivo de Repressão ao Trabalho Forçado, tendo este grupo o objetivo de combater o trabalho forçado e o trabalho infantil. Enfim, o Brasil tem avançado bastante na formulação de políticas públicas para a prevenção e erradicação do trabalho infantil tanto com implantação de programas como também por meio de Fóruns de Prevenção do Trabalho Infantil (CUSTÓDIO, 2009, p. 56). Diante da análise de todo o histórico abordado até a contemporaneidade percebe-se que é de uma ingenuidade sem tamanho, imaginar que o trabalho precoce possa trazer alguma contribuição para a criança ou adolescente, pois pelo contrário, enquanto estes trabalham, seus estudos decaem, sua dignidade é desrespeitada, formando assim um círculo vicioso, onde a pobreza e a miséria aumentam a cada dia. [5]
O MARANHÃO E OS ÍNDICES DE TRABALHO INFANTIL
O Estado do Maranhão, por sua vez, aparece como o estado que mais escraviza a mão de obra infantil. Dados do IBGE, e também da Unicef, mostram um percentual desagradante, que causa a cada cidadão que acredita que isso possa se reverter, um percentual de pessimismo. O fator social influencia cada vez mais nisso, a famigerada pobreza da região nordeste, e principalmente no próprio estado, possibilita que índices alarmantes estejam sempre presentes em relatórios e/ou pesquisas.
As políticas públicas voltadas para o trabalho infantil, bem como para a violência de crianças e adolescentes ainda apresentam grande ineficiência diante da demanda e também da realidade em que vivemos. Segundo foi constatado após uma pesquisa de campo, o Conselho Tutelar muitas vezes não possui um suporte para poder investigar e/ou sanar os casos que vão contra o Estatuto da Criança e do Adolescente. O Estado, por sua vez, através de programas sociais, tenta reduzir esses índices, porém o retorno é pouco, diante da demanda.
O Programa Nacional por Amostra de Domicílio – PNAD e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, trouxeram dados sobre a triste situação que se encontra o Maranhão em relação ao trabalho infantil.
Em comparação ao número de habitantes, o Maranhão é o que mais explora a mão de obra infantil: 6% das crianças e adolescentes trabalham no estado. Isso significa mais de 200 mil maranhenses. No ranking do trabalho infantil no Brasil, o Maranhão ocupa o terceiro lugar.
O ESTADO E POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL
O Governo Federal, através da Lei n° 10.836 de Janeiro de 2004, criou o Programa Bolsa Família como uma forma de auxílio às famílias que viviam em situação de extrema pobreza, e que a renda per capita não ultrapasse R$70,00 (Sessenta reais) por pessoa. O artigo 2°, inciso I, II e III explícita os ditames constitucionais, e garante a seguridade social a crianças e adolescentes em estágio vulnerável e/ou extrema pobreza.[6] É notório os benefícios desse programa assistencialista, no qual influi nos fatores sociais, ocasionando numa breve redução do trabalho infantil, isso se dá pelo fato de um dos critérios do programa social, que é exigir que a criança e/ou adolescente esteja devidamente matriculada em escola pública, e que também esteja frequentando a sala de aula. Dados do próprio governo federal, comprovam que as crianças beneficiárias do bolsa família possuem uma frequência escolar maior que 85% [7]. Isso se torna bastante eficaz no combate ao trabalho infantil, já que a criança, na escola, fica longe de tudo que lhe torna vulnerável.
A Lei n° 8.742 de 7 de Dezembro de 1993, organizou a Assistência Social no Brasil, e instituiu o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI, que compreende trabalhos sociais com famílias e ofertas de serviços socioeducativos para crianças e adolescentes que se encontram em situação de trabalho. [8] Crianças e adolescentes com até 15 anos em risco ou retiradas do trabalho infantil pelo Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), devem participar dos Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV).
A importância destes programas sociais é de grande peso, no combate ao trabalho infantil, apesar dos índices ainda serem assustadores, é notório que estes programas oferecidos como assistência pelo estado, são de extrema importância, pois garantem a seguridade social de diversas crianças e adolescentes que se encontram em situação de pobreza e/ou trabalho.
É importante ressaltar também, que os Centros de Referência de Assistência Social – CRAS e os Centros de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS, possuem um papel importantíssimo no combate à violência contra a criança e o adolescente.
AS POLÍTICAS PÚBLICAS ESTADUAIS
Segundo dados do IBGE, o Maranhão apresenta uma população de 6.850.884 de habitantes distribuídos em 217 municípios, com índices de desigualdades que atingem as famílias de todo o estado. Seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é um dos mais baixos do País (0,683 em 2002). Dos 217 municípios, 80 apresentam IDH abaixo da média do Estado, dentre estes, podemos destacar também os 30 municípios maranhenses que estão dentro dos piores IDH do Brasil.No Maranhão, cerca de 185 municípios (85,25%), possuem renda per capita menor que a média estadual, que por sua vez está entre as mais baixas do Brasil. Essa dura realidade aponta para a implementação urgente de políticas públicas que melhor se articulem dentro da própria área da educação, saúde e assistência social e que contribuam para a melhoria dos indicadores sociais do Estado.
Partindo deste pressuposto, o Governo do Estado do Maranhão, por meio do Projeto de Lei, publicado em 02/01/2015, criou o Programa “Bolsa Escola (Mais Bolsa Família)” que propõe assegurar a constituição de benefícios financeiros variáveis de caráter extraordinário para as famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família para aquisição de material escolar. [9]
O PLENO EXERCIMENTO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL NO ESTADO DO MARANHÃO E A REALIDADE OBSCURA
No Maranhão, é bastante comum encontrarmos Conselho Tutelar, CRAS e CREAS, já que o índice de pessoas que estão em situação de vulnerabilidade é imenso. Nos pequenos interiores do Estado, por exemplo, estes, possuem um papel muito importante em prol dos menos favorecidos. Após uma pesquisa de campo relatada na cidade de Poção de Pedras-MA, que fica à 322 quilômetros da capital maranhense, foi constatado que as assistentes sociais, bem como psicólogos, conselheiros tutelares e toda a equipe de coordenação dos CRAS, têm se empenhado veementemente no combate à violência infantil. Segundo nos relatou uma das responsáveis pelo órgão da assistência social de um bairro periférico do município, semanalmente são desempenhadas diversas atividades com as crianças, dentre as quais incluem-se esportes, atividades físicas e também atividades escolares. Mensalmente, uma equipe formada por agentes comunitários de saúde, psicólogos, conselheiros, coordenadores e assistentes sociais visitam as famílias que se encontram em situação de extrema pobreza, e a partir daí pode-se constatar tristes relatos, que fazem parte da rotina destas pessoas.
A equipe de assistência social presta auxílio à essas famílias, bem como às crianças e adolescentes. O fator social contribui bastante para os baixos índices de desenvolvimento humano, e também para os altos índices de violência. Foi constatado que muitas vezes os motivos nos quais se incluem a vulnerabilidade social, é também a desestrutura familiar. Em alguns casos, foi-se relatado violência psicológica de crianças que ficaram traumatizadas, ao ver seu próprio pai, sob efeito de drogas, agredir sua mãe. Os relatos sejam a ser horripilantes, e nesse fator também se inclui um alto índice de exploração e violência sexual. Segundo dados do próprio CRAS e do Conselho Tutelar do munícipio, houve casos em que familiares cometeram abusos sexuais com alguém que possuíam vínculo parental. Há também casos que são direcionados pelo Conselho Tutelar ao Ministério Público, para apuração dos fatos, bem como denúncias de terceiros, que se incomodam ao ver a triste realidade. Em um dos relatos, que corre em segredo de justiça, uma mãe, dependente química, chegou a vender o corpo da própria filha à pessoas que possuíam uma situação financeira melhor, e esta, foi submetida a ter relações sexuais em troca de dinheiro, que seria usado por sua mãe para sustentar o vício do crack.
Relatos como estes, são comuns em nossa realidade, parecem utópicos, porém não são e esta triste realidade está muito longe de ser sanada. Muitas vezes deve-se romper o silêncio para registrar denúncia contra esses casos, infelizmente falta coragem às pessoas, que temem represálias, e que preferem fazer “vista grossa” à realidade obscura que os circunda. 
OS RISCOS DO TRABALHO INFANTIL
	Agricultura
	Indústria
	Comércio
	- Uso de ferramentas cortantes
- Transportes em veículos sem segurança
- Possibilidade de picada de animais peçonhentos
- Manipulação de agrotóxicos
- Manuseio de maquinas e/ou equipamentos em condições decadentes
- Esforços físicos excessivos e inadequados
- Excesso de jornada de trabalho.
	- Exposição à altas e baixas temperaturas
- Ambientes mal iluminados e sem iluminação
- Exposição contaminante a gases atmosféricos
- Realização de trabalhos em horários impróprios, que acabem por influenciar a vida escolar, bem como o desempenho da criança/ adolescente na escola.
	- Excesso de jornada de trabalho
- Não regulamentação do trabalho bem como a parte burocrática (Ausência de carteira de trabalho).
- Salário inferior
- Trabalho Noturno
- Atropelamentos por exercício de atividades em vias públicas, bem como de risco de acidente por manuseio de veículos.
	Causas
	Consequências
	- Longas jornadas de trabalho
- Esforço físico
- Horário indevido
	- Fadiga crônica
	- Horários inadequados de trabalho
	- Distúrbios de sono
- Irritabilidade Excessiva
	
- Má Postura
- Movimentos repetitivos
- Esforços exagerados
	
- Contraturas musculares
- Entorses
- Distensões
	
- Carregamento de peso
- Posturas inadequadas
	
- Deformações ósseas
(Brasil, 1998b/ Brasil, 2000/ Costa, 1998/ Forastier, 1997).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É notório os malefícios e os danos causados pela exploração aos menores, bem como também do trabalho infantil. Os danos educacionais, apesar de bastante citados, ainda apresentam um número principiante de estudos que determinem especificamente o grau de prejuízo à escolarização das crianças e adolescentes. A partir das pesquisas de campo, por nós constatadas, fica claro o reflexo social que este fenômeno obscuro provoca à sociedade em geral. Podemos destacar também como um dos principais exemplos, a não ascensão social, e tampouco o rompimento do ciclo da pobreza.
O caráter da globalidade deste fenômeno obscuro deve, pois inserir-se nas discussões de políticas públicas, com a mais absoluta veemência. É importante ao operador do direito, ajudar no pleno cumprimento da lei, bem como do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, no qual reconhece que as crianças e adolescentes tornaram-se sujeitos de direitos e também de deveres civis, sociais e humanos. [10].
O artigo 67 do referido estatuto, veda expressamente o trabalho da criança e do adolescente, bem como age em prol de sua defesa, isentando-os de toda e qualquer condição sub-humana.
Cabe ressaltar, pois que quaisquer tipos de ações realizadas em prol dos direitos da criança e do adolescente são de extrema importância para a sociedade em geral, bem como aos órgãos governamentais. O Estado deve erguer a bandeira na luta pela criança e adolescente, bem como assegurar os direitos até então conquistados, ampliando-os na medida em que for necessário. Precisamos muito mais do que programas voltados à esse público, pois estes, são o reflexo vivo da realidade obscura em que vivemos no dia a dia. 
É necessária a criação de programas eficientes que gerem emprego e renda para as famílias em alta vulnerabilidade social, além de uma melhoria na rede de saúde, e nas equipes que oferecem assistência social, bem como de investimentos e um grandioso suporte, para que continuem atuando no combate à violência, mesmo quando ela já tenha sido executada.
A sociedade, também desempenha um papel de grandiosa importância no combate à violência, bem como do combate à exploração sexual, e da mão de obra de crianças e adolescentes. Esta deve, pois estar bem instruída através de políticas públicas, para saber agir quando houver algum caso que viole os princípios da lei, ajudando o Estado no combate à violência, e também a sanar os casos que podem deixar sequelas e prejuízos irreversíveis às vítimas, bem como não se estimulando a negar a dura realidade, e passar a percebê-la, rompendo o silêncio afim de que se possa resultar em uma sociedade menos omissa, onde pode haver uma inversão da realidade.
REFERÊNCIAS
1 - PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA. Violência Doméstica Contra Crianças e Adolescentes. Disponível em: <https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/17849/17849_3.PDF>. Acesso em 02 de Maio de 2017.
2 - MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO NO MARANHÃO. Maranhão ocupa 2º lugar em trabalhoinfantil. Disponível em: <http://www.prt16.mpt.mp.br/2-uncategorised/234-sampaio-correa-apoia-campanha-contra-o-trabalho-infantil>. Acesso em 02 de Maio de 2017.
3 - BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. São Paulo: Saraiva, 2008.
4 - BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial [da] União, Poder Executivo, Brasília, DF, 16 de jul. 1990.
5 – PAGANINI, Juliana. O trabalho infantil no Brasil: uma história de exploração e sofrimento. Disponível em: <http://periodicos.unesc.net/amicus/article/viewFile/520/514>. Acesso em 03 de Maio de 2017.
6 – BRASIL. Lei n° 10.836, de 9 de janeiro de 2004. Cria o Programa Bolsa Família e dá outras providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.836.htm>. Acesso em 04 de Maio de 2017.
7 - PORTAL BRASIL. Crianças beneficiárias do Bolsa Família têm frequência escolar maior que 85%. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2012/09/criancas-beneficiarias-do-bolsa-familia-tem-frequencia-escolar-maior-que-85>. Acesso em 04 de Maio de 2017.
8 – BRASIL. Lei n° 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8742.htm>. Acesso em 04 de Maio de 2017.
9 – MARANHÃO. PROJETO DE LEI. Dispõe sobre o Programa Estadual "Mais Bolsa Família - Escola". Disponível em: < https://www.jusbrasil.com.br/diarios/82804209/doema-executivo-02-01-2015-pg-20>. Acesso em 05 de Maio de 2017.
10 – BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm>. Acesso em 06 de Maio de 2017.

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