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A Evolução Histórica da Matemática

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SINCRETISMO CULTURAL E RELIGIOSO: CATOLICISMO NEGRO
A irmandade Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos foi uma das associações do catolicismo negro que existiram em todo o Brasil. No contexto de um catolicismo Barroco, essas irmandades eram abundantes e importantes no modo de vida do povo. Com características corporativas e hierárquicas estavam comprometidas com a solidariedade dos membros.
A formação dessas irmandades era feita à base do critério de raça: existiam irmandades de brancos, pardos e pretos, este procurando reunir-se de acordo com sua região originária daAfrica. Cada irmandade ofereciam aso seu membros um espaço de comunhão, identidade, socorro, alforria, meios de protestos contra abusos senhoriais, festas e rituais fúnebres.
A caixa e os registros geralmente eram ocupados por uma pessoa livre. Nas pesquisas realizadas na Cúria de Guarulhos foi encontrado o livro caixa da Irmandade , consta o seguinte:
(...) Deve servir este livro para nele se lansarem os termos de todas as quantias de dinheiro, que encontrarem para o cofre da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário da freguesia e Nossa Senhora da Conceião de Guarulhos. (Acervo da cúria Diocesana de Guarulhos, livro caixa da Irmandade do Rosário 1805 a 1871).
Na Irmandade Nossa Senhora dos Homens Pretos, em Guarulhos, em 1833, houve três entradas num total de seis mil e cem réis.
No início, esse catolicismo popular, servia para mascarar o culto à divindade dos escravizados através dos santos que encontravam elementos análogos.
Como exemplo podemos citar o estudo de Marina de Mello e Souza, sobre os santos e Minkisi, uma reflexão sobre a moscigenação cultural,onde existe o seguinte pensamento:
(...)Os estudos sobre a inserão dos africanos escravos tem sido um campo fértil para a reflexão acerca dos processos de sincretismos, entre outras noções que buscam dar conta de situações nas quais novas culturas surgem a partir do contato entre povos diferentes. Ao serem arrancados dos seu locais deorigem e escravizados, ao viverem traumáticas experiências, ao transporem a água e terem que se dobrar ao jugo dos senhores americanos, os africanos eram compelidos a se integrarem, de uma forma ou de outra, às terras as quais chegavam. Novas alianas eram feitas, novas identificações eram percebidas sobre bases diversas: de aproximação ética, religiosa, da esfera do trabalho, da moradia. Assim, reagrupamentos étnicos compuseram nações, vizinhos consolidaram laços de compadrio e se juntaram cultuadores dos orixás e recebiam entidades sobrenaturais sob o toque dos tambores. Os reis negros, presentes em quilombos e grupos de trabalho, e principalmente em irmandades católicas, serviram de importantes catalizadores de algumas comunidades e foram centrais na construção de suas novas identidades. Algumas atividades negras eramproibidas pela administraão senhorial e demonizadas. (SOUZA, 2002,pp.125, 128)
A irmandade serviu como forma de união e ajuda mútua. Direcionados ao culto de um santo, no caso dos negros no centro de Guarulhos, as irmandades da igreja Nossa Senhora do Rosário: São Benedito, Santo Eslebão, N. Sra. do Rosário e Santa Ifigênia.
Essas atividades ocorreram com maior intensidade nos anos 1700, durante o longo período do padroado, instituição que uniu a Igreja Católica Apostólica Romana ao "Estado", quando o rei tinha vários direitos sobre a igreja, nomeava líderes religiosos e regiao funcionamento das irmandades.
As irmandades com suas vistosas festas, como as congadas e reisadas, onde sempre havia coroação de uma corte, e eram recheadas de elementos africanos.
Outros estudiosos, difundem a ideia de que houve um sincretismo, devido a alusão a São Benedito e a Nossa Senhora do Rposário, e outros santos negros representativos da igreja católica. Observam-se nesses estudos, diferentes modos de relação com as autoridades na produção de cultura e religiosidade, essas variações ocorriam de acordo com sua origem africana e em relação entre as irmandades, que reuniam num mesmo templo e características espaciais.
Atendendo-se à irmandade em Guarulhos, sua origem é controversa. Em nossa pesquisa reunimos algumas fontes que apontam para o início do século XVIII. Provavelmente seu surgimento se deu simultaneamente ao da igreja dos pretos de São Paulo e da Penha.
Em sua maioria, as obras literárias guarulhenses receberam influência de pensamentos eurocêntricos e positivistas. Enfatizavam as realizações dos grandes homens ilustres, bons, brancos em detrimento de outros elementos etnicos existentes.
Quanto ao ano de inauguração da igreja, a maioria dos autores aponta para o entorno do ano de 1863. No entanto essa data deve ser revista, visto que análises ao livro de Tombo n. 2 fls. 10, da Diocese de Guarulhos aponta para o ano de 1750, quando a igreja foi oficializada, pelobenzimento em 04/10/1750.
Informações equivocadas sobre a função da igreja também constam no relatório de 1913 do padre Celestino Gomes d'Oliveira, que aponta o ano de 1862 como o de criação da igreja. No entanto isso não poderia ter ocorrido devido a uma ordem de desocupação, emitida em 18/09/1806 pelo senado da Câmara de São Paulo contra os srs. Inácio de Miranda e seu pai Manuel de Miranda, que ocupavam terras sem títulos ao pé da igreja Rosário dos Pretos. 
Se usarmos como referência a construção da igreja em São Paulo, como explica Lincoln Secco (2006, p. 1), observa-se que para construir a igreja a irmandade levou aproximadamente 26 anos e provavelmente o movimento de negros para a construção da igreja em Guarulhos em Guarulhos, deu-se início em 1700, semelhante à de São Paulo e, quiçá, da Penha.
A empreitada foi realizada ao custo de grande esforo, lembrando que essas pessoas eram escravas e qualquer empreendimento como esse era feito com muito sacrifício, durante anos e à custa de esmolas, economias pessoais e muito trabalho.
Outro acontecimento que comprovava a antiguidade desse templo 0correu em 1757 quando serviu de matriz, enquanto: Acabarem essas obras principais, que todos têm mostrado na factura da matriz... contraditoriamente citado por Ranali, (2002, p.164) confirmando que a igreja do Rosário dos Pretos já estava construída há algum tempo.
Além desta irmandade haviamoutras em Guarulhos como a de São Benedito de Bom Sucesso, ligadas intimamente com a festa da Carpição, nome atribuído ao poder santo da terra e que na sua origem consistia na caipição ao redor da Igreja de Bonsucesso em um sistema de mutirão.
O catolicismo negro em Guarulhos foi significativo, mas como sobreviam esses escravizados membros das diversas irmandas de Guarulhos.
RESISTÊNCIAS E RESILÊNCIAS - ATIVIDADES RELIGIOSAS, CULTURAIS E SOCIAIS DAS IRMANDADES SOB O ESCRAVISMO
Escolhendo uma definição simples, trata-se de um conceito emprestado da química, que usa esse termo para explicar um material que tem capacidade plástica, isto é, ao sofrer pressões, agressões, volta a ter as condições anteriores. A utilização desse conceito é aplicado de um modo mais amplo, social e aplica-se principalmente nos casos em que as irmandades negras conseguiram resistir à pressão contra suas atividades culturais e religiosas, como foi o caso da igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos da Penha, em São Paulo, que existe até hoje (2013).
Este não parece o caso da igreja em Guarulhos, construída primitivamente no local que é conhecido como Praça Conselheiro Crispiniano (antigamente chamado Pontão de ônibus da Rua Dom Pedro). Este espaço religioso abrigou encontros dos pretos com o objetivo de enfrentar as difuculdades provinientes da escravidão e promover ações de ajuda mútua.
(...) A boa mortetambém era um desejo de homens da irmandade, uma preocupação com os rituais de passamento e, seguindo o costume até a segunda metade do século XIX, os mortos eram enterrados nos arredores da igreja, e no caso dos membros mais importantes da irmandade, dentro dela, constituindo assim uma verdadeira geografia da morte como nomeiam alguns pesquisadores ao estudarem os enterramentos nas igrejas.
Existemvários óbitos registrados no livro de sepultamento da Cúria, em sua maioria escravos ou irmãos forros pertencentes a irmandades que se reuniam na igreja, como verificado no livro de registro de óbito da Cúria Diocesana de Guarulhos que atesta o enterro no Rosário do corpo do escravo Narcizo, casado com Gertrudez, escravo de Francisco Mariano de Oliveira, no dia 01/10/1818.
Entre as diversas atividades que os escravos exerciam, duas eram exatamente cruéis: o trabalho nas lavras e na roça. Em Guarulhos, eles foram usados nas dua atividades.
LIBERDADE: SONHO ALCANÇADO? TEORIAS RACIAIS E PRECONCEITOS NA REPÚBLICA
Em Guarulhos o decreto da libertação dos escravos em 13 de maio de 1888, conhecida Lei Áurea, não foi noticiado pelos camaristas, o que possibilita inferir que isso não foi repercutido para a sociedade. Mas as notícias se espalharam gradualmente, e parece não ter havido consequência alguma dessa lei em Conceição de Guarulhos. Naquele ano, após esse acontecimento, há um crescente númerode pedidos para fechamento dos engenhos de cachaça.
Outro fator a considerar para entender a complexidade social vivida pelo negro, são as consequências do concílio do Vaticano I no ano de 1870. Dentre suas ações decretou o fim do regime do padroado (instituição que uniu a Igreja Católica Apostólica Romana ao Estado), após esse evento houve uma centralização de poder nas mãos do papa, repercutindo na rejeição de ritos sincréticos.
Além das questões religiosa, política e cultural, foram acrescentadas questões de cunho científico, como a teoria higienista dos miasmas, odores produzidos pela decomposição de matéria organica; corpos enterrados dentro das igrejas provocavam doenças, segundo médicos do século XIX. Em Guarulhos, para atender a população negra é criado um cemitério adjacente à igreja,como esclarece uma sessão da Câmara Municipal realizada em 15/01/1920.
O ESPAÇO COMO RECIPIENTE NEGRO QUEBRADO: POLÍTICAS DE URBANIZAÇÃO DO INÍCIO DO SÉCULO XX - A DEMOLIÇÃO DA IGREJA
Nessa onda de organização e expanção do centro, em meados da década de 1920, é que as irmandade negras, na disputa de espaço com o imigrante europeu perdem novamente. Algumas medidas como a instalação de um prédio assobradado nas proximidades da igreja e a concessão para exploração de água que jorrava graciosamente na Rua da Biquinha (atual Rua Miguel Romano) contribuíram para essa perda de espaço. Foi observadotambém uma mina de água nesta rua localizado em um lava rápido. (RANALI, 1986, P.97).
Todas essa providência apontavam para a desapropriação, similarmente ao que aconteceu em São paulo. Não era de bom tom uma igreja velha "com santos medonhos" (conforme relata oral) e de pretos, com cemitério adjacente, no centro e na principal rua de Guarulhos, (RANALI, 1986, P.97). Foi formado em 15 de abril de 1928, uma comissão de "reforma e reconstrução do tradicional templo católico de N.S. do rosário".
Como é público, o templo está em ruínas ameaçando próximo desabamento de modo que sua reforma e construção são urgentíssimas.
Resolveu, então, a comissão fazer levantar as plantas de modo que, aproveitando o terreno do outro lado, a recontrução de alargamento e expensão á via pública. Para isso porém é necessário a completa demolição do templo existente e a construção de um novo templo.
Assim, considerando que a reconstrução como vai ser feita, além de trazer embelezamento e melhoramento local traz elevada utilidade para o trânsito público, a comissão vem solicitar da Câmara Municipal de Guarulhos a votação de um auxílio, em dinheiro, para essa construção da qual em tempo oportuno, serão publicados nos jornais da Capital, nos respectivos balancetes de prestação de contas por parte da comissão, conforme ja se fez na ocasião das obras da Matriz local.
Por fim, após esse pedido, a Cãmara MunicipalGuarulhense reuni-se e decreta por meio da Lei n.78 de 16/05/1928.
Entrou em segunda e última discussão e foi unanimemente aprovada por todos os vereadores presentes a seguinte Lei: Lei n.78 de 16 de maio de 1928, que concede o auxílio para reforma ou reconstrução da igreja do Rosário de Guarulhos, Artigo 1. - Fica estabelecido a verba de 10 contos de réis, com o auxílio a reforma do templo de N.S. do Rosário, desta cidade. (Arquivo Municipal de Guarulhos, 1928) Grifo nosso.
CONDIÇÕES DO TEMPLO
Estranha essa afirmação...A igreja teria sido submetida a uma reforma no ano de 1911, segundo informações do livro de Tombo da Cúria Diocesana de Guarulhos, recolhidas por João Gasparino Romão dizendo que:
(...) constitituiu em forrar toda a igreja, a redificar a sua fachada. A sua conservação esta confiada a Irmandade de N.S. do Rosário, a qual é administrada pela seguinte mesa: presidente - Vigário, Padre celestino Gomes de Oliveira Figueiredo, tesoureiro João Theofilo de Assis Ferreira.
(ROMÃO, 2006, p.19)
Os documentos analisados, resgistros dos arquivos públicos e particular, atas das Irmandades do Rosário no arquivo da Cúria Diocesana de Guarulhos, fontes orais e a iconografia, não indicam que neste curto período a igreja tenha sofrido algum tipo de abalo estrutural. Também não há registros de grande tempestades ou cataclismas que pudessem abalar as estruturas dessas rígidas eresistentes paredes de taipa de pilão.
LOCALIZAÇÃO
A antiga Igreja do rosário que se localizava em frente a Igreja Matriz, realmente estreitava uma passagem para a antiga Estrada de Nazaré (atual Av. Monteiro Lobato). O argumeto como desculpa para demolir o templo é facilmente descartável.
Apesar da repetida argumentação relacionada ao alargamento da Rua Direita com intuiti de facilitar o trânnsito, a construção que foi realizadalogo após a demolição da igreja, um prédio assobradado, ocupou a mesma posição da igreja!
EMBELEZAMENTO E MELHORAMENTO DO LOCAL
Os documento analisados anteriormente deixam claro que as relações entre os líderes religiosos com os pretos do Rosário em Guarulhos foram pautadas no espírito do Concílio do Vaticano I(1869 - 1870), que analisados de modo simples, empreenderam uma centralização de poder na figura do Papa e reafirmar a Constituição Dogmática sobre a fé católica, resolveu realizar uma limpeza nos dogmas eclesiásticos. Ao que tudo indica esse cataclisma negro do passado agredia os dogmas da NOVA fé católica e apagar o passado era o caminho.
Assim que a igreja foi demolida, enfins de 1930 (não foi localizado nenhum documento apontando a data correta) construiu-se logo em seguida o prédio assobradado. A construção no mesmo local da antiga igreja, mas atrás dela, mantendo o mesmo Estreitamento da rua onde, infere-se, ficariam as casas dos fieis pretos do Rosário.Esse Clube não poderia ser construído em espaço público. Documentos nos informam que a igreja já estava demolida em meados dos anos 1930 e essa permuta explica a explicação da praça onde ficava a igreja, em frente ao Clube Recreativo.
Essa praça, mais parecida com um lago, no decorrer dos anos 1930 recebeu diversos nomes como consta o levantamento feito por João Ranali, na sua leitura das atas da Câmara Municipal. Primeiramente denominada Cerqueira César, depois João Pessoa, de João Pessoa para Praçã do Rosário, de Praça do Rosário pra Conselleiro Crispiniano em 16/07/1937, ficando com o nome Praça do Rosário, local onde estava sendo construída a nova, no pleno sentido da palavra, Igreja do Rosário. (RANALI, 1986, pp.106, 111, 114).
Para rematar de vez essa questão urbanística colocada como argumento para demolir a antiga igreja dos Pretos do Rosário pela comissão.
O estudo do caso sugere, que as autoridades eclesiásticas e laicas da época optaram por demolir a igreja e reconstruí - la distante no atual Largo do Rosário. Como vimos, eles não encaravam as atividades culturais e religiosas realizadas nesses espaços como legítimas. Não obstante, as fotos motram que a igreja dos Pretos do Rosário estava em condições de ser novamente.
A CONSTRUÇÃO DO NOVO TEMPLO E A EXCLUSÃO DO NOME "HOMENS PRETOS" - BRANQUEAMENTO CULTURAL E RACIAL
As autoridades guarulhenses, inclusiveas eclesiásticasparticipavam no que alguns estudiosos chamam de política de branqueamento, isolando as irmandades dos espaços urbanos considerados mais nobres, mais centrais, assim como se deu com a igreja do Rosário dos Pretos em São Paulo e em tantas outras pelo Brasil.
Outra noção do branqueamento consiste no ideal de alguns cientistas do século XIX, que acreditava que a "raça branca" por ser superior iria sobrepujar as outras, mas como cita Domingues, usado em mais de um sentido:
(...) Ora ele é visto como interiorização dos modelos culturais brancos pelo segmento negro, implicando a perda do seu éthos de matris africana: Ora é definido como precesso de "clareamento" concreto da cor da pele da população brasileira, registrado, sobretudo, pelos sensos oficiais e previsões estatísticas do final do século XIX em início do século XX... (DOMINGUES, 2004, p.253).
(...) a nova Capela de N.S.do Rosário, a oito de agosto de 1930 o Exmo Sr. Arcebispo concedeu licença ao Revmo padre para benzer a primeira pedra da nova capela de N.S. do rosário a construir-se em terreno doado pela Câmara Mitra Archiodiocesana de São Paulo em troca do terreno que atualmente ocupa a velha igreja do Rosário que vai ser demolida com licença do Exmo. Sr. Arcebispo. A benção. No dia 31 de agosto foi benzida a primeira pedra pelo Revmo. Padre Vigário Padre Martinho Maitegui quem proferiu uma locução alusiva ao ato.
No dia 1 desetmbro se deu início as obras de construção da nova Capela de N.S, do Rosário que vão prosseguindo ativamente. (Acervo da Cúria Diocesana de Guarulhos, livro de tombo V n.4 fls 35v a 36).
Corroborando a hipótese de um apagamento do catolicismo negro na cidade, a Nova Igreja tem seu nome auterado para Nossa senhora do Rosário de Fátima. Não mais se chamaria Nossa Sra. do Rosário dos Homens Pretos, açambarcaram-lhe além do espaço, a identidade e até o nome!
O Centro então estava sendo "reformado" segundo os padrões pretendidos. Manifestações festivas, musicais, danças, religiosidade e até mesmo cemitério do "jeito africano", foram substituidas pelo modelo europeu, como relata Carlos José Ferreira dos Santos: 
(...) A Igreja do Rosário como as outras do mesmo nome na grande São Paulo, possivelmente era um dos lugares de referência das manifestações populares como as Congadas, Moçambiques, Folias de Reis. Sua destruição significou a destruição de um espaço simbólico e material, portanto de identidade da cultura de parte da população de Guarulhos na parte Central. (SANTOS, 2006, pp. 68,69).
Os pretos do Rosário provavelmente pensaram em uma igreja nova para suas atividades, quando o que ocorreu, conforme podemos constatar foi uma espropriação de seu modo de adorar. Dessetempo em diante segundo os documentos analisados, não foram mais realizadas as festividades do catolicismo negro nasigrejas.
Mas a pertinaz presença africana continuou em diversos espaços em Guarulhos. Mesmo distante do Centro, a festa popular religiosa, a famigerada congada que as autoridades afastaram do Centro, foi realizada contando com o auxílio do poder público.
Com certeza outras atividades culturais e religiosas foram realizadas, mais longe do Centro da cidade qie adquiriam daí para frente um caráter urbano. Apenas a região norte do município manteria as tradições culturais, com suas ricas manifestações, tornando a cidade de Guarulhos ímpar neste sentido.
AÇÕES AFIRMATIVAS E POLÍTICAS DE REPARAÇÃO
Em 2008 a Prefeitura Municipal de Guarulhos empreendeu a tarefa em reformar o Centro velho, abrangendo o local onde era a antiga Igreja N.Sra. dos Homens Pretos. Por pressão da sociedade civil foi pensada uma reforma urbanística que destacasse o centro Histórico.
Foi realizado em 21 de março de 2007 (Dia internacional contra a Discriminação Racial), na rua Dom Pedro II, um ato público em prol da construção de um monumento que dignificasse a memória do Pretgos do Rosário.
Essa reforma contemplava embutir a fiação elétrica e telefônica no solo requerendo muitas escavações na Rua Dom pedro (antiga Rua Direita) que iria se transformar num grande calçadão.
Nestas escavações houve uma pesquisa arqueológica em torno, que contou com informações imporatantes para o potencial arqueológico e elucidativosobre a história da igreja e seus enterramentos e/ou cemitério obtidas pelo trabalho de pós-graduação de História na UNG sobre a Irmandade e por Adolfo de Vasconcelos Noronha sobre o local onde esteve edificada a igreja do Rosário dos homens Pretos de guarulhos até os fins dos anos 1920.
Inicialmente foi realizado um acompanhamento das escavações da obra, onde foram descobertas evidências da cultura material: o alicerce do casarão construído logo após a demolição da igreja e algumas pedras alinhadas, que inicialmente foram confundidas com a base de uma das paredes da Igreja do rosário dos Homens Pretos. Houve grande repercussão na imprensa local em relação a esses achados. Após a descoberta dos supostos vestígios da igreja, durante a monitoria em 04/04/2008, houve a cobertura geral da imprensa local.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Produzir conhecimento sobre os Pretos do Rosário, saber que foram importados compulsoriamente da África, escravizados inicialmente, após o aculturados, sincretizados, depois desprestigiados, espropriados na sua identidade e memória. Duros revezes.
A História é a Fonte rica das nossas origens, merece destaque e não o "apagão" que impulseram algumas autoridades públicas e religiosas durante o período que analisamos. Importante é identificar e destacar o papel dos agentes que também construiram a história da cidade, mesmo os considerados vencidos.
Nota-se que a políticade não introduzir a saga dos membros da nossa história não resultou em bem estar, ao contrário trouxe um grande problema social. Por isso, é necessário o diálogo social político, econômico e cultural, com intuito de se chegar a medidas afirmativas e compensatoriais em favor dos descendentes desse povo que tanto enriqueceu nossa cultura, mas que em sua maioria, padece sem conhecimentos.
Uma das propostas é a recriação de um monumento que transmita a saga desta povo, através da educação para o ptrimônio, que permite uma interação de conhecimentos entre os estudiosos da cultura material e imaterial no passado e presente e os produtores dela, de modo que haja progresso no entendimento onde todos se encontram no âmbito sócio cultural e na conscientização do processo histórico temporal, com prospectiva ideal de pertencimento, identidade, valorização e preservação do bem a ser construído ou reconstruído desse povo escravizado, resistente, de etnia negra. Pertencemos a uma só raça, a humana. É preciso um esforço vigoroso para que o termo "humanidade", como acepção do que é humano, benevolente, ainda continue tendo o mesmo significado em qualquer lugar neste mundo.

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