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PAISAGISMO PROFa. CAROLINA GESTER HISTÓRIA DO PAISAGISMO NO MUNDO ✓ Toma-se a História como base de referências, auxiliando no entendimento das questões contemporâneas, principalmente se for apreendida não como uma sucessão cronológica e narrativa de acontecimentos mas como estrutura que permite, ao discutir o passado, a compreensão do presente, as possibilidades de atuação e as prováveis futuras tendências. ✓ HISTÓRIA DO PAISAGISMO NO MUNDO Os jardins ou áreas onde se cultivam plantas apareceram efetivamente nas antigas civilizações, como Egito, Mesopotâmia, Babilônia, Grécia, Pérsia, Índia, Japão e China. Os jardins apareceram quando o homem já vivia em cidades. Ele os utilizava tanto para a manutenção de seus víveres quanto para sua ostentação, sem deixarmos de mencionar seu desejo de permanecer em contato com a natureza. PRÉ-HISTÓRIA O Egito encontra-se em uma área de solo fértil, em meio a uma região árida e desértica. Assim, no início de sua história seus jardins desenvolveram plantas e frutos para uso de seus proprietários. Tinham como característica a irrigação, feita por meio de canais que definiam áreas geométricas retangulares. Nesses jardins praticava-se o cultivo de uvas, romãs, tamareiras, plantas da flora nativa e outras importadas, como maçãs, mirra e amendoeira. Nos espelhos d’água eram cultivados lótus e papiro, para o fabrico de papel. Além dos jardins, os egípcios também interferiam na paisagem com a construção de esfinges e pirâmides, que visavam à perpetuação e à glória dos faraós, considerados representantes dos deuses na Terra. EGITO EGITO EGITO EGITO Na Mesopotâmia, em especial a cidade de Babilônia, os jardins seguiam as mesmas características dos encontrados no Egito. Foi na Babilônia que Nabucodonosor presenteou a princesa dos Medas com os “jardins suspensos”, uma das “sete maravilhas do mundo”, revelando também de forma bastante clara, a antiga intenção de preservar a ligação do homem com a natureza. MESOPOTÂMIA MESOPOTÂMIA MESOPOTÂMIA MESOPOTÂMIA Os persas, famosos por seus jardins paradisíacos, construíram-nos para seu lazer e os carregaram de simbologia. O cipreste, por exemplo, era o símbolo da passagem da vida para a eternidade, e as árvores frutíferas representavam a vida e a fertilidade. Devido à necessidade de irrigação, os jardins persas, de traçado geométrico, eram alimentados por fontes, dando forma de cruz à irrigação. Foram os primeiros a utilizar as plantas por seu valor estético, tirando partido de sua forma e aroma. Podemos dizer que foram os persas os criadores dos jardins como os conhecemos hoje. Em seus jardins, as árvores como os ciprestes, plátanos e romãs, eram sempre renovadas para que permanecessem jovens. Eram muito cultivadas flores como rosas, violetas e jasmins. PERSA A topografia da Grécia sugere a implantação de cidades em regiões mais altas por motivos estratégicos de defesa, elas eram muradas. Nos bosques sagrados reverenciavam-se os deuses, sendo estes representados por estátuas. Em suas investidas em busca de novos territórios, os gregos assimilaram em sua cultura o gosto pela construção de jardins, e foi numa dessas investidas que importaram da Pérsia os jardins paradisíacos. É da Grécia que se tem notícia do surgimento do vaso com flores anuais utilizados para oferendas ao deus Adônis. GRÉCIA GRÉCIA Os romanos, também na busca de novos territórios de dominação, importaram principalmente da cultura grega a concepção de seus jardins. As casas romanas eram orientadas para áreas que sugeriam amplitude como mar ou o campo. Em seus jardins, eram colocados afrescos, fontes e topiárias (esculturas em plantas realizadas por meio da poda). Esses jardins interavam-se à arquitetura da casa. ROMA ROMA ROMA ROMA ROMA ROMA ROMA IDADE MÉDIA Na Idade Média europeia, as pestes e as constantes invasões dos povos bárbaros fizeram com que as cidades e castelos se fechassem e se fortificassem. Os espaços livres tornaram-se funcionais para o cultivo de plantas medicinais e alimentos. Nos monastérios e conventos ainda se mantinha a tradição do jardim; neles eram plantadas flores para enfeitar os altares. O formato dos canteiros desses jardins deu origem aos canteiros barrocos. Por serem cultivados por monges copistas, que necessitavam ter mãos delicadas para a realização de seu trabalho, foram desenvolvidas ferramentas de jardinagem. IDADE MÉDIA IDADE MÉDIA IDADE MÉDIA IDADE MÉDIA IDADE MÉDIA RENASCIMENTO Com o fim das invasões, com o controle das pestes e o início da expansão comercial, a Europa começou a experimentar um período de paz. Era o início do Renascimento, um período em que se destacaram os jardins da Itália e da França. O século XV marcou na Europa o início do Renascimento, os descobrimentos, as conquistas. Os jardins também renasceram. Surgiram os jardins botânicos e também o comércio de plantas para coleção, resultado da expansão europeia em novos continentes. Na Itália iniciou-se a restauração dos mais belos parques e dos jardins das “vilas romanas”, que serviram como modelo para a construção de novos jardins. RENASCIMENTO O Renascimento recupera e fortalece o humanismo e o barroco produz jardins monumentais, geometrizados, totalmente controlados pelo homem, onde a vegetação perde suas características, transformando-se em elemento construtivo de uma arquitetura exterior de grande impacto visual. Alguns destes jardins estão fora da cidade, nos palácios, fugindo do caráter urbano. São criados mundos que existem por si, todas as relações são planejadas. O observador é um participante deste mundo por onde passeia, muitas vezes se transformando em um espectador. A partir da Renascença, os jardins da coroa e da nobreza são abertos ao público, especialmente em Londres e outras capitais da Europa. RENASCIMENTO As áreas ajardinadas ao lado dos castelos possuíam desenhos simétricos de proporções matemáticas e perspectiva sem fim. A casa e o jardim integravam-se em um único espaço. A água era largamente empregada com a construção de repuxos, chafarizes e cascatas. Também eram introduzidos nos jardins elementos construtivos como escadas, terraços e esculturas. As plantas eram submetidas a um tratamento formal com grande utilização de tapiárias e parterres (canteiros geométricos e bem marcados pelo cultivo, em blocos, de plantas de uma única espécie). As espécies mais usadas eram os ciprestes, os buxinhos, os louros e os azinheiros. RENASCIMENTO A França sofreu grande influência dos jardins romanos. Os jardins de Versailles (1624-1688) foram construídos e idealizados por André Lê Notre, com traçado simétrico, valorizando a perspectiva e a sensação de grandiosidade. O passeio central comandou toda a composição de cada lado, canteiros dispostos simetricamente separados dos bosquetes por cercas vivas podadas e estátuas de mármore branco. Sobressaia a tudo isso os tapetes de relva, as inúmeras fontes e canteiros floridos. O local tinha sido anteriormente um imenso brejo onde se praticava a caça. RENASCIMENTO O liberalismo democrático dos ingleses do século XVIII levou a que fossem rejeitados os governos despóticos franceses e, com isso, os jardins renascentistas. Nessa época, o movimento romântico na pintura exaltava as belezas da natureza e da paisagem natural, devido à influência oriental trazida para a Europa pelas relações comerciais da Inglaterra com o Oriente. Os jardins passaram a imitar paisagens naturais e dar importância do elemento “surpresa”, ou seja, eram montados com grandes gramados e a incorporação de lagos e rios. Entre os mestres dos jardins ingleses estão William Kent, William Chambers. REVOLUÇÃO INDUSTRIAL As transformaçõeshumanas sobre a natureza ganharam intensidade e velocidade no século passado com a Revolução Industrial. A cidade ganhou um aspecto cinzento, as condições sanitárias e qualidade de vida passaram por um nível de deficiência assustador. Os jardins então, estavam dentro e fora da cidade, eram o símbolo de uma vida saudável a que todos aspiravam, mas restrita apenas a alguns. Desde esse momento, ou talvez desde antes, aspira-se ao jardim, primeiro nas condições de vida na cidade, depois tentando transformar a própria cidade num enorme jardim - com igualdades e justiças como pregaram os revolucionistas, os utopistas e pré-urbanistas do século passado. REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Com a Revolução Industrial, as áreas urbanas foram se adentrando. Houve o aburguesamento da sociedade e o parcelamento da terra acentuou-se, provocando a diminuição das áreas particulares livres. Parques e jardins públicos eram usados para arejamento das áreas urbanas, eram os “pulmões” das cidades. Os jardins particulares, então, passaram a ter dimensões reduzidas, culminando nos jardins modernos, surgidos nos anos 40, que incorporaram em suas áreas, além da vegetação, elementos construtivos e equipamentos de lazer como piscinas, churrasqueiras, pequenas quadras, pergolados, gazebos, varandas, etc. Nesses jardins, as formas artísticas de produção do espaço são tão valorizadas quanto a tecnologia dos materiais utilizados para sua construção, o desenho do jardim deve ser resultado também de conceitos básicos de concepção arquitetônica. NORMAS GERAIS DE DESENHO TÉCNICO No século XX, o Movimento Moderno aprofunda estas questões idealizando a cidade como um enorme território de sucessivos jardins, coletivizados e usufruídos por todos. A arquitetura dos edifícios também é traçada e codificada, tendo em vista a liberação de espaços verdes, o “recrear o corpo e o espírito”, buscando a luz solar e o ar, isolando as edificações. A redescoberta do papel qualificador que o jardim pode absorver sobretudo em contextos urbanos degradados, evidencia-se na carga representativa do desenho. A primeira metade do século XX mostrou um Paisagismo com pouca expressividade, principalmente pelo ensino e prevalência dos modelos do século XVIII e XIX, que apresentavam pouco interesse às mudanças que o Movimento moderno impunha às paisagens. Dos anos 50 aos 70, destacaram-se os melhores trabalhos dos grandes mestres da arquitetura paisagística. Dentre eles, Roberto Burle Marx, que, embora sendo modernista não se submeteu aos cânones do movimento. Teve seu processo criativo ligado às artes plásticas e ao entendimento da botânica, utilizados para a compreensão da natureza, principalmente a tropical do Brasil com suas cinqüenta mil espécies diferentes de plantas. Paisagismo no Brasil O Paisagismo brasileiro define-se no séc. XIX, a partir de uma rede consolidada de cidades grandes e médias que, situadas principalmente no litoral e sob forte influência urbanística européia (francesa e inglesa) apresentem condições para a criação de obras significativas, tanto em espaços públicos- parques, praças e boulevards, como espaços privados- jardins de palacetes e chácaras. No séc. XX, o Paisagismo no Brasil alcança uma identidade projetual própria, principalmente após os anos 40, com Burle Marx, que muito influi na definição dos paradigmas do Paisagismo moderno brasileiro, com sua formação de artista plástico, aliada ao profundo conhecimento da botânica e da flora tropical. Paisagismo no Brasil 1 – Ecletismo - Definido pelo surgimento dos primeiros parques públicos, das praças ajardinadas, dos jardins das mansões dos barões do café (Rio e SP). Inicia-se com a construção do Passeio Público do Rio de Janeiro (1779) e perde sua hegemonia no final da primeira metade do séc. XX, com os grandes projetos públicos em SP, Rio e Brasília. Nesse período, as influências francesas e inglesas sobre os projetos, ocorrem na totalidade. Tem por principais caracteríticas: a visão romântica; evidencia o bucólico, com lagos, fontes, gramados, poda temporária, esculturas, coretos, pontes, aves e animais silvestres soltos, circulação sinuosa ou em eixos define a estrutura. Do logradouro: o passeio, o desfile, com a vegetação criando fundos e bordaduras. Paisagismo no Brasil 2 – Moderno - Tem como marco inicial as obras de Burle Marx, em Recife, e jardins do MEC, no Rio. Até hoje, a maioria dos projetos segue seus paradigmas que tem, entre outros, como padrão: o uso da vegetação nativa e o total rompimento com as escolas clássicas. Apresenta nítida influência americana e do Movimento moderno. Das principais características, destacam-se: a vegetação criando ambientes; novos usos e programas; lazer ativo, equipamentos esportivos; a utilização de grades; uso intenso da vegetação nativa e a incorporação e transformação dos antigos elementos formais: lagos, fontes, pontes e esculturas Paisagismo no Brasil 3 – Contemporâneo - Reflete a inquietação dos anos 80 e 90 e não está consolidado. Recebe forte influência dos paisagistas japoneses, americanos e franceses, em especial na seleção de estruturas construídas e vegetação. Sofre influência americana pós- moderna. As características principais podem ser traduzidas pelas novas buscas formais, influência formal do pós-moderno, revisão do moderno, visão ecológica, colunas, pórticos e cores. Representa uma definição em andamento. Paisagismo no Brasil Quanto à cronologia, foi assim classificado: Século XVII a XVIII- Ecletismo Hortos, largos, terreiros, quintais - Passeio Público/Rio Século XVIII a XX - Ecletismo Jardim Botânico - Parques Públicos Ajardinamento de largos e terreiros Surgimento da praça - jardim Surgimento dos jardins formais nas fazendas O palacete e a casa isolada no lote Arborização de rua - o boulevard Mirante, o passeio - a avenida beira- mar Surgimento dos bairros: Higienópolis, Campos Elíseos - SP Parque do Derby - Recife Praças em Belém do Pará e em Belo Horizonte Paisagismo no Brasil 1900 a 1940 - Ecletismo Parques Públicos/ Parques temáticos e comemorativos Sistemas de espaço público Feiras e exposições Parques Urbanos Estações de águas Jardim Zoológico Jardins de Estilo - moldura do estilo neocolonial ao neoclássico Parque Farroupilha - Porto Alegre Consolidação do Bairro Jardim ( Cia. City - SP) Jardim América / Jardim Europa Consolidação da casa isolada no lote Jardins privados Novas áreas centrais Copacabana e Avenida Central no Rio Parques de Bouvard e Avenida Paulista em SP 1940 a 1980 - Moderno Play Grounds Parques- estações de águas Jardins contínuos nas calçadas (Jardins - Curitiba) Abandono gradual dos estilos O edifício de apartamentos, isolado no lote Espaços livres do lote como extensões do lote - superquadra Calçadões em áreas centrais e nas praias Jardins do Mec no Rio -Burle Marx, Roberto Coelho Cardoso, Waldemar Cordeiro Aterro do Flamengo Brasília Remodelação - Praça da Sé, Praça Roosevelt Paisagismo no Brasil 1980 em diante - Contemporâneo Shopping Centers Parques Ecológicos, Parques Lineares Cercamento de grades Bairros- jardim contemporâneos, em condomínios Condomínios verticais - Tijuca Prédios de Apartamento: área equipamentos multiplos Projeto ecológico Tietê Parques Aquáticos Projeto Anhangabaú Projeto Rio - Cidade
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