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aula 6 HERMENEUTICA constitucional

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HERMENÊUTICA e INTERPRETAÇÃO
CONSTITUCIONAL
UNIDADE 5: Hermenêutica constitucional 
1. Interpretação da norma constitucional 1.1. Interpretação e hermenêutica 2. Métodos clássicos 2.1. Gramatical 2.2. Lógico 2.3. Sistemático 2.4. Histórico-evolutivo 3. Princípios ou métodos condicionantes da interpretação constitucional 3.1. Unidade 3.2. Concordância Prática 3.3. Efeito Integrador 3.4. Correção Funcional 3.5. Interpretação Conforme a Constituição 3.6. Coloquialidade 3.7. Máxima Efetividade 3.8. Proporcionalidade 
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HERMENÊUTICA e INTERPRETAÇÃO
CONSTITUCIONAL
A hermenêutica e a interpretação jurídica são fenômenos que não se confundem, apesar de compartilharem da mesma preocupação. 
Ambas se unem e se esforçam em torno do mesmo objetivo, que é proporcionar a todos a melhor compreensão do Direito. 
A hermenêutica é o domínio da ciência jurídica que se ocupa em formular e sistematizar os princípios que subsidiarão a interpretação, enquanto a interpretação é atividade prática que se dispõe a determinar o sentido e o alcance dos enunciados normativos. 
A hermenêutica fornece as ferramentas teóricas que serão manejadas pelo intérprete na busca da compreensão das disposições normativas. 
A hermenêutica ilumina o caminho a ser percorrido pelo intérprete e isso demonstra a sua importância para o Direito, pois cumpre a ela teorizar os princípios de interpretação jurídica.
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HERMENÊUTICA e INTERPRETAÇÃO
CONSTITUCIONAL
Assim, podemos dizer que, apesar de inconfundíveis, há uma relação mútua de dependência entre a hermenêutica e a interpretação jurídica, na medida em que sem a hermenêutica não se interpreta, e sem a interpretação a hermenêutica se torna inútil e desnecessária. 
No processo de compreensão do Direito, hermenêutica e interpretação são os dois lados de uma mesma moeda.
Interpretar é também concretizar; e concretizar é aplicar o enunciado normativo, abstrato e geral, a situações da vida, particulares e concretas
Segundo Karl Larenz, a aplicação da disposição normativa ao caso concreto, isto é, a sua concretização, é aspecto imanente à interpretação, que não se realiza abstratamente, pois é de rigor a exigência, na atividade de interpretação jurídica, de um ir-e-vir ou um balançar de olhos entre o texto da norma e a realidade.
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HERMENÊUTICA e INTERPRETAÇÃO
CONSTITUCIONAL
Cumpre à interpretação construir a norma, pois não há norma senão
norma interpretada. Vale dizer, a norma não é o pressuposto, mas o resultado
da interpretação. Não se interpreta a norma, mas sim o texto normativo,
pois é dele, através da interpretação, que se extrai a norma.
Da interpretação do texto e da realidade obtém-se a norma. A norma, portanto,
é o significado da conjugação que o intérprete faz entre o texto normativo
e a realidade.
O que se interpreta é o texto à luz do caso ao qual ele vai ser aplicado
e concretizado; logo, o que se busca na interpretação é construir o sentido
do texto da norma em relação à sua realidade (eis a norma, como resultado
da interpretação), circunstância que prestigia, não a vontade do legislador,
mas uma vontade própria da disposição normativa interpretada (a mens legis),
que, ao fim de seu processo de positivação, adquire vida própria e autônoma,
separando-se do legislador
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HERMENÊUTICA e INTERPRETAÇÃO
CONSTITUCIONAL
A interpretação jurídica é o gênero do qual a interpretação constitucional
é espécie.
interpretação constitucional tem por objeto a compreensão
e aplicação das normas constitucionais, ela se serve de princípios
próprios que lhe conferem especificidade e autonomia. É exatamente na
peculiaridade de seu objeto – a Constituição – que reside a necessidade de
uma interpretação especificamente constitucional, informada por métodos e
Princípios específicos e adequados ao seu objeto.
enquanto as normas legais possuem um conteúdo material fechado
e preciso, as normas constitucionais apresentam um conteúdo material aberto
e fragmentado, circunstância que justifica e reivindica a existência de uma
interpretação especificamente constitucional.
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HERMENÊUTICA e INTERPRETAÇÃO
CONSTITUCIONAL
Além de superiores, as normas constitucionais normalmente veiculam
conceitos abertos, vagos e indeterminados (como, por exemplo, dignidade
da pessoa humana, moralidade, função social da propriedade, justiça social,
relevância) que conferem ao intérprete um amplo “espaço de conformação”
(liberdade de conformação, discricionariedade) não verificável entre as normas
legais.
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HERMENÊUTICA e INTERPRETAÇÃO
CONSTITUCIONAL
Normas Jurídicas de Primeiro Grau (Princípios e Regras): os Princípios são mandados de otimização que impõem a promoção de um fim, na maior medida possível, com abstração e generalidade, enquanto as Regras prescrevem comportamentos imediatos, de modo mais completo e preciso.
Normas Jurídicas de Segundo Grau/Postulados Normativos (Humberto Ávila): situam-se num plano distinto daquele das normas cuja aplicação estruturam. A violação deles consiste na não interpretação de acordo com sua estruturação. 
Não impõem a promoção de um fim, mas, em vez disso, estruturam a aplicação do dever de promover um fim. Não prescrevem imediatamente comportamentos, mas modos de raciocínio e de argumentação relativamente a normas que indiretamente prescrevem comportamentos.
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HERMENÊUTICA e INTERPRETAÇÃO
CONSTITUCIONAL
Colisão de Direitos Fundamentais: a colisão ocorrida em âmbito constitucional, não pode ser considerada na mesma perspectiva do conflito entre leis ordinárias, (também chamadas de “regras”), ou seja, como um “conflito aparente de normas” para cuja solução seriam utilizados os critérios cronológico, hierárquico ou da especialidade, na forma do “tudo ou nada” (“all or nothing”), em que só se aplica um documento normativo daqueles que aparentemente conflitavam.
Essa solução é inaplicável aos princípios, que não se sujeitam a esses critérios apontados pela doutrina, tampouco podem ser afastado um em razão do outro.
Assim, em toda colisão de direitos fundamentais deve ser respeitado o núcleo intangível dos direitos fundamentais concorrentes, mas sempre se deve chegar a uma posição em que um prepondere sobre o outro (mas sem eliminá-lo).
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HERMENÊUTICA e INTERPRETAÇÃO
CONSTITUCIONAL
    O que se entende por interpretativismo e não-interpretativismo? Trata-se de método de interpretação da constituição existente na doutrina americana. 
      O interpretativismo é a postura mais conservadora na aplicação da norma constitucional. Nesse caso, verifica-se a real vontade do criador da norma, qual seja, o povo. Assim, o interpretativismo compõe três premissas: (1) respeito total ao texto constitucional; (2) limitação da aplicação ao conteúdo legal; (3) somente admite uma resposta correta.
      O não-interpretativismo é uma corrente progressista, de raciocínio oposto, onde as normas constitucionais devem ser interpretadas de acordo com o valor da sociedade atual. É a posição ligada ao ativismo judiciário que se fala atualmente no Brasil.
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MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO
CONSTITUCIONAL
1 - Método jurídico ou hermenêutico clássico.
Segundo o método de Ernest Forsthoff, a Constituição deve ser encarada como uma lei, devendo ser usados todos os métodos tradicionais de hermenêutica na tarefa interpretativa. Parte de uma Tese de Identidade que existiria entre a Constituição e as demais leis, ou seja, se a constituição é uma lei não há porque ter método específico para interpretá-la.
São utilizados alguns elementos como: 
genético (investiga as origens dos conceitos utilizados pelo legislador), 
gramatical ou filológico (também chamado de literal ou semântico, realiza a análise de modo textual e literal), 
lógico (procura a harmonia lógica das normas constitucionais), 
sistemático (a análise de todo o sistema), 
histórico (o projeto de lei, a sua justificativa, pareceres), 
teleológico
ou sociológico (busca a finalidade da norma), 
popular (participação da massa através de instrumentos como plebiscito, referendo, veto popular), 
doutrinário (feita pela doutrina) e 
evolutivo (mutação constitucional).
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MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO
CONSTITUCIONAL
2 –Método tópico-problemático.
Esse método, desenvolvido por Theodor Viehweg, em 1950, como uma reação ao positivismo, parte de um problema concreto para a norma, atribuindo-se um caráter prático na busca da solução dos problemas concretizados. Desse modo, a constituição torna-se uma sistema aberto de regras e princípios.
3 - Método hermenêutico-concretizador.
Já o método de Konrad Hesse, parte da norma, ou melhor, da constituição para o problema, destacando pressupostos subjetivos (o intérprete vale de suas pré-compreensões sobre o tema para obter o sentido da norma), pressupostos objetivos (o intérprete atua como mediador entre a norma e a situação concreta, tendo como pano de fundo a realidade social) e critério hermenêutico (movimento de “ir e vir” do subjetivo para o objetivo até a compreensão da norma).
4 - Método científico-espiritual.
Também chamado de método valorativo, a tese de Rudolf Smend prega que análise não se fixa na literalidade da norma, mas parte da realidade social e dos valores subjacentes do texto constitucional.
Assim, a Constituição deve ser interpretada como algo dinâmico e que se renova constantemente.
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MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO
CONSTITUCIONAL
5 - Método normativo-estruturante.
 Segundo o método de Friedrich Müller, o teor da norma deve ser considerado pelo intérprete, analisado à luz da concretização da norma em sua realidade social.
A norma será concretizada não somente pelo legislador, mas também pela atividade do Judiciário, da administração, do governo.
6 - Método da comparação constitucional.
A ideia desse método, atribuída a Peter Häberle, visa implementar a ideia de que a interpretação se concretiza mediante comparação nos vários ordenamentos, estabelecendo-se uma comunicação entre as constituições.
Assim, em oposição às ideias de Konrad Hesse, propõe uma sociedade aberta dos interpretas da constituição, trazendo à interpretação constitucional uma visão democrática de participação social na função da norma.
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Princípios de Interpretação (interpretativos ou instrumentais) Constitucional
1. PRINCÍPIO DA UNIDADE
(é o mais utilizado pelos tribunais)
A Constituição deve ser interpretada de forma a se evitar contradições, deve ser interpretada como um todo e não isoladamente – é uma especificação da interpretação sistemática.
Deve ser interpretada tomando-se as normas constitucionais em conjunto, como um sistema unitário de princípios e regras, para se evitar antinomias aparentes (contradições) entre elas.
Ex – dir. de propriedade x função social da propriedade
Esse princípio afasta a hierarquia entre as normas constitucionais e as demais.
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Princípios de Interpretação (interpretativos ou instrumentais) Constitucional
2. PRINCÍPIO do EFEITO INTEGRADOR (ou eficácia integradora)
As soluções jurídico constitucionais devem dar primazia a soluções que favoreçam a integração política e social, criando um efeito conservador dessa unidade.
Esse Princípio especifica ainda mais o P da Unidade.
As normas constitucionais devem ser interpretadas com objetivo de integrar politica e socialmente o povo de um, Estado Nacional
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Princípios de Interpretação (interpretativos ou instrumentais) Constitucional
3. PRINCÍPIO DA FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO
 constituição com caráter político e jurídico 
 mais um apelo ao intérprete que um critério de interpretação
Ideia – encontrar uma interpretação que tenha a maior aptidão para se alcançar os efeitos da norma – usada pelo STF para afastar interpretações divergentes
A partir dos valores sociais, o intérprete, em atividade criativa, deve extrair aplicabilidade e eficácia de todas as normas da Constituição, conferindo-lhe sentido prático e concretizador, em clara relação com o princípio da máxima efetividade ou eficiência. Por meio dele, a Constituição tem força ativa para alterar uma realidade.
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Princípios de Interpretação (interpretativos ou instrumentais) Constitucional
4. PRINCÍPIO DA MÁXIMA EFETIVIDADE ou eficiência
- Usado geralmente com relação aos DF 
Exige que o intérprete otimize a norma constitucional para dela extrair a maior efetividade possível, guardando estreita relação com o princípio da força normativa.
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Princípios de Interpretação (interpretativos ou instrumentais) Constitucional
5. PRINCÍPIO DA CONFORMIDADE FUNCIONAL OU JUSTEZA
Limita o intérprete na atividade de concretizador da Constituição, pois impede que ele atue de modo a desestruturar as premissas de organização política previstas no Texto Constitucional.
Ex: Atendendo ao princípio denominado correção funcional, o STF não pode atuar no controle concentrado de constitucionalidade como legislador positivo
O princípio da correção funcional, da justeza ou da conformidade funcional (Canotilho) impõe um limite à atividade interpretativa da norma constitucional. O intérprete não pode, como resultado do seu trabalho, alterar a competência constitucionalmente atribuída ao órgão público. 
O intérprete está impedido, por exemplo, de atribuir à União a competência que foi atribuída em favor do Estado-membro. No direito brasileiro, a definição das competências públicas é tarefa exclusiva da Constituição Federal. Logo, em observância ao princípio da correção funcional, o intérprete não pode subverter o esquema traçado pelo constituinte. (FACHIN, Zulmar. Curso de direito constitucional. – 3ª ed. – São Paulo: Método, 2008. pp. 135/136).
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Princípios de Interpretação (interpretativos ou instrumentais) Constitucional
6. PRINCÍPIO DA CONCORDÂNCIA PRÁTICA OU DA HARMONIZAÇÃO
A interpretação de uma norma constitucional exige a harmonização dos bens e valores jurídicos colidentes em um dado caso concreto, de forma a se evitar o sacrifício total de um em relação a outro.
Difere do P da Unidade quando da sua aplicação: diante da colisão de normas constitucionais, o intérprete deve coordenar os bens em conflitos, realizando uma redução proporcional de cada um deles.
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Princípios de Interpretação (interpretativos ou instrumentais) Constitucional
Ex: na teoria – intimidade e DF não conflitam
 na prática – podem conflitar
Quando dois direitos estão previstos na CF, não se deve sacrificar um em detrimento do outro. Deve haver uma redução proporcional para que ambos possam ser aplicados conjuntamente. Necessário a utilização do P. da Proporcionalidade
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Princípios de Interpretação (interpretativos ou instrumentais) Constitucional
7. PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE OU CONVIVÊNCIA DAS LIBERDADES PÚBLICAS – Parte da doutrina considera a dignidade da pessoa humana como um direito absoluto. Mas nenhum direito, por mais importante que seja, não deixa de ter limites, estabelecidos por outros direitos igualmente consagrados na CF.
8. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE OU RAZOABILIDADE
Exige a tomada de decisões racionais, não abusivas, e que respeitem os núcleos essenciais de todos os direitos fundamentais. Por meio dele, analisa-se se as condutas são adequadas, necessárias e trazem algum sentido em suas realizações.
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Princípios de Interpretação (interpretativos ou instrumentais) Constitucional
PRINCÍPIO IMPLÍCITO RETIRADO:
OU DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
OU DA DOUTRINA GERMÂNICA – DO ESTADO DE DIREITO – lei seria uma limitação ao poder de atuar do Estado
OU DO DIREITO ANLO-SAXÃO – É DEDUZIDO DA CLÁUSULA DO DEVIDO PROCESSO LEGAL E SEU CARÁTER SUBSTANTIVO - ART. 5º, LIV, LV 
REGRAS PARA SUA CONCRETIZAÇÃO:
ADEQUAÇÃO
NECESSIDADE/EXIGIBILIDADE/MENOR INGERÊNCIA POSSÍVEL - BUSCAR O ÔNUS MENOS GRAVOSO
PROPORCIONALIDADE EM SENTIDO ESTRITO – análise entre o custo da medida tomada e os benefícios trazidos por ela.
FINALIDADE DO
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE:
proibição do excesso - mais comum
Proibição de insuficiência - direito alemão – o poder público toma medida insuficiente para proteger de forma adequada um direito constitucional
EX: pena de multa seria suficiente para proteger o direito a vida?
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Princípios de Interpretação (interpretativos ou instrumentais) Constitucional
9. PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO CONFORME
Consiste em conferir-se a um ato normativo polissêmico a interpretação que mais se adéque ao que preceitue a Constituição, sem que essa atividade se constitua em atentado ao próprio texto constitucional.
Aplicável ao controle de constitucionalidade, a interpretação conforme permite que se mantenha um texto legal, conferindo-se a ele um sentido ou interpretação de acordo com os valores constitucionais.
10. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS
Traz a ideia que todas as normas infraconstitucionais criadas estão de acordo com a lei.
Toda lei é válida e constitucional até que se prove o contrário, portanto, a presunção de constitucionalidade é relativa (juris tantum).

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