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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ ENGENHARIA DE PETRÓLEO ENGENHARIA DE PETRÓLEO - GÁS NATURAL I – PROF°. JOHNY 1 CAPÍTULO 3 – DEFINIÇÕES – GÁS NATURAL 1. INTRODUÇÃO O gás natural é uma mistura de hidrocarbonetos leves, que, sob temperatura ambiente e pressão atmosférica permanecem no estado gasoso. Ele é composto basicamente por metano, etano, propano e, em proporções menores de outros hidrocarbonetos de peso molecular maior. Geralmente apresenta baixos teores de contaminantes como o nitrogênio (N2), dióxido de carbono (CO2), água e compostos de enxofre (ácido sulfídrico, dissulfeto de carbono e mercaptanas). Tipos de campos • Gás Associado: é aquele que, no reservatório, está dissolvido no óleo ou sob a forma de capa de gás. Neste caso, a produção de gás é determinada diretamente pela produção do óleo (campo produtor de óleo). Caso não haja condições econômicas para a extração, o gás natural é reinjetado na jazida ou queimado, a fim de evitar o acúmulo de gases combustíveis próximos aos poços de petróleo. Em geral, o gás associado possui maiores teores de componentes pesados e é separado do óleo, em superfície, em níveis de pressão que variam de 10 a 150 psig. • Gás Não Associado: é aquele que, no reservatório, está livre ou em presença de quantidades muito pequenas de óleo. Neste caso, só se justifica comercialmente produzir o gás (campo produtor de gás). As maiores ocorrências de gás natural no mundo são desses tipos de campo. Entretanto, no Brasil as maiores reservas do gás existente (aproximadamente 80%) está associado a jazidas de petróleo. A produção de gás não associado se reveste de um caráter eminentemente estratégico, na medida em que é dimensionada para atender ao diferencial existente entre a demanda total de gás e a disponibilidade do gás associado. Geralmente é produzido com elevadas pressões na superfície, objetivando melhor aproveitamento da energia dos reservatórios, e tem expressiva concentração dos componentes mais leves (metano e etano) em sua composição. UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ ENGENHARIA DE PETRÓLEO ENGENHARIA DE PETRÓLEO - GÁS NATURAL I – PROF°. JOHNY 2 2. NATUREZA E COMPOSIÇÃO Por definição, Gás Natural é toda mistura de hidrocarbonetos que permaneça em estado gasoso ou dissolvido no óleo nas condições originais do reservatório, e que se mantenha no estado gasoso nas condições atmosféricas normais. É extraído diretamente de reservatórios petrolíferos ou gaseíferos, incluindo gases úmidos, secos, residuais e gases raros (gases nobres). Sua composição pode variar dependendo do fato do gás estar associado ou não ao óleo, ou de ter sido ou não processado em unidades industriais. A composição básica inclui metano, etano, propano e hidrocarbonetos de maior peso molecular (em menores proporções). Normalmente apresenta baixos teores de contaminantes como descrito anteriormente. UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ ENGENHARIA DE PETRÓLEO ENGENHARIA DE PETRÓLEO - GÁS NATURAL I – PROF°. JOHNY 3 Características do Gás Natural – COMPOSIÇÕES TÍPICAS % molar Componentes Associado (1) Não Associado (2) Processado (3) Metano 81,57 85,48 88,56 Etano 9,17 8,26 9,17 Propano 5,43 3,06 0,43 I-Butano 0,94 0,47 - N-Butano 1,45 0,85 - I-Pentano 0,26 0,20 - N-Pentano 0,30 0,24 - Hexano 0,15 0,03 - FONTE: ANP, 2012 1) Gás do Campo de Garoupa (Bacia de Campos) 2) Gás de Mirangá, Bahia 3) Saída da UPGN, Candeias, Bahia 3. OBTENÇÃO O Gás Natural pode ser processado com o objetivo de separar suas frações mais pesadas (riqueza do gás) de forma a facilitar o manuseio dos produtos obtidos na forma líquida sob determinadas condições de pressão e temperatura. Entende-se por processamento do Gás Natural a seqüência de operações que tem por objetivo separar as frações mais pesadas do gás, de maior valor econômico, originando outro gás, de menor valor energético, denominado Gás Natural Processado. As frações pesadas, obtidas no estado líquido, são constituídas por hidrocarbonetos de maior peso molecular enquanto o Gás Natural Processado é composto basicamente por metano e etano que, juntos, somam cerca de 75% em peso do Gás Natural. Ao processar o gás natural úmido nas UPGNs (Unidades de Processamento de Gás Natural), são obtidos os seguintes produtos: (i) o gás seco (também conhecido como gás residual); e (ii) o líquido de gás natural (LGN), que contém propano (C3) e butano (C4) (que formam o gás liquefeito de petróleo - GLP) e a gasolina natural (C5+). UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ ENGENHARIA DE PETRÓLEO ENGENHARIA DE PETRÓLEO - GÁS NATURAL I – PROF°. JOHNY 4 DESENHO ESQUEMÁTICO DO PROCESSAMENTO DO GÁS NATURAL Definições importantes * Gás Úmido: Gás Natural que entra nas UPGNs contendo hidrocarbonetos pesados e comercialmente recuperáveis sob a forma líquida (LGN). * Gás Seco: produto do processamento do gás úmido, o qual não contém líquidos comercialmente recuperáveis (LGN). *Gasolina Natural (C5+): extraída do gás natural, é uma mistura de hidrocarbonetos que se encontra na fase líquida, em determinadas condições de pressão e temperatura, composta de pentano (C5) e outros hidrocarbonetos pesados. Obtidas em separadores especiais ou em UPGNs. Pode ser misturada à gasolina para especificação, reprocessada ou adicionada à corrente do petróleo. *Gás Natural Veicular (GNV): mistura combustível gasosa, tipicamente proveniente do gás natural e biogás, destinada ao uso veicular e cujo componente principal é o metano, observadas as especificações estabelecidas pela ANP. *Gás Natural Liquefeito (GNL): gás natural resfriado a temperaturas inferiores a - 160°C para fins de transferência e estocagem como líquido. É composto predominantemente de metano e pode conter quantidades mínimas de etano, propano, UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ ENGENHARIA DE PETRÓLEO ENGENHARIA DE PETRÓLEO - GÁS NATURAL I – PROF°. JOHNY 5 nitrogênio ou outros componentes normalmente encontrados no gás natural. NÃO CONFUNDIR COM A DEFINIÇÃO DE LÍQUIDO DE GÁS NATURAL (LGN). *Gás Natural Comprimido (GNC): todo gás natural processado e condicionado para o transporte em ampolas ou cilindros, à temperatura ambiente e pressão próxima à condição de mínimo fator de compressibilidade. *Gás de Refinaria: mistura contendo principalmente hidrocarbonetos gasosos (além de, em muitos casos, alguns compostos sulfurosos) produzida no craqueamento e refino do petróleo. Os componentes mais comuns são hidrogênio, metano, etano, propano, butanos, pentanos, etileno, propileno, butenos, pentenos e pequenas quantidades de outros componentes, como o butadieno. É utilizado principalmente como matéria-prima na fabricação de produtos petroquímicos, na produção de gasolina de alta octanagem e na síntese orgânica de alcóois. NÃO CONFUNDIR COM GÁS NATURAL! AMBOS SÃO MISTURA DE GASES COM DIFERENCIADAS PROPORÇÕES E COMPOSIÇÕES. * GÁS NÃO CONVENCIONAL O gás natural convencional é encontrado no subsolo, em depósitos ou reservatórios isolados por rochas impermeáveis, e pode ou não ser associado a petróleo. Já o gás não convencional pode ser considerado todo o gás natural cuja extração é mais complexa e menos atrativa economicamente, conceito que varia no tempo e de reservatório para reservatório. Atualmente (desde 2012), o termo se refere principalmente ao gás de xisto (gas- containing shales ou shale gas). Mas essencialmente existem diversas categorias de gás não convencional: � alocado em reservatórios a grande profundidade (deep gas) � águas profundas (deep water); � formações pouco permeáveis (tight gas); � gás de carvão (coalbed methane); � gás de zonas geopressurizadas (geopressurizedzones) e hidratos submarinos. UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ ENGENHARIA DE PETRÓLEO ENGENHARIA DE PETRÓLEO - GÁS NATURAL I – PROF°. JOHNY 6 Esquema de Processamento do Gás Natural Semelhante ao petróleo, o gás natural precisa ser tratado antes de sua comercialização. Com base nos mapas do reservatório, é definida a curva de produção e a infra-estrutura necessária para a extração. Assim que o GN (Associado e Não Associado) é retirado de uma jazida, passa por vasos depuradores para separar as SEPARADOR ÓLEO - GÁS Óleo Gás Desidratação VASOS DEPURADORES ÓLEO - GÁS DESSULFURIZAÇÃO Enxofre em excesso GN Recuperação de poços por método de reinjeção UPGN N2 CO2 C2 C1 Gás Natural residual ou gás pobre ou gás seco C3 C4 C5 C6 C7+ Líquido de Gás natural (LGN) Gás úmido Riqueza do gás C2 C1 GNL C5 C6 C7+ C3 C4 Gasolina Natural propano butano Fracionamento gás processado GLP Óleo + gás UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ ENGENHARIA DE PETRÓLEO ENGENHARIA DE PETRÓLEO - GÁS NATURAL I – PROF°. JOHNY 7 partículas líquidas (água e hidrocarbonetos líquidos) e sólidas (pó, produtos de corrosão). Se o nível de resíduos de enxofre estiver em excesso, o gás passa por Unidades de Dessulfurização. Depois, o gás é transferido para as Unidades de Processamento do Gás Natural (UPGN). Parte do gás natural pode ser aproveitado para estimular a recuperação do petróleo através dos métodos de reinjeção de gás. Nas UPGN's, o gás natural passa por algumas etapas até estar pronto para comercialização. Inicialmente, é desidratado para retirar o vapor d'água existente (manter a eficiência dos dutos de transporte evitando a corrosão e a formação de hidratos), e em seguida, sofre um processo de absorção com refrigeração ou de turbo expansão, com a finalidade de separar as frações pesadas, atendendo às exigências do mercado e do meio ambiente. O resultado final é a produção de gás natural residual (metano e etano), gás natural liquefeito (propano e butano - também conhecido como gás de cozinha) e C5+ (gasolina natural - transportada para as refinarias para futuro processamento). 4. UTILIZAÇÃO Aplicações: Combustível Residencial, Industrial e Petroquímica O Processamento do Gás Natural, conforme apresentado, propicia a geração de três frações básicas que podem ser assim utilizadas: • Gás Processado (metano e etano): Pode ser utilizado como: - Matéria prima de petroquímica , combustível e matéria prima de geração de hidrogênio (H2). • Etano: O etano produzido nas UPGN’s pode ser empregado como carga de pirólise para produção de eteno. • GLP: Para substituição do GLP importado, contribuindo para trazer mudanças na estrutura e organização do setor energético. Uma alternativa seria usá-lo como carga da pirólise, para produção de eteno, propeno e butadieno, insumos básicos da indústria petroquímica; • C5+: Essa fração, por ser semelhante à nafta de destilação direta, pode ser incorporada ao pool de gasolina e/ou diesel do país ou, como alternativa, servir de carga da pirólise para produção de olefinas. É também possível a obtenção de gasolina de alta octanagem, querosene e óleo diesel, a partir de Gás Natural, através do GTL. UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ ENGENHARIA DE PETRÓLEO ENGENHARIA DE PETRÓLEO - GÁS NATURAL I – PROF°. JOHNY 8 É importante ressaltar que, sua disponibilidade favorece o uso para geração de energia elétrica, cogeração e refrigeração, em processos complementares às demandas energéticas das indústrias e estabelecimentos comerciais e até mesmo como única fonte para suprir a demanda devido a localizações distantes das redes de transmissões. Transporte No estado gasoso, o transporte do gás natural é feito por meio de dutos ou, em casos muito específicos, em cilindros de alta pressão (como GNC-gás natural comprimido). No estado líquido (como GNL - gás natural liquefeito), pode ser transportado por meio de navios, barcaças e caminhões criogênicos, a -160ºC, e seu volume é reduzido em cerca de 600 vezes, facilitando o armazenamento. Nesse caso, para ser utilizado, o gás deve ser regaseificado em equipamentos apropriados. Distribuição A distribuição é a etapa final do sistema, quando o gás chega ao consumidor, que pode ser residencial, comercial, industrial (como matéria-prima, combustível e redutor siderúrgico) ou automotivo. Nesta fase, o gás já deve estar atendendo a padrões rígidos de especificação e praticamente isento de contaminantes, para não causar problemas aos equipamentos onde será utilizado como combustível ou matéria-prima. Quando necessário, deverá também estar odorizado, para ser detectado facilmente em caso de vazamentos. UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ ENGENHARIA DE PETRÓLEO ENGENHARIA DE PETRÓLEO - GÁS NATURAL I – PROF°. JOHNY 9 5. ESPECIFICAÇÕES E MÉTODOS DE ANÁLISE Especificação do Gás Natural (1) no Brasil: RESOLUÇÃO ANP 16 DE JUNHO DE 2008 Observações: (1) O gás natural não deve conter traços visíveis de partículas sólidas ou líquidas. (2) Os limites especificados são valores referidos a 293,15K (20ºC) e 101,325kPa (1atm) em base seca, exceto os pontos de orvalho de hidrocarbonetos e de água. (3) A aplicação veicular do gás natural de Urucu se destina exclusivamente a veículos dotados de motores ou sistemas de conversão de gás natural veicular que atendam à legislação ambiental específica. O revendedor deverá afixar em local visível de seu estabelecimento comercial o seguinte aviso: "GÁS NATURAL VEICULAR DE URUCU - EXCLUSIVO PARA VEÍCULOS ADAPTADOS AO SEU USO (Nota) (4) O poder calorífico de referência de substância pura empregado neste Regulamento Técnico encontra- se sob condições de temperatura e pressão equivalentes a 293,15K, 101,325 kPa, respectivamente em base seca. (5) O índice de Wobbe é calculado empregando o poder calorífico superior em base seca. Quando o método ASTM D 3588 for aplicado para a obtenção do poder calorífico superior, o índice de Wobbe deverá ser determinado de acordo com a seguinte fórmula: onde: IW – índice de Wobbe PCS – poder calorífico superior d - densidade relativa UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ ENGENHARIA DE PETRÓLEO ENGENHARIA DE PETRÓLEO - GÁS NATURAL I – PROF°. JOHNY 10 (6) O número de metano deverá ser calculado de acordo com a última versão da norma ISSO 15403-1. Na versão ISO 15403-1:2006(E), considera-se o método GRI do Anexo D. Calcula-se inicialmente o Número de Octano Motor – MON a partir da equação linear empírica, função da composição dos componentes discriminados. Em seguida com o valor determinado para o MON calcula-se o número de metano ou NM a partir da correlação linear entre NM e MON. Tais equações vêm descritas abaixo: onde x é a fração molar dos componentes metano, etano, propano, butano, CO2 e N2. NM = 1,445 x (MON) – 103,42 (7) Caso seja usado o método da norma ISO 6974, parte 5, o resultado da característica teor de oxigênio deverá ser preenchido com um traço (-). (8) É o somatório dos compostos de enxofre presentes no gás natural. Admite-se o limite máximo de 150 mg/m³ para o gás a ser introduzido no início da operação de redes novas ou então a trechos que em razão de manutenção venham a apresentar rápido decaimento no teor de odorante no início da retomada da operação. PROPRIEDADE METANO ETENO ETANO PROPANO Peso Molecular 16,04 28 30,068 44,094Ponto de Ebulição a 1 atmosfera (oC) - 160,5 -103,7 - 89,6 - 40 Densidade do Líquido a 15.6 e 1 atm. 0,300 - 0,3562 0,5077 Temperatura crítica(oC) - 82,6 -9,2 32,3 96,8 Calor de Combustão Inferior a 15.6 o C BTU/lb 21.501 20.281 20.426 19.918 Limite de Inflamab. Inferior (% no ar) 5,0 2,7 3,22 2,37 Superior (% no ar) 15,0 36 12,45 9,50 Relação AR/HC na Combustão 7,14 20,63 16,67 23,82 Calor de Vaporização (BTU/lb) 219 ,5 - 210,7 183,5 - Calor Específico a 1 atm. e 15.6o C Cp vapor, BTU/lb oF 0,5267 0,4097 0,3885 Cp Líquido, BTU/lb oF - - 0,534 Pressão de vapor a 37.8 0C (atm.) 340,0 - 53,1 12,9 Número de Octano (Motor) > 100 75,6 >100 >100
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