Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO I Faculdade Mater Dei – 5º período / Noturno - 2014 Referências: - Valério Mazzuoli - Francisco Rezek - Hildebrando Accioly DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 1) DEFINIÇÃO: 1.1) Baseada numa concepção TRADICIONAL: (1920 / 1914 (1ª G.M.)); Estados se relacionando com outros Estados; 1.2) Concepção MODERNA: Estudo da relação dos: ���� Estados entre si; ���� Estados com as Organizações Internacionais; e ���� Destes com os indivíduos. 2) GÊNESE (ORIGEM) DIP: - Surge com o Estado Nação (Guerra 30 anos França – 1618 a 1648); - Guerra encerrou com um Tratado de Paz, chamado de Tratado da Westfalia (1648); Marcos Históricos: a) Da antiguidade até 1648 (Tratado da Westfalia); b) De 1648 até 1789 (Rev. Francesa); a 1815 (Congresso de Viena); c) De 1815 (Congresso de Viena) a 1914 (início I Guerra Mundial); d) De 1918 (fim I Guerra Mundial) a 1939 (início II Guerra Mundial); e) De 1945 (fim II Guerra Mundial) aos dias atuais; DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO I Faculdade Mater Dei – 5º período / Noturno - 2014 3) TENDÊNCIAS EVOLUTIVAS: a) Universalização: está em constante expansão; aplicado para todos os países do globo; b) Regionalização: formação de blocos econômicos; c) Institucionalização: trazer as Organizações Internacionais como agentes efetivos do DI; Ex.: - Âmbito Regional: Mercosul / União Europeia; - Âmbito Global: ONU; d) Funcionalização: Estados e Indivíduos; Ex.: Regras que regulam a violência contra mulher; e) Objetivação: deixa de ser voluntarista, pois se torna regulamentado por normas objetivas de conduta; Deixa de ser um mecanismo de vontade do governante. f) Humanização: DI não é mais frio, já que as relações internacionais, passam a ser pautadas pelo direito fundamental dos indivíduos; g) Codificação: transição do “common law” para o “cível law” h) Jurisdicionalização: criação de tribunais específicos para julgamento das violações ao direito internacional; DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO I Faculdade Mater Dei – 5º período / Noturno - 2014 � Tribunais Cíveis: - Âmbito Global = Corte Internacional de Justiça; - Âmbito Regional = Corte Interamericana de Justiça, Tribunal Europeu; � Tribunal Penal Internacional: Único no qual o réu é um indivíduo; 4) RELAÇÃO DO DIP COM O DIREITO INTERNO: Ex.: Pesca marítima ilegal a 100 milhas da costa; Brasil = soberania até 200 milhas da costa; Norma Internacional = soberania do Estado = 10 milhas da costa; Qual norma aplicável?!? 4.1) TEORIAS DE APLICAÇÃO DO DIP: a) Dualismo1: O DIP + Direito Interno = absolutamente diferentes, e independentes; E se... As normas forem incompatíveis (antinomia)? Aplica-se a lei mais: Específica Hierárquica � se fossem do mesmo ordenamento! Temporal 1 Direito Internacional e o Direito Interno são dois sistemas jurídicos distintos e independentes, regulando o último as relações entre os Estados e, por conseguinte, não originando obrigações para os indivíduos. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO I Faculdade Mater Dei – 5º período / Noturno - 2014 b) Monismo2: Dois círculos concêntricos; b.1) Monismo Internacionalista: *** Teoria adotada pelo Brasil ***; Havendo conflito entre a norma de direito interno e a de direito internacional, prevalecerá a de Direito Internacional; Ex.: STF - Recurso Extraordinário 466.343/SP b.2) Monismo Nacionalista: Havendo conflito entre a norma de direito interno e a de direito internacional, prevalecerá à Norma Interna, que mencione qual das duas será aplicada no caso concreto; 2 Determina que o Direito é único tanto nas relações do Estado para com a sociedade, quanto nas relações entre Estados. Esta teoria ainda divide-se em duas correntes. A denominada: Monismo internacionalista prevê que, existindo dúvida entre a aplicação de normas do Direito Internacional face o Direito Interno a norma internacional prevalecerá sobre a interna. A outra, chamada de Monismo nacionalista defende que nesta mesma situação, a primazia será do direito Interno sobre o Direito Internacional. DIP Direito Interno DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO I Faculdade Mater Dei – 5º período / Noturno - 2014 POR QUE NÃO SE APLICA O DUALISMO??? - se a norma de DIP precisa ser incorporada ao ordenamento jurídico interno, ela perde sua característica de DIP; - o legislador ou o magistrado não tem poderes para considerar norma internacional revogada em relação à lei interna; - se as duas normas (DIP e Direito Interno) estiverem na mesma lei, seriam caso de antinomia real. Já que os critérios de solução de antinomia não se aplicariam nesse caso; Fundamento dessas relações entre as normas se encontram no artigo 5º, § 3º da C.F. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo‑se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. Artigos 1º e 4º = fundamentos para a relação entre os Estados; Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui‑se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I – a soberania; II – a cidadania; III – a dignidade da pessoa humana; IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V – o pluralismo político. Art. 4º A República Federativa do Brasil rege‑se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I – independência nacional; II – prevalência dos direitos humanos; III – autodeterminação dos povos; IV – não intervenção; V – igualdade entre os Estados; VI – defesa da paz; VII – solução pacífica dos conflitos; VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX – cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X – concessão de asilo político. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO I Faculdade Mater Dei – 5º período / Noturno - 2014 4.2) Fundamentos do DIP e o princípio do pacta sunt servanda: DIP = jus gentium - 1º Congresso de Viena sobre Direito dos Tratados (1969): regulamenta especificamente os requisitos desse tratado. Cria justificativa para o jus cogens (lei imperativa / obrigatória; se sobressai sobre qualquer outra norma não escrita). - Artigo 53 da Convenção de Viena. - Artigo 26: consagra o princípio da boa-fé; Direito Ambiental: - Se funda em alguns tratados escritos; - Mas se baseiam na: Soft Law: regras morais; regras de inspiração; regras que buscam uma mudança de visão e, portanto, desprovidas de sanção; 5) FONTES DO DIP: Estatuto da Corte Internacional de Justiça (Artigo 38) traz um rol (exemplificativo) das fontes do DIP aceitas como reais produtoras de Direito Internacional. a) Convenções / Tratados / Pactos: Estabelecem regras especificas entre os Estados; b) Costume Internacional: Muito mais atuante do que o Direito Interno; c) Princípios Gerais do Direito: Reconhecidos pelas naçõesunanimamente; Regras pacta sunt servanda; boa fé,...; DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO I Faculdade Mater Dei – 5º período / Noturno - 2014 d) Doutrina e a Jurisprudência Internacional: Jurisprudência lançada pelas cortes internacionais; 5.1) COSTUME INTERNACIONAL: Prática de determinado ato ao longo dos anos, reconhecida com o próprio Direito. Logo obrigatório. Obs.: Costume = composto por dois elementos que devem ser conjugados para serem aceitos como fonte. Elemento Objetivo = prática reiterada do ato ao longo do tempo – prova de prática geral; Elemento Subjetivo = reconhecimento como obrigatório, portanto, coercitivo, por todas as pessoas – aceitação como sendo o próprio direito; Hábito = individualidade e não obrigatoriedade. a) UNIVERSAIS: aplicado por todos países. (Ex.: chefes de estado recepcionado por outros governantes quando visitá-los); b) REGIONAIS: contexto de cada país. (Ex.: vestimenta) • Asilo Político = costume Regional que se tornou Universal; 5.2) PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO: - Ideais norteadores; - Acabam surgindo dentro do ordenamento interno de cada país; e se tornam senso comum; Ex.: pacta sunt servanda; Princípio da boa-fé; Coisa julgada; Princípio de isonomia (igualdade); - Princípio que nasceu no DIP � Direito Interno: Principio da Salva Guarda da Humanidade; DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO I Faculdade Mater Dei – 5º período / Noturno - 2014 5.3) DOUTRINA E A JURISPRUDÊNCIA INTERNACIONAL: - Dois tribunais: Dois Cíveis: • Corte Internacional de Justiça; • Corte Interamericana de Justiça; • Tribunal Penal Internacional Decisões desses Tribunais � Jurisprudência; Doutrina = livros escritos pelos juristas, cartas, enunciados, artigos científicos... � O ROL: - Exemplificativo; - A jurisprudência da corte internacional de justiça, adotou duas novas fontes: a) ATOS UNILATERAIS DO ESTADO: Requisitos: � Ato de Estado na qualidade de juiz (ato judicante); � Emanado de autoridade; � Público e Notório; b) DECISÕES DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS: ONU: lançar recomendações, resoluções, normativas, que são vinculantes a todos os Estados membros, porque necessariamente geram direitos e deveres. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO I Faculdade Mater Dei – 5º período / Noturno - 2014 6) JUS COGENS E SOFT LAW Regras de Soft Law: Regras morais; visa inspirar mudança de consciência, e visão na humanidade; não possuem uma obrigatoriedade intrínseca; Acaba entrando numa perspectiva de commom law; Jus Cogens: Norma impositiva; caráter vinculativo; basicamente produzida pelos tratados e convenções; trazem uma sanção; Acaba entrando num perspectiva de civil law; TRATADOS e DIREITO DOS TRATADOS: • Origem: - Convenção de Viena (1969): sistematiza e organiza a estrutura que devemos encontrar em um tratado; 1949: equipe de juristas se reuniram para discutir a uniformidade dos textos; - Número mínimo de países signatários (35) = alcançado em ~1980; - Brasil = assinou em 1969; entrou definitivamente no ordenamento jurídico = 1992; └ 17/07/2009 = Convenção de Viena � Decreto Legislativo nº 496/2009; o Apesar de ter sido transforma em tratado apenas em 1969, a Convenção de Viena já era aplicada, posto que cumpria os requisitos da Corte Internacional de Justiça, enquanto como Costume Internacional; - Previa apenas que Estados são competentes para celebrar tratados entre si; ???? └ 2ª Convenção de Viena sobre os Direitos dos Tratados (1986): “cópia da primeira”; única mudança = prevê quem pode celebrar tratado: DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO I Faculdade Mater Dei – 5º período / Noturno - 2014 a) Estados b) Organizações Internacionais c) Colônias; *** Ainda não foi assinada (não teve adesão de outros Estados) porque JÁ É COSTUME INTERNACIONAL!!! *** 7) SUJEITOS DE DIP QUE ASSINAM TRATADOS: 1ª convenção + 2ª convenção (costume): 1) ESTADOS; 2) ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS; 3) COLÔNIAS; Estado � Estado; Org. Internacional � Org. Internacional; Org. Internacional � Estado; � TRATADOS ANTI-DUMPING: - Celebrados entre a OIT (Org. Internacional do Trabalho) + OMC (Organização Mundial do Comércio); Visão de combater a mão de obra escrava, ou de valor muito reduzido; � CONCEITO de Tratado: - Convenção de Viena: Artigo 2º, §1º, a: “Tratado é um acordo internacional, concluído por escrito, entre Estados e regido pelo Direito Internacional, que conste de um instrumento único, ou de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica.” DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO I Faculdade Mater Dei – 5º período / Noturno - 2014 - Desmembrando o conceito: a) ACORDO INTERNACIONAL: Ideia do animus contraendi (vontade de celebrar o acordo); alcançar a concretização da vontade em firmar uma conjugação de vontades; ideia de ajuste estabelecido entre os Estados; Sem a convergência de vontades dos contratantes, não há acordo internacionalmente válido; É necessário também, que este acordo tenha por finalidade criar entre esses mesmos contratantes um vinculo juridicamente exigível em caso de descumprimento. b) CONCLUÍDO POR ESCRITO: Vertente da codificação; não se celebra mais tratados vinculados apenas pela verbalização; pois é um ato formal + complexo + solene; para poder alcançar todos seus efeitos; deve seguir o rito previsto na 1ª Convenção de Viena; c) ENTRE ESTADOS: Terminologia da 1ª Convenção de Viena; Hoje celebram tratados Estados e Organizações Internacionais; 2ª Convenção não tem validade, pois não tem numero mínimo de assinaturas; por conta da sua natureza acaba sendo uma cópia da primeira; *Criação ONU = 1948 d) REGIDO PELO DIREITO INTERNACIONAL: - Deve ser exigível internacionalmente; Se só houver leis brasileiras (direito interno) = contrato entre estados; - Hermes Marcelo Huck: “Se na celebração do Tratado for estabelecida a regência de um dos Estados não será Tratado. E sim, Contrato Internacional.” - O Tratado se submete a arbitragem e julgamento das cortes internacionais e não as cortes internas dos Estados. e) MULTIPLICIDADE DE INSTRUMENTOS: - Podem existir instrumentos que acompanham o texto principal do tratado, a exemplo dos protocolos adicionais e anexos; - Os tratados devem seguir os avanços da sociedade; Exs.: Carta ONU – direitos humanos; Sistema de Proteção aos Direitos Humanos possuem mais de um tratado vinculado; Protocolo de Kyoto – meio ambiente � Protocolo de Montreal – direito do clima; � especializando a mesma temática; DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO I Faculdade Mater Dei – 5º período / Noturno - 2014 - Conotações: 1) Estado pode aderir a todos os conjuntos de tratados vinculados, ou apenas os mais recentes; Podendo ainda, aderir mesmo sem ter participado da votação (adesão); 2) Possibilidade de celebração de tratados por meio de notas diplomáticas (formataram o texto); *** Obs.: Constitucionalidade duvidosa entre trocas de notas diplomáticas; *** f) QUALQUER QUE SEJA SUA DENOMINAÇÃO ESPECÍFICA: Ideia de que o nome juris não descaracteriza se não for Tratado; Ex.: Convenções / Pactos � Tratado; O nome do documento não altera sua característica / natureza jurídica; • ESTRUTURA DOS TRATADOS: a) TÍTULO: Indica a matéria tratada, ou mais amplamente o assunto nele versado; Nome; Nomenclatura do Tratado; Mais complexo = convenção Complexidademédia = tratado Mais simples / específicos = protocolo Nome do Objeto do Tratado; Ano (devido à multiplicidade); b) PREÂMBULO / EXÓRDIO: Enumeração dos contratantes; e Os motivos que levaram os Estados a negociação do acordo; Citados e Apresentados todos os Estados vinculados a criação do Tratado; c) CONSIDERANDOS: Justificativas da celebração do tratado; DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO I Faculdade Mater Dei – 5º período / Noturno - 2014 d) ARTICULADO / DISPOSITIVO: Efetivos Artigos dos Tratados; Cláusulas de operatividade do acordo; e) FECHO: Finalização do texto do Tratado; Leva o lugar e a data onde foi celebrado o Tratado; f) ASSINATURA: Texto foi estabilizado; É um aceite precário e formal de que o texto do tratado não possui nenhum vício; *Para que o tratado tenha observância / imperatividade = precisa ser internalizado; ASSINATURA DIFERIDA: Permite aos estados um tempo maior para efetiva assinatura dos tratados g) BRASÕES (Selo de Lacre): Insígnias; Armas; Representação dos Estados; • CLASSIFICAÇÃO: • Formal (características extrínsecas dos tratados): 1) Quanto ao Número de Partes: Bilaterais (particulares): celebrados entre dois Estados; Multilaterais (coletivos / gerais / plurilaterais): três ou mais Estados; Coletivos: celebrados com até 6 Estados e Organizações Internacionais; Atos Unilaterais dos Estados: não são tratados, mas possuem a mesma força e validade; Tratados Guarda Chuva (umbrela treaty): tratados interligados, que falam do mesmo assunto e protocolos (anexos); Ex.: Sistema Regional de Proteção de Direitos Humanos; DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO I Faculdade Mater Dei – 5º período / Noturno - 2014 Tratados Moldura: estabelece as linhas para os próximos; inspirações; 2) Tipo de procedimento utilizado para conclusão: Tratados de forma Simplificada: se esgotam na própria assinatura; Ex.: Delimitação de Fronteiras; Tratados de vida forma ou stricto sensu ou procedimento Longo: possuem 4 fases; 1ª fase = Negociação; 2ª fase = Referendo Congressual; (pelo Poder Legislativo dos países; direito interno); 3ª fase = Ratificação; 4ª fase = Promulgação e Publicação; (Diário da União); 3) Quanto à possibilidade de adesão: Adesão: Fenômeno que explica por qual motivo o tratado vai inserir/aceitar novos membros ou não; Abertos: aceitam novos membros a partir da assinatura. Ex.: Tratado de Assunção; └ Limitados: se restringem a certa área em especifica para reunião e inclusão dos Estados; Ex.: Tratado MERCOSUL; └ Ilimitados: não exigem nenhuma vinculação especifica, para a adesão. Ex.: União Europeia. Fechados: não aceitam a adesão. Envolvem-se em acordos mais militares com características de confiabilidade; Ex.: Tratados de Cooperação Militar; Transferência de tecnologia; e Secretos; • Material: 4) Quanto à execução no tempo: Tratados Transitórios: produzem todo seu efeito num único momento; não se prolongam no tempo; Ex.: Tratados de Fronteiras; Tratados Permanentes: cujos efeitos se protraem (prolongam) no tempo; DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO I Faculdade Mater Dei – 5º período / Noturno - 2014 5) Quanto à natureza jurídica: Tratados Leis: Gerais (aplicadas para todos); Abstratas; Impessoais; Ex.: Protocolo Kyoto. Tratados Contratos: Específicos (relação jurídica única / certa); Concreto; Pessoais; Ex.: Tratados de Isenções Tributárias. 6) Quanto a Vigência: Tratados de Execução Estática: não são passíveis de alteração / denúncia (meio pelo qual o Estado se exime/afasta do cumprimento do tratado); Ex.: Tratados de Fronteiras; Tratados de Execução Dinâmica: os efeitos se prolongam (protraem) no tempo para garantir sua observância; Ex.: Tratados de Direitos Humanos; • PROCESSO DE FORMAÇÃO: a) NEGOCIAÇÃO: Envolvida em Reuniões, Conferências, Rodadas, Trocas de Manifestações de Vontade; Aqueles que são necessariamente autorizados a fazer a negociação; Quem celebra a negociação, em geral, é o Presidente da República (Artigo 84, VIII, C.F.); Porém a Competência é passível de Delegação (não é Exclusiva do presidente); Instrumento de Delegação: Carta de Plenos Poderes; Quem recebe a delegação são os Plenipotenciários* (recebem a Carta de Plenos Poderes); *Chefes de Missões Diplomáticas *Ministro das Relações Exteriores *Experts Motivos que se promove a Delegação: └- Mais de um tratado a ser negociado no mesmo dia; └- Presidente não detém conhecimento técnico específico; DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO I Faculdade Mater Dei – 5º período / Noturno - 2014 A Negociação se encerra com a Assinatura*; *** É um aceite precário e formal do texto do tratado; não implica em obrigatoriedade, mas declara que o tratado está livre de nulidades formais (não possui nenhum vício) *** A Assinatura NÃO é a Ratificação; b) REFERENDO CONGRESSUAL: Mecanismo / procedimento pelo qual o tratado já assinado, ingressa no ordenamento jurídico brasileiro; Depois de encerrada a negociação, e se houver a assinatura; Fase acontece no Congresso Nacional (Interna); Artigo 49, I, C.F. � Competência Exclusiva do Congresso Nacional; São INDELEGÁVEIS, pois os poderes já foram delegados pelo povo (através do povo); Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: I – resolver definitivamente* sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional; - Artigo 84, VIII, C.F.: Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: VIII – celebrar tratados*, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional; └ Antinomia?? Doutrina: Antinomia Aparente � interpretação teleológica da norma; Última palavra = Presidente da República; *verificar se a norma vai ou não integrar o ordenamento jurídico (de acordo com a matéria); *estabelecer as premissas de negociação; - Todos os tratados passam pelo Congresso Nacional: Exceção: Artigo 52, V, C.F. (não passa pela Câmara dos Deputados); Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO I Faculdade Mater Dei – 5º período / Noturno - 2014 V – autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; - Tratados com Vícios Formais = NULOS de plenos direitos; Ratificação imperfeita � Inconstitucionalidade; Não pode produzir efeitos no direito interno; └ O Estado deve informar para ONU, que irá emitir uma notificação para os outros Estados signatários; Se não houver isso � Brasil parece não estar cumprindo tratado; e pode ser levado as Cortes Internacionais; - No Referendo Congressual apenas se verifica a compatibilidade do texto do tratado com o ordenamento jurídico; Eventuais incompatibilidades são excluídas pelo fenômeno da Reserva; - Reserva: Ex.: Tratado com 10 artigos. Incompatibilidades: Artigos 3, 9 e 10. Texto vai ser observado, porém as regras dos artigos 3, 9, e 10 não serão recepcionadas: Artigo 1. Artigo 6. Artigo 2. Artigo 7. Reserva. Artigo 8. Artigo 4. Reserva. Artigo 5. Reserva. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO I Faculdade Mater Dei – 5º período / Noturno - 2014 c) RATIFICAÇÃO: Celebra a vinculação definitiva ao cumprimento do tratado; - Natureza Jurídica: É de ATO ADMINISTRATIVO UNILATERAL,EXCLUSIVO do Presidente da República; por meio do qual o Estado se VINCULA DEFINITIVAMENTE ao tratado que negociou anteriormente; Ex.: Congresso de Viena: Negociação = 1969 RC = 1992 Ratificação = 2009 • Características: 1) Discricionariedade: - Presidente República: escolhe assina ou não assina; não há vinculação (obrigatoriedade); - Critério da Conveniência e Oportunidade; - Se não assinar = tratado pode perder o objeto; não há sanção ao presidente; 2) Irretroatividade: - Efeito “ex nunc”; sempre a frente; - Não podem retroagir no tempo; 3) Irretratabilidade: - Uma vez ratificado, Presidente não pode voltar atrás; *** Para que o Estado saia do Tratado precisará passar por Denúncia *** Brasil: Referendo vincula a obrigatoriedade; DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO I Faculdade Mater Dei – 5º período / Noturno - 2014 D) PROMULGAÇÃO E PUBLICAÇÃO: - Regra: Diário Oficial da União; - STF entende que o tratado começa a operar efeitos a partir da Promulgação e Publicação; - Doutrina = Direitos Humanos efetivamente obrigatórios a partir da Ratificação; - Não possuem vacatio legis; • RESERVAS: Localizadas durante o Referendo Congressual; - Doutrina conceitua Reserva como sendo qualitativo do consentimento; - Convenção de Viena = declaração unilateral do estado no sentido de autorizar a observância e aplicar o efeito jurídico de certas normas dentro do ordenamento jurídico; � MOMENTO: 1) Assinatura: - Dentro da negociação = acordo de vontades = vontade da maioria prevalece; não há como fazer Reserva; 2) Referendo Congressual: - Momento para fazer o filtro das normas; organizar e aceitar a Reserva, e seja efetivamente concretizada; � RESERVA EM TRATADO BILATERAL: - Implica na recusa de confirmar o texto celebrado; DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO I Faculdade Mater Dei – 5º período / Noturno - 2014 FORMAS: - Sempre presentes no corpo do tratado; explicando como funciona a operacionalidade dessas reservas; 1) Totais: Implica uma recusa; Perda do objeto; Denúncia ONU; 2) Parciais: - Não aplicar alguns artigos; Pode ser operada desde que exclua o artigo INTEIRO, e não só palavra; • EMENDAS: - Somente são possíveis mediante a aceitação de TODOS os Estados que participaram da negociação; EMENDA X REVISÃO: Emenda = pontos específicos que são alterados; Revisão = emendas de maior repercussão; alterações substanciais; • INTERPRETAÇÃO: - Sistema: 1) AUTENTICO: Realizado pelas próprias partes contratantes; Leva em conta tudo que foi mencionado / trabalhado durante a fase de negociação DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO I Faculdade Mater Dei – 5º período / Noturno - 2014 2) GOVERNAMENTAL: Quando Próprio governante celebra o tratado, participa negociações e dá a conhecer tal interpretação por meio de NOTAS (condutos diplomáticos); 3) JURISDICIONAL: Realizado por organismos com poder de jurisdição; Ex.: corte internacional de justiça, corte interamericana de justiça,.... � Métodos de Interpretação: 1) SISTEMÁTICO: 2) TELEOLÓGICO: • MEIOS EXTINTIVOS DOS TRATADOS: - Via de regra, próprio tratado traz a previsão de como vai ser encerrado; - Se o tratado não dizer, partes podem se utilizar de: a) ABROGAÇÃO: Todos os estados que celebraram o tradado, em consenso, decidem encerrá-lo; Quando tratado começa a perder seu objeto/função... b) EXPIRAÇÃO DO TERMO CONVENCIONADO: Termo = evento futuro e certo; - prazo; Encerramento automático; DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO I Faculdade Mater Dei – 5º período / Noturno - 2014 c) EXECUÇÃO INTEGRAL DO OBJETO DO TRATADO: - Causa natural de extinção dos tratados; Condição resolutiva; Evento que encerra o tratado � arquivado; Ex.: tratado entre BR e PY para construção da Usina de Itaipu; d) TRATADO POSTERIOR REVOGA ANTERIOR: - Novo tratado assinado com as mesmas partes sobre o mesmo objeto; Revogação pode ser: expressa ou tácita; e) CONDIÇÃO RESOLUTIVA: - O próprio texto do tratado estabelece um numero mínimo de Estados que devem estar vinculados ao tratado; Ex.: Convenção dos Direitos Políticos da Mulher; Se esse numero mínimo não for atingido = extinto; f) ROMPIMENTO DAS RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS E CONSULARES: - Indícios que os países estão entrando em conflito internacional; - tirar diplomatas; extinguir consulados; tratados comerciais denunciados; Ex.: Hugo Chávez e EUA; DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO I Faculdade Mater Dei – 5º período / Noturno - 2014 g) DENUNCIA: - Ato de distrato; desfazer acordo; Manifestação unilateral do estado expressamente mencionando que ele não tem mais interesse em cumprir o tratado; Via de Regra: Deve constar EXPLICITAMENTE no texto do tratado o procedimento para a denuncia; Tratados que não comportam denuncia = aquele que não tem a previsão expressa de como vai ser operalizada a denuncia; Exceção: Mesmo sem previsão expressa a denuncia pode ocorrer: • Se era entendimento das partes, no momento da negociação estabelecer a denuncia; comprovada pelas trocas de notas diplomáticas neste sentido. • Quando o direito a denuncia é inerente ao tratado; Tratados de natureza Financeira; direitos patrimoniais disponíveis, pela própria natureza = denunciar; - Tratados que não tenham uma forma especifica para a denuncia, a Convenção de Viena explica: Regras: • Informar aos outros estados o interesse de denunciar; • Tempo de 12 meses de antecedência; período de acomodação*; aviso prévio; *objetivos: 1) outros estados precisam se acostumar a consequência de não ter mais a participação do estado denunciante; 2) período utilizado para apurar as dividas de quem está saindo; 3) como consequência da denuncia o tratado será extinto e os outros Estados devem celebrar um novo tratado; Tratados NÃO mutalizáveis (Efeito Estático); � membros procedem Novo Tratado; Ex.: Tratados de Repasses e Incentivos Financeiros; DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO I Faculdade Mater Dei – 5º período / Noturno - 2014 Tratados Mutalizáveis = aqueles que têm execução dinâmica e, portanto são observados dia após dia; Estado simplesmente diz que vai sair � se afasta; procede a denuncia; Tratado Continua com os membros; Ex.: Pacto São José da Costa Rica; se um Estado denunciar; ainda se opera a observância do tratado; � O problema da denúncia no direito brasileiro: Não tem previsão expressa na Constituição Federal; Não há previsão no sentido de que uma vez realizada vá fazer efeitos no ordenamento jurídico interno; Mecanismo de exclusão, parecido com a exclusão de leis em vigor; 1- Critérios de antinomia; ou 2- Presidente da república = ao realizar a denuncia, manda uma mensagem ao presidente do Congresso Nacional; prevendo que não há mais como seguir essa norma; pedindo / informando para revogar / cancelar a norma; Via Decreto Legislativo; Por conta do referendo congressual, o presidente não pode renunciar sem avisar o presidente do CN, por conta da vinculação e consequência interna da norma internacional; Se não fizer esta conversa com o CN antes de realizar a denuncia = pode responder por crime de responsabilidade, e até mesmo sofrer impeachment;DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO I Faculdade Mater Dei – 5º período / Noturno - 2014 • PROCESSUALÍSTICA CONSTITUCIONAL Como tratados entram no ordenamento jurídico; • Hierarquia das normas: Antes EC 45/04: ------- CF ----------- LO/LC -------------------Tratados de Direitos Humanos ------------------------- Decretos -------------------------------- Atos normativos � Qualquer Tratado = Artigo 98 CTN = Lei Ordinária Depois EC 45/04: ------- CF ---------------- Tratados de Direitos Humanos (aprovados como EC) -------------- LO/LC ---------------------------- Tratado Direito Comum ------------------------- Decretos --------------------------------Atos normativos Se for: Tratado Direitos Humanos = Emenda Constitucional (artigo 5º, §3º CF); Tratado Direito Comum = Lei Ordinária (artigo 98 CTN); DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO I Faculdade Mater Dei – 5º período / Noturno - 2014 � Pacto São José Costa Rica 1969 (antes EC 45/04) Impediu que se fizesse norma regulamentadora da prisão do depositário infiel, perdendo efeitos; Tese Doutrinária (Valério Mazzuoli): 1) Controle Constitucionalidade 2) Controle Convencionalidade - Foi criado pelo artigo 5 parágrafo terceiro, chamado assim pelo doutrinador Valério Mazzuoli, que propõe que as Leis Infraconstitucionais devem passar pelo controle dos Tratados de Direitos Humanos, aprovados pelo status de Emenda Constitucional; 3) CONTROLE DE SUPRALEGALIDADE – por esse controle os TRATADOS DE DIREITO COMUM serão hierarquicamente superiores a Lei Complementar e a Lei Ordinária. Como CN sabe qual tipo de votação deve fazer para entrar no ordenamento jurídico? R.: Pela matéria do tratado; • SUJEITOS DE DIP Vertentes: Clássica e Moderna (pág. 1); SUJEITOS DE DIREITO = quem possui Personalidade Jurídica (conseguem assumir obrigações e responder por seus atos); 1) ESTADOS1; SUJEITOS PRIMÁRIOS; 2) ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS; DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO I Faculdade Mater Dei – 5º período / Noturno - 2014 3) INDIVÍDUOS: Somente são sujeito de DIP por causa dos Tratados de Direitos Humanos 4) SANTA SÉ; SUJEITOS SECUNDÁRIOS; 5) COLETIVIDADES INTERESTATAIS; 6) MÍDIA INTERNACIONAL; 7) EMPRESAS TRANSNACIONAIS; • 1ESTADOS: Direito Constitucional = 3 elementos; Direito Internacional = 4 elementos; a) Povo b) Território Palestinos e curdos não possuem territórios; c) Soberania Expressão da forma de governo; d) Finalidade Social: de forma independente, ter a possibilidade de se relacionar com outros estados; � CLASSIFICAÇÃO: 1. ESTADO SIMPLES: forma singela de autogestão; é um poder único; poder centralizado nas mãos de poucas pessoas; Ex.: monarquias / Vaticano; 2. ESTADO COMPOSTO: congrega vários poderes em um único território considerado; descentralização politica; organização estruturada em parcelas que montam um todo; várias fontes produtoras do conhecimento; DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO I Faculdade Mater Dei – 5º período / Noturno - 2014 Ex.: Brasil └ Estado Composto POR COORDENAÇÃO: subordinação mínima entre a descentralização do poder; vinculo entre a descentralização é mínimo; Exs.: - Estados Federados; � EUA / Brasil; - Confederação de Estados; � Confederação dos Estados Unidos da América (1777 – 1787); Confederação Helvética – Estados que se tornaram a União Soviética (1815 – 1848); - União de Estados; � União da Áustria e Hungria (1867 – 1918); - Common wealth � existe no Reino Unido; soberania da rainha e parlamento; └ Estado Composto POR SUBORDINAÇÃO: vinculo especial; Estados sedem uma parcela de sua soberania; estratégias; Exs.: - Estados Vassalos; � produz bens para outro Estado superior para receber benefícios; - Protetorado; � proteção bélica; - Estado Cliente; � transferência de valores; benefícios; troca de materiais entre países; qualquer tipo de prestação de serviços, inclusive sistema politico administrativo; - Estado Satélite; � Austrália, Hong Kong = do Reino Unido; - Estado Exíguo; � Vaticano e Liecheinstein; � FORMAÇÃO DE ESTADOS: 1. FUNDAÇÃO DIRETA: estabelecimento de um povo em determinado território* com animo definitivo; *Território sem dono = “res nullius”; Atualmente não é possível criar um Estado a partir da fundação direta, devido a inexistência de territórios abandonados; DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO I Faculdade Mater Dei – 5º período / Noturno - 2014 2. EMANCIPAÇÃO: Estado se liberta de um Estado dominante, de maneira pacifica ou por rebelião; Ex.: Coréias / Irlandas; 3. SEPARAÇÃO OU DESMEMBRAMENTO: Estado se desvincula de outro, formando um Estado independente. └ Secessão: disputa interna que acaba cominando na separação do Estado; └ Descolonização: retirada do país dominante; 4. FUSÃO: junção de dois ou mais Estados para criação de um novo Estado com um novo território; � RECONHECIMENTO DE ESTADOS: DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO I Faculdade Mater Dei – 5º período / Noturno - 2014 Poder Executivo = 1, 3 e 4; Poder Legislativo = 2; Negociações e Assinaturas (1) Ratificação (3) Fases Internacionais Promulgação e Publicação (4) Referendo Parlamentar (2) Fases Internas DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO I Faculdade Mater Dei – 5º período / Noturno - 2014
Compartilhar