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UNIVERSIDADE ANHANGUERA – UNIDERP POLO CENTRO EDUCACIONAL A DISTÂNCIA (CEAD) CURSO:SERVIÇO SOCIAL – SEXTO SEMESTRE Disciplinas: Pesquisa em Serviço Social Política Social de Atenção a Criança e ao Adolescente Projetos de Pesquisa em Serviço Social Rede Socioassistencial e Terceiro Setor Tratamento de Informação e Indicadores Sociais Prof. ª Tutora a Distância: Maria Elisa Cléia Prof. ª Tutora a Distância: Maria Edilene Xavier Rocha Garcia Prof. ª Tutora a Distância: Maria Clotilde Bastos Prof. ª Tutora Eletrônica: Viviane Maria Camacho Prof. ª Tutora Presencial : Nayla Henrique dos Santos Jesus Adilza Arruda dos Santos RA 9133215604 Alexandra Moraes Grigoroff RA 8363809238 Mariana Alves Mariuzzo Suniga RA 8378863632 Osasco/2016 Violência, Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Introdução O abuso sexual é traduzido pelo contato sexual entre um adulto ou pessoa significativamente mais velha e com poder com uma criança/adolescente. Por muitas vezes as crianças não são capazes de entender o contato sexual ou resistir a ele, e podem ser psicológica, afetiva e/ou socialmente dependentes do ofensor, pois o agressor costuma ser um membro da família ou conhecido. Estes adultos submetem a criança/adolescente a situações de estimulação ou satisfação sexual, impostos pela força física, pela ameaça ou pela sedução. O abuso acontece quando o adulto utiliza o corpo de uma criança ou adolescente para sua satisfação sexual. Já a exploração sexual é existe uma “comercialização”, onde o sexo é fruto de uma troca, seja ela financeira, de favores ou de presentes. A exploração sexual pode se relacionar a redes criminosas mais complexas e podendo envolver um aliciador, que lucra intermediando a relação da criança/adolescente com o cliente. As duas situações são crimes de violência sexual. Justificativa De acordo com o Estatuto da Criança e da Adolescência: Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. Levantamos a discussão sobre o abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes, pois é um tema que vem ganhando mais espaço na sociedade e criando cada vez mais revolta e repúdio frentes às pessoas. É preciso informar sobre os diversos programas, órgãos estatais e ONGS que atuam na promoção, defesa e garantia dos direitos da criança e do adolescente quanto à questão da violência, abuso e exploração infantil; identificando, prevenindo o agravamento e continuidade da situação de violência, responsabilizando os autores com acompanhamento e orientação jurídica, buscando a reintegração e fortalecimento de vínculos através de acompanhamentos psicológicos e psicossociais, na perspectiva da superação de autoestima e dos laços familiares. A criança ou adolescente sexualmente abusado ou explorado, não é resultado de promiscuidade. Para termos uma ideia, quando se fala na demografia dos abusos sexuais, Baars (2009), cita uma informação dada no “II Congresso contra a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes”, que aconteceu no Japão – existem pelo menos 100 mil crianças e adolescentes que já foram ou continuam sendo abusados sexualmente. A maior parte das denúncias refere-se à negligência, com 35% dos casos, seguido de violência física e psicológica com 34%. Os casos de exploração sexual representam 31% das denúncias. A região com a maior proporção de denúncias por habitante é a centro-oeste, com 76,5 denúncias a cada 100 mil habitantes. Em seguida, têm-se as regiões norte e nordeste, com índice de 69,2 e 67,1, respectivamente (Baars, 2009, p. 11-12). Para Baars(2009), o maior número de denuncias pode se dar em virtude da implantação do programa “Disque Denúncia Nacional e Abuso e Exploração Sexual Contra Crianças e Adolescentes – 100”. Problema Porque a violência, o abuso e a exploração sexual continuam aumentando? A maior dificuldade encontrada para combater o abuso sexual no Brasil é o silêncio das famílias. Geralmente isso acontece porque inclui abordar assuntos íntimos da vida sexual das pessoas, o que gera vergonha. Denunciar um abusador, poderia ser, expor um membro da família ou alguém muito próximo, situação essa que gera indignação e muita dor aos familiares. É um fato que irá marcar para sempre a vida da vítima e de pessoas próximas a ela (Ferreira,2008). Temos também o constrangimento de submeter-se a coleta de exames diagnósticos invasivos, no caso de ter ocorrido o estupro, e a descrença do sistema jurídico brasileiro, contribuem mais ainda para o silêncio das vítimas e da família (Souto, Carvalho, Araújo, Cavalcante,2011). Outro fator importante que Baptista et al.(2008) aponta é que na cultura brasileira existe um grau de concordância social em relação aos casos de maus tratos na infância, isso ocorre devido á crença de que os cuidadores têm direitos ilimitados sobre a criança. Essa ideia pode influenciar as pessoas, fazendo com que cada vez mais o número de denúncias de violência tanto sexual, como psicológica ou física, diminuam, dificultando assim o combate aos maus tratos infantis. Objetivos Gerais e Específicos Existem princípios que orientam a proteção das crianças e adolescentes no Brasil? SIM. O artigo 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, Lei Nº 8069/90). Assegurado pelo art. 227 da Constituição Federal de 1988, aponta que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. O Estatuto ainda garante que crianças e adolescentes devem ser protegidos de toda forma de: negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Caso se tenha a suspeita ou o conhecimento de alguma criança ou adolescente que esteja sofrendo com a violência, deve-se DENUNCIAR. As denúncias devem ser feitas a qualquer uma dessas instituições: Conselho Tutelar; Disque 100 (por telefone ou pelo e.mail: disquedenuncia@sedh.gov.br) – canal gratuito e anônimo; Escolas com os professores, orientadores ou diretores; Delegacias Especializadas ou Comuns; Polícia Militar, Polícia Federal ou Polícia Rodoviária; Número 190; Casos de pornografia na Internet, denuncie: www.disque100.gov.br. O Brasil possui leis que punem com rigor quem comete violência sexual contra crianças e adolescentes. O Código Penal prevê penas nas seguintes situações: Estupro Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso. Pena: reclusão de 6 (seis) a 10 (dez) anos. § 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: Pena - reclusão, de 8 a 12 anos. § 2o Se da conduta resulta morte: Pena - reclusão, de 12 a 30 anos. Violação sexual mediante fraude Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. Assédio sexual Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. § 2o A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos. Crimes sexuais contra vulnerável: Corrupção de menores Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.” Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone: Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. § 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. § 2o Incorre nas mesmas penas: I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo; II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo. § 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento. Lenocínio e tráfico de pessoa para fim de prostituição ou outra forma de exploração sexual Mediação para servir a lascívia de outrem Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem: Pena - reclusão, de um a três anos. § 1o Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18 (dezoito) anos, ou se o agente é seu ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja confiada para fins de educação, de tratamento ou de guarda: Pena - reclusão, de dois a cinco anos. § 2º - Se o crime é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude: Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena correspondente à violência. § 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa. Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. § 1o Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. § 2º - Se o crime é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da pena correspondente à violência. § 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa. Casa de prostituição Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente: Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. Rufianismo Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus lucros ou fazendo- se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 1o Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos ou se o crime é cometido por ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. § 2o Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça, fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo da pena correspondente à violência. Tráfico internacional de pessoa para fim de exploração sexual Art. 231. Promover ou facilitar a entrada, no território nacional, de alguém que nele venha a exercer a prostituição ou outra forma de exploração sexual, ou a saída de alguém que vá exercê-la no estrangeiro. Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. § 1o Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar ou comprar a pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento dessa condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la. § 2o A pena é aumentada da metade se: I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos; II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato; III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude. § 3o Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. Tráfico interno de pessoa para fim de exploração sexual Art. 231-A. Promover ou facilitar o deslocamento de alguém dentro do território nacional para o exercício da prostituição ou outra forma de exploração sexual: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. § 1o Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar, vender ou comprar a pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento dessa condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la. § 2o A pena é aumentada da metade se: I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos; II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato; III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; ou IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude. § 3o Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. Infelizmente o problema não acaba com a descoberta do problema. Depois da notificação feita, é necessário que o profissional da instituição encontre maneiras de acompanhar o caso, para assegurar que a criança/adolescente receba atendimento digno. É fundamental: O imediato encaminhamento da criança/adolescente aos serviços educacionais, médicos, psicológicos e jurídico-sociais; Ações que visem à responsabilização e à assistência ao abusador, contribuindo para a quebra do ciclo de impunidade e consequentemente do ciclo do abuso sexual. “Os Estados Partes adotarão todas as medidas apropriadas para estimular a recuperação física e psicológica e a reintegração social de toda criança vítima de qualquer forma de abandono, exploração ou abuso; torturas ou outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes; ou conflitos armados. Essa recuperação e reintegração serão efetuadas em ambiente que estimule a saúde, o respeito próprio e a dignidade da criança.”(Art.39 da Convenção sobre os Direitos da Criança da ONU). Infelizmente o atendimento às vítimas de maus-tratos e abuso sexual encontra-se pouco estruturado no Brasil, sendo insuficiente para a demanda existente. Apesar disso, a mobilização em defesa dos direitos dessas crianças/adolescentes aumento espetacularmente nos últimos anos. Hoje, em todas as regiões do País, existem bons programas sendo desenvolvidos. Nestes últimos anos se tem reconhecido o potencial do trabalho em rede, para o alcance de uma atuação mais abrangente, multidisciplinar e orientada por um conjunto de atores de diversas instituições tendo o mesmo foco temático, voltado para a criança e o adolescente. Conclusão Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010). O abuso e a exploração sexual são crimes graves, que deixam marcas profundas nos corpos e nas almas das vítimas. A violência sexual prejudica profundamente o desenvolvimento psicossocial de crianças e adolescentes, gerando problemas de estresse, depressão e baixa autoestima. É dever da família, do Estado e de toda a sociedade protege-los. Concluímos que sobre estes casos de abusos sexuais contra a criança/adolescente, existe a necessidade de se envolver os pais e familiares próximos em um processo terapêutico, seja para lidar com o trauma do ocorrido com o filho, seja para que a família desenvolva maior capacidade de proteger seus entes, especialmente os infantis. Bibliografia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Explora%C3%A7%C3%A3o_sexual_de_menor www.carinhodeverdade.org.br/abuso http://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/glossarios-e-cartilhas/violenciaSexual.pdf http://www.campograndenews.com.br/artigos/abuso-e-exploracao-sexual-de-criancas-e- adolescentes-conhecer-para-combater https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/sedh/cartilha_educativa.pdf https://psicologado.com/psicologia-geral/sexualidade/visao-sobre-o-abuso-sexual-contra- criancas-e-adolescentes http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D99710.htm
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