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PanoramadoNovo Testamento

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2	
  
PANORAMA DO NOVO TESTAMENTO 
O objetivo desse curso é promover uma visão geral e ampla sobre a 
teologia, a história, a estrutura e os temas do Novo Testamento. Para isso, 
dividimos o estudo em quatro seções que serão discutidas em seis encontros. 
1ª Seção Panorama Teológico Que discute o significado e a 
necessidade da existência de um 
Novo Testamento. 
2ª Seção Panorama Histórico Ambiente e antecedentes históricos do 
Novo Testamento 
3ª Seção Panorama dos Livros Qual é a estrutura literária do Novo 
Testamento? 
4ª Seção Panorama Temático Quais os temas e assuntos abordados 
no Novo Testamento? 
Esperamos que você compreenda a força e a importância desse 
conjunto de Escritos sagrados, aplicando-os em sua vida e nas vidas das 
pessoas que lhe cercam. 
A nossa oração é que este estudo, feito com uma leitura integrada das 
Escrituras, possa aprofundar os seus conhecimentos sobre a “boa, agradável e 
perfeita vontade de Deus” (Rm 12:2b), capacitando-lhe para as boas obras 
que “Deus preparou de antemão para que nós as praticássemos” (Ef 2:10b). 
3	
  
Sumário	
  
CAPÍTULO I - PANORAMA TEOLÓGICO	
  ........................................................	
  4	
  
1.1 Por que um Novo Testamento?	
  ...........................................	
  4	
  
1.2 Características da Antiga Aliança	
  .....................................	
  5	
  
1.3 Voltando à questão	
  ...............................................................	
  6	
  
CAPÍTULO II - PANORAMA HISTÓRICO	
  ..........................................................	
  9	
  
2.1 Antecedentes Históricos do Novo Testamento	
  ..............	
  9	
  
2.2 Influências do Império Persa (555 a 331 a.C.)	
  ...............	
  10	
  
2.3 Influências do Império Grego – filosofia e cultura (331 a 167 
a.C.)	
  .....................................................................................................................	
  12	
  
2.4 Influências Religiosas dos Judeus	
  ......................................	
  12	
  
2.5 Influências do Império Romano (63 a.C. ao tempo de Cristo)
	
  ...............................................................................................................................	
  14	
  
CAPÍTULO III – PANORAMA DOS LIVROS	
  .....................................................	
  15	
  
3.1 Características e estrutura	
  ..................................................	
  16	
  
3.2 Um pouco dos Evangelhos	
  .................................................	
  17	
  
3.2.1 Os evangelhos sinóticos e Atos dos Apóstolos	
  ..........	
  18	
  
3.2.2 O Evangelho de João	
  ......................................................	
  20	
  
3.3 As cartas e epístolas	
  .............................................................	
  21	
  
3.3.1 Epístolas Paulinas	
  ................................................................	
  22	
  
3.3.2 Cartas Paulinas	
  ...................................................................	
  25	
  
3.3.3 Epístolas Não-Paulinas	
  ......................................................	
  27	
  
3.3.4 Demais escritos joaninos	
  ..................................................	
  30	
  
CAPÍTULO IV – PANORAMA TEMÁTICO	
  .......................................................	
  32	
  
4.1 Humanidade e divindade de Cristo	
  ................................	
  33	
  
4.1.1 Cristo Homem: o sacrifício perfeito	
  ...............................	
  34	
  
4.1.2 Cristo Deus: o soberano sofredor	
  ...................................	
  36	
  
4.1.3 Cristo Homem-Deus: o salvador acessível	
  ..................	
  37	
  
4.2 O Reino do poderoso Deus feito pelos homens mais fracos
	
  ...............................................................................................................................	
  37	
  
4.2.1 Revelando o sonho do Reino	
  .........................................	
  38	
  
4.2.2 Pescando “pecadores”	
  ...................................................	
  39	
  
4.2.3 Um homem maltrapilho	
  ....................................................	
  40	
  
4.2.4 A paralisia dos que não são perdoados	
  .....................	
  41	
  
4.2.5 Por que estes pecadores estão celebrando?	
  ...........	
  42	
  
4.3 A Comunhão com o corpo de Cristo	
  .............................	
  43	
  
4.3.1 Unidade na diversidade	
  ..................................................	
  44	
  
4.3.2 A vida em comum	
  .............................................................	
  45	
  
4.3.3 Os mandamentos recíprocos	
  .........................................	
  46	
  
4.4 A Grande Comissão	
  .............................................................	
  51	
  
4.4.1 A grande ordem do homem-Deus	
  ...............................	
  52	
  
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	
  ......................................................................	
  55	
  
4	
  
CAPÍTULO I - PANORAMA TEOLÓGICO 
Um breve panorama teológico do Novo Testamento nos ajudará a 
entender o que significa a palavra Testamento, por que esse testamento é 
considerado Novo, qual a sua relação com o Antigo Testamento e o que 
mudou de um testamento para outro. 
1.1 Por que um Novo Testamento? 
A palavra ‘testamento’1 é uma das traduções possíveis para o termo 
grego ‘diathekes’ e para termo hebraico ‘berith’. Outras possibilidades de 
tradução para esses mesmos termos seriam as palavras ‘aliança’ ou ‘pacto’. 
Creio, inclusive, que essas duas últimas traduções possam demonstrar com 
maior clareza que o termo ‘Novo Testamento’ não se refere apenas a um 
conjunto de livros, mas sim a uma nova Aliança, ou um novo Pacto, realizado 
entre Deus e os homens. 
Você já deve ter percebido, contudo, que é mais comum encontrarmos 
a expressão ‘Novo Testamento’ do que ‘Nova Aliança’ ou ‘Novo Pacto’. Por 
que essa preferência? Por que associamos ao significado de diathekes e berith 
o termo grego kleronomias que segundo Luz (2003, p. 785) se refere à ‘ação de
lei de partilha’, mas é mais comumente traduzida como herança. Assim, como
veremos adiante, a palavra ‘aliança’ se associa à ‘herança’ e nos faz optar
pelo uso da palavra testamento2 que, em nossa língua e cultura, representa um
ato jurídico por meio do qual uma pessoa dispõe de seus bens (herança) em
favor de outrem (herdeiro) para depois de sua morte (ver Hb 9:16-17).
Esse esclarecimento sobre o significado da palavra ‘testamento’, 
entretanto, suscita uma nova dúvida: por que Deus precisaria fazer uma nova 
aliança com a humanidade? Por que um Novo Testamento seria necessário? 
1	
  Utilizarei	
  no	
  decorrer	
  desse	
  material	
  as	
  aspas	
  simples	
  (‘...’)	
  para	
  enfatizar	
  determinadas	
  palavras	
  e	
  as	
  aspas	
  
duplas	
  (“...”)	
  quando	
  estiver	
  fazendo	
  uma	
  citação	
  direta	
  de	
  outros	
  autores.	
  
2	
  No	
  nosso	
  material,	
  usarei	
  indistintamente	
  as	
  palavras	
  testamento,	
  aliança	
  ou	
  pacto,	
  considerando	
  apenas	
  aquela	
  
que	
   me	
   der	
   melhor	
   fluidez	
   no	
   texto	
   e	
   que	
   se	
   encaixe	
   melhor	
   com	
   o	
   que	
   precisamos	
   compreender.	
   Mas,	
  
especificamente,	
  quando	
  me	
  referir	
  ao	
  conjunto	
  de	
  livros	
  utilizarei	
  sempre	
  a	
  palavra	
  Testamento.	
  
5	
  
Algo teria falhado no projeto divino? Vamos buscar a resposta para essas 
perguntas no lugar mais propício para um esclarecimento legítimo, a saber: nas 
Escrituras. 
1.2 Características da Antiga Aliança 
Uma aliança, mesmo quando feita sob a forma de testamento, é um 
tratado entre duas partes, onde cada um dos envolvidostem que cumprir suas 
obrigações sob pena de torná-la sem efeito (ver Tg 2:10). A aliança que 
chamamos de antiga está registrada no livro de Êxodo. Particularmente na 
passagem Êx 20:3-17, estão registrados os chamados 10 Mandamentos, os 
quais funcionam como um resumo da Lei. Em Êxodo 24, Moisés leu a Lei para o 
povo de Israel e eles responderam: “Faremos tudo que o Senhor ordenou” (v.3), 
firmando, assim, um pacto, um contrato, com o Deus. Essa aliança tinha as 
seguintes características: 
1) A aliança que Deus fez com o seu povo consistia de duas partes: Deus e
os israelitas firmaram um compromisso solene com base no conteúdo do
Livro da Aliança (Êx 24:7).
2) A aliança foi selada pela morte de animais que foram oferecidos a
Deus. O sangue desses animais foi aspergido sobre o altar e sobre o povo
(Êx 24:8).
3) A aliança foi ratificada pelo povo que prometeu obediência a Deus (Êx
24:3 e 7).
Adaptado de KISTEMAKER, 2003, p. 357. 
Essa aliança foi, portanto, firmada com o cumprimento de todos os 
pressupostos de um acordo válido: foi registrada (Dt 31:24; Js 8:32); foi ditada 
por Deus (Êx 20:1) e foi solenemente aceita pelo povo israelita (Êx 24:3,7). Não 
haveria como descaracterizar a sua validade sob qualquer alegação. 
No entanto, essa Lei não era capaz de libertar a consciência do pecador 
(ver Hebreus, capítulos 8 e 9), não era capaz de fazê-lo perceber a presença 
de Deus em todos os seus passos e o deixava sem o amparo do Espírito Santo. 
Em outras palavras, a Lei não é capaz de aliviar as lutas internas, que 
	
  
	
  
	
  
6	
  
	
  
acontecem nas profundezas de nossa alma e consciência (ver Rm 7), assim, 
precisamos da graça que veio por meio de Cristo na nova aliança. 
 
1.3 Voltando à questão 
 
Jesus, na última ceia com os seus discípulos “tomou o cálice, deu graças 
e o ofereceu aos discípulos, dizendo: ‘Bebam dele todos vocês. Isto é o meu 
sangue da [nova] aliança, que é derramado em favor de muitos, para perdão 
de pecados’” (Mt 26:27,28; Lc 22:20), estabelecendo, portanto, uma nova 
aliança, firmada no seu próprio sangue e sustentada pela sua mediação (Hb 
12:24). 
A questão que nos persegue é: por que foi necessário realizar essa nova 
aliança? O autor da Carta aos Hebreus, fazendo uma longa citação de 
Jeremias 31, nos oferece uma explicação nos capítulos 8 e 9. Ali, ele nos ensina 
que “as regras para adoração e o tabernáculo terreno” (Hb 9:1) são “uma 
ilustração para os nossos dias, indicando que as ofertas e os sacrifícios 
oferecidos não podiam dar ao adorador uma consciência perfeitamente 
limpa” (Hb 9:9). 
Entendendo que antes mesmo da Lei, a vinda de Jesus e a nova aliança 
firmada através do seu sangue já estava nos projetos de Deus (conforme Gn 
3:15), podemos compreender em que sentido a palavra ‘ilustração’ é utilizada 
nesse contexto. O autor quer nos mostrar que a Lei, com todas as suas regras 
de adoração e de conduta pessoal e social, serviu, e serve até hoje, para 
mostrar a incapacidade do ser humano de ser santo pelos seus próprios 
esforços. Assim, ela ‘ilustra’, simultaneamente, a santidade de Deus e a 
incapacidade humana de restaurar, por si mesmo, a imagem e semelhança 
com a Trindade. 
Assim, era necessário que um sacrifício único e definitivo fosse feito para 
que o Plano de Salvação dos Filhos de Deus fosse cumprido em sua totalidade. 
Em Hb 9:22, aprendemos que “quase todas as coisas são purificadas com 
sangue, e, sem derramamento de sangue, não há perdão”. 
	
  
	
  
	
  
7	
  
	
  
13Ora, se o sangue de bodes e touros e as cinzas de uma novilha 
espalhadas sobre os que estão cerimonialmente impuros os 
santificam de forma que se tornam exteriormente puros, 14quanto 
mais, então, o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se 
ofereceu de forma imaculada a Deus, purificará a nossa 
consciência de atos que levam à morte, de modo que sirvamos 
ao Deus vivo! 
15Por essa razão, Cristo é o mediador de uma nova aliança para 
que os que são chamados recebam a promessa da herança 
eterna, visto que ele morreu como resgate pelas transgressões 
cometidas sob a primeira aliança. (Hb 9:13-15, grifo nosso). 
 
Na primeira aliança, o sacrifício era de bodes e touros, e tinha efeito 
exterior, sem atingir as mentes e corações humanos; na nova aliança, o 
sacrifício é feito com o sangue do próprio Filho de Deus e tem, por meio do 
Espírito Santo, efeito eterno na purificação da nossa consciência, tornando-nos 
servos de Deus. 
Os grifos do versículo 15 foram feitos para chamar a nossa atenção para 
algumas questões importantes: 
 
1) Há uma distinção clara entre aquilo que o autor chama de ‘nova 
aliança’ e ‘primeira aliança’. Logo, podemos entender que as duas 
porções das Escrituras estão separadas de maneira coerente com a 
própria Palavra de Deus; 
2) A ‘nova aliança’ é realizada através um ‘Mediador’ por meio de quem 
ela ganha eficácia. Assim, sendo Cristo o Mediador, é impossível se falar de 
uma aliança com Deus sem a presença d’Ele; 
3) A ‘nova aliança’ tem um objetivo claro, “que os que são chamados 
recebam a promessa da herança eterna”. Entendemos, então, que a 
nova aliança está relacionada com a primeira aliança naquilo que se 
remete ao seu objetivo final: a salvação dos filhos de Deus. 
 
Sobre a nova aliança firmada em Cristo, Kistemaker (2003, p. 358) 
escreveu: 
 
Qual é o significado da palavra “nova” na expressão nova 
aliança? Primeiro, a nova vem da antiga, isto é, a nova aliança 
tem a mesma base e características da antiga aliança. E, em 
ambas as alianças, sacrifícios foram apresentados a Deus; mas 
enquanto os sacrifícios oferecidos para expiar as transgressões do 
povo na época da primeira aliança não podia libertar o 
pecador, o supremo sacrifício da morte de Cristo redimiu o povo 
	
  
	
  
	
  
8	
  
	
  
de Deus e pagou por seus pecados. Além do mais, na estrutura 
da primeira aliança, o mediador (isto é, o sumo sacerdote) era 
imperfeito. Na nova aliança Cristo é o mediador que garante a 
promessa da salvação. Deus põe suas leis na mente e as escreve 
no coração de seu povo redimido, para que como resultado eles 
conheçam a Deus, experimentem remissão de pecados e gozem 
uma comunhão pactual com ele. 
 
Por esta razão, não podemos dizer que a antiga aliança está invalidada, 
mas que ela está sendo perfeitamente cumprida em Cristo Jesus que se torna o 
perfeito mediador e, ao mesmo tempo, o perfeito sacrifício. “Não pensem que 
vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir” (Mt 5:17). 
Em que medida a antiga aliança continua válida? Na concepção moral 
do povo de Deus, no exemplo prático de vida dos seus personagens, na 
doutrina profética, na comprovação histórica dos feitos divinos e ilustração 
para sempre lembrarmos que não seremos capazes de alcançar a Deus sem a 
graça. 
 
 
	
  
	
  
	
  
9	
  
	
  
CAPÍTULO II - PANORAMA HISTÓRICO 
 
 
Quando “Jesus nasceu em Belém da Judéia, nos dias do rei Herodes” (Mt 
2:1), ele encontrou um ambiente social, político cultural estabelecido através 
de fortes influências dos povos que dominaram Israel nos últimos quatrocentos 
anos. Esse ambiente foi determinante para a propagação do evangelho e 
para a expansão da igreja cristã no mundo antigo. Assim, vamos começar esse 
capítulo estudando os antecedentes históricos do Novo Testamento. 
 
 
2.1 Antecedentes Históricos do Novo Testamento 
	
  
Durante os três anos do seu ministério, Jesus ficou conhecido em todo o 
território de Israel. E menos de trinta anos depois da sua morte já havia igrejas 
cristãs em um vasto território (Grécia, Ásia e Europa). Você já se perguntou 
como a mensagem de Cristo pode ter se expandido tão ampla erapidamente 
em uma época em que não havia rádio, televisão, jornais ou Internet? Ou 
como Paulo e seus amigos viajavam distâncias tão grandes para pregar o 
evangelho e fundar novas igrejas? 
Deus criou um ambiente propício para que o seu Reino se expandisse de 
acordo com os seus planos. Uma grande sucessão de importantes eventos 
históricos preparou o caminho do Messias. 
 
Alguns fatores que Favoreceram o Ministério de Jesus 
Retorno do povo judeu, que estava cativo na Babilônia, a Israel; 
Desenvolvimento logístico do sistema de correios; 
Globalização da língua grega; 
Propagação da cultura e filosofia gregas; 
Construção de um grande número de estradas; 
Dispersão dos judeus e estabelecimento de várias sinagogas no mundo 
antigo; 
Anseio de liberdade dos judeus. 
 
	
  
	
  
	
  
10	
  
	
  
A conjuntura que possibilitou tudo isso foi criada no chamado período 
Interbíblico, também conhecido como Intertestamentário ou período do 
Silêncio de Deus. Esse último nome se deve ao fato de que os acontecimentos 
aos quais nos referimos ocorreram entre o final do ministério do profeta 
Malaquias (último profeta do Antigo Testamento) e o início do ministério de 
João Batista (profeta que precede à chegada de Cristo). 
 
Cronologia Panorâmica das Escrituras 
Antigo Testamento Período Interbíblico Novo Testamento 
1700 a.C. – 430 a.C. 430 a.C. – 30 d.C. 30 d.C. – 100 d.C. 
 
Embora muitos historiadores e teólogos chamem os quatrocentos e 
sessenta anos que separam o livro de Malaquias do início do ministério de João 
Batista de Período de Silêncio, o que podemos perceber é que Deus preparou 
tudo para que o Messias viesse; e para que a Sua presença fosse rapidamente 
anunciada. Nessa época, Israel passou por quatro períodos políticos 
importantíssimos, incluindo três dominações por outros povos e um tempo de 
independência promovido pelos Macabeus. Veja o quadro abaixo: 
 
Situação Política Datas 
Domínio Persa 3555-331 a.C. 
Domínio Grego 331-167 a.C. 
Independência (Período dos Macabeus) 167-63 a.C. 
Domínio Romano 63 a.C. ao tempo de Cristo. 
 
Cada uma das situações políticas vividas pelo povo de Israel teve 
importantes influências para a preparação do ambiente em que o nosso 
Salvador nasceria, vamos a elas: 
 
 
 
 
2.2 Influências do Império Persa (555 a 331 a.C.) 
	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
3	
   O Império Persa, ou Medo-persa, teve início antes do início do período intertestamentário. 
Esse, como se verá mais adiante, é um importante fato para a história do povo de Deus e para 
a formação do ambiente do Novo Testamento. 
	
  
	
  
	
  
11	
  
	
  
O Império Persa teve seu início muito antes do Período Interbíblico, por 
volta do ano 555 a.C., quando começaram as grandes conquistas do rei Ciro. 
No entanto, Deus já tinha planos muito especiais para eles 
Em 588/7 a.C., por causa da sua grande idolatria, o povo de Deus foi 
dominado pelos babilônios e levado cativo, cumprindo a profecia anunciada 
por Jeremias (Jr 25 12-13; 29 10-11). 
Mas, era necessário que o povo voltasse 
para a terra de Israel, pois o Messias deveria 
nascer em Belém, segundo vaticinaria mais 
tarde o profeta Miqueias (Mq 5:2). 
Então, Deus usou o Império Persa da 
seguinte forma: 
 
1) Libertando os judeus do cativeiro na 
Babilônia, que durou 70 anos, conforme 
havia sido prenunciado pelo profeta 
Jeremias (Jr 25 12-13; 29 10-11); 
2) Permitindo que o povo judeu 
reconstruísse o Templo de Jerusalém na 
época de Esdras; 
3) Autorizaram o povo judeu a restaurar 
a Lei e o Sinédrio (Ed 6-10); 
4) Permitindo que os muros da Cidade 
Santa fossem reconstruídos por Neemias; 
5) Desenvolvendo um avançado sistema 
de correios. 
 
Todas essas ações do Império Persa 
tiveram reflexos importantes no cumprimento 
dos planos de Deus para a formação do 
ambiente em que o Messias viria a nascer e 
para a rápida propagação da sua Santa 
Igreja. 
 
Cronologia do 
Império Persa em 
relação ao Povo de 
Deus 
• 930	
  a.C.	
  –	
  Morre	
  o	
  Rei	
  
Salomão	
  e	
  o	
  seu	
  reino	
  é	
  
dividido	
  em	
  dois:	
  Israel	
  
e	
  Judá;	
  
• 911	
  a.C.	
  –	
  Início	
  do	
  
Império	
  Assírio;	
  
• 722	
  a.C.	
  –	
  Samaria	
  
(capital	
  do	
  Reino	
  do	
  
Norte)	
  foi	
  invadida	
  
pelos	
  Assírios	
  e	
  o	
  Reino	
  
de	
  Israel	
  destruído.	
  O	
  
Reino	
  do	
  Sul	
  se	
  mantém	
  
vivo,	
  porém	
  paga	
  
pesados	
  tributos	
  aos	
  
assírios;	
  
• 620	
  a.C.	
  –	
  Ascenção	
  do	
  
Império	
  Babilônico;	
  
• 588/7	
  a.C.	
  –	
  A	
  Babilônia	
  
conquista	
  Israel	
  e	
  lhe	
  
impõe	
  70	
  anos	
  de	
  
terrível	
  cativeiro;	
  
• 555	
  a.C.	
  –	
  Ascenção	
  do	
  
Império	
  Persa,	
  
primeiras	
  conquistas	
  de	
  
Ciro;	
  
• 539	
  a.C.	
  –	
  Os	
  Persas	
  
invadem	
  a	
  Babilônia;	
  
• 517	
  a.C.	
  –	
  O	
  povo	
  de	
  
Deus	
  volta	
  para	
  
Jerusalém,	
  é	
  o	
  fim	
  do	
  
cativeiro.	
  	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
12	
  
	
  
2.3 Influências do Império Grego – filosofia e cultura (331 a 167 a.C.) 
 
O Império Grego teve início com as conquistas de Alexandre, o Grande 
(também conhecido como Alexandre Magno). E se caracterizou por uma 
administração diferente de todos os grandes impérios que o antecederam. 
Se os persas foram usados por Deus para permitir que o povo voltasse a 
Jerusalém e restaurasse a sua religião, criando a atmosfera religiosa4 e 
geográfica adequada para o nascimento de Jesus, os gregos deram as 
seguintes colaborações: 
 
1) A Língua Grega – A rápida propagação do Evangelho carecia de uma 
língua universal que permitisse a circulação da Palavra sem necessidade de 
transmitir para outras línguas; 
2) A Filosofia Grega –os filósofos gregos desmascararam as falsas ideias religiosas 
daquela época, levando as pessoas a procurarem uma religião que não fosse 
baseada em mitos. Eles ensinaram, também, que: 
2.1) A realidade não era temporal, nem material; mas, eterna e espiritual 
(ver o Timeu de Platão); 
2.2) Há uma forte distinção entre o bem e o mal, o certo e o errado; isto 
é, já discutiam sobre ética e moral; 
2.3) o futuro eterno do homem é uma reflexão importante para o ser 
humano (ver Apologia a Sócrates e Críton de Platão). 
3) Enfraquecimento do politeísmo e do misticismo através da racionalidade 
materialista, criando um ambiente perfeito para a mensagem de Cristo, oferece 
uma perspectiva espiritual que não abandona a razão. 
 
Enfim, os gregos cooperaram para a criação de um ambiente intelectual 
propício à fé cristã. A valorização do conhecimento lógico e do caráter crítico 
de avaliação do mundo colaborou com o desenvolvimento de uma 
mensagem que supre, de fato, as necessidades espirituais e racionais do povo 
antigo e de todas as épocas. 
2.4 Influências Religiosas dos Judeus 
 
Embora seja um período de grande importância histórica, a influência 
religiosa dos judeus não está restrita ao período de independência política (167 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
4 Depoisde serem libertos do cativeiro na Babilônia, os Israelitas nunca mais cometeram o 
pecado da idolatria. Veremos a importância disso mais adiante. 
	
  
	
  
	
  
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a 63 a.C.). Nessa época, o povo já estava restabelecido no território de Israel, 
Jerusalém estava murada e protegida, o Templo estava reconstruído e em 
pleno funcionamento. 
Então, as colaborações dos judeus foram as seguintes: 
 
1) Monoteísmo – O judaísmo estava solidamente vinculado ao Deus 
único, que lhes falou por meio da Lei (Moisés) e dos profetas; 
2) O Antigo Testamento – O alicerce fundamental do cristianismo está no 
AT, com seus ensinos morais e suas profecias acerca da vinda de Cristo; 
3) Sistema Ético – Diferentemente da ética prevalecente na Grécia, os 
judeus não consideravam que o pecado fosse apenas um fracasso moral 
externo, mas a violação da vontade de Deus; 
4) As Sinagogas – Para os judeus o lugar certo para adorar era o Templo 
(Único), mas, no tempo do cativeiro babilônico, as sinagogas se tornaram 
lugar de adoração, dando início à doutrina que ensina que Deus pode 
ser adorado em todo lugar; 
5) A Esperança Messiânica – O judaísmo, embora não tenha 
reconhecido a Cristo, acreditava vigorosamente na vinda do Messias 
que estabeleceria justiça sobre a terra; 
6) a Filosofia da História – Para o judeu a história tem significado. Para 
eles, o Soberano Deus triunfará na história a despeito da falha humana, 
trazendo a era duradoura e o triunfo eterno. 
 
Se os gregos e os persas trouxeram uma estrutura ambiental e cultural 
para o Novo Testamento, os judeus nos deram as raízes da teologia 
neotestamentária. O AT, contando a história da relação de Deus com o Povo; 
a Lei, formando o mais perfeito sistema ético de todos os tempos; a profecia, 
antecipando o ensino e a história do Messias, e a Esperança na vinda de Cristo 
e no Triunfo eterno de Deus dão sustentação à doutrina que aprendemos no 
Novo Testamento. 
 
	
  
	
  
	
  
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2.5 Influências do Império Romano (63 a.C. ao tempo de Cristo) 
 
O Império Romano foi o sistema político prevalecente durante todo o 
período do Novo Testamento. Manteve um sistema escravocrata. Teve 
característica essencialmente comercial, deixando a agricultura em segundo 
plano, fato que gerou desemprego rural, trazendo as famílias para as cidades. 
Organizou-se politicamente em um modelo de república, parecido com o 
nosso, dividindo o império em províncias que tinham seus próprios 
governadores. 
As principais colaborações desse império para o ambiente do NT e para 
a propagação da mensagem de Jesus foram: 
 
1) A Cidadania Romana – Os romanos desenvolveram um sentido de unidade e 
pertencimento que serviu de luz para a agregação do povo de Deus. Além 
disso, a cidadania romana possibilitava a circulação do povo de Deus em todo 
o Império, facilitando a pregação da Palavra; 
2) A Paz Romana – Além da cidadania que dava o direito legal da livre 
circulação, o exército romano garantia a paz e a segurança nas estradas da 
Ásia, África e Europa, tornando as viagens mais seguras para todos; 
3) O Sistema de Estradas – As estradas romanas eram feitas de estruturas que 
duraram séculos (ainda se pode trafegar pela Via Appia nos dias atuais) e 
facilitaram as viagens dos comerciantes, das tropas militares e, também, dos 
missionários na sua época; 
4) O Exército Romano – Roma recebia como soldados os homens das áreas 
conquistadas, fazendo deles soldados romanos. Isso ajudou a propagar a 
mensagem do cristianismo dentro do próprio exército5; 
5) A Tolerância Religiosa dos Romanos – Os romanos permitiam que os povos 
conquistados mantivessem os seus cultos. Muitos desses povos não conseguiram 
sustentar as suas crenças diante da filosofia greco-romana e acabaram 
entrando em ‘vácuo’ espiritual que foi, mais tarde, em larga medida, 
preenchido pelo cristianismo. 
 
O Império Romano abrangeu todo o período da vida de Cristo e dos 
autores do Novo Testamento e, também, de grande parte dos chamados Pais 
da Igreja. As estruturas, a cultura e o sistema político-religioso desenvolvido por 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
5 A ‘infiltração’ de cristãos no exército romano foi tão forte e significativa para a propagação 
do Reino de Deus que alguns políticos da época atribuíram ao comportamento cristão 
(misericórdia e respeito à vida alheia) a responsabilidade pela queda do império romano. Fato 
que Santo Agostinho contesta no seu livro A Cidade de Deus, no século IV d.C. 
	
  
	
  
	
  
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Roma foi crucial para que o Novo Testamento alcançasse tamanha amplitude 
em tão pouco tempo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO III – PANORAMA DOS LIVROS 
 
	
  
	
  
	
  
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A Bíblia é uma biblioteca! Ela é composta por 39 livros do Antigo 
Testamento e por 27 livros do Novo Testamento, totalizando 66 livros. Com 
temáticas especialmente desenvolvidas por Deus para servirem de orientação 
para a Igreja e para cada indivíduo em todos os tempos. 
 
3.1 Características e estrutura 
 
A Tabela 1 nos ajuda a compreender as principais características das 
duas coleções que compõem a biblioteca completa: 
 
Tabela 1 – Características dos Testamentos 
 Antigo Testamento Novo Testamento 
Livros 39 livros 27 livros 
Língua Hebraico e aramaico Grego 
Aliança Lei Graça 
Local da Aliança Sinai Calvário 
Selo Sangue de animais Sangue de Cristo 
Ministério Deus Pai O Filho e o Espírito Santo 
 
Os livros do Novo Testamento são centralizados na pessoa de Cristo, mas 
mantém profunda relação com o Antigo Testamento. Eles são uma 
continuação da história do Povo de Deus e do ensino perfeito de Deus para 
toda a humanidade. 
Os focos na Lei e na Graça são a grande distinção entre os dois 
testamentos, mas isso não implica que não haja graça no AT. Apenas que o AT 
mostra o quanto a graça é necessária para pecadores que não podem 
alcançar as exigências da Lei. 
Quando afirmamos que no AT encontramos o Ministério de Deus Pai e no 
NT o de Jesus e do Espírito Santo, estamos fazendo menção ao fato de que 
cada pessoa da Trindade se mostra mais presente em determinados momentos 
da história e do ensino. Evidentemente, os três, como indissolúveis, estão juntos 
em todos os tempos e lugares, gozando dos mesmos atributos, do mesmo 
poder e da mesma glória. 
	
  
	
  
	
  
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No que tange à forma e a ideia principal, os 27 livros do Novo 
Testamento estão dispostos em seis seções, conforme mostra a Tabela 2. 
 
Tabela 2 – Seções de distribuição dos livros do Novo Testamento 
 Livros Autores Ideia Principal6 
Evangelhos 
Mateus Mateus Jesus, o Messias Prometido 
Marcos Marcos Jesus, o Servo de Deus 
Lucas Lucas, o médico Jesus, o Filho do Homem 
João João7 Jesus, o Filho de Deus 
Histórico Atos dos 
Apóstolos 
Lucas, o médico A Igreja 
EP
ÍS
TO
LA
S 
Pa
ul
in
as
 
G
er
ai
s 
Romanos 
Paulo 
A vida pela fé 
I Coríntios As desordens na Igreja 
II Coríntios A autoridade apostólica 
Gálatas A graça 
Efésios Unidade da Igreja 
Filipenses Alegria em Cristo 
Colossenses Caráter de Jesus 
I Tessalonicenses A segunda vinda de Cristo 
II Tessalonicenses A segunda vinda de Cristo 
Pa
st
or
ai
s I Timóteo Orientações para liderança 
II Timóteo Cuidado com o falso ensino 
Tito Orientação para liderançaFilemon Conversão de um fugitivo 
N
ão
-p
au
lin
as
 
Hebreus Desconhecido Cristo, mediador de uma nova 
aliança. 
Tiago Tiago, irmão de Jesus8 A verdadeira religião 
I Pedro Pedro Carta a uma igreja perseguida 
II Pedro Pedro Alerta contra o perigo dentro da 
igreja 
I João João, o evangelista Vida de comunhão com Deus 
II João João, o evangelista Precação com os falsos mestres 
III João João, o evangelista Orientações de liderança 
Judas Judas9 Alerta contra a apostasia 
Profecia Apocalipse João, o evangelista Triunfo final de Cristo 
3.2 Um pouco dos Evangelhos 
 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
6 Essa visão sobre a ideia geral de um livro pode variar de autor para autor. 
7 Embora haja divergências entre teólogos e historiadores, o Evangelho, as três cartas e 
Apocalipse são atribuídos ao mesmo autor; 
8 É quase unânime a teoria de que se trata, realmente, do irmão de Jesus. 
9 Ver detalhes sobre a autoria dessa epístola nos comentários finais da seção 3.3.3. 
	
  
	
  
	
  
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A palavra evangelho (euaggeloj) significa o ‘anúncio de boas novas’. 
Então, quando, por exemplo, falamos no Evangelho de Lucas, estamos falando 
das boas novas contadas por Lucas. Assim, entendemos que os quatro 
evangelistas contaram, cada um da sua própria forma, as boas novas que 
receberam de Deus para deixar para todos nós. O evangelho de João segue 
uma estrutura diferente, por isso costuma ser estudado à parte. João, talvez por 
ter sido o apóstolo mais próximo de Cristo, é o evangelho que apresenta o 
maior conteúdo exclusivo, isto é, no evangelho de João encontramos o maior 
volume de ensinos e histórias que não estão presentes nos outros três 
evangelhos. 
 
3.2.1 Os evangelhos sinóticos e Atos dos Apóstolos 
 
Chamamos de Sinóticos os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, pois 
eles narram a boa nova de Cristo dentro de uma mesma estrutura que, 
acredita-se, tenha sido desenvolvida por Marcos. Assim, ao ler esses três 
evangelhos, podemos encontrar as mesmas histórias e os mesmo ensinamentos 
de Jesus sendo contados sob pontos de vista diferentes, mas divinamente 
inspirados. Mas, é importante lembrar que cada um desses evangelhos, 
também, possui conteúdos exclusivos. 
Atos dos Apóstolos é incluso nesse grupo, por que se trata de uma 
continuação do Evangelho de Lucas (veja Lc 1:1-4 e At 1:1-3). Em Atos, Lucas 
busca apresentar a forma como os ‘doze’, juntamente com os demais 
discípulos de Cristo, deram continuidade à propagação do Reino de Deus. É a 
história magna do início da Igreja. Onde o treinamento que Jesus lhes deu 
durante os três anos de ministério é aplicado na vida da nova comunidade 
que se inicia. 
Vejamos algumas análises sobre cada um dos livros que compõem esse 
grupo. 
 
a) Evangelho segundo Mateus 
 
	
  
	
  
	
  
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Conteúdo: a história de Jesus, incluindo seções extensas de ensino, indo do 
anúncio do seu nascimento até o comissionamento dos discípulos para fazer 
discípulos entre os gentios10. 
Autor: anônimo11; Papias (125 d.C.) atribui o “primeiro Evangelho” ao apóstolo 
Mateus. Alguns estudiosos discordam. 
Data: desconhecida (visto que ele usou Marcos, muito provavelmente foi na 
década de 70 ou 80 d.C.). 
Receptores: desconhecidos; mas quase certamente cristãos judeus 
comprometidos com a missão aos gentios, sendo a opinião mais comum que 
tenham vivido em Antioquia da Síria e arredores. 
Ênfase: Jesus é o Filho de Deus, Rei (messiânico) dos judeus; Jesus é Deus presente 
conosco (Emanuel) em poder milagroso; Jesus é o Senhor da igreja; o ensino de 
Jesus tem importância contínua para o povo de Deus; o evangelho do reino é 
para todos os povos – judeus e gentios igualmente. 
Adaptado de: FEE, G. & STUART, D. (2013, p. 318). 
 
b) Evangelho segundo Marcos 
 
Conteúdo: história de Jesus, do batismo até a ressurreição. Dois terços da 
narrativa relatam seu ministério na Galileia, enquanto o último terço relata a 
sua última semana em Jerusalém. 
Autor: anônimo, atribuído (por Papias, 125 d.C.) a João Marcos, um antigo 
companheiro de Paulo (Cl 4:10), e depois de Pedro (I Pe 5:13). 
Data: cerca de 65 d.C. ( de acordo com Papias, logo depois da morte de 
Paulo e de Pedro em Roma). 
Receptores: a igreja em Roma (de acordo com Papias), o que explica sua 
preservação junto com os Evangelhos de Mateus e de Lucas, mais extensos. 
Ênfase: o tempo do governo de Deus (o reino de Deus) chegou, com Jesus; 
Jesus realizou o novo êxodo prometido em Isaías; o Messias real veio em 
fraqueza, sua identidade sendo um segredo exceto para aqueles a quem ela 
é revelada; o caminho do novo êxodo leva à morte de Jesus em Jerusalém; o 
caminho do discipulado consistem em carregar a cruz e segui-lo. 
Adaptado de: FEE, G. & STUART, D. (2013, p. 328). 
 
c) Evangelho segundo Lucas 
 
Conteúdo: a história de Jesus como a primeira parte de Lucas-Atos, que é a 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
10 Gentio é o termo usado pelos judeus para se referir a todos aqueles que não têm origem 
israelita. Algumas vezes, funciona como sinônimo de incrédulos. 
11 Afirmar que o autor é anônimo, implica dizer que ele não assinou a carta. Mas, as análises 
históricas e a tradição da igreja nos dão sustentação suficiente para confiar na autoria 
atribuída. 
	
  
	
  
	
  
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história da salvação de “Israel”, que Cristo e o Espírito realizaram; essa parte 
começa com o anúncio do nascimento de Jesus e continua até a sua 
ascensão. 
Autor: de acordo com uma tradição muito antiga, Lucas, o médico e antigo 
companheiro do apóstolo Paulo (Cl 4:14), o único autor gentio da Bíblia. 
Data: incerta; os estudiosos se dividem entre uma data anterior à morte de 
Paulo (64 d.C., ver At 28:30-31) e outra depois da queda de Jerusalém (70 
d.C., pelo uso que o autor faz do Evangelho de Marcos). 
Receptor(es): Teófilo é de outro modo desconhecido; seguindo o costume 
dos prefácios desse gênero na literatura greco-romana, ele provavelmente foi 
o patrocinador do livro de Lucas-Atos, subscrevendo portanto a sua 
publicação; os leitores implícitos são cristãos gentios, cujo lugar na história de 
Deus é assegurado por meio da obra de Jesus Cristo e do Espírito Santo. 
Ênfase: O Messias de Deus veio até seu povo, Israel, com a prometida inclusão 
dos gentios; Jesus veio para salvar os perdidos, incluindo todos os tipos de 
pessoas marginalizadas que para a religião tradicional estariam fora dos 
limites; o ministério de Jesus é executado sob o poder do Espírito Santo; a 
necessidade de morte e ressurreição de Jesus (que cumpriram promessas do 
AT) para o perdão dos pecados. 
Adaptado de: FEE, G. & STUART, D. (2013, p. 338). 
 
d) Atos dos Apóstolos 
 
Conteúdo: a parte 2 do relato de Lucas sobre as boas-novas de Jesus; de que 
maneira, pelo poder do Espírito, as boas-novas se espalharam de Jesus até 
Roma. 
Autor: ver o Evangelho segundo Lucas (Lc 1:1-4 e At 1:1-3). 
Data: ver informações sobre o Evangelho de Lucas. 
Receptores: ver Lucas. 
Ênfase: as boas-novas da salvação de Deus por meio de Jesus são para 
os judeus e os gentios igualmente, cumprindo assim as expectativas do 
AT; o Espírito Santo guia a igreja para disseminar as boas-novas; a igreja 
tem o bom senso de se ajuntara Deus com respeito à salvação que ele 
realiza e à inclusão dos gentios; a salvação para fora dos muros 
judaicos é atividade de Deus e nada pode impedi-la; alguns aceitam 
as boas-novas com alegria e outro as as rejeitam com ira. 
Adaptado de: FEE, G. & STUART, D. (2013, p. 349). 
3.2.2 O Evangelho de João 
 
	
  
	
  
	
  
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O evangelho segundo João narra a história de Jesus em uma perspectiva 
posterior à ressurreição e à dádiva do Espírito Santo. “Depois que ressuscitou 
dos mortos, os discípulos lembraram-se do que ele tinha dito. Então creram na 
Escritura e na palavra que Jesus dissera” (Jo 2:22; ver também: 12:6; 14:26; 
16:13-14). João escreveu atestando a veracidade da encarnação de Deus. 
Assim, João apresenta, logo no primeiro capítulo, Jesus como a Palavra, 
o autor da criação (vs. 1:1-4, 10) e como aquele que veio ao mundo em missão 
de amor ao mundo criado (3:16). Outra figura forte que João apresenta, ainda 
no primeiro capítulo, é a de “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” 
(1:29), indicando o caminho sacrificial do Deus encarnado. 
 
Conteúdo: a história de Jesus, Messias e Filho de Deus, contada a partir de 
uma perspectiva pós-ressurreição; na sua encarnação, Jesus revelou a Deus e 
tornou sua vida disponível a todos por meio da cruz. 
Autor: as evidências internas apontam para João, o discípulo amado, aquele 
“que escreveu essas coisas” (21:24; cf 13:23; 19:25-27; 20:2; 21:7). 
Data: provavelmente entre 90-95 d.C. 
Receptores: parece-nos ter sido enviada a uma comunidade cristã bastante 
conhecida do apóstolo, provavelmente a mesma a quem se dirige em I João. 
Ênfase: Jesus é o Messias, o filho de Deus; em sua encarnação ele tanto 
revelou o amor de Deus como redimiu a humanidade; discipulado significa 
“permanecer na videira” (que é Jesus) e dar fruto (amar como ele amou); o 
Espírito Santo será concedido ao seu povo para continuar sua obra. 
 
 
3.3 As cartas e epístolas 
 
É comum, mas não pacífico, entre os estudiosos aceitar que cartas são 
aquelas correspondências que são enviadas a uma pessoa específica sem a 
intensão de que deva ser mostrada à comunidade. Enquanto epístolas seriam 
justamente o contrário, aquelas correspondências que se destinam a uma 
comunidade, sem direcionamento pessoal. 
As cartas e epístolas são um subconjunto precioso no NT, são nove 
epístolas e quatro cartas atribuídas a Paulo; mais Hebreus, Tiago, I e II Pedro e I 
	
  
	
  
	
  
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e II João que são epístolas e III João que é uma carta endereçada a Gaio. 
Vamos dividi-las da seguinte maneira: 
 
3.3.1 Epístolas Paulinas 
 
As epístolas Paulinas são, sem dúvida, a maior fonte de ensino do Novo 
Testamento, toda a doutrina cristã emerge desse conjunto de livros. 
Obviamente, elas são um complemento aos evangelhos e somam-se com as 
outras obras da Bíblia. Enfatizo, portanto, a grande importância desse pequeno 
grupo de livros para o amadurecimento da fé cristã nos corações dos dias 
atuais. 
 
Romanos 
Conteúdo: instrução e exortação apresentando a 
compreensão que Paulo tem do evangelho – de que judeus e 
gentios, juntos, formam o povo de Deus, com base na justiça 
recebida pela fé em Jesus Cristo e na dádiva do Espírito. 
Receptores: a igreja em Roma, que não foi fundada por Paulo 
nem estava sob sua jurisdição – embora ele saúde ao menos 
vinte e seis pessoas conhecidas suas (16:3-16). 
Ocasião: uma combinação de três fatores: 1) a visita que 
Febe tinha intenção de fazer a Roma (16:1-2); 2)a visita de 
Paulo a Roma e o desejo de ir até a Espanha com a ajuda dos 
irmãos romanos (15:17-29); e, 3) informações sobre tensões 
entre os cristãos judeus e gentios ali. 
Ênfase: judeus e gentios como povo único de Deus; o papel 
dos judeus na salvação de Deus por meio de Cristo; a 
salvação somente por meio da graça, recebida pela fé me 
Jesus Cristo e efetuada pelo Espírito; o fracasso da Lei e o êxito 
do Espírito em produzir justiça verdadeira; a necessidade de 
ser transformado pelo Espírito para viver em unidade como o 
povo de Deus no presente. 
 
I Coríntios 
Conteúdo: uma carta de correção, uma exortação ao 
comportamento dos membros daquela igreja que 
afrontava o evangelho de Cristo e a vida no Espírito. 
Receptores: a igreja em Corinto, composta principalmente 
por gentios (12:2; 8:7). 
Ocasião: Paulo responde a uma carta da igreja (7:1) e para 
relatar que a recebeu (1:11; 5:1). 
	
  
	
  
	
  
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Ênfase: o Messias crucificado como a mensagem central do 
evangelho; a cruz como a sabedoria e o poder de Deus; o 
comportamento cristão que se conforma ao evangelho; a 
verdadeira natureza da vida no Espírito; a futura 
ressurreição corporal dos cristãos mortos. 
 
II Coríntios 
Conteúdo: é possível que se trate de duas cartas (1-9 e 10-
13) combinadas em uma, tratando principalmente do 
relacionamento tênue de Paulo com a igreja coríntia, e de 
várias outras questões: o ministério de Paulo, a coleta para 
os pobres de Jerusalém e a questão referente a alguns 
cristãos judeus itinerantes que invadiram a igreja. 
Receptores: os mesmos de I Coríntios 
Ocasião: o retorno de Tito de uma visita recente (7:5-7) e a 
esperada terceira visita de Paulo à igreja (13:1) à luz da 
necessidade de a igreja estar com a coleta pronta antes 
de Paulo chegar e da prontidão deles em acolher “falsos 
apóstolos [...] disfarçando-se de apóstolos de Cristo” (11:13). 
Ênfase: o ministério cristão como serviço, refletindo o de 
Cristo; a glória maior da nova aliança em contraste com a 
antiga; a glória do evangelho exibida na franqueza dos 
seus ministros; o evangelho como reconciliação; dar aos 
pobres como uma expressão de generosidade, não de 
obrigação. 
Gálatas 
Conteúdo: uma argumentação contra alguns ‘missionários’ 
cristãos judeus que insistem em que os gálatas (por serem 
originalmente gentios) deviam se circuncidar para ser parte 
do povo de Deus. 
Receptores: cristãos gentios da Galácia. 
Ocasião: as igrejas da Galácia foram invadidas por alguns 
agitadores (5:12) que questionaram o evangelho de Paulo 
e seu apostolado; alguns gálatas, aparentemente, estão 
prestes a se render ao ensino deles, o que desencadeia 
uma vigorosa defesa por parte de Paulo de seu evangelho 
e chamado. 
Ênfase: o apostolado e o evangelho de Paulo vêm 
diretamente de Deus e de Cristo, não por mediação 
humana; a morte de Jesus deu fim às observâncias étnicas; 
o Espírito produz a justiça que a Lei não podia produzir; o 
Espírito capacita os cristãos a não ceder aos desejos 
pecaminosos; recebe-se o Espírito por meio da fé em Cristo 
Jesus. 
Efésios 
Conteúdo: encorajamento e exortação, situada contra o 
pano de fundo dos ‘poderes’ (6:12 NVI, outras versões trazem 
poderios ou potestades), que retrata Cristo unindo judeus e 
gentios como o único povo de Deus e como seu triunfo e 
glória máximos. 
Receptores: talvez uma epístola circular para muitas igrejas na 
província da Ásia, de que Éfeso é a capital. 
	
  
	
  
	
  
24	
  
	
  
Ocasião: Tíquico, que está levando a carta (6:21-22), também 
está levando duas outras cartas a Colossos (Colossenses e 
Filemon, ver Cl 4:7-9); talvez depois de refletir mais sobre a 
situação dessa cidade e a glória de Cristo, e conhecendo o 
temor asiático dos ‘príncipes deste mundo de trevas’, Paulo 
tenha escrito essa carta como uma epístola geral para os 
pastores das igrejas dessa área. 
Ênfase: o alcance cósmico da obra de Cristo; a reconciliação 
efetuada por Cristo entre judeus e gentios por meio da cruz; a 
supremacia de Cristo sobre ‘as potestades’ em prol da igreja; 
o comportamento cristão que reflete a unidade do Espírito. 
Filipenses 
Conteúdo: ação de graças, encorajamento e exortação da 
parte de Paulo à comunidade de cristãos emFilipos, que 
passa por aflição e experimenta alguns conflitos internos. 
Receptores: a igreja em Filipos, fundada por Paulo, Silas e 
Timóteo. 
Ocasião: Epafrodito, que havia trazido informações sobre a 
igreja a Paulo na prisão, e entregue ao apóstolo a oferta dela 
(2:30; 4:18), está prestes a retornar a Filipos, tendo acabado de 
se recuperar de uma enfermidade quase fatal (2:26-27). 
Ênfase: a parceria de Paulo e dos filipenses no evangelho; 
Cristo absolutamente fundamental para toda a vida, do início 
ao fim; conhecer a Cristo, tornando-se como ele em sua 
morte; alegrar-se em Cristo até mesmo no sofrimento; unidade 
por meio da humildade e do amor; a certeza e a busca do 
prêmio final. 
Colossenses 
Conteúdo: encorajamento aos cristãos relativamente novos a 
continuar na verdade de Cristo que recebera, e os advertindo 
contra influências religiosas externas. 
Receptores: os cristãos (principalmente gentios) em Colossos e 
Laodiceia (Cl 4:16). 
Ocasião: Epafras, colaborador de Paulo que fundou as igrejas 
no vale do Lico, recentemente veio a Paulo trazendo notícias 
da igreja, em geral boas, mas algumas nem tanto. 
Ênfase: A absoluta supremacia e total suficiência de Cristo, o 
Filho de Deus; o fato de que Cristo tanto perdoa o pecado 
como liberta a pessoa do terror dos poderes (ou potestades); 
regras e regulamentos religiosos não contam para nada, mas 
a vida ética que reflete a imagem do próprio Deus conta para 
tudo; a vida à semelhança de Cristo afeta todo tipo de 
relacionamentos. 
I Tessalonicenses 
Conteúdo: ações de graças, encorajamento, exortação e 
informação para cristãos gentios recém-convertidos. 
Receptores: recém-convertidos a Cristo tem Tessalônica, a 
maioria deles gentios (I Ts1:9-10). 
Ocasião: o retorno de Timóteo a Paulo e Silas em Corinto, 
Timóteo tinha sido enviado a Tessalônica para ver como 
estavam os novos cristãos (I Ts 3:5-7). 
Ênfase: a preocupação amorosa de Paulo pelos seus amigos 
em Tessalônica; o sofrimento como parte da vida cristã; a 
	
  
	
  
	
  
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necessidade de se realizar o próprio trabalho, não vivendo da 
generosidade alheia; a ressurreição dos cristãos que 
morreram; a prontidão para a vinda de Cristo. 
II Tessalonicenses 
Conteúdo: Paulo continua a encorajar a congregação em 
face do sofrimento; é também uma advertência contra ser 
confundido com respeito à vinda do Senhor, e de exortação a 
certos indivíduos a trabalhar com as próprias mãos em vez de 
abusar da generosidade alheia. 
Receptores: veja I Tessalonicenses 
Ocasião: Paulo recebeu informações de que certos indivíduos 
(provavelmente por meio de palavra profética) falaram em 
nome do apóstolo no sentido de que o dia do Senhor (a vinda 
de Cristo) já teria ocorrido; além disso, que os ociosos 
problemáticos a quem ele já havia se dirigido em I 
Tessalonicenses ainda não haviam corrigido seus hábitos. 
Ênfase: a salvação certa dos cristãos tessalonicenses e o 
julgamento certo de seus perseguidores; o dia do Senhor 
ainda está por vir e será precedido pela ‘apostasia’; aqueles 
que são preguiçosos e causam transtorno devem trabalhar 
por seu próprio sustento. 
Adaptado de Fee & Stuart (2013, p. 374-440) 
 
Nas epístolas Paulo se dirigiu com ênfase à Igreja de Cristo em sua 
coletividade, ele nos ensinou a ser Igreja. Sua mensagem permeou temas 
importantes como, por exemplo, os dons do Espírito (I Co 12-14 e Ef 4) como 
forma permanente da ação da Trindade na evangelização dos povos (cf. At 
1:8); a necessidade da pregação aos gentios (Gl 1:16; 2:7-9) de um evangelho 
exclusivamente vindo de Deus (Gl 1:6-9; 2:2; Cl 1:5-6). Seu ensino sempre teve 
como fundamento e alvo o Cristo crucificado e ressuscitado (I Co 2:2; 15:3-4; Gl 
3:1) e a expectativa da Segunda vinda (I Ts 4:13-511; II Ts 2). 
3.3.2 Cartas Paulinas 
 
As cartas formam um conjunto de correspondências íntimas, em que 
Paulo, sob a divina inspiração (ver I Tm 1:1-2; II Tm 1:1-2; Tt 1:1-4; Fl 1-2), se 
reporta diretamente aos amigos/discípulos, trazendo orientações sobre caráter, 
vida prática, serviço cristão, ânimo para enfrentar as dificuldades, exercício de 
liderança e muito mais. 
Essas cartas são atualmente lidas por todas as igrejas cristãs e, 
obviamente, não se trata de invasão de privacidade, nem de curiosidade 
	
  
	
  
	
  
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sobre a vida dos outros, mas de profundos ensinos sobre temas de extrema 
relevância para a nossa ‘cidadania celestial’. 
Basicamente, posso dizer, nessas cartas, Paulo nos ensina a ser cristãos na 
nossa intimidade, já que nas suas epístolas ele havia nos ensinado a ser cristão 
na igreja e na sociedade. 
Vamos a elas: 
 
I Timóteo 
Conteúdo: uma acusação contra alguns falsos mestres – reprovando o seu 
caráter e ensino -, com instruções quanto a várias questões comunitárias 
que esses mestres colocaram em crise, intercaladas com palavras de 
encorajamento. 
Receptores: Timóteo, jovem companheiro de longa data do apóstolo. 
Ocasião: Paulo havia deixado Timóteo encarregado de uma situação muito 
difícil na igreja em Éfeso, onde falsos mestres (possivelmente presbíteros 
locais) estão desencaminhando algumas igrejas nas casas; Paulo escreve a 
Timóteo, visando capacitá-lo para por um fim à obra desses presbíteros 
desviados e de algumas viúvas que os seguiam. 
Ênfase: a verdade do evangelho como a misericórdia de Deus 
demonstrada a todas as pessoas; o caráter que precisam ter os líderes da 
igreja; os ensinos especulativos, o ascetismo e o amor à polêmica e o amor 
ao dinheiro desqualificam a pessoa para a liderança da igreja; Timóteo, 
firmando-se no evangelho, deve dar exemplo de liderança e caráter 
cristãos genuínos. 
II Timóteo 
Conteúdo: um apelo a Timóteo para que se mantenha fiel a Cristo, ao 
evangelho e a Paulo, incluindo uma última investida contra os falsos mestres 
de quem ele falou na primeira carta. 
Receptores: ver I Timóteo. 
Ocasião: Paulo foi novamente preso e levado a Roma (o mais provável é 
que ele tenha escrito de Trôade, e sob instigação de Alexandre, 4:13-15 
[talvez, o mesmo homem que foi excomungado em I Tm 1:19-20]); a carta 
pede que Timóteo venha em auxílio Paulo, mas principalmente lhe oferece 
uma espécie de testamento. 
Ênfase: a obra salvadora de Cristo, que “tornou inoperante a morte e trouxe 
luz à vida e a imortalidade por meio do evangelho” (1:10); lealdade a Cristo 
pela perseverança no sofrimento e na privação; lealdade a Paulo pela 
lembrança de seu relacionamento de longa data; lealdade ao evangelho 
pela fidelidade em proclamar/ensinar ‘a palavra’ (mensagem do 
evangelho); a difusão legal, mas o fim certo, do falso ensino; a salvação 
daqueles que são de Cristo. 
Tito 
Conteúdo: instruções a Tito para colocar em ordem as igrejas em 
Creta, incluindo a designação de presbíteros qualificados e 
instruções a vários grupos sociais, situadas em contraste com os falsos 
mestres. 
Receptores: Tito, um gentio e antigo companheiro de viagem de 
Paulo (v. Gl 2:1-3; II Co 7:6-16). 
Ocasião: Paulo havia deixado Tito em Creta para terminar de 
ordenar e estruturar as igrejas, enquanto ele e Timóteo 
	
  
	
  
	
  
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(aparentemente) foram a Éfeso, onde se depararam com uma 
situação bastante complicada (v. I Tm). Paulo, contudo, teve de 
prosseguir até a Macedônia (I tm 1:3; cf. Fp 2:19-24); talvez o Espírito 
Santo o tenha lembrado, enquanto ele escrevia I Timóteo, de que 
problemas semelhantes haviam surgido em Creta, de modo que ele 
se dirige às igrejas por meio de Tito. 
Ênfase: o povo de Deus precisa ser bom e fazer o bem – e isso se 
aplicada especialmente aos líderes da igreja; o evangelho da graça 
se contrapõe aos falsos ensinos baseados na lei judaica. 
Filemon 
Conteúdo: o propósito exclusivo dessa carta é garantir o perdão a 
um escravo(provavelmente fugitivo) chamado Onésimo. Uma 
grande lição de restauração de relacionamentos. 
Receptores: Filemon é um cristão gentio em Colossos (Cl 4:9), em 
cuja casa a igreja se reúne. 
Ocasião: Onésimo se converteu recentemente e tem servido a 
Paulo, que está na prisão; ele agora está sendo enviado de volta a 
Filemon, acompanhado por Tíquico; este também leva consigo 
cartas às igrejas em Colossos (Colossenses) e na Ásia (Efésios). 
Ênfase: O evangelho reconcilia as pessoas umas com as outras, não 
apenas judeus (Paulo) e gentios (Filemon), mas, também, escravos e 
seus senhores, tornando todos irmãos. 
Adaptado de Fee & Stuart (2013, p. 441-461) 
 
Os relacionamentos de Paulo com Timóteo, Tito e Filemon têm, 
obviamente, graus de intimidade distintos, porém as cartas exalam amor e 
cuidado com cada um deles na mesma intensidade. Aos jovens Timóteo e Tito, 
que estão na liderança de igrejas locais, Paulo dá conselhos sobre vida, 
caráter e doutrina que devem ser absorvidos por todos os líderes das igrejas 
cristãs. 
Mas, no bilhetinho que Paulo escreve a Filemon, hospedeiro e, 
provavelmente líder, da igreja na cidade de Colossos, contém um pedido que 
só pode ser feito a quem possui Cristo no coração e na consciência. Paulo 
pede que Filemon receba de volta um escravo que fugiu da sua casa, que o 
trate com a mesma dignidade que trataria o próprio Paulo (v. 17) e que lhe 
perdoe os prejuízos causados (v. 18, provavelmente roubo). É o bilhete do 
perdão radical. Uma linda lição de cristianismo. 
3.3.3 Epístolas Não-Paulinas 
 
Vou chamar de epístolas não-paulinas aquelas escritas por Pedro, Tiago e 
Judas, bem como a epístola aos Hebreus. Excluo, também, as epístolas de 
	
  
	
  
	
  
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João, pois serão tratadas separadamente. Não é uma nomenclatura a que se 
deva nenhuma explicação, mas apenas uma forma de separar os livros do 
Novo Testamento. 
Esse conjunto de epístolas é especialmente diverso, dificilmente caberia 
dentro de qualquer outra classificação que tentassem lhe atribuir. O que 
podemos encontrar em comum entre elas? Muito pouco, mas, nessas epístolas, 
de maneira geral, o Senhor nos comunica a profunda mudança da relação 
entre Deus e a sua criação, ocorrida por ocasião do sacrifício de Cristo. Os 
temas centrais dessas epístolas estão ligados ao abandono da visão imperfeita 
da religião judaica e à aproximação com a plenitude de Deus em Cristo. 
Vamos conhecê-las melhor? 
Hebreus 
Conteúdo: uma “palavra de exortação” (Hb 13:22) enviada na forma 
de epístola, encorajando à perseverança fiel à luz da suprema 
palavra final que Deus falou por meio de Cristo. 
Receptores: um grupo desconhecido, mas específico de cristãos de 
origem judaica, por isso, chamados hebreus; não se sabe se esses 
cristãos estavam em Roma (13:24), mas, aparentemente, estavam 
cortando relações com a comunidade cristã mais ampla (10:25; 
13:7,17) e, por esta razão, são exortados. 
Ocasião: a comunidade está desencorajada por causa do 
sofrimento (10:35-39), e talvez devido a dúvida quanto a se Jesus 
realmente resolveu o problema do pecado; o autor escreve para 
convencê-los: “não abram mão da confiança que vocês têm, ela 
será ricamente recompensada” (10:35, cf. 2:1 e 4:14). 
Ênfase: Deus pronunciou a sua palavra final absoluta por meio de seu 
Filho; abandonar a Cristo é abandonar a Deus completamente; 
Cristo é superior a tudo o que veio antes – a antiga revelação, seus 
mediadores angélicos, o primeiro xodó (Moisés e Josué) e todo o 
sistema sacerdotal; o povo de Deus pode ter plena confiança no 
Filho de Deus, o perfeito sumo sacerdote, que oferece a todas as 
pessoas o acesso imediato a Deus. 
Tiago 
Conteúdo: um tratado consistindo em uma série de pequenos ensaios 
morais, enfatizando a perseverança no sofrimento e a vida cristã 
responsável, com uma preocupação especial no sentido de que os 
cristãos pratiquem o que pregam e vivam em harmonia. 
Receptores: os fiéis em Cristo entre os judeus da Diáspora. 
Ocasião: desconhecida, mas o tratado mostra uma preocupação 
quanto à situação real nas igrejas, incluindo diversas provações, 
discórdias causadas por palavras duras e de julgamento e abuso dos 
pobres pelos ricos. 
Ênfase: a fé prática por parte dos cristãos; alegria e paciência em meio 
	
  
	
  
	
  
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às provocações; a natureza da verdadeira sabedoria (cristã); as 
atitudes dos ricos em relação aos pobres; o bom e o mau uso da língua. 
I Pedro 
Conteúdo: encorajamento aos cristãos passando por sofrimento, 
instruindo-os sobre como responder de maneira cristã aos perseguidores 
e exortando-os a viver uma vida digna do seu chamado. 
Receptores: aos cristãos da dispersão, nas cinco províncias da Ásia 
Menor (a Turquia moderna). 
Ocasião: provavelmente uma preocupação quanto ao surto de 
perseguição local que alguns cristãos recentes estavam 
experimentando como resultado direto de sua fé em Cristo. 
 
Ênfase: o sofrimento por causa da justiça não deve nos surpreender; os 
cristãos devem se submeter ao sofrimento injusto da mesma forma que 
Cristo se submeteu; Cristo sofreu em nosso favor para nos libertar do 
pecado; o povo de Deus deve viver de modo justo em todas as épocas, 
mas principalmente em face da hostilidade; a nossa esperança para o 
futuro se baseia na certeza da ressurreição de Cristo. 
II Pedro 
Conteúdo: um discurso de despedida enviado em forma epistolar, 
exortando ao crescimento e à perseverança dos cristãos no contexto 
de alguns falsos mestres que quanto negam a segunda vinda de Cristo 
como vivem descaradamente no pecado. 
Receptores: um grupo de cristãos desconhecido, mas específico. 
Ocasião: o desejo de firmar os leitores na fé e na vida santa e piedosa, e 
ao mesmo tempo de adverti-los quanto aos falsos mestres e seu modo 
de vida. 
Ênfase: interesse em que o povo de Deus cresça em santidade e a 
demonstre em sua vida; o julgamento inevitável dos falsos mestres 
devido à conduta pecaminosa deles; a certeza da vinda do Senhor, 
apesar da zombaria dos falsos mestres. 
Judas 
Conteúdo: uma carta pastoral de exortação, advertindo severamente 
acerca de alguns falsos mestres que “se infiltraram” entre eles. 
Receptores: desconhecidos, provavelmente uma congregação 
constituída predominantemente de cristãos judeus, em algum lugar na 
Palestina, bastante familiarizado com o Antigo Testamento e com a 
literatura apocalíptica judaica. 
Ocasião: uma ameaça apresentada por alguns ministros itinerantes que 
transformaram a graça em libertinagem e se introduziram entre eles 
com dissimulação. 
Ênfase: o julgamento inevitável daqueles que vivem de forma 
negligente e ensinam outros a fazer o mesmo; a importância da vida 
santa e piedosa; o amor de Deus pelos seus fieis e sua preservação 
deles. 
Adaptado de Fee & Stuart (2013, p. 462-487) 
A autoria de três dessas epístolas precisa de cuidados especiais, vamos 
entender melhor: 
a) a autoria da epístola de Tiago: a tradição nos informa de que o autor 
dessa epístola é mesmo o irmão de Jesus Cristo. Durante o ministério terrenos de 
Jesus, Tiago e seus irmãos não criam nele (Jo 7:5). Tiago provavelmente passou 
a crer depois que Jesus ressurreto apareceu a ele (I Co 15:7). Depois a 
	
  
	
  
	
  
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ascensão de Jesus, Tiago estava no cenáculo junto com os seus irmãos e os 
apóstolos (At 1:13-14). Ele assumiu a liderança da igreja em Jerusalém (At 12:17; 
15:13) e foi reconhecido como líder da igreja (Gl 1:19; 2:9, 12) e até encontrou-
se com Paulo para ouvir os seus relatos missionários (At 21:18). 
b) a autoria da carta aos Hebreus: embora haja uma insistência por 
parte de alguns leigos em afirmar que esta carta foi escrita por Paulo, é senso 
comum, entre os eruditos, que não foi. Já no ano 225 d.C. Orígenes,um dos 
pais da igreja, dizia que só Deus sabe quem escreveu esse texto. Obviamente, 
a única coisa que precisamos saber é que se trata de um material divinamente 
inspirado; 
c) a autoria da carta de Judas: para que não haja confusão, não é de 
Judas Iscariotes, o traidor. Esse Judas se apresenta humildemente como irmão 
de Tiago, portanto, estamos nos referindo a mais um irmão do próprio Jesus. 
 
3.3.4 Demais escritos joaninos 
 
Além do evangelho, já comentado, João, também, escreveu três 
epístolas, ou cartas, e o livro de Apocalipse. Uma de suas principais 
características é o uso da experiência particular com Jesus e a ênfase no fato 
de que Ele é a Palavra encarnada (veja Jo 1:1-14; I Jo 1:4), que Ele é a 
Verdade (Jo 14:6; II Jo 1,2; III Jo 1) e que Ele voltará (Ap 1:1-3). 
As palavras emotivas, a abordagem mais sobrenatural e a ênfase nos 
relacionamento, também, são características joaninas. O Apocalipse é um 
escrito particularmente diferente de todos os outros da própria Bíblia. Ali, João 
registra uma mensagem recebida de Deus por meio oral e visual. Figuras 
estranhas, aterrorizantes mesmo, aparecem no livro que revela “aos seus servos 
o que em breve há de acontecer” (Ap 1:1). 
Amor descrito de forma quase poética e a mais espantosa profecia 
sobre a segunda vinda de Jesus são componentes marcantes dos escritos 
joaninos. 
I João 
Conteúdo: um tratado que oferece segurança a alguns cristãos específicos, 
encorajando-os a serem leais à fé e prática cristãs – em resposta a alguns 
	
  
	
  
	
  
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falsos profetas que deixaram a comunidade. 
Receptores: uma comunidade cristã, bem conhecida do autor, a quem ele 
se reporta como ‘filhinhos’. A tradição aponta para Éfeso. 
Ocasião: a apostasia dos falsos profetas e seus seguidores, que colocaram 
em questão a ortodoxia – tanto na fé quanto na prática – daqueles que 
permaneceram leais àquilo que remonta ao ‘princípio’. 
Ênfase: Jesus, que veio em carne, é o Filho de Deus; Jesus mostrou o amor 
de Deus por nós por meio de sua encarnação e crucificação; os 
verdadeiros cristãos amam uns aos outros assim como Deus os amou em 
Cristo; os filhos de Deus não pecam habitualmente, mas quando pecam, 
recebem o perdão; os cristãos podem ter plena confiança no Deus que os 
ama; porque cremos em Cristo, agora temos a vida eterna. 
II João 
Conteúdo: advertência contra os falsos mestres que negam a encarnação 
de Cristo. 
Receptores: veja I João 
Ocasião: a ‘senhora eleita’ é ou uma igreja local específica ou uma mulher 
que hospeda uma igreja na sua casa; ‘seus filhos’ são os membros da 
comunidade cristã. 
Ênfase: a mesma de I João. 
III João 
Conteúdo: a alegria de João em razão da fidelidade de Gaio, seu filho na 
fé. 
Receptores: Gaio, filho na fé de João, que vive em outra cidade. 
Ocasião: uma carta anterior à mesma igreja havia sido ridicularizada por 
Diótrefes, que, também, recusou hospitalidade aos amigos de João, além 
de excluir da igreja quem lhes desse guarita. Consequentemente, João 
escreve a Gaio, pedindo-lhe que receba Demétrio. 
Ênfase: as obrigações de hospitalidade cristã, especialmente para com os 
ministros itinerantes aprovados. 
Apocalipse 
Conteúdo: uma profecia cristã, apresentada na forma de epístola, tratando 
dos dias vindouros e trazendo os temas da grande tribulação (sofrimento) e 
do juízo que se abaterá sobre toda a terra. 
Receptores: igrejas da província romana da Ásia (atual Turquia). 
Ocasião: João escreve em meio a um clima politicamente tenso entre os 
cristãos e o Império Romano, advertindo que as coisas ainda iriam piorar 
muito antes de melhorar. Exortando e animando o povo para manter-se fiel 
a Jesus Cristo a pesar de todas as dificuldades. 
Ênfase: o controle absoluto de Deus sobre a história; o contraste entre o 
sofrimento terreno e a salvação garantida para todos os cristãos que 
perseveram; o julgamento de Deus virá sobre os responsáveis pelo 
sofrimento da Igreja; a restauração por parte do Senhor (Ap 21-22) de tudo 
aquilo que foi perdido ou distorcido no princípio (Gn 1-3). 
Adaptado de Fee & Stuart (2013, p. 488-518) 
A abordagem joanina, em todos os seus escritos, é fundamentalmente 
voltada para salvação e vida eterna. É nos escritos joaninos que encontramos 
a centralidade da missão de Jesus. João é o único que registra o diálogo do 
Messias com Nicodemos, em que Jesus declara que “Deus amou o mundo de 
tal maneira que deu seu filho unigênito para que todo aquele que nele crê não 
pereça, mas tenha vida eterna” (Jo 3:16). 
	
  
	
  
	
  
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É João que reiteradas vezes registra as declarações mais veementes do 
Cristo sobre quem Ele é e o que veio fazer aqui: “eu vim para que tenham vida, 
e que a tenham plenamente” (Jo 10:10). As suas epístolas, definitivamente, têm 
teor confirmatório da mensagem do seu evangelho. E sua base está na certeza 
da vida eterna. 
 
 
João 20:31 I João 5:13 
Mas estes foram escritos para que 
vocês creiam que Jesus é o Cristo, o 
Filho de Deus e, crendo, tenham vida 
em seu nome. 
Escrevi-lhes estas coisas, a vocês que 
crêem no nome do Filho de Deus, 
para que vocês saibam que têm a 
vida eterna. 
 
 
Nesses dois trechos, vemos que o propósito de João, tanto no evangelho 
quanto nas cartas é o mesmo: comunicar que todo aquele que crê já tem a 
vida eterna. Esse propósito não é distinto em Apocalipse, pois nele João 
anuncia aquilo que “em breve há de acontecer” (Ap 1:1). E que razão haveria 
para uma profecia sobre o fim dos tempos, se não para nos proteger do mal e 
nos guiar para a eternidade? 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO IV – PANORAMA TEMÁTICO 
 
 
O tema dominante do Novo Testamento é a pessoa de Cristo 
apresentada como “o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14:6) e como a “luz 
do mundo” (Jo 8:12), vinda para guiar os nossos passos fora das trevas. Mas, na 
pessoa de Jesus, outros temas se tornam vivos no Novo Testamento, a salvação 
	
  
	
  
	
  
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pela fé, a perseverança como evidência da salvação e a expectativa do Dia 
Triunfal do Senhor. 
Esses temas estão permeando todo o Novo Testamento, não se 
encontram sistematizados nas Escrituras, pois eles emergem juntamente com 
vivência de Cristo e dos seus discípulos. Isso nos faz perceber os temas do Novo 
Testamento como ensinos totalmente entranhados no sentido e significado de 
nossas próprias vidas. Afinal, todas as profecias ali contidas estão diretamente 
vinculadas ao desenvolvimento do nosso caráter por meio da santificação (Fl 
2:12). 
 
4.1 Humanidade e divindade de Cristo 
 
O cristão deposita toda a sua esperança em Cristo, a salvação, a 
eternidade da alma, a vida comunitária baseada em justiça e amor, o fim do 
sofrimento terreno, o triunfo da vida sobre a morte; enfim, o cristão deposita 
muitas expectativas na pessoa de Jesus Cristo. 
Essas expectativas, evidentemente, só podem ser alcançadas se 
estivermos falando de Deus e não de um simples homem. Por outro lado, ao 
mesmo tempo, não podemos negar que Jesus Cristo foi plenamente humano, 
ele andou pela terra, viveu um tempo cronológico como qualquer um de nós, 
comeu, bebeu, sorriu, chorou e conviveu com pessoas. 
O fato, contudo, é que Jesus realizou uma obra que seria impossível a um 
homem que não fosse Deus e inacessível a um Deus que não fosse homem. 
Brunner (1950, p. 339), citado por Boice (2011, p. 231) diz: 
 
Somente quando eles [os discípulos] o entenderam como Senhor 
absoluto, a quem pertence a plena soberania divina, a Páscoa, como 
vitória, e a Paixão, como um fato da salvação, tornaram-se inteligíveis. 
Somente quando conheceram Jesus como o Senhor celestial do 
presente, entenderam-se como aqueles que teriam o seu quinhãono 
Reino messiânico como homens do novo, da Era messiânica. 
 
 
	
  
	
  
	
  
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A Páscoa como vitória, a que Brunner (1939) se refere, é a entrega do 
sacrifício único e perfeito que selaria toda a história cosmológica da obra 
divina sobre a terra. Era necessário que a mais perfeita auto revelação de Deus 
viesse em amor, pois essa é a sua essência (I Jo 4:8), para “dar a sua vida em 
resgate de muitos” (Mc 10:45b), a saber, de todos os que creem (Jo 3:16). 
Assim, Cristo se revela como o que veio para “buscar e salvar os que 
estavam perdidos” (Lc 19:10). Fazendo da sua encarnação (Jo 1:14) o meio 
para que Ele pudesse ser, simultaneamente, o redentor e o sacrifício perfeito e 
inequívoco que tiraria o pecado do mundo (Jo 1:29). Vamos entender como 
Ele pode ser, ao mesmo tempo, homem e Deus. 
 
4.1.1 Cristo Homem: o sacrifício perfeito 
 
Os evangelhos escritos por Mateus e Lucas iniciam a narrativa das boas 
novas de Cristo a partir do seu nascimento virginal, dando certa ênfase à 
genealogia de Cristo. A narrativa apresentada por Marcos ignora a infância do 
Senhor Jesus e já começa com o ensinamento moral do seu evangelho, 
convocando a todos, na voz de João Batista, para o arrependimento dos 
pecados. O quarto evangelho, narrado por João, surpreende por uma 
narrativa inteiramente voltada para o reconhecimento da natureza divina de 
Jesus e da espiritualidade da Sua obra, mas, considera fundamental a 
informação de que Cristo foi homem. Vejamos, então, quais os aspectos da 
humanidade de Cristo. 
 
a) Sua vida plenamente humana 
 
Jesus Cristo, como já mencionado, está nas listas das genealogias 
humanas (Mt 1:1-16; Lc 3:23-38). Excetuando-se a concepção divina, seu 
nascimento foi totalmente humano (Mt 1:25; Lc 2:7; Gl 4:4). Ele cresceu e se 
desenvolveu como qualquer pessoa (Lc 2:40-52; Hb 5:8). Ele apresentou as 
mesmas limitações que qualquer um de nós: cansaço (Jo 4:6); fome (Mt 21:18), 
sede (Mt 11:19). O sofrimento o afligiu como a qualquer outro ser humano (Mc 
	
  
	
  
	
  
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14:33-36; Lc 22:63; 23:33). Emocionou-se como qualquer um, demonstrando: 
tristeza (Mt 26:37); supresa (Lc 7:9); alegria (Lc 10:21), compaixão (Mt 9:36) e até 
ira (Mc 3:5). E a última prova de sua vida plenamente humana é o fato de ele 
ter padecido em virtude de armas e de torturas humanas (Lc 22:44; Jo 19:33). 
 
b) Sua vida de devoção ao Pai 
 
Outra evidência da plena humanidade de Cristo é que Ele estudou, 
meditou e explicou as Escrituras (Mt 4:4; 19:4; Lc 2:46; 24:47). Ele orava 
publicamente (Lc 3:21) e participava das cerimônias públicas de adoração (Lc 
4:16). Apresentava-se ao Pai na sua devoção íntima e pessoal (Lc 6:12). 
 
c) Seu conhecimento limitado 
 
Apesar de sua superioridade em relação à sabedoria de qualquer ser 
humano (Jo 1:47; 4:29; Lc 6:8; 9:47) e de ser um exímio conhecedor das 
Escrituras (Mt 22:29; 26:54,56; Lc 4:21ss; 24:27, 44ss), Jesus Cristo tinha limitações 
de conhecimento (Mc 5:30ss; 6:38; 9:21; Lc 2:46; Mc 13:22). 
 
d) Suas tentações 
 
Apesar de jamais haver pecado, Cristo foi tentado em todas as coisas, 
assim como qualquer um de nós (Hb 4:15). 
 
Mas, em tudo, é preciso ressaltar, Jesus jamais pecou, apesar de ser 
plenamente humano. Ele foi o substituto perfeito de Adão, o primeiro homem, 
que introduziu o pecado no mundo (Rm 5). Ele nunca sucumbiu à depravação 
moral oriunda da Queda (Hb 4:15; 7:26; II Co 5:21). 
Por isso, Ele foi o sacrifício perfeito, o único que poderia tirar o pecado do 
mundo (Jo 1:29), levar sobre si as nossas culpas (Is 53), trazendo-nos a paz que 
era impossível por meio da nossa fragilidade humana (Ef 2). 
 
	
  
	
  
	
  
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4.1.2 Cristo Deus: o soberano sofredor 
 
As Escrituras também nos revelam a divindade de Cristo. Mostrando que 
além de sacrifício perfeito, Ele foi um soberano que teve a ousadia de sofrer 
como um servo por seu povo. As Escrituras apresentam a sua divindade da 
seguinte forma: 
 
a) Os milagres de Cristo 
 
Os milagres de Cristo, considerando apenas os que foram narrados no 
Novo Testamento - pois muitos não foram escritos (Jo 21:25)- tomariam muito 
espaço aqui. Mas, a sua concepção divina (Mt 1:20; Lc 1:34, 35) e a sua 
ressurreição testemunhada por muitos (Atos 1:3; veja Lucas 24:36-43) são provas 
inquestionáveis da divindade e de Cristo. 
 
b) As palavras de Cristo sobre a sua própria divindade 
 
Severa (2010, p. 231) ensina: o próprio Cristo tinha consciência da sua 
divindade. Ele mesmo se iguala ao Pai na vida (Jo 5:26), na honra (Jo 5:23), na 
glória (Jo 17:5), na eternidade (Jo 8:58), no nome (Jo 8:24), na fórmula batismal 
(Mt 28:19). Ele declara sua união com o Pai (Jo 5:18; 10:33, 38). Portanto, não 
foram só os discípulos que creram ser Jesus o Filho de Deus. O próprio Cristo 
sabia da sua natureza divina. 
 
c) Jesus tinha os atributos divinos 
 
Severa (2010, p. 231-232), também, nos lembra que: Jesus Cristo exerce 
atribuições que só cabem à divindade. Ele tem autoridade para perdoar 
pecados (Mc 2:10), tem autoridade sobre o sábado (Mc 2:28); sobre a vida dos 
homens (Mt 16:24-26), e tem poder para salvar os homens dos seus pecados 
(Mt 1:21; Jo 8:34-36). 
 
	
  
	
  
	
  
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Estas são algumas das demonstrações de que, segundo a Bíblia, Jesus 
realmente é Deus. Mesmo dotado de tamanho poder, Ele “embora sendo 
Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; 
mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos 
homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi 
obediente até à morte, e morte de cruz!” (Fl 2:6-8). 
 
4.1.3 Cristo Homem-Deus: o salvador acessível 
 
A dupla natureza de Cristo é fruto da encarnação. Quando “aquele que 
é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós” (Jo 1:14a), o mundo mudou 
eternamente e a própria concepção de história foi alterada, pois a eternidade 
ganhou, definitivamente, espaço na vida cotidiana. Assim, “vimos a sua glória, 
glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 
1:14b). Desta forma, a encarnação e a imagem de Deus se revelam de 
maneira única na pessoa de Cristo, que tornou a nossa salvação possível por 
meio da sua entrega e nos deu pleno acesso ao Pai, quando nos ensinou a 
orar em seu nome. Ele nos deu o sacerdócio santo (I Pe 2:9). 
 
 
4.2 O Reino do poderoso Deus feito pelos homens mais fracos12 
 
A expressão grega basileia tou~ Qeou~ (basileia tou Theo) diz respeito 
ao governo, ou domínio, absoluto de Deus sobre todas as coisas. Um reino que 
estende por todo o céu e por toda a terra. Quando ouvimos falar de algo 
assim, pensamos sobre a forma como o Senhor vai comandar tudo isso e que 
grande exército Ele vai convocar. Mas, estranhamente, o Senhor tem 
convocado um exército bastante diferente do que se imaginava. 
 
De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus levantou-se, saiu de 
casa e foi para um lugar deserto, onde ficou orando. Simão e seus 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
12 Adaptado do livro: GIRARD, R. C. & RICHARDS, L. Guia fácil para entender a vida de Jesus. 
Ed. Thomas Nelson Brasil: Rio de Janeiro, 2013. 
	
  
	
  
	
  
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companheiros foram procurá-lo e, ao encontrá-lo, disseram: "Todos 
estão te procurando!" Jesus respondeu:

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