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Receitas e Despesas GANHOS E PERDAS UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, CONTABILIDADE E SECRETARIADO EXECUTIVO DISCIPLINA: TEORIA DA CONTABILIDADE PROFESSORA: CÉLIA MARIA BRAGA ALUNOS: FELIPE MARINHO TERESINHA DUARTE FLÁVIA CARDOSO Receitas e Ganhos – Visão Geral • De acordo com Hendriksen e Van Breda (1999, p. 224), “as receitas são o fluido vital da empresa. Sem receitas, não haveria lucros. Sem lucros, não haveria empresa. Dada a sua importância, tem sido surpreendentemente difícil definir a receita como um elemento contábil.” • As empresas têm frequentemente se valido das deficiências de definições para apresentar cifras discutíveis a título de receita, inflacionando assim seu lucro. • De maneira análoga, as empresas têm encontrado brechas com as quais evitam incluir certos itens como despesa de determinado exercício. • Em seu nível mais fundamental, receita é um aumento de lucro. Tal como o lucro, trata-se de um fluxo – a criação de bens ou serviços por uma empresa durante um período. • Os ganhos distinguem-se das receitas por serem periféricos às atividades básicas da empresa. • Em termos gerais, as receitas devem reconhecidas após um evento crítico, ou assim que o processo de venda tenha sido cumprido em termos substanciais. Enfoques da definição: atividade ou eventualidade Conceitualmente, há uma grande dificuldade na definição e consequente distinção correta dos termos “Receitas” e “Ganhos”. De acordo com HENDRIKSEN e VAN BREDA (1999), “diversas tentativas têm sido feitas para produzir tal distinção, muitas das quais tem terminado com resultados um tanto arbitrários”. Do ponto de vista destes autores, pode-se alcançar uma melhor compreensão da contabilidade ignorando tal distinção, preferindo diferenciar entre as atividades produtoras de riqueza da empresa e as transferências inesperadas ou imprevistas. •Enfoque operacional: receita se relacionada à atividade-fim da empresa. Aumentos de benefícios econômicos não relacionados com o objeto social são considerados ganhos. •Receitas recorrentes e não recorrentes (Lei 11.638): se houver eventualidade de um fato contábil não relacionado diretamente com a atividade-fim da empresa, este será considerado receita. Exemplo “Venda de sucata por um supermercado” • Enfoque operacional: venda de sucata = ganho • Enfoque na eventualidade (ou não): venda de sucata todos os meses = receita recorrente. Definições de Receita Ano Autor/ Órgão de Pesquisa Enfoque 1940 Paton e Littlefield Produto da empresa 1957 AAA Fluxos de saída 1962 Sprouse e Moonitz Valor de troca 1970 Pronunciamento 4 do APB Patrimônio dos acionistas 1985 FASB Entrada de recursos Quadro 1: Enfoques das diversas definições de receita. Fonte: elaboração dos autores. PATON E LITTLEFIELD (1922) • Paton e Littlefield, Paton e Littlefield chamavam essa criação de produto da empresa. • Note-se que essa definição não determina a magnitude ou o momento em que a receita deve ser reconhecida. • Várias definições similares concordam que receita é o produto da empresa, mas acrescentam que o produto deve deixar a empresa antes de poder ser chamado de receita (uma ideia de fluxo de saída). “Receita é um fluxo de criação de bens ou serviços por uma empresa durante um período.” (1940, apud. HENDRIKSEN e BREDA, p. 224) ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE CONTABILIDADE (AAA) • Caracteriza monetariamente um agregado de bens e serviços. • Adiciona a condicionante de que os produtos ou serviços devem ter sido transferidos aos clientes durante certo período de tempo. • De acordo com Iudícibus, “não há dúvida de que o ponto de transferência é, usualmente, o melhor para a Contabilidade, para definir e caracterizar a receita, mas não é o único” • Assim, essa transferência torna-se um fator restritivo de outras alternativas de reconhecimento. (IUDÍCIBUS, 2010, p. 149) “Receita... é a expressão monetária dos produtos ou serviços agregados transferidos por uma empresa a seus clientes num período” (HENDRIKSEN e BREDA, 1999, p. 224) SPROUSE E MOONITZ (1962) • Pode-se dizer, portanto, que nessa definição as receitas surgem do valor de troca que o mercado confere ao esforço da empresa e que, portanto, não existiriam sem essa atribuição de valor. • De acordo com Iudícibus (p. 149, 2010) essa definição é uma das melhores, pois caracteriza o que é essencialmente a receita e dá margem a uma ampla gama de formas pela quais pode ser reconhecida. “Receita de uma empresa durante um período de tempo representa uma mensuração do valor de troca dos produtos (bens ou serviços) durante aquele período.” (1962, apud. IUDÍCIBUS, 2010, p. 149) FINANCIAL ACCOUNTING STANDARDS BOARD (FASB) • Contrário à ideia de fluxo de saída, o FASB concentrou sua atenção no recebimento de dinheiro no momento da venda. • O aspecto fundamental da definição do FASB é a caracterização da receita como fruto do trabalho de negociação e venda da empresa, algo recorrente em suas atividades. • Em caso de venda a prazo, definiu receita em termos da entrada de ativos na empresa em consequência de vendas de bens ou serviços. “Receitas são entradas ou outros aumentos de ativos de uma entidade, ou liquidações de seus passivos (ou ambos), decorrentes da entrega de produção de bens, prestação de serviços, ou outras atividades correspondentes a operações normais ou principais da entidade.” (HENDRIKSEN e BREDA, 1999, p. 224) Críticas à definição do FASB confusão entre o produto com o pagamento recebido por esse produto: não permite que se use um enfoque tão amplo dos processos de mensuração e reconhecimento; não trata das entradas que devem ser consideradas como receitas e de quais não devem sê-lo; Exemplo: vendas a prazo ocorrem antes de haver entradas de ativos. PRONUNCIAMENTO 4 DO APB • Segundo Hendriksen e Van Breda (1999, p. 225) esse enfoque “nada acrescenta a nossa compreensão de sua natureza básica”. Para eles, além de apresentar a definição de receitas em termos de um resíduo, apenas relaciona a receita à escrituração por partidas dobradas. • Outra crítica faz referência aos aumentos brutos de patrimônio que não são provenientes de receitas. A aquisição de imóveis, por exemplo, afeta o patrimônio mas geralmente não é considerada como receita. “Aumentos brutos de ativos ou reduções brutas de passivos, reconhecidos e medidos em conformidade com princípios contábeis geralmente aceitos, que resultam daqueles tipos de atividades com fins lucrativos ... de uma empresa, e que podem alterar o patrimônio dos proprietários...” (HENDRIKSEN e BREDA, 1999, p. 225) Principais aspectos das definições de Receita Ano Autor/ Órgão de Pesquisa Enfoque Aspectos importantes 1940 Paton e Littlefield Produto da empresa fluxo de bens e serviços; neutro quanto ao reconhecimento e mensuração. 1957 AAA Fluxos de saída receita como expressão monetária; transferência de bens ou serviços: condicionante do reconhecimento. 1962 Sprouse e Moonitz Valor de troca valor de troca como origem da receita; ampla margem para o reconhecimento. 1970 Pronunciamento 4 do APB Patrimônio dos acionistas enfoque nos aumentos brutos de ativos que podem alterar o patrimônio dos sócios. relaciona receita com partidas dobradas. 1985 FASB Entrada de recursos definição em termos de entrada; resultado das atividades principais ou básicas da empresa. Quadro 2: Principais aspectos das definições de Receita Fonte: elaboração dos autores. DEFINIÇÃO DE RECEITA De acordo com o IASB, receitas são “aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de entrada ou aumento de ativosou diminuição de passivos, que resultam em aumentos do patrimônio líquido e que não sejam provenientes de aporte dos proprietários da entidade.” Essa definição foi adotada pela Estrutura Conceitual CVM e do CPC. • Para fins de divulgação na demonstração do resultado, a receita inclui somente os ingressos brutos de benefícios econômicos recebidos e a receber pela entidade quando originários de suas próprias atividades. As quantias cobradas por conta de terceiros – tais como tributos sobre vendas, tributos sobre bens e serviços e tributos sobre valor adicionado não são benefícios econômicos que fluam para a entidade e não resultam em aumento do PL. Portanto, são excluídos da receita. • Embora representem entradas e aumentem ativos, destaca-se que os aportes de capital não devem ser considerados como receitas porque não representam esforço da empresa. Características da definição 1. Depende das definições de ativo, passivo e patrimônio líquido. 2. Associa-se à sistemática contábil das partidas dobradas. 3. A receita também pode resultar da liquidação do passivo. 4. Receita não se confunde com aumentos de capital da entidade. 1. Somente após existir plenas condições de reconhecimento do ativo é que a receita também será reconhecida. 2. Exemplo: geração de receita através da prestação de serviço. D – Duplicatas a receber C – Receitas 3. Fornecimento de mercadoria em troca de um empréstimo. D- Empréstimos a pagar C- Estoque CARACTERÍSTICAS DA DEFINIÇÃO • A posição do IASB, assim como da Estrutura Conceitual da CVM e do CPC, é ampla o suficiente para incluir também o que a literatura denomina de ganho. • O IASB afirma que “ganhos representam outros itens que se enquadram na definição de receitas”. • Uma vantagem de considerar um tratamento especial aos ganhos decorre do fato de que o usuário da informação contábil necessitaria saber qual o resultado obtido pela entidade com suas atividades-fins. • O IASB, assim como a CVM e o CPC, considera que receitas são aquelas que surgem no curso normal das atividades de uma entidade e é designada por uma variedade de nomes, tais como podendo receber o nomes como vendas, honorários, juros, dividendos, aluguéis e royalties. “Conforme o próprio IASB ressalta, a definição não procura especificar os critérios para reconhecimento na demonstração do resultado. Em outras palavras, a definição de receita está segregada do seu reconhecimento.” (NYAMA e SILVA, 2011, p. 208) GANHOS • Hendriksen e Van Breda (1999, p. 225) incluem todas as atividades produtoras de riqueza da empresa na categoria geral de receita. Patton e Littlefield e o Pronunciamento Técnico número 4 do APB (HENDRIKSEN, 1999, p. 225), também adotam essa visão abrangente de receita. O FASB, porém diferencia receitas de ganhos definindo-os como aumentos de PL decorrentes de atividades periféricas ou incidentais. • De acordo com o CPC 00, ganhos são “itens que se enquadram na definição de receita e podem ou não surgir no curso das atividades usuais da entidade, representando aumentos nos benefícios econômicos e, como tais, não diferem, em natureza, das receitas. • Exemplos: venda de imobilizado, os que resultam da reavaliação de títulos e valores mobiliários negociáveis e os que resultam de aumentos no valor contábil de ativos de longo prazo. De acordo com o FASB, ganhos são: “aumentos de patrimônio líquido decorrentes de operações periféricas ou incidentais.” O FASB reconhece que sua definição não permite distinções detalhadas, mas argumenta que a distinção é importante é apenas para fins de apresentação, distinções detalhadas não são necessárias.” (HENDRIKSEN e BREDA, 1999, p. 226) CASO PRÁTICO Receita de venda $ 1.000 CPV ($ 800) Lucro Bruto $ 200 Despesas ($ 300) Prejuízo operacional ($ 100) Resultado líquido da venda de imobilizado $ 150 Lucro líquido $ 150 No ano X1 uma indústria vendeu um imobilizado por $ 150 e apresenta as seguintes informações contábeis: Receita: $ 1.000 CPV: $ 800 Despesas: $ 300 Elaborar DRE. • Quando os ganhos são reconhecidos na demonstração do resultado, eles são usualmente apresentados separadamente, porque sua divulgação é útil para fins de tomada de decisões econômicas. • Os ganhos são, em regra, reportados líquidos das respectivas despesas. • Representam um resultado líquido favorável resultante de transações ou eventos não relacionados às operações normais do empreendimento. Quadro 3: DRE – Exemplo de resultado com ganho. Fonte: (NIYAMA e SILVA, 2011, p. 209) Mensuração • De acordo com Hendriksen e Van Breda (1999, p. 226), “a receita, independentemente de como seja definida, deve ser medida, em termos ideais, pelo valor de troca de produto ou serviço da empresa”. Esse valor de troca representa o valor presente a ser recebido. Esse critério pressupõe que as devoluções, os descontos e outras reduções do preço faturado devem ser deduzidos da receita. • De acordo com o CPC 30, montante da receita é mensurado pelo valor justo da contraprestação recebida, ou a receber, deduzida de quaisquer descontos comerciais e/ou bonificações concedidos pela entidade ao comprador. • O item 11 do CPC 30 menciona que: “quando o acordo contratual efetivamente constituir uma transação de financiamento, o valor justo da contraprestação deve ser determinado por meio do desconto de todos os futuros recebimentos previstos, tomando por base a taxa de juros imputada.” • O item 22 do CPC 12 – Ajuste a Valor Presente menciona que: “a quantificação do ajuste a valor presente deve ser realizada m base exponencial por rata die, a partir da origem de cada transação, sendo seus efeitos apropriados nas contas a que se vinculam”. CASO PRÁTICO Exemplo 1: Uma empresa faz uma venda a prazo no valor total de $10.000, a ser recebido em 10 prestações mensais iguais de $1.000. Se fosse uma venda a vista, a mesma mercadoria teria um valor de negociação de $ 8.000. Considere uma taxa de juros de 2,25652%. Fonte: (FIPECAFI, 2010, p. 488) Débito Crédito Clientes 10.000 a Ajuste a Valor Presente 2.000 a Receita de Vendas 8.000 I) Contabilização da receita III) Cálculo dos juros de cada prestação Data Parcela Juros Principal Saldo 1 1.000 2,25652%*8.000= 180,52 819,48 8.180,52 2 1.000 2,25652%*8.180,52= 184,60 815,40 8.365,12 3 1.000 2,25652%*8.365,12= 188,76 811,24 8.553,88 4 1.000 2,25652%*8.553,88= 193,02 806,98 8.746,90 5 1.000 2,25652%*8.746,90= 197,38 802,62 8.944,27 6 1.000 2,25652%*8.944,,27= 201,83 798,17 9.146,10 7 1.000 2,25652%*9.146,10= 206,83 793,62 9.352,49 8 1.000 2,25652%*9.352,49= 211,04 788,96 9.563,53 9 1.000 2,25652%*9.563,53= 215,80 784,20 9.779,33 10 1.000 2,25652%*9.779,33= 220,67 779,33 10.000 Total 10.000 2.000 8.000 10.000 Débito Crédito Caixa 1.000 a Clientes 1.000 Ajuste a Valor Presente 180,52 a Receita Financeira 180,50 IV) Pagamento da primeira parcela CASO PRÁTICO Resolução I) Tem-se: II) HP-12C: 48 CHS FV 2 n 10 i PV $39,07 A receita financeira, então, seria obtida pela diferença: $ 48,00 – 39,67 = $ 8,33. Exemplo 2: Uma entidade presta um serviço a prazo no valor de $48,00. Suponha uma taxa de juros de 10% ao mês e que o recebimento irá ocorrer num período de dois meses. Fonte: (NIYAMA e SILVA,2011, p. 215) VP= 48/ (1+0,1)² VP= 48/1,21 VP=$39,67 RECONHECIMENTO DE RECEITAS • De acordo com o FASB, uma receita apenas deverá ser reconhecida quando obtida realizada ou realizável. • Segundo Sérgio de Iudícibus (2010, p. 151), um item deve ser reconhecido como receita quando é parte do produto da empresa, quando pode ser medido, quando possui valor preditivo ou valor como feedback e quandopode ser verificado com precisão. • Os ganhos são tratados de maneira semelhante às receitas, exceto pelo fato de que os custos associados são compensados imediatamente, de forma a produzir um resultado líquido. • O CPC 30 determina que a receita só deve ser reconhecida quando for provável que os benefícios econômicos associados à transação fluirão para a entidade. • A venda não é o critério de reconhecimento. A venda é o ponto de partida para o reconhecimento por satisfazer as condições necessárias para isso: base confiável e grau suficiente de certeza. “Reconhecimento é processo que consiste na incorporação ao balanço ou à demonstração do resultado de item que se enquadre na definição de elemento e que satisfaça os critérios de reconhecimento”. RECONHECIMENTO DE RECEITAS – CPC 30 • O quadro abaixo indica quais tipos de receita não são especificadas no CPC 30 quanto aos seus métodos de reconhecimento. O CPC 30 trata do reconhecimento da receita proveniente de: a) venda de bens b) prestação de serviços; e c) Utilização, por parte de terceiros, de outros ativos da entidade que geram juros, royalties e dividendos. Quadro 4: Exceções do CPC 30 - Receitas. Fonte: Pronunciamento Técnico CPC 30 - Receitas Reconhecimento de Receitas • Momentos de reconhecimento de acordo com a Teoria da Contabilidade: Época de registro Critérios Exemplos Durante a produção Estabelecimento de um preço firme baseado num contrato ou em condições gerais de negócios, ou existência de preços de mercado em vários estágios de produção. Valores a pagar; contratos a longo prazo; crescimento natural. Na conclusão da produção Existência de preço de venda determinável ou preço de mercado estável. Metais preciosos, produtos agrícolas, serviços. No momento da venda Preço determinado para o produto, método razoável de estimação do montante a ser recebido. Estimação de todas as despesas significativas associadas. Maioria das vendas de mercadorias. No momento do pagamento Impossível avaliar ativos recebidos com grau razoável de exatidão. Despesas adicionais significativas prováveis, que não podem ser estimadas com grau razoável de precisão no momento da venda. Vendas a prestação; troca por ativos fixos sem valor determinável com precisão. Quadro 5: Momentos de reconhecimento da Receita. Fonte: (HENDRIKSEN e BREDA, 1999, p. 229) Critérios de reconhecimento – CPC 30 VENDA DE BENS • a entidade tenha transferido para o comprador os riscos e benefícios mais significativos inerentes à propriedade dos bens; • a entidade não mantenha envolvimento continuado na gestão dos bens vendidos em grau normalmente associado à propriedade e tampouco efetivo controle sobre tais bens; • o valor da receita possa ser mensurado com confiabilidade; • for provável que os benefícios econômicos associados à transação fluirão para a entidade; • as despesas incorridas ou a serem incorridas, referentes à transação, possam ser mensuradas com confiabilidade. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS • o valor da receita puder ser mensurado com confiabilidade; • for provável que os benefícios econômicos associados à transação fluirão para a entidade; • o estágio de execução (stage of completion) da transação ao término do período de reporte puder ser mensurado com confiabilidade; • as despesas incorridas com a transação assim como as despesas para concluí-la puderem ser mensuradas com confiabilidade. Critérios de reconhecimento – CPC 30 BASES DE RECONHECIMENTO A receita proveniente da utilização, por terceiros, de ativos da entidade que produzam juros, royalties e dividendos deve ser reconhecida nas bases estabelecidas no item 30, quando: • for provável que os benefícios econômicos associados com a transação fluirão para a entidade; e • o valor da receita puder ser mensurado com confiabilidade. JUROS, ROYALTIES E DIVIDENDOS • os juros devem ser reconhecidos utilizando-se o método da taxa efetiva de juros tal como definido no Pronunciamento Técnico CPC 38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração; • os royalties devem ser reconhecidos pelo regime de competência em conformidade com a essência do acordo; e • os dividendos devem ser reconhecidos quando for estabelecido o direito do acionista de receber o respectivo valor. RECONHECIMENTO DE RECEITAS EM CONTRATOS DE LONGO PRAZO • Existem duas maneiras de fazer a apuração da receita: pelo cronograma físico ou pelo financeiro. • Considere o exemplo: Uma empresa possui um contrato de longo prazo no valor de $ 1.000. Fisicamente, o contrato é distribuído igualmente em dois anos. Em termos financeiros, o contrato prevê gastos superiores no primeiro ano. Tempo Cronograma físico Cronograma financeiro % Receita Despesas Receita 1 50% $ 500 $ 600 $ 750 2 50% $ 500 $ 200 $ 250 Total 100% $ 1.000 $ 800 $ 1.000 • Levando em consideração o cronograma financeiro o reconhecimento da receita será na proporção do custo do contrato. • Já no cronograma físico, a receita será proporcional à realização física. Reconhecimento de receita Fonte: (NIYAMA E SILVA, 2011, p. 213) Tempo 1 Compra de matéria-prima Tempo 2 Fabricação Tempo 4 Recebimento Tempo 3 Venda Reconhecimento de receitas Ciclo de produção de uma indústria Fonte: (NIYAMA E SILVA, 2011, p. 212) • Em razão das frequentes inconsistências e complexidades do reconhecimento, mais recentemente, tem-se focado em reconhecer a receita no momento que o produto ou serviço é transferido para o cliente (princípio da competência). CASO PRÁTICO O resultado teve impacto positivo de uma receita extraordinária de R$ 707, 3 milhões referente ao pagamento compensatório feito pela Companhia Brasiliana por conta da alienação da AES Eletropaulo Telecom para a TIM. Esse pagamento foi contabilizado na rubrica “outras receitas e despesas”, que contabilizou uma receita de R$ 499,5 milhões nos últimos três meses de 2011, frente ao prejuízo de R$ 369,3 milhões verificados no quarto trimestre de 2010. Essa linha do balanço impulsionou também o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), que totalizou R$ 1,1 bilhão, o dobro dos R$ 542 milhões registrados entre setembro e dezembro de 2010. Entre as receitas recorrentes, no entanto, os números foram menos animadores. O faturamento bruto da distribuidora de energia do Estado de São Paulo recuou 3,5%, para R$ 3,8 bilhões, influenciado principalmente pela menor receita registrada no mercado livre. Fonte: http://www.valor.com.br/empresas/2568850/receitas-nao-recorrentes- elevam-lucro-da-eletropaulo-no-trimestre#ixzz30NrZweG5 (Acesso em 01/05/2014, às 11:25h) “Receitas não recorrentes elevam lucro da Eletropaulo no trimestre” SÃO PAULO - A AES Eletropaulo contabilizou um lucro líquido de R$ 686,7 milhões no quarto trimestre de 2011, mais do que o dobro dos R$ 310,8 milhões registrados no mesmo período do ano anterior. Despesas e Perdas DEFINIÇÃO, MENSURAÇÃO E RECONHECIMENTO Despesas e Perdas – Visão geral • De acordo com Hendriksen (1999, p.232) as despesas constituem o uso ou consumo de bens e serviços no processo e obtenção de receitas. • Representam as variações desfavoráveis dos recursos da empresa, ou seja, são as reduções de lucro. • As despesas indicam o gasto de serviços de fatores relacionados direta ou indiretamente à produção de um bem ou à prestação de serviços. • A baixa dos serviços de fatores tradicionalmente não ocorre até que os ativos sejam transferidos para fora da empresa. Exemplo: venda de mercadoria – gastos passam a fazer parte do CPV. Exceção: produto ainda na empresa – serviços incorporados no ativo por meio da conta bens em processamento(é o caso dos estoques em elaboração). • As perdas decorrem de transações ou eventos periféricos ou incidentais à operação da empresa. LINGUAGEM-PADRÃO • Gasto: é contrapartida necessária à obtenção de um bem ou serviço por meio de redução de ativo (pagamento) ou aumento de passivos (valor a pagar). • Investimento: é o gasto que tem como contrapartida um ativo (por exemplo,aquisição de bens ou serviços). • Custo: é o gasto necessário à produção de bens ou serviços. Em sentido estrito, o custo só existe durante o processo de produção do bem ou serviço. • Despesa: é a redução patrimonial intencional com o objetivo de realização de receitas. Uma despesa pode decorrer da redução do ativo (ex: desembolso, provisão, depreciação) ou do aumento do passivo (contas a pagar). Representa um sacrifício patrimonial voluntário, necessário à geração de receitas. Ricardo Ferreira (2012, p. 21) conceitua gastos, investimentos, custos, despesas e perdas da seguinte maneira: Aquisição de matéria-prima (investimento) Aplicação da matéria-prima à produção (custo) Produto (investimento) Aquisição de equipamento (investimento) Depreciação do equipamento (custo) Produto (investimento Despesas Patrimônio Líquido Ativos Passivos Benefícios econômicos • De acordo com a Estrutura Conceitual Básica, despesas são decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de saída de recursos ou redução de ativos ou existência de passivos, que resultam em decréscimo do patrimônio líquido e não se confundem com os que resultam de distribuição aos proprietários da entidade. CLASSIFICAÇÃO DAS DESPESAS • O art. 187 da Lei nº 6.404/76, item III, estabelece que, para chegarmos ao lucro operacional, devem ser consideradas “as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais”. • De acordo com o CPC 26, a entidade deve apresentar uma análise das despesas utilizando uma classificação baseada na sua natureza, se permitida legalmente, ou na sua função dentro da entidade, devendo eleger o critério que proporcionar informação confiável e mais relevante, obedecidas as determinações legais. • A classificação mais útil ao usuário externo seria aquele que descrevesse a natureza comportamental da despesa. Isto é, se variáveis ou fixas em relação à produção, ao volume de vendas ou algum outro fator. Método – Função da despesa Método – Natureza da despesa CASO PRÁTICO “Lucro da BRF recua no trimestre por despesas não recorrentes” Maior exportadora global de carne frango teve lucro de 315 milhões de reais no primeiro trimestre deste ano. “São Paulo - A BRF, maior exportadora global de carne frango, teve lucro de 315 milhões de reais no primeiro trimestre deste ano, queda de 12 por cento ante um atrás e abaixo da expectativa do mercado, impactado por despesas operacionais não recorrentes do plano de reestruturação em curso na empresa, informou a companhia nesta terça-feira.” Fontes: http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/lucro-da-brf- recua-no-trimestre-por-despesas-nao-recorrentes http://www.mzcenter.com.br/Arquivos/359641.pdf (Acesso em 01/05/2014, às 13:15) Mensuração de Despesas e Perdas De acordo com Hendriksen (1999, p.234), as medidas mais comuns de despesas são: a) Custo Histórico; b) Medidas Correntes, tais como custo de reposição; c) Custo de oportunidade de equivalentes correntes de caixa; • O método convencional de mensuração de despesas e perdas é baseado no custo histórico para a empresa, pois se supõe que estes são verificáveis. Quando ocorrem as Despesas? De acordo com Hendriksen, uma despesa é considerada incorrida quando: • ocorrer o consumo de um bem ou direito; • ocorrer o surgimento de uma obrigação sem o correspondente aumento dos bens ou direitos.; • deixar de existir o correspondente valor do bem ou direito pela sua transferência de propriedade para um terceiro. • Pelo Princípio da Competência, as despesas devem ser contabilizadas como tais, no momento de sua ocorrência, independentemente de seu pagamento. Este Princípio está ligado ao registro de todas as despesas de acordo com o fato gerador, no período de competência, independentemente de terem sido pagas ou não. Reconhecimento das Despesas e Perdas • De acordo com o FASB, “uma despesa ou uma perda é reconhecida quando fica evidente que os benefícios econômicos futuros previamente reconhecidos de um ativo se reduzem ou desaparecem, ou uma obrigação é assumida ou aumentada, sem benefícios econômicos correspondentes”. (HENDRIKSEN e BREDA, 1999, p. 238) • Em termos gerais, a despesa é reconhecida quando houver o reconhecimento da diminuição do ativo ou do aumento do passivo. Exemplo: A constatação da existência de um passivo trabalhista leva ao lançamento da despesa no período contábil em que isso ocorrer. • A associação direta com a receita ó principal critério de reconhecimento. Exemplo: Quando uma entidade vende uma mercadoria, o lançamento da receita leva o reconhecimento ode todas as despesas vinculadas a essa mercadoria. Esta é a base do Princípio da Competência, que envolve o reconhecimento simultâneo da receita e da despesa. • Despesas diretas: geralmente registradas no momento em que os bens ou serviços são utilizados. • Despesas indiretas: registradas no período em que são incorridas. • Despesas de período: registro sistemática e racionalmente amortizado ao dos períodos de geração de benefício econômico. Exemplo: seguros pagos antecipadamente. Reconhecimento das Despesas • Existem situações em que é difícil associação direta da despesa com a receita. Esse é o caso de um ativo imobilizado, que contribui para a geração de benefícios durante um período longo de tempo. Exemplo: Aquisição de uma máquina gera despesa de depreciação e deve ser reconhecida nos períodos de tempo em que os benefícios econômicos decorrentes do ativo são gerados. • Uma despesa poderá ser reconhecida de imediato quando não existe perspectiva de gerar benefícios econômicos. Exemplo: Perdas. Perdas • O comitê de Terminologia do AICPA definiu perdas como “o excesso de toda ou de uma parte do custo dos ativos sobre as receitas respectivas, se existir, quando os itens forem vendidos, abandonados ou parcial ou totalmente destruídos em consequência de sinistros ou de alguma outra forma baixados” (IUDÍCIBUS, 2010, p. 160) • O AAA (IUDÍBUS, 2010, p. 160) definiu-as como “custos expirados que não que não são benéficos para as atividades produtoras de receita da empresa”. • Perda normal: decorre do processo normal de produção e é tratada como custo. Exemplo: sobras no corte de tecido para a fabricação de roupas. • Perda anormal: é o sacrifício patrimonial involuntário. Representa a redução do patrimônio por fatores alheios à vontade do empresário. São apropriadas diretamente ao resultado, sem transitar pelo estoque. DRE e DRA • Segundo o CPC 26 Apresentação das Demonstrações Contábeis, as empresas devem apresentar todas as mutações do patrimônio líquido reconhecidas em cada exercício que não representem transações entre a empresa e seus sócios em duas demonstrações: Demonstração do Resultado do Exercício e Demonstração do Resultado Abrangente. • DRE: resultado líquido do período incluindo o que se denomina de receitas e despesas realizadas. Evidencia os seguintes tipos de entradas de recursos: a) receitas provenientes dos produtos vendidos ou serviços prestados; b) receitas oriundas de ganhos de aplicação financeira; c) ganhos advindos de fontes que não representam a atividade própria da empresa. DRA RESULTADO LÍQUIDO DA DRE+ OUTROS RESULTADOS ABRANGENTES INCLUI ALTERAÇÕES QUE PODERÃO AFETAR O RESULTADO DO PERÍODO FUTURAMENTE. Demonstração do Resultado Abrangente (DRA) • Essa demonstração apresenta as receitas, despesas e outras mutações que afetam o PL, mas que não são reconhecidas (ou não foram reconhecidas ainda) na DRE. • De acordo com o CPC 26, compreende os seguintes itens: Quadro 6: Componentes dos “Outros resultados abrangentes”. Fonte: Pronunciamento Técnico CPC 26. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • COELHO, Cláudio Ulysses Ferreira, Teoria da Contabilidade (abordagem contextual, histórica e gerencial), 1. ed. São Paulo: Atlas, 2010. • COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, Estrutura Conceitual Básica, Brasília, 2012. • COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, Pronunciamento Técnico nº 26 (R1): Apresentação das Demonstrações Contábeis, Brasília, 2011. • COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, Pronunciamento Técnico nº 30 (R1): Receitas, Brasília, 2012. • FERREIRA, Ricardo J. . Contabilidade de Custos. 7 . ed. Rio de Janeiro: Ferreira, 2012. • HENDRIKSEN, Eldon S.; BREDA, Michael F. Van. Teoria da Contabilidade. Tradução de Antonio Zoratto Sanvicente. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999. • IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens.; SANTOS, Ariovaldo dos. Manual de Contabilidade das sociedades por ações (aplicável a todas as sociedades). 1. ed. São Paulo: Atlas, 2010. • NIYAMA, Jorge Katsumi; SILVA, César Augusto Tibúrcio. Teoria da Contabilidade. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
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