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EQUIPE EDITORIAL Editora responsável | Helena Trevisan Coordenadora editorial | Juliana Quintino de Oliveira Projeto gráfico, diagramação e capa | Alfredo Carracedo Castillo Revisora | Marcia Nunes Adaptação para eBook | Hondana PRODUÇÃO Trevisan Editora Av. Tiradentes, 998, 6o andar – Bairro Luz 01102-000 – São Paulo, SP tel. (11) 3138-5282 editora@trevisaneditora.com.br www.trevisaneditora.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Análise financeira das demonstrações contábeis na prática [livro eletrônico]/ Ailton Fernando de Souza, coordenador... [et al.]. - São Paulo : Trevisan Editora, 2015. 20 Mb; ePUB. Outros autores: Anderson de Oliveira Faria, Marcia Sousa Nascimento Ariede, Mariano Yoshitake ISBN 978-85-99519-81-3 1. Administração financeira 2. Balanço financeiro 3. Contabilidade de custos 4. Empresas – Contabilidade I. Souza, Ailton Fernando de. II. Faria, Anderson de Oliveira. III. Ariede, Marcia Sousa Nascimento. IV. Yoshitake, Mariano. 15-07664 CDD-657.42 Índices para catálogo sistemático: http://www.hondana.com.br mailto:editora@trevisaneditora.com.br http://www.trevisaneditora.com.br 1. Análise financeira : Contabilidade 657.42 A Trevisan Editora agradece o envio de correções e comentários de seus livros, inclusive de erros tipográficos, de formatação ou outros. Por gentileza, faça uma cópia da página que contém o erro e envie por e-mail para editora@trevisaneditora.com.br. Os livros da Trevisan Editora estão disponíveis com descontos para quantidades especiais destinadas a promoções de venda e prêmios ou para uso em programas de treinamento corporativo, além de outros programas educacionais. Para mais informações, entre em contato conosco. Direitos reservados desta edição à Trevisan Editora Av. Tiradentes, 998, 6o andar – Bairro Luz 01102-000 – São Paulo, SP tel. (11) 3138-5282 editora@trevisaneditora.com.br www.trevisaneditora.com.br © Trevisan Editora, 2015 mailto:editora@trevisaneditora.com.br mailto:editora@trevisaneditora.com.br http://www.trevisaneditora.com.br Sobre os autores ■ AILTON FERNANDO DE SOUZA ■ Bacharel em Ciências Contábeis pelo Centro Universitário Paulistano (Unipaulistana), pós-graduado em Gestão Estratégica do Terceiro Setor pelas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). Autor do artigo científico Governança corporativa em entidade do terceiro setor (Revista de Direito do Terceiro Setor, Editora Fórum, dez./2013), autor e coautor de livros na área de gestão contábil, atualmente exerce cargo de Gestão e Gerência de Contabilidade. Administrador do site <www.ailtonfernando.com.br> e colunista do portal Essência sobre a Forma, foi professor do curso Técnico em Contabilidade do Senac e do Centro Paula Souza. Atualmente ministra cursos e palestras voltados à área contábil-tributária. ■ ANDERSON DE OLIVEIRA FARIA ■ Mestre em Contabilidade pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Pós-graduado em Gestão Empresarial pela Faculdade Trevisan e em Administração de Empresas pela Fundação Getulio Vargas (FGV-SP). Bacharel em Ciências Contábeis. Com 20 anos de experiência em auditoria, contabilidade e controladoria, atua como gerente geral de Contabilidade, Impostos e Seguros de Multinacional Alemã. Ex-gerente de Auditoria da Arthur Andersen Auditores Independentes e Trevisan Auditores Independentes. ■ MARCIA SOUSA NASCIMENTO ARIEDE ■ http://www.ailtonfernando.com.br Contabilista com pós-graduação em MBA no curso de Controladoria pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). Atua na contabilidade e Controladoria de uma grande Instituição do Terceiro Setor direcionada à área da saúde, com especialização no Terceiro Setor. ■ MARIANO YOSHITAKE ■ Doutor em Controladoria e Contabilidade pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). Diretor, controller, auditor e contador em empresas nacionais e multinacionais. Professor dos cursos de Mestrado Profissional em Administração e do Mestrado em Desenvolvimento Regional das Faculdades Alves Faria (Alfa). Autor e coautor de livros e artigos publicados em periódicos e apresentados em eventos da área. Sumário Capítulo 1 Análise das demonstrações contábeis Aspectos gerais O profissional da análise das demonstrações contábeis Usuários e finalidades do relatório de análise das demonstrações contábeis Processo de tomadas de decisão Métodos de análise das demonstrações contábeis Balanço patrimonial (BP): estrutura e apresentação Receitas e despesas Demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL) Capítulo 2 Estrutura das demonstrações contábeis Esquema contábil Exemplo prático Visão geral da análise financeira das demonstrações contábeis Índices econômico-financeiros Caixa e equivalentes Capítulo 3 Quociente de solvência ou liquidez Tipos de quociente Índices por ação e lucro por ação Análise da política de dividendos da empresa Ebit e Ebtida Capítulo 4 Análises horizontal e vertical Análise horizontal Análise vertical Capital de giro como instrumento de gestão Alavancagem operacional Alavancagem financeira Alavancagem total Cinco fórmulas para cálculo de índices/quocientes financeiros Estudo de caso Referências Aspectos gerais As demonstrações financeiras surgiram da necessidade da constante avaliação da saúde econômica e financeira de uma organização. Elas têm o propósito de fornecer informações que sejam úteis para administradores, investidores/acionistas, financiadores, fornecedores e a todos aqueles que se utilizam delas. Por esse motivo, as demonstrações financeiras traduzem-se em informações úteis e direcionadas para tomadas de decisão, além de serem ferramentas para avaliar até mesmo o desempenho dos gestores da organização. É importante dizer que as demonstrações financeiras podem ser apresentadas de diversas maneiras, dependendo do usuário principal e dos objetivos a serem atingidos. É imprescindível que os dados ali expressos atendam aos interesses e necessidades de determinado grupo (de porte grande) ou de uma sociedade de indivíduos que os utilizem. O profissional da análise das demonstrações contábeis Em razão da complexidade dessa atividade, é fundamental que o profissional que analisará essas demonstrações esteja em constante atualização e aprimoramento, adquirindo os subsídios necessários ao bom desempenho de sua função. É de suma importância que o analista das demonstrações financeiras tenha noção clara dos seguintes aspectos: Caixa e equivalentes de caixa – ativo disponível Contas a receber – vendas, duplicatas por vendas a prazo e provisão para créditos de liquidação duvidosa Estoques – identificação, mensuração e contabilização Empréstimos e outras contas a receber, a curto e a longo prazo Tributos diferidos Ativo imobilizado – procedimentos para avaliação e apuração do custo de aquisição, cálculo e contabilização da depreciação Participação em controladas e coligadas – classificação contábil, reconhecimento na investidora da participação na evolução patrimonial das investidas Intangível – classificação contábil, procedimentos para avaliação e apuração do custo de aquisição, cálculo e contabilização da amortização Em relação ao passivo, procedimentos para cálculo e contabilização das provisões para férias e 13o salário Reconhecimento da existência e contábil das provisões para contingências Reconhecimento contábil de outras dívidas da empresa – salários, fornecedores, tributos a pagar, tributos diferidos, empréstimos bancários, juros, dividendos a pagar e participação nos resultados etc. Contabilização da evolução do patrimônio líquido, constituição das reservas de lucros e de capital Avaliação de tendências ou da situação patrimonial da empresa Comparação da situação econômico-financeira em relação aos principais concorrentes Análise da rentabilidade de produtos ou de linhas de produção Comparação do resultado dos investimentos Necessidade de recursos financeirospara financiamento Apuração das medidas de desempenho Fonte: Elaboração dos autores. O domínio dos aspectos mencionados no quadro anterior tem as seguintes finalidades: O profissional desse ramo pode ser um consultor especializado contratado para tal finalidade, um funcionário da empresa que está sendo avaliado ou ainda um terceiro, geralmente vinculado à determinada organização que tenha interesse no resultado da análise (estabelecimentos bancários, fundos de investimento etc.). Há pelo menos um século a Contabilidade vem sendo utilizada como principal fonte de informação para a gestão econômico- financeira. Por isso é inegável a evolução do profissional de contabilidade, tornando-se destaque nos mais diversos segmentos, uma vez que é responsável por transmitir uma gama de informações e elementos que servem como fonte segura e concreta para tomadas de decisão em qualquer entidade. Esse profissional deve absorver, organizar e processar os dados quantitativos e qualitativos de toda a organização, transformando-os em informações úteis e inteligíveis para seus diversos usuários, entre quotistas, acionistas, investidores, governos municipais, estaduais e federais e seus órgãos e autarquias, estabelecimentos de créditos como bancos, clientes, fornecedores, funcionários e toda a sociedade que se utiliza de informação contábil. Usuários e finalidades do relatório de análise das demonstrações contábeis São diversos os usuários e as finalidades das demonstrações financeiras. Segue a relação: • • • • • • Usuário Finalidade de obter informações Coordenação geral (executivo) para tomadas de decisão Governo para análise estatística do desempenho da união de seus estados e regiões Sócios/Acionistas para análise da administração e do desempenho dos responsáveis Bancos para análise da solvência dos clientes e avaliação da possibilidade de concessão de crédito Fornecedores para análise de contratos de vendas a prazo Empresa para análise dos recebimentos futuros dos clientes Fonte: Elaboração dos autores. Processo de tomadas de decisão O processo de tomadas de decisão basicamente consiste em identificar, ordenar e destacar os principais pontos de recomendação de determinada empresa, apresentando-os em relatório. Para isso, é preciso expor o parecer em linguagem de fácil entendimento, possibilitando que o usuário da informação tome decisão com base nela. Fonte: Elaboração dos autores. A elaboração dessa análise não pode limitar-se apenas a dados contábeis, pois ela deverá ser relacionada a flutuações econômicas e a outros fatores que deem subsídios para a tomada de decisão adequada na organização. Dependendo do contexto da informação gerada pelo analista, isso pode ocasionar consequências positivas ou negativas. Métodos de análise das demonstrações contábeis O sistema de informação da contabilidade de uma organização é alimentado por documentos, fatos e informações de origem interna e externa. Nele são classificadas, analisadas e registradas as operações para posterior emissão de relatórios contábeis e gerenciais, demonstradas na figura a seguir: Fonte: Elaboração dos autores. Instrumentos de análise Para a correta análise das demonstrações de uma entidade, também é fundamental que as demonstrações tenham alto grau de qualidade, assim como o mínimo espaço de tempo entre sua elaboração e sua análise, para que ocorra a menor variação possível, pois tal informação, sendo ela indevida ou desatualizada, pode resultar em uma análise totalmente distorcida da real situação econômica da empresa. Com base nesses dados, o contabilista, o administrador ou o gestor da empresa vão ter parâmetro para tomada de decisão, assim como bancos e outras instituições financeiras. A análise financeira dá ao administrador e detentor da informação condições de saber se o que foi planejado anteriormente atingiu a meta estabelecida e se há condições para tomadas de decisão futuras. Vale lembrar que a análise financeira é uma das tarefas mais difíceis e complexas entre as inúmeras do analista, por isso esse tipo de trabalho só se começa após o processamento contábil estar devidamente concluído, dentro dos princípios, parâmetros e normas próprias da ciência contábil. Em outras palavras, após a conciliação executada e os relatórios contábeis prontos, inicia-se a análise, não sendo essencial esperar o término do exercício para efetuá-la. O importante é levar em consideração o planejamento ou a necessidade da empresa e, para isso, a contabilidade do período desejado deve ter sido encerrada e os relatórios necessários finalizados. Para um bom resultado, é fundamental seguir as seguintes etapas: Fonte: Elaboração dos autores. A seguir serão apresentados dois indicadores de análise – horizontal e vertical. Embora se constituam de métodos diferentes na execução, eles se completam, pois, se analisados individualmente, podem não demonstrar o resultado planejado. Análise horizontal Para esse tipo de análise, utilizam-se mais de um período de fechamento, pois o objetivo é verificar a evolução de determinados resultados de um para o outro. Por esse motivo, empregam-se períodos diferentes e consecutivos. Essa análise é chamada de horizontal por duas razões: Fonte: Elaboração dos autores. Quando, por exemplo, é realizada a análise da evolução das vendas de uma organização de um mês para o outro, configura-se uma análise horizontal, uma vez que é possível verificar se o rumo escolhido é o certo ou se é preciso corrigir algum ponto para atingir o objetivo desejado pela entidade. O relatório mais utilizado para análise financeira é o balanço, pois, além de ser a demonstração mais completa, apresenta a situação real da empresa em determinada data. Utiliza-se a seguinte fórmula para o cálculo do índice: Exemplo: Índice do ativo de 2013 Em uma tabela comparativa, temos a seguinte situação (em R$): *Análise horizontal Para se obter uma análise horizontal conclusiva, deve-se analisá-la sempre que possível em conjunto com a análise vertical. Análise vertical O objetivo desta análise é avaliar a estrutura de um todo e a participação de cada recurso nesse total, podendo ser aplicada a todos os grupos do ativo e do passivo somados ao patrimônio líquido e até as contas de resultado, uma vez que a soma dos dois últimos é igual ao ativo. Nesta análise, divide-se o valor da conta que representa cada recurso ou aplicação pelo valor total do grupo, ao qual essa partícula de recurso ou aplicação pertence e se totaliza. Nela, não é necessário utilizar as demonstrações contábeis de outros períodos, pois ela é feita no próprio balanço. Para essa análise, têm-se o total do ativo e o total do passivo como 100% e calcula-se conta por conta, grupo por grupo, para determinar quanto cada um deles representa nessa demonstração. Outra forma de análise é o levantamento dos quocientes, pois, com base nessa apuração, pode-se analisar o quanto há em moeda ou em percentual para saldar as dívidas. No quociente de liquidez imediata, o resultado do cálculo nos mostra quanto se tem para cada R$ 1,00 de divida. Balanço patrimonial (BP): estrutura e apresentação Balanço patrimonial (BP) é a principal demonstração financeira obrigatória por Lei, uma vez que mostra como está o patrimônio da organização. O BP demonstra, de forma organizada, quais são e quanto valem os bens, direitos e obrigações no aspecto qualitativo e quantitativo, como mencionado a seguir. Estruturas atuais do BP Fonte: Elaboração dos autores. O BP é constituído de duas colunas: do lado direito é a do passivo; do lado esquerdo, a do ativo. No passivo, são discriminadas as obrigações (dívidas) da empresa para com terceiros e, no ativo, compreendidos os bens e direitos. De acordo com o Artigo 178 da Lei n. 6.404/76 (Lei das Sociedades por Ações), classifica-se o BP da seguinte forma: Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeirada companhia. § 1o No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos: I. ativo circulante; e (Incluído pela Lei n. 11.941, de 2009) II. ativo não circulante, composto por ativo realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. (Incluído pela Lei n. 11.941, de 2009) § 2o No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos: I. passivo circulante. (Incluído pela Lei n. 11.941, de 2009) II. passivo não circulante. (Incluído pela Lei n. 11.941, de 2009) III. patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. (Incluído pela Lei n. 11.941, de 2009). Classificação das contas do BP Todas as contas do grupo do ativo ficam do lado esquerdo do BP e são classificadas em ordem crescente do grau de liquidez, ou seja, de acordo com a rapidez que elas forem convertidas em moeda (dinheiro). Por esse motivo, as contas de maior liquidez aparecem no começo do ativo e as de menor em último lugar. Seguindo esse critério, a conta de caixa, por ser de maior liquidez, permanece no topo da classificação e a de máquinas e equipamentos, por ter a liquidez menor, fica no final, pois não tem o mesmo potencial para ser convertida em dinheiro como a conta de caixa e bancos. É importante informar que as contas do grupo do ativo não se encerram com a apuração do resultado do exercício, podendo ser debitadas ou creditadas, desde que o saldo seja sempre devedor, com exceção das contas redutoras do ativo. O ativo divide-se em duas partes: circulante e não circulante. As contas do passivo estão discriminadas do lado direito do BP de forma decrescente de exigibilidade, pois originam-se de recursos de terceiros e classificam-se de acordo com seu vencimento. Ou seja, as contas de curto prazo, aquelas que serão liquidadas mais rapidamente, aparecem no topo e as que serão pagas com prazo maior ficam no final do grupo. O patrimônio líquido (PL) que também faz parte do passivo, permanecendo do lado direito do BP, origina-se de contas provenientes de recursos próprios, como investimentos (feitos pelos proprietários) para abertura da empresa, reserva de lucro, lucros ou prejuízos acumulados. Por esse motivo, quando o PL aumenta, a empresa está em boa situação; se ele diminui significa que a empresa não está bem. Demonstração do resultado do exercício (DRE), Demonstração do resultado abrangente (DRA) e Demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL) A demonstração do resultado do exercício (DRE) é a demonstração de forma organizada e sistematizada do resultado das atividades de uma organização (com ou sem fins lucrativos), em determinado período ou exercício contábil. Resumem-se as DREs nas diversas contas contábeis: a) receitas brutas de vendas de produto e/ou mercadoria, da prestação de serviços e dos valores recebidos por doações; b) deduções das receitas; c) custo das mercadorias vendidas e dos serviços prestados; d) despesas; e) provisão para imposto de renda (IR), para contribuição social ou Simples Nacional; f) resultado (lucro ou prejuízo) após a provisão para IR, contribuição social ou Simples Nacional. a. b. c. Importante salientar que a DRE, para a maioria das empresas limitadas, ainda é o principal demonstrativo utilizado para apuração e distribuições de seus resultados positivos (lucros). Algumas empresas constituídas sob a forma de sociedades anônimas ou mesmo as sociedades de grande porte (aquelas com faturamento acima de R$ 300.000.000 anuais) já utilizam o Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortização (Lajida) – em inglês: Earnings before interest, taxes, depreciation and amortization (Ebitda) – para determinação de bônus e premiação a serem pagas a seus dirigentes por metas e resultados auferidos. De acordo com o CPC 26, a DRA (“outros resultados abrangentes”) deve apresentar no mínimo: o total do resultado (do período) o total de outros resultados abrangentes o resultado abrangente do período, ou seja, o total do resultado e de outros resultados abrangentes. Ainda, segundo o CPC 26, se a organização apresentar a demonstração do resultado separada da demonstração do resultado abrangente, não deverá, então, exibir a demonstração do resultado incluída na demonstração do resultado abrangente. Estruturas para apresentação da DRE (e DRA) de uma empresa industrial A estrutura mencionada a seguir está de acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) e com a legislação societária e • • • • • • • • • • • • • fiscal. A: Receita bruta de vendas de produto e serviço Vendas de produto Vendas de serviço B: (–) Deduções da receita bruta Impostos incidentes sobre vendas Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) Imposto sobre Circulação de Mercadorias e sobre a Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) Imposto sobre Serviços (ISS) PIS ou Pasep sobre a receita bruta Cofins sobre a receita bruta Vendas canceladas e devoluções Abatimentos C: (–) Custo dos produtos vendidos e dos serviços prestados Custo dos produtos vendidos Custo dos serviços prestados D: Lucro bruto (A – B – C) E: (–) Despesas operacionais de vendas Despesas com salários e encargos do pessoal Treinamento e outros benefícios • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Honorários da diretoria Comissões de vendas Propaganda e publicidade Viagens e representações Água, luz, correios e telecomunicações Seguros diversos Fretes sobre as vendas Perdas com devedores duvidosos Depreciação Despesas gerais Administrativas Despesas com salários e encargos do pessoal Treinamentos e outros benefícios Honorários da diretoria Honorários do Conselho Fiscal e da Administração Viagens e representações Água, luz, correios e telecomunicações Seguros diversos Aluguéis e condomínios Gastos com auditoria Depreciação Despesas gerais Tributárias Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana Outros tributos • • • • • • • • • • • • • • • Financeiras Encargos financeiros sobre financiamentos Variações monetárias e cambiais Juros diversos a fornecedores e bancos Taxas e outros encargos bancários Despesas gerais CPMF F: (+) Receitas financeiras Descontos obtidos Juros recebidos Receitas de aplicações de curto prazo G: (+) Outras receitas e (–) despesas operacionais Lucros e prejuízos de participações societárias Resultado da equivalência patrimonial Dividendos recebidos de participações societárias avaliadas pelo custo de aquisição Amortização de ágio ou deságio de investimentos em participações Societárias H: (+) Demais rendimentos I: (=) Lucro ou prejuízo operacional: (D – E + F) J: (+/–) Outros resultados Ganhos e perdas nos investimentos na variação do percentual de • • • • • • • • participação societária Ganhos e perdas na alienação dos investimentos em participação societária Ganhos e perdas na alienação de imobilizados Provisão para perdas prováveis na realização dos investimentos Baixa de ativos diferidos K: (=) Resultado antes do imposto de renda e da contribuição social = (I – J) L: (–) Despesa com imposto de renda M: (–) Despesa com contribuição social l N: (=) resultado após o imposto de renda e contribuição social: (K – L – M) O: (–) Participações e contribuições Debêntures Empregados Administradores Fundos de previdência privada dos funcionários P: (=) Resultado líquido do exercício das operações continuadas = Resultado por lote de 1.000 Ações Quantidade de ações ao final do exercício Q: (=) Outros resultados abrangentes a) b) c) d) e) • • • Resultado líquido do período das operações continuadas (= P) (+) Efeitos da correção de erros e das mudanças de políticas contábeis/ajustes Exercícios anteriores (+) Ganhos/perdas de conversão das demonstrações contábeis (+) Ganhos ou perdas atuariais (benefícios a empregados) (+) Algumas mudanças nos valores justos de instrumentos de Hedge (+) Parcela de outrosresultados abrangentes de coligadas /controladas = Resultado do valor abrangente A DRE pode ser elaborada para períodos menores que um ano, de acordo com a necessidade dos gestores (administração da organização): Mensal: resultado corresponde a um único mês Trimestral: resultado correspondente a um trimestre Semestral: resultado correspondente a um semestre Ainda pode ser bimestral, quadrimestral etc., enfim, o período o qual for conveniente em relação à utilidade dos resultados para a entidade. Receitas e despesas Receitas operacionais • • • • As receitas representam o aumento dos benefícios econômicos durante o período contábil, sob a forma de entrada de recursos, acréscimo de ativos ou diminuição de passivos que resultam em ampliação do patrimônio líquido da entidade e que não sejam provenientes de aporte de recursos dos proprietários da entidade. As receitas surgem no curso das atividades da entidade e recebem uma variedade de nomes para serem identificados de acordo com sua origem, como vendas, juros, dividendos e royalties. São fatos administrativos que aumentam o valor do patrimônio líquido. Outras receitas “Outras receitas” constituem-se de receitas de uma pessoa jurídica obtidas das atividades acessórias, tais como: Venda de bens do ativo permanente (por exemplo: a venda de um veículo usado) Rendimentos das aplicações financeiras Vendas de sucata da produção Há necessidade, portanto, de individualizar a escrituração das receitas para garantir o fornecimento de informações detalhadas acerca da origem de cada uma, bem como saber se houve ou não o recebimento correspondente. Uma empresa deve segregar a escrituração de suas receitas, de acordo com sua origem, classificando-as nas seguintes contas: Vendas de mercadoria • • • Receitas de serviço Receitas não operacionais Receitas financeiras Didaticamente, receitas compreendem as operações as quais promovem aumento no patrimônio líquido. O termo “outras receitas” substituiu o termo “receitas não operacionais”, conforme artigo 37 da Lei n. 11.941/2009, a qual alterou a redação do art. 187 da Lei n. 6.404/76. A receita é reconhecida quando for provável que os benefícios econômicos futuros fluam para a entidade e eles sejam confiavelmente mensurados. Custos Geralmente os custos são citados em empresas como operações mercantis (compra e venda de produtos/mercadorias), porém, além dos estabelecimentos comerciais e industriais, as organizações com objetivos de prestação de serviços (clínicas, escritórios de contabilidade, consultorias de projetos e engenharia etc.) podem ter gastos classificados como custos. Considerando uma definição clássica, o custo é a soma dos gastos com bens e serviços para a produção de outros bens e serviços. Exemplos: matéria-prima, energia aplicada na produção de bens, salários e encargos do pessoal da produção. De acordo com o CPC 16: O custo de aquisição dos estoques compreende o preço de compra, os impostos de importação e outros tributos (exceto os recuperáveis junto ao fisco), bem como os custos de transporte, seguro, manuseio e outros diretamente atribuíveis à aquisição de produtos acabados, materiais e serviços. Descontos comerciais, abatimentos e outros itens semelhantes devem ser deduzidos na determinação do custo de aquisição (Nova Redação dada pela Revisão do CPC n. 1, de 8/1/2010). Despesas As despesas são reconhecidas na demonstração do resultado quando surge um decréscimo que seja determinado em bases confiáveis e nos futuros benefícios econômicos provenientes da diminuição de um ativo ou do aumento de um passivo. Isso significa, de fato, que o reconhecimento da despesa ocorre simultaneamente com o aumento do passivo ou a diminuição do ativo (por exemplo, apropriação de um tributo incidente sobre a receita de vendas). As despesas são reconhecidas na demonstração do resultado com base na associação direta entre elas e os correspondentes itens de receita. Esse processo, usualmente chamado de confrontação entre despesas e receitas, de acordo com o regime de competência, envolve o reconhecimento simultâneo ou combinado das receitas e despesas que resultem diretamente das mesmas transações ou de outros eventos; por exemplo, os vários componentes de despesas que integram o custo das mercadorias vendidas devem ser reconhecidos na mesma data em que a receita derivada da venda das mercadorias ocorrer. Uma despesa é reconhecida imediatamente na demonstração do resultado quando um gasto não produz benefícios econômicos futuros ou no caso de eles não se qualificarem ou deixarem de se qualificar, para reconhecimento no balanço patrimonial como um ativo. Uma despesa é também reconhecida na demonstração do • • resultado quando um passivo é incorrido sem a correspondente confirmação de um ativo, como no caso de um passivo decorrente de garantia de produto. O quadro a seguir traz as clássicas diferenças entre custos e despesas. Custos: gastos com Despesas: gastos com Salário do pessoal da produção Salário do pessoal da administração e de vendas Depreciação das máquinas Depreciação dos computadores do escritório Aqueles ligados diretamente ao objeto social da empresa Aqueles não ligados diretamente ao objetivo social da empresa É necessário alocar corretamente os gastos com custos e despesas, porque os custos têm participação direta na formação do preço de venda dos produtos, mercadorias e serviços, e as despesas indicam a distribuição do lucro bruto gerado, consequentemente o lucro líquido a ser destinado. Por exemplo: os amigos Cláudio e João constituem uma empresa comercial que tem como atividade principal o comércio de roupas, denominada Comércio de Roupas K Luxo Ltda. Para a exploração de suas atividades, precisam adquirir das fábricas diversas peças de roupas para estocagem e posterior revenda aos consumidores. Precisam também, evidentemente: alugar uma loja para a comercialização dos produtos. contratar vendedores para atender aos consumidores. • • • • • • • contratar um escritório de contabilidade para efetuar a escrituração da folha de pagamento e calcular e recolher os tributos. Portanto, a partir do início das atividades, começam a ocorrer diversos fatos administrativos que vão originar: as compras de roupas para compor os estoques e, no momento das vendas, elas serão transferidas para o custo das mercadorias vendidas. as receitas: venda das peças de roupa. as despesas: valor do aluguel da loja, salário dos funcionários, honorários do contador, despesas com água, luz, telefone, seguro da loja etc. São classificadas como operacionais as receitas decorrentes das operações que buscam a realização dos objetivos da organização e/ou sua existência/manutenção, segundo a legislação tributária. As receitas operacionais podem ter suas origens nas operações de: venda de mercadoria prestação de serviço ambas as atividades Lucro bruto Denomina-se lucro bruto a diferença entre receitas líquidas e custo (mercadorias, produtos e/ou serviços). Note que, para o cálculo do lucro bruto, não consideramos as despesas em geral e as demais receitas não provenientes dos objetivos sociais descritos no contrato/estatuto social. O destino do lucro bruto é subsidiar as despesas, incluindo aí Fisco e por último a remuneração dos proprietários, sócios e/ou acionistas da empresa. O lucro bruto depende exatamente do volume de custos da organização, de forma que, quanto menor o custo, maior será o lucro bruto, e quanto maior o lucro bruto, maiores são as chances de, após o pagamento das despesas, o saldo a ser destinado aos sócios, acionistas ou proprietários seja maior, por isso o controle de custos é fator de maior preocupação dos gestores. Uma vez que o preço de vendas é fixado pelo mercado e as despesas (água, luz, telefone, salários da administração etc.) para manutenção da empresa são praticamente conhecidas, resta o controle dos custos para melhorar a lucratividade. Lucro (ou prejuízo) operacional No contrato (ou estatuto) social, estão definidos os objetivos sociais da organização(vendas de mercadoria, prestação de serviços de medicina etc.), logo as receitas com essas operações, subtraídos os gastos auferidos para obtenção dessas receitas, compõem o chamado lucro ou prejuízo operacional (ou simplesmente resultado operacional). Outros resultados como ganhos na venda de ativo imobilizado, por exemplo, não devem ser identificados como componente do resultado operacional. Lucro Antes do Imposto de Renda (LAIR) É o total do resultado – lucro operacional (+/–) outras receitas e despesas – antes da apropriação do valor do Imposto de renda (IR) e da Contribuição Social; embora a convenção adotada seja denominar esse resultado de lucro, pode também ser um saldo negativo (prejuízo). Esse saldo não é a base de cálculo dos respectivos tributos (IR e Contribuição social), posto que a apuração do lucro real será realizada pela escrituração do Livro de apuração do lucro real (e- Lalur). No caso do lucro presumido, o cálculo do IR e da Contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL) é realizado pela presunção (do lucro), aplicando-se os respectivos percentuais sobre a receita bruta. Regime de competência O regime de competência basicamente determina que as receitas e despesas sejam registradas no momento em que incorrerem, independentemente de seu recebimento/pagamento, ou seja, não se confunde resultado (lucro/prejuízo) com sobra ou não de caixa, já que uma organização pode auferir lucro por ainda não ter recebido suas receitas ou por já ter quitado suas despesas, e não apresentar a sobra de caixa que corresponda a esse lucro. Segundo o CPC 26: A entidade deve elaborar as suas demonstrações contábeis, exceto para a demonstração dos fluxos de caixa, utilizando-se do regime de competência. Quando o regime de competência é utilizado, os itens são reconhecidos como ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas (os elementos das demonstrações contábeis) quando satisfazem as definições e os critérios de reconhecimento para esses elementos contidos na Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil Finance. a. b. c. De acordo com a Resolução CFC 750/93: Art. 9o O Princípio da Competência determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento. Parágrafo único. O Princípio da Competência pressupõe a simultaneidade da confrontação de receitas e de despesas correlatas (Redação dada pela Resolução CFC n. 1282/10). Confrontação: receitas versus despesas Para a apuração do resultado de determinando período (exercício), é necessário fazer a confrontação das receitas e despesas incorridas no mesmo período. De forma prática e sistemática: Dentro do período (mês, bimestre, trimestre, semestre ou ano), o qual se pretende apurar o resultado, verifica-se o valor da receita a ser reconhecida. Associa-se ao mesmo período o valor da despesa (sacrifício) incorrida, a fim de se obter a receita. Efetua-se a operação (receita – despesa), que corresponde ao resultado. É óbvio que a forma de confrontação, mencionada antes, que consiste na associação entre receita e despesa, é uma versão didática e extremamente simplificada, sem considerar a classificação das receitas/despesas, as normas quanto à sua realização e os critérios adequados de apropriação das despesas, bem como a apuração dos custos. Não é tarefa simples reconhecer a despesas relacionadas à determinada receita num período definido, porque nem todas estão explícitas e são de fácil identificação, como, por exemplo: gastos com salários do pessoal da administração ou produção, provisão dos impostos e contribuições incidentes sobre a receita, gastos com depreciação dos ativos da administração (computadores, por exemplo), da produção (máquinas e equipamentos) e da frota de veículos, ou as despesas com presunção de perdas no recebimento de créditos, perdas no processo de produção, riscos de processos trabalhistas e outras contingências, além das despesas com o IR e a CSLL. Demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL) Com a função de evidenciar a movimentação de todas as contas do patrimônio líquido ocorrida durante o exercício, inclusive aumento, redução, bem como a constituição e realização de reservas e a destinação dos lucros, essa demonstração tem fundamental importância para as organizações, especialmente para quem avalia seus investimentos em organizações coligadas e controladas pelo Método da equivalência patrimonial. A DMPL não é uma demonstração obrigatória, posto que o art. 186 da Lei n. 6.404/76 somente exige a DLPA (Demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados), no entanto, muitas companhias optam pela DMPL por ser mais completa. Segundo a Lei n. 6.406/76, a DPLA deve discriminar: I. o saldo do início do período, os ajustes de exercícios anteriores e a correção monetária do saldo inicial; II. as reversões de reservas e o lucro líquido do exercício; III. as transferências para reservas, os dividendos, a parcela dos lucros incorporada ao capital e o saldo ao fim do período. § 1o Como ajustes de exercícios anteriores serão considerados apenas os decorrentes de efeitos da mudança de critério contábil, ou da retificação de erro imputável a determinado exercício anterior, e que não possam ser atribuídos a fatos subsequentes. § 2o A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados deverá indicar o montante do dividendo por ação do capital social e poderá ser incluída na demonstração das mutações do patrimônio líquido, se elaborada e publicada pela companhia. Exemplo simplificado de DMPL Demonstração das Mutações do patrimônio líquido (DMPL) da empresa XYZ Ltda., inscrita no CNPJ XX.XXX.XXX/XXXX-XX, encerrado em 31/12/X1 (em R$). • • Importante notar que as somas da DMPL devem coincidir tanto na horizontal quanto na vertical, e os totais refletem exatamente o montante do patrimônio líquido da entidade naquele ano calendário. O intuito é que o usuário da informação, pela leitura da DMPL, saiba exatamente como e quanto do patrimônio está sendo destinado, até mesmo porque essas destinações são deliberadas em assembleia e devem obedecer exatamente à sua decisão transcrita na respectiva ata, ou mesmo no estatuto/contrato social. Destinação dos lucros De acordo com o item 42 do CPC 13, art. 192 da Lei n. 6.404/76, todo o lucro líquido das sociedades deverá ser destinado, de forma que a conta “lucros acumulados” tenha movimentação apenas transitória. Normalmente a destinação do lucro líquido, definida na Assembleia Geral Ordinária, é realizada entre a formação de reservas e a distribuição de lucros e dividendos entre sócios e/ou acionistas. As reservas são constituídas para atender a diversas finalidades, porém as mais comuns e definidas na Lei das Sociedades Anônimas (Lei n. 6.404/76) são: Reserva legal Destinação de 5% do lucro líquido do exercício, antes de qualquer outra destinação. Constituída, pela companhia, limitada a 20% do capital social realizado. Reserva estatutária • • • • Destinação de uma parcela do lucro, sem afetar o pagamento de dividendos obrigatório, de acordo com o estatuto da organização. Reserva para contingências Parte do lucro destinada, de acordo com decisão da assembleia em relação à proposta dos conselhos de administração e/ou fiscal, a fim de preservar a diminuição do lucro em decorrência de provável perda futura. Reserva de lucros a realizar No exercício em que o dividendo obrigatório, calculado de acordo com o estatuto, ultrapassar o lucro realizado, os conselhos de administração/fiscal poderão propor, sob dependência de aprovação em assembleia, destinar o excesso à constituição de reservas de lucros a realizar. Reserva de Lucros para expansão Retenção de parcela do lucro, justificada pelo orçamento aprovado pela assembleia, para realização de projetos e expansão e investimento. Reserva de incentivos fiscais Destinação de parcela do lucro líquido decorrente de doações ou subvenções governamentais para investimentos, proposto pelo conselhode administração/fiscal, aprovada em assembleia, que poderá ser excluída da base de cálculo do dividendo obrigatório. 1. • • • • • a. b. c. d. a. b. c. d. 2. Exercícios O balancete do mês 04/2014 da empresa Comercial Altamente Lucrativa Ltda. apresentou os seguintes saldos em suas contas de resultado: Vendas de mercadoria: R$ 50.000,00 Tributos incidentes sem vendas: R$ 6.500,00 Vendas canceladas: R$ 4.000,00 Custo das mercadorias: R$ 22.500,00 Despesas administrativas: R$ 8.000,00 Com base nesses valores, após elaborar a DRE, responda às questões a seguir: – Qual o valor do lucro bruto? R$ 43.500,00 R$ 46.000,00 R$ 27.500,00 R$ 17.000,00 Vendas: R$ 50.000,00 (–) Vendas canceladas: R$ 4.000,00 (–) Tributos: R$ 6.500,00 (–) Custo das mercadorias: R$ 22.500,00 = Lucro bruto: R$ 17.000,00 – Qual valor do lucro antes do Imposto de renda? R$ 17.000,00 R$ 8.000,00 R$ 9.000,00 R$ 33.000,00 Vendas: R$ 50.000,00 (–) Vendas canceladas: R$ 4.000,00 (–) Tributos: R$ 6.500,00 (–) Custo das mercadorias: R$ 22.500,00 = Lucro bruto: R$ 17.000,00 (–) Despesas: R$ 8.000,00 = LAIR: R$ 9.000,00 Maio/2014: considere o incremento de 10% no valor das vendas, com proporcional aumento dos custos que correspondem a 45% do faturamento bruto e tributos a 13%, mantendo o mesmo valor de vendas canceladas e despesas a. b. 3. administrativas. A empresa contraiu um empréstimo bancário de R$ 80.000,00 para a compra de um veículo para entregas, com juros simples de 12% ao ano. Por questões de emplacamento, documentação e seguro, o veículo ainda não está em operação. As despesas administrativas não sofreram alterações. Com base nesses dados, elabore uma nova DRE e informe os valores do lucro bruto e do lucro antes do IR: Vendas de mercadoria: R$ 50.000,00 + 10% (R$ 5.000,00) = = R$ 55.000,00 (–) Tributos incidentes (13%): R$ 7.150,00 (–) Vendas canceladas: R$ 4.000,00 (–) Custo (45%): R$ 24.750,00 = Lucro bruto: R$ 19.100,00 (–) Despesas administrativas: R$ 8.000,00 (–) Despesas financeiras: R$ 800,00 = LAIR: R$ 10.300,00 Observações Como o veículo ainda não está em uso, não existe despesa com depreciação a apropriar. Empréstimo de R$ 80.000,00, com juros simples de 12% a.a., valor corresponde a R$ 9.600,00 anuais e R$ 800,00 mensais. Considerando o regime de competência, apropria-se 1/12 avos das despesas com juros ao resultado. Note que, com o incremento de 10% na receita bruta, mesmo contraindo um empréstimo com taxa de 12% a.a., o lucro antes do IR da organização aumentou 14,44%, em comparação ao mês anterior. Isso ocorreu porque, com o aumento das receitas, apenas os custos (nesse caso variáveis) e tributos incidentes sobre o faturamento tiveram aumento. As despesas fixas mantiveram-se estáveis (com exceção das despesas financeiras que representam apenas 9% do total de despesas). Esse fenômeno não é comum, porque as empresas comerciais, além dos custos, têm despesas que podem variar de acordo com o volume das vendas, por exemplo, fretes sobre as vendas ou aumento do volume de combustível consumido pelos veículos, comissões pagas aos representantes e/ou vendedores etc. No entanto, esse é um interessante item de análise: como aumentar a lucratividade, incrementando faturamento e mantendo as despesas estáveis? A terceirização das entregas ou a inclusão do gasto com fretes no preço de vendas e de um sistema de vendas via telefone ou web também podem ser opções que resultem em uma análise, e assim por diante. Considerando que a empresa é tributada pelo lucro presumido, com apuração • • 4. • • trimestral, informe os valores do Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e da CSLL a pagar, caso a apuração fosse mensal, em abril/2014. Considere o que segue: IR: a base de cálculo corresponde a 8% sobre o faturamento, com alíquota de 15%. Contribuição social: a base de cálculo corresponde a 12% sobre o faturamento, com alíquota de 9%. a. IRPJ Vendas brutas: R$ 50.000,00 (–) Vendas canceladas: R$ 4.000,00 = Base de cálculo: R$ 46.000,00 = Base de cálculo (8%): R$ 3.680,00 = IRPJ a pagar (15%): R$ 552,00 b. CSLL Vendas brutas: R$ 50.000,00 (–) Vendas canceladas: R$ 4.000,00 = Base de cálculo: R$ 46.000,00 = Base de cálculo (12%): R$ 5.520,00 = CSLL a pagar (9%): R$ 496,80 Para o mesmo mês (04/2014), caso a empresa tivesse optado pelo lucro real, considerando o resultado antes do IR, sem adições ou exclusões ao lucro, qual seriam os valores? Imposto de renda: alíquota de 15% sem o lucro real Contribuição social: alíquota de 9% sem o lucro real Lucro antes do IR: R$ 9.000,00 (+) adições: R$ 0,00 (–) exclusões: R$ 0,00 = Lucro real: R$ 9.000,00 IRPJ (15%): R$ 1.350,00 Contribuição social (9%): R$ 810,00 No nosso exemplo, sem adições/exclusões ou outros fatores que possam influenciar o resultado e a tributação, a opção pelo lucro presumido é economicamente mais vantajosa para a empresa, conforme segue: Lucro presumido IRPJ: R$ 552,00 CSLL: R$ 496,80 Total: R$ 1.048,80 Lucro real IRPJ: R$ 1.350,00 5. a. b. c. d. • • • • CSLL: R$ 810,00 Total: R$ 2.160,00 Considere os seguintes saldos em 31/12/2013 para o patrimônio da empresa Buscando Lucros Ainda Maiores Ltda.: Capital realizado: R$ 300.000,00 Reservas de lucros: Legal: R$ 5.000,00 Contingência: R$ 0,00 Estatutária: R$ 45.000,00 Lucros acumulados até 31/12/2007: R$ 92.850,00 Resultado do exercício de 2014: lucro de R$ 43.775,62, valor destinado como segue: Segundo o estatuto, a reserva estatutária corresponde a 3,5% do lucro líquido anual, limitado a 50% do capital social, cuja finalidade é a renovação de máquinas e veículos com mais de dez anos de utilização, tendo como prioridade os mais danificados ou menos eficientes. A reserva legal é 5% do lucro líquido. A reserva de contingências corresponde a 10% do lucro líquido e tem por finalidade prevenir a empresa para possível perda de ação trabalhista ajuizada na Justiça do trabalho. Foi distribuído aos sócios todo o restante do resultado líquido de 2014, após as destinações. Do lucro acumulado, foram distribuídos aos sócios 80% e os 20% restantes utilizados para aumentar o capital social, juntamente com o saldo de reserva legal em 31/12/2013. De acordo com essas informações, elabore a DMPL para o exercício encerrado em 31/12/2014: 6. • • • • • • • Percebe-se que, após a destinação do resultado e dos lucros acumulados, enfim o valor do patrimônio foi reduzido de R$ 442.850,00, em 31/12/2013, para R$ 376.668,49, em 31/12/2014. Porque esse fenômeno ocorreu se a organização não teve resultado negativo? Exatamente porque, embora as destinações tenham ocorrido, contribuindo para fortalecer o patrimônio, a maior parte dos resultados do exercício e acumulados foi distribuída aos sócios, ou seja, não foi reinvestida na empresa. Nesse caso, a redução deve constar em nota explicativa, já que trouxe uma alteração significativa ao patrimônio e também para que o mercado não interprete isso como indício ou demonstração de dificuldades na organização. Ao final de um exercício social, uma companhia de capital aberto apresentou as seguintes informações parciais, retiradas das demonstrações contábeis realizadas no encerramento desse mesmo exercício. Custo das mercadorias vendidas: R$ 400.000,00 Dedução das vendas: R$ 120.000,00 Despesas de vendas e administrativas: R$ 200.000,00 Dividendos obrigatórios propostos pela administração: R$ 100.000,00 IR (provisão para IR): R$ 50.000,00 Participações (empregados e administradores): R$ 40.000,00 Receita líquida das vendas: R$ 920.000,00 Considerando exclusivamente as informações recebidas e a boa técnica de elaboração a. b. c. d. e. 7. a. b. c. d. e. 8. da DRE, o lucro líquido da companhia, no exercício, em reais, é: R$ 10.000,00 R$ 110.000,00 R$ 130.000,00 R$ 170.000,00 R$ 230.000,00 A Cia. Comercial reconheceu, durante o ano de 2014, R$ 5.000.000,00 em vendas realizadas. Adicionalmente, ao longo desse ano, reconheceu as seguintes operações: devolução de vendas (R$ 250.000,00); abatimento sobre vendas (R$ 100.000,00); impostos sobre vendas(R$ 950.000,00); comissões sobre vendas realizadas (R$ 150.000,00); frete sobre vendas realizadas (R$ 70.000,00); estimativa para perdas com créditos de liquidação duvidosa (R$ 90.000,00); salário dos administradores (R$ 360.000,00). Sabendo que o custo das mercadorias vendidas foi R$ 2.720.000,00, é correto afirmar que a receita líquida e o lucro bruto apurados pela Cia. Comercial, no ano de 2014, foram, respectivamente: R$ 3.700.000,00 e R$ 310.000,00 R$ 4.050.000,00 e R$ 980.000,00 R$ 3.700.000,00 e R$ 760.000,00 R$ 4.050.000,00 e R$ 760.000,00 R$ 3.700.000,00 e R$ 980.000,00 De acordo com os dados relativos à elaboração de demonstrações contábeis de uma empresa comercial, é correto afirmar que a demonstração do resultado do período apresentará lucro bruto superior a R$ 300.000,00. Dados Valores (em R$) Abatimentos de venda 5.500 Compras a prazo 100.000 Compras à vista 20.000 Despesas financeiras 9.500 Despesas operacionais 73.000 Devolução de compras 14.000 Devolução de vendas 10.800 Estoque final 6.500 Estoque inicial 32.000 Faturamento 543.200 ICMS sobre vendas 43.400 IPI no faturamento 27.000 Faturamento: R$ 543.200 (–) IPI no faturamento: R$ 27.000 (–) Devolução de vendas: R$ 10.800 (–) Abatimento de vendas: R$ 5.500 (–) ICMS sobre vendas: R$ 43.400 = Receita líquida: R$ 456.500 Estoque inicial: R$ 32.000 (+) Compras à vista: R$ 20.000 (+) Compras a prazo: R$ 100.000 (–) Devolução de compras: R$ 14.000 (–) Estoque final: R$ 6.500 = Custo das mercadorias: R$ 131.500 Lucro bruto: R$ 325.000 Esquema contábil O modo de construir o pensar contábil segue a lógica de um sistema de informações, ou seja, com dados de entrada, processamento desses dados e saída em formato desejado. Os dados de entrada ocorrem em forma de transações e eventos de natureza econômica, assim entendidos os atos da administração de uma entidade (empresa) que tenham repercussão financeira, isto é, podem ser medidos em termos financeiros – dinheiro. O processamento segue um esquema contábil em que se definem arquivos especiais, tais como: estoques, para identificar o movimento de entrada, saída e saldos de mercadorias e insumos operacionais; clientes, para controlar as vendas a prazo; imobilizado, para identificar as aquisições de máquinas, equipamentos, móveis e utensílios; fornecedores, para registro de compras a prazo e respectivos pagamentos; capital, para registrar as entradas de recursos provenientes dos sócios; vendas, custos e despesas, para registrar os resultados da empresa. O esquema contábil é mais conhecido por razão contábil das empresas. Esse esquema contábil, para os propósitos deste livro, é estruturado como uma matriz da seguinte forma: Esquema contábil Na coluna Eventos, registram-se as transações e os eventos mensuráveis em termos financeiros em ordem cronológica de ocorrência. Cada um deles recebe uma classificação, conforme sua natureza, tais como: bancos, clientes, despesas ou custo das mercadorias vendidas. A forma de registro de cada input segue o princípio das partidas dobradas, idealizado por Luca Pacioli, frei franciscano (1447-1517), em sua obra editada em 1494, na distinção IX, Tratado XI, denominado Tractatus de Computis et Scripturis. O capítulo V, com 37 parágrafos, trata do processo das Partidas Dobradas, conforme expõe Lopes de Sá (1998:52). A concepção das partidas dobradas é simples e objetiva, daí sua permanência até os dias de hoje. De modo simplificado, pode-se dizer que, a cada transação ou evento de natureza econômica, é preciso registrar o fato em duas dimensões: a origem e o destino do recurso aplicado. A esse registro, dá-se o nome de lançamento contábil. Por exemplo: ao integralizar o capital de uma empresa, no valor de R$ 100.000,00, e seu concomitante depósito em conta bancária, a transação é registrada duplamente: primeiro, registra-se o fato no arquivo denominado bancos e, em segundo, a contrapartida em capital, dando o seguinte lançamento contábil: Dessa forma, em razão da natureza de cada tipo de transação ou evento de natureza econômica, faz-se o registro duplo (partidas dobradas), dentro do que hoje se conhece por Princípios Fundamentais de Contabilidade e Normas Brasileiras de Contabilidade (Conselho Federal de Contabilidade). Segue-se um modelo contábil da empresa Comercial Canes Ltda., que servirá de apoio para a compreensão do atual sistema de informações contábeis. Exemplo prático Comercial Canes Ltda. Transações e eventos ocorridos em janeiro de 20X0 Data Transações e eventos de natureza econômica R$ 05.01.20X0 Depósito, no Banco Itaú, do capital inicial 500 06.01.20X0 Compra a prazo de 1.000 unidades da mercadoria xyz 800 10.01.20X0 Venda a prazo de 600 unidades da mercadoria xyz (duplicatas números 1, 2, 3, 4) 1.200 12.01.20X0 Pagamento de despesas administrativas 300 06.02.20X0 Compra a prazo de 1.000 unidades da mercadoria xyz 850 07.02.20X0 Recebimento de clientes (duplicatas n. 1 e n. 2) 600 10.02.20X0 Venda a prazo de 800 unidades da mercadoria xyz 2.000 12.02.20X0 Pagamento de despesas administrativas 400 28.02.20X0 Compra de instalações a prazo 900 Como se trata de uma empresa comercial, as transações com mercadorias – conta Estoques – precisam ser registradas no Sistema de Estoques, cujo modelo genérico é o seguinte: Mercadorias: Modelo xyz No caso da Comercial Canes Ltda., a coluna “Consumo” fornece o valor do Custo das Mercadorias Vendidas. Dessa forma, no mês de Janeiro, o CMV (custo das mercadorias vendidas) foi R$ 480,00. Na linguagem contábil, diz-se que se deve baixar o valor de R$ 480,00, reduzindo-o da conta Estoques e acrescentado o mesmo valor na conta CMV, conforme se mostra no “esquema contábil” para o mês de janeiro. Esquema contábil Mês de janeiro de 20X0 O esquema contábil do mês de janeiro de 20X0 apresenta os saldos das diversas contas movimentadas durante o mês. Com base neles, elaboram-se o balanço patrimonial, a demonstração do resultado, a demonstração das mutações do patrimônio líquido, a demonstração das origens e das aplicações de recursos e a demonstração do fluxo de caixa pelo método direto, como se seguem: Balanço patrimonial em 31 de janeiro de 20X0 Demonstração do resultado em 31 de janeiro de 20X0 R$ % Vendas 1.200 100 Custo das mercadorias vendidas 480 40 Margem bruta (lucro bruto) 720 60 Despesas administrativas 300 25 Lucro antes do IR 420 35 Demonstração das mutações do patrimônio líquido em 31 de janeiro de 20X0 Demonstração das origens e das aplicações de recursos em 31 de janeiro de 20X0 Origens R$ Das operações: – Lucro líquido do período 420 Dos acionistas: – Integralização do capital social 500 Total das origens 920 Aplicações R$ Total das aplicações – Aumento (redução) no capital circulante líquido 920 Demonstrado como segue: Demonstração do fluxo de caixa pelo método direto (CPC 03) em 31 de janeiro de 20X0 Demonstração do fluxo de caixa pelo método indireto (CPC 03) em 31 de janeiro de 20X0 Fluxos de caixa das atividades operacionais Lucro líquido antes do IR e da contribuição social 420 Ajustes por: Depreciação – Perda cambial – Renda de investimentos – Despesas de juro Lucro líquido ajustado antes do IR e da contribuição social 420 Aumento nas contas a receber de clientes e outros (1.200) Diminuição nos estoques (320) Diminuição nas contas a pagar – fornecedores 800 Caixa proveniente das operações – Juros pagos – IR e contribuição social pagos – IR na fonte sobre dividendos recebidos – Caixa líquido proveniente das atividades operacionais (300) Fluxos de caixa das atividades de investimento Aquisição da controlada versus menos caixa líquido incluído na aquisição (Nota A) Compra e ativo imobilizado (Nota B) – Recebimento pela venda de equipamento – Juros recebidos – Dividendos recebidos – Caixa líquido usado nas atividades de investimento – Fluxos de caixa das atividades de financiamento Recebimento pela emissão de ações (aumento de capital em dinheiro) 500 Recebimento porempréstimos a longo prazo – Pagamento de obrigação por arrendamento – Dividendos pagos – Caixa líquido usado nas atividades de financiamento – Aumento líquido de caixa e equivalente de caixa 200 Caixa e equivalente de caixa no início do período – Caixa e equivalente de caixa no fim do período 200 Fonte: Elaboração dos autores, com base no modelo do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC 03). Demonstração das origens e das aplicações de recursos em 31 de janeiro de 20X0 Origens R$ Das operações: – Lucro líquido do período 420 Dos acionistas: – Integralização do capital social 500 Total das origens 920 Aplicações Total das aplicações – Aumento (redução) no capital circulante líquido 920 Transações e eventos ocorridos em fevereiro de 20X0 A única movimentação (transações e eventos do mês de fevereiro) ocorreu na conta de estoque, em termos de compra e venda, conforme se mostra a seguir. Essa é uma simplificação para facilitar o entendimento da construção das demonstrações contábeis desse mês. Mercadoria: Modelo xyz O custo das mercadorias vendidas no mês de fevereiro é R$ 668 (arredondado), que será registrado mediante saída (baixa) na conta de estoque e entrada no custo das mercadorias vendidas. Contabilização de fevereiro de 20X0 Balanço patrimonial em 28 de fevereiro de 20X0 Balanço patrimonial comparativo – fevereiro e janeiro de 20X0 Demonstração do resultado em 28 de fevereiro de 20X0 Demonstração das mutações do PL em 28 de fevereiro de 20X0 Demonstração do fluxo de caixa – método direto (CPC 03) em 28 de fevereiro de 20X0 Demonstração do fluxo de caixa pelo método indireto (CPC 03) em 28 de fevereiro de 20X0 Fluxos de caixa das atividades operacionais Lucro líquido antes do IR e da contribuição social 932 Ajustes por: Depreciação – Perda cambial – Renda de investimentos – Despesas de juros – Lucro líquido antes do IR e da contribuição social ajustado 932 Aumento nas contas a receber de clientes e outros (1.400) Diminuição nos estoques (182) Diminuição nas contas a pagar – fornecedores 1.750 Caixa proveniente das operações 1.100 Juros pagos – IR e contribuição social pagos – IR na fonte sobre dividendos recebidos – Caixa líquido proveniente das atividades operacionais 1.100 Fluxos de caixa das atividades de investimento Aquisição da controlada versus menos caixa líquido incluído na aquisição (Nota A) Compra e ativo imobilizado (Nota B) – Recebimento pela venda de equipamento 900 Juros recebidos – Dividendos recebidos – Caixa líquido usado nas atividades de investimento 900 Fluxos de caixa das atividades de financiamento Recebimento pela emissão de ações (aumento de capital em dinheiro) – Recebimento por empréstimos a longo prazo – Pagamento de obrigação por arrendamento – Dividendos pagos* – Caixa líquido usado nas atividades de financiamento – Aumento líquido de caixa e equivalentes 200 Caixa e equivalentes no início do período 200 Caixa e equivalentes no fim do período 400 Fonte: Elaboração dos autores, com base no modelo do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC 03). Demonstração das origens e das aplicações de recursos em 28 de fevereiro de 20X0 Origens R$ Das operações: – Lucro líquido do período 932 Dos acionistas: – Integralização do capital social – Total das origens 932 Aplicações – Aquisição de imobilizado 900 Total das aplicações 900 Aumento (redução) no capital circulante líquido 32 Demonstrado como segue: Visão geral da análise financeira das demonstrações contábeis Com base nas demonstrações contábeis, elabora-se o Relatório de análise econômico-financeira que fornece aos gestores da empresa informações sobre o desempenho e as características observáveis de eficiência, eficácia, economicidade e efetividade dos resultados. O • • • • • • • • • relatório em questão apresenta a análise por índices como meio de avaliar as decisões financeiras e de investimentos de um negócio com relação: à solvência: a capacidade de a empresa cumprir as obrigações de curto prazo. à atividade: a eficiência da empresa na utilização de seus recursos. à alavancagem: a medida pela qual a empresa tem sido financiada por dívida. à rentabilidade: o poder de endividamento da empresa. a índices por ação: lucro por ação, taxa de rendimento e valor contábil. Como base na análise das demonstrações contábeis, os indicativos podem ser considerados a partir de: índices normais ou médios, que são computáveis para amplas categorias de setores. índices para empresas individuais, que podem ser comparados com aqueles da concorrência. mudanças nos índices ao longo do tempo, que proporcionam discernimento com relação ao futuro (análise de tendências). comparações de tendência nos índices da concorrência, que também podem ser úteis. Os melhores indicadores de desempenho evoluíram para a utilização de índices, os quais são muito úteis quando contextualizados para analisar as tendências de uma única empresa ou mesmo para compará-las com outras do setor, uma vez que permitem investigar as relações entre os componentes das informações contábeis. A análise de demonstrações contábeis é uma espécie de gestão por exceção, sendo complexa a utilização de uma empresa padrão (ou benchmark) para fins de comparação. Há problemas reais que podem surgir na análise das demonstrações contábeis, como, por exemplo, a não comparabilidade entre empresas, principalmente em razão do uso de diferentes procedimentos contábeis ou de diferentes épocas de encerramento fiscal ou, ainda, ocorrência de eventos incomuns entre elas. Assim os índices são úteis para considerações de: investimento; avaliação de desempenho e manutenção do emprego; obtenção de crédito; limitação de crédito e fornecimento de bens e serviços; informe ao mercado de ações ou de capitais; controle de endividamento, rentabilidade, liquidez, atividades; due diligence; corporate governance; teoria do agenciamento; valor do custo histórico; valor do custo corrente e conceito de manutenção de capital; capacidade de geração de caixa; obtenção de empréstimos e financiamentos; teste de auditoria em procedimentos analíticos; oferta pública de ações, debêntures, e indicadores como guia de referência sobre a saúde financeira. Entre as causas de variações nos índices, podem-se citar: mudança no mix de produtos e serviços; descontinuidade de produtos e serviços; cisão, fusão e incorporação de empresas; reavaliação de ativos; legislação tributária; mudanças nas práticas contábeis; • • mudanças na conjuntura econômica/social, e efeitos da globalização. A análise de demonstrações financeiras deu origem ao analista de investimentos, hoje uma profissão certificada internacionalmente (admissão somente com aprovação em testes). Os índices econômico-financeiros usuais na literatura contábil e financeira, com suas aplicações, são descritos a seguir de maneira simplificada. Índices econômico-financeiros Índices de alavancagem Os índices de alavancagem medem a utilização pela empresa de dívidas para financiar ativos e operações. Compreendem: Índice de dívida/patrimônio (IDP): utiliza-se este índice na comparação de recursos proporcionados pelos credores com os recursos proporcionados por acionistas ordinários. IDP = Passivos totais/Patrimônio acionista Quociente patrimonial (QPA): indica a percentagem do total de ativos financiada pelos acionistas ordinários. QPA = Patrimônio de ações ordinárias/Total de ativos Um índice seguro depende da natureza do setor no qual a empresa opera. Um setor de baixo risco (tal como operações bancárias) pode aceitar um quociente patrimonial muito baixo (menos de 10%). Um • • • de alto risco (tal como mineração de urânio) requer um quociente patrimonial alto (talvez de 90%). Rendimento de juros (RJU): indica a margem de segurança para pagamentos de encargos de juros fixos. RJU = [lucro líquido + despesas de juros + imposto de renda] / despesa de juros Os juros são dedutíveis de impostos, portanto, juros e impostosdevem ser adicionados ao lucro líquido para determinar o montante disponível para pagamento de juros Índices de rentabilidade Estes índices medem a renda sobre uma base relativa. Compreendem: Margens de lucro sobre vendas (MLV): mede o índice de rentabilidade sobre vendas. MLV = lucro líquido depois de impostos/vendas Rentabilidade sobre ativos (RSA): mede o índice de rentabilidade sobre investimento, incluindo o de acionistas e credores. O valor contábil de ativos pode ser diferente de seu valor real. RSA = lucro líquido depois de impostos/média do total de ativos • Rentabilidade sobre patrimônio (RSP): mede o índice de rentabilidade sobre investimento dos acionistas. RSP = lucro líquido depois de impostos/média do patrimônio líquido dos acionistas ordinários Se a rentabilidade sobre o patrimônio dos acionistas for maior que a rentabilidade sobre ativos, a companhia estará utilizando eficientemente a alavancagem. Portanto, a companhia está obtendo um índice muito maior de rentabilidade sobre ativos do que o índice de juros pagos a seus credores. Caixa e equivalentes O Conselho Federal de Contabilidade aprovou a NBC T 3.8 – Demonstração dos Fluxos de Caixa em correlação com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis, a partir do IAS 7 do IASB, e também o Pronunciamento Técnico 03 – Demonstração dos Fluxos de Caixa. A importância da gestão dos recursos financeiros A gestão dos recursos financeiros é imprescindível para os requerimentos de liquidez de uma empresa no ambiente complexo financeiro atual. Conceitos de caixa e equivalentes Segundo o item 7 do CPC 03, o Caixa compreende numerário em espécie e depósitos bancários disponíveis; os equivalentes de caixa são aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que são a. b. c. d. prontamente conversíveis em um montante conhecido de caixa e que estão sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor. Características que qualificam um investimento como equivalente de caixa Para que um investimento seja qualificado como equivalente de caixa, ele precisa reunir as seguintes características: Ter conversibilidade imediata em montante conhecido de caixa. Ter vencimento de curto prazo, por exemplo, três meses ou menos, a contar da data da aquisição. Estar sujeito a um insignificante risco de mudança de valor. Ter ações preferenciais passíveis de resgate em prazo definido e que atenda à definição de curto prazo. Os investimentos em instrumentos patrimoniais (de patrimônio líquido) não são considerados no conceito de equivalentes de caixa, a menos que eles sejam, substancialmente, equivalentes de caixa, como, por exemplo, no caso de ações preferenciais resgatáveis que tenham prazo definido de resgate e cujo prazo atenda à definição de curto prazo. Exemplos de item de caixa e equivalentes Saldos bancários a descoberto O item 8, do CPC 03, afirma que Empréstimos bancários são geralmente considerados como atividades de financiamento. Entretanto, saldos bancários a descoberto, decorrentes de empréstimos obtidos por meio de instrumentos como cheques especiais ou contas-correntes garantidas, que são liquidados em curto tempo, compõem parte integral da gestão de caixa da entidade. Nessas circunstâncias, saldos bancários a descoberto são incluídos como componente de caixa e equivalentes. Uma característica desses arranjos oferecidos pelos bancos é que frequentemente os saldos flutuam de devedor para credor. Empréstimos bancários O item 9, do CPC 03, estabelece que os empréstimos bancários são geralmente considerados como atividades de financiamento, assim como devem ser considerados os saldos bancários a descoberto, decorrentes de empréstimos obtidos por meio de instrumentos como cheques especiais ou contas-correntes garantidas. A parcela não utilizada do limite dessas linhas de crédito não deve compor os equivalentes de caixa. Aspectos de aplicações financeiras e fundos como caixa e equivalentes Com a finalidade de qualificar as aplicações financeiras e os fundos de investimento como caixa e equivalentes, é preciso analisar tais aplicações. Como regra geral, se parte da carteira do fundo não atende à definição, em geral o fundo como um todo não se qualifica. A classificação não deve ser feita com base somente em sua definição, pois é necessário que a administração verifique se os investimentos substancialmente atendem à definição de equivalentes de caixa. Essa análise deve cobrir todos os investimentos potenciais permitidos pelo regulamento do fundo, e não somente os ativos que o fundo detém na data base sob avaliação. Os fundos de mesma natureza e sob a mesma legislação e limites podem ter regulamentos diferentes. Portanto, a análise precisa ser feita caso a caso. Na prática, um fundo que atende à definição de caixa e equivalentes tem rentabilidade mais baixa, justamente por conta da liquidez diária e do risco insignificante. É a ordem natural do mercado: menor risco, menor remuneração. No caso de um fundo exclusivo, em essência a empresa não tem uma aplicação em um fundo, mas a aplicação em cada ativo que o compõe. Portanto, as aplicações são trazidas linha a linha, e a análise é feita ativo por ativo. Assim, mesmo que alguns ativos não atendam à definição de equivalentes de caixa, somente eles deixam de ser assim classificados. Certificado de Depósito Bancário (CDB) como equivalente de caixa O prazo contratual de um CDB é normalmente superior a três meses. Porém, muitas vezes pode ser resgatado imediatamente sem penalidade de juros. Nesse caso, é necessário que os termos contratuais realmente reflitam a liquidez diária. A prática do banco de resgatar quando solicitado não é suficiente. A liquidez diária tem que estar contratada formalmente. Além disso, para que um CDB seja considerado como de risco insignificante, ele em geral precisa estar indexado pela variação do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI), que é considerado uma taxa livre de risco. Outro aspecto a observar é se a intenção da administração é fazer uso desses recursos no curto prazo ou deixar para um prazo maior. Quando a intenção é usar em um prazo maior, é provável que se esteja diante de recursos que são parte da atividade de investimento e não “gerenciamento do caixa”. Portanto, a combinação prazo- remuneração-intenção é fundamental para atender à definição de equivalente de caixa. 1. 2. Exercícios propostos e resolvidos Em qual categoria de instrumento se encaixa um equivalente de caixa? O CPC 38/IAS 39 determina que os ativos financeiros sejam classificados em uma das quatro categorias de instrumentos financeiros: 1) empréstimos e recebíveis; 2) mantidos até o vencimento; 3) disponíveis para venda; 4) valor justo por meio do resultado. Esta última inclui os ativos financeiros mantidos para negociação e os designados inicialmente ao valor justo. Em teoria, dependendo da natureza do instrumento e da intenção da administração, um equivalente de caixa pode ser classificado em qualquer uma dessas categorias, mas normalmente será um empréstimo e recebível ou mantido para negociação. Observação Um erro comum é classificar como empréstimo e recebível uma aplicação financeira que é comprada e vendida com alta frequência. O CPC 38/IAS 39, parágrafo 9, não permite classificar como empréstimo e recebível qualquer instrumento que seja “adquirido ou incorrido principalmente para a finalidade de venda ou de recompra em prazo muito curto”, pois deve ser classificado como mantido para negociação. As contas garantidas são equivalentes de caixa? Se forem utilizados como parte do gerenciamento dos recursos de liquidez de curto prazo, sim. 3. 4. 5. Observação A classificação como equivalente de caixa para a demonstração de fluxo de caixa não deve ser confundida com apresentação no balanço. Uma conta garantida deve ser classificada no passivo no balanço, independentemente se for considerada para compor o saldo de caixa e de equivalente de caixa para fins da demonstração dos fluxos de caixa. Uma conta-corrente em dólar é equivalente de caixa?Embora a quantidade de reais não seja fixa, uma conta-corrente atende à definição de caixa, uma vez que o conceito de mudança de valor está relacionado ao valor justo, que, em dólar (US$), não se altera. Um depósito bancário para ser utilizado para a expansão da linha de produção é equivalente de caixa? Para que uma aplicação financeira de curto prazo seja qualificada como equivalente de caixa, ela deve fazer parte das atividades de gerenciamento de caixa da organização. Não devem compor o saldo de equivalentes de caixa aqueles investimentos que são claramente identificados pela administração como não destinados ao atendimento de atividades operacionais, mas que estejam, por exemplo, comprometidos com compra de ativo fixo e outras atividades de investimento. CDB com remuneração de 90% do CDI até 60 dias e remuneração de 95% do CDI após decorridos 60 dias, considera-se equivalente de caixa? Supondo que as condições gerais antes mencionadas para CDBs sejam cumpridas, e a intenção da administração seja sempre 6. 1. 2. resgatar o CDB no prazo de 60 dias, os termos contratuais depois de 60 dias são irrelevantes. Nesse caso, o CDB pode ser classificado como equivalente de caixa, ou seja, classificado e mantido para negociação e mensurado pelo valor justo. Caso a intenção ou o histórico seja de resgate superior a 60 dias, não poderá ser classificado como equivalente de caixa. CDB com remuneração de 95% do CDI, porém irá remunerar somente 90% do CDI se for resgatado antes de 60 dias, pode ser considerado equivalente de caixa? Se a intenção da administração for sempre resgatar no prazo de 60 dias, as condições subsequentes são irrelevantes. O CDB pode ser classificado como equivalente de caixa a 90% do CDI. Como regra geral, um investimento num fundo somente pode ser classificado como equivalente de caixa se todos os investimentos subjacentes também puderem ser classificados assim. Casos diversos A seguir apresentamos diversos fundos, como fundo de ações, fundos de curto prazo, fundos cambiais, fundos multimercados, fundos de dívida externa, fundos referenciados e fundos de renda fixa. Procura-se determinar se tais fundos podem ser considerados, ou não, equivalentes de caixa. Fundo de ações: mínimo de 67% em ações. Não é equivalente de caixa. Fundos de curto prazo: títulos públicos federais (pré-fixados, indexados ao Sistema especial de liquidação e de custódia – Selic – ou ao índice de preços) com prazo máximo de 375 dias e carteira com prazo médio de 60 dias. Com a finalidade de qualificar os fundos de curto prazo como caixa e equivalentes, é a. b. c. d. fundamental analisar os seguintes fundos: Fundos cambiais: 80% da carteira relacionada diretamente, ou por derivativos, à variação da moeda estrangeira escolhida. Observação: Fundos multimercados, títulos de renda fixa, ações, câmbio ou derivativos não são equivalentes de caixa. Fundos de dívida externa: têm no mínimo 80% de seu patrimônio em títulos representativos da dívida externa de responsabilidade da união. É permitida a aplicação de até 20% em títulos de crédito diversos no mercado internacional. Não é equivalente de caixa. Fundos referenciados: 95% da carteira composta de ativos que acompanhem o índice de referência escolhido e, no mínimo, 80% em títulos públicos federais ou títulos considerados de baixo risco de crédito. Fundos de renda fixa: 80% da carteira relacionados diretamente, ou via derivativos, com juros e/ou inflação. • Divulgação dos componentes de caixa e equivalentes A entidade deve divulgar os componentes de caixa e equivalentes e apresentar uma conciliação dos valores em sua demonstração dos fluxos de caixa com os respectivos itens divulgados no balanço patrimonial (item 49 do CPC 03). Em vista da variedade de práticas de gestão de caixa e de produtos bancários, a entidade deve divulgar a política que adota na determinação da composição do caixa e equivalentes (item 50 do CPC 03). O efeito de qualquer mudança na política para determinar os componentes de caixa e equivalentes, como, por exemplo, mudança na classificação dos instrumentos financeiros previamente considerados como parte da carteira de investimentos da entidade, deve ser apresentado de acordo com a regra específica da NBC T 19.11 (Mudanças nas Práticas Contábeis, nas Estimativas e Correção de Erros – item 51 do CPC 03). • Outras divulgações A entidade deve divulgar, em nota explicativa, acompanhada de um comentário da administração, os saldos de caixa e equivalentes que não estejam disponíveis para uso pelo grupo (item 52 do CPC 03). Existem diversas circunstâncias em que os saldos de caixa e equivalentes não estão disponíveis para uso do grupo. Entre os exemplos estão: saldos de caixa e equivalentes em poder de controlada que opere em país no qual se apliquem controles cambiais ou outras restrições legais que impeçam o uso geral dos saldos pela controladora ou por outras controladas (item 53 do CPC 03). Informações adicionais podem ser importantes para que os usuários entendam a posição financeira e a liquidez da entidade. A divulgação de tais informações em nota explicativa é recomendada e pode incluir (item 54 do CPC 03): 1. 2. 3. 4. 5. O valor de linhas de crédito obtidas, mas não utilizadas, que podem estar disponíveis para futuras atividades operacionais e para satisfazer compromissos de capital, indicando restrições, se houver, sobre o uso de tais linhas de crédito; O valor dos fluxos de caixa de cada uma das atividades operacionais, de investimento e de financiamento, referentes aos investimentos em entidades de controle conjunto, contabilizado mediante o uso da consolidação proporcional; O valor dos fluxos de caixa que representam aumentos na capacidade operacional, separadamente dos fluxos de caixa que são necessários para apenas manter a capacidade operacional; O valor dos fluxos de caixa decorrentes das atividades operacionais, de investimento e de financiamento de cada segmento industrial, comercial ou de serviços e geográfico; Os montantes totais dos juros e dividendos e juros sobre o capital próprio, pagos e recebidos, separadamente, bem como o montante total do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido pagos, neste caso destacando os montantes relativos à tributação da entidade daqueles retidos na fonte de terceiros e apenas recolhidos pela entidade (item 22). Tipos de quociente Os quocientes contábeis comparam e investigam as relações entre as partes das informações contábeis contidas nas demonstrações contábeis. Os que refletem as medidas de liquidez são os quocientes de solvência (liquidez). As relações entre o ativo circulante e o passivo circulante mostram as tendências da capacidade de pagamento das empresas em curto prazo. Entre os stakeholders, o grupo de credores, como bancos, fornecedores e governo, tem maior interesse nos índices de liquidez ou solvência. Por esse motivo, o gestor financeiro-contábil preocupa- se em manter o equilíbrio entre o ativo circulante e o passivo circulante como norma de controle gerencial. Quociente de liquidez O quociente de liquidez avalia a tendência da capacidade de pagamento do passivo circulante, tais como folha de pagamento do pessoal, impostos e taxas, fornecedores e bancos. Esse índice é utilizado pelos credores da empresa quando da concessão de créditos e para cálculo das probabilidades de recebimento de seus créditos. Assim, pode-se dizer que os quocientes de solvência ou liquidez medem a viabilidade do negócio em curto prazo, isto é, a capacidade de a empresa pagar suas obrigações em curto prazo e assim continuar as operações. Índices de solvência Quociente de liquidez corrente (QLC) É a medida frequentemente utilizada para a solvência de curto prazo e relaciona os ativos circulantes com as solicitações de credores em curto prazo. Indicador de solvência de curto prazo, o QLC indica a proteção dos credores em curto prazo por ativos, onde há expectativa que de eles possam ser convertidos em dinheiro rapidamente. A fórmula para se calcular
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