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ANÁLISE FINANCEIRA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

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EQUIPE
EDITORIAL
Editora responsável | Helena Trevisan
 Coordenadora editorial | Juliana Quintino de
Oliveira
 Projeto gráfico,
diagramação e capa |
Alfredo Carracedo
Castillo
 Revisora | Marcia Nunes
 Adaptação para eBook | Hondana
PRODUÇÃO Trevisan Editora
Av. Tiradentes, 998, 6o andar – Bairro Luz
01102-000 – São Paulo, SP
tel. (11) 3138-5282
editora@trevisaneditora.com.br
www.trevisaneditora.com.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Análise financeira das demonstrações contábeis na prática [livro
eletrônico]/
Ailton Fernando de Souza, coordenador... [et al.]. - São Paulo :
Trevisan Editora, 2015. 20 Mb; ePUB.
Outros autores: Anderson de Oliveira Faria, Marcia Sousa Nascimento
Ariede, Mariano Yoshitake
ISBN 978-85-99519-81-3
1. Administração financeira 2. Balanço financeiro 3. Contabilidade de
custos 4. Empresas – Contabilidade I. Souza, Ailton Fernando de.
II. Faria, Anderson de Oliveira. III. Ariede, Marcia Sousa Nascimento.
IV. Yoshitake, Mariano.
15-07664 CDD-657.42
Índices para catálogo sistemático:
http://www.hondana.com.br
mailto:editora@trevisaneditora.com.br
http://www.trevisaneditora.com.br
1. Análise financeira : Contabilidade 657.42
A Trevisan Editora agradece o envio de correções e comentários de seus livros, inclusive de
erros tipográficos, de formatação ou outros. Por gentileza, faça uma cópia da página que
contém o erro e envie por e-mail para editora@trevisaneditora.com.br.
Os livros da Trevisan Editora estão disponíveis com descontos para quantidades especiais
destinadas a promoções de venda e prêmios ou para uso em programas de treinamento
corporativo, além de outros programas educacionais. Para mais informações, entre em
contato conosco.
Direitos reservados desta edição à Trevisan Editora
Av. Tiradentes, 998, 6o andar – Bairro Luz
01102-000 – São Paulo, SP
tel. (11) 3138-5282
editora@trevisaneditora.com.br
www.trevisaneditora.com.br
© Trevisan Editora, 2015
mailto:editora@trevisaneditora.com.br
mailto:editora@trevisaneditora.com.br
http://www.trevisaneditora.com.br
Sobre os autores
■ AILTON FERNANDO DE SOUZA ■
Bacharel em Ciências Contábeis pelo Centro Universitário Paulistano
(Unipaulistana), pós-graduado em Gestão Estratégica do Terceiro
Setor pelas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). Autor do artigo
científico Governança corporativa em entidade do terceiro setor (Revista
de Direito do Terceiro Setor, Editora Fórum, dez./2013), autor e
coautor de livros na área de gestão contábil, atualmente exerce cargo
de Gestão e Gerência de Contabilidade. Administrador do site
<www.ailtonfernando.com.br> e colunista do portal Essência sobre a
Forma, foi professor do curso Técnico em Contabilidade do Senac e do
Centro Paula Souza. Atualmente ministra cursos e palestras voltados à
área contábil-tributária.
■ ANDERSON DE OLIVEIRA FARIA ■
Mestre em Contabilidade pela Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo (PUC-SP). Pós-graduado em Gestão Empresarial pela Faculdade
Trevisan e em Administração de Empresas pela Fundação Getulio
Vargas (FGV-SP). Bacharel em Ciências Contábeis. Com 20 anos de
experiência em auditoria, contabilidade e controladoria, atua como
gerente geral de Contabilidade, Impostos e Seguros de Multinacional
Alemã. Ex-gerente de Auditoria da Arthur Andersen Auditores
Independentes e Trevisan Auditores Independentes.
■ MARCIA SOUSA NASCIMENTO ARIEDE ■
http://www.ailtonfernando.com.br
Contabilista com pós-graduação em MBA no curso de Controladoria
pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas
(FMU). Atua na contabilidade e Controladoria de uma grande
Instituição do Terceiro Setor direcionada à área da saúde, com
especialização no Terceiro Setor.
■ MARIANO YOSHITAKE ■
Doutor em Controladoria e Contabilidade pela Faculdade de
Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São
Paulo (FEA-USP). Diretor, controller, auditor e contador em empresas
nacionais e multinacionais. Professor dos cursos de Mestrado
Profissional em Administração e do Mestrado em Desenvolvimento
Regional das Faculdades Alves Faria (Alfa). Autor e coautor de livros
e artigos publicados em periódicos e apresentados em eventos da
área.
Sumário
Capítulo 1
Análise das demonstrações contábeis
Aspectos gerais
O profissional da análise das demonstrações contábeis
Usuários e finalidades do relatório de análise das demonstrações contábeis
Processo de tomadas de decisão
Métodos de análise das demonstrações contábeis
Balanço patrimonial (BP): estrutura e apresentação
Receitas e despesas
Demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL)
Capítulo 2
Estrutura das demonstrações contábeis
Esquema contábil
Exemplo prático
Visão geral da análise financeira das demonstrações contábeis
Índices econômico-financeiros
Caixa e equivalentes
Capítulo 3
Quociente de solvência ou liquidez
Tipos de quociente
Índices por ação e lucro por ação
Análise da política de dividendos da empresa
Ebit e Ebtida
Capítulo 4
Análises horizontal e vertical
Análise horizontal
Análise vertical
Capital de giro como instrumento de gestão
Alavancagem operacional
Alavancagem financeira
Alavancagem total
Cinco fórmulas para cálculo de índices/quocientes financeiros
Estudo de caso
Referências
Aspectos gerais
As demonstrações financeiras surgiram da necessidade da constante
avaliação da saúde econômica e financeira de uma organização. Elas
têm o propósito de fornecer informações que sejam úteis para
administradores, investidores/acionistas, financiadores, fornecedores
e a todos aqueles que se utilizam delas. Por esse motivo, as
demonstrações financeiras traduzem-se em informações úteis e
direcionadas para tomadas de decisão, além de serem ferramentas
para avaliar até mesmo o desempenho dos gestores da organização.
É importante dizer que as demonstrações financeiras podem ser
apresentadas de diversas maneiras, dependendo do usuário principal
e dos objetivos a serem atingidos. É imprescindível que os dados ali
expressos atendam aos interesses e necessidades de determinado
grupo (de porte grande) ou de uma sociedade de indivíduos que os
utilizem.
O profissional da análise das demonstrações
contábeis
Em razão da complexidade dessa atividade, é fundamental que o
profissional que analisará essas demonstrações esteja em constante
atualização e aprimoramento, adquirindo os subsídios necessários ao
bom desempenho de sua função.
É de suma importância que o analista das demonstrações
financeiras tenha noção clara dos seguintes aspectos:
Caixa e equivalentes de caixa – ativo disponível
Contas a receber – vendas, duplicatas por vendas a prazo e provisão para
créditos de liquidação duvidosa
Estoques – identificação, mensuração e contabilização
Empréstimos e outras contas a receber, a curto e a longo prazo
Tributos diferidos
Ativo imobilizado – procedimentos para avaliação e apuração do custo de
aquisição, cálculo e contabilização da depreciação
Participação em controladas e coligadas – classificação contábil,
reconhecimento na investidora da participação na evolução patrimonial das
investidas
Intangível – classificação contábil, procedimentos para avaliação e apuração do
custo de aquisição, cálculo e contabilização da amortização
Em relação ao passivo, procedimentos para cálculo e contabilização das
provisões para férias e 13o salário
Reconhecimento da existência e contábil das provisões para contingências
Reconhecimento contábil de outras dívidas da empresa – salários, fornecedores,
tributos a pagar, tributos diferidos, empréstimos bancários, juros, dividendos a
pagar e participação nos resultados etc.
Contabilização da evolução do patrimônio líquido, constituição das reservas de
lucros e de capital
Avaliação de tendências ou da situação patrimonial da empresa
Comparação da situação econômico-financeira em relação aos principais
concorrentes
Análise da rentabilidade de produtos ou de linhas de produção
Comparação do resultado dos investimentos
Necessidade de recursos financeirospara financiamento
Apuração das medidas de desempenho
Fonte: Elaboração dos autores.
O domínio dos aspectos mencionados no quadro anterior tem as
seguintes finalidades:
O profissional desse ramo pode ser um consultor especializado
contratado para tal finalidade, um funcionário da empresa que está
sendo avaliado ou ainda um terceiro, geralmente vinculado à
determinada organização que tenha interesse no resultado da análise
(estabelecimentos bancários, fundos de investimento etc.).
Há pelo menos um século a Contabilidade vem sendo utilizada
como principal fonte de informação para a gestão econômico-
financeira. Por isso é inegável a evolução do profissional de
contabilidade, tornando-se destaque nos mais diversos segmentos,
uma vez que é responsável por transmitir uma gama de informações e
elementos que servem como fonte segura e concreta para tomadas de
decisão em qualquer entidade.
Esse profissional deve absorver, organizar e processar os dados
quantitativos e qualitativos de toda a organização, transformando-os
em informações úteis e inteligíveis para seus diversos usuários, entre
quotistas, acionistas, investidores, governos municipais, estaduais e
federais e seus órgãos e autarquias, estabelecimentos de créditos
como bancos, clientes, fornecedores, funcionários e toda a sociedade
que se utiliza de informação contábil.
Usuários e finalidades do relatório de análise das
demonstrações contábeis
São diversos os usuários e as finalidades das demonstrações
financeiras. Segue a relação:
•
•
•
•
•
•
Usuário Finalidade de obter informações
Coordenação geral
(executivo)
para tomadas de decisão
Governo para análise estatística do desempenho da união de seus
estados e regiões
Sócios/Acionistas para análise da administração e do desempenho dos
responsáveis
Bancos para análise da solvência dos clientes e avaliação da
possibilidade de concessão de crédito
Fornecedores para análise de contratos de vendas a prazo
Empresa para análise dos recebimentos futuros dos clientes
Fonte: Elaboração dos autores.
Processo de tomadas de decisão
O processo de tomadas de decisão basicamente consiste em
identificar, ordenar e destacar os principais pontos de recomendação
de determinada empresa, apresentando-os em relatório. Para isso, é
preciso expor o parecer em linguagem de fácil entendimento,
possibilitando que o usuário da informação tome decisão com base
nela.
Fonte: Elaboração dos autores.
A elaboração dessa análise não pode limitar-se apenas a dados
contábeis, pois ela deverá ser relacionada a flutuações econômicas e a
outros fatores que deem subsídios para a tomada de decisão adequada
na organização. Dependendo do contexto da informação gerada pelo
analista, isso pode ocasionar consequências positivas ou negativas.
Métodos de análise das demonstrações contábeis
O sistema de informação da contabilidade de uma organização é
alimentado por documentos, fatos e informações de origem interna e
externa. Nele são classificadas, analisadas e registradas as operações
para posterior emissão de relatórios contábeis e gerenciais,
demonstradas na figura a seguir:
Fonte: Elaboração dos autores.
Instrumentos de análise
Para a correta análise das demonstrações de uma entidade, também é
fundamental que as demonstrações tenham alto grau de qualidade,
assim como o mínimo espaço de tempo entre sua elaboração e sua
análise, para que ocorra a menor variação possível, pois tal
informação, sendo ela indevida ou desatualizada, pode resultar em
uma análise totalmente distorcida da real situação econômica da
empresa. Com base nesses dados, o contabilista, o administrador ou o
gestor da empresa vão ter parâmetro para tomada de decisão, assim
como bancos e outras instituições financeiras.
A análise financeira dá ao administrador e detentor da informação
condições de saber se o que foi planejado anteriormente atingiu a
meta estabelecida e se há condições para tomadas de decisão futuras.
Vale lembrar que a análise financeira é uma das tarefas mais
difíceis e complexas entre as inúmeras do analista, por isso esse tipo
de trabalho só se começa após o processamento contábil estar
devidamente concluído, dentro dos princípios, parâmetros e normas
próprias da ciência contábil. Em outras palavras, após a conciliação
executada e os relatórios contábeis prontos, inicia-se a análise, não
sendo essencial esperar o término do exercício para efetuá-la. O
importante é levar em consideração o planejamento ou a necessidade
da empresa e, para isso, a contabilidade do período desejado deve ter
sido encerrada e os relatórios necessários finalizados.
Para um bom resultado, é fundamental seguir as seguintes etapas:
Fonte: Elaboração dos autores.
A seguir serão apresentados dois indicadores de análise –
horizontal e vertical. Embora se constituam de métodos diferentes na
execução, eles se completam, pois, se analisados individualmente,
podem não demonstrar o resultado planejado.
Análise horizontal
Para esse tipo de análise, utilizam-se mais de um período de
fechamento, pois o objetivo é verificar a evolução de determinados
resultados de um para o outro. Por esse motivo, empregam-se
períodos diferentes e consecutivos. Essa análise é chamada de
horizontal por duas razões:
Fonte: Elaboração dos autores.
Quando, por exemplo, é realizada a análise da evolução das
vendas de uma organização de um mês para o outro, configura-se
uma análise horizontal, uma vez que é possível verificar se o rumo
escolhido é o certo ou se é preciso corrigir algum ponto para atingir o
objetivo desejado pela entidade.
O relatório mais utilizado para análise financeira é o balanço, pois,
além de ser a demonstração mais completa, apresenta a situação real
da empresa em determinada data. Utiliza-se a seguinte fórmula para o
cálculo do índice:
Exemplo: Índice do ativo de 2013
Em uma tabela comparativa, temos a seguinte situação (em R$):
*Análise horizontal
Para se obter uma análise horizontal conclusiva, deve-se analisá-la
sempre que possível em conjunto com a análise vertical.
Análise vertical
O objetivo desta análise é avaliar a estrutura de um todo e a
participação de cada recurso nesse total, podendo ser aplicada a todos
os grupos do ativo e do passivo somados ao patrimônio líquido e até
as contas de resultado, uma vez que a soma dos dois últimos é igual
ao ativo.
Nesta análise, divide-se o valor da conta que representa cada
recurso ou aplicação pelo valor total do grupo, ao qual essa partícula
de recurso ou aplicação pertence e se totaliza. Nela, não é necessário
utilizar as demonstrações contábeis de outros períodos, pois ela é feita
no próprio balanço.
Para essa análise, têm-se o total do ativo e o total do passivo como
100% e calcula-se conta por conta, grupo por grupo, para determinar
quanto cada um deles representa nessa demonstração.
Outra forma de análise é o levantamento dos quocientes, pois,
com base nessa apuração, pode-se analisar o quanto há em moeda ou
em percentual para saldar as dívidas. No quociente de liquidez
imediata, o resultado do cálculo nos mostra quanto se tem para cada
R$ 1,00 de divida.
Balanço patrimonial (BP): estrutura e
apresentação
Balanço patrimonial (BP) é a principal demonstração financeira
obrigatória por Lei, uma vez que mostra como está o patrimônio da
organização. O BP demonstra, de forma organizada, quais são e
quanto valem os bens, direitos e obrigações no aspecto qualitativo e
quantitativo, como mencionado a seguir.
Estruturas atuais do BP
Fonte: Elaboração dos autores.
O BP é constituído de duas colunas: do lado direito é a do passivo;
do lado esquerdo, a do ativo. No passivo, são discriminadas as
obrigações (dívidas) da empresa para com terceiros e, no ativo,
compreendidos os bens e direitos.
De acordo com o Artigo 178 da Lei n. 6.404/76 (Lei das
Sociedades por Ações), classifica-se o BP da seguinte forma:
Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio
que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação
financeirada companhia.
§ 1o No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos
elementos nelas registrados, nos seguintes grupos:
I. ativo circulante; e (Incluído pela Lei n. 11.941, de 2009)
II. ativo não circulante, composto por ativo realizável a longo prazo, investimentos,
imobilizado e intangível. (Incluído pela Lei n. 11.941, de 2009)
§ 2o No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos:
I. passivo circulante. (Incluído pela Lei n. 11.941, de 2009)
II. passivo não circulante. (Incluído pela Lei n. 11.941, de 2009)
III. patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de
avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados.
(Incluído pela Lei n. 11.941, de 2009).
Classificação das contas do BP
Todas as contas do grupo do ativo ficam do lado esquerdo do BP e são
classificadas em ordem crescente do grau de liquidez, ou seja, de
acordo com a rapidez que elas forem convertidas em moeda
(dinheiro). Por esse motivo, as contas de maior liquidez aparecem no
começo do ativo e as de menor em último lugar. Seguindo esse
critério, a conta de caixa, por ser de maior liquidez, permanece no
topo da classificação e a de máquinas e equipamentos, por ter a
liquidez menor, fica no final, pois não tem o mesmo potencial para
ser convertida em dinheiro como a conta de caixa e bancos.
É importante informar que as contas do grupo do ativo não se
encerram com a apuração do resultado do exercício, podendo ser
debitadas ou creditadas, desde que o saldo seja sempre devedor, com
exceção das contas redutoras do ativo. O ativo divide-se em duas
partes: circulante e não circulante.
As contas do passivo estão discriminadas do lado direito do BP de
forma decrescente de exigibilidade, pois originam-se de recursos de
terceiros e classificam-se de acordo com seu vencimento. Ou seja, as
contas de curto prazo, aquelas que serão liquidadas mais
rapidamente, aparecem no topo e as que serão pagas com prazo maior
ficam no final do grupo.
O patrimônio líquido (PL) que também faz parte do passivo,
permanecendo do lado direito do BP, origina-se de contas
provenientes de recursos próprios, como investimentos (feitos pelos
proprietários) para abertura da empresa, reserva de lucro, lucros ou
prejuízos acumulados. Por esse motivo, quando o PL aumenta, a
empresa está em boa situação; se ele diminui significa que a empresa
não está bem.
Demonstração do resultado do exercício (DRE),
Demonstração do resultado abrangente (DRA) e
Demonstração das mutações do patrimônio
líquido (DMPL)
A demonstração do resultado do exercício (DRE) é a demonstração de
forma organizada e sistematizada do resultado das atividades de uma
organização (com ou sem fins lucrativos), em determinado período ou
exercício contábil. Resumem-se as DREs nas diversas contas
contábeis: a) receitas brutas de vendas de produto e/ou mercadoria,
da prestação de serviços e dos valores recebidos por doações; b)
deduções das receitas; c) custo das mercadorias vendidas e dos
serviços prestados; d) despesas; e) provisão para imposto de renda
(IR), para contribuição social ou Simples Nacional; f) resultado (lucro
ou prejuízo) após a provisão para IR, contribuição social ou Simples
Nacional.
a.
b.
c.
Importante salientar que a DRE, para a maioria das empresas
limitadas, ainda é o principal demonstrativo utilizado para apuração e
distribuições de seus resultados positivos (lucros). Algumas empresas
constituídas sob a forma de sociedades anônimas ou mesmo as
sociedades de grande porte (aquelas com faturamento acima de R$
300.000.000 anuais) já utilizam o Lucro Antes dos Juros, Impostos,
Depreciação e Amortização (Lajida) – em inglês: Earnings before
interest, taxes, depreciation and amortization (Ebitda) – para
determinação de bônus e premiação a serem pagas a seus dirigentes
por metas e resultados auferidos.
De acordo com o CPC 26, a DRA (“outros resultados abrangentes”)
deve apresentar no mínimo:
o total do resultado (do período)
o total de outros resultados abrangentes
o resultado abrangente do período, ou seja, o total do resultado
e de outros resultados abrangentes.
Ainda, segundo o CPC 26, se a organização apresentar a
demonstração do resultado separada da demonstração do resultado
abrangente, não deverá, então, exibir a demonstração do resultado
incluída na demonstração do resultado abrangente.
Estruturas para apresentação da DRE (e DRA) de
uma empresa industrial
A estrutura mencionada a seguir está de acordo com o Comitê de
Pronunciamentos Contábeis (CPC) e com a legislação societária e
•
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fiscal.
A: Receita bruta de vendas de produto e serviço
Vendas de produto
Vendas de serviço
B: (–) Deduções da receita bruta
Impostos incidentes sobre vendas
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e sobre a Prestação de
Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicação (ICMS)
Imposto sobre Serviços (ISS)
PIS ou Pasep sobre a receita bruta
Cofins sobre a receita bruta
Vendas canceladas e devoluções
Abatimentos
C: (–) Custo dos produtos vendidos e dos serviços prestados
Custo dos produtos vendidos
Custo dos serviços prestados
D: Lucro bruto (A – B – C)
E: (–) Despesas operacionais de vendas
Despesas com salários e encargos do pessoal
Treinamento e outros benefícios
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Honorários da diretoria
Comissões de vendas
Propaganda e publicidade
Viagens e representações
Água, luz, correios e telecomunicações
Seguros diversos
Fretes sobre as vendas
Perdas com devedores duvidosos
Depreciação
Despesas gerais
Administrativas
Despesas com salários e encargos do pessoal
Treinamentos e outros benefícios
Honorários da diretoria
Honorários do Conselho Fiscal e da Administração
Viagens e representações
Água, luz, correios e telecomunicações
Seguros diversos
Aluguéis e condomínios
Gastos com auditoria
Depreciação
Despesas gerais
Tributárias
Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana
Outros tributos
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Financeiras
Encargos financeiros sobre financiamentos
Variações monetárias e cambiais
Juros diversos a fornecedores e bancos
Taxas e outros encargos bancários
Despesas gerais
CPMF
F: (+) Receitas financeiras
Descontos obtidos
Juros recebidos
Receitas de aplicações de curto prazo
G: (+) Outras receitas e (–) despesas operacionais
Lucros e prejuízos de participações societárias
Resultado da equivalência patrimonial
Dividendos recebidos de participações societárias avaliadas pelo
custo de aquisição
Amortização de ágio ou deságio de investimentos em participações
Societárias
H: (+) Demais rendimentos
I: (=) Lucro ou prejuízo operacional: (D – E + F)
J: (+/–) Outros resultados
Ganhos e perdas nos investimentos na variação do percentual de
•
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participação societária
Ganhos e perdas na alienação dos investimentos em participação
societária
Ganhos e perdas na alienação de imobilizados
Provisão para perdas prováveis na realização dos investimentos
Baixa de ativos diferidos
K: (=) Resultado antes do imposto de renda e da contribuição
social = (I – J)
L: (–) Despesa com imposto de renda
M: (–) Despesa com contribuição social l
N: (=) resultado após o imposto de renda e contribuição social:
(K – L – M)
O: (–) Participações e contribuições
Debêntures
Empregados
Administradores
Fundos de previdência privada dos funcionários
P: (=) Resultado líquido do exercício das operações continuadas
= Resultado por lote de 1.000 Ações
Quantidade de ações ao final do exercício
Q: (=) Outros resultados abrangentes
a)
b)
c)
d)
e)
•
•
•
Resultado líquido do período das operações continuadas (= P)
(+) Efeitos da correção de erros e das mudanças de políticas
contábeis/ajustes
Exercícios anteriores
(+) Ganhos/perdas de conversão das demonstrações contábeis
(+) Ganhos ou perdas atuariais (benefícios a empregados)
(+) Algumas mudanças nos valores justos de instrumentos de
Hedge
(+) Parcela de outrosresultados abrangentes de coligadas
/controladas
= Resultado do valor abrangente
A DRE pode ser elaborada para períodos menores que um ano, de
acordo com a necessidade dos gestores (administração da
organização):
Mensal: resultado corresponde a um único mês
Trimestral: resultado correspondente a um trimestre
Semestral: resultado correspondente a um semestre
Ainda pode ser bimestral, quadrimestral etc., enfim, o período o
qual for conveniente em relação à utilidade dos resultados para a
entidade.
Receitas e despesas
Receitas operacionais
•
•
•
•
As receitas representam o aumento dos benefícios econômicos
durante o período contábil, sob a forma de entrada de recursos,
acréscimo de ativos ou diminuição de passivos que resultam em
ampliação do patrimônio líquido da entidade e que não sejam
provenientes de aporte de recursos dos proprietários da entidade.
As receitas surgem no curso das atividades da entidade e recebem
uma variedade de nomes para serem identificados de acordo com sua
origem, como vendas, juros, dividendos e royalties. São fatos
administrativos que aumentam o valor do patrimônio líquido.
Outras receitas
“Outras receitas” constituem-se de receitas de uma pessoa jurídica
obtidas das atividades acessórias, tais como:
Venda de bens do ativo permanente (por exemplo: a venda de
um veículo usado)
Rendimentos das aplicações financeiras
Vendas de sucata da produção
Há necessidade, portanto, de individualizar a escrituração das
receitas para garantir o fornecimento de informações detalhadas
acerca da origem de cada uma, bem como saber se houve ou não o
recebimento correspondente. Uma empresa deve segregar a
escrituração de suas receitas, de acordo com sua origem,
classificando-as nas seguintes contas:
Vendas de mercadoria
•
•
•
Receitas de serviço
Receitas não operacionais
Receitas financeiras
Didaticamente, receitas compreendem as operações as quais
promovem aumento no patrimônio líquido.
O termo “outras receitas” substituiu o termo “receitas não
operacionais”, conforme artigo 37 da Lei n. 11.941/2009, a qual
alterou a redação do art. 187 da Lei n. 6.404/76.
A receita é reconhecida quando for provável que os benefícios
econômicos futuros fluam para a entidade e eles sejam
confiavelmente mensurados.
Custos
Geralmente os custos são citados em empresas como operações
mercantis (compra e venda de produtos/mercadorias), porém, além
dos estabelecimentos comerciais e industriais, as organizações com
objetivos de prestação de serviços (clínicas, escritórios de
contabilidade, consultorias de projetos e engenharia etc.) podem ter
gastos classificados como custos.
Considerando uma definição clássica, o custo é a soma dos gastos
com bens e serviços para a produção de outros bens e serviços.
Exemplos: matéria-prima, energia aplicada na produção de bens,
salários e encargos do pessoal da produção.
De acordo com o CPC 16:
O custo de aquisição dos estoques compreende o preço de compra, os impostos de
importação e outros tributos (exceto os recuperáveis junto ao fisco), bem como os custos
de transporte, seguro, manuseio e outros diretamente atribuíveis à aquisição de produtos
acabados, materiais e serviços. Descontos comerciais, abatimentos e outros itens
semelhantes devem ser deduzidos na determinação do custo de aquisição (Nova Redação
dada pela Revisão do CPC n. 1, de 8/1/2010).
Despesas
As despesas são reconhecidas na demonstração do resultado quando
surge um decréscimo que seja determinado em bases confiáveis e nos
futuros benefícios econômicos provenientes da diminuição de um
ativo ou do aumento de um passivo. Isso significa, de fato, que o
reconhecimento da despesa ocorre simultaneamente com o aumento
do passivo ou a diminuição do ativo (por exemplo, apropriação de um
tributo incidente sobre a receita de vendas).
As despesas são reconhecidas na demonstração do resultado com
base na associação direta entre elas e os correspondentes itens de
receita. Esse processo, usualmente chamado de confrontação entre
despesas e receitas, de acordo com o regime de competência, envolve
o reconhecimento simultâneo ou combinado das receitas e despesas
que resultem diretamente das mesmas transações ou de outros
eventos; por exemplo, os vários componentes de despesas que
integram o custo das mercadorias vendidas devem ser reconhecidos
na mesma data em que a receita derivada da venda das mercadorias
ocorrer.
Uma despesa é reconhecida imediatamente na demonstração do
resultado quando um gasto não produz benefícios econômicos futuros
ou no caso de eles não se qualificarem ou deixarem de se qualificar,
para reconhecimento no balanço patrimonial como um ativo.
Uma despesa é também reconhecida na demonstração do
•
•
resultado quando um passivo é incorrido sem a correspondente
confirmação de um ativo, como no caso de um passivo decorrente de
garantia de produto.
O quadro a seguir traz as clássicas diferenças entre custos e
despesas.
Custos: gastos com Despesas: gastos com
Salário do pessoal da produção Salário do pessoal da administração e de
vendas
Depreciação das máquinas Depreciação dos computadores do
escritório
Aqueles ligados diretamente ao
objeto social da empresa
Aqueles não ligados diretamente ao
objetivo social da empresa
É necessário alocar corretamente os gastos com custos e despesas,
porque os custos têm participação direta na formação do preço de
venda dos produtos, mercadorias e serviços, e as despesas indicam a
distribuição do lucro bruto gerado, consequentemente o lucro líquido
a ser destinado.
Por exemplo: os amigos Cláudio e João constituem uma empresa
comercial que tem como atividade principal o comércio de roupas,
denominada Comércio de Roupas K Luxo Ltda. Para a exploração de
suas atividades, precisam adquirir das fábricas diversas peças de
roupas para estocagem e posterior revenda aos consumidores.
Precisam também, evidentemente:
alugar uma loja para a comercialização dos produtos.
contratar vendedores para atender aos consumidores.
•
•
•
•
•
•
•
contratar um escritório de contabilidade para efetuar a
escrituração da folha de pagamento e calcular e recolher os
tributos.
Portanto, a partir do início das atividades, começam a ocorrer
diversos fatos administrativos que vão originar:
as compras de roupas para compor os estoques e, no momento
das vendas, elas serão transferidas para o custo das mercadorias
vendidas.
as receitas: venda das peças de roupa.
as despesas: valor do aluguel da loja, salário dos funcionários,
honorários do contador, despesas com água, luz, telefone,
seguro da loja etc.
São classificadas como operacionais as receitas decorrentes das
operações que buscam a realização dos objetivos da organização e/ou
sua existência/manutenção, segundo a legislação tributária. As
receitas operacionais podem ter suas origens nas operações de:
venda de mercadoria
prestação de serviço
ambas as atividades
Lucro bruto
Denomina-se lucro bruto a diferença entre receitas líquidas e custo
(mercadorias, produtos e/ou serviços). Note que, para o cálculo do
lucro bruto, não consideramos as despesas em geral e as demais
receitas não provenientes dos objetivos sociais descritos no
contrato/estatuto social. O destino do lucro bruto é subsidiar as
despesas, incluindo aí Fisco e por último a remuneração dos
proprietários, sócios e/ou acionistas da empresa.
O lucro bruto depende exatamente do volume de custos da
organização, de forma que, quanto menor o custo, maior será o lucro
bruto, e quanto maior o lucro bruto, maiores são as chances de, após
o pagamento das despesas, o saldo a ser destinado aos sócios,
acionistas ou proprietários seja maior, por isso o controle de custos é
fator de maior preocupação dos gestores. Uma vez que o preço de
vendas é fixado pelo mercado e as despesas (água, luz, telefone,
salários da administração etc.) para manutenção da empresa são
praticamente conhecidas, resta o controle dos custos para melhorar a
lucratividade.
Lucro (ou prejuízo) operacional
No contrato (ou estatuto) social, estão definidos os objetivos sociais
da organização(vendas de mercadoria, prestação de serviços de
medicina etc.), logo as receitas com essas operações, subtraídos os
gastos auferidos para obtenção dessas receitas, compõem o chamado
lucro ou prejuízo operacional (ou simplesmente resultado
operacional). Outros resultados como ganhos na venda de ativo
imobilizado, por exemplo, não devem ser identificados como
componente do resultado operacional.
Lucro Antes do Imposto de Renda (LAIR)
É o total do resultado – lucro operacional (+/–) outras receitas e
despesas – antes da apropriação do valor do Imposto de renda (IR) e
da Contribuição Social; embora a convenção adotada seja denominar
esse resultado de lucro, pode também ser um saldo negativo
(prejuízo). Esse saldo não é a base de cálculo dos respectivos tributos
(IR e Contribuição social), posto que a apuração do lucro real será
realizada pela escrituração do Livro de apuração do lucro real (e-
Lalur). No caso do lucro presumido, o cálculo do IR e da Contribuição
social sobre o lucro líquido (CSLL) é realizado pela presunção (do
lucro), aplicando-se os respectivos percentuais sobre a receita bruta.
Regime de competência
O regime de competência basicamente determina que as receitas e
despesas sejam registradas no momento em que incorrerem,
independentemente de seu recebimento/pagamento, ou seja, não se
confunde resultado (lucro/prejuízo) com sobra ou não de caixa, já
que uma organização pode auferir lucro por ainda não ter recebido
suas receitas ou por já ter quitado suas despesas, e não apresentar a
sobra de caixa que corresponda a esse lucro.
Segundo o CPC 26:
A entidade deve elaborar as suas demonstrações contábeis, exceto para a demonstração
dos fluxos de caixa, utilizando-se do regime de competência.
Quando o regime de competência é utilizado, os itens são reconhecidos como ativos,
passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas (os elementos das demonstrações
contábeis) quando satisfazem as definições e os critérios de reconhecimento para esses
elementos contidos na Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório
Contábil Finance.
a.
b.
c.
De acordo com a Resolução CFC 750/93:
Art. 9o O Princípio da Competência determina que os efeitos das transações e outros
eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independentemente do
recebimento ou pagamento. Parágrafo único. O Princípio da Competência pressupõe a
simultaneidade da confrontação de receitas e de despesas correlatas (Redação dada pela
Resolução CFC n. 1282/10).
Confrontação: receitas versus despesas
Para a apuração do resultado de determinando período (exercício), é
necessário fazer a confrontação das receitas e despesas incorridas no
mesmo período. De forma prática e sistemática:
Dentro do período (mês, bimestre, trimestre, semestre ou ano),
o qual se pretende apurar o resultado, verifica-se o valor da
receita a ser reconhecida.
Associa-se ao mesmo período o valor da despesa (sacrifício)
incorrida, a fim de se obter a receita.
Efetua-se a operação (receita – despesa), que corresponde ao
resultado.
É óbvio que a forma de confrontação, mencionada antes, que
consiste na associação entre receita e despesa, é uma versão didática
e extremamente simplificada, sem considerar a classificação das
receitas/despesas, as normas quanto à sua realização e os critérios
adequados de apropriação das despesas, bem como a apuração dos
custos.
Não é tarefa simples reconhecer a despesas relacionadas à
determinada receita num período definido, porque nem todas estão
explícitas e são de fácil identificação, como, por exemplo: gastos com
salários do pessoal da administração ou produção, provisão dos
impostos e contribuições incidentes sobre a receita, gastos com
depreciação dos ativos da administração (computadores, por
exemplo), da produção (máquinas e equipamentos) e da frota de
veículos, ou as despesas com presunção de perdas no recebimento de
créditos, perdas no processo de produção, riscos de processos
trabalhistas e outras contingências, além das despesas com o IR e a
CSLL.
Demonstração das mutações do patrimônio
líquido (DMPL)
Com a função de evidenciar a movimentação de todas as contas do
patrimônio líquido ocorrida durante o exercício, inclusive aumento,
redução, bem como a constituição e realização de reservas e a
destinação dos lucros, essa demonstração tem fundamental
importância para as organizações, especialmente para quem avalia
seus investimentos em organizações coligadas e controladas pelo
Método da equivalência patrimonial.
A DMPL não é uma demonstração obrigatória, posto que o art.
186 da Lei n. 6.404/76 somente exige a DLPA (Demonstração dos
lucros ou prejuízos acumulados), no entanto, muitas companhias
optam pela DMPL por ser mais completa.
Segundo a Lei n. 6.406/76, a DPLA deve discriminar:
I. o saldo do início do período, os ajustes de exercícios anteriores e a correção monetária
do saldo inicial;
II. as reversões de reservas e o lucro líquido do exercício;
III. as transferências para reservas, os dividendos, a parcela dos lucros incorporada ao
capital e o saldo ao fim do período.
§ 1o Como ajustes de exercícios anteriores serão considerados apenas os decorrentes de
efeitos da mudança de critério contábil, ou da retificação de erro imputável a
determinado exercício anterior, e que não possam ser atribuídos a fatos subsequentes.
§ 2o A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados deverá indicar o montante do
dividendo por ação do capital social e poderá ser incluída na demonstração das mutações
do patrimônio líquido, se elaborada e publicada pela companhia.
Exemplo simplificado de DMPL
Demonstração das Mutações do patrimônio líquido (DMPL) da
empresa XYZ Ltda., inscrita no CNPJ XX.XXX.XXX/XXXX-XX,
encerrado em 31/12/X1 (em R$).
•
•
Importante notar que as somas da DMPL devem coincidir tanto na
horizontal quanto na vertical, e os totais refletem exatamente o
montante do patrimônio líquido da entidade naquele ano calendário.
O intuito é que o usuário da informação, pela leitura da DMPL, saiba
exatamente como e quanto do patrimônio está sendo destinado, até
mesmo porque essas destinações são deliberadas em assembleia e
devem obedecer exatamente à sua decisão transcrita na respectiva
ata, ou mesmo no estatuto/contrato social.
Destinação dos lucros
De acordo com o item 42 do CPC 13, art. 192 da Lei n. 6.404/76,
todo o lucro líquido das sociedades deverá ser destinado, de forma
que a conta “lucros acumulados” tenha movimentação apenas
transitória.
Normalmente a destinação do lucro líquido, definida na
Assembleia Geral Ordinária, é realizada entre a formação de reservas
e a distribuição de lucros e dividendos entre sócios e/ou acionistas. As
reservas são constituídas para atender a diversas finalidades, porém
as mais comuns e definidas na Lei das Sociedades Anônimas (Lei n.
6.404/76) são:
Reserva legal
Destinação de 5% do lucro líquido do exercício, antes de qualquer
outra destinação. Constituída, pela companhia, limitada a 20% do
capital social realizado.
Reserva estatutária
•
•
•
•
Destinação de uma parcela do lucro, sem afetar o pagamento de
dividendos obrigatório, de acordo com o estatuto da organização.
Reserva para contingências
Parte do lucro destinada, de acordo com decisão da assembleia em
relação à proposta dos conselhos de administração e/ou fiscal, a
fim de preservar a diminuição do lucro em decorrência de provável
perda futura.
Reserva de lucros a realizar
No exercício em que o dividendo obrigatório, calculado de acordo
com o estatuto, ultrapassar o lucro realizado, os conselhos de
administração/fiscal poderão propor, sob dependência de
aprovação em assembleia, destinar o excesso à constituição de
reservas de lucros a realizar.
Reserva de Lucros para expansão
Retenção de parcela do lucro, justificada pelo orçamento aprovado
pela assembleia, para realização de projetos e expansão e
investimento.
Reserva de incentivos fiscais
Destinação de parcela do lucro líquido decorrente de doações ou
subvenções governamentais para investimentos, proposto pelo
conselhode administração/fiscal, aprovada em assembleia, que
poderá ser excluída da base de cálculo do dividendo obrigatório.
1.
•
•
•
•
•
a.
b.
c.
d.
a.
b.
c.
d.
2.
Exercícios
O balancete do mês 04/2014 da empresa Comercial Altamente Lucrativa Ltda.
apresentou os seguintes saldos em suas contas de resultado:
Vendas de mercadoria: R$ 50.000,00
Tributos incidentes sem vendas: R$ 6.500,00
Vendas canceladas: R$ 4.000,00
Custo das mercadorias: R$ 22.500,00
Despesas administrativas: R$ 8.000,00
Com base nesses valores, após elaborar a DRE, responda às questões a seguir:
– Qual o valor do lucro bruto?
R$ 43.500,00
R$ 46.000,00
R$ 27.500,00
R$ 17.000,00
Vendas: R$ 50.000,00
(–) Vendas canceladas: R$ 4.000,00
(–) Tributos: R$ 6.500,00
(–) Custo das mercadorias: R$ 22.500,00 = Lucro bruto: R$ 17.000,00
– Qual valor do lucro antes do Imposto de renda?
R$ 17.000,00
R$ 8.000,00
R$ 9.000,00
R$ 33.000,00
Vendas: R$ 50.000,00
(–) Vendas canceladas: R$ 4.000,00
(–) Tributos: R$ 6.500,00
(–) Custo das mercadorias: R$ 22.500,00 = Lucro bruto: R$ 17.000,00
(–) Despesas: R$ 8.000,00
= LAIR: R$ 9.000,00
Maio/2014: considere o incremento de 10% no valor das vendas, com
proporcional aumento dos custos que correspondem a 45% do faturamento bruto e
tributos a 13%, mantendo o mesmo valor de vendas canceladas e despesas
a.
b.
3.
administrativas. A empresa contraiu um empréstimo bancário de R$ 80.000,00
para a compra de um veículo para entregas, com juros simples de 12% ao ano. Por
questões de emplacamento, documentação e seguro, o veículo ainda não está em
operação. As despesas administrativas não sofreram alterações. Com base nesses
dados, elabore uma nova DRE e informe os valores do lucro bruto e do lucro antes
do IR:
Vendas de mercadoria: R$ 50.000,00 + 10% (R$ 5.000,00) = = R$ 55.000,00
(–) Tributos incidentes (13%): R$ 7.150,00
(–) Vendas canceladas: R$ 4.000,00
(–) Custo (45%): R$ 24.750,00
= Lucro bruto: R$ 19.100,00
(–) Despesas administrativas: R$ 8.000,00
(–) Despesas financeiras: R$ 800,00
= LAIR: R$ 10.300,00
Observações
Como o veículo ainda não está em uso, não existe despesa com depreciação a
apropriar.
Empréstimo de R$ 80.000,00, com juros simples de 12% a.a., valor corresponde a
R$ 9.600,00 anuais e R$ 800,00 mensais. Considerando o regime de competência,
apropria-se 1/12 avos das despesas com juros ao resultado.
Note que, com o incremento de 10% na receita bruta, mesmo contraindo um
empréstimo com taxa de 12% a.a., o lucro antes do IR da organização aumentou
14,44%, em comparação ao mês anterior. Isso ocorreu porque, com o aumento das
receitas, apenas os custos (nesse caso variáveis) e tributos incidentes sobre o
faturamento tiveram aumento. As despesas fixas mantiveram-se estáveis (com exceção
das despesas financeiras que representam apenas 9% do total de despesas).
Esse fenômeno não é comum, porque as empresas comerciais, além dos custos, têm
despesas que podem variar de acordo com o volume das vendas, por exemplo, fretes
sobre as vendas ou aumento do volume de combustível consumido pelos veículos,
comissões pagas aos representantes e/ou vendedores etc. No entanto, esse é um
interessante item de análise: como aumentar a lucratividade, incrementando
faturamento e mantendo as despesas estáveis? A terceirização das entregas ou a
inclusão do gasto com fretes no preço de vendas e de um sistema de vendas via
telefone ou web também podem ser opções que resultem em uma análise, e assim por
diante.
Considerando que a empresa é tributada pelo lucro presumido, com apuração
•
•
4.
•
•
trimestral, informe os valores do Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas
(IRPJ) e da CSLL a pagar, caso a apuração fosse mensal, em abril/2014.
Considere o que segue:
IR: a base de cálculo corresponde a 8% sobre o faturamento, com alíquota de 15%.
Contribuição social: a base de cálculo corresponde a 12% sobre o faturamento,
com alíquota de 9%.
a. IRPJ
Vendas brutas: R$ 50.000,00
(–) Vendas canceladas: R$ 4.000,00 = Base de cálculo: R$ 46.000,00
= Base de cálculo (8%): R$ 3.680,00 = IRPJ a pagar (15%): R$ 552,00
b. CSLL
Vendas brutas: R$ 50.000,00
(–) Vendas canceladas: R$ 4.000,00
= Base de cálculo: R$ 46.000,00
= Base de cálculo (12%): R$ 5.520,00 = CSLL a pagar (9%): R$ 496,80
Para o mesmo mês (04/2014), caso a empresa tivesse optado pelo lucro real,
considerando o resultado antes do IR, sem adições ou exclusões ao lucro, qual
seriam os valores?
Imposto de renda: alíquota de 15% sem o lucro real
Contribuição social: alíquota de 9% sem o lucro real
Lucro antes do IR: R$ 9.000,00
(+) adições: R$ 0,00
(–) exclusões: R$ 0,00
= Lucro real: R$ 9.000,00
IRPJ (15%): R$ 1.350,00 Contribuição social (9%): R$ 810,00
No nosso exemplo, sem adições/exclusões ou outros fatores que possam influenciar o
resultado e a tributação, a opção pelo lucro presumido é economicamente mais
vantajosa para a empresa, conforme segue:
Lucro presumido
IRPJ: R$ 552,00
CSLL: R$ 496,80
Total: R$ 1.048,80
Lucro real
IRPJ: R$ 1.350,00
5.
a.
b.
c.
d.
•
•
•
•
CSLL: R$ 810,00
Total: R$ 2.160,00
Considere os seguintes saldos em 31/12/2013 para o patrimônio da empresa
Buscando Lucros Ainda Maiores Ltda.:
Capital realizado: R$ 300.000,00
Reservas de lucros:
Legal: R$ 5.000,00
Contingência: R$ 0,00
Estatutária: R$ 45.000,00
Lucros acumulados até 31/12/2007: R$ 92.850,00
Resultado do exercício de 2014: lucro de R$ 43.775,62, valor destinado como segue:
Segundo o estatuto, a reserva estatutária corresponde a 3,5% do lucro líquido
anual, limitado a 50% do capital social, cuja finalidade é a renovação de máquinas
e veículos com mais de dez anos de utilização, tendo como prioridade os mais
danificados ou menos eficientes.
A reserva legal é 5% do lucro líquido.
A reserva de contingências corresponde a 10% do lucro líquido e tem por
finalidade prevenir a empresa para possível perda de ação trabalhista ajuizada na
Justiça do trabalho.
Foi distribuído aos sócios todo o restante do resultado líquido de 2014, após as
destinações. Do lucro acumulado, foram distribuídos aos sócios 80% e os 20%
restantes utilizados para aumentar o capital social, juntamente com o saldo de
reserva legal em 31/12/2013.
De acordo com essas informações, elabore a DMPL para o exercício encerrado em
31/12/2014:
6.
•
•
•
•
•
•
•
Percebe-se que, após a destinação do resultado e dos lucros acumulados, enfim o valor
do patrimônio foi reduzido de R$ 442.850,00, em 31/12/2013, para R$ 376.668,49,
em 31/12/2014. Porque esse fenômeno ocorreu se a organização não teve resultado
negativo? Exatamente porque, embora as destinações tenham ocorrido, contribuindo
para fortalecer o patrimônio, a maior parte dos resultados do exercício e acumulados
foi distribuída aos sócios, ou seja, não foi reinvestida na empresa.
Nesse caso, a redução deve constar em nota explicativa, já que trouxe uma alteração
significativa ao patrimônio e também para que o mercado não interprete isso como
indício ou demonstração de dificuldades na organização.
Ao final de um exercício social, uma companhia de capital aberto apresentou as
seguintes informações parciais, retiradas das demonstrações contábeis realizadas
no encerramento desse mesmo exercício.
Custo das mercadorias vendidas: R$ 400.000,00
Dedução das vendas: R$ 120.000,00
Despesas de vendas e administrativas: R$ 200.000,00
Dividendos obrigatórios propostos pela administração: R$ 100.000,00
IR (provisão para IR): R$ 50.000,00
Participações (empregados e administradores): R$ 40.000,00
Receita líquida das vendas: R$ 920.000,00
Considerando exclusivamente as informações recebidas e a boa técnica de elaboração
a.
b.
c.
d.
e.
7.
a.
b.
c.
d.
e.
8.
da DRE, o lucro líquido da companhia, no exercício, em reais, é:
R$ 10.000,00
R$ 110.000,00
R$ 130.000,00
R$ 170.000,00
R$ 230.000,00
A Cia. Comercial reconheceu, durante o ano de 2014, R$ 5.000.000,00 em vendas
realizadas. Adicionalmente, ao longo desse ano, reconheceu as seguintes
operações: devolução de vendas (R$ 250.000,00); abatimento sobre vendas (R$
100.000,00); impostos sobre vendas(R$ 950.000,00); comissões sobre vendas
realizadas (R$ 150.000,00); frete sobre vendas realizadas (R$ 70.000,00);
estimativa para perdas com créditos de liquidação duvidosa (R$ 90.000,00);
salário dos administradores (R$ 360.000,00). Sabendo que o custo das
mercadorias vendidas foi R$ 2.720.000,00, é correto afirmar que a receita líquida
e o lucro bruto apurados pela Cia. Comercial, no ano de 2014, foram,
respectivamente:
R$ 3.700.000,00 e R$ 310.000,00
R$ 4.050.000,00 e R$ 980.000,00
R$ 3.700.000,00 e R$ 760.000,00
R$ 4.050.000,00 e R$ 760.000,00
R$ 3.700.000,00 e R$ 980.000,00
De acordo com os dados relativos à elaboração de demonstrações contábeis de
uma empresa comercial, é correto afirmar que a demonstração do resultado do
período apresentará lucro bruto superior a R$ 300.000,00.
Dados Valores (em
R$)
Abatimentos de venda 5.500
Compras a prazo 100.000
Compras à vista 20.000
Despesas financeiras 9.500
Despesas operacionais 73.000
Devolução de compras 14.000
Devolução de vendas 10.800
Estoque final 6.500
Estoque inicial 32.000
Faturamento 543.200
ICMS sobre vendas 43.400
IPI no faturamento 27.000
Faturamento: R$ 543.200
(–) IPI no faturamento: R$ 27.000
(–) Devolução de vendas: R$ 10.800
(–) Abatimento de vendas: R$ 5.500
(–) ICMS sobre vendas: R$ 43.400
= Receita líquida: R$ 456.500
Estoque inicial: R$ 32.000
(+) Compras à vista: R$ 20.000
(+) Compras a prazo: R$ 100.000
(–) Devolução de compras: R$ 14.000 (–) Estoque final: R$ 6.500
= Custo das mercadorias: R$ 131.500 Lucro bruto: R$ 325.000
Esquema contábil
O modo de construir o pensar contábil segue a lógica de um sistema
de informações, ou seja, com dados de entrada, processamento desses
dados e saída em formato desejado. Os dados de entrada ocorrem em
forma de transações e eventos de natureza econômica, assim
entendidos os atos da administração de uma entidade (empresa) que
tenham repercussão financeira, isto é, podem ser medidos em termos
financeiros – dinheiro. O processamento segue um esquema contábil
em que se definem arquivos especiais, tais como: estoques, para
identificar o movimento de entrada, saída e saldos de mercadorias e
insumos operacionais; clientes, para controlar as vendas a prazo;
imobilizado, para identificar as aquisições de máquinas, equipamentos,
móveis e utensílios; fornecedores, para registro de compras a prazo e
respectivos pagamentos; capital, para registrar as entradas de recursos
provenientes dos sócios; vendas, custos e despesas, para registrar os
resultados da empresa. O esquema contábil é mais conhecido por
razão contábil das empresas.
Esse esquema contábil, para os propósitos deste livro, é
estruturado como uma matriz da seguinte forma:
Esquema contábil
Na coluna Eventos, registram-se as transações e os eventos
mensuráveis em termos financeiros em ordem cronológica de
ocorrência. Cada um deles recebe uma classificação, conforme sua
natureza, tais como: bancos, clientes, despesas ou custo das
mercadorias vendidas.
A forma de registro de cada input segue o princípio das partidas
dobradas, idealizado por Luca Pacioli, frei franciscano (1447-1517),
em sua obra editada em 1494, na distinção IX, Tratado XI,
denominado Tractatus de Computis et Scripturis. O capítulo V, com 37
parágrafos, trata do processo das Partidas Dobradas, conforme expõe
Lopes de Sá (1998:52).
A concepção das partidas dobradas é simples e objetiva, daí sua
permanência até os dias de hoje. De modo simplificado, pode-se dizer
que, a cada transação ou evento de natureza econômica, é preciso
registrar o fato em duas dimensões: a origem e o destino do recurso
aplicado. A esse registro, dá-se o nome de lançamento contábil.
Por exemplo: ao integralizar o capital de uma empresa, no valor
de R$ 100.000,00, e seu concomitante depósito em conta bancária, a
transação é registrada duplamente: primeiro, registra-se o fato no
arquivo denominado bancos e, em segundo, a contrapartida em
capital, dando o seguinte lançamento contábil:
Dessa forma, em razão da natureza de cada tipo de transação ou
evento de natureza econômica, faz-se o registro duplo (partidas
dobradas), dentro do que hoje se conhece por Princípios
Fundamentais de Contabilidade e Normas Brasileiras de Contabilidade
(Conselho Federal de Contabilidade).
Segue-se um modelo contábil da empresa Comercial Canes Ltda.,
que servirá de apoio para a compreensão do atual sistema de
informações contábeis.
Exemplo prático
Comercial Canes Ltda.
Transações e eventos ocorridos em janeiro de 20X0
Data Transações e eventos de natureza econômica R$
05.01.20X0 Depósito, no Banco Itaú, do capital inicial 500
06.01.20X0 Compra a prazo de 1.000 unidades da mercadoria xyz 800
10.01.20X0 Venda a prazo de 600 unidades da mercadoria xyz
(duplicatas números 1, 2, 3, 4)
1.200
12.01.20X0 Pagamento de despesas administrativas 300
06.02.20X0 Compra a prazo de 1.000 unidades da mercadoria xyz 850
07.02.20X0 Recebimento de clientes (duplicatas n. 1 e n. 2) 600
10.02.20X0 Venda a prazo de 800 unidades da mercadoria xyz 2.000
12.02.20X0 Pagamento de despesas administrativas 400
28.02.20X0 Compra de instalações a prazo 900
Como se trata de uma empresa comercial, as transações com
mercadorias – conta Estoques – precisam ser registradas no Sistema
de Estoques, cujo modelo genérico é o seguinte:
Mercadorias: Modelo xyz
No caso da Comercial Canes Ltda., a coluna “Consumo” fornece o
valor do Custo das Mercadorias Vendidas. Dessa forma, no mês de
Janeiro, o CMV (custo das mercadorias vendidas) foi R$ 480,00. Na
linguagem contábil, diz-se que se deve baixar o valor de R$ 480,00,
reduzindo-o da conta Estoques e acrescentado o mesmo valor na
conta CMV, conforme se mostra no “esquema contábil” para o mês de
janeiro.
Esquema contábil
Mês de janeiro de 20X0
O esquema contábil do mês de janeiro de 20X0 apresenta os saldos
das diversas contas movimentadas durante o mês. Com base neles,
elaboram-se o balanço patrimonial, a demonstração do resultado, a
demonstração das mutações do patrimônio líquido, a demonstração
das origens e das aplicações de recursos e a demonstração do fluxo de
caixa pelo método direto, como se seguem:
Balanço patrimonial em 31 de janeiro de 20X0
Demonstração do resultado em 31 de janeiro de 20X0
 R$ %
Vendas 1.200 100
Custo das mercadorias vendidas 480 40
Margem bruta (lucro bruto) 720 60
Despesas administrativas 300 25
Lucro antes do IR 420 35
Demonstração das mutações do patrimônio líquido em 31 de janeiro
de 20X0
Demonstração das origens e das aplicações de recursos em 31 de
janeiro de 20X0
Origens R$
Das operações: 
– Lucro líquido do período 420
Dos acionistas: 
– Integralização do capital social 500
Total das origens 920
Aplicações R$
Total das aplicações –
Aumento (redução) no capital circulante líquido 920
Demonstrado como segue:
Demonstração do fluxo de caixa pelo método direto (CPC 03) em 31 de
janeiro de 20X0
Demonstração do fluxo de caixa pelo método indireto (CPC 03) em 31
de janeiro de 20X0
Fluxos de caixa das atividades operacionais 
Lucro líquido antes do IR e da contribuição social 420
Ajustes por: 
Depreciação –
Perda cambial –
Renda de investimentos –
Despesas de juro 
Lucro líquido ajustado antes do IR e da contribuição social 420
Aumento nas contas a receber de clientes e outros (1.200)
Diminuição nos estoques (320)
Diminuição nas contas a pagar – fornecedores 800
Caixa proveniente das operações –
Juros pagos –
IR e contribuição social pagos –
IR na fonte sobre dividendos recebidos –
Caixa líquido proveniente das atividades operacionais (300)
Fluxos de caixa das atividades de investimento 
Aquisição da controlada versus menos caixa líquido incluído na
aquisição (Nota A)
 
Compra e ativo imobilizado (Nota B) –
Recebimento pela venda de equipamento –
Juros recebidos –
Dividendos recebidos –
Caixa líquido usado nas atividades de investimento –
Fluxos de caixa das atividades de financiamento 
Recebimento pela emissão de ações (aumento de capital em dinheiro) 500
Recebimento porempréstimos a longo prazo –
Pagamento de obrigação por arrendamento –
Dividendos pagos –
Caixa líquido usado nas atividades de financiamento –
Aumento líquido de caixa e equivalente de caixa 200
Caixa e equivalente de caixa no início do período –
Caixa e equivalente de caixa no fim do período 200
Fonte: Elaboração dos autores, com base no modelo do Comitê de Pronunciamentos Contábeis
(CPC 03).
Demonstração das origens e das aplicações de recursos em 31 de
janeiro de 20X0
Origens R$
Das operações: 
– Lucro líquido do período 420
Dos acionistas: 
– Integralização do capital social 500
Total das origens 920
Aplicações 
Total das aplicações –
Aumento (redução) no capital circulante líquido 920
Transações e eventos ocorridos em fevereiro de 20X0
A única movimentação (transações e eventos do mês de fevereiro)
ocorreu na conta de estoque, em termos de compra e venda, conforme
se mostra a seguir. Essa é uma simplificação para facilitar o
entendimento da construção das demonstrações contábeis desse mês.
Mercadoria: Modelo xyz
O custo das mercadorias vendidas no mês de fevereiro é R$ 668
(arredondado), que será registrado mediante saída (baixa) na conta
de estoque e entrada no custo das mercadorias vendidas.
Contabilização de fevereiro de 20X0
Balanço patrimonial em 28 de fevereiro de 20X0
Balanço patrimonial comparativo – fevereiro e janeiro de 20X0
Demonstração do resultado em 28 de fevereiro de 20X0
Demonstração das mutações do PL em 28 de fevereiro de 20X0
Demonstração do fluxo de caixa – método direto (CPC 03) em 28 de
fevereiro de 20X0
Demonstração do fluxo de caixa pelo método indireto (CPC 03) em 28
de fevereiro de 20X0
Fluxos de caixa das atividades operacionais 
Lucro líquido antes do IR e da contribuição social 932
Ajustes por: 
Depreciação –
Perda cambial –
Renda de investimentos –
Despesas de juros –
Lucro líquido antes do IR e da contribuição social ajustado 932
Aumento nas contas a receber de clientes e outros (1.400)
Diminuição nos estoques (182)
Diminuição nas contas a pagar – fornecedores 1.750
Caixa proveniente das operações 1.100
Juros pagos –
IR e contribuição social pagos –
IR na fonte sobre dividendos recebidos –
Caixa líquido proveniente das atividades operacionais 1.100
Fluxos de caixa das atividades de investimento 
Aquisição da controlada versus menos caixa líquido incluído na
aquisição (Nota A)
 
Compra e ativo imobilizado (Nota B) –
Recebimento pela venda de equipamento 900
Juros recebidos –
Dividendos recebidos –
Caixa líquido usado nas atividades de investimento 900
Fluxos de caixa das atividades de financiamento 
Recebimento pela emissão de ações (aumento de capital em dinheiro) –
Recebimento por empréstimos a longo prazo –
Pagamento de obrigação por arrendamento –
Dividendos pagos* –
Caixa líquido usado nas atividades de financiamento –
Aumento líquido de caixa e equivalentes 200
Caixa e equivalentes no início do período 200
Caixa e equivalentes no fim do período 400
Fonte: Elaboração dos autores, com base no modelo do Comitê de Pronunciamentos Contábeis
(CPC 03).
Demonstração das origens e das aplicações de recursos em 28 de
fevereiro de 20X0
Origens R$
Das operações: 
– Lucro líquido do período 932
Dos acionistas: 
– Integralização do capital social –
Total das origens 932
Aplicações 
– Aquisição de imobilizado 900
Total das aplicações 900
Aumento (redução) no capital circulante líquido 32
Demonstrado como segue:
Visão geral da análise financeira das
demonstrações contábeis
Com base nas demonstrações contábeis, elabora-se o Relatório de
análise econômico-financeira que fornece aos gestores da empresa
informações sobre o desempenho e as características observáveis de
eficiência, eficácia, economicidade e efetividade dos resultados. O
•
•
•
•
•
•
•
•
•
relatório em questão apresenta a análise por índices como meio de
avaliar as decisões financeiras e de investimentos de um negócio com
relação:
à solvência: a capacidade de a empresa cumprir as obrigações
de curto prazo.
à atividade: a eficiência da empresa na utilização de seus
recursos.
à alavancagem: a medida pela qual a empresa tem sido
financiada por dívida.
à rentabilidade: o poder de endividamento da empresa.
a índices por ação: lucro por ação, taxa de rendimento e valor
contábil.
Como base na análise das demonstrações contábeis, os indicativos
podem ser considerados a partir de:
índices normais ou médios, que são computáveis para amplas
categorias de setores.
índices para empresas individuais, que podem ser comparados
com aqueles da concorrência.
mudanças nos índices ao longo do tempo, que proporcionam
discernimento com relação ao futuro (análise de tendências).
comparações de tendência nos índices da concorrência, que
também podem ser úteis.
Os melhores indicadores de desempenho evoluíram para a
utilização de índices, os quais são muito úteis quando
contextualizados para analisar as tendências de uma única empresa
ou mesmo para compará-las com outras do setor, uma vez que
permitem investigar as relações entre os componentes das
informações contábeis. A análise de demonstrações contábeis é uma
espécie de gestão por exceção, sendo complexa a utilização de uma
empresa padrão (ou benchmark) para fins de comparação. Há
problemas reais que podem surgir na análise das demonstrações
contábeis, como, por exemplo, a não comparabilidade entre empresas,
principalmente em razão do uso de diferentes procedimentos
contábeis ou de diferentes épocas de encerramento fiscal ou, ainda,
ocorrência de eventos incomuns entre elas.
Assim os índices são úteis para considerações de: investimento;
avaliação de desempenho e manutenção do emprego; obtenção de
crédito; limitação de crédito e fornecimento de bens e serviços;
informe ao mercado de ações ou de capitais; controle de
endividamento, rentabilidade, liquidez, atividades; due diligence;
corporate governance; teoria do agenciamento; valor do custo histórico;
valor do custo corrente e conceito de manutenção de capital;
capacidade de geração de caixa; obtenção de empréstimos e
financiamentos; teste de auditoria em procedimentos analíticos; oferta
pública de ações, debêntures, e indicadores como guia de referência
sobre a saúde financeira.
Entre as causas de variações nos índices, podem-se citar: mudança
no mix de produtos e serviços; descontinuidade de produtos e
serviços; cisão, fusão e incorporação de empresas; reavaliação de
ativos; legislação tributária; mudanças nas práticas contábeis;
•
•
mudanças na conjuntura econômica/social, e efeitos da globalização.
A análise de demonstrações financeiras deu origem ao analista de
investimentos, hoje uma profissão certificada internacionalmente
(admissão somente com aprovação em testes).
Os índices econômico-financeiros usuais na literatura contábil e
financeira, com suas aplicações, são descritos a seguir de maneira
simplificada.
Índices econômico-financeiros
Índices de alavancagem
Os índices de alavancagem medem a utilização pela empresa de
dívidas para financiar ativos e operações. Compreendem:
Índice de dívida/patrimônio (IDP): utiliza-se este índice na
comparação de recursos proporcionados pelos credores com os
recursos proporcionados por acionistas ordinários.
IDP = Passivos totais/Patrimônio acionista
Quociente patrimonial (QPA): indica a percentagem do total
de ativos financiada pelos acionistas ordinários.
QPA = Patrimônio de ações ordinárias/Total de ativos
Um índice seguro depende da natureza do setor no qual a empresa
opera. Um setor de baixo risco (tal como operações bancárias) pode
aceitar um quociente patrimonial muito baixo (menos de 10%). Um
•
•
•
de alto risco (tal como mineração de urânio) requer um quociente
patrimonial alto (talvez de 90%).
Rendimento de juros (RJU): indica a margem de segurança
para pagamentos de encargos de juros fixos.
RJU = [lucro líquido + despesas de juros + imposto de renda]
/ despesa de juros
Os juros são dedutíveis de impostos, portanto, juros e impostosdevem ser adicionados ao lucro líquido para determinar o montante
disponível para pagamento de juros
Índices de rentabilidade
Estes índices medem a renda sobre uma base relativa. Compreendem:
Margens de lucro sobre vendas (MLV): mede o índice de
rentabilidade sobre vendas.
MLV = lucro líquido depois de impostos/vendas
Rentabilidade sobre ativos (RSA): mede o índice de
rentabilidade sobre investimento, incluindo o de acionistas e
credores. O valor contábil de ativos pode ser diferente de seu
valor real.
RSA = lucro líquido depois de impostos/média do total de
ativos
•
Rentabilidade sobre patrimônio (RSP): mede o índice de
rentabilidade sobre investimento dos acionistas.
RSP = lucro líquido depois de impostos/média do patrimônio
líquido dos acionistas ordinários
Se a rentabilidade sobre o patrimônio dos acionistas for maior que
a rentabilidade sobre ativos, a companhia estará utilizando
eficientemente a alavancagem. Portanto, a companhia está obtendo
um índice muito maior de rentabilidade sobre ativos do que o índice
de juros pagos a seus credores.
Caixa e equivalentes
O Conselho Federal de Contabilidade aprovou a NBC T 3.8 –
Demonstração dos Fluxos de Caixa em correlação com o Comitê de
Pronunciamentos Contábeis, a partir do IAS 7 do IASB, e também o
Pronunciamento Técnico 03 – Demonstração dos Fluxos de Caixa.
A importância da gestão dos recursos financeiros
A gestão dos recursos financeiros é imprescindível para os
requerimentos de liquidez de uma empresa no ambiente complexo
financeiro atual.
Conceitos de caixa e equivalentes
Segundo o item 7 do CPC 03, o Caixa compreende numerário em
espécie e depósitos bancários disponíveis; os equivalentes de caixa são
aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que são
a.
b.
c.
d.
prontamente conversíveis em um montante conhecido de caixa e que
estão sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor.
Características que qualificam um investimento
como equivalente de caixa
Para que um investimento seja qualificado como equivalente de caixa,
ele precisa reunir as seguintes características:
Ter conversibilidade imediata em montante conhecido de
caixa.
Ter vencimento de curto prazo, por exemplo, três meses ou
menos, a contar da data da aquisição.
Estar sujeito a um insignificante risco de mudança de valor.
Ter ações preferenciais passíveis de resgate em prazo definido
e que atenda à definição de curto prazo.
Os investimentos em instrumentos patrimoniais (de patrimônio
líquido) não são considerados no conceito de equivalentes de caixa, a
menos que eles sejam, substancialmente, equivalentes de caixa, como,
por exemplo, no caso de ações preferenciais resgatáveis que tenham
prazo definido de resgate e cujo prazo atenda à definição de curto
prazo.
Exemplos de item de caixa e equivalentes
Saldos bancários a descoberto
O item 8, do CPC 03, afirma que Empréstimos bancários são
geralmente considerados como atividades de financiamento.
Entretanto, saldos bancários a descoberto, decorrentes de
empréstimos obtidos por meio de instrumentos como cheques
especiais ou contas-correntes garantidas, que são liquidados em curto
tempo, compõem parte integral da gestão de caixa da entidade.
Nessas circunstâncias, saldos bancários a descoberto são incluídos
como componente de caixa e equivalentes. Uma característica desses
arranjos oferecidos pelos bancos é que frequentemente os saldos
flutuam de devedor para credor.
Empréstimos bancários
O item 9, do CPC 03, estabelece que os empréstimos bancários são
geralmente considerados como atividades de financiamento, assim
como devem ser considerados os saldos bancários a descoberto,
decorrentes de empréstimos obtidos por meio de instrumentos como
cheques especiais ou contas-correntes garantidas. A parcela não
utilizada do limite dessas linhas de crédito não deve compor os
equivalentes de caixa.
Aspectos de aplicações financeiras e fundos como
caixa e equivalentes
Com a finalidade de qualificar as aplicações financeiras e os fundos de
investimento como caixa e equivalentes, é preciso analisar tais
aplicações. Como regra geral, se parte da carteira do fundo não
atende à definição, em geral o fundo como um todo não se qualifica.
A classificação não deve ser feita com base somente em sua definição,
pois é necessário que a administração verifique se os investimentos
substancialmente atendem à definição de equivalentes de caixa. Essa
análise deve cobrir todos os investimentos potenciais permitidos pelo
regulamento do fundo, e não somente os ativos que o fundo detém na
data base sob avaliação. Os fundos de mesma natureza e sob a mesma
legislação e limites podem ter regulamentos diferentes. Portanto, a
análise precisa ser feita caso a caso.
Na prática, um fundo que atende à definição de caixa e
equivalentes tem rentabilidade mais baixa, justamente por conta da
liquidez diária e do risco insignificante. É a ordem natural do
mercado: menor risco, menor remuneração.
No caso de um fundo exclusivo, em essência a empresa não tem
uma aplicação em um fundo, mas a aplicação em cada ativo que o
compõe. Portanto, as aplicações são trazidas linha a linha, e a análise
é feita ativo por ativo. Assim, mesmo que alguns ativos não atendam
à definição de equivalentes de caixa, somente eles deixam de ser
assim classificados.
Certificado de Depósito Bancário (CDB) como
equivalente de caixa
O prazo contratual de um CDB é normalmente superior a três meses.
Porém, muitas vezes pode ser resgatado imediatamente sem
penalidade de juros. Nesse caso, é necessário que os termos
contratuais realmente reflitam a liquidez diária.
A prática do banco de resgatar quando solicitado não é suficiente.
A liquidez diária tem que estar contratada formalmente. Além disso,
para que um CDB seja considerado como de risco insignificante, ele
em geral precisa estar indexado pela variação do Certificado de
Depósito Interfinanceiro (CDI), que é considerado uma taxa livre de
risco.
Outro aspecto a observar é se a intenção da administração é fazer
uso desses recursos no curto prazo ou deixar para um prazo maior.
Quando a intenção é usar em um prazo maior, é provável que se
esteja diante de recursos que são parte da atividade de investimento e
não “gerenciamento do caixa”. Portanto, a combinação prazo-
remuneração-intenção é fundamental para atender à definição de
equivalente de caixa.
1.
2.
Exercícios propostos e resolvidos
Em qual categoria de instrumento se encaixa um equivalente de caixa?
O CPC 38/IAS 39 determina que os ativos financeiros sejam
classificados em uma das quatro categorias de instrumentos
financeiros: 1) empréstimos e recebíveis; 2) mantidos até o
vencimento; 3) disponíveis para venda; 4) valor justo por meio
do resultado. Esta última inclui os ativos financeiros mantidos
para negociação e os designados inicialmente ao valor justo. Em
teoria, dependendo da natureza do instrumento e da intenção da
administração, um equivalente de caixa pode ser classificado em
qualquer uma dessas categorias, mas normalmente será um
empréstimo e recebível ou mantido para negociação.
Observação
Um erro comum é classificar como empréstimo e recebível uma
aplicação financeira que é comprada e vendida com alta
frequência. O CPC 38/IAS 39, parágrafo 9, não permite
classificar como empréstimo e recebível qualquer instrumento
que seja “adquirido ou incorrido principalmente para a
finalidade de venda ou de recompra em prazo muito curto”, pois
deve ser classificado como mantido para negociação.
As contas garantidas são equivalentes de caixa?
Se forem utilizados como parte do gerenciamento dos recursos de
liquidez de curto prazo, sim.
3.
4.
5.
Observação
A classificação como equivalente de caixa para a demonstração
de fluxo de caixa não deve ser confundida com apresentação no
balanço. Uma conta garantida deve ser classificada no passivo no
balanço, independentemente se for considerada para compor o
saldo de caixa e de equivalente de caixa para fins da
demonstração dos fluxos de caixa.
Uma conta-corrente em dólar é equivalente de caixa?Embora a quantidade de
reais não seja fixa, uma conta-corrente atende à definição de caixa, uma vez que o
conceito de mudança de valor está relacionado ao valor justo, que, em dólar
(US$), não se altera.
Um depósito bancário para ser utilizado para a expansão da linha de produção é
equivalente de caixa?
Para que uma aplicação financeira de curto prazo seja
qualificada como equivalente de caixa, ela deve fazer parte das
atividades de gerenciamento de caixa da organização. Não
devem compor o saldo de equivalentes de caixa aqueles
investimentos que são claramente identificados pela
administração como não destinados ao atendimento de
atividades operacionais, mas que estejam, por exemplo,
comprometidos com compra de ativo fixo e outras atividades de
investimento.
CDB com remuneração de 90% do CDI até 60 dias e remuneração de 95% do CDI
após decorridos 60 dias, considera-se equivalente de caixa?
Supondo que as condições gerais antes mencionadas para CDBs
sejam cumpridas, e a intenção da administração seja sempre
6.
1.
2.
resgatar o CDB no prazo de 60 dias, os termos contratuais depois
de 60 dias são irrelevantes. Nesse caso, o CDB pode ser
classificado como equivalente de caixa, ou seja, classificado e
mantido para negociação e mensurado pelo valor justo. Caso a
intenção ou o histórico seja de resgate superior a 60 dias, não
poderá ser classificado como equivalente de caixa.
CDB com remuneração de 95% do CDI, porém irá remunerar somente 90% do CDI
se for resgatado antes de 60 dias, pode ser considerado equivalente de caixa?
Se a intenção da administração for sempre resgatar no prazo de
60 dias, as condições subsequentes são irrelevantes. O CDB pode
ser classificado como equivalente de caixa a 90% do CDI.
Como regra geral, um investimento num fundo somente pode
ser classificado como equivalente de caixa se todos os
investimentos subjacentes também puderem ser classificados
assim.
Casos diversos
A seguir apresentamos diversos fundos, como fundo de ações,
fundos de curto prazo, fundos cambiais, fundos multimercados,
fundos de dívida externa, fundos referenciados e fundos de renda
fixa. Procura-se determinar se tais fundos podem ser
considerados, ou não, equivalentes de caixa.
Fundo de ações: mínimo de 67% em ações. Não é equivalente de caixa.
Fundos de curto prazo: títulos públicos federais (pré-fixados, indexados ao
Sistema especial de liquidação e de custódia – Selic – ou ao índice de preços)
com prazo máximo de 375 dias e carteira com prazo médio de 60 dias. Com a
finalidade de qualificar os fundos de curto prazo como caixa e equivalentes, é
a.
b.
c.
d.
fundamental analisar os seguintes fundos:
Fundos cambiais: 80% da carteira relacionada diretamente, ou por
derivativos, à variação da moeda estrangeira escolhida.
Observação: Fundos multimercados, títulos de renda fixa, ações, câmbio ou
derivativos não são equivalentes de caixa.
Fundos de dívida externa: têm no mínimo 80% de seu patrimônio em
títulos representativos da dívida externa de responsabilidade da união. É
permitida a aplicação de até 20% em títulos de crédito diversos no mercado
internacional. Não é equivalente de caixa.
Fundos referenciados: 95% da carteira composta de ativos que
acompanhem o índice de referência escolhido e, no mínimo, 80% em títulos
públicos federais ou títulos considerados de baixo risco de crédito.
Fundos de renda fixa: 80% da carteira relacionados diretamente, ou via
derivativos, com juros e/ou inflação.
• Divulgação dos componentes de caixa e equivalentes
A entidade deve divulgar os componentes de caixa e equivalentes e apresentar uma
conciliação dos valores em sua demonstração dos fluxos de caixa com os respectivos
itens divulgados no balanço patrimonial (item 49 do CPC 03). Em vista da variedade
de práticas de gestão de caixa e de produtos bancários, a entidade deve divulgar a
política que adota na determinação da composição do caixa e equivalentes (item 50 do
CPC 03). O efeito de qualquer mudança na política para determinar os componentes de
caixa e equivalentes, como, por exemplo, mudança na classificação dos instrumentos
financeiros previamente considerados como parte da carteira de investimentos da
entidade, deve ser apresentado de acordo com a regra específica da NBC T 19.11
(Mudanças nas Práticas Contábeis, nas Estimativas e Correção de Erros – item 51 do
CPC 03).
• Outras divulgações
A entidade deve divulgar, em nota explicativa, acompanhada de um comentário da
administração, os saldos de caixa e equivalentes que não estejam disponíveis para uso
pelo grupo (item 52 do CPC 03). Existem diversas circunstâncias em que os saldos de
caixa e equivalentes não estão disponíveis para uso do grupo. Entre os exemplos estão:
saldos de caixa e equivalentes em poder de controlada que opere em país no qual se
apliquem controles cambiais ou outras restrições legais que impeçam o uso geral dos
saldos pela controladora ou por outras controladas (item 53 do CPC 03). Informações
adicionais podem ser importantes para que os usuários entendam a posição financeira
e a liquidez da entidade. A divulgação de tais informações em nota explicativa é
recomendada e pode incluir (item 54 do CPC 03):
1.
2.
3.
4.
5.
O valor de linhas de crédito obtidas, mas não utilizadas, que podem estar
disponíveis para futuras atividades operacionais e para satisfazer compromissos
de capital, indicando restrições, se houver, sobre o uso de tais linhas de crédito;
O valor dos fluxos de caixa de cada uma das atividades operacionais, de
investimento e de financiamento, referentes aos investimentos em entidades de
controle conjunto, contabilizado mediante o uso da consolidação proporcional;
O valor dos fluxos de caixa que representam aumentos na capacidade
operacional, separadamente dos fluxos de caixa que são necessários para apenas
manter a capacidade operacional;
O valor dos fluxos de caixa decorrentes das atividades operacionais, de
investimento e de financiamento de cada segmento industrial, comercial ou de
serviços e geográfico;
Os montantes totais dos juros e dividendos e juros sobre o capital próprio, pagos
e recebidos, separadamente, bem como o montante total do imposto de renda e
da contribuição social sobre o lucro líquido pagos, neste caso destacando os
montantes relativos à tributação da entidade daqueles retidos na fonte de
terceiros e apenas recolhidos pela entidade (item 22).
Tipos de quociente
Os quocientes contábeis comparam e investigam as relações entre as
partes das informações contábeis contidas nas demonstrações
contábeis. Os que refletem as medidas de liquidez são os quocientes
de solvência (liquidez). As relações entre o ativo circulante e o
passivo circulante mostram as tendências da capacidade de
pagamento das empresas em curto prazo.
Entre os stakeholders, o grupo de credores, como bancos,
fornecedores e governo, tem maior interesse nos índices de liquidez
ou solvência. Por esse motivo, o gestor financeiro-contábil preocupa-
se em manter o equilíbrio entre o ativo circulante e o passivo
circulante como norma de controle gerencial.
Quociente de liquidez
O quociente de liquidez avalia a tendência da capacidade de
pagamento do passivo circulante, tais como folha de pagamento do
pessoal, impostos e taxas, fornecedores e bancos. Esse índice é
utilizado pelos credores da empresa quando da concessão de créditos
e para cálculo das probabilidades de recebimento de seus créditos.
Assim, pode-se dizer que os quocientes de solvência ou liquidez
medem a viabilidade do negócio em curto prazo, isto é, a capacidade
de a empresa pagar suas obrigações em curto prazo e assim continuar
as operações.
Índices de solvência
Quociente de liquidez corrente (QLC)
É a medida frequentemente utilizada para a solvência de curto prazo
e relaciona os ativos circulantes com as solicitações de credores em
curto prazo. Indicador de solvência de curto prazo, o QLC indica a
proteção dos credores em curto prazo por ativos, onde há expectativa
que de eles possam ser convertidos em dinheiro rapidamente. A
fórmula para se calcular

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