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PSICOLOGIA SOCIAL II

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AS CONDIÇÕES SÓCIO-
HISTÓRICAS DO SURGIMENTO DA 
PSICOLOGIA SOCIAL MODERNA 
Psicologia Social II 
 
As raízes da Psicologia Social 
Moderna – Robert Farr 
A flor e suas raízes: 
“Embora as raízes da psicologia social 
possam ser encontradas no solo intelectual 
de toda a tradição ocidental, seu atual 
florescimento é reconhecido como sendo 
um fenômeno caracteristicamente 
americano.” – Gordon Allport (1954) 
As raízes da Psicologia Social 
Moderna – Robert Farr 
Formação da Psicologia Social moderna 
após a 2ªGGM – tanto na Europa quanto 
nos EUA. 
O Behaviorismo não é mais a força 
dominante, mas o positivismo, como a 
filosofia da ciência, continua a influenciar 
a historiografia tanto da Psicologia como 
da Psicologia Social. 
Psicologia Social Moderna 
1954 – início da Psicologia Social Moderna: 
impulso para o desenvolvimento da Psicologia 
Social – pesquisas sociais sobre a participação 
dos soldados na guerra: 
1) Propiciou um modelo para o desenvolvimento 
de programas de doutorados interdisciplinares 
em Psicologia Social no período pós-guerra. 
2) Formação de grupos de pesquisa que 
continuam a colaborar além do pós 2ªGGM – 
COMUNICAÇÃO E MUDANÇA DE ATITUDE. 
As raízes da Psicologia Social 
Moderna – Robert Farr 
1945 – Lewin cria o Centro de Pesquisa para 
Dinâmica de Grupo: desenvolvimento de uma 
Psicologia Social Cognitiva. 
A Psicologia Social, na Era Moderna, é 
caracteristicamente um fenômeno americano 
– a contribuição europeia acontece com o 
surgimento do Nazismo e antissemitismo – 
muitos intelectuais migram para a américa. 
As raízes da Psicologia Social 
Moderna – Robert Farr 
Explicação mais etnocêntrica da 
Psicologia Social Moderna que apoiada 
pelos fatos históricos: as raízes são vistas 
como europeias e as flores como 
especificamente americanas. 
As raízes da Psicologia Social 
Moderna – Robert Farr 
Migração dos psicólogos da Gestalt da Áustria e 
da Alemanha para a América. 
As raízes da Psicologia Social Moderna devem ser 
buscadas na fenomenologia, diferente do 
positivismo que tinha se estabelecido na América 
na forma do Behaviorismo no período entre 
guerras mundiais. 
Foi do conflito entre duas filosofias rivais, mas 
incompatíveis (fenomenologia e positivismo) que 
a Psicologia Social emergiu na América. 
As raízes da Psicologia Social 
Moderna – Robert Farr 
A Ciência Cognitiva (não humana) surgiu da 
colaboração, durante a guerra, entre 
psicólogos, engenheiros de telecomunicações 
e cientistas da computação. Principal produto 
do pós-guerra: teoria da informação. 
A Psicologia Cognitiva (humana) deriva de 
uma perspectiva fenomenológica do mundo, 
o modo de comunicação é interpessoal, isto é, 
social. A linguagem é especificamente 
humana. 
EUA 
Forma Psicológica de Psicologia Social 
Uma forma de Psicologia Cognitiva diferente de 
Ciência Cognitiva: suas raízes são distintas 
diferentes das formas sociológicas de Psicologia 
Social. 
Durante o período moderno o modelo 
dominante de exportação foi a forma de 
Psicologia Social Psicológica e não a forma 
Sociológica. 
Após a 2ªGGM os EUA ajudaram a reerguer as 
Universidades do Japão e da Alemanha. 
EUROPA 
Tradições de pesquisa em Psicologia Social: duas 
mais influentes. 
1) Teoria de Identidade Social – Tajfel (+psicológica) 
2) Teoria das Representações Sociais – Moscovici 
(+sociológica) 
A primeira mais ligada a Psicologia Social 
Americana do que segunda. 
EUROPA 
A Teoria de Identidade Social de Tajfel se 
constitui em uma contribuição significativa a 
uma Psicologia Social já altamente cognitiva – 
contribuição para a individualização do social, 
mais do que para a socialização do indivíduo. 
EUROPA 
A Teoria das Representações Sociais de Moscovici foi 
influenciada por Durkheim, uma tradição francesa de 
pesquisa em Psicologia Social – forma Sociológica de 
Psicologia Social e não como uma forma Psicológica. 
Surge como uma importante crítica sobre a natureza 
individual da tradição psicológica dominante da 
Psicologia Social no EUA. 
A pesquisa em Representações Sociais é um diálogo 
multilíngue. Há um aumento no intercâmbio 
transatlântico. 
EUROPA – AMERICA DO SUL 
CANADÁ 
Os canadenses perceberam a falta de diálogo nos 
EUA entre as formas sociológicas e psicológicas de 
Psicologia Social. 
A importância da linguagem e da cultura como 
fenômenos sociais. 
Trouxeram contribuições importantes para a teoria 
das Representações Sociais, especialmente no que 
concerne à maneira como ela se relaciona com os 
meios de comunicação em massa. 
O Positivismo na História e 
Historiografia da Psicologia Social 
A transmissão da Psicologia Social se deu 
por meio dos manuais de pós-graduação. 
O papel do Positivismo na conformação 
das explicações históricas que nós temos 
atualmente disponíveis na Psicologia Social 
moderna. 
O Positivismo na História e 
Historiografia da Psicologia Social 
Jones X Allport 
O primeiro se limitou a analisar a história 
da Psicologia Social dos EUA. 
O segundo propõe que a Psicologia 
Social Moderna é caracteristicamente um 
fenômeno estadunidense. 
O Positivismo na História e 
Historiografia da Psicologia Social 
Jones X Allport 
• Jones traça o desenvolvimento da Psicologia Social 
como uma subdisciplina da Psicologia. Crê que as 
formas sociais de Psicologia Social são menos 
científicas que a tradição americana de Psicologia 
Social. Cobre a curta história, desde que tornou ciência 
experimental. 
•Allport cobre o passado metafísico da Psicologia 
Social, defendendo-a como uma ciência social. 
•Ambos fundamentam suas explicações históricas em 
termos de uma filosofia positivista de ciência. 
O Positivismo na História e 
Historiografia da Psicologia Social 
Farr aponta que devemos incluir as formas 
sociológicas, bem como psicológicas, de Psicologia 
Social. 
As raízes da Psicologia Social são tratadas separadas 
de sua flor. 
As raízes da Psicologia Social moderna jazem em solo 
intelectual de toda tradição ocidental. 
Não é sábio separar o passado de uma disciplina de 
seu presente. O passado é sempre reconstruído da 
perspectiva do presente. Não há um fim nesse 
processo. 
O Positivismo na História e 
Historiografia da Psicologia Social 
Farr compartilha a crença de Jones e Allport de que a 
era moderna da Psicologia Social iniciou no fim da 
2ªGGM. 
O seu interesse se liga à história das instituições e não à 
história das ideias. 
O seu interesse está nos fundamentos históricos da 
Psicologia Social Moderna. 
O positivismo é uma força importante dentro e sobre a 
história da Psicologia Social. 
O behaviorismo é a forma que ele assumiu na história 
da Psicologia Social. 
A Psicologia Social no Brasil 
Até meados da década de 1970 a Psicologia 
teve forte influencia da Psicologia Americana, 
tendo como objetivo o estudo do 
comportamento na presença do outro. 
Porém durante o período de governos militares 
na América do Sul, com a grande movimentação 
de intelectuais devido ao exílio, abriu-se as portas 
para a entrada do pensamento marxista. 
Maior organização social para combater a 
Ditadura. 
A Psicologia Social no Brasil - 
ABRAPSO 
A ABRAPSO era uma proposta que buscava 
fortalecer a organização dos psicólogos 
ligados a Psicologia Social, apareceu como 
uma possibilidade de rompimento com a 
Psicologia Social Americana e europeia. 
Era preciso rever, criticamente, o 
conhecimento científico como práxis, ou seja, 
a unidade entre saber e fazer. 
A Psicologia Social no Brasil 
A ideia de uma Psicologia Social crítica e 
comprometida com a realidade brasileira. 
PsicologiaSocial com orientação marxista. 
Aprender com o individuo como um ser 
concreto, como manifestação de totalidade 
histórico-social. 
Era fundamental rever a Psicologia Social 
concebendo uma nova visão de ser humano – 
produto de sua materialidade histórica e ao 
mesmo tempo produtor dessa mesma história. 
A Psicologia Social no Brasil 
O marxismo trouxe uma nova visão de 
homem que constitui historicamente, por 
meio da transformação da natureza, de 
forma consciente, para garantir a 
produção de sua existência. 
E ao produzir bens materiais de forma 
consciente, produz também o campo 
simbólico – produz ideias. 
A Psicologia Social no Brasil 
Homem 
• Ser ativo 
• Social 
• Histórico 
 
Sociedade – produção histórica dos homens. 
Ideias – representações da realidade material – 
movimento contraditório constante do fazer humano, no 
qual deve ser compreendida toda produção de ideias, 
incluindo a ciência e a também a Psicologia. 
NOVAS ABORDAGENS EM PSICOLOGIA SOCIAL: 
PERSPECTIVAS TEÓRICAS 
PSICOLOGIA SOCIAL II 
NOVAS ABORDAGENS EM PSICOLOGIA SOCIAL 
 Essas novas abordagens procuram superar as críticas e limitações da 
psicologia social que se fundamentava em descrever, observar e medir 
encontros sociais, privilegiando as interações e a adequação de 
comportamentos dos indivíduos no ambiente social, tema que foi objeto de 
estudo da disciplina psicologia social I. 
 
 As novas abordagens traçam uma trajetória voltando sua atenção para a 
interface da ciência com o contexto social em que o indivíduo está 
inserido, e a interdisciplinaridade com as outras ciências que tratam do 
homem em seus diferentes contextos sociais. 
NOVAS ABORDAGENS EM PSICOLOGIA SOCIAL 
 Adota posição mais crítica à realidade social e à construção da ciência para 
a transformação da sociedade; 
 Área da Psicologia que procura aprofundar o conhecimento da natureza 
social do fenômeno psíquico, ou seja, como se dá a construção do mundo 
interno do sujeito a partir das relações sociais vividas pelo homem; 
 Pretende ir além do observável. Quer compreender o mundo invisível do 
homem; 
NOVAS ABORDAGENS EM PSICOLOGIA SOCIAL 
 Entende o homem como ser de relações sociais, em permanente 
movimento; 
 Psicologia compreensiva ou explicativa da relação que o indivíduo mantém 
com a sociedade e os processos subjetivos que ocorrem nessa relação; 
 Baseada em concepção de homem como ser social, que constrói a si 
próprio, ao mesmo tempo que constrói, com os outros homens, a 
sociedade e sua história; 
 Ciência comprometida com a transformação. 
NOVAS ABORDAGENS EM PSICOLOGIA SOCIAL 
 Vertentes estudadas: Representações Sociais & Psicologia Crítica 
 
 Temas tratados: Identidade; Ideologia; Gênero; Família; Subjetividade. 
 
 Áreas de aplicação: Movimentos Sociais; Escolas; Saúde do Trabalhador; 
Promoção de Saúde e Cidadania; Assistência Social 
NOVAS ABORDAGENS EM PSICOLOGIA SOCIAL 
 Se o positivismo, ao enfrentar a contradição entre objetividade e 
subjetividade, perdeu o ser humano, produto e produtor da História, se 
tornou necessário recuperar o subjetivismo enquanto materialidade 
psicológica. 
 É dentro do materialismo histórico e da lógica dialética que vamos 
encontrar os pressupostos epistemológicos para a reconstrução de um 
conhecimento que atenda a realidade social e ao cotidiano de cada 
indivíduo e que permita uma intervenção efetiva na rede de relações 
sociais que define cada indivíduo – objeto da Psicologia Social. E a 
abordagem para esta perspectiva é a Sócio-Histórica – Vygotsky. 
ABORDAGEM SÓCIO-HISTÓRICA 
 A perspectiva da psicologia sócio-histórica fundamentada na concepção 
histórico-cultural de Vygotsky (1896-1934) revela a possibilidade de delinear uma 
psicologia social diferenciando-a das demais correntes teóricas da psicologia. 
 É imbuída de uma intenção crítica fundamentada por sua origem, gênese 
epistemológica, na teoria marxista e o filosófico materialismo histórico e 
dialético: concepção filosófica que discute, critica e defende a relação mútua 
entre o organismo, o ambiente e os fenômenos físicos que moldam os 
comportamentos, a sociedade e a cultura; opondo-se a visão filosófica do 
idealismo que atribui a forças divinas e sobrenaturais aos eventos 
socioambientais. 
ABORDAGEM SÓCIO-HISTÓRICA 
“Toda a natureza, de suas partículas mais minúsculas até seus 
corpos mais gigantescos, do grão de areia até o sol, do protozoário 
até o homem, se acha em estado perene de nascimento e morte, 
em fluxo constante, sujeita a incessantes mudanças e movimentos." 
(ENGELS, 1979, p. 491). 
ABORDAGEM SÓCIO-HISTÓRICA 
 A concepção filosófica proposta pelo materialismo dialético é aplicada por Marx e Engels na 
explicação das transformações políticas e sociais oriundas do sistema capitalista, que tem entre 
seus fatos históricos fundamentais a ascensão da burguesia, que promoveu uma mudança social, 
política e econômica na condição humana de estar no mundo, possibilitando a liberdade de ação 
dos indivíduos nas transformações da realidade social. 
 A liberdade na transformação da realidade social acarreta também mudanças nas relações entre 
as pessoas, nos conceitos de coletivo e privado, implicando segundo o materialismo histórico 
dialético um novo modelo de sociedade. Sociedade esta em que o que é material, econômico 
está presente no ambiente, na construção psicológica do indivíduo e nas relações sociais. 
 Vygotsky, alicerçado na teoria marxista e no materialismo histórico e dialético, elabora 
suas convicções teóricas apontando para o contexto social como um elemento preponderante 
na produção científica da psicologia. 
ABORDAGEM SÓCIO-HISTÓRICA 
 O materialismo histórico de Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895) 
metodologicamente investiga a sociedade nos seus aspectos econômicos e históricos. A 
concepção filosófica do materialismo dialético postula que o organismo, os fenômenos 
físicos e o ambiente são mutualmente modeladores da sociedade e da cultura, isto é, 
existe uma relação dialética entre a matéria, o psicológico e o social. Como aponta em 
Contribuição à crítica da economia política: "Não é a consciência do homem que 
determina a sua existência, mas, ao contrário, sua existência social é que 
determina a sua consciência.“ (MARX, 1978, p. 339). 
 Quanto à psicologia, Vygotsky concebe o homem como produto histórico e social de 
seu tempo, e a sociedade é o resultado da produção histórica do homem por meio do 
trabalho, que constrói a vida material e as ideias. 
ABORDAGEM SÓCIO-HISTÓRICA 
 As representações da realidade material e a própria realidade material se retroalimentam do 
processo histórico, da diversidade humana, das peculiaridades e do dinamismo na produção de 
novas convicções e das ciências, em que a psicologia é parte integrante desse contexto. 
 Nessas circunstâncias, a visão do fenômeno psicológico como algo abstrato é abandonada e 
criticada. O liberalismo, componente histórico e ideológico do sistema capitalista, fruto da 
ascensão da burguesia, opõe-se em que o homem era sujeito a uma hierarquia universal 
estabelecida pela ordem suprema do divino. 
 O homem da nova ordem social, liberal, capitalista é um sujeito, com sua individualidade 
valorizada pelo sistema e não mais um sujeito subordinado a doutrinas e dogmas religiosos 
impostos por uma hierarquia que determinava seus valores. Um dos aspectos críticos da 
psicologia, é que para este homem de “valores que lhe foram impostos”, não precisava 
psicologia. 
ABORDAGEM SÓCIO-HISTÓRICA 
 Por outro lado, o homem da “nova ordem”, capitalista, liberal, é um “ser” livre,cuja moral é dotada 
de direitos oriundos de sua natureza humana, com igualdade de direitos à prosperidade, segurança, 
liberdade e fraternidade, e em seu exercício de individualidade, a psicologia se faz importante. 
 O sistema capitalista se abastecia deste novo homem, “ser produtivo e consumidor”, que 
vislumbrava as possibilidades de “ser”, “pensar” e “fazer”, a consciência da “escolha” é parte da 
condição humana. 
 O mundo em seu constante movimento começa a instituir a ideia de “privacidade”, e este 
homem que é parte de uma coletividade passa por mudanças que se impõem em todos os campos 
humanos. 
 Por exemplo, na arquitetura constroem-se lugares reservados, distinguindo-os do que é público, 
estabelecendo diferenças como “a casa é da família” e em seu interior há locais íntimos e 
privados, “a rua é pública”, “fábrica é o local de trabalho”; cada objeto ganha sua própria 
identidade, sua marca, delimitando o que é público e o que é privado, o que é individual e o que é 
coletivo. 
ABORDAGEM SÓCIO-HISTÓRICA 
 A individualidade é um “bem” do sistema capitalista, e o homem em sua individuação 
apropria-se da ideia de “mundo interno do sujeito” e do sentimento de EU. A história 
conduz à necessidade de uma ciência que investigue os fenômenos psicológicos, eis a psicologia. 
 Mas que coisa é esta, o fenômeno psicológico? 
 Ora é processo, ora é estrutura, ora manifestação, ora relação, ora é conteúdo, ora é 
distúrbio, ora experiência. 
 É interno, mas tem relação com o externo. 
 É biológico, é psíquico e é social; 
 É agente e é resultado; 
 É fenômeno humano, relacionado ao que denominamos “eu”. 
ABORDAGEM SÓCIO-HISTÓRICA 
 Buscar entender o fenômeno psicológico é uma investigação da ciência 
psicologia. Considerando o contexto da história da humanidade, a proposta da 
psicologia sócio-histórica é constantemente atualizada, pois sua essência crítica é 
abastecida pelo dinamismo da historicidade, que produz fenômenos de múltiplas 
dimensões, diariamente capazes de mudar o ser e o estar no mundo. 
 Entretanto cabe ressaltar, que segundo a concepção de Vygotsky, a reflexão 
permanece, o homem é um produto sócio, histórico e cultural de seu 
tempo, e como tal, é preciso que a ciência tenha um olhar crítico atento às 
transformações sociais que demandam diferentes fenômenos individuais e 
coletivos em diferentes grupos humanos. 
TEORIA DAS 
REPRESENTAÇÕES 
SOCIAIS 
Psicologia Social II 
SERGE MOSCOVICI 
• Psicólogo Social, judeu de origem romena, 
pai do político Pierre Moscovici, Serge sofreu 
com o nazismo e o combateu, tendo sido 
posto em trabalhos forçados durante a II 
Guerra Mundial. Autodidata em francês, 
emigrou para Paris, onde se licenciou em 
Psicologia em 1949, e publicou em 1961 o 
livro "La Psychanalyse, son image et son 
public", resultado de sua tese sobre a 
representação social da Psicanálise. 
• Foi diretor do Laboratório de Psicologia 
Social da Escola de Altos Estudos em 
Ciências Sociais (EHESS), fundador do 
Laboratório Europeu de Psicologia Social da 
Maison des Sciences de L'Homme e figura 
central do movimento transnacional de 
criação da Psicologia Social, história que 
pode ser conhecida no livro que ele 
publicou com Ivana Marková, "The making of 
modern Social Psychology: the hidden story 
of how an international social science was 
created". 
2 
1925 - 2014 
CONCEITO DE 
REPRESENTAÇÃO SOCIAL 
• De que ordem é o saber que norteia nossas 
escolhas e nossas ações? 
• Quando fazemos escolhas ou praticamos 
determinadas ações, somos motivados por 
questões lógicas, racionais ou cognitivas e 
também por questões afetivas, simbólicas, 
míticas ou religiosas. 
• Estes motivos decorrem dos “saberes” que 
construímos a partir de processos mentais 
carregados de sentido simbólico. Eles são 
originados nas trocas do dia-a-dia. 
3 
 
“A um conjunto de conceitos, 
proposições e explicações originado na 
vida cotidiana, no curso das 
comunicações interpessoais, e que 
expressam a identidade do grupo social, 
chamamos representações sociais. Elas 
surgem da interligação entre cognição, 
afeto e ação.” 
CONCEITO DE 
REPRESENTAÇÃO SOCIAL 
4 
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS 
• O conceito de representações sociais teve sua origem na 
sociologia de Émile Durkheim (1858-1917), que sob a 
influência do positivismo, dedicou sua produção 
acadêmica a uma sociologia que investigava por meio do 
método científico e da observação empírica os fatos 
sociais, conceituando-os como “coisa”, força/pressão 
coerciva exercida sobre os indivíduos que transformam 
comportamentos singulares em comportamentos sociais, 
coletivos. 
“Um fato social reconhece-se pelo seu poder de coação 
externa que exerce ou é suscetível de exercer sobre os 
indivíduos; e a presença desse poder reconhece-se, por sua 
vez, pela existência de uma sanção determinada ou pela 
resistência que o fato opõe a qualquer iniciativa individual 
que tenda a violentá-lo.” 
(DURKHEIM, 1895, 2007, p. 10). 
5 
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS 
• As contribuições de Durkheim foram 
referenciais para Moscovici, a partir da 
década de 1960 e Denise Jodelet, 
contemporaneamente. 
• A teoria das representações sociais de 
Moscovici com a publicação de A psicanálise, 
sua imagem e seu público, em 1961, indica um 
conjunto de conhecimentos, crenças e valores 
comuns entre indivíduos que interagem e 
constroem uma realidade, cuja experiência, 
permite posicionamentos individuais, embora 
seja fruto de um conhecimento compartilhado 
pelo grupo. 
6 
 
O ATO DE REPRESENTAR 
ENVOLVE CINCO CARACTERÍSTICAS 
FUNDAMENTAIS: 
 
1. Representa sempre um objeto. Faz referência 
a alguém ou a alguma coisa; 
2. É imagem. Com isso pode alterar a sensação 
e a ideia, a percepção e o conceito; 
3. Tem um caráter eminentemente simbólico; 
4. Tem poder ativo e construtivo; 
5. Possui um caráter autônomo e generativo. 
7 
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS 
• Por meio do estudo da Teoria das Representações 
Sociais podemos compreender e mapear o campo 
de significações que define como um determinado 
objeto foi representado no registro das 
experiências simbólicas de um determinado grupo 
social. 
• O saber do senso comum, tão desprezado pela 
Ciência, ganhou novo tratamento a partir do 
surgimento da Teoria das Representações Sociais. 
• RS – forma de criação coletiva; sentido dinâmico; 
forma de conhecimento prático, conectando um 
sujeito a um objeto; são sempre um produto de 
integração e comunicação. 
8 
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS 
“As Representações Sociais são , então, „teorias‟ sobre 
saberes populares e do senso comum, elaboradas 
espontaneamente e partilhadas coletivamente, com a 
finalidade de construir e interpretar dados reais antes 
incompreensíveis. São dinâmicas e levam os indivíduos a 
produzir comportamentos e interações com o meio. Seus 
ingredientes são cognição, afeto ação.” 
 
• Um sistema de valores, ideias e práticas com uma 
dupla função: primeiro estabelecer uma ordem que 
possibilitará às pessoas orientar-se em seu mundo 
material e social e controla-lo, segundo possibilitar que 
a comunicação seja possível entre os membros de 
uma comunidade, fornecendo-lhes um código para 
nomear e classificar, sem ambiguidade, os vários 
aspectos de seu mundo e de sua história individual e 
social. 
9 
O CORPO DE ESTUDOS DAS 
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS 
10 
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS 
• Muitas vezes não nos damos conta de nossos 
„saberes‟ porque eles são compostos por 
elementos fortemente impregnados de afeto e 
simbolismo. 
• É por intermédio do estudo das R.S. que podemos 
compreender e identificar como tais saberes 
atuamna motivação das pessoas ao fazerem 
suas escolhas (comprar, votar, agir, etc.). 
• O papel da Psicologia Social é estudar as 
Representações Sociais, suas propriedades, suas 
origens e seu impacto. 
• A representação iguala toda imagem a uma 
ideia e toda ideia a uma imagem. 
11 
 
O CONCEITO DE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS 
É VERSÁTIL E PODE SER ATRELADO A TRÊS 
POSTULADOS: 
 1) É um conceito abrangente e compreende outros 
conceitos, atitudes, opiniões, imagens e ramos do 
conhecimento; 
2) Possui poder explanatório: não substitui, mas 
incorpora os conceitos, indo mais a fundo na 
explicação causal dos fenômenos; 
3) A Teoria das Representações Sociais é constituída 
pelo elemento social. O ser humano é aqui 
entendido como essencialmente social. Segundo 
ela, o social é coletivamente edificado e o ser 
humano é construído através do social. 
12 
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS 
• Isto significa que a Teoria das Representações Sociais é 
abrangente e dinâmica. Pode nos ajudar a entender as 
várias dimensões da realidade. Por isso as representações 
sociais são um valioso e imprescindível instrumento no 
campo da Psicologia Social. 
• Criamos as representações sociais, ou seja, construímos 
estes saberes espontâneos para tornar familiar o que não é 
familiar, para trazer para o senso comum assuntos 
“estranhos”. 
• O senso comum rejeita o estranho e o diferente. Para 
assimilação do não familiar, dois processos básicos são 
geradores das representações sociais: ancoragem e 
objetivação. 
13 
ANCORAGEM 
• A ancoragem é o processo pelo qual 
procuramos classificar, encontrar um lugar 
para encaixar o não familiar. 
 
• Como o estranho é percebido como 
ameaçador, precisamos encaixá-lo em 
categorias internas e por nós já conhecidas, 
ou seja, em uma realidade conhecida e 
institucionalizada. 
 
• Ancorar é classificar e dar nome a alguma 
coisa. 
14 
ANCORAGEM 
• Quando nós classificamos, nós sempre fazemos 
comparações com um protótipo, sempre nos 
perguntamos se o objeto comparado é normal ou 
anormal, em relação a ele e tentamos responder a 
questão: “É ele como deve ser ou não?” 
• Classificar e dar nomes são dois aspectos dessa 
ancoragem, teoria das RS traz duas consequências: 
1) Ela exclui a ideia de pensamento ou percepção que 
não possua ancoragem. 
2) Sistemas de classificação e de nomeação não são, 
simplesmente, meios de graduar e de rotular pessoas 
ou objetos considerados como entidades discretas. 
Seu objetivo principal é facilitar a interpretação de 
características, a compreensão de intenções e 
motivos subjacentes à ações das pessoas, na 
realidade, formar opiniões. 
15 
ANCORAGEM 
• Mesmo quando algo não se encaixa exatamente a 
um modelo conhecido, nós o forçamos a assumir 
determinada forma, ou o forçamos a entrar em 
determinada categoria, sob pena de não poder ser 
decodificado. Um exemplo deste processo ocorreu no 
início da década de 1980 com o surgimento da AIDS. 
 
• Por ser uma doença fatal e pouco compreendida até 
mesmo no meio científico, passou a ser comparada a 
uma forma de câncer que se manifestava sobretudo 
em homoafetivos. Ganhou, então, o apelido de 
“câncer gay”. Ainda que tal denominação tenha 
gerado enganos e preconceitos, foi deste modo que 
a AIDS entrou no universo simbólico do mundo 
ocidental na década de 1980. 
16 
OBJETIVAÇÃO 
• A objetivação é o processo pelo qual procuramos 
tornar concreta, visível, uma realidade. Procuramos 
aliar um conceito com uma imagem, descobrir a 
qualidade icônica, material, de uma ideia ou de 
algo duvidoso. 
• A imagem deixa de ser signo (significante + 
significado) e passa a ser uma cópia da realidade. 
• Une a ideia de não-familiaridade com a realidade, 
torna-se a verdadeira essência da realidade; 
transforma-se uma representação na realidade da 
representação. 
• Transformar a palavra que substitui a coisa, na 
coisa que substitui a palavra. 
• Objetivar é descobrir a qualidade icônica de uma 
ideia, ou ser impreciso. É reproduzir um conceito 
em uma imagem. 
17 
OBJETIVAÇÃO 
 
 
• Serge Moscovici exemplifica o processo de 
objetivação: ao ser chamar Deus de “pai”, 
objetiva-se a ideia abstrata de Deus numa 
imagem conhecida (pai). Isso proporciona 
uma compreensão mais concreta do que seja 
“Deus”. 
18 
ANCORAGEM E OBJETIVAÇÃO 
• A ancoragem e a objetivação são formas específicas em 
que as Representações Sociais estabelecem mediações, 
trazendo para um nível quase material (concreto) a 
produção simbólica de uma comunidade e dando conta do 
caráter concreto das R.S. na vida social. 
• São, pois, maneiras de lidar com memória. A ancoragem 
mantem a memória em movimento e a memória é dirigida 
para dentro, está sempre colocando e tirando objetos, 
pessoas e acontecimentos, que ela classifica de acordo com 
tipo e os rotula com um nome. A objetivação, sendo mais ou 
menos direcionada para fora (para os outros), tira daí 
conceitos e imagens para juntá-los e reproduzi-los no mundo 
exterior, para fazer as coisas conhecidas a partir do que já 
conhecido. 
• As R.S. emergem como processo que ao mesmo tempo 
desafia e reproduz, repete e supera, que é formado, mas 
que também forma a vida social de uma comunidade. 
19 
 
20 
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS 
• As Representações Sociais são formas de 
conhecimento prático e inserem-se 
entre as correntes que estudam o 
conhecimento do senso comum. 
• Trata-se de uma ampliação do olhar, de 
modo a ver o senso comum como 
conhecimento legítimo e motor de 
transformações sociais. 
• O senso comum passa a ser tratado 
enquanto teia de significações capaz 
de criar efetivamente a realidade social. 
21 
• O sujeito da elaboração das 
Representações Sociais é um sujeito 
adulto, inscrito numa situação social e 
cultural definida, tendo uma história 
pessoal e social. Ou seja, é um sujeito 
concreto, que existe. 
“Não é um indivíduo isolado que é tomado 
em consideração, mas sim as respostas 
individuais enquanto manifestações de 
tendências do grupo de pertença ou de 
afiliação do qual os indivíduos participam.” 
22 
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS 
“As Representações Sociais são, ao 
mesmo tempo, campos socialmente 
estruturados e expressão da realidade 
intraindividual que exterioriza o afeto e 
revela poder de criação e de 
transformação da realidade social. 
As Representações Sociais devem ser 
estudadas articulando elementos afetivos, 
mentais e sociais que integram cognição, 
linguagem e comunicação às relações 
sociais.” 
23 
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS 
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS 
METODOLOGIA 
• A análise das Representações Sociais deve 
concentrar-se naqueles processos de 
comunicação e vida que não somente as 
produzem, mas que também lhe conferem 
uma estrutura peculiar. Esses processos são de 
mediação social. 
• Comunicação é mediação entre um mundo 
de perspectivas diferentes; trabalho é 
mediação entre necessidades humanas e é 
material bruto da natureza; ritos, mitos, 
símbolos são mediações entre a alteridade 
de um mundo frequentemente misterioso e o 
mundo da intersubjetividade humana. 
24 
• Todos revelam a procura de sentido e 
significado que marca a existência 
humana no mundo. 
 
• As mediações geram as Representações 
Sociais, que são estratégias 
desenvolvidas por atores sociais para 
enfrentar a diversidade e a mobilidade 
de um mundo que, embora pertença a 
todos, transcende a cada um 
individualmente. 
25 
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS 
• As Representações Sociais são um 
espaço potencial de fabricação 
comum, onde cada sujeito vai além de 
sua própria individualidade para entrar 
em domínio diferente, ainda que 
fundamentalmente relacionado: o 
domínio da vidacomum. 
 
• As Representações Sociais surgem por 
meio de mediações sociais e são, elas 
próprias, mediações sociais. 
26 
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS 
• Como as Representações Sociais são “teorias” 
do senso comum, as técnicas de análise 
empregadas em seu estudo procuram 
desvendar a associação de ideias aí 
subjacentes, ou seja, mapear o campo de 
significações que um determinado grupo 
social construiu acerca de um objeto. 
 
• Aqui são possíveis diferentes vertentes 
analíticas com diferentes exigências formais 
quanto ao número de sujeitos necessários para 
efetuar as operações estatísticas. 
27 
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS 
• A análise pode ser feita por meio de programas 
de análise multifatorial (computador) ou à mão. 
• Utilizando metodologia quantitativa ganha-se 
visibilidade do consenso e das permanências e 
diversidades, graças à agregação de casos. 
• Utilizando metodologia qualitativa preserva-se a 
lógica intrínseca da construção das 
Representações Sociais, mas perde-se a visão de 
conjunto. 
• Qualquer que seja a opção metodológica, ela 
está pautada nas necessidades específicas do 
objeto de pesquisa em Representações Sociais e 
em critérios de construção do conhecimento 
(epistemológicos). 
28 
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS 
O SURGIMENTO DA TEORIA DAS 
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS 
• Na década de 1950 a prática 
da psicanálise apresentava 
expressiva penetração na 
sociedade francesa. 
• Serge Moscovici estudou, 
então, os saberes que tal 
sociedade havia construído 
acerca das ideias e da prática 
da psicanálise. 
• A partir deste estudo, lançou as 
bases para a iniciação da 
Teoria das Representações 
Sociais. 
29 
• Moscovici inspirou-se nos conceitos de 
representação coletiva da Sociologia, 
proposto por Durkheim, e da 
Antrolpologia, proposto por Lévi-Bruhl. 
• Para Moscovici, a lacuna essencial da 
maioria das outras teorias em Psicologia 
Social é que elas negligenciam a 
produção de conhecimento e o 
pensamento dos antropólogos, o que 
implica em ingenuidade e 
superficialidade para a produção em 
Psicologia Social. 
30 
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS 
• A Teoria das Representações Sociais 
conduz um modo de olhar a Psicologia 
Social que exige a manutenção de um 
laço estreito entre as ciências 
psicológicas e sociais. 
• É a partir das conversações que se 
elaboram os saberes populares e do 
senso comum. 
• São estes os fenômenos sociais que nos 
permitem identificar de maneira 
concreta as representações e trabalhar 
com elas. 
31 
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS 
•Não apenas as conversações do 
senso comum expressam as 
representações sociais. 
 
•Elas também podem ser 
encontradas, sob outras formas, nas 
ciências, nas religiões, nas 
ideologias e em outras 
circunstâncias. 
32 
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS 
• O saber do senso comum e os saberes 
populares passaram a ser considerados 
como fenômenos sociais que permitem 
identificar de maneira concreta as 
representações e de trabalhar sobre elas. 
• Considerado válido e conhecimento 
legítimo e útil, o saber do senso comum 
torna possível o entendimento dos 
processos de decisão e para as práticas 
dos grupos sociais. 
33 
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS 
• Para a Psicologia Social, a iniciação da 
Teoria das Representações Sociais 
significou um marco fundamental, a partir 
do qual as ciências psicológicas 
passaram a estabelecer estreitos laços 
com as ciências sociais. 
 
• É um teoria complexa e elástica, que 
pode atender a inúmeras demandas da 
Psicologia Social. 
34 
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS 
IDENTIDADE
Psicologia Social II
2
QUEM É VOCÊ?
•Como você se mostra para as 
pessoas?
•O que você não mostra ou o que não 
gostaria de mostrar?
•O que você faz ou é apenas para 
agradar?
•O que você não conhece em você?
3
IDENTIDADE
•Todas essas respostas fazem parte de 
quem você é. 
•Para compreender o processo de 
produção do sujeito, que lhe permite 
apresentar-se ao mundo e reconhecer-
se como alguém único, a Psicologia 
construiu o conceito de identidade.
4
IDENTIDADE
Para o antropólogo Carlos R. Brandão, 
identidade explica o sentimento 
pessoal e a consciência da posse de 
um eu, de uma realidade individual 
que torna cada um de nós um sujeito 
único diante dos outros eus; 
5
IDENTIDADE
•E é, ao mesmo tempo, o 
reconhecimento individual dessa 
exclusividade: a consciência de uma 
continuidade em mim mesmo. 
•É em relação ao outro que nos 
constituímos e nos reconhecemos como 
sujeito único.
6
IDENTIDADE
•Para o psicanalista André Green, o conceito 
de identidade agrupa várias ideias, como a 
noção de permanência, de manutenção de 
pontos de referência que não mudam com o 
passar do tempo, como o nome de uma 
pessoa, suas relações de parentesco, sua 
nacionalidade – aspectos que geralmente não 
mudam. 
•Identidade permite a distinção de uma 
unidade e o reconhecimento de si.
7
IDENTIDADE
•O reconhecimento do eu e a diferenciação 
do outro;
•O primeiro outro: a mãe;
•Identificação: processo por meio do qual 
elegemos pessoas significativas como 
‘modelo’ em relação ao qual o sujeito vai 
se apropriando de algumas características, 
pelo mecanismo de introjeção, e formando 
sua identidade.
8
IDENTIDADE
•Além disso, o conjunto de experiências 
ao longo de minha vida me permite 
‘montar’ meu próprio modelo do que 
pretendo ser como ser humano, como 
profissional, como cidadã/cidadão etc.
•O que queremos ser é um amálgama de 
características de tudo o que é 
significativo e atravessa a nossa vida.
9
TÉCNICA DESIDERATIVO VOCACIONAL
1. Como quem você gostaria de ser? Por que?
2. Que personagem histórico você gostaria de 
ser? Por que?
3. Quando você era adolescente, que adulto lhe 
inspirava como modelo a ser seguido? Por que?
4. Que tarefa mais característica do mundo do 
sexo oposto você gostaria de fazer?
5. Que profissão você escolheria para um irmão?
10
IDENTIDADE: 
ESTABILIDADE E TRANSFORMAÇÃO
•Mas, ao mesmo tempo que identidade 
remete a algo permanente, também remete 
a algo em transformação. É possível que eu 
mude e continue sendo eu mesma!
•Para o psicólogo Antônio Carlos Ciampa, 
identidade tem um caráter de metamorfose, 
está em constante mudança.
11
Metamorfose Ambulante
Raul Seixas
Prefiro ser
Essa metamorfose 
ambulante
Eu prefiro ser
Essa metamorfose 
ambulante
Do que ter aquela velha 
opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha 
opinião
Formada sobre tudo
Eu quero dizer
Agora o oposto do que eu 
disse antes
Eu prefiro ser
Essa metamorfose 
ambulante
Do que ter aquela velha 
opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha 
opinião
Formada sobre tudo
Sobre o que é o amor
Sobre o que eu nem sei 
quem sou
Se hoje eu sou estrela
Amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio
Amanhã lhe tenho amor
Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Lhe faço amor
Eu sou um ator
É chato chegar
A um objetivo num instante
Eu quero viver
Nessa metamorfose 
ambulante
Do que ter aquela velha 
opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha 
opinião
Formada sobre tudo
12
IDENTIDADE
•Nossa atividade no mundo constrói nossa 
identidade. 
•Eu sou _____, nascido(a) em _____, vivendo em 
_____...
•A identidade ‘coisifica-se’ sob a forma de 
personagem. E a construção da personagem 
congela a atividade e camufla a dinâmica de 
nossas próprias transformações.
13
IDENTIDADE E CRISE
•Identidade é um processo de construção 
permanente, em contínua transformação. 
•E o novo – quem sou agora – amalgama-se com 
o velho – quem fui ontem. E isto que dáo fio da 
história de cada um.
•Mas quando o processo de mudança é intenso, 
confuso, angustiante e doloroso, trata-se de crise 
de identidade. 
•São períodos importantes da vida de uma 
pessoa em que ela procura, com maior ou menor 
grau de consciência dessa crise, redefinir ou 
ratificar seu modo de ser e estar no mundo.
14
IDENTIDADE
15
IDENTIDADE 
SER OU NÃO SER? EIS A QUESTÃO!
16
IDENTIDADE E CRISE
•Um caso exemplar de crise de identidade é a 
adolescência.
•Embora essa crise seja marcada por intensa 
turbulência interna, pode significar um período 
de “confusão” criadora.
•Luto pela perda do corpo infantil e a 
estranheza quanto aquele corpo adulto (ele 
mesmo!) que o adolescente desconhece e 
deseja.
•Às mudanças no corpo correspondem mudanças 
em sua subjetividade.
17
IDENTIDADE E ESTIGMA
•Estigma: refere-se às marcas – atributos sociais que 
um indivíduo ou povo carregam e cujo valor pode ser 
negativo ou pejorativo. 
•São atributos facilmente reconhecíveis como 
carregados de um valor negativo para a maioria das 
pessoas e determinam, para o indivíduo, um destino 
de exclusão ou a perspectiva de reivindicação que 
um direito de ser bem tratado e ter oportunidades 
iguais. 
•O estigma revela que a sociedade tem dificuldade 
de lidar com o diferente.
18
IDENTIDADE E ESTIGMA
•Na formação de identidade é muito 
importante pensar os processos de 
estigmatização que pode permear a vida 
cotidiana.
•A palavra cria realidade – saber poder, 
que engendram formas de ser, estar, 
pensar, agir e sentir no mundo.
•Os discursos que nos atravessam e fazem 
com sejamos quem somos e como lidamos 
com o mundo.
19
IDENTIDADE
20
IDENTIDADE
21
IDENTIDADE
22
IDENTIDADE
23
24
Ideologia
 O que você pensa, 
valoriza, sente e faz é 
determinado por você 
mesmo ou será que 
aquilo que você pensa, 
valoriza, sente e faz é 
estabelecido por 
outros? 
 Conhecemos 
verdadeiramente a 
realidade que nos 
cerca? 
2
Ideologia
 Substantivo feminino
1. fil ciência proposta pelo filósofo francês Destutt de Tracy 1754-
1836, que atribui a origem das ideias humanas às percepções 
sensoriais do mundo externo.
2. p.ex. fil no marxismo, totalidade das formas de consciência 
social, o que abrange o sistema de ideias que legitima o poder 
econômico da classe dominante (ideologia burguesa) e o que 
expressa os interesses revolucionários da classe dominada 
(ideologia proletária ou socialista).
3. p.ex. soc sistema de ideias sustentadas por um grupo social, as 
quais refletem, racionalizam e defendem os próprios interesses e 
compromissos institucionais, sejam estes morais, religiosos, 
políticos ou econômicos. 
4. p.ex. conjunto de convicções filosóficas, sociais, políticas etc. de 
um indivíduo ou grupo de indivíduos. 
3
Ideologia
Conceito do campo das Ciências 
Sociais.
Conceito complexo e multifacetado, 
podendo ser usado em diferentes 
sentidos.
Apresenta importância crescente 
devido à imaterialidade do mundo e 
da sociedade.
4
Sentidos possíveis:
Sentido positivo: conjunto de valores, ideias, 
ideais e filosofias de uma pessoa ou grupo;
Sentido negativo ou crítico: ideias distorcidas, 
enganadoras e mistificadoras que obscurecem a 
realidade em prol de interesses de dominação;
5
Sentidos possíveis:
Sentido materializado
ou concreto: 
ideologia corporificada 
numa ideia / forma 
simbólica ou concretizada 
numa instituição. Ex.: 
escola ou família;
Sentido prático: produção 
e manutenção de relações 
sociais pelas formas 
simbólicas.
6
Ideologia
As visões de 
mundo das 
pessoas
Maneira de se criar e manter
relações sociais de qualquer
tipo
Ideias da 
classe 
dominante
Prática que serve para criar e manter
relações assimétricas, desiguais e
injustas, a partir de formas simbólicas
que circulam na vida social,
aprisionando pessoas e orientando-as
para certas direções.
7
De que ideologia Mafalda 
fala? 8
Ideologia (sentido negativo e 
prático):
Maneiras como o sentido serve 
para sustentar relações de
dominação.
9
Sentido das formas simbólicas:
Amplo espectro de ações e 
falas, imagens e textos que são 
produzidos por pessoas e 
reconhecidos por elas como 
tendo um significado.
10
11
Dominação:
Relação que se dá quando 
determinada pessoa expropria 
poder (capacidades) do outro 
ou quando relações 
estabelecidas de poder são 
sistematicamente assimétricas 
(grupos privados/excluídos de 
determinados benefícios).
12
13
Formas simbólicas:
Aquelas que têm dimensões 
intencional, convencional, estrutural 
(exibem estrutura articulada), 
referencial (representam algo de 
modo específico), contextual 
(inseridas em processos sócio-
históricos) – por meio das quais são 
produzidas, transmitidas e 
recebidas.
14
Por que estudamos ideologia?
 Na visão de Marx, os seres humanos fazem a 
história mas não têm consciência disso.
 Um exemplo: a pobreza deve ser explicada 
pelas relações sociais e econômicas, e não 
pela vontade de Deus ou apenas pela 
vontade individual.
 “Os pobres são assim porque querem”. 
15
Por que estudamos ideologia?
 Isso ocorre porque há alienação. 
Ou seja, desconhecimento das 
condições histórico-sociais concretas
em que vivemos, produzidas pela 
ação humana também sob o peso de 
outras condições históricas anteriores 
e determinadas.
16
 Há uma dupla alienação: 
1. As pessoas não se reconhecem como 
agentes e autores da vida social com suas 
instituições; 
2. As pessoas se julgam plenamente livres, 
capazes de mudar suas vidas individuais.
 No primeiro caso, não percebem que 
instituem a sociedade; no segundo caso, 
ignoram que a sociedade instituída determina 
seus pensamentos e ações.
17Por que estudamos ideologia?
 Podemos falar em três grandes formas de alienação na 
sociedade moderna ou capitalista:
1. A alienação social, na qual os humanos não se 
reconhecem como produtores das instituições 
sociopolíticas. Não há preocupação com o outro
(alienus).
2. A alienação econômica, na qual os produtores não se 
reconhecem nos objetos produzidos por seu trabalho. Os 
trabalhadores são reduzidos a coisas, são reificados ou 
desumanizados. Ex.: construtor – prédio.
 As mercadorias deixam de ser percebidas como produtos 
do trabalho e passam a ser vistas como bens em si e por si 
mesmas (como a propaganda as mostra e oferece). As 
mercadorias são um outro, que não o trabalhador.
3. A alienação intelectual, resultante da separação social 
entre trabalho material (que produz mercadorias) e 
trabalho intelectual (que produz ideias).
18Por que estudamos ideologia?
 Os intelectuais alienam-se de três formas: 
a) Esquecem que suas ideias estão ligadas às 
opiniões da classe a que pertencem, isto é, a 
classe dominante. Imaginam que suas ideias 
são universais;
b) Esquecem que as ideias são produzidas por 
eles para explicar a realidade e passam a crer 
que elas são a própria realidade;
c) Passam a acreditar que as ideias se produzem 
umas às outras, são causas e efeitos umas das 
outras e que somos apenas receptáculos delas 
ou instrumentos delas.
19Por que estudamos ideologia?
 As três grandes formas da alienação (social, econômica e 
intelectual) são a causa do surgimento, da implantação e 
do fortalecimento da ideologia.
 A ideologia capitalista força a diferença entre as classes, o 
olhar diferente sobre o outro, o consumismo. 
 A alienação social se exprime numa “teoria” do 
conhecimento espontânea, formando o senso comum da 
sociedade.
 Por seuintermédio, são imaginadas explicações e 
justificativas para a realidade tal como é diretamente 
percebida e vivida.
 A função principal da ideologia é ocultar e dissimular as 
divisões sociais e políticas, dar-lhes a aparência de 
indivisão e de diferenças naturais entre os seres humanos. 
20Por que estudamos ideologia?
 A produção ideológica da ilusão social tem como 
finalidade fazer com que todas as classes sociais aceitem as 
condições em que vivem, julgando-as naturais, normais, 
corretas, justas, sem pretender transformá-las ou conhecê-
las realmente, sem levar em conta que há uma contradição 
profunda entre as condições reais em que vivemos e as 
ideias.
 Como procede a ideologia para obter esse fantástico 
resultado?
 Em primeiro lugar, opera por inversão, isto é, coloca os 
efeitos no lugar das causas e transforma estas últimas em 
efeitos. 
 Ela opera como o inconsciente: este fabrica imagens e 
sintomas; aquela fabrica ideias e falsas causalidades.
21Por que estudamos ideologia?
 A segunda maneira de operar da ideologia 
é a produção do imaginário social, por meio 
da imaginação reprodutora. 
 A ideologia transforma-se num conjunto 
coerente, lógico e sistemático de ideias que 
funcionam em dois registros: como 
representações da realidade e como normas 
e regras de conduta e comportamento.
 Representações, normas e valores formam 
um tecido de imagens que explicam toda a 
realidade e prescrevem para toda a 
sociedade o que ela deve e como deve 
pensar, falar, sentir e agir. 
22Por que estudamos ideologia?
 A ideologia é semelhante ao inconsciente freudiano pelo 
seguinte:
1. Adotamos crenças, opiniões, ideias sem saber de onde 
vieram;
2. Ideologia e inconsciente operam por meio do imaginário
(as representações e regras saídas da experiência 
imediata) e do silêncio, realizando-se indiretamente 
perante a consciência.
 Inconsciente e ideologia não são deliberações 
voluntárias. O inconsciente precisa de imagens, 
substitutos, sonhos, lapsos, atos falhos, sintomas, 
sublimação para manifestar-se e, ao mesmo tempo, 
esconder-se da consciência. 
 A ideologia precisa das ideias-imagens, da inversão de 
causas e efeitos, do silêncio para manifestar os interesses 
da classe dominante e escondê-los como interesse de 
uma única classe social. 
23
Por que estudamos ideologia?
Por que estudamos ideologia?
O estudo da ideologia contribui 
para o estabelecimento de 
práticas emancipadoras, de 
construção de uma sociedade 
economicamente justa, 
politicamente democrática, 
culturalmente plural e eticamente 
solidária.
24
Por que estudamos ideologia?
25
GÊNERO 
Psicologia Social II 
GÊNERO 
•O que significa ser homem? 
 
•E o que significa ser mulher? 
 
•Como mulheres e homens 
supostamente se relacionam 
uns com os outros? 
2 
GÊNERO 
3 
GÊNERO 
4 
Substantivo masculino 
1. Conceito geral que abarca todas as características comuns
 de um determinado grupo, classe etc. 
2. Conjunto de seres com a mesma origem ou que 
apresentam características comuns; espécie, família, raça. 
1. Estilo, tipo; 
2. Diferenciação social entre homens e mulheres, que varia 
cosonante a cultura que influência o estatuto, o papel 
social e a identidade sexual de cada indivíuo o seio da 
comunidade em eu se insere. 
3. BIOLOGIA. Categoria taxionômica, utilizada na classificação 
dos seres vivos, que só pode ser designada em latim e que 
consiste num número de espécies semelhantes ou 
estreitamente relacionadas. 
GÊNERO 
5 
6. Gramática. Categoria morfossintática baseada na 
distinção dos sexos (masculino ou feminino, no caso de 
seres animados) ou atribuída por convenção (no caso de 
seres não animados). 
7. Artes Plásticas. Categoria em que se agrupam abras 
artísticas em função d estilo ou técnicas utilizadas. 
8. Lógica. Ideia ou classe que abrange várias espécies. 
9. Literatura.Categoria em se agrupam obras ou 
composições em função das suas características formais 
ou de conteúdo. 
10. Plural. Produtos, especialmente agrícolas, usados na 
alimentação humana. 
GÊNERO 
6 
• Ser homem e ser mulher varia conforme 
a época e a sociedade – remete a 
construção cultural, no sentido de 
como cada sociedade, em 
determinada época, transforma um 
macho em homem e uma fêmea em 
mulher. 
•As diferenças sexuais são 
experimentadas simbolicamente e são 
vividas como gênero, enquanto sexo 
diz respeito às características 
fisiológicas relativas à reprodução 
biológica. 
GÊNERO 
7 
• Os humanos interpretam e atribuem nova dimensão 
ao seu ambiente físico e social através da 
simbolização. 
• Comportamentos, interesses, estilos de vida, 
tendências das mais diversas índoles, 
responsabilidades ou papéis a desempenhar, 
sentimento ou consciência de si mesmo, 
características da personalidade (afetivas, 
intelectuais e emocionais): o sexo biológico não 
determina, em si, o desenvolvimento posterior desses 
itens. 
• Eles são determinados pelo processo de 
socialização e por outros aspectos da vida em 
sociedade, decorrentes da cultura, que abrange 
homens e mulheres desde o nascimento e ao longo 
de toda a vida, em estreita conexão com as 
diferentes circunstâncias socioculturais e históricas. 
 
GÊNERO 
8 
GÊNERO E CIÊNCIAS SOCIAIS 
•Gênero passou a ser estudado 
pela Psicologia, Antropologia, 
Sociologia e História. 
•Em Psicologia, principalmente 
pela Psicologia Social, que lança 
seu olhar para a história, para a 
sociedade e para a cultura e só 
entende o ser humano a partir 
dessas instâncias. 
9 
O MOVIMENTO FEMINISTA 
•Constantemente 
associado aos 
estudos de gênero, 
o Movimento 
Feminista está 
associado ao 
pensamento e à 
luta pela igualdade 
para as mulheres. 
10 
•Originou-se nas 
tentativas 
históricas na 
Europa e nos EUA, 
no século XVIII, 
que permitiram a 
luta pela 
igualdade de 
direitos políticos e 
educativos para 
as mulheres. 
O MOVIMENTO FEMINISTA 
11 
• Desencadeou 
mudanças 
conceituais 
importantes no 
século XIX como a 
presença das 
mulheres na política 
e também 
reformulações e 
conquistas individuais 
e coletivas, na 
legislação, na arte e 
no pensamento. 
O MOVIMENTO FEMINISTA 
12 
SISTEMA DE GÊNERO 
•Na década de 1970 autoras 
postularam que toda sociedade 
possui não apenas um sistema de 
produção, mas também um sistema 
de gênero, ou seja, um conjunto de 
arranjos por meio dos quais a 
sociedade transforma a biologia 
sexual em produtos da atividade 
humana, e nos quais essas 
necessidades são transformadas e 
satisfeitas. 
13 
SISTEMA DE GÊNERO 
•Esse sistema é composto de: 
 
Divisão sexual do trabalho; 
Definições sociais para os 
sexos; 
Mundos sociais que eles 
conformam 
14 
HIERARQUIA DE GÊNERO 
•Situação em 
que o poder e 
o controle 
social sobre 
trabalho, 
recursos e 
produtos são 
associados à 
masculinidade; 
15 
•Patriarcado; 
 
•O poder social 
é, ainda hoje, 
identificados 
com atributos 
considerados 
masculinos; 
HIERARQUIA DE GÊNERO 
16 
•A explicação das hierarquias 
sociais de gênero se dá por meio 
de origens divinas, de costumes 
ou de natureza (típico das 
sociedades contemporâneas). 
HIERARQUIA DE GÊNERO 
17 
QUAL É A TAREFA DA PSICOLOGIA SOCIAL? 
• Buscar explicação histórica ou cultural 
para a situação das mulheres e dos 
homens nas sociedades. 
• Por meio de estudos transculturais gênero: 
• 
Não é idêntico a sexo; 
Fornece a base para a divisão sexual 
do trabalho em todas as sociedades. 
Não há um conteúdo universal para os 
papéis de gênero. 
18 
• Subordinação = falta de poder 
•Com a criação do Estadoe a 
estratificação, deu-se a divisão do 
trabalho por gênero, bem como as 
relações de propriedade. 
•Passou a haver controle sobre o 
trabalho e perda da importância 
das relações de parentesco. Por ter 
menos força, a mulher ficou em 
desvantagem. 
GÊNERO 
19 
O PODER PODE FICAR COM ELES... 
20 
E O PODER PODE MUDAR DE MÃOS... 
21 
•Cada grupo cria ideologia para 
justificar as desigualdades de 
classe, sexo e raça, normalmente 
com base em diferenças inatas. 
•Para a Psicologia Histórico-Crítica, 
gênero é compreendido como 
construção histórica. 
•Busca-se o reparto do poder e a 
revisão das relações de 
dominação. 
GÊNERO 
22 
IDENTIDADE DE GÊNERO 
• Na sociedade, identidade de gênero se refere 
ao gênero em que a pessoa se identifica (i.e, se ela se 
identifica como sendo um homem, uma mulher ou se 
ela vê a si como fora do convencional), mas pode 
também ser usado para referir-se ao gênero que certa 
pessoa atribui ao indivíduo tendo como base o que tal 
pessoa reconhece como indicações de papel social de 
gênero (roupas, corte de cabelo, etc.). 
• Do primeiro uso, acredita-se que a identidade de 
gênero se constitui como fixa e como tal não sofrendo 
variações, independente do papel social de gênero 
que a pessoa apresente pra ela. 
• Do segundo, acredita-se que a identidade de gênero 
possa ser afetada por uma variedade de estruturas 
sociais, incluindo etnicidade, trabalho, religião ou 
irreligião, e família. 
23 
IDENTIDADE DE GÊNERO 
• O conceito identidade de gênero remete a outras 
categorias, sem as quais seu entendimento pode ficar 
incompleto. 
• Deve-se ter em mente que sexo e gênero são conceitos 
distintos. 
• Em 1968, Robert Stoller, psicólogo americano, define a 
diferença conceitual entre sexo e gênero: 
 Sexo refere-se aos aspectos anatômicos, 
morfológicos e fisiológicos (genitália, cromossomos 
sexuais, hormônios) da espécie humana. Ou seja, a 
categoria sexo é definida por aspectos biológicos: 
quando falamos em sexo, estamos nos referindo a 
fêmeas e machos. 
 Gênero remete aos significados sociais, culturais e 
históricos associados aos sexos. 
24 
IDENTIDADE DE GÊNERO 
• Robert Stoller estudou casos de crianças Intersexo 
(na época classificados como "hermafroditas" ou 
como tendo "genitais escondidos") que foram 
educadas de acordo com um gênero que lhes 
fora designado no nascimento. 
 
• Essas crianças, mesmo depois de saberem que 
suas genitálias eram ambíguas, parciais, 
duplicadas, ausentes ou sofreram alguma 
intervenção cirúrgica compulsória, empenhavam-
se em manter os padrões de comportamento de 
acordo com os quais haviam sido educados, o que 
levou Stoller à conclusão de que seria " mais fácil 
mudar o genital do que o gênero de uma pessoa“. 
25 
IDENTIDADE DE GÊNERO 
• Destaca-se que a identidade de gênero nem sempre 
corresponde ao sexo do nascimento: uma pessoa pode 
nascer com o sexo feminino e sentir-se um homem ou vice-
versa, como acontece com travestis e pessoas transexuais. 
• A identidade de gênero também não deve ser confundida 
com orientação sexual: a primeira remete à forma como as 
pessoas se autodefinem (como mulheres ou como homens), 
a segunda remete à questão da sexualidade, do desejo, da 
atração afetivo-sexual por alguém de algum gênero 
(homossexualidade, bissexualidade e heterossexualidade). 
• A vivência discordante de um gênero (que é cultural, social) 
com o que se esperaria de alguém de determinado sexo 
(que é biológico) não deve ser tratada como um transtorno, 
mas sim como uma questão de identidade, como acontece 
com travestis e pessoas transexuais, que compõem o grupo 
de transgêneros. 
 
26 
O QUE TEMOS A VER COM ISSO? 
O Dia Internacional da Mulher se 
refere a qual “mulher”? 
O Movimento Feminista apoia qual 
“mulher”? 
Podemos falar em “a mulher” ou 
“mulheres? 
E a Psicologia o que tem a ver com 
a liberdade de gênero? 
27 
Indivíduo, Fenômeno Social e 
Subjetividade 
Psicologia Social II 
Indivíduo, 
Fenômeno Social 
e Subjetividade 
 A palavra “indivíduo”, e alguns de seus 
sinônimos: pessoa, sujeito, gente, criatura, ser, 
cidadão, entre outros, é designada para tratar 
particularmente dos aspectos singulares do 
homem. 
 Mas, quem é este homem? 
 No senso comum, nos referimos ao indivíduo 
como: animal racional, ser social, cidadão, ser 
pensante, gente como a gente, entre outras. 
 São tantas nomeações populares e definições 
científicas para nomear, explicar e problematizar 
o homem, suas características singulares, suas 
contradições e idiossincrasias humanas. 
2 
Indivíduo, 
Fenômeno Social 
e Subjetividade 
 Todavia, questões como: “O homem é um ser 
pensante”, isto é indubitavelmente presente. O 
homem é um ser dotado de uma inteligência 
superior aos outros habitantes do planeta; e é um 
“ser social”, vive em grupo, é parte constituinte 
da sociedade. 
 Ao destacarmos estas questões contextuais, 
podemos citar além da psicologia, diferentes 
ciências, tais como a filosofia, a sociologia, a 
história; cada uma na sua especificidade, direta ou 
indiretamente investigando que é composto o 
processo de humanização. Seja no campo 
cognitivo, seja no campo social. 
3 
Indivíduo, 
Fenômeno Social 
e Subjetividade 
 O indivíduo, sob a óptica da psicologia social e 
da sociologia, é um ser social, nasce afiliado a 
um grupo primário – a família, e seu processo de 
desenvolvimento é pautado na apreensão das 
normas socioculturais dos grupos aos quais 
pertence. 
 Estas regras de convívio social são transmitidas 
por meio dos agentes socializadores: família, 
escola, religião, instituições sociais etc. Strey 
(2002, p. 59), afirma: o indivíduo “encontra-se 
num sistema social criado por meio de 
gerações já existentes e que é assimilado por 
meio de inter-relações sociais”. 
4 
Indivíduo, 
Fenômeno Social 
e Subjetividade 
 O ser humano não nasce “pronto”, o homem nasce 
com uma carga genética hereditária e inata, em que os 
processos biofisiológicos maturacionais farão a 
“natureza” se encarregar de seu desenvolvimento 
fisiológico, entretanto, para que esse desenvolvimento 
seja pleno, é fundamental que ele interaja com o 
meio social, como já nos referimos antes, essa 
interação promove a “humanização” o “tornar-se 
humano”. 
 O que chamamos de humanização é o processo de 
socialização, são as trocas sociais, a “interação”, a 
aprendizagem social à qual o homem é submetido 
desde o seu nascimento. 
 A interação promove a construção do sujeito, 
permitindo que ele se aproprie dos mecanismos de 
funcionamento da coletividade a qual está inserido. 
5 
Indivíduo, 
Fenômeno Social 
e Subjetividade 
 Essa apropriação será a responsável pelas 
características humanizantes do ser, tais como a 
consciência, a personalidade, a identidade, a 
identidade sociocultural, o comportamento, as atitudes, 
a autodiferenciação entre “eu” e “os outros”; enfim, 
todas as peculiaridades do ser humano. 
 A capacidade inata de elaboração dos processos 
cognitivos organiza os padrões socioculturais oriundos 
do meio, transformando-os em um sistema simbólico 
subjetivo, por meio de conteúdos provenientes da 
realidade objetiva. 
 A linguagem, por exemplo, enfatizada por Vygotsky, 
em sua construção teórica em psicologia do 
desenvolvimento, é o processo cognitivo responsável 
pela formação do sistema de símbolos que abastecem 
o pensamento. 
6 
Indivíduo, 
Fenômeno Social 
e Subjetividade 
Outros teóricos que investigam o 
desenvolvimento humano como Piaget, Freud, 
Erik Erikson, entre outros enfatizaram no 
contextode suas teorias diferentes aspectos 
do desenvolvimento humano. 
A linguagem é um dos processos cognitivos 
que contribuem para a construção cognitiva 
de representações da realidade e esse 
processo acontece ao logo do 
desenvolvimento humano, entretanto não 
pretendemos discorrer sobre 
desenvolvimento humano, porque esta não é a 
proposta do tema em discussão. 
7 
Indivíduo, 
Fenômeno Social 
e Subjetividade 
As representações simbólicas da cognição 
humana são construídas a partir das 
influências culturais de seu grupo social, no 
qual acontece o “intercâmbio cultural’, o 
homem gera cultura, cria, frutifica suas ideias 
e recebe de seu grupo social os padrões 
socioculturais produzidos pelo próprio grupo. 
Dessa forma, o comportamento humano é 
estabelecido, segundo as normas sociais do 
grupo com o qual se identifica, como já 
mencionado, esta é a base da identidade 
social. 
8 
Indivíduo, 
Fenômeno Social 
e Subjetividade 
 A percepção do mundo produz um conhecimento 
subjetivo, particular; pela interpretação que 
fazemos do que é exterior a nós, ao mesmo tempo 
em que produz um conhecimento objetivo por 
meio da percepção de mundo que é 
compartilhada coletivamente, essas percepções 
são refletidas e elaboradas, armazenadas em 
nossa memória e transmitidas à sociedade, em 
processo ativo do ato de existir. 
 Dessa forma, a consciência que é um conceito 
abstrato também é constituída de representações 
da realidade, seus processos criativos produzem a 
singularidade humana e a sua subjetividade. 
9 
Indivíduo, 
Fenômeno Social 
e Subjetividade 
Conceituamos subjetividade como o que 
nos diferencia de outro ser humano e dos 
outros animais, nela estão contidas nossas 
crenças, valores, interpretação do 
mundo, experiências, sentimentos, 
história de vida e escolhas, ou seja, o 
mais íntimo de nós, nossa 
individualidade. 
Contudo, a subjetividade abrange uma 
ampla dimensão conceitual, que permite 
compreender a psique e sua 
complexidade. 
10 
Indivíduo, 
Fenômeno Social 
e Subjetividade 
 A subjetividade representa um macroconceito orientado à 
compreensão da psique como sistema complexo, que de 
forma simultânea se apresenta como processo e como 
organização. 
 O macroconceito representa realidades que aparecem de 
múltiplas formas, que em suas próprias dinâmicas 
modificam sua auto-organização, o que conduz de forma 
permanente a uma tensão entre os processos gerados pelo 
sistema e suas formas de auto-organização, as quais estão 
comprometidas de forma permanente com todos os 
processos do sistema. 
 A subjetividade coloca a definição da psique num nível 
histórico-cultural, no qual as funções psíquicas são 
entendidas como processos permanentes de significação e 
sentidos. 
 O tema da subjetividade nos conduz a colocar o indivíduo e 
a sociedade numa relação indivisível, em que ambos 
aparecem como momentos da subjetividade social e da 
subjetividade individual. 
11 
Indivíduo, 
Fenômeno Social 
e Subjetividade 
 A nossa subjetividade e a consciência de quem somos 
fazem parte da nossa personalidade, preservamos o que 
nos é mais caro e íntimo, e permitimos que o ambiente, a 
sociedade perceba de nós, as características que 
transparecem na personalidade em forma de atitudes. 
 Atitude é a capacidade de julgamento que permite que nos 
comportemos de forma positiva ou negativa diante de uma 
determinada circunstância, como define, atitudes são a 
“disposição relativamente estável, avaliativa, que faz uma 
pessoa pensar, sentir ou comportar-se, positiva ou 
negativamente em relação à determinada pessoa, a 
determinado grupo ou problema social”. 
 As atitudes são formadas pelos processos cognitivos 
elaborados, o que pensamos, o que percebemos, o que foi 
aprendido, quais valores e crenças foram formados e como 
esses conteúdos formaram os critérios de avaliação das 
diferentes circunstâncias vivenciadas, qual conduta adotada 
para “esta” ou “aquela” situação. 
 O comportamento é a via pela qual nos posicionamos. 
12 
Indivíduo, 
Fenômeno Social 
e Subjetividade 
 Todavia, cabe destacar o dinamismo deste 
processo, embora o caráter intrínseco da 
individualidade seja o posicionamento 
pessoal, não somos imutáveis, somos 
suscetíveis às transformações sociais e 
culturais. 
 E as transformações às quais somos 
suscetíveis são adquiridas a partir dos 
processos socializadores que vivemos em 
diferentes etapas da vida, como por exemplo: 
os primários do início da vida, na infância a 
“educação familiar”; os secundários, que 
acontecem com o amadurecimento na idade 
adulta, como por exemplo, o “mundo do 
trabalho”; e aos terciários como por exemplo, 
as novas “condições” de vida na velhice. 
13 
Indivíduo, 
Fenômeno Social 
e Subjetividade 
 As transformações históricas, sociais, afetivas, 
econômicas, profissionais, geográficas, de papéis 
sociais, entre outros; aos quais estamos sujeitos 
ampliam nossas relações sociais e possibilitam as 
constantes transformações na identidade; ou seja, 
agregamos novos valores e crenças, nos 
desfazemos de outros, adotamos novas atitudes e 
comportamentos. 
 “Apenas quando formos capazes de [...] encontrar 
razões históricas da nossa sociedade e do nosso 
grupo social que explicam por que agimos hoje 
da forma como o fazemos é que estaremos 
desenvolvendo a consciência de nós mesmos”. 
 Isso nos faz entender que a consciência de si 
pode alterar a identidade social, na medida em 
que interrogamos os papéis que desempenhamos 
e suas funções históricas (LANE, 2006, p. 22). 
14 
Indivíduo, 
Fenômeno Social 
e Subjetividade 
 Para Silvia Lane, a influência das 
transformações históricas, em nossas ações, 
atribui o autoentendimento e a consciência do 
poder de alterar a identidade social, a partir 
do questionamento dos nossos papéis sociais 
e de suas funções históricas. 
A consciência que temos de nós constitui a 
nossa subjetividade, autoconceito é: “o 
autoconceito que o indivíduo adquire de si 
mesmo decorre das experiências sociais 
vivenciadas, que influem no papel que ele 
desempenha nos julgamentos sobre si e sobre 
outras pessoas e as diversidades culturais”. 
 Isto é, as experiências sociais são elementos 
constitutivos de quem somos. 
15 
Indivíduo, 
Fenômeno Social 
e Subjetividade 
 Estes acontecimentos incidem sobre o fenômeno 
psicológico, o conceito de Vygotsky explica que a 
subjetividade se processa do social para o individual, 
construindo estreita relação entre a individualidade e 
o pertencimento ao grupo social; a via dupla em que o 
indivíduo é “agente e sujeito” das influências e 
implicações da interação. 
 Quanto ao fenômeno social, este abrange uma 
dimensão mais ampla, está presente no contexto do 
indivíduo e da sua subjetividade e no contexto de uma 
coletividade. 
 Abrange as ações, os comportamentos e fatos que 
ocorrem em determinados grupos sociais, 
organizações e sociedades, está relacionado ao 
momento histórico em que o evento ocorre, ao 
contexto político, cultural, demográfico, econômico e 
ideológico. 
16 
Indivíduo, 
Fenômeno Social 
e Subjetividade 
 O fenômeno social é multifatorial e pode gerar 
efeitos benéficos ou nocivos para uma 
coletividade, grupo social, organização ou 
sociedade. 
 Pensemos em um exemplo sob o ponto de vista 
político: uma epidemia pode ter como aspecto 
positivo novas políticas públicas de combate ao 
agente causador de uma doença, ou como 
aspecto negativo o retrocesso nas práticas 
preventivas de uma doença.Em ambos os 
contextos de resolução do problema epidêmico, 
os membros da coletividade em que se vivenciou 
o problema, seriam implicados por ele e a 
passagem pelo fato passará a fazer parte da 
subjetividade coletiva do grupo, seus membros 
partilham a experiência vivida na participação de 
um mesmo evento. 
17 
Indivíduo, 
Fenômeno Social 
e Subjetividade 
 É importante destacar que cada indivíduo irá 
construir a sua percepção pessoal do evento, 
entretanto como a experiência foi vivenciada 
por todos os membros do grupo, também será 
construída uma percepção coletiva do mesmo 
evento. 
 Essa percepção pessoal e interpretação 
particular de um evento é parte integrante de 
nossa subjetividade e também é parte 
integrante da subjetividade do grupo que 
compartilhou a experiência do mesmo evento, 
esta subjetividade é social e vivenciada por 
indivíduos em suas singularidades. 
18 
Indivíduo, 
Fenômeno Social 
e Subjetividade 
A subjetividade coletiva não é um aglomerado 
de subjetividades individuais, mas sim uma 
subjetividade formada por diversos 
agenciamentos que, em alguns contextos 
sociais, podem se individuar. “Ela é 
essencialmente social, e assumida e vivida 
por indivíduos em suas existências 
particulares”. 
 Em um contexto amplificado, a 
pluridimensionalidade da realidade social 
não se limita a uma ciência ou a uma 
interpretação, admite a interdisciplinaridade 
de um fato social e a interdependência das 
ciências ao investigar os diferentes 
fenômenos, sejam particulares ou coletivos. 
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