Prévia do material em texto
Resumos livros e artigos de temas em psicologia social até NP1 Artigo: História da psicologia social no Rio de Janeiro: dois importantes personagens 1960-1970 ● Psicologia social passou por uma crise; ● Décadas depois, discordâncias teóricas e metodológicas = evidenciaram problemas, oposições e rivalidades com a psicologia social; ● Schneider e Rodrigues = importantes para Psicologia social. Eliezer Schneider ● Entrou na psicologia antes dela ser reconhecida como profissão; ● Virou professor de psicologia na UFRJ; ● Influência da cultura e da história; ● Suas ideias não batiam com as de Wundt (que distinguia psicologia experimental fisiológica da psicologia dos povos); ● História e cultura >>> ● Se voltava para a problemática humana; ● Psicologia não deveria servir apenas para a formulação de teorias generalistas, mas sim para contribuir para o entendimento do humano em sua diversidade histórica e cultural; ● Criticava os rumos que a psicologia estadunidense estava tomando; ● Psicologia social deveria reunir o estudo dos processos micro e macrossociais com temas da cultura e da história; ● Não tinha um interesse claro pelo tema de transformação social; ● Buscou pensar o campo da psicologia social integrado a psicologia geral; ● Importância da Psicologia social para o desenvolvimento social do país. Aroldo Rodrigues ● Era um representante da forma predominantemente norte-americana da psicologia social no Brasil; ● Teve um treinamento do uso da metodologia experimental e da estatística; ● Esse mano baba ovo de gringo voltou para o Brasil na época que os indícios do início da crise da psicologia social no Brasil estava começando a aparecer e achou ruim que nas décadas de 70 e 80 os psicólogos brasileiros não se interessavam por metodologia nem por teoria, e sim por política. Por que será né Aroldo Rodrigues? Nem estávamos no meio de uma DITADURA nessa época, né?; ● Tretou com a Silvia Lane (já prova um desvio de caráter). Ela acreditava que ele era muito neutro, e havia discordâncias a respeito do status de ciência deste campo da psicologia; ● Ele acreditava que a psicologia social era neutra e permitiria a solução de problemas sociais, através de suas aplicações, enquanto a Lane acreditava na transformação, que a psicologia deveria rever sua prática, pois teoria e prática precisam vir juntas; ● Ele queria separar psicologia e política, ou seja, não tinha a mínima consciência da realidade🙂; ● A esposa dele foi censurada na PUC; ● Ele acreditava na psicologia como área científica basicamente, não como uma força social; ● Ele era um chorão da direita “ain ditadura comunista vai me pegar😭”; ● Acreditava no fantasma da “ditadura ideológica”. Artigo: Silvia Lane e o projeto do “compromisso social da psicologia” Silvia Lane ● Psicologia social sócio-histórica; ● Voltada para uma psicologia comprometida com as realidades brasileiras e latino-americanas; ● Uma psicologia com compromisso social; ● Foi responsável pelo desenvolvimento da perspectiva sócio-histórica na psicologia social no Brasil; ● Psicologia social comunitária; ● O conhecimento produzido deveria ser útil para a transformação da realidade na direção da criação de condições dignas de vida para todos; ● Se atraía pela teoria de Skinner; ● Era obcecada por ter a realidade material como parâmetro. Realidade deveria ser o critério para analisar a importância e a fidedignidade de dados que pesquisas produzem; ● Foco em transformação; ● Não gostava da ideia da psicologia social que era empregada aqui no Brasil ser a mesma norte-americana, sem levar em consideração o conteúdo histórico e social presente na construção do homem e o contexto e realidade do Brasil; ● Adotou o método do materialismo histórico e dialético na psicologia social; ● “O ser humano é um todo – fisiologia e psicologia são manifestações de uma mesma totalidade”. ABRAPSO - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOLOGIA SOCIAL Psicologia social sócio-histórica ● Surgiu pela necessidade de transformação social; ● Silvia Lane teve grande influência na criação; ● Indivíduo e sociedade são inseparáveis; ● Ao se falar do sujeito, necessariamente fala-se da realidade social da qual ele participa; Livro: Paradigmas em psicologia social: a perspectiva latino-americana - Silvia Lane PÁG. 58-69 A psicologia social na América Latina: por uma ética do conhecimento Origem da psicologia social na América Latina ● Educadores, como Paulo Freire, acreditavam que a educação, especialmente a alfabetização, era indispensável para capacitar as pessoas a entenderem e transformarem a sociedade em que viviam, promovendo uma maior consciência social e participação política; ● Paulo Freire e Orlando Fals Borda: influenciaram os psicólogos a saírem da teoria e buscar na prática entender a realidade vivida pelas pessoas em seu contexto social específico; ● A transformação social só pode acontecer se as pessoas que fazem parte de uma comunidade estiverem ativamente envolvidas no processo; ● Psicólogos devem promover uma participação consciente, onde os indivíduos entendam e reflitam sobre sua situação social e política, e participem na mudança dessa realidade; ● O saber profissional jamais deve dominar o saber popular; ● Relações grupais entre pares são fundamentais para a superação de um individualismo; ● Psicologia jamais deve ser neutra, e deve ser comprometida política e eticamente. Origens da psicologia ● A Psicologia tinha como objetivo estudar a alma humana, mas como era impossível constatar a alma empiricamente (através da experiência), passou a observar as ações e reações do ser humano; ● Graças a Marx houve uma revolução das ciências humanas, porque ele fez com que tivessem de repensar o ser humano. ● Cabe à Psicologia desvendar como são constituídos os valores morais e éticos no psiquismo humano, estruturados em categorias como a Atividade, a Consciência, a Afetividade e a Identidade. Livro: Psicologia sócio-histórica Cap. 1 Uma perspectiva crítica da psicologia - pag. 13-35 Século XIX ● 1875: psicologia como área específica da ciência; ● Ascensão da burguesia moderna como classe social, trazendo com ela a ênfase na razão humana, liberdade do homem, possibilidade de transformação do mundo real e ênfase no próprio homem. Todas essas coisas permitiram uma ciência racional, que buscava desvendar as leis da natureza e construir conhecimento racional, sem interferência de crenças ou valores;; ● Esse foi o surgimento da ciência moderna, experimental, quantitativa e empírica; ● Resumindo: ricos são desocupados desde sempre e tinham tempo pra se interessar por questões que não eram relacionadas a sobrevivência🥰; ● Nessa época, a ciência também era marcada por ser; ● Positivista: foco apenas no observável, tendo a ciência como única verdade; ● Racionalista: razão como meio para desvendar leis naturais; ● Mecanicista: idéia de que o mundo funciona como uma máquina, guiado por leis que poderiam ser conhecidas; ● Associacionista: ideias se organizam na mente, permitindo associações que resultam em conhecimento; ● Atomista: o todo é formado por organização das partes; ● Determinista: o mundo como um conjunto de fenômenos que são sempre causados e que essa relação de causa e efeito pode ser descoberta pela razão humana; Wundt ● Distinguir a psicologia como uma ciência, trazendo a experiência consciente; ● Reconhecida o caráter básico dos elementos da consciência (atomismo), mas se diferenciava do associacionismo por pensar a consciência como processo ativo na organização de seu conteúdo pela força de vontade; ● Via o pensamento humano como um produto da natureza e como uma criação da vida mental; ● Indivíduo: ao mesmo tempo criatura e criador; ● Sugeriu duas psicologias: uma experimental e uma social, separando o natural do social, autonomia e determinação, interno e externo; Titchener ● Homem é dotado de uma estrutura que permite que a experiência se torne consciente; James ● Homem é um organismo que funciona em um ambiente e a ele se adapta;Comportamentalismo ● Homem é um produto de condicionamento; Gestalt ● Valorizou as experiências vividas; Psicanálise ● Enfatizou forças que o homem não domina e não conhece, mas que o constituem; Nenhuma dessas abordagens acima superou as perspectivas mecanicistas e deterministas presentes em Wundt. Algumas observações ● O texto está basicamente criticando o fato de muitas abordagens da psicologia só levarem em consideração um dos lados, interno ou externo, natural ou social e etc, porque sempre vai estar incompleta se não considerar o todo; ● Esses elementos não podem ser vistos como contradições. Psicologia sócio-histórica ● Toma como base a psicologia histórico-cultural de Vygotsky; ● Se apresentou como uma possibilidade para superar essa dicotomia (contradições); ● Carrega consigo a possibilidade de crítica; ● Fundamenta-se no marxismo; ● Tem como filosofia, teoria e método o materialismo histórico e dialético; ● Concebe o homem como ativo, social e histórico; ● A sociedade como uma produção histórica dos homens, que através do trabalho produzem sua vida material; ● Ideias como representações da realidade material; ● Realidade material como fundada em contradições que se expressam nas ideias; ● História como movimento contraditório constante do fazer humano, que a partir das base material, deve ser compreendida toda produção de ideias, incluindo a ciência e a psicologia; O liberalismo ● O liberalismo (ideologia fundamental do capitalismo), nasceu com a revolução burguesa para se opor a ordem feudal; ● Ordem feudal: baseada na ideia de que existia uma hierarquia no mundo, que era estável, organizado por vontade divina; ● Perspectiva liberal: tinha como elemento central a valorização do indivíduo (individualismo). Também tinha a ideia de que todos somos iguais, com os mesmos direitos e liberdade; ● As ideias liberais surgiram porque o capitalismo precisava delas. Precisava do mundo em movimento para explorar a natureza em busca de matérias-primas, e do indivíduo como ser produtivo e consumidor; ● Graças a essa individualidade, nasceu o conceito de noção de vida privada, onde a vida coletiva vai dando lugar a um espaço privado de vida; ● A noção de eu e a individualização nascem e se desenvolvem com a história do capitalismo; ● Com a noção de eu passando a existir, nasce a necessidade de estudar esse eu. A psicologia se torna necessária, então; ● Com a ideia de igualdade, as pessoas começaram a questionar as hierarquias e desigualdades sociais, e o liberalismo se defendeu usando a desculpa de “diferenças individuais” vindas do aproveitamento diferente que cada pessoa faz das oportunidades iguais que a sociedade oferece. Meritocracia, né☠; Fenômeno psicológico ● É descolado da realidade na qual o indivíduo se insere e do próprio indivíduo que o abriga; ● Se abriga em nosso corpo, do qual não temos controle; ● Algo que em determinado momento de crise nos domina sem que tenhamos controle; ● Contém um “verdadeiro eu”; ● Apesar de muitos psicólogos considerarem a relação desse fenômeno psicológico com o meio social necessária e importante, ela é vista como uma relação na qual o “externo” (mundo social) impede e dificulta o pleno e livre desenvolvimento de nosso mundo “interno” (psicológico); ● Já para a sócio-histórica, o fenômeno psicológico não pertence à natureza humana, não existe antes do homem, reflete a condição social, econômica e cultural em que vivem os homens; ● Ou seja, para a sócio-histórica, falar de fenômeno psicológico é obrigatoriamente falar da sociedade; ● A linguagem é a mediação para a internalização da objetividade, permitindo a construção de sentidos pessoais que constituem a subjetividade; ● Conhecer o fenômeno psicológico significa retirá-lo de um campo abstrato e idealista e dar a ele uma base material e retirar essa visão de que ele é algo inato no indivíduo; ● A psicologia sócio-histórica é contra essas perspectivas porque elas fazem com que a psicologia seja descolada da realidade social e cultural; ● Ideologia para Chaui: criação de universais abstratos, ou sejam transformação de ideias particulares da classe dominante em ideias universais; ● A ideologia é uma representação ilusória que se faz do real; ● A psicologia reforça o padrão de vida e desenvolvimento da elite como padrão de normalidade e transformado o diferente em anormal; ● Não podemos ver a realidade social, econômica e cultural como algo exterior ao homem e estranho ao mundo psicológico. O mundo psicológico e o mundo social andam juntos em seu movimento; Tradições ● A psicologia sempre esteve atrelada com as vontades da burguesia e da elite; ● A psicologia é uma das responsáveis por tornarem as diferenças entre os homens como justificativas para as desigualdades sociais; Método materialista-histórico e dialético é… ● Uma concepção materialista; ● Uma concepção dialética, da qual a contradição é característica fundamental de tudo o que existe; ● Uma concepção histórica, porque só é possível compreender a sociedade e a história por meio de uma concepção materialista e dialética. Ou seja, a história deve ser analisada a partir das realidade concreta e não a partir de ideias; Psicologia sócio-histórica é crítica porque: 1. Ela busca o abandono da visão abstrata do fenômeno psicológico e critica ela; 2. Ela permite o rompimento com a tradição classificatória e estigmatizadora da ciência e da profissão; 3. É contra a neutralidade na psicologia; 4. Supera a postura positivista e idealista que tem caracterizado a psicologia como ciência, tomando como método o materialismo histórico e dialético; Livro: As artimanhas da exclusão – os processos psicossociais da exclusão PÁG. 53-64 Exclusão social ● Não pode ser falada como se todo tipo de exclusão (racismo, desemprego e etc) fosse igual, dentro de uma mesma categoria; ● No entanto, pode-se falar em uma abordagem única da exclusão quando se fala sobre o nível das intenções entre indivíduos que são vítimas ou agentes da exclusão. Este nível é próprio da psicologia social; ● A psicologia social tenta dar conta das relações sociais através de uma dupla característica: ● 1- focalizando as dimensões ideais e simbólicas e os processos psicológicos e cognitivos que se articulam aos fundamentos materiais dessas relações, ou seja, além dos aspectos concretos, como a organização econômica ou política, a Psicologia Social também considera os valores, crenças e representações que moldam as interações entre indivíduos e grupos; ● 2- A segunda característica é a análise do espaço de interação entre pessoas ou grupos, onde essas relações são construídas e funcionam, ou seja, como as relações sociais são estabelecidas e mantidas no dia a dia, nos contextos em que indivíduos e grupos se encontram e interagem; Tipos de exclusão ● Segregação: um afastamento e separação física ou espacial entre grupos; ● Marginalização: o indivíduo é mantido à parte de um grupo, instituição ou sociedade como um todo, sendo excluído de dinâmicas sociais centrais; ● Discriminação: fechamento de acesso a certos bens, recursos, papéis ou status, ou pela aplicação de um tratamento diferencial oi negativo a determinados grupos; Psicologia social ● Tenta compreender de que maneira as pessoas ou grupos que são objetos de uma distinção, são constituídos como uma categoria à parte; Bode expiatório ● Existência de motivações hostis que podem ser ativadas por uma situação de frustração, aumentando a agressividade. Quando a agressividade não pode ser descarregada diretamente sobre a causa da frustração, ela é direcionada a alvos mais acessíveis ou frágeis (um bode expiratório) ● Esse deslocamento de raiva para um bode expiatório nem sempre vem em forma de comportamentos abertamente agressivos, mas sim mesclados de atitudes depreciativas, sob a forma de preconceitos e de esteriótipos negativos. Preconceitos e estereótipos ● Dois mediadores importantes da exclusão; ● Designam processos mentais pelos quais se operam a descrição e o julgamento daspessoas ou de grupos, que são caracterizados por pertencer a uma categoria social ou pelo fato de apresentar um ou mais atributos próprios a está categoria; ● Preconceito: um julgamento positivo ou negativo, formulado sem exame prévio a propósito de uma pessoa ou de uma coisa e que compreende vieses e esferas específicas; ● Estereótipos: representações do meio social que permitiam simplificar sua complexidade; Categorização ● Tem dois sentidos: ● Classificação em uma divisão social, onde se coloca as pessoas em uma categoria, como homem e mulher, jovem e velho e etc; ● Atribuição de uma característica a alguém, estigmatização ou estereótipo; ● A categorização segmenta o meio social em classes cujos membros são considerados como equivalentes em razão de características, ações e intenções comuns; ● Essa tendência de acentuar semelhanças dentro de um grupo e diferenças em relações a outros grupos pode levar a discriminação; ● Endo-grupo: o que fazemos parte; ● Exo-grupo: o que não fazemos parte; ● Tendemos a favorecer o grupo que fazemos parte, em detrimento de outros grupos e maximizar a diferença entre o endo-grupo e o exo-grupo; ● Isso acontece porque existe a necessidade do pertencimento social;