Theodor Adorno, Max Horkheimer e a noção de Indústria Cultural

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Theodor Adorno, Max Horkheimer e a noção de Indústria Cultural
Os intelectuais da Escola de Frankfurt tinham sérias críticas quanto ao modo como o conhecimento científico vinha sendo produzido e utilizado, por isso faziam questão de demarcar princípios para a produção intelectual que empreendiam, daí terem criado a denominação "Teoria Crítica" para se referir  ao conhecimento que produziam.  Uma das principais contribuições deles à reflexão sobre as características da cultura na sociedade industrial capitalista, seu modo de produção e interrelações políticas e econômicas é a noção de "indústria cultural" desenvolvida por Adorno e Horkheimer.  
Quando a crítica que fazemos à cultura midiática se refere à questão da manipulação é importante saber que manipulação é essa.  Manipulação geralmente se refere ao mascaramento de uma realidade para conduzir alguém a assumir uma visão falsa dos acontecimentos em benefício de outrem.  No caso, o que Adorno chama atenção é para o fato de que a indústria cultural faz com que a massa assuma a visão de mundo e os valores da classe dominante (burguesia industrial) e fique alienada sobre sua real condição de vida na sociedade.  Essa alienação e fascínio pelos valores da classe dominante funcionam como um eficiente mecanismo de manutenção da estrutura social que, no caso, é de concentração de renda e direitos para a elite e condições adversas de pobreza e submissão para as classes populares, o operariado.
A questão da manipulação está ligada, segundo Adorno, à capacidade de toda a produção cultural industrial fazer com que a massa assuma os valores e a visão de mundo da burguesia industrial.  Dessa forma a massa que é oprimida passa a agir de acordo com os interesses da elite, sem questionar, se conformando e desejando participar da estrutura social, sem se dar conta da sua própria condição e papel na estrutura da sociedade capitalista industrial, que é a de base produtiva, mas subalterna e injustiçada.
Adorno destaca o fato da cultura ser reduzida ao lazer, ao fato dela ser simplificada e homogeneizada de forma a poder ser consumida em larga escala, por um público que não é capaz de decodificar conteúdos variados e complexos.  Uma das consequências é que a massa fica vinculada a essa cultura entretenimento, impossível de gerar questionamentos e levar à decisões autônomas.  Além disso, isso gerava um padrão de produção cultural de tal ordem, que qualquer novidade ou transformação gerava resistência e rejeição do público.
De acordo com Walter Benjamin, a reprodutibilidade técnica da obra de arte modifica a relação da massa com a arte. De que maneira isso acontece?
A questão se refere às mudanças na relação de produção e recepção da obra de arte no contexto histórico das técnicas de reprodução tanto dos bens materiais quanto dos bens simbólicos, ou seja, da arte e da cultura. Benjamin aponta para uma mudança na recepção, onde a relação de culto (que estava ligada à obra original) deixa de ser a relação marcante com a obra. A massa, ao se relacionar com as cópias possibilitadas pela fotografia e pelas técnicas de impressão, não mantém nem a reverência, nem se preocupa com o que dizem as instituições de poder (Escola de Belas Artes, Curadores dos Museus, Críticos de Arte, livros de especialistas). A massa quer ter a mesma relação de posse que experimenta na sociedade industrial com os bens materiais. A massa prefere a cópia que pode levar pra casa. Esse fenômeno é nomeado por Benjamin como a queda da aura da obra de arte.
A visão de Walter Benjamin sobre o cinema é muito interessante  Ele diz que o cinema transforma nosso olhar, nossa sensibilidade, nossa forma de percepção. Ele vê como uma novidade, um campo de abertura, inclusive, revolucionária. Só pra dar exemplos práticos, depois do cinema, sonhamos como se estivéssemos dentro de um filme, prestamos atenção a detalhes no movimento dos músculos do rosto associado a emoções que só a grande tela do cinema nos permite observar; passamos a perceber como são significativos alguns gestos e detalhes que, antes do cinema, eram bem menos valorizados.