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Tricotomia e Classe dos Signos

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Prévia do material em texto

Semiótica
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Elvair Grossi
Revisão Textual:
Profa. Ms. Fátima Furlan
Tricotomia e classe dos signos
• Introdução
• Semiose
• Pragmatismo
• As classificações dos signos
 · Estudar a tricotomia e a relação do signo com o signo, do signo com 
o objeto e do signo com o interpretante.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Nesta unidade, abordaremos os estudos da categoria fenomenológica, 
descrição detalhada entre o fundamento que articula o sentido do signo, 
do objeto e do interpretante, cuja denominação é entendida por tricotomia 
e classes dos signos. O estudo deste conteúdo permite compreender, a 
partir de um sistema de representação, a mobilidade do signo em todos 
os aspectos, considerando seu campo de ação e todos os procedimentos 
naturais, sociais, culturais, filosóficos etc. Para que você possa se apropriar 
desse conhecimento, é necessário que você leia com muita atenção todo 
o conteúdo dessa unidade, os materiais complementares, assita aos vídeos 
indicados e procure conhecer as referências bibliográficas. Recomendamos a 
pesquisa de mais fontes que, seguramente, irão contribuir para sua formação, 
melhor desempenho e mais aprendizado.
ORIENTAÇÕES
Tricotomia e classe dos signos
UNIDADE Tricotomia e classe dos signos
Contextualização
Esta unidade, tricotomia e classes dos signos, permite comprovar que na 
ciência semiótica não há possibilidades de realizar um evento, um experimento, 
de forma segmentada. Muito menos tentar, a partir de um determinado eixo de 
análise, teorizar ou construir conceitos ou definições absolutas. Pois, tendo como 
base as categorias e as classificações triádicas e alguns conceitos preliminares da 
semiótica, é notório saber que tudo está integrado. Cada evento, cada fenômeno, 
cada ação está permeada por ações ulteriores, uma está em relação à outra, o 
que sugere uma relação de semiose, e uma grande dose de pragmatismo, pois 
tudo é processual. Talvez, para alguns, seja muito óbvio essa relação processual, 
de integração e talvez também seja muito óbvio dizê-la. Pois, alguns conceitos, 
ao saírem da esfera acadêmica, da razão científica, e migrarem para o contexto 
popular, em certos casos, tornam-se vazios e banalizados. Entretanto, entender 
as relações processuais e de integração a partir da ciência semiótica, cujo viés de 
sustentação está fundamentado nas relações triádicas, experimentadas e testadas 
na dinâmica do signo e na mobilidade com seu objeto e interpretante, traz uma 
compreensão diferenciada e verticalizada e, jamais, óbvia ou banal. Dessa forma, 
é possível acreditar que haverá ainda uma compreensão em que se alinhará ao 
máximo esse pensamento. Mas somente quando houver uma consciência, por 
parte dos estudantes, pesquisadores ou reprodutores apenas de pensamentos, de 
que os signos representam algo, coisas, e que não são reais, que não estão lá. 
E que a ação do signo, que é a ação de ser interpretado, apresenta o movimento 
perfeito, pois ser interpretado é gerar outro signo, numa cadeia ad infinitum Logo, 
o estudo das classificações permitirá entender a dinâmica dessas coisas, desse algo 
que não está lá, que é o signo.
6
7
Introdução
Estudos da categoria fenomenológica, descrição detalhada sobre 
o fundamento de sentido do signo, do objeto e do interpretante
As relações triádicas, não são nenhuma novidade, desde o mundo grego, na 
expressão de Platão (427 a.C-347 a.C), ao procurar por uma identidade entre a 
língua e o pensamento, essas relações triádicas já despertavam interesses. Platão 
foi um dos primeiros a pontuar uma sistematização entre “nome”, “ideia” e “coisa”, 
denotando, com isso, que as estruturas triádicas já eram operações contemplativas. 
Naquele momento, a lógica dispunha de absoluta primazia, sendo que, para alguns 
dos pensadores, era considerada como um instrumento formal entre argumentos, 
empregada como um exercício de absoluto rigor, aprimoramento e lapidação das 
operações intelectuais. Entretanto, a forma de conduzir esse pensamento triádico, 
na contemporaneidade peirceana, se dá por razões puramente universais, científicas 
e criteriosas de classificação. Neste exercício, Peirce, de forma obsessiva, chega a 
desenvolver, a partir dessas relações triádicas, ou seja, a partir das três tricotomias, 
uma classificação que resulta na divisão dos signos em mais de dez classes que 
nada mais são do que uma distribuição lógica das combinações possíveis entre 
as tríades. 
Como os signos, enquanto relações triádicas, classificam-se por tricotomias, isso 
oportunizou, tomando como base os escritos de Peirce, integrar a semiótica em um 
estudo na esfera da lógica, da filosofia e da ciência em geral, uma vez que toda essa 
tecnicalidade das classificações promove uma sintaxe própria. Pois, essas ações 
de descrição, desenvolvimento e asserções na construção de uma lógica crítica 
ou de uma metodologia do estudo dos signos serviria para ajudar na elaboração 
de modelos metodológicos de pesquisa ou de uma metafísica científica. Pois bem, 
para abarcar parte dessa assimilação, e absorver todo esse conteúdo, antes de tudo, 
é preciso, para ter certo domínio sobre o processo de classificação dos signos, 
primeiramente, focar nossas atenções ao processo de apreensão de um signo que 
é chamado de semiose, conforme veremos.
Semiose
A semiose é entendida, na maioria dos manuais sobre semiótica, como processo 
de significação do signo. Talvez, isso se dê devido à origem grega da palavra 
semêiosis (semiose), cujo sentido referia-se à ação de qualquer signo sobre seus 
usuários. Entretanto, é preciso considerar o movimento do signo para gerar o 
significado, ou seja, a inter-relação do signo, objeto e interpretante. Por exemplo, 
a semiótica peirceana define o interpretante de um signo como um segundo signo 
que é determinado pelo signo primeiro, a referir-se ao mesmo objeto ao qual o signo 
7
UNIDADE Tricotomia e classe dos signos
primeiro refere-se, e que traduz a significação do signo primeiro. Portanto, desde que 
o interpretante do signo é ele mesmo um signo, nada impede de torna-se signo a ser 
interpretado em outra relação triádica, representando o mesmo objeto que o signo 
primeiro representava. Desta forma, podemos considerar que o interpretante desta 
nova relação triádica pode deixar de ser apenas representamen. Mas, tornado-se 
signo pode determinar outro interpretante e assim ad infinitum. Vejamos, como 
forma de ilustração, uma representação gráfica para entender apenas o recorte de 
um momento de uma ação geradora e produtora de signos:
In+1
Representamen
(R)
Interpretante
(I) I1 I2 I3 In
Objeto
(O)
O O O
SEMIOSE EM AÇÃO
O gráfico1 indica as posições lógicas ocupadas por cada um dos elementos da 
semiose. Essa mobilidade circular ou até mesmo espiral ad infinitum é a condição 
normal da significação. Segundo Peirce, na semiose não há restrição ou limitação, 
pois o processo é amplo, é ilimitado, uma vez que na cadeia há uma ação de (gerar) 
geração de (produzir) produção e de (criar) criação e, consequentemente, sendo 
tudo transformado novamente. Entretanto, é preciso prestar atenção e perceber 
que a semiose é um processo contínuo e não uma transformação de signos passo 
a passo e, tão pouco, um encadeamento diádico de tríades. 
Nesta mesma linha de estudo, uma vez situado o processo de semiose, é 
preciso também situar o pragmatismo peirceano. Pois, considerando a semiose e 
o pragmatismo como processos que são de natureza determinante no estudo das 
classificações, os signos e todas as ações de desdobramento ganham transparência 
ao serem relacionadas às categoriais universais. Por isso, neste caso, a assimilação 
irá atingir certa abrangência, e poderá oferecer condições para uma abordagem 
exploratória, no sentido de promover uma ampla linha teórica para o estudodas 
classificações triádicas e para que o modelo de análise se configure num plano 
mais seguro. 
Pragmatismo
A semiótica, em virtude de suas relações pragmáticas ou pragmaticismo, 
segundo Peirce (1980), tem muito a contribuir para as ciências. Pois, o pragmatis-
mo faz com que o pensamento possa ser fundamentado pela dinâmica inferencial 
viva de símbolos cujo significado se estruture por resoluções condicionais gerais 
para a ação. Ação entendida como algo ligado ao hábito mental que a configure 
1 A reprodução desse gráfico, elaborado pelo próprio semioticista Michel Balat (2000), torna-se necessário por razões 
didáticas, técnicas e acadêmicas, dado o seu poder de síntese e por denotar com profundidade e transparência o 
movimento de um processo na esfera da semiose.
8
9
e não apenas em si mesma, pois o hábito mental corresponde à forma geral de 
agir se certo tipo geral de ocasião ocorre. Por esta razão, no pragmatismo, ações e 
ocasiões não levam em conta eventos singulares e absolutamente determinados. 
O que condiciona o pragmatismo como uma linha de ação prática é o entendi-
mento da noção de que o significado e o valor de alguma coisa são determina-
dos pelas consequências práticas. 
Por outro lado, desdobrando esse conceito, significa dizer que, no pragmatismo, 
alguma coisa só deve ser aceita como verdadeira caso seja capaz de produzir 
resultados imediatos, privilegiando a ação do funcionar (funcionalidade), ou seja, o 
que importa é o que funciona. Pois, de acordo com Peirce: “O que se deseja, então, 
é um método capaz de determinar o verdadeiro sentido de qualquer conceito, 
doutrina, proposição, palavra, ou outro tipo de signo” (PEIRCE, 1980, p. 12). 
Este eixo é o que situa o pragmatismo como uma forma de estabelecer relações, 
propondo uma linha de pensamento, cujo raciocínio seja guiado por métodos 
análogos aos da ciência, incluindo a observação dos fenômenos, formulação de 
hipóteses etc., recusando, assim, qualquer que sejam as ideias de verdade absoluta. 
Por exemplo, na prática, isso poderá ser entendido da seguinte forma, vejamos 
de forma ilustrada: “a tartaruga é lenta”; isto poderia ser uma verdade absoluta, 
inquestionável. Mas, para o pragmatismo, isso será verdade caso seja possível 
observar, no movimento futuro, a ação, a mobilidade e todos os procedimentos 
da tartaruga. Não sendo possível contemplar essa linha de investigação, então, 
só é possível considerar que a tartaruga tem sido lenta. Deste modo, apoiado em 
Peirce, o conhecimento que temos de a tartaruga ser lenta deve se fundamentar em 
fatos observacionais. Esse exemplo, situando a pragmática de forma experimental, 
possibilita, ainda, traçar uma relação entre ciência, semiótica e pragmatismo. Pois, 
o pragmatismo, na acepção original de Peirce, contempla a lógica da abdução2, 
considerando como método de gerar hipóteses e, em termos epistemológicos pode 
ser entendida como a metodologia lógica que confere as ações de abdução, dedução e 
indução. Na abdução, as hipóteses são geradas; na dedução, traça-se, na imaginação, 
todas as consequências necessárias e prováveis; e, finalmente, na indução, testa-se 
hipóteses e suas predições dedutivas. 
Segundo os escritos Conferência sobre o Pragmatismo (Peirce, 1980, p.11-12), o cientista 
Charles Sanders Peirce em 1903, apresentou, em Harvard, pela primeira vez, a relação entre 
o pragmatismo com a generalidade. Já em 1905, apresenta o título de Pragmaticismo, 
num trabalho onde expõe a versão do que seria o pragmatismo. Entretanto, é importante 
observar que houve uma causa na denominação entre pragmatismo e pragmaticismo. Pois, 
o termo pragmatismo, por ter um campo semântico de extrema abrangência, e permitir 
inúmeras interpretações, Peirce, na tentativa de delimitar tal abrangência da palavra, 
restringido seu uso, adotou o termo pragmaticismo a fi m de desvencilhar de vários outras 
correntes de pensamento. Porém, o signifi cado do termo remete ao mesmo pragmatismo. 
Também é importante entender que o termo pragmatismo já era conhecido desde 1870, 
por corresponder a uma linha fi losófi ca tendo originada nos Estados Unidos
Ex
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2 A descrição detalhada deste método científico: abdução, dedução e indução, será desenvolvido no estudo das dez 
classes do signo, na décima classe: o argumento.
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UNIDADE Tricotomia e classe dos signos
As classificações dos signos
Para estudar a classificação dos signos, ou seja, a tricotomia e classes dos signos 
é preciso uma dupla atenção, pois, num primeiro momento, é possível acreditar que 
são extremamente confusas, mas depois de uma certa condução e familiaridade, a 
possibilidade de divisar cada uma vai ganhando certo relevo. A tricotomia e classes 
dos signos foram pontuadas pelo próprio Peirce como sendo a mais relevante de 
todas as outras classes que são desenvolvidas a partir dessas. Isso é uma afirmação 
que também é compartilhada com todos os comentadores e estudiosos da semiótica. 
A classificação dos signos é um momento ímpar da semiótica, pois, partindo do 
pressuposto de que os signos representam algo, coisas, ou melhor, algo ou coisas que 
não são reais, que não estão lá. Logo, o estudo das classificações permite entender 
a dinâmica desse algo que não está lá, que é o signo.
Para saber mais sobre o assunto, leia o livro Semiótica (2008) de Charles Sanders Peirce.
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Peirce, quando elaborou as classificações, teve a preocupação de fornecer 
elementos que pudessem aprimorar e aprofundar um estudo dos movimentos e, 
em alguns casos, entender os procedimentos de ação de um signo. 
Procedimentos como, por exemplo, os fenômenos da natureza, as manifestações 
de causas naturais, sociais, culturais, filosóficas etc. e, principalmente, a forma 
como se empregam os códigos (signos) para recortar uma dada realidade e prover 
um sistema para realização de uma linguagem. Tudo isso, que é um sistema de 
representação, poderá ser entendido pela assimilação da semiose, pragmatismo 
e as classificações dos signos. Portanto, as tricotomias são constituídas e 
denominadas por: 
a) Primeira tricotomia: qualisigneo, sinsigno e legsigno; 
b) Segunda tricotomia: ícone, índice, símbolo; 
c) Terceira tricotomia: rema, dicente, argumento.
Primeira tricotomia
A primeira tricotomia tradicional refere-se ao qualisigneo, sinsigno e legisigno, 
assinala a primeiridade do signo, considerado o signo em si mesmo. Ou, mais 
ajustadamente, a primeira tricotomia refere-se ao modo de apreensão do signo em 
si mesmo.
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a) Qualisigneo
É uma qualidade que é um signo. Qualidades, enquanto signos de possibilida-
de de primeiridade, são exemplificadas por simples qualidades e estão sempre 
potencializadas, não podem agir antes de se materializar, embora esta materiali-
zação nada tenha a ver com seu caráter de signo, exemplo: a visão de uma certa 
qualidade de cor nas pós-imagens retinianas (sombra de luz que aparece mesmo 
com os olhos fechados).
Figura 1. Signo como qualidade, sem nenhuma referência, qualquer coisa
Fonte:iStock/Getty Images
b) Sinsigno
É um signo correspondente a um fato existencial, 
Figura 2. Para o intérprete: paixão, 
sensualidade extremada.
Fonte:iStock/Getty Images
não há repetição, o prefixo sin corresponde à 
primeira silaba do singular, cujo significado re-
mete à palavra singular, podendo originar uma 
ideia universal, pertence à secundidade de uma 
primeiridade. Qualquer signo para um intérpre-
te, entendido como não sendo um signo de uma 
lei geral, pode ser um sinsigno. Por exemplo, 
um grito espontâneo, um ruído ou, até mesmo, 
uma cor, como um vermelho qualquer em forma 
de um coração que possa ser considerado para o 
intérprete como uma extrema paixão, sensuali-
dade. É valido dizer que a percepção dele foi 
quem deu essa forma de entendimento ou senti-
mento singular, logo é um sinsigno.11
UNIDADE Tricotomia e classe dos signos
c) Legisigno
É uma lei que é um signo. É lei porque nós o convencionamos como lei, não é um 
objeto singular, mas um tipo geral. Pertence à terceiridade de uma primeiridade. Por 
ser uma forma convencional, o legisigno, para que possa ser utilizado, é preciso que 
seja atualizado. Por exemplo, na organização de um quarto e todo o enxoval, de um 
filho que irá nascer, as mamães, sabendo antecipadamente o sexo do bebê, utilizam 
da cor rosa para o sexo feminino e a cor azul para o sexo masculino, vejamos: 
Figura 3. Rosa, representa a mulher, é uma convenção é um legisigno. Azul, representa o 
homem, é uma convenção é um legisigno
Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images
A cor rosa, denotando ternura, suavidade, delicadeza, convencionou-se, 
culturalmente e socialmente ao sexo feminino. Já a cor azul, denota a sisudez, a 
prudência, seriedade, também se convencionou, culturalmente e socialmente, logo 
é um legisigno.
Segunda tricotomia
A segunda tricotomia é caracterizada pelo ícone, índice e símbolo. Refere-se à 
natureza da relação entre o signo e o seu objeto dinâmico, procurando organizar 
os signos de acordo com a relação entre ele e o objeto que ele substitui. Isto é, na 
medida em que o signo é considerado em sua relação com o seu objeto dinâmico, 
todas as variedades de signos e representamen podem ser classificados segundo 
a segunda tricotomia. Além de tudo, a segunda tricotomia é considerada uma das 
primeiras a ser estabelecida por Peirce, e remonta aos epicuristas que, conforme 
alguns estudiosos, já haviam elaborado uma distinção entre signos particulares e 
signos gerais, chegando próximo a uma terceira classe.
a) Ícone
É um signo que pode ser definido como uma imagem em uma mente, não tem 
ligação dinâmica com o objeto que representa. Normalmente, o ícone sugere a 
imagem do seu objeto possível, pois suas qualidades assemelham-se às deste objeto e 
provocam sensações análogas na mente, para a qual se estabelece uma semelhança. 
Desta forma, é possível inferir que também representa uma parte da semiose. Por 
exemplo, uma caricatura, um retrato, placas de representação etc. Vejamos: 
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Figura 4. Representa, por força da semelhança, 
os sanitários masculino e feminino
Fonte: iStock/Getty Images
Entretanto, há certos ícones que já contém a imagem em sua própria 
superfície, ou seja, às vezes, o ícone sugere ou já estaria representado no próprio 
texto, vejamos:
Figura 5. Contém a própria imagem na superfície.
Fonte: iStock/Getty Images
Neste caso, não há a necessidade do letreiro, pois o ícone está representado na 
superfície do texto. 
b) Índice
Sabemos que todo o signo que indica 
o seu objeto é um indicador. Portanto o 
índice é um indicador, ou seja, é o tipo 
de signo que mantém com o seu objeto 
uma relação de causa e efeito, o signo 
induz, materialmente, o objeto, e este 
está fisicamente ligado a ele. Por exem-
plo, as pegadas na areia se assemelham 
ao objeto que o representa, portanto, su-
gere algo, podendo ser, neste caso, um 
animal qualquer. 
Figura 6. O signo indica uma relação 
por associação ou referência
Fonte: iStock/Getty Images
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UNIDADE Tricotomia e classe dos signos
c) Símbolo
São signos que mantêm uma relação convencional ou arbitrária com o seu 
objeto. Os símbolos são inventados pela inteligência. A convenção que une o 
signo ao objeto é social e abstrata, pois não há nenhuma relação de semelhança 
ou associação. Por exemplo, bandeiras, sinais de trânsito, símbolos matemáticos, 
brasões, vestiários, uniformes etc. Vejamos:
Figura 7. Pomba da Paz 
Símbolo indicador da paz, 
mera convenção
Figura 8. YIN/YANG - forças opostas 
Símbolo indicador do equilíbrio entre a 
escuridão e a luz, mera convenção 
Fonte: iStock/Getty Images
Nas imagens da pomba, designando a “paz”, e o símbolo “yin/yang”, cujos 
designativos seriam as forças opostas, dia/noite, positivo/negativo etc., não há 
nenhuma relação de semelhança ou associação, são apenas situações de pura 
convenção, podendo ser até de natureza cultural. 
Terceira tricotomia
A terceira tricotomia é caracterizada pelo rema, dicente e argumento. O que 
vale dizer que essas categorias correspondem à estrutura muita difundida na lógica 
e na filosofia: Termo, Proposição e Argumento, neste caso, alterada para aplicação 
aos signos em geral. Aplicadas aos signos em geral, tem-se como operador de 
classificação a relação triádica do signo com o seu objeto dinâmico e seu interpretante 
final. Sendo o signo considerado triadicamente, somente os signos que agem 
necessariamente determinando um interpretante podem ser classificados segundo a 
terceira tricotomia, isto é, vale dizer que a terceira tricotomia organiza os signos a 
partir da sua relação com as significações desse signo. 
a) Rema
O rema é um signo que denota total vagueza, por exemplo, rema é um animal 
cuja denominação não determina ser um animal macho, nem um animal fêmea 
e também não é nenhum dos dois sexos concomitantemente. Simplesmente é 
um animal vago, logo, signos remáticos necessitam de uma determinação ulterior. 
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Podemos dizer que o rema é um signo representado em seu interpretante como se 
fosse um caráter ou forma. Por exemplo, em um relógio de apenas um ponteiro, 
não há como saber a hora, trata-se de um rema. 
Figura 9. Não há como avaliar a verdadeira hora, está 
fora do contexto do tempo, é um rema.
Fonte: iStock/Getty Images
Como o rema é um signo de possibilidades qualitativas, portanto, por mais que 
alguém tentasse precisar as horas, só poderia conjecturar, ou seja, apenas ficaria 
levantando hipóteses sobre a hora exata. 
b) Dicente
É um signo que, para o seu interpretante, é um signo de existência real. O 
símbolo dicente indica apenas o objeto denotado, o objeto que é o sujeito da 
proposição. Neste caso podemos considerar que o dicente é de natureza informativa 
e pertence à esfera de segundidade, interpretante de signos indiciais. Significa que 
para isso precisa de uma avaliação, principalmente por não apresentar de imediato 
vestígios da afirmativa. Por exemplo, a palavra e a imagem do “Papa” é um signo 
dicente, pois é algo materialmente existente. Logo, todo o conjunto, legenda e 
imagem é real. Entretanto, para verificar o grau de veracidade, precisaríamos que 
o Papa se virasse para o sujeito observador, assim, haveria possibilidade de tal 
reconhecimento, uma vez que a imagem e a legenda não são suficientes para tal 
afirmação. O signo dicente oferece materialidade, elementos para tal avaliação.
Figura 10. Signo dicente exige uma avaliação, Por não fornecer de imediato 
elementos para poder afi rmar que este realmente é o Papa. 
Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images
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UNIDADE Tricotomia e classe dos signos
c) Argumento
É um signo que representa distintamente seu interpretante, interpretante que 
se pretende determinar. Enquanto signo de terceiridade, o argumento é um signo 
de lei, sendo uma norma reguladora ou, como afirma Santaella (1995, p.192), 
princípio guia. O argumento é representado em seu interpretante como se ele 
fosse um signo ulterior ao qual se refere, no qual as premissas do argumento, 
as preposições, são consideradas como proposições afirmativas. Desta forma, as 
premissas formam uma representação da conclusão, fornecendo um ícone, ou um 
índice ou um símbolo. Por exemplo: todos os Papas usam um solidéu branco e são 
senhores idosos. Este senhor na cadeira de costas usa um solidéu branco e é um 
senhor idoso. Logo, é o Papa. 
Figura 11. As premissas de que todos os Papas usam o solidéu e todos os Papas são idosos estruturam 
uma premissa completa, justificando de forma conclusiva. Logo são, argumentos.
Fonte: iStock/Getty Images
Qualquer pensamento, por mais que seja complexo, admite não apenasuma redução às três formas de argumento. Mas, sobretudo, uma avaliação dos 
componentes semióticos de cada argumento em signos mais simples. 
O solidéu é uma expressão que se origina do latim, “soli Deo”, cujo significado remete a 
expressão “somente para Deus”. Portanto, o solidéu tornou-se uma indumentária religiosa, 
um símbolo religioso e, acima de tudo, hierárquico em virtude de sua escala designativa, 
por exemplo, o solidéu dos cardeais é vermelho, dos bispos é roxo e dos Papas, branco 
(SOARES, 1988).
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Esse percurso assinalado pela tricotomia e classes dos signos, que são constituídos 
pela primeira tricotomia, segunda tricotomia e terceira tricotomia, também pode 
ser verificado em Santaella (1983, p. 62), onde a autora apresenta um quadro 
didático, capaz de sintetizar e assegurar a compreensão, uma vez que fornece uma 
visão gráfica e muito bem localizada de cada elemento apresentado desse nosso 
conteúdo exploratório. Para isso, vamos, a fim de alargar a compreensão e tornar 
o conteúdo mais facilitado, reproduzir esse quadro na íntegra. Vejamos:
 PRIMEIRA TRICOTOMIA SEGUNDA TRICOTOMIA TERCEIRA TRICOTOMIA
(signo 1º em si mesmo) (signo 2º com seu objeto) (signo 3º com seu interpretante)
QUALISIGNO ÍCONE REMA
SINSIGNO ÍNDICE DICENTE
LEGISIGNO SÍMBOLO ARGUMENTO
Esta unidade, ao explorar tricotomia e classes dos signos, possibilita uma ampla 
abertura para realização de vários estudos na esfera da ciência. Pois acreditamos 
que todo esse percurso de exploração com exemplificações e, em alguns momentos, 
se esforçando a fim de se desvencilhar da linguagem muito especifica da semiótica, 
carregada de toda uma tecnicalidade, seja capaz de oferecer uma visão mais 
didática, mas assimilável e mais motivadora, cujo objetivo prático é fazer com que 
se abram as possibilidades de inserção desse estudo, não só na esfera acadêmica e 
científica, mas na relação com a vida.
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UNIDADE Tricotomia e classe dos signos
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
A assinatura das coisas: Peirce e a literatura.
SANTAELLA, Lucia. A assinatura das coisas: Peirce e a literatura. São Paulo: 
Imago, 1992.
O que é semiótica.
SANTAELLA, Lucia. O que é semiótica. São Paulo: Brasiliense, 1983.
 Vídeos
Filosofia da Educação - Pragmatismo
https://goo.gl/QgYP2K
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Referências
BALAT, Michel. Des fondaments sémiotiques de la psychanalyse. Montreal: 
L”Harmattan Inc., 2000.
NÖTH, Winfried. Panorama da Semiótica: de Platão a Peirce. São Paulo: 
Annablume, 1995.
MEDELEINE, MAINSTONE Rowland e. O barroco e o século XVIII: História da 
arte. São Paulo: Círculo do livro, 1992
PEIRCE, C. S. Collected Papers: vol. 1,2,3. Cambridge: Harvard Univ. Press, 1966.
____________. Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1980. 
____________. Semiótica. Tradução: José Teixeira Coelho Neto. São Paulo: 
Perspectiva, 2008.
SANTAELLA, Lucia. A teoria geral dos signos: Semiose e autogeração. São Paulo: 
Ática, 1995.
____________. O que é semiótica. São Paulo: Brasiliense, 1983. 
____________ . Corpo e comunicação. Sintoma da cultura. São Paulo: Paulus, 2004.
____________. Matrizes da linguagem e pensamento. São Paulo: Iluminuras, 2013.
SERSON, Breno. A relevância de C. S. Peirce para as ciências cognitivas: 
os conceitos de “representação” e “inferência” e a semiótica. São Paulo: 
Manuscrito, 1992. 
SOARES, Ismar de Oliveira. Do Santo Ofício à Libertação. São Paulo: 
Paulinas, 1988.
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