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Profª. Luciana Barcelos Penha Pereira 
 
 
São tantas as MÃOS que 
Acariciam... 
Lutam... 
Desenham... 
Rezam... 
Levam... 
Trazem... 
Ensinam... 
Abraçam... 
Trabalham... 
Amamentam... 
Protegem... 
Escrevem... 
Digitam... 
Deletam... 
Abençoam... 
Alimentam... 
Libertam... 
Amam... 
Mãos, mãos... mãos negras, mãos morenas, mãos indígenas, mãos brancas, 
pobres, ricas, feridas, envelhecidas, pequenas, calejadas...simplesmente MÃOS que falam na 
LÍNGUA DE SINAIS. 
(AUTOR DESCONHECIDO) 
 LIBRAS – LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS 
 
 
 
Prezado(a) acadêmico(a), 
 
Iniciamos neste período a disciplina de LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais, na 
intenção de entendermos o significado e a importância desta língua visual-espacial, que não 
é só utilizada por pessoas surdas, mas também por pessoas ouvintes que se interessam em 
aprender uma língua tão diferente das que conhecemos. 
Acredito que muitos de vocês estão surpresos, pensando... Como assim... 
Disciplina de LIBRAS, no curso de Música? Mas tenho certeza, que irão se surpreender, 
quando descobrirem, ao longo do curso, alguns surdos músicos, surdos professores e como a 
LIBRAS se firma neste universo. 
Ao iniciarmos este estudo, teremos a oportunidade de entrar em contato com a 
história da língua de sinais, como foi sua introdução no Brasil, as influências que sofreu e 
que ainda persistem e como ela se constitui nos dias de hoje, com a Lei que a reconhece, 
oficializando-a, de fato, no Brasil. 
Estaremos conhecendo e discutindo como a LIBRAS passou a ser exigida como 
disciplina curricular nos cursos de Licenciatura, sendo ressaltada sua importância na 
formação docente, não só, pelo ponto de vista prático, mas, principalmente, pelo teórico. 
Como não poderia deixar de ser, teremos uma parada obrigatória nas diferentes 
abordagens que cercam os estudos da pessoa com surdez; são elas: Clínico-terapeutica, 
Educacional e Sócio-antropológica, para fundamentar o entendimento do reconhecimento da 
LIBRAS como língua independente e estruturalmente organizada. 
Sejam bem vindos a esta disciplina nova e contagiante, onde iremos aprender, a 
“ouvir com os olhos”, pois somos originários de uma língua auditivo-oral (Língua 
Portuguesa) e, assim, desconhecemos esta prática tão interessante. 
Traçaremos, juntos, o desafio do ensino-aprendizagem da LIBRAS no curso de 
Música. 
Bom estudo a todos. 
 
3 
INTRODUÇÃO 
 
É necessário compreender o percurso que faremos a partir de agora, sendo isto 
uma forma de sistematizar o estudo desta disciplina, com o objetivo maior de entender 
pontos relevantes da história da LIBRAS, em seus diferentes contextos. 
 
Esses são alguns dos nossos objetivos: 
 
� Estabelecer relações entre educação, música e a LIBRAS; 
� conhecer as principais abordagens de estudo a respeito da pessoa com surdez; 
� refletir sobre a importância da LIBRAS em diferentes contextos; 
� compreender a LIBRAS como uma língua independente e estruturalmente 
organizada; 
� abordar questões práticas da língua de sinais. 
 
 
PARTE I 
 
 
UNIDADE I 
 
ABORDAGEM CLÍNICO-TERAPÊUTICA E SÓCIO-ANTROPOLÓGICA DA 
SURDEZ 
 
 
1. ABORDAGEM CLÍNICO-TERAPÊUTICA DA PESSOA COM SURDEZ 
 
 
Conhecendo dados estatísticos... 
 
Uma criança, em cada mil nascimentos, apresenta surdez e, aproximadamente, 
duas a três, em cada mil crianças, desenvolvem surdez grave na primeira infância. Existem 
indícios de aumento significativo do número de casos de surdez adquirida, no Brasil, por 
falta de atenção à saúde, principalmente na prevenção de moléstias infecto-contagiosas. 
 
 
4 
Interferência da surdez no desenvolvimento da criança... 
 
Isto acontece principalmente no desenvolvimento da linguagem. Quanto mais 
cedo for o diagnóstico e a procura por procedimentos terapêuticos e educacionais, maiores 
serão as chances de resultados favoráveis ao desenvolvimento da criança com surdez. Isto 
ocorre em razão da existência de períodos mais críticos para o desenvolvimento da 
linguagem, seja ela oral-aural ou visuo-espacial. 
A conceituação de surdez varia de acordo com o modelo que se toma por 
referência. Na proposta do aspecto clínico, ou seja, dentro do construto clínico-terapêutico, a 
surdez é considerada como incapacidade, é fundamentalmente patológica. As condutas e 
valores da maioria ouvinte devem ser tomados como “norma” e o surdo se diferencia 
enquanto, e o quanto, foge a esta “norma”, a esta padronização. Tenta-se a reparação da 
surdez, para que se torne o mais próximo possível do “normal”. 
De acordo com Carlos Skliar: 
 
“Tudo isto seria certo se, desde já, o modelo clínico-terapêutico não se 
obstinasse tanto em lutar contra a deficiência, o que implica, em geral, originar 
conseqüências sociais ainda maiores. Reeducação ou Compensação, essa é a questão. 
Obstinar-se contra o déficit, esse é o erro”. 
 
 
1.1 O que é surdez 
 
 
Enfocada como a falta do senso auditivo, conceitua-se a surdez como a diferença 
existente entre a performance do indivíduo e a habilidade normal para a detecção sonora. 
Existem diversos critérios de classificação do grau da perda auditiva. A proposta 
de Lloyd e Kaplan (1978) é uma das mais utilizadas na área da saúde: 
 
Classificação Média da perda auditiva 
Normal 0 – 25 dB NA 
Leve 26 – 40 dB NA 
Moderada 41 – 55 dB NA 
Moderadamente/Severa 56 – 70 dB NA 
Severa 71 – 90 dB NA 
Profunda Maior que 90 dB NA 
 
 
5 
• Audição normal: Não apresenta dificuldade alguma de audição. 
• Perda auditiva leve: Há dificuldades para entender a fala emitida com pequena 
intensidade. 
• Perda auditiva moderada: Pode entender fala emitida a pequena distância. 
• Perda auditiva moderadamente severa: Pode receber auditivamente a fala emitida 
com forte intensidade; terá dificuldade para comunicação oral-auditiva, em grupo e em 
classe. 
• Perda auditiva severa: Pode entender a fala emitida com forte intensidade e próxima à 
orelha; dificuldade para discriminar consoantes, mas distingue as vogais. 
• Perda auditiva profunda: Não utiliza audição como modalidade principal de 
comunicação. 
 
 
 
Fonte: http://www.laysom.com.br 
 
 
1.2 Causas da surdez 
 
 
Em relação à prevalência da surdez, devemos levar em consideração: 
 
� O aumento significativo da surdez, adquirida em função da piora das condições de saúde 
no país, o que poderia ser evitado com medidas preventivas adequadas. 
� A incidência da surdez por rubéola, praticamente extinta em alguns países, ainda 
representa um número expressivo no Brasil. 
 
 
6 
CLASSIFICAÇÃO DAS CAUSAS DA SURDEZ 
↓ 
 
 ↓ ↓ ↓ 
O MOMENTO EM QUE OCORRE A ORIGEM DO PROBLEMA O LOCAL ONDE OCORRE 
 
a) Pré-natal: durante a vida gestacional a) Hereditária a) Orelha externa e/ou média 
b) Per-natal: durante o nascimento b) Não hereditária b) Orelha interna 
c) Pós-natal: após o nascimento c) Tronco cerebral e cérebro 
 
 
 
1.3 Como prevenir a surdez? 
 
 
 
Não podemos nos esquecer de ações fundamentais, como: 
 
� A vacinação contra a rubéola em mulheres antes da gravidez; 
� Acompanhamento e tratamento adequado de otites na infância (infecções de ouvido); 
� Cuidado com o excesso de medicamentos ototóxicos; 
� Tratamentos de doenças como a toxoplasmose, sífilis e citomegalovírus; 
� Vacinação contra a meningite meningocócica. 
 
 
 
1.4 O uso de Prótese Auditiva: uma possibilidade real? 
 
 
Será mesmo que a indicação e adaptação de aparelho auditivo são viáveis? 
É muito bom fazermos este questionamento... 
 
 
 
 
 
7 
 
Como a surdez é vista, por alguns, como uma 
doença severamente incapacitante,é para minimizar seus 
efeitos que sistemas de amplificação têm sido desenvolvidos e 
aprimorados. 
Vamos conhecer um pouco desta história... 
Talvez a primeira prótese auditiva acústica tenha sido simplesmente a mão em 
concha posicionada atrás da orelha, o que coleta e reflete os sons ao redor do pavilhão 
auricular. Mas, ninguém sabe dizer quando o ser humano descobriu que direcionar o ouvido 
em direção à fonte sonora e colocar a mão em concha atrás do pavilhão auricular permitia 
uma pequena amplificação. Há referências de que o imperador romano Adriano (117-135 
d.C.) utilizava-se deste método de amplificação. Faça você também... 
A utilização de cornetas acústicas de origem animal data do século XIII. No 
entanto, foi somente nos séculos XVIII e XIX que as cornetas acústicas foram mais 
amplamente desenvolvidas e utilizadas. 
No final do século XIX e início do século XX, surgiu a primeira prótese auditiva 
elétrica, a partir da invenção do telefone por Alexander Grahan Bell, em 1876. Bell era 
professor de surdos em Boston e estava envolvido em vários experimentos que visavam o 
desenvolvimento de sistemas para auxiliá-los. Sua mãe e sua esposa eram surdas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Alexander Grahan Bell 
 
Sabe-se que o primeiro sistema desenvolvido por ele, para pessoas com surdez, 
foi utilizado na Inglaterra, em 1896. Estes primeiros aparelhos foram denominados de 
próteses auditivas de carbono, por serem compostos de um microfone de carbono, além de 
um receptor e de uma fonte de energia elétrica. O ganho era, no entanto, limitado. 
 
8 
A mudança mais significativa referente às próteses auditivas ocorrida nos últimos 
anos foi a aplicação da tecnologia digital. Segundo alguns estudiosos da área, suas vantagens 
são: 
� Capacidade de processamento do sinal que é semelhante, mas superior àquela 
oferecida pelos aparelhos analógicos; 
� Capacidades de processamento que são exclusivas dos sistemas digitais e que 
não podem ser implementadas nos analógicos; 
� Métodos de processamento e controle dos sinais, que modificam a maneira de 
pensarmos sobre como os parelhos deveriam ser confeccionados, prescritos e 
adaptados. 
Na abordagem médica da surdez a identificação precoce, as avaliações 
completas, o diagnóstico preciso e um conveniente tratamento são fundamentais. Se, durante 
ou após esta abordagem, persistir a perda auditiva, sendo possível seu prolongamento ou 
permanência, deve-se iniciar o processo de avaliação para indicação de prótese auditiva. 
É importante ressaltar que as próteses auditivas têm a função de amplificar o 
som. Esta amplificação, contudo, não se restringe aos sinais de fala, mas inclui também os 
sons ambientais, os sinais de perigo e de alerta (alarmes contra incêndio, campainhas etc.), 
bem como sons que melhoram a qualidade de vida do indivíduo (música, canto dos pássaros 
e outros). 
A prótese auditiva é muito indicada por profissionais da área da saúde: médicos, 
fonoaudiólogos, psicólogos e etc. Atualmente, esta prática também é muito repensada pelo 
fator operacional, de custo, já que para manter o uso da prótese auditiva é preciso a 
utilização de pilhas, que têm pouco tempo de duração, variando de 7 a 15 dias apenas. 
Dependendo das condições sócio-econômicas das pessoas com surdez, este custo sai alto e 
não é prioridade no orçamento familiar. 
 
 
Fonte: http://upload.wikimedia.org 
 
 
9 
 ATIVIDADE 1: 
 
Com base no estudo feito, podemos afirmar que a prótese auditiva é um 
“amplificador sonoro individual”. Aprofunde seus estudos, fazendo uma pesquisa detalhada, 
traçando pontos em comum entre uma prótese auditiva e qualquer instrumento musical, de 
sua escolha, que apresente características de amplificação sonora. 
 
 
 
 
2. ABORDAGEM SÓCIO-ANTROPOLÓGICA DA SURDEZ 
 
 
O construto sócio-antropológico da surdez contrapõe a abordagem clínico-
terapêutica estudada anteriormente. A patologia, a falta ou perda da audição não são o 
essencial. O que marca a surdez é uma diferença. Os surdos são caracterizados como um 
grupo minoritário que tem em comum a mesma língua e os mesmos valores culturais. 
Importante ressaltar questões que exigem esclarecimentos dentro desta 
abordagem, como por exemplo, o conceito de SER SURDO e QUEM É O SURDO? 
 
2.1 Ser surdo e quem é o surdo? 
 
Segundo PADDEN (1991), “o surdo pode ter nascido na cultura, como no caso 
de crianças de pais surdos. Começam a aprender a língua dos pais desde o nascimento e 
assim adquirem competência nativa nessa língua. Aprendem também as crenças e condutas 
do grupo social de seus pais. Quando entram na escola servem como modelo cultural e 
lingüístico para um grande número de surdos, filhos de pais ouvintes e que passam a fazer 
parte da cultura mais tardiamente”. 
Como podemos perceber, o autor afirma que pessoa surda é aquela advinda de 
uma história de surdez na família, que, segundo ele, cresce e convive com um determinado 
grupo social de surdos, sendo este, uma referência para a criança surda. 
 
10 
De acordo com Lawson (1991), “a comunidade surda compreende os indivíduos 
surdos, hipoacústicos e até ouvintes, que têm uma língua comum, experiências e valores 
comuns e uma forma comum de se comunicarem entre si e com os ouvintes. O grau de perda 
auditiva atual (surdez audiométrica) não é importante para determinar a identificação do 
sujeito e a sua aceitação pela comunidade surda. A principal característica identificadora 
parece ser um conhecimento da língua de sinais”. 
Voltando a citar PADDEN (1991), “uma comunidade surda é constituída por um 
grupo de pessoas que vivem em um local particular, partilham os objetivos comuns de seus 
membros e, de várias maneiras, trabalham para alcançar esses objetivos. Uma comunidade 
surda pode incluir pessoas ouvintes que apóiam ativamente os objetivos da comunidade e 
trabalham com os surdos para alcançá-los”. 
Podemos observar, pela análise de tais referenciais, que a abordagem sócio-
antropológica considera como fundamental o uso da língua de sinais desde o nascimento, em 
convivência com adultos surdos em uma comunidade surda. Deste modo, a criança surda 
pode desenvolver os conhecimentos por meio da língua de sinais, adquirindo assim, os 
costumes, os valores, as condutas e a cultura pertencentes a esta comunidade. 
Enfim, podemos dizer que a abordagem sócio-antropológica é fundamentada na 
perspectiva da comunidade surda, onde não há incapacidade, apenas uma diferença; enfatiza-
se o acesso à língua de sinais, desde o nascimento, como meio de comunicação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 ATIVIDADE 2: 
 
Baseando-se nas leituras dos textos, faça uma análise crítica a respeito das 
terminologias: DEFICIENTE AUDITIVO E PESSOA SURDA. Procure correlacioná-las 
com as duas abordagens já estudadas: 
 
CLÍNICO-TERAPEUTICA 
 
 
DEFICIENTE AUDITIVO PESSOA COM SURDEZ 
 
 
SÓCIO-ANTROPOLÓGICA 
 
 
PRÓTESE AUDITIVA LÍNGUA DE SINAIS 
 
 
 
UNIDADE II 
 
 
A EDUCAÇÃO DE PESSOAS COM SURDEZ 
 
 
1. INTRODUÇÃO: “DO IMPÉRIO AOS DIAS ATUAIS”... 
 
 
Agora que já conhecemos as abordagens que cercam os estudos relacionados às 
pessoas com surdez, vamos conhecer juntos a história da educação dessas pessoas, que teve 
um longo período de “segregação”, ou seja, a educação para esses alunos era pensada 
separadamente. 
Apresentaremos a você, de forma bastante sintetizada, um histórico da educação 
de pessoas surdas no nosso país. 
Sugerimos, então, que pesquise sobre o tema e, caso prefira, utilize os sites: 
 
www.ines.org.br 
www.surdosol.com.br 
 
 
 
12 
No Brasil, a primeira referência sobre a educação de surdos é datada de1857. Com a recomendação do ministro da Instrução Pública da França, intermediado pelo 
Marquês de Abrantes, é criado o Imperial Instituto dos Surdos-Mudos, na cidade do Rio de 
Janeiro. 
A perspectiva apontada a fim de conceituar o surdo dessa época, no sentido de 
projetos voltados para sua educação, era a de um sujeito doente, um deficiente mental, em 
condições subumanas. 
Pensava-se em meios de fornecer conhecimentos, com o objetivo de integração 
do surdo na sociedade, como cidadão produtivo e colaborativo ao progresso da nação. 
É do Instituto Nacional da França o futuro fundador do INES (antigo Imperial 
Instituto dos Surdos-Mudos). Ernest Huet era surdo e professor de surdos, discípulo da 
escola de Charles Michel de L’Epée. Chegou ao Rio de Janeiro em 1855. A pedido do 
Imperador, o reitor do Imperial Colégio Pedro II, Dr. Manoel Pacheco da Silva, ajudou Huet 
a organizar sua escola. 
Segundo alguns relatos, o fato da criação de uma escola apenas para surdos, 
ainda mais com um dirigente também surdo, fez com que demorasse a aparecer alunos com 
interesse em freqüentar o Instituto. Iniciou-se o trabalho com apenas duas alunas, que 
recebiam pensão anual do império brasileiro. 
Huet, em janeiro de 1856, apresenta as disciplinas de seu programa de ensino. 
São elas: 
� Aritmética; 
� Língua Portuguesa; 
� História do Brasil; 
� Geografia; 
� Escrituração Mercantil; 
� Doutrina Cristã; 
� Linguagem Articulada; 
� Leitura sobre os Lábios. 
Esta última não era oferecida a todos os surdos, apenas os considerados aptos 
cursavam a disciplina. A aptidão era observada pela orientação educacional dos que tinham 
resto auditivo, pois se acreditava que estes tinham mais chances de desenvolver a linguagem 
oral. Além disto, a classe social do surdo também influenciava, favorecendo os mais 
abastados. Excluindo os demais surdos, reservava-se, a eles, a comunicação gestual, 
 
13 
considerada mais precária. Isso gera, até hoje, muitas discussões entre os estudiosos e 
historiadores. 
No período de 1872 a 1896, Dr. Tobias Leite assumiu o Instituto, realizando 
mudanças e melhoramentos. Voltou para o currículo da instituição a disciplina Leitura sobre 
os Lábios, que por um período foi excluída, criou-se o ensino profissional – tinham que 
aprender um ofício ou arte – e também o professor repetidor. 
Muitas eram as funções desses professores. Elas iam desde o acompanhamento 
em sala de aula, até de cuidados com os surdos internos. Aos professores repetidores da 
disciplina de Linguagem Articulada cabia a realização da “desmutização” dos surdos. Havia 
um repetidor para cada matéria. 
Em fins do século XIX, mudanças de mentalidade começam a ocorrer. Não se 
pensa mais na idéia de caridade, esta vai sendo substituída pela necessidade em formar 
cidadãos capazes de executar seus direitos e deveres. 
A disciplina de Linguagem Articulada era motivo de discussão, tendo dois eixos 
de alternância na educação do Instituto, sendo estes consideravelmente distintos. De um 
lado, a luta pela permanência da disciplina, acreditando que as pessoas surdas podem viver 
em sociedade, principalmente se a escola se responsabilizar em desenvolver todas suas 
potencialidades, incluindo a fala. 
A outra concordava com o ponto de vista dos americanos, ou seja, tendo uma 
profissão e aspectos rudimentares da linguagem escrita, isso era suficiente para a educação 
das pessoas surdas. Essa polêmica perdurou por muito tempo: a cada diretor que se 
apresentava uma nova discussão se firmava ao redor do assunto. 
No ano de 1934, Dr. Armando Lacerda publica Pedagogia Emendativa do Surdo 
Mudo. Ele considera dois objetivos na educação dos surdos: 
 
� Habilitação profissional; 
� Conhecimento da linguagem. 
 
Os docentes do Instituto se preocupam com a reorganização do ensino aplicado e 
melhor distribuição dos alunos pelas classes, com o objetivo de obter um maior rendimento 
das atividades em conjunto com as oficinas. Para isso, iniciam uma bateria de testes e 
pesquisas relacionados a fragmentos de linguagem, resíduos auditivos e medidas de 
inteligência. Estes testes também tinham o objetivo de classificar os alunos, indicando o 
melhor atendimento, de acordo com suas capacidades. 
 
14 
Ao longo da história do Instituto, algumas gestões foram marcadas pela 
superação da idéia de asilos para surdos; buscava-se então uma identidade de escola. Veio a 
criação do Curso Normal de Formação de Professores para Surdos, o Jardim de Infância, 
Curso de Especialização para Professores, Campanha para a Educação dos Surdos 
Brasileiros, 1ª Olimpíada Nacional de Surdos, Curso de Artes Plásticas, Centro de 
Logopedia (nome dado à Fonoaudiologia antigamente). 
Em 6 de julho de 1957, o Instituto passa a chamar-se Instituto Nacional de 
Educação de Surdos (INES). Essa mudança vem acompanhar os avanços dos estudos na área 
da surdez e as concepções educativas da época. 
 
 
INES – Arquiteto francês Gustav Lully, projetou e construiu o prédio em estilo neoclássico 
Fonte: http://portal.mec.gov.br/seesp/img/ines.jpg 
 
Onze anos depois, pela Portaria nº 943, de 13 de setembro, com a publicação de 
um novo Regimento, o INES passa a ser um Centro de Referência Nacional na área da 
surdez. A partir de 1992, muitos acontecimentos acometem o Instituto: são realizados 
Seminários Nacionais sobre Bilingüismo, há uma reestruturação da parte pedagógica, 
elaboração de novas propostas para o ensino da Língua Portuguesa. 
No Brasil, a educação de pessoas surdas sempre esteve voltada para o olhar da 
reabilitação, incluindo práticas oralistas e reforçando a concepção clínico-terapêutica da 
surdez. 
Uma nova concepção da surdez aparece através de inúmeros estudos de diversos 
pesquisadores. Surgem estudos lingüísticos e sócio-antropológicos que muito contribuíram 
para a mudança de paradigmas na educação do sujeito surdo: o respeito e o entendimento do 
universo visual, que experimenta o surdo, ajudando-o a construir sua subjetividade, seus 
conhecimentos em busca da valorização como pessoas atuantes em todos os segmentos da 
sociedade. 
 
15 
Esses estudos iniciaram-se na última década do século XX e início do século 
XXI; algumas dessas contribuições não contemplam a educação de surdos na perspectiva 
inclusiva. Existem muitos estudos que se posicionam contrários à educação inclusiva. 
Com o Atendimento Educacional Especializado para pessoas com surdez, surge a 
perspectiva de o aluno aprender nas turmas comuns de ensino regular, visando sua educação 
escolar inclusiva. Este atendimento educacional deve ocorrer, preferencialmente, na escola 
regular onde o aluno surdo estuda, no contra-turno, enfatizando três momentos didático-
pedagógicos: 
 
1) Atendimento Educacional Especializado para o ensino DE Libras: os alunos com 
surdez terão aulas de LIBRAS, que favorecerá o conhecimento e a aquisição da 
língua de sinais. Deve ser ministrado por um professor preferencialmente surdo. 
 
2) Atendimento Educacional Especializado para o ensino EM Libras: os conteúdos 
curriculares são explicados nessa língua, por um professor e/ou instrutor de 
Libras (preferencialmente surdo). 
 
3) Atendimento Educacional Especializado para o ensino da Língua Portuguesa: são 
trabalhados aspectos dessa língua. Este trabalho é realizado por um professor de 
Língua Portuguesa. 
 
Podemos afirmar que todos esses anos de imposição à oralidade fez surgir um 
movimento fortíssimo, por parte de alguns surdos, que reivindicam uma escola só para eles, 
com disciplinas específicas sobre a história dos surdos no mundo, sua educação, cultura etc. 
Esses movimentos persistem até hoje, principalmente pelas associações e federações de 
surdos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 ATIVIDADE 3: Conhecer para diferenciar 
 
Com certeza,você já ouviu falar no termo “SURDO-MUDO” ou “MUDINHO”. 
Pois então, é hora de conhecer um pouco mais de terminologia. Para isso formulo alguns 
questionamentos. E peço que reflitam e respondam. 
• Toda pessoa surda é muda? 
• A pessoa muda ouve? 
• Você conhece alguma pessoa surda que fala? 
 
 
E então, caro aluno? Foi difícil responder as perguntas? 
 
 
Vamos conhecer um pouco mais a respeito da educação das pessoas com surdez. 
E, ao final, retornaremos aos questionamentos, fazendo um fechamento interessante e 
inesperado!!! 
 
 
 
2. TENDÊNCIAS DE EDUCAÇÃO ESCOLAR PARA PESSOA COM SURDEZ 
 
 
Pelo que temos estudado sobre a educação de pessoas com surdez, podemos 
perceber questões a respeito dos métodos utilizados, pois eles sempre foram motivos de 
grande discussão. Não apenas pela preocupação educacional, mas, também, pelas 
concepções geradas em cada época específica, dentro de um contexto sócio-cultural e 
também político. 
As abordagens clínico-patológica e sócio-antropológica são provas desses 
conflitos vivenciados pelos surdos. Cada uma delas aposta em um método, sendo a primeira 
mais focada na oralização e reabilitação do sujeito. E a segunda voltada para o bilingüismo, 
utilização da língua de sinais e da língua oral. 
Os aspectos da construção da linguagem são as questões que mais preocupam os 
profissionais que trabalham com pessoas surdas. 
 
17 
Vamos conhecer as tendências subjacentes e entender como cada uma delas 
trabalha, para isso aqui vão algumas noções: 
 
 
2.1 Oralismo 
 
 
Foi no Congresso de Milão, em 1880, que ficou definido o uso da língua 
majoritária – a língua falada. 
Dada a superioridade incontestável da fala sobre os sinais para reintegrar os 
surdos-mudos na vida social e para dar-lhe maior facilidade de linguagem [...] (Este 
Congresso) declara que o método de articulação deve ter preferência sobre o de sinais na 
instrução e educação dos surdos-mudos. 
 
“O método oral puro deve ser preferido porque o uso simultâneo de 
sinais e fala tem a desvantagem de prejudicar a fala, leitura orofacial 
e a precisão de idéias”. (LANE, 1989, citada por Souza, 2003, p.88) 
 
A proposta de acabar com o gestualismo gerou muitas contestações com a 
imposição da língua oral. Ela também fez com que ficasse declarado que apenas ouvintes 
poderiam educar os surdos, o que acarretou a demissão de muitos professores surdos. 
Argumenta-se que essa decisão era muito mais de cunho filosófico, político e 
religioso do que educacional. 
Na Itália, nesse período, iniciava-se um projeto de alfabetização, que buscava a 
eliminação de desvios lingüísticos – a língua de sinais. Legitimava-se o pensamento 
aristotélico, mundo das idéias, representado pela palavra, em oposição ao mundo concreto – 
os gestos. 
E os religiosos apostavam no oralismo com possibilidade do ato confessional dos 
alunos surdos (FACCHINI, 1981, citado por Skliar, 1997). 
Para Sacks (1990), “o oralismo e a supressão do Sinal resultaram numa 
deterioração dramática das conquistas educacionais das crianças surdas e no grau de 
instrução do surdo em geral. Muitos dos surdos hoje em dia são iletrados funcionais...” (p. 
45). 
Essa é uma realidade ainda hoje: as escolas não sabem como lidar com essas 
crianças. Os professores encaram os surdos como sujeitos deficientes ou incapazes e 
 
18 
preferem deixá-los de lado, apostando que seu fracasso escolar é fruto da “perda auditiva”, 
somente. 
Segundo estudos, no Brasil é constatado que surdos oralizados não falam bem e 
não fazem leitura labial fluente, há sempre uma discrepância entre o objetivo do oralismo e 
as reais conquistas lingüísticas da maioria dos surdos. É pequeno o número de surdos que se 
beneficiam com o método oral. 
O modelo oralista não obteve sucesso do ponto de vista pedagógico, muito pelo 
contrário, ele fez com que muitas comunidades surdas ficassem marginalizadas socialmente, 
gerando problemáticas psicossociais, que o próprio método não se preocupou em resolvê-
las. 
O oralismo citado por Góes (2002) passou a ser extremamente criticado por 
fracassar na tentativa de proporcionar ao educando surdo condições efetivas de educação e 
desenvolvimento pessoal. Embora sua proposta fosse oferecer o desenvolvimento da língua 
oral como forma de integração, este trabalho acabou acentuando a desigualdade entre surdos 
e ouvintes. 
Em 1911, através do Decreto de nº 9198, foi adotado no Brasil o método oral que 
deveria ser utilizado no ensino de todas as disciplinas. Embora muitos estudiosos apontem 
que era impossível manter a comunicação com o surdo. Desta maneira, professores 
trabalhavam com os “Sinais Metódicos” para a comunicação dentro das salas de aula, a 
portas fechadas. 
Depois de três anos de trabalho com o Método Oral Puro, o resultado não foi o 
esperado: 60% dos alunos não chegaram a um nível satisfatório. Julgavam que os surdos 
eram aptos para aprender a Linguagem Articulada, apenas até os sete anos de idade, depois 
essa capacidade era diminuída gradualmente. Mas o Método Oral ainda permaneceu por 
muitos anos. 
 
Curiosidades do oralismo 
 
� O Congresso foi composto por cento e setenta e três congressistas ouvintes e 
apenas um surdo. 
� Os surdos eram punidos fisicamente pelo uso de sua língua natural; em alguns 
relatos, citam que, na Europa, esses eram trancados em porões, armários e 
ridicularizados em público. 
 
 
19 
 
2.2 Comunicação Total 
 
A Comunicação Total foi desenvolvida nos Estados Unidos, por volta de 1960, 
frente ao descontentamento de muitos especialistas pelo método oralista. Este fato levou os 
pesquisadores americanos a estudarem e demonstrarem que as crianças surdas não obtinham 
êxito no desenvolvimento da fala, linguagem e leitura labial. 
Frente aos resultados obtidos nessas pesquisas, foram demonstrados que as 
crianças expostas à língua de sinais apresentavam melhor desempenho do que aquelas que 
eram submetidas ao oralismo. 
Pode-se considerar que a Comunicação Total surgiu com a intenção do uso de 
uma comunicação oral juntamente com a comunicação gestual. É também conhecido como 
bimodalismo – uso de apenas uma língua produzida em duas modalidades. 
A proposta foi se transformando, passando a ser encarada como uma filosofia 
educacional, sendo oficializada em muitos países. Sua aceitação foi boa, sendo utilizada em 
muitas versões. 
Caracterizava-se pela busca do ensino da língua majoritária para o acesso em 
outras áreas curriculares. 
Esta concepção defende o uso de gestos utilizados pela criança, juntamente com 
a fala, leitura labial, sinais convencionais, leitura e escrita. E, no caso da presença de resíduo 
auditivo, o uso de próteses. Possibilita o acesso a um maior número de recursos, com o 
intuito de estimular e desenvolver seus processos lingüísticos. 
O termo “gesto” nada tem a ver com o termo “sinais”, e este também não é o 
mesmo que língua de sinais. Gestos são mímicas aleatórias e língua de sinais não se trata de 
uma forma “manual” da nossa língua, o Português, também conhecido como Português 
Sinalizado. 
Para Ciccone (1990), essa filosofia ajuda a desfocar a visão clínica do surdo. Ele 
passa a ser visto como sujeito diferente pela marca da surdez, o que acarreta discussões de 
ordem social, configurando-se como um fenômeno social. No âmbito educacional, o 
trabalho deve ser realizado buscando o atendimento às necessidades desse indivíduo. 
As críticas ao uso dessa filosofia educacional se intensificaram à medida em que 
discussões sobre seu uso foram feitas, no sentido de que se valia de muitos recursos, sem a 
utilização de línguas e também porque, no fim, se primava pelo ensino da língua majoritária. 
Seus defensores mais ferrenhos apostavam que o problema estava na sua aplicação e não na 
 
20 
idealizaçãoda proposta. Perdeu-se o propósito do ensino e o reconhecimento da língua de 
sinais, ficando essa, mais uma vez, excluída do contexto educacional da comunidade surda. 
A presença feminina na história da educação dos surdos no Brasil é bastante 
significativa. A professora Ivete Vasconcelos foi pioneira na Estimulação Precoce para 
bebês com surdez. Ela traz consigo a corrente filosófica da Comunicação Total, que prima 
pelo uso da oralização e do gestualismo. 
 
 
2.3 Bilingüísmo 
 
 
O Bilingüismo aparece dentro do contexto histórico educacional dos surdos 
através dos movimentos pelo reconhecimento da Cultura, Comunidade e Identidade Surda. 
Apresenta-se como meio de reflexão a respeito da educação dos surdos. 
A concepção preconiza o acesso de duas línguas, sendo uma a natural dos surdos 
– língua de sinais – e a outra a língua oral, utilizada por ouvintes. Propõe resgatar o direito 
da pessoa surda ao acesso à sua língua. 
Esta proposta pode ser considerada uma contrapartida aos discursos realizados 
nas últimas décadas a respeito da educação dos surdos. Muda-se o olhar da abordagem 
clínico-patológica para a sócio-antropológica, respeitando o direito da Comunidade surda na 
busca de sua identidade. Ela não é apenas um dispositivo pedagógico e sim a quebra do 
poderio e da imposição das políticas ouvintistas. 
No bilingüismo, acontece a exposição da criança surda a duas línguas distintas. 
 
� A língua de sinais → L1 - Língua natural dos surdos; 
 
� A língua majoritária do país → L2 - Língua Portuguesa, no caso do Brasil. 
 
A Lei de Libras define vários aspectos, entre eles a inclusão de pessoas surdas e 
de baixa audição aos sistemas de ensino organizado por meio de escolas e classes bilíngües, 
tendo a L1 e L2 como línguas de instrução. Além disso, acrescenta o direito ao atendimento 
educacional especializado em contra-turno ao da escolarização comum, com o objetivo do 
desenvolvimento curricular complementar. 
 
 
21 
 ATIVIDADE 4: 
 
Depois de ter conhecido um pouco da história da educação das pessoas e suas 
tendências educacionais, acho que podemos voltar aos questionamentos feitos na atividade 
3. O que você acha? 
Sendo assim, sugiro que assista a entrevista da Sueli Ramalho para discuti-la no 
fórum apropriado, fazendo referências aos questionamentos da atividade 3. Para isso acesse: 
 
www.youtube.com.br 
 
Procure Entrevista Imprevista – Sueli Ramalho. 
A entrevista está dividida em 7 partes: é fundamental assistir todas. 
 
E que tal uma pipoquinha? Espero que gostem da entrevista! 
Bom estudo e boas discussões! Até mais! 
 
 
 
PARTE II 
 
 
UNIDADE III 
 
 ASPECTOS TEÓRICOS DA LIBRAS 
 
A Língua de Sinais brasileira começou a ser estudada na década de 80, por 
alguns pesquisadores. E passa a ser defendida por profissionais da área. 
Este período é marcado por grandes avanços e conquistas da comunidade surda, 
como a criação da FENEIS (Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos), em 
16 de maio de 1987, entidade que trabalha em prol das pessoas surdas, sem fins lucrativos e 
que garante a LIBRAS como meio natural de comunicação. 
Você quer conhecer um pouco mais a FENEIS? Sugiro que acessem o site: 
www.feneis.com.br 
 
 
22 
 
1. O QUE É LIBRAS? MODALIDADE E CANAL DE COMUNICAÇÃO 
 
 
Existem pessoas que acreditam que a LIBRAS é um conjunto de gestos que 
interpretam a Língua Portuguesa. Isto não é verdade. Pesquisas mostram que esta língua é 
comparada, em complexidade e expressividade, a qualquer língua oral. 
Como toda língua, a LIBRAS varia de uma região para a outra e sofre aumento 
de vocabulário, são introduzidos novos sinais em resposta às mudanças culturais e 
tecnológicas. 
 
ATENÇÃO! 
 
• A LIBRAS NÃO É PORTUGUÊS FEITO COM AS MÃOS. 
• NÃO É UMA LINGUAGEM COMO A LINGUAGEM DAS ABELHAS OU 
DO CORPO, COMO A MÍMICA. 
 
LIBRAS ≠ LÍNGUA PORTUGUESA 
 
MODALIDADE: gestual-visual ou visual-espacial auditiva-oral 
 
CANAL DE COMUNICAÇÃO: movimentos gestuais 
e expressões faciais sons articulados 
 
 
A LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais foi reconhecida como língua oficial, 
com a publicação da Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. 
Com a aprovação da Lei, surgem mudanças sociais e políticas no Brasil. Faz 
necessário o ensino da língua, formação de intérprete e instrutores surdos, a presença de 
intérprete em locais públicos e sua inserção na saúde, trabalho, educação, o uso da LIBRAS 
pelos meios de comunicação. 
A língua brasileira de sinais propicia à pessoa surda seu desenvolvimento 
lingüístico, social e intelectual, possibilitando o acesso ao conhecimento sócio-cultural-
científico. 
 
23 
O Decreto Federal nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, que regulamentou a Lei 
de Libras, em seu Capítulo II, diz: 
 
“Da inclusão da LIBRAS como Disciplina Curricular: 
Art. 3º - A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos 
cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e 
superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”. 
 
 ATIVIDADE 5: 
 
A Libras por toda parte... 
Agora que já conhecemos um pouco mais a respeito da língua brasileira de sinais, 
gostaria que você desse uma lida na reportagem do Jornal de Salvador. Depois de pensar 
sobre o que foi lido, solicito que faça uma relação entre MÚSICA – EDUCAÇÃO – 
SURDEZ. 
 
 
 
 
 
Colégio ensina linguagem dos sinais para alunos 
Forma de comunicação desmitifica o preconceito contra os surdos e cria relações de 
cordialidade entre as crianças 
 
 A natureza não lhes deu o dom de falar nem ouvir, mas os surdos, aos poucos, vêm 
ampliando o seu mundo particular e conseguindo manter uma integração saudável com os não-
surdos. Em antecipação a uma proposta do Ministério da Educação (MEC), que discute a inserção 
da linguagem brasileira de sinais (Libras) na grade curricular das escolas, o Colégio Diplomata, em 
 
24 
Salvador, já implantou, a partir deste semestre, o ensino da libras como atividade permanente nas 
salas de aula da pré-escola e da 1ª à 4ª séries. O retorno das crianças têm sido tão positivo que a 
diretora executiva do colégio, Dalva Nascimento, já avisou que mesmo que a proposta do MEC não 
saia do papel, a instituição continuará adotando a libras como projeto de extensão educativa. 
Todas as terças e quartas-feiras, as crianças têm um encontro marcado com a maestrina e 
professora de libras Eliene Santana, que trabalha a linguagem dos sinais juntamente com a música. 
Os alunos aprendem a cantar com a voz, com o coração, com a alma e com os sinais. Já sabem que 
para dizer a palavra “"homem”", através da libras, basta colocar a mão sobre o queixo. Para dizer 
“"mulher”", é só passar o dedo polegar ao lado do rosto. “"A música é um bom caminho para 
viabilizar o ensino dessa linguagem. Eles sentem a vibração das canções e fazem os sinais. É 
fascinante”", detalha Eliene. 
As cerca de 517 crianças que participam das aulas de música e libras não aprendem apenas a cantar 
através da linguagem dos sinais. O ensino da modalidade de comunicação desmistifica o 
preconceito contra os surdos e cria relações de cordialidade entre as crianças, que começam a 
aceitar com naturalidade as diferenças e as dificuldades que os surdos têm para se comunicar. A 
disseminação da libras também quebra a barreira existente entre o mundo dos surdos, geralmente 
fechado e introspectivo, e o mundo dos ouvintes. 
Há três anos, a professora Eliene Santana mantém o coral Banda em Canto, na qual crianças entre 6 
e 13 anos aprendem a cantar através da voz e dos sinais. Tudo começou quando ela passava na rua, 
há quatro anos, e viu um grupo de surdosconversando. Curiosa pela maneira particular de se 
comunicar, Eliene resolveu se especializar no ramo. Tomou aulas com a professora Rebeca Nemer 
- a “"padroeira”" dos surdos no Brasil - e se aperfeiçoou em libras. Nesse meio tempo, formou o 
coral e foi convidada pela diretoria do Diplomata para ministrar a linguagem nas salas de aula. O 
convite foi aceito imediatamente. 
Uma das alunas de Eliene é a pequena Amanda, de apenas 5 anos. Filha da psicopedagoga Lidiane 
Peixoto, a menina já recusou convites a festas de aniversário para não perder as aulas de libras. 
Certa vez, a mãe foi surpreendida no trânsito quando a filha lhe disse que sabia cantar a música 
Quando te vi, de Beto Guedes, através da linguagem dos sinais. “"A Amanda me disse que cantava 
a música toda com os olhos e as sobrancelhas”", conta, bastante feliz, Lidiane Peixoto. 
Sensibilidade natural 
Comovida pela sensibilidade natural de que os deficientes auditivos são dotados, a diretora 
executiva do Diplomata Dalva Nascimento resolveu recrutar quatro funcionários surdos para a 
escola - responsáveis por cuidar dos viveiros dos pássaros e dos jardins. “"Eles são pessoas 
humanas, especiais e muito cuidadosas”", define. A idéia de inserir o ensino da libras no projeto 
pedagógico da escola nasceu num supermercado, em dezembro do ano passado. Lá, Dalva foi 
abordada por um funcionário surdo que, através da linguagem dos sinais, lhe disse algo. “"Um 
 
25 
caixa do supermercado traduziu a mensagem e me revelou que o surdo quis dizer que Deus me 
amava. Foi uma experiência muito interessante”". 
Atualmente cursando comunicação social, a professora de libras Eliene Santana conta que elaborou 
um projeto de utilização da libras na mídia, o qual pretende levar às emissoras de TV. Ela 
considera que a mídia poderia explorar mais a linguagem, pois os surdos, muitas vezes, não 
conseguem entender o real sentido das imagens, pela falta de uma tradução das palavras em sinais 
no canto da tela. “"A imagem é algo muito subjetivo. Na época dos atentados de 11 de setembro, 
contra as torres gêmeas nos Estados Unidos, um deficiente auditivo me perguntou se aquele 
episódio estava acontecendo em São Paulo”", conta a professora e maestrina. 
A Lei Federal nº 10.436, de 24 de abril de 2002 reconhece a libras como meio legal de 
comunicação e expressão. A legislação também prevê que devem ser garantidas, por parte do poder 
público e de empresas, formas de apoiar o uso e a difusão da libras nas comunidades surdas do 
Brasil. Além disso, as instituições públicas e empresas de assistência à saúde devem garantir 
atendimento e tratamento adequados aos portadores de deficiência auditiva. Um parágrafo único, 
porém, prega que a libras não poderá substituir a modalidade escrita da língua portuguesa. 
Cerca de 3% dos habitantes do Brasil são surdos. Na Bahia, eles representam 1,5% da população. 
Em Salvador, o Diplomata figura como o único colégio do ensino formal a adotar a linguagem 
brasileira dos sinais (Libras) em sala de aula. Por outro lado, a capital baiana conta ainda com a 
Associação Educacional Sons do Silêncio (Aesos), que funciona há três anos na Boca do Rio. Lá, a 
libras é aplicada como disciplina obrigatória e a língua portuguesa aparece como segunda opção. 
São mais de 200 surdos em salas de aula e cursos profissionalizantes de serigrafia, corte, costura e 
informática. 
Daniel Freitas 
 
 
 
 
Acredito que seria bom complementar o estudo, com a visita ao site do 
“surdodum”: 
www.surdodum.hpg.ig.com.br 
 
Não se esqueça de ouvir a discografia, você vai adorar!!! 
 
 
2. CINCO PARÂMETROS DA LIBRAS 
 
A língua de sinais apresenta características estruturais iguais aos da língua oral, 
ou seja, possuem níveis lingüísticos: fonológico, morfológico, sintático e semântico. 
 
26 
Ela desempenha, também, o papel fundamental de qualquer língua, a 
comunicação; através dela conseguimos passar informações, entender um determinado 
assunto. E como toda língua “viva”, ocasiona mudanças de região para região, representando 
a cultura da população que faz uso dela, sofrendo influências sociais, políticas e culturais. 
 
Vamos conhecer os 5 parâmetros da LIBRAS? 
 
� Configuração das mãos: são formas das mãos, que podem ser da 
DATILOLOGIA (ALFABETO MANUAL) ou outras formas feitas pela mão 
predominante. Por exemplo: 
 
LARANJA ADORAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como podemos observar, têm a mesma configuração de mão e são 
realizados, na boca e do lado esquerdo do peito, respectivamente. 
 
� Ponto de articulação: é o lugar onde incide a mão predominante configurada, 
podendo esta tocar alguma parte do corpo ou estar em um espaço neutro vertical 
(do meio do corpo até a cabeça) e horizontal (à frente do emissor). 
Exemplificando: 
 TRABALHAR BRINCAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Estas são feitas no espaço neutro. Agora veja só, os sinais: 
 
 
 
 
27 
 ESQUECER PENSAR 
 
 
 
 
 
São realizados na testa. 
 
� Movimento: os sinais podem ter um movimento ou não. O sinal da palavra 
“esquecer”, citado acima, tem movimento; já o sinal da palavra “pensar”, não. 
 
� Orientação/Direcionalidade: os sinais têm uma direção com relação aos 
parâmetros acima. Assim os verbos “ir” e “vir” se opõem em relação à 
direcionalidade, como os verbos “subir” e “descer”. 
 
IR VIR 
 
 
 
 
 
 
 
� Expressão facial e/ou corporal: muitos sinais, além dos quatro parâmetros 
mencionados acima, em sua configuração, têm como traço diferenciador também 
a expressão facial e/ou corporal, como os sinais: “alegre” e “triste”. Vejamos nas 
figuras: 
ALEGRE TRISTE 
 
 
 
 
 
Então, pessoal. 
Vocês estão gostando? 
Agora, com certeza, poderemos iniciar a parte prática da nossa disciplina. 
 
28 
 ATIVIDADE 6: 
 
Visualizando uma história. 
 
Com base no que estudamos até agora, sugiro que você assista o filme “Filhos do 
Silêncio”. Após esta atividade, faça uma análise crítica e coloque seu ponto de vista a 
respeito do filme, fazendo referência do mesmo. 
 
 
 
UNIDADE IV 
 
INTRODUÇÃO A LIBRAS: ASPECTOS PRÁTICOS 
 
 
Para iniciarmos a parte prática, sugiro um aquecimento. Que tal? 
Então vamos lá! 
Primeiro cruze os dedos e os alongue para frente, juntamente com os braços, 
como se fosse tocar piano, depois brinque de contar os dedos um a um, bem devagar. Quem 
quiser pode tentar fazer esculturas com argila, além de aquecer, pode ajudar a relaxar. 
Pronto, acho que podemos começar! 
Apresento a você o alfabeto manual: 
 
 
 
Fonte: Vez da voz 
 
29 
 
 
 
 ATIVIDADE 7: 
 
Praticando a Libras I 
Baseado nos 5 parâmetros citados acima, identifique qual parâmetro existe nas letras H, 
J, K, X Y e Z. 
 
 
 ATIVIDADE 8: 
 
Praticando a Libras II 
Agora que você tem clareza dos pontos mais relevantes da Língua Brasileira de 
Sinais, acesse o site: www.ines.org.br e conheça o dicionário digital, explorando-o ao 
máximo. Após esta atividade, socialize-a no fórum de discussão, relatando como foi sua 
experiência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
BIBLIOGRAFIA 
 
CAPOVILLA, Fernando César; RAPHAEL, Valkiria Duarte. Dicionário Enciclopédico 
Trilíngüe. São Paulo: Edusp 2001. 
 
DAMÁZIO. Mirlene F. M. Atendimento Educacional Especializado: Pessoa com Surdez. 
Curitiba: Cromos, 2007. 
 
______. Mirlene F.M.. Educação Escolar Inclusiva das Pessoas com Surdez na Escola 
Comum:Questões Polêmicas e Avanços Contemporâneos. In: II Seminário Educação 
Inclusiva: Direito à Diversidade, 2005, Brasília. Anais... Brasília: MEC, SEESP, 2005. p.108 
– 121. 
 
FELIPE, Tanya A. Libras em Contexto: Curso Básico, livro do professor. Brasília, 
MEC/SEESP nº Edição: 7. Ano: 2007. 
 
GÓES, Maria Cecília Rafael de. Linguagem, surdez e educação. Campinas, SP: Autores 
Associados, 2002. 
 
SANTOS, T. M. M.; RUSSO, I. C. P. Prática da Audiologia Clínica. São Paulo: Cortez, 
2005. 
 
SKLIAR, C. (org). Educação e Exclusão: Abordagens sócio-antropológicas em educação 
especial. Porto Alegre: Mediação, 1997. 
 
 
SITES UTILIZADOS 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm 
 
http://www.libraslegal.com.br/surdocidadao 
 
http://www.ines.org.br 
 
 
FILMES RECOMENDADOS 
 
• Mr. Holland Adorável Professor. 
• Tudo em família. 
• Beethoven 
• Minha amada imortal 
 LIVROS RECOMENDADOS 
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• “Vendo Vozes: uma jornada pelo mundo dos surdos”, de Oliver Sacks.

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