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MpMagEst Administrativo Celso Spitzcovisky Data: 25/04/2013 Aula 11 MpMasEst – 2013 Anotador(a): Carlos Eduardo de Oliveira Rocha Complexo Educacional Damásio de Jesus RESUMO SUMÁRIO 1. Contratos administrativos 2. Responsabilidade do Estado 1. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 1.1. Execução dos contratos administrativos (continuação) Quando o contrato é celebrado, o contratado sabe exatamente o valor que irá receber e quais serão suas despesas, regra denominada: equação econômica financeira. Se durante a execução do contrato surgirem fatos imprevisíveis que impeçam seu cumprimento nas condições inicialmente estabelecidas, as cláusulas pactuadas poderão ser alteradas. Fatos imprevisíveis são situações que surgem no curso do contrato que as partes não poderiam prever e que impeçam a execução do contrato, são áleas extraordinárias e extracontratuais. Teoria da imprevisão: é aquela que se apresenta quando durante a execução do contrato surgir um fato imprevisível que impeça o seu cumprimento nas condições iniciais. Há quatro figuras que caracterizam o fato gerador da teoria da imprevisão: (i) Caso fortuito – são situações imprevisíveis criadas por terceiros que impedem a execução do contrato nas condições iniciais. (ii) Força maior – são situações imprevisíveis criadas pela natureza que impedem a execução do contrato nas condições iniciais. (iii) Fato do príncipe – é um fato imprevisível que impede o cumprimento do contrato nas condições inicialmente pactuadas, criada pelo poder público que incide sobre todos os contratos por ele celebrados. Ex.: depois de celebrado o contrato, o poder publico resolve criar um tributo ou aumentar a alíquota já existente o que causará maiores gastos aos contratados, causando um desiquilíbrio contratual que prejudica a equação financeira do contratos. Ex.: após celebrado o contrato, o poder público aumenta o preço do combustível, tal medida incidirá em todos os seus contratos. (iv) Fato da administração – é um fato imprevisível que impede o cumprimento do contrato nas condições inicialmente pactuadas, criada pelo poder público que atinge apenas um ou alguns dos contratos por ele celebrados. Ex.: o poder público contrata a execução de uma obra, eventual desapropriação de responsabilidade do poder público não é realizada o que impede o cumprimento do prazo do contrato. Art. 65, II, “d” da lei 8.666/93: 2 de 5 d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicialmente entre os encargos do contratado e a retribuição da administração para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento, objetivando a manutenção do equilíbrio econômico- financeiro inicial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém de conseqüências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econômica extraordinária e extracontratual.” 1.1.1. As alterações contratuais (art. 65): poderão ser unilaterais (cláusulas exorbitantes) ou bilaterais. Tais alterações deverão ser realizadas por aditamento ou por termo aditivo (não podem ser verbais). Durante a execução do contrato seu objeto não pode ser alterado, pois se fosse admitido, haveria fraude da licitação que o originou. “Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes casos: I - unilateralmente pela Administração: a) quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor adequação técnica aos seus objetivos; b) quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei; II - por acordo das partes: a) quando conveniente a substituição da garantia de execução; b) quando necessária a modificação do regime de execução da obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, em face de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais originários; c) quando necessária a modificação da forma de pagamento, por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor inicial atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com relação ao cronograma financeiro fixado, sem a correspondente contraprestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço;” 1.1.2. Limite para alteração da quantidade do objeto dos contratos (art.65, II, §1º): “§ 1º O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular de reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinqüenta por cento) para os seus acréscimos. 1.2. Modalidades de rescisão (art. 79 da Lei. 8.666/93): (i) Rescisão administrativa – é aquela promovida de forma unilateral pelo poder público (trata-se de cláusula exorbitante), e pode se dar por duas maneiras: 3 de 5 a) Razões de interesse público – uma vez que o contratado não contribuiu para a rescisão terá direito a indenização (envolve danos emergentes e lucros cessantes). b) Descumprimento de obrigações pelo contratado – imputa-se ao contratado a prática de uma irregularidade, portanto, será aberto processo administrativo assegurado o contraditório e ampla defesa, sob pena de rescisão ilegal. (ii) Rescisão consensual – é aquela promovida por acordo entre as partes, desde que tal acordo preserve o interesse público. (iii) Rescisão judicial – é aquela promovida pelo contratado por descumprimento de obrigações contratuais pelo poder público. Ex.: art. 78, XIV e XV: “Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato: XIV - a suspensão de sua execução, por ordem escrita da Administração, por prazo superior a 120 (cento e vinte) dias, salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra, ou ainda por repetidas suspensões que totalizem o mesmo prazo, independentemente do pagamento obrigatório de indenizações pelas sucessivas e contratualmente imprevistas desmobilizações e mobilizações e outras previstas, assegurado ao contratado, nesses casos, o direito de optar pela suspensão do cumprimento das obrigações assumidas até que seja normalizada a situação; XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos devidos pela Administração decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou parcelas destes, já recebidos ou executados, salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra, assegurado ao contratado o direito de optar pela suspensão do cumprimento de suas obrigações até que seja normalizada a situação;” Obs.: o atraso do pagamento da administração por até 90 dias não implica em rescisão contratual, bem como, a suspensão da execução do contato por ordem da administração por até 120 dias (interrompe, também, os pagamentos decorrentes da contratação). 1.3. Sanções (art. 87 da Lei 8.666/93): (i) Advertência; (ii) Multa; (iii) Suspensão para contratar com a administração por até dois anos; (iv) Declaração de inidoneidade para contratar com a administração – não tem prazo determinado e pode ser aplicada até que o contratado indenize a administração pelos prejuízos causados. Por ser medida grave, só pode ser aplicado após apuração em processo administrativo com contraditório e ampla defesa, é aplicada por um ministro de estado. 1.4. Controle dos contratos administrativos: (i) Executado pela própria administração (art. 59); 4 de 5 Art. 59. A declaração de nulidade do contrato administrativo opera retroativamente impedindoos efeitos jurídicos que ele, ordinariamente, deveria produzir, além de desconstituir os já produzidos. Parágrafo único. A nulidade não exonera a Administração do dever de indenizar o contratado pelo que este houver executado até a data em que ela for declarada e por outros prejuízos regularmente comprovados, contanto que não lhe seja imputável, promovendo-se a responsabilidade de quem lhe deu causa.” (ii) Análise de conveniência e oportunidade realizada pela administração, ao entender que a manutenção do contrato não é mais conveniente para o poder público – revogação. Como o contratado não deu causa a revogação, também terá direito a indenização. (iii) O poder judiciário, mas em respeito ao princípio da separação de poderes só poderá realizar controle da legalidade desses contratos – sem entrar no mérito do contrato. (iv) Tribunal de contas – órgão auxiliar do poder legislativo (art. 113) – só faz o controle de legalidade ou economicidade. “Art. 113. O controle das despesas decorrentes dos contratos e demais instrumentos regidos por esta Lei será feito pelo Tribunal de Contas competente, na forma da legislação pertinente, ficando os órgãos interessados da Administração responsáveis pela demonstração da legalidade e regularidade da despesa e execução, nos termos da Constituição e sem prejuízo do sistema de controle interno nela previsto. § 1º Qualquer licitante, contratado ou pessoa física ou jurídica poderá representar ao Tribunal de Contas ou aos órgãos integrantes do sistema de controle interno contra irregularidades na aplicação desta Lei, para os fins do disposto neste artigo.” Obs.: as decisões do tribunal de contas não tem efeito vinculativo. (v) Ministério Público (art. 100 e 101) “Art. 100. Os crimes definidos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada, cabendo ao Ministério Público promovê-la.” “Art. 101. Qualquer pessoa poderá provocar, para os efeitos desta Lei, a iniciativa do Ministério Público, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e sua autoria, bem como as circunstâncias em que se deu a ocorrência. Parágrafo único. Quando a comunicação for verbal, mandará a autoridade reduzi-la a termo, assinado pelo apresentante e por duas testemunhas.” 2. RESPONSABILIDADE DO ESTADO 5 de 5 2.1. Definição: é a obrigação atribuída ao poder público de indenizar os danos causados a terceiros pelos seus agentes agindo nesta qualidade. a) Danos materiais b) Danos morais “Súmula 37 do STJ: São cumuláveis as indenizações de dano material e moral oriundo do mesmo fato.” Obs.: os danos devem ter sido causados por um agente público (art. 37, §6º): § 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.” Agente público envolve: (i) Agentes políticos; (ii) Funcionários púbicos; (iii) Empregados públicos; Servidores públicos. (iv) Temporários; e, (v) Particular em colaboração. Agindo nesta qualidade: não basta que o agente público tenha causado um dano, mas sim, que o dano seja decorrente do cargo que o agente tenha titularizado. Ação é proposta contra o Estado (pessoa jurídica de direito público ou pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviços públicos). Obs.: órgão não tem personalidade jurídica e não tem capacidade para estar em juízo, logo a ação é proposta contra a esfera de governo em que ele se encontra – teoria do órgão. Empresa pública e sociedade de economia mista criadas para prestar serviços públicos são responsabilizadas com base no artigo 37, §6º da CF – responsabilidade objetiva. Sendo secundário saber quem causou e quem sofreu o dano (natureza da atividade que causou o dano). A própria administração pública a) Quem causou o dano res. objetiva Particulares (concessão/permissão) Usuário do serviço b) Quem sofreu o dano irrelevante a distinção Não usuário do serviço Responsabilidade objetiva: é aquela que é baseada no conceito de nexo de causalidade, a relação entre o dano experimentado pela vítima e a prestação de um serviço público. Sempre que a vítima demonstrar que o dano foi causado diretamente pelo agente público, basta o nexo de causalidade e não precisa comprovar culpa ou dolo. Variante do risco administrativo: o Estado, acionado em juízo pela vítima, só responderá pelos danos que efetivamente tenha causado a ela. Podendo usar em sua defesa excludentes ou atenuantes de responsabilidade (caso fortuito, força maior ou culpa da vítima).
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