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Historia Contemporanea II resumo

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Historia Contemporânea II
Aula 01 – I Guerra Mundial – 12/03/2014
Estudamos este período em Contemporânea I, lembra?
Logo, sabemos que, no século XVIII, a Inglaterra fizera a Revolução Industrial. Logo, os demais países europeus, o Japão e os Estados Unidos, seguiram o exemplo inglês, na chamada Segunda Revolução Industrial do século XX.
A industrialização desenvolveu uma nova demanda, tanto de mercados consumidores quanto de matérias-primas. A Europa voltou-se, então, para os continentes, a África e a Ásia.
Iniciava-se o imperialismo, uma política de colonização que estaria diretamente ligada a eclosão do mais sangrento conflito visto ate então: a Primeira Guerra Mundial.
Reflexão
Qual a diferença deste conflito para os vários que eclodiram anteriormente e que tem tido lugar na Europa desde a Idade Moderna?
Por que a Primeira Guerra Mundial inaugura um novo momento na História Contemporânea?
Hobsbawm considera que podemos estabelecer o início do século XX, de fato, a partir de 1914, o que nos faz entender a importância deste conflito. Até então, ainda que tivesse passado por guerras, tanto interna quanto externamente, a Europa vivia, desde o século XIX, um período de paz relativa em seu próprio continente.
Na Inglaterra, esse período ficou conhecido como Pax Britannica e compreende quase todo o reinado da rainha Vitória. A Belle Époque fortaleceu esta ideia, com o desenvolvimento cultural e um otimismo de que a ciência e as inovações tecnológicas iriam servir, cada vez mais, a propósitos pacíficos.
Não foi o que se viu. Esse período de prosperidade e paz aparente chegou ao fim com a Primeira Guerra. Nas palavras de Hobsbawm: “Tudo isso mudou em 1914. 
A primeira Guerra Mundial envolveu todas as grandes potências, e na verdade todos os Estados europeus, com exceção da Espanha, os Países Baixos, os três países da Escandinávia e a Suíça.
E mais: tropas do ultramar foram, muitas vezes pela primeira vez, enviadas para lutar e operar fora de suas regiões. Canadenses lutaram na França, australianos e neozelandeses forjaram a consciência nacional em uma península do Egeu – “Gallipoli” tornou-se seu mito nacional - e, mais importante, os Estados Unidos rejeitaram a advertência de Washington quanto a “complicações europeias” e mandaram seus soldados para lá, determinando assim, a forma da História do século XX.
Indianos foram enviados para a Europa e o Oriente Médio, batalhões de trabalhadores chineses vieram para o Ocidente, africanos lutaram no exército francês. Embora a ação militar fora da Europa não fosse muito significativa a não ser no Oriente Médio, a guerra naval foi mais uma vez global.
HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremos: o breve século XX 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.  p. 31
Hobsbawm se refere, neste trecho, ao conselho de George Washington, primeiro presidente norte-americano, explicitado em seu testamento político, de 1796. 
Washington acreditava que os Estados Unidos deveriam evitar, ao máximo, as alianças entre países estrangeiros, que acabariam por comprometer a integridade do país.
Havia, então, preocupação em fortalecer a nação recém-independente, evitando, ao máximo, a politica bélica exterior.
Como vemos, esta política isolacionista preconizada pelo primeiro presidente não foi seguida, e após a Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos se envolveram nos mais diversos conflitos ao longo do planeta.
As grandes potências europeias eram, então, a Inglaterra, a França, a Rússia e a Alemanha. Tanto seus processos industriais quanto sua política imperialista foram diversificados, por diferentes motivos.
 A Inglaterra aproveitou por um longo tempo sua supremacia econômica e marítima, mas logo foi ameaçada pela Alemanha, cuja unificação, em 1871, transformara em um império forte cuja indústria baseava-se na formação de carteis. 
Economicamente, os grandes conglomerados estimulados pelo Estado alemão, seriam sólidos o bastante para fazer frente ao mercado inglês. A Alemanha deu um salto de desenvolvimento e a construção de uma malha ferroviária tornou o país economicamente ágil e mais integrado. 
Além disso, logo se percebeu a necessidade de aprimorar a educação, voltando à formação de indivíduos capazes de promover grandes inovações, tanto tecnológicas quanto cientificas.
No caso francês, a industrialização voltou-se para produtos de luxo, já que havia uma tradição em remeter a França como lugar de civilidade e sofisticação. O mercado francês era único, e não entrava em concorrência com os ingleses, por exemplo. 
 
A Rússia é um caso à parte. Embora tivesse uma pequena industrialização, a maioria de sua população era camponesa. O sistema de governo era a monarquia czarista, totalitária e centralizadora. Era chamada de “gigante com pés de barro”.
Ao lado do investimento industrial, estas potências também buscaram fortalecer seus exércitos e suas indústrias bélicas. Não à toa, o período compreendido entre finais do século XIX até a eclosão da guerra ficou conhecido como Paz Armada. 
1873
Otto von Bismarck firmou, em 1873, a Liga dos Três Imperadores, composta pela Alemanha, Rússia e Áustria-Hungria.
1878
A aliança proposta por Otto, porém, durou pouco. sendo rompida em 1878, em grande parte devido ao desacordo entre a Rússia e a Áustria-Hungria acerca dos Balcãs.
Em vista dos pactos políticos alemães, este país acabou se configurando em uma fonte de temor das demais potências, em especial, Inglaterra e França. A França guardava grande ressentimento devido à guerra franco-prussiana da qual saíra derrotada. Esta derrota implicou na perda territorial francesa, que teve que ceder a região da Alsácia-Lorena para o Império Alemão. Esta perda motivou o chamado revanchismo francês, um dos fatores que levariam à Primeira Guerra.
1882
Foi firmada uma nova aliança, da qual a Rússia não mais faria parte, sendo substituída pela Itália. Este acordo foi chamado de Tríplice Aliança.
1904
Temendo o avanço de um “inimigo comum” Inglaterra e França deixaram de lado as hostilidades históricas e se aliaram em 1904. A adesão da Rússia à entente deu origem à outra aliança, a Tríplice Entente. Configurava-se assim, o panorama político europeu, que acabou sendo dominado por dois poderosos blocos aliados.
Algumas regiões estratégicas estavam no centro desta disputa. O caso mais notório é da região dos Balcãs, que era habitada por diversas minorias étnicas. 
Os alemães sufocavam as rebeliões destas minorias. Por outro lado, a Rússia estimulava esta independência, pois teria o poder da Alemanha diminuído e poderia fazer novos aliados no frágil equilíbrio político europeu.
O estopim da Primeira Guerra foi o assassinato do Arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono Austro-húngaro por Gavrilo Princip, que pertencia a uma organização nacionalista sérvia, denominada Mão Negra. 
Em represália, a Áustria-Hungria declarou guerra a Sérvia, que obteve apoio imediato da Rússia. Teve início o conflito.
Um dos principais fatores para a eclosão da guerra foi, sem dúvida, a política imperialista. Por ter se unificado tardiamente, Alemanha e Itália também entraram tarde na disputa de territórios e consideravam suas posses insatisfatórias, exigindo novos territórios coloniais.
Este evento foi o estopim de um conflito iminente. Todo o quadro de alianças, apoios, invasões e anexações, oriundos da prática imperialista, foram, de fato, os fatores responsáveis pela eclosão da guerra. 
Ainda que tenha sido um evento que envolvesse, diretamente, Sérvia e Áustria-Hungria, não podemos esquecer que estes países estavam amparados por poderosas alianças – Tríplice Aliança e Tríplice Entente – que tiverem que honrar seu compromisso político e envolver-se diretamente no conflito.
Tradicionalmente, identificamos duas fases na Primeira Guerra: a guerra de movimento e a guerra de posição/trincheira. Alguns historiadores defendem haver ainda uma terceira fase, ofensiva, com a entrada dos Estados Unidos noconflito.
A guerra de movimento, iniciada em 1914, marca a marcha alemã em direção à França. Para isso, foi necessário invadir a Bélgica, que até então, era neutra, para chegar ao território francês. Por essa razão, a Bélgica uniu seus esforços à Tríplice Entente, a fim de expulsar os alemães. 
Após vencer os franceses, os alemães se preparam para enfrentar o inimigo que julgavam mais temível, pela extensão de seu exército, a Rússia.
No final de 1914, teve inicio uma nova fase: a guerra de posição/trincheira. Cada exército avançava pouco. 
As condições das trincheiras:
Os soldados dividam as trincheiras com ratos, cadáveres de seus companheiros, a fome, a lama e a umidade constante. 
Em 1915, a Itália deixa a Tríplice Aliança e se alia a Entente. A ela haviam sido prometidos territórios do império Austro-húngaro, que, se derrotado, perderia parte de suas possessões. 
 
Em 1917, este panorama mudou. Alguns historiadores entendem este período como fase ofensiva e foi marcada pela saída da Rússia do conflito. Isso ocorreu porque, neste mesmo, ano foi deflagrada a Revolução Russa, que deporia o czar e instauraria um novo governo, não sem hostilidades.
Para lidar com sua própria guerra civil, a Rússia se retirou da Primeira Guerra, não sem prejuízos e enormes concessões. Além dos milhões de mortos, o governo, recém-empossado, assinou o Tratado de Brest-Litovsk, em que cedia à Alemanha parte de seu território. 
A saída da Rússia parecia ser a oportunidade que os alemães esperavam para fortalecer seus bombardeios contra a Inglaterra. Mas a entrada definitiva dos EUA, na guerra, frustrou este intento. Embora apoiassem a Entente, os EUA não haviam enviado tropas, mas suprimentos.
Os alemães bombardearam navios norte-americanos e forçaram os EUA a assumir uma posição ofensiva. Foram então enviadas tropas e reforços militares decisivos para por fim ao conflito. 
A Alemanha acabara se isolando na guerra. Seus aliados, ou haviam abandonado a aliança ou estavam enfraquecidos com os anos de conflito. Em novembro de 1918, diante da superioridade dos aliados da Entente, foi assinado o Armistício de Compiègne.
A paz seria definitivamente selada, em 1919, com a assinatura do Tratado de Versalhes. O presidente norte-americano, Wodrow Wilson, era a favor de uma guerra sem vencedores e estabeleceu os 14 Pontos de Wilson, uma lista de proposições que buscava a harmonia entre as potências europeias. Nela, pregava-se a criação de um órgão internacional, para mediar às questões diplomáticas internacionais.
Mas o Tratado de Versalhes – embora tenha implicado na criação da Liga das Nações, foi um instrumento que subjugava e humilhava a Alemanha. O país perdeu uma enorme parte de seu território, além  de suas colônias, que foram distribuídas aos países aliados.
A Alemanha pós-guerra estava destroçada. O desemprego e a inflação levaram a população a um estado de fome e miséria. É neste contexto que emergem os movimentos nacionalistas, dentre os quais se destacaria o nazismo.
Foi obrigada a pagar pesadas indenizações. Suas forças armadas foram reduzidas, além de ter sido proibida de produzir armamentos pesados. O Segundo Reich havia terminado e inaugurava-se o período da República de Weimar.
Por essa razão, podemos localizar, no fim da primeira Guerra Mundial, as razões para a eclosão da Segunda Guerra.  
A guerra terminava com um saldo de 9 milhões de mortos e mais do que o dobro deste numero de feridos. A intensidade do conflito pode ser notada pelo uso de novos armamentos e tecnologias, como os tanques, as metralhadoras e o uso do avião para fins militares. 
 
Os Estados Unidos saem do conflito fortalecidos. Ainda que tenham vencido, França, Inglaterra, Bélgica e outros países tiveram suas economias desorganizadas e precisavam reconstruir-se política e economicamente, o que acentuava a predominância dos norte-americanos, já que não havia ocorrido nenhuma batalha em seu território. 
 
Europa antes de 1914 e depois de 1918
Aula 02 – Revolução Russa – 19/03/2014
A História da Rússia na Era Moderna foi a história da construção de império, cujo número de habitantes e extensão territorial faziam dela um dos mais importantes e poderosos países europeus. 
 
Contudo, ao chegar ao século XX, a sociedade e a economia do “gigante com pés de barro” pouco se modernizaram. Enquanto o sistema capitalista crescia, a Rússia permanecia agrária e guardava ainda muitas caraterísticas medievais, como no tocante à posse de terra, privilégio de poucos e nobres. A elite russa era formada pela nobreza, pelos grandes latifundiários, pela igreja e pelo exército. A propriedade de terras e os títulos de nobreza eram os símbolos da prosperidade e riqueza desta sociedade. O sistema era monárquico, regido pelo czar, a principal figura de autoridade.
Os nobres russos, em sua maioria proprietários de terra. A maior parte da população era formada por mujiques camponeses. 
 
Ainda que tenha representado um avanço, não foi criado nenhum mecanismo que permitisse aos camponeses comprar sua própria terra. Não houve um programa de financiamento estatal ou empréstimos aos quais os camponeses pudessem recorrer. Portanto, os estatutos pouco mudaram a vida do homem comum. 
 
As terras que não pertenciam aos nobres eram propriedade do Estado. Sendo assim, o camponês que não trabalhava para um nobre, trabalhava para o Estado, e não conseguia acumular capital para melhorar sua condição de vida.
Em 1861, os Estatutos da Emancipação, parte importante das reformas liberais, concederam a esta classe não só a liberdade, mas a possibilidade de comprar terras, teoricamente, a mobilidade social era possível.
O governo czarista tinha como principal característica sua centralização e autoritarismo, ainda que alguns tenham se destacado por seu progressismo. A mais importante dinastia, que esteve no poder foi à Casa dos Romanov.
O czar Pedro I, conhecido como “Pedro, O Grande”, cuja gestão ocorreu entre 1682 e 1725, foi um dos czares progressistas aos quais nos referimos. Ele modernizou o império, reformou a educação e a administração pública, tendo se tornado um dos maiores líderes políticos de seu tempo.
Pedro, O Grande e, mais tarde, a czarina Catarina II, que reinou entre 1762 e 1796 foram personalidades a frente de seu tempo. Mas esta não era uma regra.
O czar Alexandre II, que reinou entre 1855 e 1881, foi defensor do liberalismo e da modernização das estruturas do Estado. Ele aboliu a servidão e anistiou as dívidas dos mujiques, de acordo com os Estatutos de Emancipação, aos quais já nos referimos. 
Estas medidas afetavam diretamente a nobreza russa, que contava com a mão de obra servil. Durante a década de 1860, desenvolvera-se, no país, um movimento cultural e filosófico, adotado, sobretudo pelos jovens russos das elites, o niilismo, filosofia, que seria retomada por Nietzsche, defendia o uso da razão, sobre todas as coisas. 
O governo de Alexandre II, ainda que guardasse fortes características liberais era uma nobreza centralista e por isso reprimia violentamente a oposição. Os niilistas, embora pacíficos, a princípio, foram igualmente reprimidos. 
Com a morte do czar, ascendeu ao trono Alexandre III, responsável pelo início do salto industrial russo, com o estímulo à entrada de capital estrangeiro no país. A Rússia ficaria então marcada pela dicotomia entre uma industrialização necessária e uma estrutura agrária que permaneceria ainda por décadas.
A Casa dos Romanov somente deixaria o poder com a Revolução Russa, de 1917. Ainda que tenham feito reformas e que a industrialização tenha sido um dos mais importantes assuntos, na pauta governamental, desde Alexandre III, os Romanov eram reis absolutos.
 A centralização do poder, o autoritarismo, a perseguição política e a predominância dos interesses das elites podem ser consideradas como fatores fundamentais para a eclosão da revolta de 1917, que mudaria definitivamente os rumos do país.
Em 1904, o czar Nicolau enfrentariao Japão em um conflito externo, a Guerra Russo-Japonesa. Não podemos esquecer que, desde o século XIX, época do neocolonialismo. 
Países bem sucedidos, na política imperialista, como a Inglaterra, já haviam adotado, há muito, uma política de estímulo aos investimentos privados e à formação de indústrias competitivas para poder se afirmar em solo estrangeiro.
O governo estagnado e autoritário da Rússia não permitia flexibilização, o que era um ponto bastante desfavorável à anexação territorial. A Guerra Russo-Japonesa acaba por evidenciar esta fragilidade política e pode ser considerada como o primeiro passo para o fim do regime monárquico daquele país. 
 
O centro da discórdia foi a disputa por territórios das regiões da Manchúria e da Coreia. O Japão passara pela Revolução Meiji e possuía um potencial bélico muito superior ao dos russos. Os investimentos japoneses foram postos à prova no conflito, que teve como resultado uma estrondosa vitória dos japoneses. 
 
Com o conflito, o governo teve enormes perdas materiais e humanas, o que levaram a já descontente população a empreender uma série de pequenas revoltas, motins e greves.
Em janeiro de 1905, uma manifestação popular ocupou na frente do palácio real de inverno, localizado na capital, São Petersburgo. Os manifestantes, trabalhadores, desejavam ver o czar e demandavam a implantação de uma assembleia constituinte.
Apesar do início pacífico e destas demandas liberais não serem uma novidade no cenário europeu, o desfecho deste ato foi bastante radical. A guarda russa fuzilou os manifestantes e este episódio ficou conhecido como “Domingo Sangrento”.
Este é um bom exemplo do que queremos dizer ao chamar o Estado czarista de absoluto e autoritário. Estados como este não estão dispostos a negociar, sequer com sua própria população e tendem a reprimir violentamente qualquer evidência de oposição. Se o regime russo já estava fragilizado devido à guerra com o Japão, o Domingo Sangrento apenas piorou a situação e aumentou as animosidades antigovernistas.  
Uma greve geral foi conclamada entre os trabalhadores e até as forças militares aderiram aos protestos. O mais famoso levante militar ocorreu no encouraçado Potemkin,. 
 
Este levante sinalizava uma possível revolta de todas as forças militares. Diante deste quadro, o czar Nicolau II acabou por assinar o Tratado de Portsmouth, em setembro de 1905, terminando o conflito.
A Rússia foi afundada em crises, além da humilhante derrota que sofrera, perdeu territórios e foi obrigada a reconhecer os direitos japoneses sobre a Coreia, freando o ímpeto expansionista do czar.
Os marinheiros contaram com o apoio da população e acabou se tornando, junto com o Domingo Sangrento, um símbolo do anacrônico sistema político russo.
Buscando a conciliação, Nicolau II lançou o Manifesto de Outubro, que previa a instalação de uma monarquia constitucional. Mas atender a esta demanda não foi o suficiente para arrefecer os ânimos.
Os trabalhadores que haviam feito greves passaram a se organizar em sovietes, conselhos que passaram a existir em todo o território russo.  
Além de estabelecer uma constituição, o governo firmou o compromisso de instaurar um parlamento. Foi então criada a Duma, que ficou responsável pela elaboração de uma constituição. 
A Duma era, claramente, composta por uma aristocracia, mas ainda assim, o czar limitou o seu poder parlamentar. Esse cerceamento do parlamento levou a críticas e o imperador, ao invés de tentar argumentar e negociar optou por dissolver este parlamento, sendo substituído por outro, ainda mais elitista, já que dele só poderiam participar os donos de terra. A inaptidão política do imperador era cada vez mais evidente.
Diversos grupos proliferam pela Rússia. Dentre estes grupos, destacavam-se anarquistas e socialistas. 
O grupo socialista possuía duas facções, que seriam fundamentais para o processo revolucionário, os bolcheviques e os mencheviques.
Os mencheviques - que significa minoria - defendiam a aplicação das ideias de Marx, que por sua vez havia teorizado que o socialismo só seria possível após uma crise do capitalismo. 
 
Já os bolchevique - que significa maioria - defendiam a implantação do socialismo através do processo revolucionário. Acreditava na ditadura do proletariado e era apoiado pelas mais diversas classes sociais. Seu líder Lênin, logo se tornaria uma das mais importantes figuras políticas do século XX.
O último golpe ao czarismo foi dado com a entrada da Rússia na Primeira Guerra Mundial. Os russos lutaram ao lado da Inglaterra e a da França, já que faziam parte da Tríplice Entente e desejavam ampliar suas conquistas territoriais. Se fossem vitoriosos, poderiam obter territórios que permitissem acesso ao Mediterrâneo. 
Por não ter um desfecho rápido, a Primeira Guerra apenas agravou as condições internas da Rússia, culminando com a deposição do czar.
O conflito provocou uma fome generalizada, o que acirrou a miséria da já empobrecida população. 
Em 1917, uma nova onda de greves assolou o país. Não restava alternativa ao czar a não ser a renúncia. 
 
Com a abdicação, foi instalada uma república. Dois grupos socialistas disputaram o poder, os bolcheviques e os mencheviques. Os mencheviques tomaram o poder, sendo liderados por Alexander Kerensky.
Apesar da rejeição á guerra, os mencheviques mantiveram a Rússia no conflito, um dos fatores que contribuíram para sua derrocada. Os bolcheviques, por sua vez, liderados por Lênin, conseguiam um apoio junto à população, já que uma de suas primeiras reinvindicações era, justamente, abandonar a Primeira Guerra Mundial. 
 
Lênin resumiu as demandas da população em uma plataforma política que pregava “Paz, Terra e Pão”, com as Teses de Abril, o líder bolchevique conseguiu divulgar suas ideias e se colocava como um defensor dos sovietes.
Sob a direção de Lênin, Leon Trotsky, reunia os bolcheviques para um conflito armado. Os bolcheviques invadiram o Palácio do Governo, tomando o poder. 
 
Os principais nomes deste novo governo eram o de Lênin, de Trotsky e de Josef Stálin. De início, a preocupação era retirar a Rússia da guerra, o que foi feito com a assinatura do tratado de Brest-Litovsk. 
Houve uma perda territorial aceitável naquelas circunstâncias. O pais seguiria, então, o socialismo marxista, mas adaptado à realidade russa, que acabou ficando conhecido como marxismo-Lêninismo.
Em 1918, Lênin ordenou a execução da família real, que vivia na Rússia ainda, confinada em uma de suas propriedades. 
Os bancos e as fábricas pertencentes a estrangeiros foram estatizados e, embora contasse com o apoio de parte da população, esta transição não se deu sem conflito. Havia os mencheviques e os monarquistas que, é claro, se opunham ao novo governo bolchevique. A Rússia começa um período de guerra civil, que duraria até 1921.
Os bolcheviques venceram, mas a guerra civil cobrou seu preço. A fome assolava os campos, a economia estava completamente desorganizada e uma nova revolta era iminente. As manifestações camponesas eram frequentes e reprimidas pelo Exército Vermelho, o que não diferia muito da prática czarista.  
Lênin institui uma nova política econômica, que ficou conhecida pela sigla NEP. Esta política econômica previa a liberdade de comércio interno, regulava a propriedade privada e o comércio. 
De modo geral, a NEP aliava princípios socialistas e capitalistas. Esta modalidade estabelecida, na Rússia, é única e por isso foi chamada de Marxismo-Lêninismo. 
 
Foi estabelecido também o sistema de partido único, dominado pelo Partido Comunista Russo. Em 1922, várias regiões se aliaram ao novo Estado. Eram repúblicas federativas que haviam adotado o socialismo e possuíam uma única constituição, denominada de União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, ou simplesmente URSS. Nascia assim uma das maiores potências do século XX.
Lênin se manteve no poder até sua morte, em 1924. Com seu falecimento, seus dois herdeiros políticos diretos – Trotskye Stálin – passaram a disputar a liderança do partido e, consequentemente, a liderança do governo soviético. 
Josef Stálin acabou vencendo a disputa e Trotsky foi perseguido até ser assassinado em 1940, no México.
Em resumo
De modo geral, podemos identificar a Revolução Russa como um momento de transição, de um regime monárquico e capitalista para um Estado republicano e socialista. 
Esta transição não se deu sem embates internos e a primeira fase, chamada de Revolução Menchevique, defende ideias burguesas sendo, portanto, considerada uma revolução muito mais burguesa do que uma tentativa de impor o socialismo. 
 
A segunda fase, a Revolução Bolchevique, marca a radicalização do movimento revolucionário e possui, sem sombra de duvida, uma proposta socialista contando com o apoio de trabalhadores, camponeses e soldados.
(Unesp – 2010) – “A Revolução Russa é o acontecimento mais importante da Guerra Mundial.”(Rosa Luxemburgo. A revolução russa. Lisboa: Ulmeiro, 1975).
A frase de Rosa Luxemburgo, polonesa então radicada na Alemanha, associa diretamente a ocorrência da Revolução Russa com a Primeira Guerra Mundial.
Entre os possíveis vínculos entre os dois processos, destacan-se os efeitos da Guerra na vida interna da Rússia.
Antes da Revolução e da 1ª Guerra, já havia uma previa organização de trabalhadores, sob a forma de sindicatos, partidos políticos e soviets. Estas associações buscavam uma maior participação politica e a defesa dos trabalhadores diante das condições de miséria da população na Rússia czarista. A primeira guerra torna estas condições mais agudas, evidenciando as contradições sociais entre o povo e a nobreza. Os Revolucionários de 1917 utilizaram estas condições, proporcionadas pela primeira guerra, como propaganda politica para obter apoio para a derrubada do regime monárquico.
Nesta aula, vimos o desgaste do regime monárquico russo no inicio do século XX. Este desgaste, que teve como auge a entrada da Rússia na Primeira Guerra Mundial, fez com que a monarquia fosse deposta e, em seu lugar, se instaurasse uma nova república, socialista, que se tornaria uma das maiores potências do século. 
Aula 03 – A Crise de 29 – 19/03/2014
Liga das Nações
No plano internacional, destacou-se a criação da Liga das Nações, logo após o fim da I Guerra. O objetivo era evitar a eclosão de outro conflito mundial. Essa liga funcionou até a década de 1940. Dela participaram os países vitoriosos na guerra. A exceção foram os Estados Unidos. Os EUA ainda tinham uma política de evitar envolver-se em questões internacionais e, portanto, ficaram de fora da organização.
A Liga foi importante por ter dado origem à ONU, que é hoje uma das principais organizações políticas internacionais do planeta.
A política econômica liberal norte-americana
Contudo, se no plano político os Estados Unidos mantinham distância da Europa, no econômico a situação era bem diferente. Apesar de terem participado da guerra, as perdas materiais norte-americanas foram mínimas, se comparadas com os países europeus.
 
Ao fim do conflito, esse país acaba emergindo como potência mundial, especialmente devido ao fato de sua produção industrial e agrícola não ter sofrido prejuízo, pois não houve nenhum combate em seu território.
Relembrando - Liberalismo:
O liberalismo, doutrina econômica proposta por Adam Smith, pregava a mínima intervenção do estado na economia. O liberalismo é uma modalidade do capitalismo, e nos anos 1920, os Estados Unidos a haviam adotado.
Aproximação com a América Latina
Porém, a década de 1920 não foi perdida. Com a economia europeia desorganizada, os Estados Unidos passaram a exportar para o continente todos os tipos de mercadorias industrializadas.
Houve a aproximação com os países latinos, cujas economias agrárias eram de grande interesse para os norte-americanos. A América latina exportava gêneros agrícolas e matérias-primas em grande quantidade para os EUA e importavam bens industrializados deste país. Teoricamente, esta seria uma situação vantajosa para ambos, certo?
Ainda que a América Latina exportasse enormes quantidades de produtos, eles eram baratos, pois eram gêneros agrícolas ou matérias-primas. E o que os latinos importavam, mesmo que em uma quantidade bem menor, eram bens industrializados, muito mais caros.
 
Isso significa que a balança comercial era sempre desfavorável aos latino-americanos, O aumento das exportações aumentou o mercado de trabalho, bem como os salários dos trabalhadores, de modo geral. Esta prosperidade gerou um boom de consumo, o que aqueceu ainda mais a economia.
A “Era do Jazz”
Não era somente a economia que prosperava. Os anos 1920 acabaram se tornando conhecidos como a “Era do Jazz”, uma década culturalmente rica e emblemática.
 
O feminismo
Do ponto de vista social, um dos mais importantes movimentos foi, sem dúvida, o feminismo. A luta pelo direito de voto das mulheres mobilizava um grande número de pessoas.
 
Devemos lembrar que, durante a I Guerra, as mulheres acabaram ocupando parte do mercado de trabalho, que havia sido deixado vago pela ida dos homens para o front. Com fim da guerra, esta demanda pela ocupação de postos de trabalho, antes exclusivamente masculino, continuou.
 
No final da guerra, em 1919, as mulheres norte-americanas conseguiram o direito ao voto, através da luta das chamadas “sufragetes”.
A Europa não esteve alheia a esse e outros movimentos culturais, mesmo tendo passado por um conflito de grandes proporções. Esta primeira onda do feminismo espalhou-se rapidamente por todo o continente.
Dicotomia social
Vemos, neste caso, uma dicotomia social, que marca os anos 1920: ao lado do progressismo, ainda existem grupos conservadores, que defenderiam valores como “a moral e os bons costumes”, condenando o comportamento dos “desviantes”, ou seja, aqueles indivíduos que não se adequavam a um padrão social.
 
É importante ressaltar que estas mudanças sociais ocorriam tanto na América quanto na Europa. Contudo, a prosperidade econômica daquele país dava-lhe maior visibilidade e acabou por fazer surgir a expressão “american way of life”, o estilo de vida americano, que seria cobiçado e reproduzido ao longo do planeta.
 
Na economia, havia também uma dicotomia: o estado adotara o liberalismo e, portanto, interferia o mínimo possível, mas o capitalismo praticado era, essencialmente, monopolista, o que contradizia com o liberalismo.
Monopólios norte-americanos
O liberalismo pregava a mínima interferência do Estado na economia. Também vimos que esta proposta baseia-se na livre concorrência. Ou seja, o Estado não precisa interferir porque a livre concorrência regularia o mercado.
 
Nos Estados Unidos, no entanto, um destes princípios acontecia, mas o outro não. O Estado não interferia na economia, mas não havia a livre concorrência.
A economia norte-americana era dominada por monopólios, que aconteciam sob a forma de trustes, holdings e cartéis.
O primeiro truste data de 1870 – a Standard Oil, uma empresa de petróleo que pertencia a John D Rockefeller. Este se tornou um dos maiores conglomerados do mundo e Rockefeller logo seria considerado sinônimo de riqueza.
Esses monopólios não eram legais. Na verdade, existiam leis antitruste desde finais do século XIX, o que na prática não impediu sua ocorrência.
O crash da Bolsa
Apesar do aumento do emprego e do consumo, havia uma desigualdade na distribuição de renda, além do surgimento de grandes fortunas baseadas na especulação do mercado de ações.
 
Como a conjuntura política e econômica de um país oscila, o mercado acionário costuma ser entendido como um investimento de risco. De acordo com o economista JK Galbraith:
 
Mês após mês, ano após ano, o grande mercado em alta nos anos 1920 regurgitava. Havia algumas baixas, mas o mais frequente era as fenomenais altas.
 
O verão de 1929 foi o mais frenético da história financeira norte-americana. Ao seu término, os preços das ações haviam quase quadruplicadoem comparação com os quatro anos anteriores.
 
O que importava era especular para realizar “ganhos” de valorização de capital (Galbraith, In: Marques, Berutti e Faria, 2001. p. 158).
  
Com a Europa se recuperando economicamente, ela deixava, cada vez mais, de importar as mercadorias norte-americanas.
 
Com a diminuição do mercado externo, as indústrias também diminuíam sua produção, demandando um menor número de empregados, o que gerava o desemprego.
A agricultura sofreu crises de superprodução, ou seja, havia gêneros agrícolas, mas não havia consumidores o suficiente, fazendo com que estes gêneros caíssem de preço, levando diversos fazendeiros à falência.
Com as falências da agricultura e o aumento do desemprego, o poder de consumo também foi decrescendo. Isso quer dizer que tanto o mercado interno quanto o externo diminuíam.
Havia mais mercadorias que consumidores, gerando uma crise generalizada de superprodução. Os bancos começaram a quebrar, já que não tiveram o retorno de seu investimento.
 
Falamos sobre a queda da Bolsa, a Quinta-feira Negra, que ocorreu em 24 de outubro de 1929, quando a bolsa de nova York e o sistema financeiro entraram em colapso. Mas isso não significa que a crise ocorreu naquele dia específico. Ele foi apenas o estopim de um processo de corrosão econômica que foi sendo gestado durante toda a década.
 
O Presidente, Herbert Hoover, não conseguiu reagir de modo eficiente, e logo havia milhares de desempregados e sem-teto por todo o país. Diversas favelas surgiam em regiões antes prósperas. Estas favelas ficaram conhecidas como Hoovervilles, em alusão ao Presidente, que não conseguira conter a crise.
New Deal
Franklin Delano Roosevelt, instituiu um conjunto de medidas que ficou conhecido como New Deal. Essas medidas tinham como objetivo a recuperação financeira e a diminuição do desemprego, e deveriam ser aplicadas rapidamente. Se os governos anteriores deixavam a economia se autorregular, isto teve fim no governo Roosevelt. 
O Estado abandona o liberalismo e passa a intervir em todos os aspectos econômicos, incluindo as Bolsas de Valores e o sistema bancário.
Para gerar mais empregos, de imediato, são executadas várias obras de infraestrutura, como o aumento da malha ferroviária. Gerar empregos significa pagar salários, o que significa a revitalização do mercado consumidor.
 
Foi implantada a Previdência Social, bem como uma série de garantias aos cidadãos. Os sindicatos foram incentivados, a fim de facilitar a negociação entre patrões e empregados Os bancos e as instituições financeiras foram mantidos sob rígido controle, para evitar a especulação e a concessão de crédito sem critérios. Foram estabelecidos subsídios e crédito financeiro para a recuperação agrícola, que tinha como público-alvo os pequenos agricultores, juntamente com uma série de leis de apoio e estimulo agrário.
A recuperação da crise
Pouco a pouco, o país se recuperaria dessa primeira grande crise econômica. Roosevelt se tornou um dos mais importantes Presidentes da História dos Estados Unidos e teve quatro mandados presidenciais. Este foi um caso único, tendo sido não só o Presidente da crise de 1929, mas também aquele que passaria pela II Guerra Mundial.
 
É importante lembrar que a União Soviética não foi afetada pela crise de 1929, já que não havia adotado o capitalismo.
Em resumo 
Entre os efeitos da Primeira Grande Guerra (1914-1918), assistiu-se à expansão da economia norte-americana, traduzida não só no crescimento de sua produção agrícola e industrial, como também na presença de investimentos e empréstimos em outros países, como os europeus, carentes de recursos para as obras de reconstrução. Em finais da década de 1920, os sinais de superaquecimento da economia norte-americana já se apresentavam no descompasso, cada vez maior, entre capacidade de produção e sua respectiva absorção pelo mercado, fato agravado pela recomposição do crescimento de economias europeias. Nesse quadro de colapso iminente, os principais fatores que deflagraram a Crise de 1929 foram a especulação financeira, que culminou com a quebra da Bolsa de Nova York, e a superprodução agrícola e industrial, concomitantemente à desaceleração do consumo.
A centralidade da Bolsa de Nova York no mercado financeiro internacional contribuiu para que os problemas da economia dos EUA afetassem outros países que, por diversos motivos, dependiam dos seus capitais e investimentos. Houve, por exemplo, no caso dos países europeus, a falência de empresas prejudicadas pelo repatriamento de capitais norte-americanos. A queda do dólar abalou outras moedas, causando desvalorização monetária e inflação, problemas agravados pelas falências e pelo desemprego. Nascida das contradições do desenvolvimento dos EUA, a Crise de 1929 tornou-se mundial e um divisor de águas na história do capitalismo no século XX.
Aula 04 – Regimes Nazista e Fascista – 26/03/2014
O período entre guerras, que compreende os anos de 1919 a 1939, quando eclode a Segunda Guerra Mundial, foi marcado por grandes transformações, especialmente na Europa. 
A Primeira Guerra Mundial deixou sequelas que seriam fundamentais para o envolvimento alemão na guerra que abalaria o mundo, entre 1939 e 1945.
Entre as décadas de 1920 e 1930 emergem os regimes totalitários que dominariam não só a Alemanha e a Itália, mas também Portugal e Espanha. Tem início a era do totalitarismo.
É comum nos deparamos, em diversos textos acadêmicos, com esta expressão, mas devemos compreender mais amplamente seu significado, como um dos conceitos fundamentais tanto da História quanto da Ciência Política. 
Se, por um lado, podemos definir uma ditadura como o estado no qual há a perda de direitos civis, o conceito de totalitarismo, por sua vez, é um pouco mais complexo.
Inicialmente, os estudos sobre o Estado totalitário foram pensados em oposição ao Estado liberal. Isto é particularmente verdadeiro ao analisarmos a Itália dos anos 1920 e a ascensão do regime fascista. 
A novidade deste regime seria o domínio de um único partido, que determinaria os rumos políticos de toda uma nação. Logo, esta definição seria ampliada, para abarcar qualquer regime — capitalista ou comunista — que tivesse como fundamento uma estrutura monopartidária.
Mas foi na década de 1950, com a publicação de origens do totalitarismo, de Hannah Arendt, que o termo passa a ser usado mais largamente e tem seu sentido ampliado para compreender não só o monopartidarismo, mas toda a influência estatal na vida privada dos indivíduos. 
Entendemos, portanto, o totalitarismo como um regime tentacular, que age não somente no tocante à vida pública, ao estabelecer, por exemplo, o monopólio de um único partido, mas na normatização da vida privada. 
O Estado determina o que a população pode ler, transmitir, as formas de se expressar, de vestir. Cria a cultura da delação onde vizinhos logo passam a ser inimigos ao se tornarem opositores ou críticos do regime vigente.
De modo geral, podemos identificar, no período pós-guerra, uma crise politica e econômica europeia, que se torna mais evidente na Alemanha derrotada, mas também na Itália, que apesar de ter terminado a guerra ao lado vencedor, teve enormes perdas humanas e materiais. Países europeus mais pobres, como Portugal e Espanha também se tornaram terreno fértil para a disseminação do totalitarismo.
Itália
Na Itália, o sentimento nacionalista cultivado a partir da unificação do país, em 1870, ganhava força. A economia, em declínio, provocava desemprego e, na década de 1920, os estados italianos eram assolados pelas greves trabalhistas. O temor de uma revolução socialista, a exemplo da que ocorrera na Rússia, levou a direita a reagir.
O regime italiano era a monarquia parlamentarista. O parlamento estava dividido entre dois grandes partidos, o Partido Socialista e o Partido Popular, cuja vertente era a democracia cristã e, portanto, apoiado pela Igreja Católica.
As diferenças ideológicas entre estes dois partidosprovocava um impasse no parlamento, impedindo a votação das grandes questões e das reformas que a Itália necessitava.  Em meio à instabilidade política, é fundado o Partido Fascista, por Benito Mussolini.
O termo fascismo tem sua origem na palavra fascio, que significa feixe. Sobre isto, o historiador Francisco Carlos Teixeira da Silva diz que:
“O termo fascismo deriva de uma antiga expressão latina, fascio, que denominava o feixe de varas carregado pelos litores, na antiga Roma, e com os quais se aplicava a justiça. Dessa forma, tal símbolo foi, durante a Revolução Francesa, na Itália, utilizado pelos jacobinos (esquerda), como representação de liberdade e Risorgimento, já no século XIX, como unidade nacional. 
 
Ao longo do século XIX, na Itália, assumiu o caráter de símbolo de ação política, valorizando a justiça e a igualdade. Foi assim, por exemplo, com o seu uso pelo movimento dos trabalhadores sicilianos, entre 1893-94, ou com os intervencionistas de esquerda, interessados na entrada da Itália na Primeira Guerra Mundial em 1914.”
SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. Os fascismos. In: ZENHA, Celeste, REIS FILHO, Daniel Aarão e FERREIRA, Jorge (orgs.) O século XX: o tempo das crises. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. p. 112.
Como podemos notar, Mussolini se apropria de um símbolo que já fazia parte da história política italiana e o utiliza para fortalecer seu partido ideologicamente. 
O fascismo é amparado pela defesa do nacionalismo e pelo convite ao sentimento de pátria dos italianos. Logo, consegue a adesão da população, preocupada com os rumos políticos do país e, em 1922, os fascistas conseguem obter um número expressivo de cadeiras no parlamento.
Seus militantes eram denominados de “camisas negras”, em alusão ao símbolo de vestimenta que se tornaria comum nos anos seguintes. 
Em outubro deste mesmo ano, Mussolini convoca seus seguidores para um movimento que objetivava concentrar o poder em suas mãos.
Foi a Marcha sobre Roma, onde milhares de camisas negras confluíram para a capital italiana, exigindo que o Executivo ficasse a cargo de seu líder. Pressionado, o Rei Vitor Emanuel III cede e entrega a Mussolini o cargo de Primeiro Ministro.
Em 1924, novas eleições são realizadas com a vitória maciça dos fascistas. Os grupos oposicionistas defendem que o pleito havia sido fraudado, mas são perseguidos, presos e assassinados, como foi o caso do deputado socialista Giacomo Matteotti. Nascia o Duce, ou condutor, título que Mussolini ostentaria até o final da Segunda Guerra Mundial. 
 
O partido contava com o apoio da burguesia industrial italiana, além de controlar o sistema judiciário, que auxiliava na repressão. Em 1929, foi assinado o Tratado de Latrão, entre o Duce e o Papa Pio XI.
Este tratado reconhecia a soberania do papa e fazia do Vaticano um Estado soberano eclesiástico. Desta forma, estava resolvida uma disputa secular e a Igreja passou a apoiar o regime, e o catolicismo foi oficializado como a religião do Estado italiano.
Rapidamente, o governo do Duce torna-se tentacular e estende-se pelas mais diversas áreas. Para isso, o uso da propaganda foi indispensável e se tornaria marca dos regimes totalitários. 
Com uma sólida base de apoio — que contava com a Igreja e a elite econômica — começaram as reformas cujo objetivo era o desenvolvimento econômico do país.
Tanto o campo quanto a indústria receberam investimentos e o desemprego, uma das maiores preocupações da população, foi duramente combatido. 
A crise de 1929 e o colapso do sistema econômico norte-americano fizeram com que o Estado intensificasse a produção bélica e começasse uma política de expansão territorial, sobretudo, em direção à África.
Há, nesse Estado, uma ideia de grandeza histórica que busca resgatar a soberania italiana valorizando as grandes conquistas do Estado romano.
Para isso, há uma rejeição clara aos princípios liberais e à ideia de liberdade de pensamento e expressão que ponham em xeque o modelo de governo. 
“O que o fascismo rejeita, a priori e totalmente, é a sociedade liberal do século XIX, inspirada pela filosofia das luzes. Transposta politicamente na Revolução Francesa. O fascismo não crê que os homens sejam iguais nem que o homem seja naturalmente bom. Põe de lado Descartes, Kant, Rousseau, e, com estes, o positivismo, gerador do cientificismo e da esperança em um progresso contínuo.”
(MICHEL, Henri. O fascismo. Lisboa: Dom Quixote, 1977. p. 13)
A Itália logo se aliaria a Alemanha, em uma aliança decisiva para os rumos da guerra que eclodiria em 1939.
Alemanha
A situação da Alemanha pós-guerra não era muito diferente da Itália, com o agravante de ter sido a potência derrotada e ter sido submetida às humilhações do Tratado de Versalhes. 
Após o fim da Primeira Guerra, foi estabelecida a República de Weimar, que vigorou entre 1918 e 1933. O regime monárquico foi substituído pelo republicano e uma nova constituição foi feita, na cidade de Weimar. 
Embora esta república nascesse sob a égide progressista, a crise econômica deflagrou uma enorme insatisfação social. As cláusulas de Versalhes inflamaram o sentimento nacionalista em uma combinação perigosa: crise e nacionalismo, da qual o regime nazista se aproveitaria para ascender ao poder.
 
Antes da Primeira Guerra Mundial, a Alemanha investia em sua industrialização e na constituição de uma infraestrutura necessária ao desenvolvimento econômico.
Com a guerra, estas iniciativas foram abandonadas e, após o conflito, não havia recursos suficientes para continuar esta política econômica.
Não devemos esquecer que o país teve que pagar pesadas indenizações aos vencedores, além de ter perdido parte de seu território. Essa situação levou ao desemprego e a greves, além de altíssimos índices inflacionários, que corroíam o valor da moeda.
Durante a década de 1920, um pequeno partido, fundado em Munique, começa a ganhar destaque. É o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, chamado simplesmente de Partido Nazista. 
 
Embora tenha a palavra socialista em seu nome, não é, de forma alguma, seguidor da ideologia marxista e, ao contrário, combate comunistas e socialistas, a quem vê como oposição ao Estado. 
Sua ideologia nacionalista e de valorização do povo alemão logo o torna um partido com forte apelo popular. Um de seus líderes, Adolf Hitler, prega o fim da República de Weimar e, em 1923, tenta dar um golpe de Estado, na mesma cidade de fundação do partido, Munique.
O golpe fracassa e seus mentores são presos, Hitler, inclusive, mas esse evento deu uma enorme visibilidade às ideias do partido. Na prisão, Hitler escreve a obra que seria a base da ideologia nazista, onde expõe o que seriam as causas da derrota alemã, o livro Minha luta, em alemão, Mein Kampf. 
Em seu livro, são defendidos o nacionalismo e o anticomunismo, além do estabelecimento da ideia de raça ariana, segundo a qual os alemães estariam destinados à grandeza e descenderiam de um ramo biológico melhor e mais puro do que as demais sociedades humanas.
O nazismo
O arianismo se tornaria fundamental durante todo o período nazista e seria um dos motivos à intensa perseguição e eliminação dos judeus do território dominado pela Alemanha. 
Além disso, Hitler desenvolve a teoria do espaço vital, segundo a qual a Alemanha precisaria se expandir para poder restaurar a glória que a nação mereceria.
A crise de 1929 piorou as condições de vida já intoleráveis na Alemanha. Em meio ao caos, a pobreza e ao desemprego, as palavras de Hitler ganharam corpo e os adeptos do nazismo cresceram em número e força política. 
 
Em 1932, estima-se que o número de desempregados do país estivesse em torno de 6 milhões de indivíduos. 
Essas pessoas buscavam soluções políticas para seus problemas e as duas grandes correntes eram, então, o nazismo e o socialismo.
As elites temiam o socialismo e a estatização de bens e propriedades como ocorrera na Rússia. Assim, o caminho foi o apoio ao nazismo querepudiava os socialistas. 
Nas eleições desse ano (1932), os nazistas conquistaram um grande número de cadeiras no parlamento e, em 1933, o então presidente da Alemanha, Paul von Hindemburg nomeou Adolf Hitler como chanceler, o que equivale ao cargo de primeiro ministro. Na prática, Hindemburg entrega a Hitler o controle do Estado alemão.
As primeiras medidas do novo chanceler foram:
A eliminação da oposição (socialistas, parlamentares, judeus, foram presos);
Criação das Sessões de Segurança (SS), uma polícia política que tinha como objetivo identificar e prender os oposicionistas;
A instituição da Gestapo, consistindo em uma equipe de forças especiais.  
Em março de 1933, tem início o Terceiro Reich, ou Terceiro Estado, em 1934, falece o Presidente Hindemburg, o que permite a Hitler assumir também a presidência, sendo proclamado Führer, um título que pode ser traduzido como condutor ou líder.
É importante pensarmos que para a consolidação do nazismo, Hitler também lança mão intensamente dos veículos de propaganda.
 O cinema ganharia grande destaque e logo haveriam diversos filmes feitos para a exaltação da nação e do regime nazista. O Ministro da Propaganda Nazista Joseph Goebbels era um dos principais nomes do governo e produzia diversos materiais para a legitimação da supremacia ariana.
O racismo se torna uma política do Estado — e essa é uma das principais diferenças entre nazismo e fascismo — e tem início a perseguição aos judeus. 
Chamada de “solução final”, os judeus eram levados a campos de trabalhos forçados, os campos de concentração, onde eram submetidos as mais degradantes condições. Milhares perderam a vida nos campos, que se tornaram um símbolo do regime nazista.      
Em 1936, Berlim sedia as Olimpíadas. Foi um evento muito esperado, porque o Estado nazista poderia mostrar a Alemanha ao mundo, sendo os jogos a oportunidade perfeita de demonstrar a superioridade ariana.
O Füher ia aos estádios e acompanhava as mais diversas modalidades, parabenizando pessoalmente a vitória dos atletas. O sonho ariano naufragou, entretanto, em uma das mais importantes modalidades olímpicas, o atletismo, dominado pelo afro-americano Jesse Owens que levou 4 medalhas de ouro. Hitler deixou rapidamente o local, se recusando a cumprimentar o atleta.
Em 1939, a invasão da Polônia da início a Segunda Guerra Mundial e, seu término, em 1945, significaria também o fim do nazismo e do fascismo. Entretanto, nem todos os regimes totalitários terminaram ao fim da guerra. Portugal e Espanha mantiveram seu regime até a década de 1970.
O Estado nazista investiu maciçamente na produção bélica e no militarismo. Lembrando a definição de totalitarismo do início desta aula, temos a ideologia nazista sendo a base não só do Estado, mas dos currículos escolares, dos clubes e associações. 
Não ser um membro do partido era mal visto pelos vizinhos e havia o risco de denúncia como oposição, o que levaria, inevitavelmente, a prisão.
Portugal
Portugal começa o século XX ainda um país marcadamente agrário. A Primeira Guerra e, logo depois, a crise de 1929, levou o país a uma crise econômica, em uma realidade já instável, pois as relações econômicas, tanto na Europa quanto com os Estados Unidos, estavam comprometidas. 
Um dos temores da república era o socialismo e a possibilidade de reforma agrária, que afetaria diretamente a elite portuguesa.
Em 1920, a intensificação da crise econômica levou a um golpe militar na década de 1920. A ditadura se estendeu até 1933, quando tem início o Estado Novo, período totalitário do Estado português.
Em 1930, foi criada a União Nacional, um partido político, liderado por um dos políticos que havia participado ativamente do regime militar, Antônio de Oliveira Salazar.
Em 1933, a União Nacional chega ao poder e o Estado Novo passa a ser conhecido também como salazarismo, em referência ao líder deste partido. 
Embora, na prática, os demais partidos não fossem ilegais, eram reprimidos e logo deixaram de existir, sendo que partidos socialistas e comunistas foram postos na ilegalidade, configurando o sistema de partido único, característico do totalitarismo.
Portugal mantinha colônias na África, e sua manutenção era controversa, sendo o colonialismo, arduamente defendido por Salazar, uma das características do Estado Novo. Como regime totalitário, o salazarismo era contra o liberalismo e perseguia seus opositores. Utilizou largamente a propaganda para fins políticos e foi claramente influenciado, sobretudo, pelo fascismo da Itália. 
 
Salazar deixa o poder em 1968, mas o salazarismo permaneceu até 1974, quando a Revolução dos Cravos iniciou um novo período, de abertura democrática no país.
Espanha
O caso da Espanha tornou-se emblemático por envolver uma intensa guerra civil, que seria
considerada um ensaio geral para a Segunda Guerra Mundial, diferente dos demais países,
onde o totalitarismo se estabeleceu sem que houvesse uma guerra civil.
Na Espanha dos anos 1930, havia duas claras posições políticas: os falangistas e a Frente Popular. Os falangistas eram um grupo de orientação fascista cujo líder, Francisco Franco Bahamonde defendia o combate ao comunismo.
Franco era apoiado pela elite espanhola e pela Igreja Católica. De forma geral, a Igreja sempre se opôs ao socialismo e ao comunismo, pois estas ideologias pregam o fim da religião constituída. Nas palavras de Marx, a religião era considerada o ópio do povo e impedia a população de questionar a realidade a sua volta.
Por outro lado, a Frente Popular, que contava com o apoio soviético, era formada por trabalhadores, sindicalistas, comunistas e partidos de esquerda. Repudiava o totalitarismo e as ideologias nazi-fascistas, as quais combatiam ideologicamente.
Em 1936, os falangistas de Franco empreendem um golpe de Estado, pondo fim à República Espanhola. 
A Frente Popular reagiu e teve início a Guerra Civil. Franco obteve o apoio da Itália e da Alemanha para combater a Frente Popular. Os dois grupos receberam ajuda externa, sob a forma de armamentos, além do apoio politico.
As forças aéreas, alemã e italiana, foram enviadas para a Espanha. Foram elas que protagonizaram o mais conhecido e trágico episódio do conflito, o bombardeio da cidade de Guernica, em abril de 1937, imortalizado na tela de Pablo Picasso. 
 
A Frente Popular recebeu o reforço das Brigadas Internacionais, algo único em toda história. As brigadas foram formadas por milhares de voluntários do mundo inteiro, que apoiavam e defendiam a república. A maior parte, de orientação socialista, buscava garantir a democracia e impedir a instauração do regime totalitário na Espanha.
Mas o apoio alemão e italiano foi decisivo e, em 1939, após 3 anos de conflitos que dizimaram milhares de pessoas, entre civis, militares, espanhóis e brigadistas, Francisco Franco toma o poder e inaugura o regime que leva seu nome, o franquismo. 
Franco governaria até sua morte, nos anos 1970, em um dos mais longos e autoritários regimes já estabelecidos na Europa.  Após a guerra, o país foi mergulhado em uma enorme crise econômica, que perdurou por décadas.
A ideia de ensaio geral da Segunda Guerra se dá, sobretudo, pelo uso dos aviões como arma de combate e destruição em massa. Embora tenham sido usados na Primeira Guerra, a Força Aérea se tornou um fator decisivo no segundo conflito, do qual participou ativamente.
Atividade proposta
“Após a Primeira Guerra Mundial, a República de Weimar teve controle muito limitado sobre as forças militares e policiais necessárias à manutenção da paz interna. No final, a República caiu em consequência dessa limitação, fragilidade explorada por organizações da classe média, as quais achavam que o regime parlamentar-republicano as discriminava e, assim, procuraram destruí-lo.” (Adaptado de Norbert Elias, Os alemães, Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997, p. 199 e 204). 
 
“A exigência da anulação da ‘paz imposta’ pelo Tratado de Versalhes foi, ao lado do antissemitismo,o ponto mais importante na propaganda nazista durante a República de Weimar.” (Adaptado de Peter Gay, A cultura de Weimar. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978, p. 31 e 168).
O que foi a República de Weimar? Relacione-a com a ascensão do nazismo.
A República de Weimar, estabelecida entre 1918 e 1933, era um regime republicano e parlamentar democrático, que foi estabelecido, na Alemanha, após a Primeira Guerra Mundial  A fragilidade deste regime, aliado a enorme crise política e econômica do país, proporcionou a emergência de movimentos nacionalistas, dentre os quais o nazismo, que chegaria ao poder em 1933. 
O que foi o Tratado de Versalhes e qual o significado da expressão “paz imposta”? O Tratado de Versalhes, assinado em 1919, selou a derrota alemã na Primeira Guerra, impondo as condições de humilhação que levariam a Alemanha à Segunda Guerra. A ideia de paz imposta baseia-se no fato dos termos deste acordo não terem sido negociados com o país derrotado, já que uma de suas condições era a perda de parte do território alemão, além da interferência direta na soberania nacional do país, obrigado a pagar pesadas indenizações aos vencedores.
Aula 05 – A Segunda Guerra Mundial – 09/04/2014
1919 - 1936
Introdução – as invasões territoriais
1919
Após o fim da Primeira Guerra Mundial e a assinatura do Tratado de Versalhes, em 1919, teve início uma onda de movimentos totalitários pela Europa, como vimos na aula anterior.
1929
Em 1929, estes movimentos ganham força, por conta da crise econômica que se alastra, a partir dos Estados Unidos. 
As tensões entre os diversos países europeus eram prementes, e a Liga das Nações - órgão criado após a guerra para mediar conflitos internacionais - não tinha força ou legitimidade política para fazer valer o objetivo para a qual tinha sido criada, sendo uma instituição, portanto, esvaziada de sentido.
1935
Após a consolidação dos regimes totalitários, alemão e italiano, tem inicio uma política expansionista que Hitler chamava de espaço vital. Ou seja, o avanço territorial era necessário para que a Alemanha pudesse alcançar todo seu potencial econômico e político. 
Dessa forma, A Itália tomou a Etiópia, na África, em 1935, a exemplo do que também ocorria no Oriente, pois o Japão havia invadido a Manchúria, em 1931. 
A Alemanha avançava por territórios franceses e, em nome da paz mundial, os demais países ignoravam esses movimentos. A incapacidade da Liga das Nações em reagir demonstrou a fragilidade que a levaria à extinção.
1936
O apoio de Hitler e Mussolini a Franco, na guerra civil espanhola, permitiu a estes lideres perceberem o alcance de seu poder de fogo e fortalecessem sua aliança, que ficaria conhecida como Eixo Berlim-Roma. 
 
Enquanto isso, na Ásia, o avanço japonês provocaria a reação de outras potências que já disputavam a Manchúria chinesa, em especial, a União Soviética. 
Temerosos acerca da possibilidade de uma guerra aberta com a União Soviética, o Japão imperial fez uma aliança com a Itália e a Alemanha, configurando o que seria chamado, na Segunda Guerra, de Eixo. 
Em 1936, foi assinado um pacto entre estes três países, denominado Anti-Komintern, cujo objetivo era impedir o avanço do comunismo.
A expansão alemã 
É claro que os demais países europeus, em especial a Inglaterra e a França, não viam com bons olhos esta expansão. 
Entretanto, o temor de um conflito internacional, nas proporções da Primeira Guerra, fazia com que os líderes destes Estados buscassem a negociação e a diplomacia, no lugar de uma hostilidade aberta.
O mapa mostra o avanço alemão até o inicio da guerra, em 1939, com as regiões anexadas ou invadidas pela Alemanha. 
Fonte: Historiacem01
A Conferência de Munique 
Em 1938, como demonstração desta “solução diplomática”, teve lugar a Conferência de Munique, que tinha como pauta principal a situação da Checoslováquia. Dela participaram:
A Inglaterra, representada pelo Primeiro Ministro Neville Chamberlain, que conduziu a conferência; a França, representada por Édouard Daladier, também ministro; a Itália, representada 
por Mussolini; e a Alemanha, representada por Hitler.
É interessante notar que não houve nenhum representante da Checoslováquia, maior interessada nos rumos do evento. 
Em uma clara política conciliadora, as duas potências, Inglaterra e França, concordaram na cessão territorial para a Alemanha e na repartição das Checoslováquia.
Os cobiçados Sudetos passaram para o domínio nazista com a condição de que esta fosse a última parte da expansão alemã. Um erro diplomático que cobraria um enorme preço dos envolvidos.
O Acordo Ribbentrop-Molotov
A cessão dos Sudetos tencionava proteger a Polônia de uma invasão germânica. Este país seria o próximo alvo dos nazistas, desejosos pelo acesso ao corredor polonês, que haviam perdido no Tratado de Versalhes. 
A invasão da Polônia, porém, seria uma questão delicada e que deveria ser muito bem pensada pelo Führer, pois o país fazia fronteira com um inimigo poderoso e temido, a União Soviética.
 
A solução foi firmar um acordo de não agressão, o pacto nazi-soviético ou acordo Ribbentrop-Molotov (em referência aos ministros que o assinaram, representantes da Alemanha e da URSS, respectivamente). 
Estrategicamente, Hitler estava eliminando o último entrave real à expansão nazista.
O pacto nazi-soviético foi audacioso para os dois lados. Primeiro, ambos foram obrigados a deixar para trás suas diferenças ideológicas — o nazismo combatia o socialismo e o comunismo, enquanto a União Soviética, o adotava e defendia. O acordo ainda gera polêmicas, tanto entre analistas de relações internacionais, cientistas políticos e historiadores. 
De modo geral, podemos dizer que Stalin acreditava que a vitória de Hitler ampliaria sua esfera de influência e, no pior dos cenários, haveria uma divisão na política internacional apenas entre soviéticos e alemães, tirando França e Inglaterra do quadro político.
 
Foi a certeza de que não seria atacado, nesta frente, que permitiu a Hitler invadir a Polônia, em 1939, na manobra que deu origem à Segunda Guerra Mundial.
Polônia invadida 
Desde a Conferência de Munique, a Polônia era protegida pela Inglaterra e França que, mediante a invasão nazista, nada puderam fazer a não ser declarar a guerra pois, apesar de todas as concessões e intensas negociações, foi inevitável. 
Apesar da invasão nazista à Polônia ter ocorrido em setembro de 1939 e ser este o marco primeiro da Segunda Guerra Mundial, apenas no ano seguinte a Alemanha intensificou suas ofensivas. 
A Polônia fora dominada em curto tempo, graças à técnica militar denominada blitzkrieg, que significa guerra-relâmpago, feita mobilizando forças de combate combinada, como as divisões de tanques, chamadas de divisões Panzer, a Luftwaffe (força aérea) e a marinha.
E as invasões alemãs prosseguem
A blitzkrieg, rápida e eficiente, permitiu a Alemanha invadir e derrotar os exércitos da Dinamarca, Noruega, Bélgica e Países Baixos, expulsando os exércitos aliados que tiveram que recuar. 
 
Em junho de 1940, o grande golpe: os nazistas invadem a Françae estabelecem um novo regime, na cidade de Vichy, que por isso levou o seu nome. Neste cenário, faltava derrotar a Inglaterra para selar a vitória nazista na Europa.
A RAF, força aérea inglesa, combatia a Luftwaffe no ar. Londres foi bombardeada e o Primeiro Ministro Winston Churchill conclamava o povo a lutar. Os londrinos foram às ruas defender a cidade. 
Os Estados Unidos entram na guerra
Mas foi em 1941, que todo o cenário de guerra, a principio, favorável à vitória alemã, mudou. 
Os Estados Unidos, que apoiavam os aliados com armas e suprimentos, foram bombardeados pelos japoneses, no ataque à base militar de Pearl Harbor, localizada no Havaí. 
Neste ataque, foram utilizados pilotos kamikazes, uma força especial cujo objetivo era o sacrifício de suas vidas em prol da vitória japonesa. 
Mais de 2000 pessoas morreram e milharesficaram feridos. O ataque destruiu parte da frota norte-americana ancorada no Pacífico e provocou a entrada dos EUA na guerra.
Anos decisivos
Neste mesmo ano, Hitler quebra o pacto com a URSS e invade seu território. Imediatamente, Josef Stalin reage e adere aos aliados, que conta agora com diversos países, como Inglaterra, França, EUA e Brasil. 
Incapaz de manter seus esforços de guerra, a Itália se rende e declara guerra à Alemanha, em 1943, com a deposição de Mussolini. 
A guerra se arrasta ainda por mais 2 anos até a maior ofensiva militar da história contemporânea, ocorrida em 6 de junho de 1944, conhecido como Dia D.
Neste dia, tropas de diversas nações do mundo desembarcam na Normandia e definem o conflito. 
A Alemanha, obrigada a lutar em diversas frentes, não consegue manter suas tropas alinhadas. 
Em uma enorme demonstração de nacionalismo, as tropas nazistas se rendem marchando, jamais abandonando o ideal de germanismo que lhes havia sido incutido pelo Führer.
Com a proximidade do final do conflito, reúnem-se na cidade de Yalta – onde ocorre a conferência de mesmo nome - os três principais líderes de então:
Franklin Roosevelt, presidente dos EUA; Winston Churchill, representando a Inglaterra e Josef Stalin, líder soviético.
O objetivo era discutir os rumos da Europa no pós-guerra. As decisões de Yalta levaram a uma divisão do continente, representada pela própria Alemanha, que seria dividida por um muro construído em Berlim:
• a parte Oriental da Alemanha seria zona de influência soviética e 
• a Ocidental, zona de influência norte-americana e inglesa. 
Configurava-se assim a guerra fria, que duraria por décadas.
Holocausto
Apenas no final do conflito, entre 1944 e 1945, é que o pior lado da guerra foi revelado. À medida que as tropas aliadas avançavam, se deparavam com campos de trabalhos forçados, os campos de concentração, espalhados por todas as regiões dominadas pelos alemães.
O mais famoso deles foi Auschwitz, mas estima-se que existiam dezenas destes campos, que foram destruídos pelos alemães ao se retirarem. Para eles eram levados judeus, oposicionistas, comunistas, homossexuais, ciganos, todos os que eram considerados inimigos do regime nazista.
Desde o confisco de bens — os judeus eram conhecidos por suas atividades bancárias, pela prosperidade financeira e pela posse de inúmeras obras de arte — até questões de cunho ideológico, sendo acusados sistematicamente por Hitler, em seus inúmeros discursos, de serem culpados pela situação humilhante em que se encontrava a Alemanha durante o regime de Weimar. 
 
Ao chegar aos campos, os prisioneiros eram tatuados com números que a partir de então, os identificariam. Nos uniformes, eram costurados símbolos que demonstravam seus “crimes”.
Os campos de concentração são considerados o mais assustador e humilhante massacre perpetrado contra os judeus. Os prisioneiros tinham seus cabelos raspados e todos os seus bens tomados.
Ao chegar, em trens que eram usados para o transporte de gado, passavam por uma triagem, onde eram separados por gênero, idade e condições de saúde. Na maior parte das vezes, crianças, idosos e doentes eram imediatamente levados aos “chuveiros”, na verdade, câmaras de gás e exterminados.
Os que estavam em condições físicas de trabalhar, eram encaminhados para os alojamentos. Imundos, amontoados e famintos trabalhavam em diversas atividades, como agricultura e na indústria bélica. 
Ao fim da guerra, a comunidade judaica internacional, horrorizada pelo genocídio, pressionou pela criação de um Estado judaico, o que ocorreria em 1948, com a criação de Israel.
Cabe lembrar que esta política de extermínio é uma das características únicas do totalitarismo alemão, não tendo sio adotado em nenhum outro país.
O extermínio dos judeus foi chamado de “Solução Final”. Ainda hoje, há diversas teorias que buscam explicar o genocídio empreendido por Hitler.
1945
Após o Dia D, com a Itália já derrotada, restam em combate a Alemanha e o Japão, que mantinham o eixo. Mussolini havia fugido, mas é capturado e morto por cidadãos italianos. 
O Duce e sua mulher, Clara Petacci, são baleados e depois pendurados pelos pés em uma praça pública, na cidade de Milão.  
Em maio de 1945, os soviéticos invadem Berlim, sendo a primeira tropa aliada a tomar a capital inimiga. 
Há uma imagem emblemática deste momento histórico, quando uma bandeira da URSS é hasteada no Reichstag, o parlamento alemão.
Dias depois, em 8 de maio, a Alemanha se rende. Hitler havia se suicidado em 30 de abril, no bunker que vivia com sua mulher e o Estado Maior alemão. 
Eva Braun, sua mulher, morre envenenada. A morte de Hitler é ainda um assunto controverso, pois o corpo encontrado no bunker não pode ser identificado, definitivamente, como sendo do ditador.
O Japão foi o último país a se render e o fez de modo trágico. Em agosto de 1945, meses após o fim do conflito na Europa, os Estados Unidos lançaram bombas atômicas sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki, matando, instantaneamente, milhares de pessoas e obrigando o Japão a retroceder, o que ocorreu no dia 19 de agosto. 
O presidente que ordenou o conflito foi Harry Truman, cuja justificativa para o ato foi dizer que “Tinha que trazer nossos rapazes para casa”.
As bombas foram lançadas em um momento em que a guerra, de fato já estava ganha, tendo funcionado muito mais como uma demonstração de poder bélico do que propriamente servido para finalizar o conflito, ainda que isto tenha ocorrido. 
Foi a única vez, na história, até o momento, que uma bomba atômica foi usada em um combate e tendo como alvo civis. Os depoimentos dos sobreviventes são dramáticos.
Depoimento de Shinji Mukai ao repórter Aureliano Biancarelli:
 “Eu tinha 15 anos quando a bomba caiu. Trabalhava em uma fábrica de espoletas e bombas navais, a 3 quilômetros do centro de Hiroshima — no início da guerra eu era estudante, mas, quando a situação no Japão se agravou, em 1944, todos os estudantes passaram a trabalhar. 
Em casa só moravam meus pais, eu e meu irmão mais velho, Shoji, que na época tinha 18 anos. Os outros 4, menores de 14 anos, ficavam em um sítio fora da cidade, onde só permanecia quem tinha de trabalhar.
No dia 6 de agosto de 1945, eu e Shoji saímos para trabalhar, por volta das 7 horas — ele, nos escritórios dos estaleiros Mitsubishi, a 6 quilômetros do Centro; eu, na fábrica, operando uma espécie de laminadora. Lembro-me da hora do estouro. Estava tudo tranquilo, como todos os dias. De repente, ouvi um barulho grande, que não sabia se era de bomba ou da fábrica desabando. 
Lembro-me de que fui arremessado a vários metros, mas só percebi isso ao acordar, tempos depois. Só tive forças para gritar. Um pouco mais tarde, 4 trabalhadores que estavam fora da fábrica, na hora da explosão, me encontraram e me arrastaram para fora. Estava com 3 costelas quebradas. Minha roupa estava coberta de sangue — é que a máquina em que trabalhava tinha tombado sobre meu companheiro, esmagando-o. O sangue era dele.
Quando saí dos escombros, pensei que tinha morrido. Não conseguia entender nada, a fumaça cobria tudo e havia um cheiro forte que nunca tinha sentido. O Centro da cidade era uma imensa fogueira. Ainda pensei em meus pais, mas logo entendi que nunca mais os encontraria. 
Meus companheiros queriam fugir, mas ninguém sabia em que direção, por causa da fumaça. Então alguém se lembrou dos trilhos do bonde. Seguindo por eles, uns 4 ou 5 quilômetros, a gente saia em um campo de treinamento militar, próximo do mar, onde havia também o hospital militar.
Fomos seguindo os trilhos. Já estávamos quase chegando quando uma chuva preta começou a cair. Parecia pólvora de granada molhada, com um cheiro muito forte. Quando chegamos ao campo, havia mais de 5 mil pessoas feridas espalhadas, muitas quase mortas. Soube depois que, dos 2 mil operários da fábrica onde trabalhava, mais de 1700 morreram na hora da explosão.”
 
Fonte: Revista VEJA, agosto de 1975.As consequências da guerra
As perdas humanas estimadas em mais de 50 milhões de mortos, entre 22 milhões de russos e 6 milhões de judeus, foram algumas das mais notáveis consequências da guerra. Mas se o horror da morte chama a atenção pelos números, não foram os únicos efeitos do conflito. 
 
A Europa sofreu um aumento geral de sua dívida pública, o que provocou um endividamento dos países — vitoriosos ou derrotados —, com os Estados Unidos. 
Os alimentos foram racionados até os anos 1950, e os Estados foram obrigados a controlar rigidamente as áreas essenciais, como energia, preços, cambio e matérias-primas. 
A produção industrial sofreu uma redução drástica, o que tornava mais complexo sair da crise e provocava o desemprego.
(Unesp 2003)  Sem a possibilidade que lhe foi dada de empregar homens de nível inferior, o Ariano nunca teria podido dar os primeiros passos na estrada que devia conduzi-lo à civilização; da mesma maneira que, sem a ajuda de certos animais que possuíam as qualidades necessárias, as quais soube domesticar, ele nunca se teria tornado senhor de uma técnica que lhe permite atualmente prescindir, pouco a pouco, da ajuda desses animais. O provérbio 'o Mouro fez o que devia fazer, o Mouro pode ir-se embora' tem, infelizmente, um significado por demais profundo.
(A. Hitler, Mein Kampf (Minha Luta).)
 
Este texto, escrito por Adolf Hitler, explica parte de suas teorias racistas que eram também a base do regime nazista.
a) Quais as principais ideias da ideologia racista de Hitler e dos nazistas?
O texto expressa a ideia de que os arianos são superiores as demais etnias, que por sua vez, devem servir ao proposito de contribuir para a vitória ariana para depois serem descartadas. O proverbio mouro citado por Hitler demonstra que, uma vez que as etnias “inferiores” tenham cumprido este proposito, deveriam ser exterminadas, o que justifica a solução final, o holocausto judaico.
b) Como se pode relacionar o racismo nazista com a "teoria do espaço vital", ou seja, com o projeto de ampliação territorial e política?
A teoria do espaço vital, defendida por Hitler e que serviu como fundamento para a expansão nazista prega que os arianos precisam de recursos (matérias primas, minérios) para que desenvolvam todo o seu potencial como “raça superior”.
Aula 06 – Guerra Fria – 30/04/2014
REVISANDO
Vimos, nas aulas anteriores, as questões propostas após a Segunda Guerra Mundial e os termos do acordo firmado em Yalta. Vamos relembrar? 
Esta conferência teve lugar na cidade de Yalta, na Crimeia, entre 4 e 11 de fevereiro de 1945. Isto quer dizer, que, antes mesmo da rendição da Alemanha e do Japão, os lideres das três grandes potências mundiais já consideravam a derrota do eixo como algo iminente. 
 
Neste sentido, reuniram-se na Crimeia para discutir a geopolítica mundial após a guerra. Stalin, Franklin Roosevelt e Winston Churchill, representando, respectivamente, a URSS, os Estados Unidos e a Inglaterra, reuniram-se para acertar as regras do jogo de poder que inevitavelmente se consolidaria após a derrota das potências do eixo.
Uma das principais decisões foi à divisão da Alemanha, entre zonas de influência, capitalista e socialista. Também foram estabelecidos como os governos dos países, que seriam libertados do nazismo, a exemplo da Polônia, seriam governados, e sob qual esfera de influência ficariam. 
 
Ficou famosa a foto tirada dos três grandes lideres mundiais em Yalta e acabou por se tornar a imagem que marcaria o ponto de partida da ordem mundial baseada na bipolaridade.
Guerra Fria
A divisão da Alemanha foi ratificada pelo Acordo de Potsdam em agosto de 1945. Na verdade, a divisão da Alemanha compreendia quatro zonas de ocupação, dividas entre franceses, ingleses, norte-americanos e soviéticos. 
Na prática, era muito mais que uma cisão geográfica e política, mas, sobretudo, ideológica. Estava estabelecida a Guerra Fria, baseada na bipolaridade, e que consistia em uma disputa ideológica por zonas de influência entre dois blocos:
Em 1946, Winston Churchill, em um famoso discurso, proferido no Westminster College, nos Estados Unidos, cunhou a expressão que seria sinônimo da ordem que se estabelecera: a Cortina de Ferro: 
A Cortina de Ferro referia-se ao isolamento político que a União Soviética assumiu como postura política após a Segunda Guerra. Não havia interferência do ocidente nesta política e esse isolamento logo se transformou em medo. 
Ainda que não tenha sido um conflito aberto, a Guerra Fria foi o pano de fundo para diversos conflitos que eclodiram nas décadas seguintes, além de ter sido fundamental para decisões políticas que afetariam diversos países em todo o mundo.
Desdobramentos da Guerra Fria
Muitas estratégias foram mobilizadas durante a vigência da Guerra Fria, tanto pelo bloco soviético quanto pelo norte-americano. 
 
Em 1947, o então presidente dos Estados Unidos, Harry Truman se colocou claramente contra o avanço soviético. Ele havia sido vice-presidente de Franklin Roosevelt, falecido em 1945. A Truman coube a difícil tarefa de se impor politicamente após a morte de um presidente notável. 
Não podemos esquecer que foi este presidente que ordenou o lançamento das bombas atômicas no Japão, marcando o fim da Segunda Guerra.
Truman não possuía nem o carisma nem a legitimidade política de Roosevelt e viu, na conjuntura da Guerra Fria, uma maneira de se afirmar na vida política, fazendo do combate ao comunismo uma de suas principais bandeiras.
Roosevelt é, até hoje, considerado um dos maiores nomes da história política dos Estados Unidos. Foi ele quem conteve os desastrosos efeitos da Crise de 29, ao implementar o New Deal e também quem viveu os mais difíceis anos da Segunda Guerra, como o bombardeio a Pearl Harbor e a inevitável declaração de guerra que se seguiu ao ataque.
O Comecon
A União Soviética não ficou para trás e, no mesmo ano de criação do Plano Marshall, 1947, estabeleceu o Kominform, cujo objetivo era a coordenação política dos diversos partidos comunistas na Europa e fora dela. 
Soma-se a esta medida a criação do Comecon, em 1949, o Conselho para Assistência Econômica Mútua, uma versão do Plano Marshall, mas para auxiliar os países socialistas, sobretudo aqueles do Leste Europeu.
Na ordem socialista, não havia um presidente da república, mas sim, um presidente do partido. Ou seja, o poder pertencia ao Partido Comunista e seu líder, neste caso, Josef Stalin, era, por sua vez, o líder supremo. Lenin estabelecera esta estrutura que permaneceu assim enquanto a União Soviética existiu.
Uma união, dois países
Dois importantes eventos devem ser destacados, para entendermos melhor o que significava esta divisão ideológica e o que ela representou na geopolítica internacional. O primeiro deles foi a divisão concreta da Alemanha. 
 
Procurando formas de boicotar o lado Ocidental, a URSS estabeleceu um bloqueio, em 1948, isolando as partes oriental e ocidental. 
O bloqueio, por sua vez, que buscava impedir o abastecimento da parte Ocidental, só podia ser feito por via terrestre já que o uso de artilharia antiaérea significaria em uma declaração de guerra — e isso, estava claro, era algo que todos procuraram evitar.
Os EUA driblaram facilmente o bloqueio, abastecendo a Alemanha por via aérea.
Ainda que não tenha sido bem sucedida, a política estalinista teve grandes repercussões e, no ano seguinte, 1950, surgem, na prática, dois novos países, a Alemanha Oriental e a Alemanha Ocidental.
Para que não restassem dúvidas acerca desta divisão, em 1961 começou a ser construído aquele que se tornaria o mais evidente símbolo de uma cisão internacional, o Muro de Berlim. 
Se a sua construção significou a vitória do socialismo, sua queda, em 1989, também significou a derrota deste regime. Por essa razão, enquanto existiu, o muro foi considerado o mais emblemático símbolo da Guerra Fria.
A Terra prometida
O ano de 1948 foi emblemático. Não somente pelo bloqueio,

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