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Principios do Direito Penal

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NOVO DIREITO PENAL� INCLUDEPICTURE "http://images.all-free-download.com/images/graphiclarge/scales_of_justice_117108.jpg" \* MERGEFORMATINET ���		PROFESSOR MARCELO PIEROT – DIREITO PENAL
PRINCÍPIO: Preceito, regra.
	Analisando detidamente a Constituição Federal podemos facilmente perceber a importância referendada pelo legislador Constituinte sobre as regras de Direito Penal. Da conjugação do Direito Penal com a Constituição podemos delinear alguns princípios constitucionais penais que ganham importância e repercussão, principalmente nos julgamentos dos Tribunais pátrios, sendo de suma importância a sua assimilação pelos estudiosos e aplicadores da lei penal.
	Por oportuno registramos que todos os princípios ora estudados possuem como suporte o “princípio-síntese” que é a dignidade da pessoa humana, sendo que num Estado Democrático de Direito, a violação dos demais princípios constitucionais penais é em última análise uma ofensa direita à própria dignidade da pessoa humana.
Princípios Fundamentais de Direito Penal de um Estado Social e Democrático de Direito.
• Impõe limites à intervenção estatal no campo da aplicação da pena;
• Ingressaram nas legislações penais como garantia contra o absolutismo;
• Ganharam dimensão constitucional (Estão todos implícita ou explicitamente insertos na CF/88).
1. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ou DA RESERVA LEGAL:
	Pelo Princípio da Legalidade a elaboração de normas incriminadoras é função exclusiva da lei, isto é, nenhum fato pode ser considerado crime e nenhuma pena criminal pode ser aplicada sem que antes da ocorrência desse fato exista uma lei definindo-o como crime e cominando-lhe a sanção correspondente. A lei deve definir com precisão e de forma clara a conduta proibida. Feuerbach: século XIX, resumiu o princípio na fórmula latina: “ Nullum crimen, nulla poena sine lege”
	A Constituição Federal Consagrou o princípio no artigo 5º, inc. XXXIX: (Não haverá crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal), sendo que numa visão garantista o mesmo passa a ter uma nova natureza jurídica, vez que esculpido como princípio fundamental.
	Ademais tal principio possui implícito várias garantias, tais como a lex escripta, populi, certa, clara, proporcionalis, stricta, praevia e determinata, constantemente ressaltados pelo STF em suas decisões ao interpretar tal princípio.
2. PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA:
	Também conhecido como ultima ratio (última razão ou argumento), orienta e limita o poder incriminador do Estado, preconizando que a criminalização de uma conduta só se legitima se constituir meio necessário para a proteção de determinado bem jurídico. Se outras formas de sanção ou outros meios de controle social revelarem-se suficientes, a sua criminalização é inadequada e não recomendável. Se para o restabelecimento da ordem jurídica violada forem suficientes medidas cíveis ou administrativas, são estas que devem ser empregadas e não as penais.
O Direito Penal é norteado pelo PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MINIMA caracterizado pelo CARÁTER FRAGMENTÁRIO do Direito Penal e pela sua SUBSIDIARIEDADE:
A) FRAGMENTARIEDADE do direito penal: o direito penal só intervém no caso concreto (insignificância) quando houver relevante e intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado, assim mesmo havendo lei formal é necessário saber se há ofensa a bem jurídico relevante, para justificar a atuação do direito penal.
B) SUBSIDIARIEDADE do direito penal: o direito penal só intervém in abstrato (tipificando comportamentos) quando ineficazes os demais ramos do direito no controlo social (“Ultima ratio”).
	Entenda! Praticar um ato obsceno num local fechado não recebe a proteção do Direito Penal (233), por não haver ofensa a bem jurídico relevante tutelado; furto de um bombom (155) idem = Fragmentariedade (in concreto). Já Adultério (240); sedução (217): foram revogados pela Lei Federal nº 11.106/05) = (Subsidiariedade)!
3. PRINCÍPIO DA HUMANIDADE DAS PENAS:
	Por este princípio, nenhuma pena privativa de liberdade pode ter uma finalidade que atente contra a incolumidade (incólume: livre de perigo, ileso, são e salvo) da pessoa como ser social. Este princípio é o maior entrave para a adoção da pena capital e da prisão perpétua no Brasil.
	A proibição de penas cruéis e infamantes, de torturas e maus-tratos nos interrogatórios policiais e a obrigação imposta ao Estado de dotar sua infra-estrutura carcerária de meios e recursos que impeçam a degradação e a dessocialização dos condenados decorrem do princípio da humanidade.
4. PRINCÍPIO DA ALTERIDADE OU TRANSCENDÊNCIA:
	Proíbe a incriminação de atividade meramente interna, subjetiva do agente e que, por essa razão, revela-se incapaz de lesionar o bem jurídico. O fato típico pressupõe um comportamento que transcenda a esfera individual do autor e seja capaz de atingir o interesse do outro (altero).
	Ninguém pode ser punido por ter feito mal só a si mesmo. (Ex.: Tentativa de suicídio, auto-lesão corporal ou o uso pretérito da droga (pune-se apenas sua detenção, pelo risco social que representa), porque nessas condutas o agente está apenas fazendo mal a si mesmo.
5. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA (Fragmentariedade):
	A tipicidade penal exige uma ofensa de alguma gravidade aos bens jurídicos protegidos, pois nem sempre qualquer ofensa a esses bens ou interesses é suficiente para configurar o injusto típico. Segundo esse princípio, que alguns chamam de princípio da bagatela, é imperativa uma efetiva proporcionalidade entre a gravidade da conduta que se pretende punir e a drasticidade da intervenção estatal.
	Pode acontecer que condutas que se amoldam a determinado tipo penal (lei incriminadora formal), não apresentam nenhuma relevância material (não ofendem bens relevantes). Nessas circunstâncias, pode-se afastar liminarmente a tipicidade penal porque em verdade o bem jurídico não chegou a ser lesado.
	No caso de crimes de menor potencial ofensivo e contravenções penais já houve uma valoração pelo legislador quanto à pena (proporcionalidade) e, portanto, não se confundem com crimes insignificantes. Entenda = àquela criminalidade possui penas adequadas ao pouco grau de lesão, mas são sancionadas com penas alternativas. Já os delitos insignificantes não possuem grau mínimo de lesividade, portanto, não merecem nem sanções penais leves.
•	Sobre este principio é salutar verificar que o SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA já se manifestou: A) o fato de o réu ser portador de antecedentes criminais não obsta a aplicação do principio da insignificância, que esta condicionado a outros requisitos; B) o pequeno valor da RES FURTIVA não é motivo bastante para justificar a incidência do principio; C) são requisitos necessários a incidência do principio e que estarão na redação do Novo Código Penal: mínima ofensividade da conduta; nenhuma periculosidade social da ação; reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; e inexpressividade da lesão jurídica provocada; D) “A quantidade mínima de cocaína apreendida em hipótese alguma pode constituir causa justa para trancamento da ação penal, com base no principio da insignificância (...)” (STJ, HC 11.695-RJ, 6ª T., rel. Min. Fernando Gonçalves, j. 9.05.2000); E) somente o bem de valor insignificante, preenchido os demais requisitos, enseja a aplicação do principio da insignificância (STJ, REsp. 984.723-RS, 6ª T., rel. Min. Og Fernandes, j. 11.11.2008).
6. PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE:
	O legislador deve abster-se de tipificar como crimes ações incapazes de lesar ou, de no mínimo, colocar em perigo concreto o bem jurídico protegido pela norma penal. Sem afetar o bem jurídico, no mínimo colocando-o em risco efetivo (concreto), não há infração penal.
7. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE:
	A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, já exigia expressamente que se observasse a proporcionalidade entre a gravidade do crime praticado e a sanção a ser aplicada. “a lei só deve cominar penas estritamente necessáriase proporcionais ao delito” (art.15).
	O princípio da proporcionalidade é uma consagração do constitucionalismo moderno, embora já fosse reclamado por Beccaria, desde 1764 no seu “Dos delitos e das penas”, sendo recepcionado pela Constituição Federal brasileira, em vários dispositivos, tais como: exigência da individualização da pena; proibição de determinados tipos sanções penais; admissão de maior rigor para crimes mais graves, previsão de crimes de menor potencial ofensivo.
	•Importante a diferenciação doutrinária entre a proporcionalidade in abstrato levada a efeito pelo legislador e a proporcionalidade in concreto feita pelo juiz no momento da aplicação da penal (art. 59, CP).
8. PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL:
	A irretroatividade, como princípio geral do Direito Penal Moderno, é conseqüência das idéias do iluminismo. Embora conceitualmente distinto, o princípio da irretroatividade ficou desde então incluído no princípio da legalidade. Desde que uma lei entra em vigor até que cesse sua vigência rege todos os atos abrangidos pela sua destinação. Não alcança, assim, os fatos ocorridos antes ou depois dos dois limites extremos.
• O princípio da irretroatividade vige somente em relação à lei mais severa; portanto, admite-se em Direito Penal a aplicação retroativa da lei mais favorável.
NUNCA ESQUEÇA! Leis temporárias ou excepcionais (art. 3º CP) constituem exceções ao princípio da irretroatividade da lei penal, e são ultra-ativas (alcançam os fatos praticados na vigência da lei, mesmo depois de cessada a sua vigência).
9. PRINCÍPIO DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO DE BENS JURÍDICOS:
	Afirma que o direito penal não pode tutelar valores meramente morais, religiosos ou ideológicos, mas somente os que ofendem bens jurídicos fundamentais reconhecidos na CF. O Alemão Claus Roxin assegura que não deve o direito penal proteger normas morais ou religiosas e em assim fazendo protege o direito das minorias. Entenda! = se a lei penal criminalizasse a prostituição de pessoa adulta, realizada individualmente e sem exploração por uma terceira pessoa, estaria tipificando um ato puramente imoral para determinado grupo.
•	Finalmente o presente rol é apenas exemplificativo e serve como uma introdução ao pensamento penal que deve nortear seus estudos, principalmente na resolução de questões sobre o tema.
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Bibliografia sugerida:
- GOMES, Luiz Flávio. Direito penal – introdução parte geral. Editora Revista dos Tribunais LTDA. 2003, São Paulo.
- GRECO, Rogério. Curso de direito penal parte geral. 18ª edição. Editora Ímpetos. 2016 Rio de Janeiro.
- Material das aulas de Direito Penal I, Professor adjunto do CEUT Marcelo Pierot, 2017.
Leitura Complementar – sala de aula
	Conforme visto as Ciências Criminais dividi-se em outras 05 ciências cada uma com objeto de estudo próprio e com objetivos específicos. Assim temos a) o direito penal como o ramo do direito que estuda o crime e a pena, b) o processo penal, que disciplina os processos e procedimentos a serem adotados pelo Estado (detentor do Jus Puniendi) para impor e executar a pena de forma válida, c) o direito a execução penal como o conjunto das regras sobre os direitos e deveres do condenado e disciplina os institutos da execução de pena, d) a criminologia que tem como objeto o delito, o delinqüente, a vitima e o controle social e e) a política criminal que diz como o Estado deve enfrentar e combater a criminalidade.
	Saber essa divisão e que cada uma dessas disciplinas atuam de forma autônoma porem integradas é de fundamental e primária necessidade para todos que iniciam nos estudos do direito penal. Portando aprofunde-se nos temas
	QUADRO SINÓTICO:
	Direito Penal
Analisa fatos humanos indesejados, define quais devem ser rotulados como infração penal e a respectiva pena
	Direito Processual Penal
Conjunto das regras que tem por objetivo compor a lide penal
	Execução Penal
Conjunto de regras que disciplina a vida da pessoa do condenado.
	Criminologia
Ciência empírica que estuda o crime, a pessoa do criminoso, da vitima e o comportamento da sociedade
	Política Criminal
Busca fomentar as estratégias e meios de controle social da criminalidade.
*Professor da graduação e pós graduação em Direito Penal da Estácio - Ceut e da Escola Superior da Defensoria Pública do Piauí, palestrante em vários Seminários Jurídicos. Graduado em Direito pela UFMA, Pós Graduado em Direito Público e Privado pela Escola Superior da Magistratura do Piauí, Especialista em Teoria Geral do Direito e Docência Superior pela UFPI. Membro do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBccrim). Defensor Público (PI).

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